Buscar

O Crime, a Pena e o Direito nas Obras de Durkheim

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Bacharel em Direito 2013.1
NARLA RAYSA RODRIGUES ARAUJO
THIAGO SALDANHA
	
O CRIME, A PENA E O DIREITO NAS OBRAS DE DURKHEIM
ORIENTADOR (A): Jailson Siqueira
GUANAMBI/BA
2013
Émile Durkheim (1858 — 1917) é considerado um dos pais da Sociologia tendo sido o fundador da escola francesa, posterior a Marx, que combinava a pesquisa empírica com a teoria sociológica. É amplamente reconhecido como um dos melhores teóricos do conceito da coesão social.
Partindo da afirmação de que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas", forneceu uma definição do normal e do patológico aplicada a cada sociedade, em que o normal seria aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo de terem uma existência tangível. Essa preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve permitir a realização deste, desde que consiga integrar-se a essa estrutura.
A sociologia fortaleceu-se graças a Durkheim e seus seguidores. Suas principais obras são:
- Da divisão do trabalho social (1893);
- Regras do método sociológico (1895);
- O suicídio (1897);
- As formas elementares de vida religiosa (1912).
Fundou também a revista L'Année Sociologique, que afirmou a preeminência durkheimiana no mundo inteiro.
Em que consiste a ideia de crime, a pena e o direito É. Durkheim
O crime encontra-se dentro da normalidade estatística, apresentada pelos demais fatos sociais, isto é, ele é um fato social normal. Com esta tese, Durkheim argumentou e comprovou que o crime não é uma doença social, em si mesmo, embora o comportamento criminoso, em concreto, ou mesmo certas elevações, apresentadas pelas taxas de criminalidade, possam indicar uma patologia pessoal ou coletiva conforme se discutirá no desenvolvimento dessas reflexões. Porém, Durkheim não dava os crimes um caráter patológico, mas sim os qualificava como fatos sociais, dentro da normalidade (saúde social) principalmente em virtude de sua “generalidade”.
Com esta tese, É. Durkheim estava debatendo e polemizando com criminologistas de sua época, com destaque para os adeptos da Escola Penal Positiva, liderada pelo médico italiano Cesare Lombroso, defensores da explicação da criminalidade e do crime como fatos patológicos, ou seja, como passíveis de tratamento médico.
Tal entendimento foi enunciado na obra “As Regras do Método Sociológico”: 
“Se há um fato cujo caráter patológico parece incontestável é sem dúvida o crime. 
odos os criminólogos estão de acordo sobre esse ponto. Apesar de explicarem esta 
morbidez de maneira diferentes, são unânimes na sua constatação. Contudo, o 
roblema merecia ser tratado com menos superficialidade.” 
Com efeito, apliquemos as regras precedentes. O crime não se produz só na maior 
arte das sociedades desta ou daquela espécie, mas em todas as sociedades, 
qualquer que seja o tipo destas. Não há nenhuma em que não haja 
criminalidade. Muda de forma, os atos assim classificados não são os mesmos em 
todo o lado; mas em todo o lado e em todos os tempos existiram homens que se 
conduziram de tal modo que a repressão penal se abateu sobre eles”.
Logo, reafirmada sua normalidade, o crime não é nada mais do que um “fato social” e, ainda, um fato social não patológico, pois nas palavras do sociólogo francês: 
“Não há, portanto, um fenômeno que apresente de maneira tão irrefutável como a
criminalidade todos os sintomas da normalidade, dado que surge como estreitamente
ligada às condições da vida coletiva. Transformar o crime numa doença social seria o
mesmo que admitir que a doença não é uma coisa acidental mas que, pelo contrário,
deriva em certos casos da constituição fundamental do ser vivo; consistiria em eliminar
qualquer distinção entre o fisiológico e o patológico. ”
Conforme já dito, a criminalidade é considerada um fato social não patológico, mas não de forma absoluta, posto que se esta taxa de criminalidade atingir níveis elevados poderá estar em uma situação anormal. 
Porém, acreditamos que para se manter fiel ao seu método Durkheim não poderia agir de forma diversa, pois se não considera o crime como algo danoso, não pode tentar evitá-lo sempre, mas apenas nos momentos em que excede o limite considerado normal. 
Ao focalizar o direito, como objeto de estudo da Sociologia, o referido autor deteve-se, da mesma forma, no campo da repressão, refletindo-se particularmente sobre o crime, como fato social que perpassa toda a história da humanidade. Por sua vez, apesar de sua generalidade e universalidade, o crime sempre provocou no passado e no presente a repulsa de todos, ao ponto de a sociedade exigir, sem exceção e descanso, a resposta denominada pena, diante das instituições repressoras.
As incursões de É. Durkheim pelos temas do crime, da pena e do direito foram de maneira instrumental. Elas estiveram, permanentemente, a serviço de outro objetivo seu, considerado o maior pelo autor entre muitos outros: cumprir a missão auto imposta de fazer da Sociologia uma ciência. Essa foi uma das razões de não se encontrar um tratado seu, específico, sobre o crime, a pena e o direito.
Espelhada nos padrões metodológicos das ciências naturais, sua abordagem referente ao crime, à pena e ao direito foi sempre sociológica, de constatação, isto é, no sentido de descrever e interpretar os fatos sociais como eles são. Sua abordagem dos fatos sociais referidos não foi jurídica, uma vez que a preocupação fundamental do direito é mais com o dever ser, com normas de organização social e padrões de comportamento ideais e generalizados.
Do fato de o crime fazer parte da natureza sadia de toda e qualquer sociedade. Por sua vez, toda e qualquer sociedade sã, normal, não pode subsistir sem a punição do comportamento criminoso, o que a conduz, necessariamente, a exigir a punição do crime e a não suportar a conivência e a convivência com a impunidade. 
"Para que os assassinos desapareçam é preciso que nas camadas sociais onde eles se recrutam, cresça o horror pelo sangue derramado; mas, para isso, é necessário que ele cresça em toda a sociedade" (DURKHEIM, 2002, p.84).

Outros materiais