Buscar

Geologia aplicada à Engenharia Civil: tecnologia em solos e geotecnia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

1 Roteiro de Estudo 
Geologia aplicada à Engenharia 
Civil: tecnologia em solos e 
geotecnia 
Valter Machado da Fonseca 
Objetivos 
Roteiro de Estudo 1 
Ao concluir a leitura e a refl exão sobre os principais tópicos deste 
roteiro, esperamos que você seja capaz de: 
identifi car  os  principais  elementos  e  aspectos  que  incidem 
sobre a dinâmica interna da Terra; 
identifi car  as  consequências  do  desequilíbrio  ocasionado 
pela ação antrópica sobre o conjunto de  forças que atuam 
sobre a dinâmica interna da Terra; 
analisar  os  processos  de  atuação  das  placas  tectônicas 
sobre a formação do relevo e das estruturas geológicas; 
examinar as causas e efeitos da dinâmica  interna da Terra 
sobre as estruturas geológicas; 
identifi car as causas que levam à deformação das rochas e 
estruturas geológicas; 
discutir  a  importância  do  estudo  da  dinâmica  interna  do 
planeta  para  o  efetivo  planejamento  das  construções  e 
edifi cações da Engenharia Civil; 
correlacionar  os  estudos  e  planejamentos  das  obras  da 
construção civil, com a necessidade de uma abordagem que 
permita  a  sustentabilidade  socioambiental  dos  recursos da 
natureza. 
• 
• 
• 
• 
• 
• 
• 
Considerações iniciais 
No  roteiro,  “Formações  geológicas,  elementos  de  geotecnia 
e  sua  aplicação  na  construção  civil”,  tratamos  dos  elementos 
geológicos,  das  formações  geológicas  sob  a  perspectiva  de 
uma  visão  panorâmica  acerca  da  dinâmica  externa  da  Terra. 
Estudamos  alguns  conceitos  signifi cativos  para  o  entendimento 
das  forças  que  incidem,  diretamente,  sobre  a  crosta  terrestre, 
bem como as transformações ocorridas na superfície do planeta, 
em decorrência da ação dessas forças. Neste sentido, analisamos 
os aspectos relativos à ação geológica decorrentes das variações 
de  temperatura,  da  ação mecânica  das  raízes  dos  vegetais,  da 
decomposição química das rochas, do congelamento das águas, 
das atividades geológicas das águas continentais de superfície, o 
processo de erosão fl uvial e pluvial, as atividades geológicas dos 
ventos, do gelo e do mar, dentre outros importantes aspectos.
2  Roteiro de Estudo 
Fizemos  ainda  importantes  considerações  sobre  a  dinâmica 
da  Terra,  sobre  as  propriedades  das  rochas,  bem  como  sua 
importância  para  a  construção  civil. Assim,  naquela  unidade  de 
estudo,  fi zemos  as  considerações  iniciais  sobre  a  aplicabilidade 
da Geologia à Engenharia Civil. Podemos dizer, desta forma, que 
em  nosso  estudo  anterior  construímos  as  bases  teóricas  para 
compreendemos  a  relevância  dos  estudos  geológicos  para  as 
edifi cações dos diversos setores da Engenharia Civil. 
Pois  bem!  Neste  roteiro,  que  ora  iniciamos,  faremos  um 
aprofundamento  das  análises  que  fi zemos  na  unidade  passada 
e aprofundaremos nossas pesquisas sobre a dinâmica interna da 
Terra.  Isto signifi ca dizer que somaremos aos estudos acerca da 
dinâmica externa, também agora as análises relativas à dinâmica 
interna, como vulcanismo, atividades sísmicas, orogenia, elementos 
da  tectônica  de  placas,  deformações  de  rochas,  formação  dos 
solos, além de um breve estudo sobre as águas  subterrâneas e 
alguns elementos de fotointerpretação. 
Portanto, prezados  (as)  alunos  (as)! O estudo que ora  iniciamos 
é  de  fundamental  relevância  para  os  profi ssionais  do  ramo  da 
construção  civil,  pois,  nos  permitirá  ter  uma  noção  sobre  uma 
série de problemas que não são facilmente identifi cáveis, que não 
são  visíveis  com  facilidade,  pois  têm  sua  origem  no  interior  da 
Terra  e  podem ser determinantes  para  o  sucesso ou o  fracasso 
das edifi cações da construção civil. 
Assim,  esse  estudo  é  fundamental  para  que  possamos  planejar 
ações  no  campo  da  Engenharia  civil,  de  forma  a  preservar  a 
segurança  das  fundações  e  edifi cações,  além  de  nos  permitir  a 
construção  de  uma  visão  socioconstrutivista  e  crítica  acerca  da 
sustentabilidade socioambiental no campo da Engenharia Civil. 
Contextualizando o nosso estudo 
Vocês  devem  ter  acompanhado,  por  intermédio  de  toda  a 
imprensa, a  recente  tragédia ocorrida no Haiti. Pois bem! Ela  foi 
ocasionada  por  um  evento  sísmico  natural  (terremoto)  ligado  à 
ação  dos  elementos  constitutivos  da  dinâmica  interna  da  Terra. 
O  abalo  sísmico  estava  intimamente  ligado  à  instabilidade  da 
movimentação  das  placas  tectônicas  localizadas  na  América 
Central e Caribe e a regiões de falhas e fraturas. 
Vocês devem ter percebido que a grande maioria das construções 
da cidade de Porto Príncipe (capital do Haiti) sucumbiu durante o 
terremoto. Se compararmos este fenômeno com os que ocorrem no 
Japão, podemos verifi car que em território japonês, a grande maioria 
das construções resiste aos abalos. Isto ocorre, devido às diferenças 
entre  as  tecnologias  das  construções  japonesas  e  as  haitianas. 
Percebe­se que a construção civil no Japão já consegue fazer um 
planejamento adaptando as edifi cações e fundações à ocorrência dos 
terremotos em seu território, o que não acontece no Haiti. Também 
é importante salientar a precária situação socioeconômica do povo
3 Roteiro de Estudo 
haitiano. Então, a catástrofe do Haiti envolveu aspectos naturais, 
sociais e econômicos. A tragédia haitiana serviu para mostrar, entre 
outras coisas desagradáveis, também a necessidade de um pleno 
planejamento das construções e edifi cações da Engenharia Civil, 
que  deve  sempre  levar  em  consideração  a  dinâmica  das  forças 
que atuam internamente no planeta, dentre elas, a movimentação 
das  placas  tectônicas,  furacões,  maremotos,  terremotos,  falhas, 
fraturas e deformações das rochas e estruturas geológicas. Assim, 
ao se planejar quaisquer atividades no campo da Engenharia Civil, 
deve­se, sempre, levar em consideração os aspectos naturais das 
estruturas que compõem a dinâmica externa e interna da Terra. 
TERRA: fundamentos da dinâmica interna 
No roteiro de estudos anterior – já citado na introdução deste estudo 
– afi rmamos que o nosso planeta possui movimentos (dinâmica). 
Ao contrário do  que muitos pensam, ele não é estático,  parado, 
muito pelo contrário, existe um conjunto de forças tanto externas, 
quanto internas que o mantém em movimento, em sintonia com a 
dinâmica do universo. Assim, ele possui uma dinâmica externa – 
que tratamos no estudo anterior – e outra interna, que trataremos 
nesse  estudo  que  agora  iniciamos.  Portanto,  neste  roteiro, 
trataremos, especialmente, da dinâmica interna do planeta Terra. 
Figura 1: representação esquemática das forças que atuam sobre a Terra 
Fonte: Acervo do autor 
A  Figura  1  é  uma  representação  esquemática  das  forças  que 
incidem  diretamente  sobre  a  terra.  O  círculo  maior  é  uma 
representação do planeta, o menor é o núcleo da Terra. As setas 
representam as forças que atuam sobre as estruturas do planeta. 
Observe que existem  forças que atuam  internamente  (de dentro 
para fora, a partir do núcleo) e externamente (de fora para dentro, 
incidindo sobre a superfície terrestre). 
As forças externas são decorrentes de ações da atmosfera, das 
águas  continentais  superfi ciais  e  oceânicas,  das  precipitações 
pluviométricas (chuvas), do clima, da temperatura externa, da força de 
Atmosfera 
Camada gasosa 
que envolve a 
Terra. Formada 
basicamente de 
Nitrogênio 78,084%, 
Oxigênio 20,946%, 
Argônio 0,934%, 
Outros gases 
0,036%.
4  Roteiro de Estudo 
gravidade,  do  gelo. Dos  ventos,  dentre  inúmeros  outros  fatores, 
inclusive a ação humana sobre os recursos naturais. 
As  forças  internas  são  decorrentes  e/ou  originadas  a  partir  do 
núcleo  da  Terra;  são  elas,  pressão  interna,  altas  temperaturasinternas,  movimentação  das  placas  tectônicas,  dentre  outros 
fatores.  Dessas  forças  surgem  efeitos  tais  como;  vulcanismo, 
tectonismo,  maremotos,  terremotos,  diversos  abalos  sísmicos, 
derrame  de  materiais  magmáticos  e  águas  termais,  além  de 
alterações  da  crosta  terrestre  e  das  estruturas  geológicas 
decorrentes  da  ação  dessas  forças. A  ação das  forças  externas 
somadas à ação das forças internas produz uma força resultante: 
a  força de equilíbrio do planeta. A ação desordenada do homem 
sobre os  recursos  da natureza  faz  com que esse equilíbrio  seja 
deslocado,  causando,  assim,  alterações  na  dinâmica  da Terra  e 
provocando danos à saúde ambiental do planeta. 
A ação do clima sobre as estruturas geológicas 
Durante algum tempo, a defi nição de clima esteve ligada apenas 
a algumas condições atmosféricas,  conforme a  citação de Sorre 
(2006, p. 90). 
Durante  o  último  meio  século,  estivemos  presos  à  defi nição 
de  Hann,  o  estado  médio  da  atmosfera  sobre  um  lugar,  mais 
exatamente  “o  conjunto  dos  fenômenos  meteorológicos  que 
caracterizam  a  condição média  da  atmosfera  em  cada  lugar  da 
Terra”.  Esta  defi nição  é  simples  e  cômoda.  Ela  marca  bem  o 
caráter local desta combinação de elementos meteorológicos que 
compõem o clima. Porém, é insufi ciente sob dois pontos de vista. 
Corresponde a uma média,  isto é, a uma abstração inteiramente 
destituída  de  realidade  e  conduz  a  um  abuso  das  médias 
aritméticas para caracterizar os elementos do clima. Apresenta em 
segundo lugar, um caráter estático e artifi cial, pois não menciona 
o  desenvolvimento  dos  fenômenos  ao  longo  do  tempo.  Ora,  o 
ritmo é um dos elementos essenciais do clima. As descrições de 
Hann  escapam  frequentemente  a  esses  inconvenientes.  Ele  se 
mantinha em contacto mais estreito com a realidade climatológica 
do que sua defi nição poderia supor. 
Desta forma, para se defi nir o clima, torna­se necessário relacioná­ 
lo  à  ocorrência  de  fenômenos  que  obedecem  a  uma  frequência 
constante ao longo do tempo. Assim, para se conceituar o clima, 
é preciso relacioná­lo, além dos aspectos atmosféricos, também à 
frequência em que acontecem os fenômenos climáticos ao longo 
do tempo. Então, o tempo é outro elemento fundamental para se 
defi nir o clima do planeta, de um continente, de um país, de uma 
região. O clima pode mudar até mesmo de um bairro para outro. 
Sorre (2006) continua: 
Denominamos clima à série de estados atmosféricos sobre 
determinado  lugar em sua sucessão habitual. Cada um 
desses estados  caracteriza­se  pelas  suas propriedades 
dinâmicas e estáticas da coluna atmosférica, composição 
química, pressão,  tensão dos  gases,  temperatura,  grau 
de saturação, comportamento quanto aos raios solares, 
poeiras ou matérias orgânicas em suspensão, estado do
5 Roteiro de Estudo 
campo  elétrico,  velocidade  de  deslocamento  das 
moléculas, etc. É o que a linguagem comum designa sob 
o nome de tempo. A palavra tempo corresponde, portanto, 
a uma combinação complexa, na qual, conforme o caso, 
um ou mais dos elementos que acabamos de enumerar 
desempenham um papel  preponderante. Dizemos  que 
o  tempo  é  quente,  seco,  chuvoso  ou  calmo. Porém,  a 
temperatura, a pressão, o estado elétrico, etc., só podem 
ser isolados por um artifício de análise. A noção de tempo, e 
por consequência, a noção de clima, são noções sintéticas. 
[...] Consideraremos,  enfi m,  como  fatores do  clima,  as 
circunstâncias que determinam a existência e regulam a 
sucessão dos tipos de tempo. Tais são: latitude, altitude, 
situação relativa às massas oceânicas e continentais, aos 
centros de ação e aos movimentos gerais da atmosfera, 
exposição, declividade etc (SORRE, 2006, p.90). 
O(A) aluno  (a) não deve se preocupar diante da série de termos 
e  vocábulos  novos  que  surgiram  neste  tópico.  Eles  serão 
esclarecidos ao longo deste roteiro de estudos, de tal forma, que 
ao fi nal do texto, se terá uma noção mais clara desses elementos 
sobre o processo de formações climáticas. 
A atmosfera terrestre: o ontem e o hoje 
Pode­se  dizer  que  a  atmosfera  terrestre  se  originou  a  partir  da 
formação  do  planeta  há,  aproximadamente,  4,5  a  5  bilhões  de 
anos atrás. No início, ela refl etia grande variedade de gases que 
eram expelidos do interior da terra, a qual mantinha uma intensa 
atividade  vulcânica,  resultante  de  condições  determinadas  pela 
temperatura e pressão elevadas. Daí,  dá para se concluir  que a 
atmosfera, em formação, ainda não havia construído as condições 
para a existência de vida no planeta. 
A atmosfera, assim como a vida no planeta, veio evoluindo e se 
modifi cando,  ao  longo  das  eras  e  dos  períodos  geológicos.  A 
grande quantidade de gases nocivos impedia, no período inicial, a 
criação das condições da aparição de qualquer forma de vida na 
Terra. O resfriamento do planeta (o que levou milhões de anos) e 
a consequente diminuição das atividades vulcânicas permitiram o 
aparecimento e a evolução das  condições para o surgimento da 
vida no planeta Terra. 
A atmosfera nos dias de hoje evoluiu a  tal ponto, que permite a 
existência  de milhares de  formas  de  vidas,  tanto  animais,  como 
vegetais. Na medida em que ela  foi evoluindo,  foi eliminando os 
gases nocivos e possibilitando o aparecimento das primeiras formas 
de  vida,  as  quais  também evoluíram  até  atingir  o  atual  estágio. 
Confi guração atual da atmosfera 
A atual composição atmosférica é preponderante para a existência 
de  todas  as  formas  de  vida  presentes  na  terra  e  é  um  dos 
principais elementos que  infl uem sobre as  formações climáticas. 
Conti (1998) discorre sobre a importância da atmosfera:
6  Roteiro de Estudo 
A existência da atmosfera é vital para a manutenção da 
biosfera  terrestre. É nela que se passam os  fenômenos 
climáticos.  Se  não  existisse  essa massa  gasosa,  não 
haveria vida na Terra, nem ocorreriam ventos, nuvens e 
outros fenômenos meteorológicos. A composição peculiar 
de  nossa  atmosfera  torna  a Terra muito  diferente  dos 
demais  planetas  conhecidos.  Sabe­se,  por  exemplo, 
que as atmosferas de Júpiter e Saturno são compostas, 
basicamente, de hidrogênio, hélio, amônia e metano. A Lua, 
nosso satélite natural, é desprovida de atmosfera. Ao longo 
do tempo geológico, a composição da atmosfera terrestre 
vem sofrendo algumas variações, o que gera condições 
climáticas também adversas (CONTI, 1998, p.11­12). 
A citação de Conti demonstra a  importância da atmosfera para a 
existência e sobrevivência das espécies de seres vivos. 
Divisão  Altitude  Temperatura  Observação 
Troposfera  até 12km  20°C a ­60°C  Aviões a jato e balões andam por esta região. 
Estratosfera  de 12 a 50 km  ­60°C a ­5°C 
É onde fi ca a Camada de Ozônio. Nela também 
chegam os Balões Meteorológicos, Aviões 
Supersônicos, Nuvens geradas por explosões 
atômicas e Matéria de erupções de vulcões. 
Mesosfera  de 50 a 80 km  ­5°C a ­95°C 
Nesta região da atmosfera, as ondas de rádio são 
refl etidas, ou seja, elas encontram­se, chocam­se 
com os gases e voltam à superfície terrestre. 
Termosfera  de 80 a 500 km  ­95°C a 1000°C  Auroras polares. Refl exão das ondas de rádio. 
Exosfera  de 500 a 800 km  Em torno de 
1000ºC 
É a região que antecede o espaço sideral e onde 
fi cam muitos dos satélites artifi ciais. As moléculas 
gasosas começam a libertar­se da gravidade 
terrestre. 
Quadro 1: Divisão da atmosfera pelo critério térmico 
Fonte: quadro elaborado pelo autor 
Divisão  Altitude  Observação 
Homosfera  até 100 km  Composição constante e regular. Predominam nitrogênio e oxigênio. 
Heterosfera  de 100 a 500 km  Distribuição irregular dos gases. Predominam hélio e hidrogênio. 
Exosfera  Acima de 500km  Os gases começam a escapar da atração terrestre. 
Quadro 2: Divisão pelo critério das condições químicas 
Fonte: quadro elaborado pelo autor
7 Roteiro de Estudo 
É  na  homosfera  que  vivem  todas  as  formas  de  vida  do 
ambiente terrestre. 
Nota­se  que,  nos  dias  atuais,  a  atmosfera  terrestre  possui  uma 
confi guração mais defi nida, bem diferente da atmosfera primitiva 
que caracteriza os primeiros períodos geológicos. 
Alguns dados necessários (história da dinâmica da terra) 
A  terra  nem  sempre  apresentou  a  confi guração  que  possui  nos 
tempos  atuais,  nem  mesmo  na  disposição  dos  continentes  em 
seu mapa. A atual confi guração de seus continentes é explicada 
pela teoria denominada de deriva continental: 
Para relembrar: 
há 400 milhões de anos, havia o Pangea, que reunia todas 
as terras num único continente; 
há 225 milhões de anos, o Pangea se parte no sentido leste­ 
oeste, formando a Laurasia ao norte, e Gondwana, ao sul; 
há 60 milhões de anos, a Terra assume a atual conformação 
e posição dos continentes; 
atualmente, a África e a América do Sul se afastam 7 cm por 
ano,  ampliando  a  área  ocupada  pelo  oceano Atlântico.   O 
mar Vermelho está se alargando. A África migra na direção 
da Europa. A região nordeste da África está se partindo. 
Importante: 
Esta  nova  confi guração  continua  a  evoluir,  ainda  que 
lentamente. A  ação  humana  sobre  os  recursos  do  planeta 
tem acelerado as modifi cações na superfície terrestre. Outra 
força que atua na remodelagem da superfície e na disposição 
dos  continentes  no  mapa  do  planeta  é  o  movimento  das 
placas tectônicas. 
Glaciações:  a  Terra  já  passou,  pelo  menos,  por  3  grandes 
períodos glaciais, a saber: 
no período Pré­Cambriano, anterior a 600 milhões de anos; 
no Paleozóico  Superior,  entre  600  e  225 milhões  de  anos 
atrás; 
no Pleistoceno, entre 1,8 milhões de anos até 11 mil antes 
do  presente.  Este  período  fi cou  conhecido  por  "idade  das 
glaciações"; 
nontudo,  sabe­se  também  que  a  Terra  deve  ter  passado 
por períodos glaciais de curta duração, como foi o caso da 
chamada "Pequena Era Glacial", que ocorreu entre os anos 
de 1645 e 1715 de nossa era. 
• 
• 
• 
• 
• 
• 
• 
• 
• 
Placas tectônicas 
São os vários 
blocos em que a 
crosta está dividida. 
São separadas 
por grandes 
fendas vulcânicas 
em permanente 
atividade no fundo 
do mar, por onde 
o magma sobe 
para a superfície 
adicionando novos 
materiais à crosta, 
o que expande 
o fundo do mar 
e movimenta os 
blocos que formam 
a superfície em 
diferentes direções. 
Ao se movimentar, 
as placas se chocam 
entre si e provocam 
alterações no relevo. 
Em cada choque, a 
placa que apresenta 
menor viscosidade 
(mais aquecida) 
afunda sob a mais 
viscosa (menos 
aquecida). A parte 
que penetra tem 
o nome de Zona 
de Subducção. 
Este movimento e 
choque entre as 
placas tectônicas dá 
origem às cadeias 
de montanhas. 
Ao fenômeno de 
formação das 
montanhas, dá­se o 
nome de orogenia.
8  Roteiro de Estudo 
A  posição  da  Terra  em  relação  ao  sol :   incl inação, 
movimentos de rotação, translação e estações do ano. 
A Terra  tem  dois movimentos principais:  rotação e  translação. A 
rotação em torno de seu eixo é responsável pelo ciclo dia­noite. A 
translação se refere ao movimento da Terra em sua órbita elíptica 
em  torno  do  Sol.  A  posição  mais  próxima  ao  Sol,  o  perihélio 
(147x10 6 km), é atingido, aproximadamente, em 3 de  janeiro, e o 
ponto mais distante, o afélio (152x10 6 km), em, aproximadamente, 
4 de  julho. As variações na  radiação solar  recebidas  são devido 
às pequenas variações da distância entre a Terra e o Sol. 
Figura 2: Posições da Terra em relação ao sol 
Fonte: CEFET – Santa Catarina/SC (2003) 
Figura 3: Relação altura do Sol/quantidade de energia que atinge a Terra 
Fonte: CEFET – Santa Catarina/ SC (2003)
9 Roteiro de Estudo 
O fenômeno da tropicalidade 
A tropicalidade é o fenômeno que ocorre com as áreas que se situam 
entre os Trópicos de Câncer e de Capricórnio. Estas áreas, por se 
situarem na zona intertropical, recebem maior quantidade de energia 
solar  e,  consequentemente,  possuem  vegetação  exuberante, 
maiores  quantidades  de  evaporação  e,  devido  a  isso,  também 
são privilegiadas pela maior  quantidade de precipitação  (chuva). 
A Terra é  inclinada em relação ao Sol. Esta  inclinação  forma um 
ângulo de 23° 27’ 33’’ entre o eixo do planeta e o plano da eclíptica. 
Devido a esta inclinação, nem todas as regiões do planeta recebem 
a mesma quantidade de energia  solar. Os  raios  solares  incidem 
mais diretamente sobre as regiões intertropicais e vão diminuindo, 
quando se caminha em direção aos polos. Este é um dos fatores 
que  propiciam  maiores  temperaturas  nas  regiões  tropicais. 
É pertinente recorrer a Conti (1998), que explica esta situação: 
Os gregos, durante a Antiguidade clássica, já sabiam que 
nosso planeta era esférico e, por esse motivo, identifi caram 
zonas climáticas  formando “anéis” paralelos do equador 
para os polos, ou seja, da latitude 0° a 90°. Sabiam também 
que o eixo de rotação da Terra era inclinado em relação 
ao plano de translação (plano da eclíptica), formando com 
este um ângulo de 23° 27’ 33’’. Esses graus de  latitude 
correspondem  aos  trópicos  de Câncer,  no  hemisfério 
Norte, e de Capricórnio, no hemisfério Sul. O Sol, em seu 
movimento aparente, realiza, anualmente, um vaivém entre 
os dois trópicos. Os círculos polares, traçados na latitude 
de 66° 33’ em cada hemisfério, marcam os limites do dia ou 
da noite polar, ou seja, além dessas linhas o dia (no verão) 
e a noite (no inverno) apresentam duração superior a 24 
horas. São as áreas extremas do globo, onde dominam as 
geleiras e o frio (CONTI, 1998, p.17). 
Entre  os  trópicos  e  os  círculos  polares  encontram­se  as  faixas 
intermediárias,  conhecidas  como  zonas  temperadas.  A  partir 
desta confi guração, é possível a  localização das principais faixas 
climáticas no globo terrestre. Essas faixas coincidem com as dos 
domínios de vegetação específi cos, também denominados biomas. 
Genericamente,  pode­se  afi rmar  que  as  regiões  tropicais  correspondem  às  fl orestas  úmidas  e 
às savanas (Cerrado no Brasil); as regiões temperadas às regiões de estepes e das fl orestas de 
coníferas; e as situadas além dos círculos polares são caracterizadas pelas  tundras e geleiras. 
Pode­se  dizer  que  as  áreas  intertropicais  são  as  que  recebem  a maior  quantidade  de  energia 
solar.  Justamente  por  serem privilegiadas  em  incidência  de  energia solar,  são  também as que 
possuem  as  maiores  fl orestas  do  globo  (fl orestas  tropicais),  além  de  possuírem  os  maiores 
índices de precipitação pluviométrica  (chuvas), pelo  fato da ocorrência de maior evaporação e, 
consequentemente, melhores condições para a formação de nuvens.
10  Roteiro de Estudo 
As  regiões  tropicais  são  de  baixa  latitude,  onde  há  uma 
grande  concentração  de  calor,  em  virtude  da  pequena 
inclinação  dos  raios  solares,  o  que  produz  temperatura 
médias  muito  altas,  sempre  superiores  a  18°C.  Porém, 
há  que  se  considerar  que  as  baixas  latitudes,  quando 
associadas  a  grandes  altitudes,  geralmente  apresentam 
características distintas em relação à temperatura, uma vez 
que esta diminui na ordem de 6º C a cada 1000 m. Contudo, 
a  variação  anual  de  temperatura,  também  chamada  de 
amplitude térmica, é também muito pequena em qualquer 
altitude, pois, é um dado que depende unicamente da latitude. 
Apesar  de  as maiores  e mais  viçosas  fl orestas  pertencerem  às 
regiões intertropicais, nessa faixa do globo não só existem regiões 
úmidas,mas também outras muito secas, conforme demonstrado 
na Tabela 1, a seguir: 
Amplitude Térmica 
Denomina­se 
Amplitude Térmica 
à diferença entre 
a maior e menor 
temperatura anuais 
de um determinado 
lugar, região ou 
território. 
Cidade 
(país) 
Alt. 
(m)  Latitude 
Temperatura mês 
mais quente 
Temperatura 
mês mais frio 
Amplitude 
anual 
Pluviosidade 
Anual (mm) 
Quito 
(Equador)  2.875  00° 13’  15,0° C  14,5° C  0,5° C  1.110 
Belém 
(Brasil)  13  01° 27’  26,5° C  25,6° C  0,9° C  2.477 
Manaus 
(Brasil)  44  03° 08’  29,0° C  27,0° C  2,0° C  1.800 
Mogadíscio 
(Somália) 
12  02° 02’  29,0° C  25,5° C  3,5° C  426 
Tabela 1: Exemplos de dados climáticos 
Fonte: Conti, 1998 
Para compreender estes contrastes, deve­se analisar o intercâmbio 
de infl uências entre o oceano e a atmosfera, fator que infl uencia, 
de forma decisiva no regime e nos níveis de chuva. 
Em todas as regiões do mundo, em especial em áreas tropicais, as 
águas frias produzem climas secos, pois, difi cultam a evaporação 
e,  consequentemente,  a  formação  de  nuvens.  Já,  nas  águas 
quentes, os climas são úmidos, que provocam muita evaporação 
e  formação  de  grande  quantidade  de  nuvens.  Nas  regiões 
intertropicais, o período no qual se concentram a maior quantidade 
de chuvas está relacionado com o movimento aparente do sol. Isto 
quer dizer que os verões geralmente são chuvosos e os invernos 
são marcados pela estiagem. 
O Brasil é um país privilegiado, no que se refere à tropicalidade. 
O país recebe grande quantidade de energia solar, possui a maior 
fl oresta  tropical  do  mundo,  a  fl oresta  Amazônica  e  possui,  na 
maioria do seu território, quatro estações bem defi nidas, possuindo 
um verão de chuvas concentradas e um inverno ameno.
11 Roteiro de Estudo 
Mas, qual é a relação do clima com a dinâmica terrestre? 
Essa  é  uma  boa  indagação.  Na  verdade,  o  clima  tem  tudo 
a  ver  com  as  formações  geológicas,  sua  conservação  e  sua 
transformação.  As  estruturas  geológicas  sofrem  ações  das 
águas,  da  temperatura,  da  pressão  atmosférica,  enfi m  de  todos 
os elementos presentes nas formações climáticas. Assim, o clima 
nada mais é que a interação dos diversos elementos da natureza, 
e  esta  interação  incide  diretamente  sobre  a  crosta  terrestre, 
transformando suas estruturas. Da mesma forma, esses elementos 
acabam infl uenciando também na dinâmica interna da Terra, pois 
ela também depende de fatores externos, em especial da energia 
proveniente do sol. 
Podemos,  então,  concluir  que  o  clima  é  um  dos  principais 
responsáveis  pela  transformação  da  crosta  terrestre,  de  suas 
estruturas  geológicas,  além  de  incidir,  diretamente  sobre  a 
modelagem  e  remodelagem  do  relevo  terrestre.  Sendo  assim, 
o  estudo  do  clima  e  suas  alterações  interessa,  de  perto,  aos 
profi ssionais  da  Engenharia  Civil,  pois,  para  construir  suas 
fundações  e  edifi cações,  esses  profi ssionais  precisam  entender 
a estabilidade climática de uma determinada região, para que ele 
tome  as  devidas  providências  e  precauções  sobre  a  segurança 
de  suas  construções,  incidência  de  energia,  ocorrência  de 
precipitações,  como  chuvas  e  neve,  força  dos  ventos,  dentre 
outros fatores. 
O ciclo hidrológico 
O sol e a água são elementos fundamentais para a evolução dos 
processos de formações climáticas. O sol fornece a energia para 
a ativação e desenvolvimento de todo o processo de constituição 
climática,  já  a  água participa  ativamente de  todo  este  processo, 
uma vez que é elemento essencial para a formação das nuvens, 
das correntes marinhas e de todas as formas de precipitação. 
Ela é a substância química mais abundante na face da Terra, sendo 
responsável  direta  pela manutenção do  nível dos  oceanos,  pelo 
sistema de refrigeração do planeta, pela manutenção do equilíbrio 
térmico de todos os ecossistemas do ambiente terrestre, além de 
ser a protagonista para a manutenção e preservação de todas as 
formas de vida do planeta. Neste sentido, não tem sentido analisar 
as formações climáticas sem considerar a quantidade e qualidade 
das águas envolvidas nos processos dessas formações, seja em 
nível global,  continental,  regional ou  local. Portanto,  o estudo do 
Ciclo Hidrológico é essencial para a compreensão dos processos 
de formações climáticas. 
Equilíbrio térmico 
Equilíbrio térmico 
é o controle das 
temperaturas médias 
dos vários lugares, 
territórios ou regiões 
do planeta
12  Roteiro de Estudo 
Figura 4: O Ciclo Hidrológico 
Fonte: Adaptado de Wikipédia, 2010. 
A água existe no planeta em seus  três estados: sólido,  líquido e 
gasoso,  sendo  que  a maior  quantidade  está  em  estado  líquido, 
devido às enormes dimensões dos mares e oceanos. A quantidade 
de  água  no planeta  é  regulada  pelo  ciclo  hidrológico,  o  que  faz 
que a quantidade de água existente seja constante. A Tabela 2, a 
seguir,  demonstra  a  quantidade  água  existente  no  planeta,  bem 
como os principais reservatórios existentes no mundo. 
Reservatórios de água da terra 
Reservatório  % do total 
Volume em 
quilômetros 
cúbicos 
Oceano  97,25%  1.370.000.000 
Calotas polares/geleiras  2,05%  29.000.000 
* Água subterrânea  0,68%  9.500.000 
* Lagos  0,01%  125.000 
Solos  0,005%  65.000 
Atmosfera  0,001%  13.000 
* Rios  0,0001%  1.700 
Biosfera  0,00004%  600 
TOTAL  100%  1.408.700.000 
Tabela 2: Quantidade de água existente no planeta e seus principais 
reservatórios. 
Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2001 
Os reservatórios de água disponíveis para o consumo humano (água 
potável)  estão destacados em negrito e  com asterisco na  tabela 
(águas  subterrâneas,  lagos  e  rios)  e  correspondem  a  0,69004% 
do  total da água do planeta, o que corresponde a 9.926.700Km 3 
de  água.  Nota­se  que  esta  quantidade  é  quase  irrisória,  se 
comparada ao total de água existente no ecossistema planetário.
13 Roteiro de Estudo 
As águas  subterrâneas:  importantes  reservas de  água 
potável do planeta 
Ao contrário  do que muitas pessoas  acreditam,  não existe água 
somente  na  superfície  da  Terra.  Ela  se  encontra,  ainda,  entre 
as  partículas  do  solo  e 
em  reservatório  abaixo 
da  superfície  do  planeta 
–  os  lençóis  freáticos  e  os 
aquíferos. A água subterrânea 
constitui importantes reservas, 
extremamente  puras  e  que 
servem  para  o  consumo 
humano.  Infelizmente,  as  atividades  industriais  e  agroindustriais 
têm  iniciado  o  processo  de  poluição  dessas  águas,  trazendo 
enormes  prejuízos  para  a  continuidade  da  vida  de  inúmeras 
espécies,  tanto  animais  quanto  vegetais.  Esta  poluição  se  dá 
por  intermédio  da  infi ltração  de  poluentes  industriais,  efl uentes 
líquidos, insumos agrícolas, pesticidas e herbicidas utilizados nas 
plantações, principalmente nas monoculturas. 
O  solo  é  formado  por  partículas  de 
tamanhos  variados,  que  formam 
minúsculos  e  fi nos  canais,  os  quais 
são  preenchidos  por  água.  Essa 
água é denominada água capilar, por 
lembrar fi os de cabelo. 
Um  dos  reservatórios  de  água  subterrânea  mais  importante  do 
mundo  é  o Aquífero Guarani,  situado  na América do Sul,  sendo 
que sua maior porção localiza­se em território brasileiro. 
Agora, sugerimos que você leia um artigo do Prof. Valter 
Machado  da Fonseca sobre  este  importante  aquífero. O 
texto está disponível ao fi nal deste roteiro. 
A contaminação das águas subterrâneas 
O texto de Fonseca (2009), nos chama a atenção para a relevante 
problemática  da  contaminação  das  águas  e,  em  especial,  dos 
aquíferos  subterrâneos.  As  águas  subterrâneas  são  nossa 
principal reserva de água doce, disponívelpara uso humano, em 
todo o planeta. 
Infelizmente, o homem não tem planejado suas ações, quando se 
trata do uso e manejo dos recursos da natureza. Vemos, a cada 
dia  que  passa,  aumentar  as  fontes  de  poluição  desses  corpos 
d’água.  A  superprodução  de  mercadorias  fez  surgir  também  a 
superprodução e acumulação de efl uentes domésticos e industriais. 
O  descarte  desses  resíduos  é  feito  diretamente  no  solo,  o  que 
promove  a  infi ltração  de  poluentes  que  acabam  por  contaminar 
os  lençóis  e  aquíferos  subterrâneos  ou  é  feito  diretamente  nos 
corpos d’água. 
Segundo  Teixeira  et  al,  (2008),  podemos  elencar  algumas 
consequências  drásticas  da  exploração  irracional  das  águas 
subterrâneas. São elas:
14  Roteiro de Estudo 
redução  na  capacidade  produtiva  individual  do  poço  ou  de  poços 
próximos, com aumento nos custos de bombeamentos; 
indução de fl uxos laterais de água salina da costa marítima; 
infi ltração de água subterrânea de baixa qualidade advinda de outras 
unidades aquíferas mais superfi ciais; 
drenagem de rios e outros corpos de água superfi cial, pelo rebaixamento do 
nível hidráulico do aquífero; 
subsidência  do  terreno,  resultando  em  problemas  de  estabilidade  e 
danos de edifi cações e rede de esgoto. 
A Figura 5 mostra a deposição incorreta de efl uentes que provocam 
a contaminação das águas subterrâneas. 
Figura 5: Representação de deposição incorreta de efl uentes sólidos e líquidos. 
Fonte: Teixeira et al, 2008.
Dinâmica interna e externa: conjugação de dois sistemas 
complexos 
Como  já  enfatizado  no  estudo  anterior,  a Terra  constitui­se  num 
conjunto  complexo,  está  em  equilíbrio  graças  a  um  complexo 
sistema de  forças que atuam  tanto externamente,  como em sua 
porção interna. Existe uma conjugação entre as forças internas e 
externas. 
As  forças  internas  são  originadas  no  núcleo  a  partir  das  altas 
pressões e temperaturas que atuam no interior da Terra. Essas forças 
internas interagem com as forças externas que decorrem da ação 
dos agentes e  fatores que atuam sobre as estruturas geológicas
15 Roteiro de Estudo 
e que modifi cam as  feições dessas estruturas. Esses elementos 
e fatores interagem entre si, dando origem às diversas formações 
climáticas. Então, essa conjugação de forças internas e externas 
transforma,  modifi cam  as  estruturas  geológicas  e  os  diversos 
recursos  naturais,  num  processo,  às  vezes  abrupto,  mas  na 
maioria das vezes de forma lenta, gradual e contínua. 
A  dinâmica  interna  e  externa  forma  um  sistema  complexo,  que 
envolve uma enorme quantidade de energia tanto na porção interna 
quanto externa do planeta. Essa grande quantidade de energia é 
responsável pela mudança da confi guração e mudança geográfi ca 
dos  continentes  durante milhões  de  anos  (em  tempo  geológico) 
de  existência  do  planeta Terra. A mudança da  confi guração dos 
continentes ocorre, conforme diversos estudos científi cos, devido 
à teoria da deriva continental e da tectônica de placas. 
Figura 6: a) Distribuição atual das evidências geológicas de existência de geleiras há 300 
Ma. As setas indicam a direção do movimento das geleiras. b) Simulação de como seria a 
distribuição das geleiras com os continentes ligados (juntos). 
Fonte: Teixeira et. al, 2008. 
A  Figura  6  destaca  uma  situação  do  movimento  das  geleiras, 
confrontado com uma simulação de como seriam essas geleiras 
quando os continentes eram unidos. 
A Figura 7, a seguir, mostra a Pangea e a divisão dos continentes 
em dois grandes blocos: Laurásia, ao norte, e Gondwana, ao sul. 
Esta divisão se dava pela existência do Mar de Tethys.
16  Roteiro de Estudo 
Figura 7: A Pangea. 
Fonte: Teixeira et. al, 2008. 
Tectônica de placas: a dança dos continentes 
Os estudos científi cos demonstram que o nosso planeta é formado 
de  várias  camadas.  Porém,  para  esse  estudo  em  particular, 
interessa­nos o estudo da litosfera. A litosfera é a camada sólida da 
Terra. Esses mesmos estudos mostram que a litosfera – a camada 
mais sólida, rígida e resistente do planeta – é fragmentada em 12 
placas que deslizam, convergem ou se separam umas em relação 
às  outras  à medida  que  se movem  sobre  a  astenosfera, menos 
resistente  e  dúctil.  As  placas  são  geradas  onde  se  separam  e 
recicladas onde convergem, em um processo contínuo de criação/ 
destruição.  A  teoria  da  tectônica  de  placas  descreve  a  energia 
envolvida nesse processo e o movimento dessas placas. 
Graças à tectônica de placas, a ciência consegue explicar muitos 
fenômenos geológicos, como terremotos, vulcanismo, magmatismo, 
distribuição  e  origem  de  diversas  feições  geológicas.  Enfi m, 
explica a distribuição de inúmeras feições geológicas de grandes 
proporções  que  resultam  do movimento ao  longo  dos  limites de 
placa,  como:  cadeias  de  montanhas,  associações  de  rochas, 
estruturas  do  fundo  do mar,  vulcões  e  terremotos.  Press  et.  al. 
(2007, p.47­48) disserta sobre a importância da tectônica de placas: 
Na década de 1960, uma grande revolução no pensamento 
sacudiu o mundo da Geologia. Por quase 200 anos, os 
geólogos desenvolveram diversas teorias tectônicas (grego 
tekton, “construtor”) – o termo geral que eles usaram para 
descrever a formação de montanhas, o vulcanismo e outros 
processos que formam feições geológicas na superfície da 
Terra. No entanto, até a descoberta da tectônica de placas, 
nenhuma teoria conseguiu, isoladamente, explicar de modo 
satisfatório toda a variedade de processos geológicos. A 
tectônica de placas não é apenas abrangente, mas também 
elegante: muitas observações podem ser explicadas por 
alguns poucos princípios simples. Na história da ciência,
17 Roteiro de Estudo 
as  teorias  simples  que  explicam muitas  observações 
geralmente se mostram mais duradouras.  [...] As  ideias 
básicas  da  tectônica  de  placas  foram  reunidas  como 
uma  teoria  unificadora  da Geologia  há menos  de  40 
anos. A síntese científi ca que conduziu a essa teoria, no 
entanto, começou muito antes, início do século XX, com o 
reconhecimento das evidências da deriva continental. 
A  Figura  8  é  uma  representação  da  evolução  da  divisão  dos 
continentes  em  várias  placas  tectônicas,  tomando  por  base  os 
princípios da tectônica de placas: 
Figura 8: Reconstituição da posição dos continentes de 2,0 bilhões de anos até 100 milhões 
de anos atrás. 
Fonte: Teixeira et al, 2008. 
Já, a Figura 9, a seguir, indica a confi guração e distribuição atual 
das placas tectônicas em todo o território do globo terrestre. 
Figura 9: Distribuição geográfi ca das placas tectônicas da Terra. Os números representam as 
velocidades em cm/ano entre as placas. 
Fonte: Teixeira et al, 2008.
18  Roteiro de Estudo 
O movimento entre as placas 
A litosfera está delimitada por um conjunto de 12 placas tectônicas, 
subdivididas  em  dois  grupos:  as  placas  oceânicas  que  formam 
os assoalhos dos mares e oceanos e as placas continentais que 
formam  os  continentes.  Como  as  placas  tectônicas  são  sólidas, 
pois são parte da litosfera e deslizam sobre um material pastoso, 
situado acima  do núcleo  terrestre,  elas  possuem um movimento 
lento,  gradual  e  contínuo.  Esse  movimento  é  resultante  de  um 
processo que envolve a produção e desprendimento de energia. 
O movimento das placas tectônicas é responsável pela formação 
de montanhas, ilhas, diversas feições geológicas e vulcões. Assim, 
o movimento das placas tectônicas está associado à modelagem 
e remodelagem do relevo terrestre. 
A  Figura  10,  a  seguir,  apresenta  a  diferença  do movimento  das 
placas em dois pontos diferenciados sobre superfície esférica. É 
importante lembrar que o nosso planeta é um esferóide, ouseja, 
uma  fi gura  geométrica  que  se  aproxima  da  forma  esférica,  se 
diferenciando desse formato devido ao pequeno achatamento nas 
regiões polares. 
Figura 10: Modelo de movimento de uma placa curva sobre uma superfície 
esférica. 
Fonte: Teixeira et. al. (2006)
19 Roteiro de Estudo 
Percebe­se que os pontos 1 e 2 na placa  “B” exibem diferentes 
velocidades, pois têm de percorrer diferentes distâncias no mesmo 
intervalo de tempo, tendo o ponto 2 uma velocidade maior que o ponto 1. 
A tectônica de placas e as feições geológicas 
A modelagem do relevo: os processos orogênicos 
A formação de várias feições do relevo da Terra está diretamente 
ligada  à  movimentação  das  placas  tectônicas.  Apesar  de  esta 
movimentação  ser  lenta  e  gradual,  na  casa  de  poucos  mm  ou 
cm por ano, ela é infl uenciada por altas pressões e temperaturas 
decorrentes  do  interior  do  planeta,  das  regiões  do  núcleo  ou 
próximas a ele. 
Assim,  este  processo  envolve  um  grande  desprendimento  de 
energia, o que causa distúrbios e alterações na superfície terrestre, 
transformando as feições do relevo. Dentre essas transformações, 
o  choque  entre  as  placas  tectônicas  promove  o  surgimento  de 
ilhas  e  montanhas.  Ao  processo  de  formação  das  cadeias  de 
montanhas, dá­se o nome de orogenia. 
Figura 11: Formação de Ilhas a partir do choque entre duas placas 
oceânicas. 
Fonte: Wikipédia (2010). Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/ 
Orogênese 
A  direção  das  setas  demonstra  o  choque  entre  duas  placas 
oceânicas  (do  fundo  do  mar).  Observa­se  que  uma  das  placas 
submerge  debaixo  da  outra,  promovendo  um  levantamento  do 
assoalho oceânico. Este soerguimento do fundo do mar faz surgir 
diversas  porções  de  terras  emersas  (ilhas).  A  esta  formação 
denominamos arco de ilhas.
20  Roteiro de Estudo 
Figura 12: Formação de cadeia de montanhas a partir do choque entre 
uma placa oceânica e uma continental. 
Fonte: Wikipédia (2010) disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/ 
Orogênese 
A  Figura  12  representa  o  choque  entre  uma  placa  oceânica  e 
uma  continental.  Geralmente  este  fenômeno  ocorre  nas  bordas 
dos continentes. Observa­se que a placa oceânica  infi ltra­se por 
baixo da continental enrugando­a e propiciando o surgimento de 
cadeias  de  montanhas.  As  cordilheiras  dos  Andes,  localizadas 
nas costas do Peru, no continente Sul Americano, é um exemplo 
clássico desse tipo de evento orogênico. 
Figura 13: Formação de cordilheira a partir do choque entre duas placas 
continentais. 
Fonte: Wikipédia (2010). Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/ 
Orogênese 
A Figura  13 é  uma  representação do  choque entre  duas  placas 
continentais.  Este  tipo  de  evento  orogênico  é  responsável 
pela  formação  de  cordilheiras  no  interior  dos  continentes.  Este 
fenômeno geralmente forma extensas cadeias de montanhas, que 
muitas vezes atravessam todo o continente.
21 Roteiro de Estudo 
Eventos  geológicos  associados à  tectônica  de placas: 
vulcanismo e terremotos 
Como já foi afi rmado neste roteiro, o interior da Terra é repleto de 
forças decorrentes de altas pressões e temperaturas provenientes 
da grande quantidade de energia térmica existentes nas porções 
mais internas do planeta. 
Assim, essas forças internas exercem enormes pressões sobre a 
litosfera, provocando tensões nas placas tectônicas. Essas tensões 
podem  distender  ou  contrair  essas  placas  provocando  dobras, 
falhas e fraturas. Essas regiões, em especial as área de fraturas 
causam fi ssuras nas placas, originando zonas de baixa resistência. 
São por essas fi ssuras existentes nas zonas de baixa resistência 
que o magma, existente no núcleo da Terra, sai para a superfície 
terrestre. À expulsão desse magma, dá­se o nome de vulcanismo. 
Portanto, as atividades vulcânicas são resultantes da movimentação 
do  magma  pelas  áreas  de  cisalhamento  das  placas  tectônicas. 
Devido às enormes pressões e  temperaturas com que o magma 
chega à superfície da Terra, ele provoca distorções, alterações e 
transformações nas feições do relevo e nas estruturas geológicas 
que compõem a paisagem terrestre. 
Figura 14: representação esquemática de um Estratovulcão. 
Fonte: Wikipédia (2010). Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Vulcão 
LEGENDA 
1. Câmara magmática 
2. Rocha 
3. Chaminé 
4. Base 
5. Depósito de lava 
6. Fissura 
7. Camadas de cinzas emitidas pelo vulcão 
8. Cone 
9. Camadas de lavas expelidas pelo vulcão 
10. Garganta 
11. Cone secundário ou parasita 
12. Fluxo de lava 
13. Ventilação 
14. Cratera 
15. Nuvem de cinza
22  Roteiro de Estudo 
A Figura 14 é uma representação esquemática de um Estratovulcão. 
A  fi gura  representa  um  corte  demonstrando  os  diversos 
compartimentos  e  materiais  relacionados  à  atividade  vulcânica. 
Figura 15: Vulcão Mayon 
Fonte: Wikipédia (2010). Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Vulcão 
Os materiais vulcânicos 
Segundo  Leinz;  Amaral  (2003),  os  materiais  produzidos  numa 
erupção vulcânica podem ser classifi cados em três grandes grupos: 
Lavas  Massas magmáticas, em estado de fusão total ou parcial, e que são expelidos para a superfície terrestre, durante a atividade vulcânica. 
Materiais piroclásticos 
São  fragmentos  que  podem  ter  duas  origens  distintas.  A  primeira 
refere­se ao material que deriva diretamente do magma, de maneira 
explosiva (durante o estado de fusão ou de material já consolidado). 
A segunda  refere­se à  fragmentação ou  transformação de materiais 
pre­existentes  de  parte  do  invólucro  do  edifício  vulcânico,  ligada  à 
explosão do magma. 
Gases vulcânicos 
Durante as erupções e períodos de calmaria, as exalações gasosas podem 
ter  grande  importância.  Essas  exalações  ainda  podem  continuar,  mesmo 
longo tempo após a extinção das atividades vulcânicas.
23 Roteiro de Estudo 
Tipos de materiais piroclásticos 
Os  materiais  piroclásticos  são  os  produtos  soltos,  incoerentes, 
originados  da  eclosão  da  atividade  vulcânica.  No  vulcanismo 
atual,  eles  são predominantes em  relação  à  quantidade  de  lava 
derramada ou expelida. 
O material mais fi no é também chamado de tufo vulcânico, sendo 
de consistência bastante fofa. Nas erupções  iniciais predominam 
justamente  estes  produtos  vulcânicos.  Os  produtos  piroclásticos 
são classifi cados segundo o tamanho dos ejetólitos, nome genérico 
dado aos fragmentos de natureza piroclástica. 
O  Quadro  3,  a  seguir,  apresenta  a  associação  das  atividades 
vulcânicas (magmáticas) associadas à tectônica de placas. Trata­ 
se  de  uma  representação  esquemática  que mostra  várias  fases 
evidenciando a associação e/ou intrusão de magma com as placas 
oceânicas ou continentais.
24  Roteiro de Estudo 
Processos 
Produtos 
Observações 
Componentes  Rochas 
Erupção 
efusiva 
Derrame de 
lava  Lava 
Rocha 
vulcânica 
Material fundido contendo cristais e 
bolhas de gás. 
Erupção 
explosiva 
Queda 
piroplástica 
Poeira/cinza 
fi na  Tufo fi no  Partículas menores que 0,062mm. 
Cinza grossa  Tufo grosso  Partículas entre 2 e0,062m. 
Lapilli  Lopillito  Partículas entre 64 e 2mm. 
Bombas  Aglomerado  Fragmentos plásticos > 64mm. 
Blocos  Brecha piroplástica  Fragmentos rígidos > 64mm. 
Fluxo 
piroplástico 
Púmice 
(fragmentos 
com 
granulação 
de cinzas a 
blocos, rico em 
vesículas) 
Ignimbrito 
Emulsões gasosas superaquecidas 
com fragmentos de púmice ou escória 
(dimensões entre Lapilli e Bombas), 
cristais de cinza e fragmentos do 
conduto e/ou de rochas preexistentes, 
em matriz vítrea. 
Escórias  Brechas de escórias 
Fragmentos vesiculares restritos às 
proximidades dos condutos vulcânicos.Blocos e cinzas 
Brechas de 
blocos e 
cinzas 
Depósitos de grandes blocos de lavas 
sustentados por cinzas, próximos dos 
condutos de vulcões. 
Fenômenos 
vulcânicos 
associados 
Fluxo de 
lama  Lahar  Lahanito 
Fluxo viscoso de lama com fragmentos 
inconsolidados de variadas dimensões, 
originados do retrabalhamento de 
depósitos de encostas vulcânicas por 
chuvas, degelo, e/ou tremores da terra. 
Avalanches 
Semelhantes aos fl uxos de lama, porém 
com matiz mais grossa (menor teor de 
lama). 
Gêiser; 
fumarola 
Emanações gasosas e fl uidos contendo 
minerais dissolvidos. 
Quadro 3: Principais materiais vulcânicos. 
Fonte: Teixeira et al, 2006.
25 Roteiro de Estudo 
Figura 16: Fragmentação de uma massa continental e desenvolvimento de margens continentais 
passivas. 
Fonte: Teixeira et. Al, 2006. 
Dobras e  falhas:  deformações das  rochas e  estruturas 
geológicas 
Os eventos geológicos originados a partir da tectônica de placas 
promovem,  como  já  afi rmado  anteriormente,  transformações 
no  relevo  e  nas  estruturas  geológicas  da  crosta  terrestre.  As 
estruturas geológicas sofrem processos de  tensionamentos tanto 
horizontais como oblíquos ou verticais. Esta tensão exercida sobre 
as rochas provocam deformações, podendo levá­las, inclusive, ao 
cisalhamento.  As  principais  deformações  sofridas  pelas  rochas 
são as dobras, falhas e fraturas. 
Segundo  Teixeira  et  al  (2008),  os  fatores  físicos,  em  particular 
a  temperatura  e  a  pressão  hidrostática/litostática,  são  função 
da  profundidade  na  crosta  terrestre  e  permitem  distinguir  dois 
domínios  distintos:  o  superfi cial  e  o  profundo.  Esses  domínios 
deformacionais  são  caracterizados  pela  formação  de  estruturas 
geológicas distintas. Os autores continuam: 
O domínio superfi cial caracteriza­se por uma deformação 
essencialmente  rúptil,  enquanto  o  domínio  profundo 
caracteriza­se por uma deformação dúctil. Neste último, 
a  rocha  pode sofrer  fusão parcial,  se  a  temperatura  for 
sufi cientemente elevada. Portanto, estruturas formadas a 
cerca de 40 Km de profundidade, com pressão na ordem 
de 10 kilobares e  temperaturas de 800° a 1000° C são 
muito diferentes de estruturas formadas em superfície. Isto 
signifi ca dizer que, para o estudo das estruturas geológicas, 
é necessário levar em consideração o nível crustal em que 
ela foi formada (TEIXEIRA et al, 2008, p.405).
26  Roteiro de Estudo 
A formulação dos autores auxilia­nos na compreensão de que as 
deformações  nas  rochas  e  estruturas  geológicas  ocorrem  tanto 
na superfície quanto nas profundezas da Terra, e que o grau de 
deformação  dessas  estruturas  vai  depender  de  sua  posição  no 
interior da litosfera. 
As dobras 
As dobras são deformações dúcteis que afetam corpos rochosos 
da crosta terrestre. Acham­se associadas a cadeias de montanhas 
de diferentes  idades e possuem  expressão na  paisagem,  sendo 
visíveis em imagens de satélite. São caracterizadas por ondulações 
de dimensões variáveis e podem ser quantifi cadas individualmente 
por  parâmetros  como  amplitude  e  comprimento  de  onda. A  sua 
formação se deve à existência  de uma estrutura planar anterior, 
que pode ser o acamamento sedimentar ou a foliação metamórfi ca 
(clivagem, xistosidade, bandamento gnáissico). 
Figura17: Representação esquemática dos elementos geométricos de uma dobra. 
Fonte: Teixeira et al, 2008. 
LEGENDA 
Sa = superfície axial;  Zc = zona de charneira 
Lc = linha de charneira  Fl = flanco 
Li = linha de inflexão 
Figura 18: Mecanismos de formação de dobras: Flambagem (a) e Cisalhamento (b). 
Fonte: Teixeira et al, 2008.
27 Roteiro de Estudo 
As  duas  fi guras  anteriores  destacam  aspectos  geométricos  de 
formação  das  dobras.  Geralmente,  as  dobras  formam  feições 
geológicas  curvas  e/ou  onduladas,  conforme  se  pode  observar 
in  locu,  no  campo.  A  Figura  19,  a  seguir,  destaca  uma  dobra 
observada no campo. 
Figura 19: Dobras infrafoliais em gnaisses do Grupo Paraíba do 
Sul, Rio de Janeiro (Rod. Presidente Dutra/Serra das Araras) 
Fonte: Teixeira et al, 2008. 
Figura 20: Dobra recumbente em quartzitos do Grupo Andrelândia, Serra de Carrancas, Minas Gerais. 
Fonte: Teixeira et al, 2008.
28  Roteiro de Estudo 
As falhas geológicas 
As  falhas  são  descontinuidades  geológicas  resultantes  de 
deformação rúpteis nas rochas e estruturas geológicas da crosta 
terrestre.  Elas  se  expressam  por  superfícies  descontínuas  com 
deslocamento diferencial de poucos cm até dezenas de centenas 
de  quilômetros,  sendo  esta  última  a  ordem  de  grandeza  para  o 
deslocamento das grandes falhas. 
Elas aparecem como superfícies isoladas e de discreta ou pequena 
expressão,  ou,  no  caso mais  corriqueiro,  surge  como uma  zona 
deformada (região de fraqueza) de grande magnitude, denominada 
zona de falha ou de fratura. Nestes locais, o deslocamento total é 
dado pela soma dos deslocamentos locais ou individuais. 
A condição necessária para que haja a ocorrência de falha geológica 
é  que  tenha  ocorrido  um  deslocamento  ao  longo  da  superfície. 
Porém,  se  a  movimentação  ocorre  de  forma  perpendicular  à 
superfície, a feição ou estrutura geológica receberá o nome de fratura. 
O relevo originado de falhamentos é, em geral, estruturado, bem 
nítido  em  fotografi as  aéreas  e  imagens  de  satélites.  Contudo, 
em determinadas ocasiões, quando a  falha é  referenciada numa 
coluna estratigráfi ca (uma camada de carvão, por exemplo), a sua 
identifi cação é  imediata; em outros casos, é mais difi cultada sua 
identifi cação, mesmo para os especialistas no assunto. 
Elementos de uma falha 
Na  representação  geométrica  da  feição  da  estrutura,  a  falha 
apresenta vários elementos que a caracterizam e possibilitam sua 
identifi cação e  classifi cação. A  fi gura 21,  a  seguir,  demonstra os 
elementos geométricos de uma falha. 
Figura 21: Elementos geométricos de uma falha: blocos de falha, muro ou lapa, teto ou 
capa, escarpa de falha. 
Fonte: Teixeira et al, 2008.
29 Roteiro de Estudo 
Classifi cação das falhas geológicas 
Para  realizar  a  classifi cação  de  uma  falha,  faz­se  necessário 
considerar os seguintes aspectos: 
a) mergulho da superfície da falha: o mergulho de uma falha é 
dado pelo ângulo que defi ne sua inclinação em relação ao plano 
horizontal. Esta característica divide as falhas em dois grupos: 
falhas de alto ângulo quando o mergulho é superior a 45°, e 
falhas de baixo ângulo, quando o mergulho é inferior a 45°; 
b)  forma  da  superfície  de  falha:  esta  classifi cação  permite 
classifi car  as  falhas  em  planares  e  curvas.  A  falha  é 
considerada  planar  quando,  em  termos  estatísticos,  sua 
variação  de  direção  de  superfície  variar  no  intervalo 
de  5°.  As  falhas  curvas  são  denominadas  lístricas,  são 
relacionadas a regimes distensivos, ou seja, quando sobre a 
rocha ou estrutura geológica, incidir duas ou mais forças de 
tensionamento de sentidos opostos; 
c)  movimento relativo: quanto a esse movimento, as falhas são 
classifi cadas em: (a) falhas normais (ou de gravidade) e (b) 
falhas reversas ou de empurrão; 
d)  tipos  de  rejeito:  esta  classifi cação  leva  em  consideração 
os  componentes  geométricos  do  deslocamento  entre  dois 
pontos previamente contíguos, em lados opostos da falha, e 
que são mensuráveis no plano de falha. 
Figura 22: Classifi cação de falhas com base no movimento relativo entre blocos adjacentes. Nesta 
representação esquemática, temos: (a) Falha normal; (b) Falha inversa; (c) Falha transcorrente; (d) Falha 
oblíqua. 
Fonte: Teixeira et al, 2008.
30  Roteiro de Estudo 
Figura 23: Falhas inversas em gnaisses do Complexo Mantiqueira. Pedreira 
nos arredores de Itumirim/MG.Fonte: Teixeira et al, 2008. 
A fi gura 23, anterior, é uma fotografi a de uma falha observada em 
pesquisa de campo, numa região do interior do estado de Minas Gerais. 
Na foto, dá, perfeitamente, para se observar os planos de falhas. 
A tectônica de placas e os terremotos 
Recentemente,  o mundo  parou  para  assistir,  atônito,  à  tragédia 
do  Haiti.  Ele  chamou  a  atenção  da  população  mundial  sobre  a 
frequência e  intensidade dos eventos sísmicos que  têm ocorrido 
em vários pontos do planeta. Embora sejam fenômenos naturais, 
os  terremotos  têm  afetado  as  condições  de  sobrevivência  de 
milhares  de  pessoas  em  todo  o  planeta,  levando,  inclusive, 
milhares de pessoas à morte. 
Os  eventos  sísmicos  (terremotos)  estão  ligados  à  acomodação 
das  placas  tectônicas,  ao  choque  entre  elas  ou  a  regiões  com 
intensas  atividades  vulcânicas.  Sendo  assim,  eles  são  difíceis 
de prever e, mais difícil ainda, de realizar as devidas prevenções 
visando à minimização de seus estragos. 
Mas, o que é um terremoto, afi nal? 
Segundo Teixeira et al. (2008, p.44­45); 
Com o lento movimento das placas litosféricas (tectônicas), 
da ordem de alguns centímetros por ano, tensões vão se 
acumulando em vários pontos, principalmente perto de suas 
bordas. As tensões acumuladas podem ser compressivas 
ou distensivas, dependendo da direção de movimentação 
relativa entre as placas [...]. Quando essas tensões atingem 
o  limite de  resistência  das  rochas,  ocorre  uma  ruptura;
31 Roteiro de Estudo 
o movimento  repentino  entre  blocos  de  cada  lado da 
ruptura geram vibrações em todas as direções. O plano 
de  ruptura  forma  o  que  se  chama de  falha  geológica. 
Os  terremotos  podem  ocorrer  no  contato  entre  duas 
placas tectônicas (caso mais frequente) ou no interior de 
uma delas  [...], sem que a ruptura atinja a superfície. O 
ponto onde se inicia a ruptura e a liberação das tensões 
acumuladas  é  chamado  de  hipocentro ou  foco. Sua 
projeção na superfície é o epicentro, e a distância do foco 
à superfície é a profundidade focal. 
Figura 24: Representação esquemática das tensões sobre as placas tectônicas: em (A) 
temos uma tensão compressiva e em (B) uma tensão distensiva. 
Fonte: Acervo do autor. 
A  Figura  24,  anterior,  mostra  os  dois  tipos  básicos  de 
tensionamentos  sobre  as  placas  tectônicas:  a  compressão  e  a 
distensão.  É  importante  observar  o  sentido  da  força  de  tensão 
(setas). Na situação (A) as setas comprimem a placa e na situação 
(B) distendem a placa. 
As  vibrações  advindas  dos  terremotos  emitem  vários  tipos  de 
ondas,  as  quais  se  propagam  em  diversos  sentidos.  A  medida 
do  comprimento  dessas  ondas  é  que  vai  determinar  o  grau  de 
intensidade  do  terremoto,  o  qual  é  medido  por  um  instrumento 
denominado sismógrafo. 
Os dois modos principais de propagação das vibrações de ondas 
sísmicas  são  a  onda  “P”  (a),  longitudinal  (vibração  paralela  à 
direção  de  propagação),  e  a  onda  “S”  (b),  transversal  (vibração 
perpendicular  à  direção  de  propagação).  Junto  à  superfície  da 
Terra, propagam­se também as ondas superfi ciais: onda Rayleigh 
(c),  que  é  uma  combinação  de  ondas  “P”  e  “S”  em  que  cada 
partícula  oscila  num  movimento  elíptico,  e  ondas  Love,  com 
oscilação  horizontal  transversal.  Nas  ondas  de  superfície,  as 
amplitudes  diminuem  com  a  profundidade.  Veja  a  fi gura  25,  a 
seguir, e note que, na passagem das ondas sísmicas, o meio se 
deforma elasticamente.
32  Roteiro de Estudo 
Figura 25: representação dos diferentes tipos de propagação de ondas 
produzidas pelas vibrações sísmicas. 
Fonte: Teixeira et al. (2008). 
Para não concluir, resumindo o nosso estudo 
Chegamos ao fi nal de nosso texto introdutório. Fizemos importantes 
análises,  considerações  e  refl exões  sobre  a  dinâmica  interna 
da Terra. Verifi camos  a  relevância  de  olharmos  o nosso  planeta 
enquanto um sistema vivo, dinâmico, longe daquelas visões que o 
consideram como simples estruturas mortas, estáticas. 
Verifi camos que todos os aspectos, elementos e organismos que 
compõem o ambiente terrestre são interdependentes e interligados. 
A  conjugação  de  todos  esses  elementos  e  fatores  compõe  a 
dinâmica  interna  e  externa  da  terra.  Verifi camos,  ainda,  que  as 
feições  e  estruturas  geológicas  estão  em  constante  mutação, 
em transformação, ocasionada pelas forças que incidem sobre a 
dinâmica do planeta.
33 Roteiro de Estudo 
Nosso estudo abordou ainda aspectos relativos ao uso e manejo 
corretos  dos  recursos  hídricos,  em  especial  os  reservatórios 
subterrâneos.  É  importante  estarmos  atentos  para  a  relevância 
da  preservação  desses  recursos  nos  tempos  atuais,  em  que 
a  água  potável  se  encontra  seriamente  ameaçada.  Fizemos 
também  importantes  análises  acerca  das  temáticas  relativas  à 
tectônica  de  placas  e aos  eventos geológicos  a ela  associados, 
como  as  deformações  das  rochas  e  estruturas  geológicas,  as 
transformações  do  relevo  terrestre,  a  formação  de  cadeias  de 
montanhas  (orogenia),  a  ocorrência  dos  fenômenos  relativos  ao 
vulcanismo e terremotos. 
Ao  analisar  os  tópicos  e  as  temáticas  abordadas  nesse  estudo, 
pudemos  verifi car  sua  profunda  relação  com  a  construção  civil. 
Percebemos  que  todas  essas  questões  estão  relacionadas  com 
as estruturas da Terra e com os recursos da natureza, elementos 
básicos fundamentais para as atividades ligadas à Engenharia Civil. 
Afi nal,  as  construções,  armações,  ligas,  estruturas  e  fundações, 
enfi m,  todas as obras do campo da construção civil, se edifi cam 
sobre as estruturas geológicas e necessita de seus recursos como 
matéria  prima  para  suas  atividades.  Diante  disso,  cabe  também 
aos profi ssionais deste  campo, em  franca expansão, a  tarefa de 
zelar  pela  natureza  e  seus  recursos. Os profi ssionais do  campo 
da  Engenharia  Civil  devem,  mais  do  que  nunca,  planejar  suas 
ações, visando à busca pela sustentabilidade socioambiental que 
garanta um planeta sadio ambientalmente e uma sociedade mais 
solidária, para estas e as futuras gerações. 
Leituras Complementares 
Texto 1 
Texto 2 
CONTI, José Bueno. Clima e meio ambiente. São Paulo: Atual, 
1998. (Série meio ambiente) 
Nesta obra, José Bueno Conti analisa a  relação do Clima com o 
Meio Ambiente,  numa  linguagem  simples,  objetiva  e  didática.  O 
autor  consegue  estabelecer  essa  relação  de  forma  a  instigar  o 
leitor, no sentido de pesquisar as temáticas climáticas e ambientais 
de  maneira  contextualizada,  fazendo  a  ligação  dos  aspectos 
teóricos com as diversas realidades regionais. 
GUERRA, Antônio José Teixeira; CUNHA, Sandra Baptista da. 
Geomorfologia e meio ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand 
Brasil, 1996. 
Neste livro, os autores levantam relevantes aspectos relacionados 
ao  debate  das  discussões  relativas  às  grandes  temáticas 
ambientais. Os autores fazem a relação entre as feições do relevo 
terrestre  com  os  principais  problemas  ambientais  da  atualidade, 
apontando  para  soluços  práticas,  de  acordo  com  as  diversas 
realidades das várias regiões do Brasil e do planeta. Fazem, ainda, 
uma importante discussão acerca dos problemas relacionados às 
enchentes, deslizamentos de massas (solos).
34  Roteiro de Estudo 
Texto 3 
ROSS, Jurandyr Luciano Sanchez. Geomorfologia: ambiente e 
planejamento. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1991. 
O  livro  de  Jurandyr  Ross  aborda  algumas  das  principais 
questões  relacionadas  ao  planejamento  de  ações  ambientais, 
no âmbito da construção civil, hidrologia, prevenção de impactos 
ambientais,  recuperação  de  áreas  degradadas,  e  planejamentourbano/ambiental. Trata­se  de  uma  importante  contribuição  para 
quem quer analisar soluções  simples para problemas concretos, 
relacionados ao meio ambiente. 
TEIXEIRA, Wilson et. al. Decifrando a Terra. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2008. 
Trata­se  de  uma  obra  de  grande  densidade  teórica,  muito  bem 
ilustrada e que traz dados importantíssimos para a pesquisa sobre 
as estruturas e dinâmica da Terra. Os autores trabalham de forma 
ampla,  todas  as  questões  relativas  às  estruturas  geológicas,  às 
deformações dessas estruturas, aos processos de  intemperismo, 
à  tectônica  e  placas  e  aos  processos  orogênicos.  É  uma  obra 
importante  para  estudiosos  de  Geologia,  Geografi a,  Construção 
Civil, Biologia e demais ciências correlatas. 
Texto 4 
Atividade 1 
Atividade 2 
Atividades 
O esquema, a seguir, representa o conjunto de forças responsáveis 
pela  dinâmica  da  Terra,  explique,  com  suas  palavras,  as  forças 
representadas no esquema. 
Hoje em dia, muito se tem falado sobre importância da atmosfera, 
sua  relação  com  a  qualidade  de  vida  e  com  a  saúde  ambiental 
do planeta. Os principais debates que vemos na grande rede de 
comunicação de massa (TVs, rádio e jornais) enfatizam o problema 
da emissão de poluentes para a atmosfera, as alterações climáticas 
e os problemas do aquecimento global, principal tema de discussão
35 Roteiro de Estudo 
Atividade 3 
Atividade 4 
das  grandes  conferências  internacionais.  Com  base  nessas 
informações e no conteúdo de nosso estudo, escreva: 
a) o que é a atmosfera; 
b)  qual  é  a  importância  do  estudo  da  atmosfera  para  a 
construção civil. 
Observe a tabela, a seguir, e identifi que os reservatórios de água 
que podem ser utilizados pelas atividades humanas,  inclusive as 
da construção civil. Explique por que os demais reservatórios não 
podem ser utilizados pelo homem para desenvolver suas atividades. 
Reservatórios de água da terra 
Reservatório  % do total  Volume em quilômetros cúbicos 
Oceano  97,25%  1.370.000.000 
Calotas polares/geleiras  2,05%  29.000.000 
Água subterrânea  0,68%  9.500.000 
Lagos  0,01%  125.000 
Solos  0,005%  65.000 
Atmosfera  0,001%  13.000 
Rios  0,0001%  1.700 
Biosfera  0,00004%  600 
TOTAL  100%  1.408.700.000 
Marque “V” para as afi rmativas verdadeiras e “F” para as falsas, a 
seguir, assinale a alternativa que contém a sequência correta. 
a) (   )  As  dinâmicas:  externa  e  interna  da  Terra  funcionam 
independentemente  uma  da  outra,  ou  seja,  uma  não 
depende da outra. 
b) (   )  A Mesosfera: vai de 50 a 80 km. Temperatura de  ­5°C a 
­95°C. Nela, ocorrem as refl exões das ondas de rádio. 
c) (   )  A  existência  da atmosfera é  vital  para a manutenção da 
biosfera  terrestre.  É  nela  que  se  passam  os  fenômenos 
climáticos.  Se  não  existisse  essa  massa  gasosa,  não 
haveria  vida na Terra,  nem ocorreriam  ventos,  nuvens  e 
outros fenômenos meteorológicos. 
d) (   )  A  água  subterrânea  constitui  importantes  reservas, 
extremamente  puras  e  que  servem  para  o  consumo 
humano.  Infelizmente,  as  atividades  industriais  e 
agroindustriais têm iniciado o processo de poluição dessas 
águas,  trazendo  enormes  prejuízos  para  a  continuidade 
da  vida  de  inúmeras  espécies,  tanto  animais  quanto 
vegetais. 
e) (   )  As  dinâmicas  interna  e  externa  formam  um  sistema 
complexo, que envolve uma enorme quantidade de energia 
tanto na porção interna quanto externa do planeta.
36  Roteiro de Estudo 
f)  (   )  O  estudo  do  vulcanismo  e  dos  terremotos  é  importante 
para a Engenharia Civil, pois de sua ocorrência depende a 
segurança de muitas edifi cações, fundações e edifi cações, 
pois geralmente esses fenômenos estão associados a áreas 
de  falhas  e  fraturas  geológicas,  regiões  de  instabilidade 
geológica  que  podem  colocar  em  risco  as  construções. 
A alternativa que contém a sequência correta é: 
a) (  ) V, F, V, V, F, V. 
b) (  ) F, V, V, V, V, V. 
c) (  ) F, V, V, V, F, V. 
d) (  ) F, F, V, V, V, V. 
e) (  ) F, V, V, V, V, F. 
Releia o nosso texto de estudos e marque a alternativa incorreta: 
a) (   )  O  movimento  das  placas  tectônicas  é  responsável  pela 
formação de montanhas, ilhas, diversas feições geológicas, 
terremotos  e  vulcões.  Assim,  o  movimento  das  placas 
tectônicas  está  associado  à modelagem  e  remodelagem 
do relevo terrestre. 
b) (   )  As forças internas são originadas no núcleo a partir das altas 
pressões e  temperaturas que atuam no  interior da Terra. 
c) (   )  Graças  à  tectônica  de  placas,  a  ciência  consegue 
explicar muitos  fenômenos geológicos, como  terremotos, 
vulcanismo,  magmatismo,  distribuição  e  origem  de 
diversas feições geológicas. 
d) (   )  Para a Engenharia Civil, o mais importante é o estudo da 
dinâmica  interna  da  Terra,  uma  vez  que  as  construções 
e  edifi cações  serão  feitas  na  superfície  da  Terra,  por 
isso interessa a ela saber o que está ocorrendo na parte 
interna do planeta. 
e) (   )  As atividades vulcânicas são resultantes da movimentação 
do  magma  pelas  áreas  de  cisalhamento  das  placas 
tectônicas.  Devido  às  enormes  pressões  e  temperaturas 
com que o magma chega à superfície da Terra, ele provoca 
distorções,  alterações  e  transformações  nas  feições 
do  relevo  e  nas  estruturas  geológicas  que  compõem  a 
paisagem terrestre. 
Atividade 5
37 Roteiro de Estudo 
Observe a fi gura, a seguir: 
Atividade 6 
Fonte: 
Analise­a e escreva um pequeno texto explicando o que poderia ser 
feito para evitar a contaminação do lençol de água subterrâneo. 
BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Agregados minerais 
para a construção civil: areia, brita e cascalho. Brasília (DF), 
2010. 06 pag. 
CARNEIRO, Celso Dal Ré. Viagem virtual ao Aquífero Guarani 
em Botucatu (SP): formação Pirambóia e Botucatu, Bacia do 
Paraná. Terra e didática, 3(1): p. 50­73. Disponível em:<http:// 
www.ige.unicamp.br/terraedidatica/>. Acesso em: mar. 2010. 
CENTRO Federal de Educação Tecnológica – CEFET. Terra e 
estações do ano. Gerência Educacional de Formação Geral e 
Serviços. Curso Técnico de Meteorologia. Santa Catarina: 2003. 
CONTI José Bueno. Clima e meio ambiente. São Paulo: Atual, 
1998. ___ (Série meio ambiente) 
FONSECA, Valter Machado da. Aquífero Guarani: a maior 
reserva de água subterrânea da América do Sul. In: Jornal de 
Uberaba, dia 11/01/2010, p.02. 
Referências
38  Roteiro de Estudo 
GUERRA, Antônio José Teixeira & CUNHA, Sandra Baptista 
da. Geomorfologia e meio ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand 
Brasil, 1996. 
LEINZ, Viktor; AMARAL, Sérgio Estanislau do. Geologia geral. 
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003.__(Biblioteca 
Universitária. Série 3, Ciências puras; v. 1). 
LEPSCH, Igor F. Formação e conservação dos solos. São 
Paulo: Ofi cina de Textos, 2002. 
PRESS, Frank et. al. Para entender a Terra. Tradução de 
Rualdo Menegat...[et. al.]. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 
ROSS, Jurandyr Luciano Sanchez. Geomorfologia: ambiente e 
planejamento. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1991. 
SORRE, Max. Objeto e Método da Climatologia. In: Revista 
do departamento de Geografi a. São Paulo: FFLCH­USP, 18 
(2006), p. 89­98. 
TEIXEIRA, Wilson et. al. Decifrando a Terra. Wilson Teixeira et. 
al. (Org.). São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
39 Roteiro de Estudo 
Aquífero Guarani: a maior reserva de água subterrânea da América do Sul 
Valter Machado da Fonseca 
O  sistema  capitalista,  por  um  lado,  conseguiu  imprimir  com  grande  efi ciência,  o  avanço 
técnico­científi co  nas  áreas de  superprodução  de  bens  de  consumo,  da  indústria  química 
e petroquímica, da automação,  robótica, nuclear, armamentos,da engenharia genética, de 
eletroeletrônicos, de alimentos etc.; além de imprimir um novo ritmo à indústria da informática, 
das telecomunicações e dos transportes. Por outro lado, ele promoveu a marginalização de 
largas  camadas  da  humanidade,  o  aparecimento  de  novas  doenças,  o  ressurgimento  de 
males medievais, principalmente nos países atrasados; a desnutrição, o acúmulo de todo o 
tipo de lixo, a destruição de grande parte da vegetação, a contaminação das águas e do solo, a 
substituição de biomas inteiros, como o Cerrado e a Mata Atlântica, por atividades agropecuárias. 
As consequências do impacto ambiental foram as mais drásticas possíveis. Já no início da 
Revolução Industrial, com a utilização das máquinas a vapor, iniciou­se um violento ataque 
à biomassa do planeta, com milhões de km² de fl orestas virgens sendo devoradas para a 
manutenção da indústria de base, principalmente a siderurgia. 
A  degradação  das  fl orestas  veio  acompanhada  da  deterioração  das  águas  por  produtos 
químicos  e  resíduos,  advindos  das  indústrias.  Com  a  superprodução  industrial,  surgem 
outros tipos de poluição que afetam, além das águas superfi ciais e subterrâneas, também os 
solos, a atmosfera e os seres vivos, dentre eles o homem. Hoje convivemos com os perigos 
decorrentes da poluição atmosférica, do acúmulo de  lixo doméstico e  resíduos  industriais, 
do excesso de lixo tóxico e nuclear, além dos problemas causados pela emissão de gases 
tóxicos para a atmosfera, como o efeito estufa, o aquecimento global, as chuvas ácidas e o 
buraco na camada de ozônio. 
A  Revolução  Industrial  trouxe  em  seu  bojo  um  ataque  violento  à  biomassa  do  planeta, 
promovendo  em  seu  início  os  primeiros  grandes  impactos  ambientais  sobre  as  forças  de 
equilíbrio  dos  ecossistemas. A  indústria  petroquímica  aliada à  superprodução  de bens  de 
consumo trouxe um dos piores tipos de poluição, cujas consequências drásticas estão mais 
visíveis na modernidade. A superprodução de bens de consumo produz milhões de toneladas 
de  lixo  doméstico  e  resíduos  industriais,  que  poluem  não  somente  o  ambiente  terrestre, 
como também as águas, sejam elas superfi ciais ou subterrâneas. 
As técnicas avançadas da produção industrial aplicada à agricultura e mais recentemente o 
desenvolvimento da biotecnologia especialmente a biotecnologia de alimentos, tem produzido 
uma gigantesca quantidade de insumos agrícolas e agrotóxicos que causam a contaminação 
dos rios, lagos, solos e aquíferos subterrâneos. Os produtos químicos aplicados à agricultura 
contaminam além das águas e dos solos, também os alimentos consumidos pela população 
trazendo prejuízos irreparáveis à saúde humana. 
É  neste  contexto  que  ocorre  a  degradação  ambiental,  fruto  da  ação  antrópica,  onde  o 
impacto  atinge  não  somente  a  natureza,  mas  também  o  próprio  homem  como  ser  social 
que deveria estar  em  interação com a natureza e  como parte  integrante dela. Portanto, a 
problemática da contaminação das águas deve ser enfrentada, considerando o conjunto de 
fatores degradantes e que é fruto da ação do próprio homem sobre a natureza. 
A emissão de gases  tóxicos para a atmosfera,  proveniente das  indústrias,  da queima dos 
combustíveis fósseis utilizado nos automóveis, a emissão do cloro­fl uor­carbono (CFC) etc., 
provocou a poluição atmosférica, o que deu origem ao aparecimento do buraco na camada 
de ozônio, interferindo diretamente na saúde humana e das diversas espécies animais.
40  Roteiro de Estudo 
Segundo fontes do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Empresa Brasileira de Pesquisa 
Agropecuária  (EMBRAPA),  o Aquífero Guarani  é  a  principal  reserva  subterrânea  de  água 
doce da América do Sul e um dos maiores sistemas aquíferos do mundo, ocupando uma área 
total de 1,2 milhões de km² na Bacia do Paraná e parte da Bacia do Chaco­Paraná. Estende­ 
se  pelo  Brasil  (840.000 Km²),  Paraguai  (58.500 Km²),  Uruguai  (58.500 Km²)  e Argentina, 
(255.000  Km²),  área  equivalente  aos  territórios  da  Inglaterra,  França  e  Espanha  juntas. 
Sua maior ocorrência se dá em território brasileiro (2/3 da área total) abrangendo os Estados de 
Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do 
Sul. O Aquífero Guarani, denominação do geólogo uruguaio Danilo Anton em memória do povo 
indígena da região, tem uma área de recarga de 150.000 Km² e é constituído pelos sedimentos 
arenosos da Formação Pirambóia na Base (Formação Buena Vista na Argentina e Uruguai) e 
arenitos Botucatu no topo (Missiones, no Paraguai; Tacuarembó, no Uruguai e na Argentina). 
O   Aquífero  Guarani  constitui­se  em  uma  importante  reserva  estratégica  para  o 
abastecimento da população, para o desenvolvimento das atividades econômicas e do lazer. 
Sua  recarga  natural  anual  (principalmente  pelas  chuvas)  é  de  160  Km³/ano,  sendo  que 
desta,  40 Km³/ano constitui  o potencial explotável sem  riscos para o  sistema aquífero. As 
águas em geral são de boa qualidade para o abastecimento público e outros usos, sendo 
que em sua porção confi nada, os poços  têm cerca de 1.500 m de profundidade e podem 
produzir  vazões  superiores a 700 m³/h. Por  ser um aquífero de extensão continental  com 
característica  confi nada,  muitas  vezes  jorrante,  sua  dinâmica  ainda  é  pouco  conhecida, 
necessitando  maiores  estudos  para  seu  entendimento,  de  forma  a  possibilitar  uma 
utilização mais racional e o estabelecimento de estratégias de preservação mais efi cientes. 
Figura 1: Localização geográfi ca do Aquífero 
Guarani 
Fonte: Wikipédia, 2009. 
O Aquífero Guarani como fonte de água potável e a prática das monoculturas 
Um exemplo  clássico de  utilização  das  águas  do Guarani  é  o  abastecimento  de água  da 
cidade de Ribeirão Preto (SP). Toda a cidade (100%) é abastecida pelas águas do Aquífero 
Guarani. Grande parte deste abastecimento é feita sem planejamento, conforme  informam 
estudos da UNICAMP, como se o  reservatório  tivesse um  tempo de vida  infi nita. Segundo 
denúncias do Núcleo de Economia Agrícola (NEA), do Instituto de Economia da UNICAMP, 
“Os cerca de 500 poços artesianos abandonados em Ribeirão Preto, a redução do nível da 
água em cerca de 60% e a possibilidade de contaminação dos mananciais próximos às áreas
41 Roteiro de Estudo 
agrícolas,  ameaçam  a  existência  da maior  reserva  de  água  potável  da América  Latina:  o 
Aquífero Guarani”. Como a cidade de Ribeirão Preto, existe, aproximadamente, uma centena 
de outras cidades do sudeste que exploram as águas do aquífero. 
Apesar de ser um problema, este não é o maior deles. O maior problema de contaminação 
das águas,  tanto superfi ciais quanto subterrâneas, se  liga ao uso e manejo  incorretos dos 
solos agrícolas, por  intermédio das práticas das monoculturas voltadas para a exportação. 
Agora as preocupações se avolumam com a volta da monocultura da cana­de­açúcar, que 
arrasa os  solos e diminui  o nível de água  dos  lençóis  freáticos.  Este  tipo de monocultura 
afeta  a  bioestrutura  dos  solos,  ressecando­os,  deixando­os  em  vias  de  desertifi cação.  O 
uso massivo de agrotóxicos e de todo tipo de herbicidas e pesticidas, as altas dosagens de 
insumos agrícolas, acabam contaminando as águas superfi ciais e subterrâneas. 
Portanto, o Aquífero Guarani é um recurso natural de valor estratégico incalculável, como fonte 
de água potável, para esta e para as futuras gerações. Cabe a toda a população brasileira 
zelar pela garantia da preservação deste valiosíssimo recurso da natureza, como forma de 
garantir  a  continuidade  da  vida  no  planeta.  Para  encerrar,  nada melhor  que  a  citação  de 
Paulo César de Almeida Freitas (2006): “Acredito ser de uma insensatez e irresponsabilidade 
sem limites, a utilização das águas do aquífero Guarani,

Outros materiais