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artigo científico - a legislação eleitoral e sua luta no combate ao abuso de poder econômico e político

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A LEGISLAÇÃO ELEITORAL E SUA LUTA NO COMBATE AO ABUSO DE PODER ECONÔMICO E POLÍTICO
ALYSSON LUSTOSA AMARAL�
RESUMO:
O presente trabalho tem o escopo de abordar um tema de vital importância para nossa sociedade, que é verificar se a nossa legislação eleitoral atual tem conseguido atingir sua finalidade no que tange a coibição do abuso do poder econômico e político no processo eleitoral brasileiro, e para tanto, inicialmente, buscou-se fazer uma abordagem do tema, em seguida a conceituação de algumas palavras que impregnam esse assunto como: democracia, poder e cidadania, consequentemente expor alguns princípios que são malferidos por essa prática, para depois adentrar na análise a qual o trabalho se propõe, isso por meio de pesquisa de revisão bibliográfica.
Palavras chaves: democracia; abuso; poder econômico; princípios.
Abstract
This work has the scope to address an issue of vital importance to our society, which is to check if our current electoral legislation has succeeded in achieving its purpose regarding the deterrence of abuse of economic and political power in the Brazilian electoral process, and both initially sought to make an approach to the subject, then the conceptualization of some words that permeate this issue as: democracy, power and citizenship, thus exposing some principles that are badly wounded by this practice, then going into the analysis which the work is proposed, that through research of literature review.
Keywords: democracy, abuse, economic power; principles.
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A temática abordada se faz relevante porque toca em um dos pontos fundamentais de nossa democracia – as eleições. Momento em que o cidadão expressa sua vontade por meio do voto que é universal, secreto e direto, conforme se depreende do artigo 14 da Constituição Federal, decidindo, desta forma, quais candidatos irão representá-lo no legislativo, ou quem assumirá as rédeas do executivo.
Assim sendo, tem o cidadão o poder/dever de escolher quem irá compor esses poderes. Elegendo-os com o intento de que por meio deles possa o povo, que é o titular do poder, ser beneficiado por intermédio de políticas públicas de valorização do indivíduo em todas as suas nuances, colimando sempre o interesse social e geral, em detrimento de interesses pessoais e mesquinhos.
Ocorre que, com o desiderato de assumir cargo nos poderes legislativo e executivo, e usufruir de tudo o que eles podem proporcionar, muitos candidatos extrapolam os limites legais do uso do poder econômico e político desigualando o processo eleitoral. Contudo, esse comportamento é irremediavelmente vedado, inicialmente, por nossa Constituição Federal no artigo 14, §§ 9 e 10, e, por conseguinte nas demais legislações infraconstitucionais que versam sobre o assunto.
Essas práticas corruptas e temerárias modificam o resultado das eleições, porquanto proporcionam que o debate de ideias seja colocado de lado, ou que seja transformado em apenas um rito destituído de poder para convencer e mobilizar o cidadão em relação a alguma causa, para somente visualizar-se alguma dádiva momentânea e fugaz. Por conseguinte, tais comportamentos devem ser banidos de nosso contexto social para que não estejamos legitimando por meio do voto pessoas descomprometidas com o ideal buscado pelo Estado Democrático de Direitos que é a paz social, o desenvolvimento da sociedade e o bem comum.
Desta forma, sobrevindo vícios na tomada de decisão por parte do povo quanto a seus governantes, ocasionará uma fragilização dos ideais supracitados, o que já seria um grave problema, contudo, poderá ocorrer, ainda, desrespeito a valores fundamentais conquistados a um custo muito alto como: liberdade expressão, respeito aos lugares de culto; privacidade e tantos outros elencados no nosso ordenamento jurídico, porque esses indivíduos fazem de tudo para se manter na posição de autoridade que possuem, utilizando-se de todos os meios para tanto.
É sabido que existe em nosso ordenamento jurídico uma legislação especializada quanto ao tema, tendo como uma de suas finalidades o impedimento aos desmandos, ao derrame de dinheiro na busca pela captação de voto, o uso excessivo da máquina pública em benefício dos que estão no poder, bem como a punição com precisão e de forma exemplar aos causadores desses males.
Destarte, ela deve ser eficaz para poder colocar em igualdade de armas aqueles que desejam de forma legítima galgar uma cadeira no legislativo ou executivo, sem ser fulminado antes mesmo de expor suas ideias e propostas, por causa desse mal chamado corrupção. 
Então, urge a pergunta, essa legislação tem sido eficaz no combate ao abuso de poder econômico e político no processo eleitoral brasileiro? Ao redor desse questionamento flutuam princípios e direitos basilares de nossa sociedade, tais como: o da dignidade da pessoa humana; o da igualdade; a liberdade de voto; a segurança jurídica; a ética na política; além o da alternância de poder.
Com isso sem a pretensão de esgotar o tema, mas consciente de sua abordagem simples, tem o presente estudo o respectivo objeto, pois como dito alhures é de fundamental importância para nossa democracia, e para isso traçaremos inicialmente alguns conceitos para depois nos aprofundarmos mais no tema.
Não obstante a dificuldade de se circunscrever com exatidão o termo democracia alguns renomados autores procuraram dar a sua contribuição como Paulo Bonavides em sua obra Ciência Política, fazendo citação a Pareto e a Bryce: 
Pareto, ao pedir a significação exata do termo “democracia”, acaba por reconhecer que “é ainda mais indeterminado que o termo completamente indeterminado “religião” enquanto Bryce, dando-lhe a mais larga e indecisa amplitude, chega a defini-la, de modo um tanto vago, como a forma de governo na qual “o povo impõe sua vontade de todas as questões importantes”. (BONAVIDES, 2000, p.345) (grifo nosso).
Acrescentando, Norberto Bobbio, notório jurista italiano – como ele mesmo explica, sob uma ótica formal, ou procedimentalista, conceitua democracia: “regime democrático entende-se primariamente um conjunto de regras de procedimento para a formação de decisões coletivas, em que está prevista e facilitada a participação mais ampla possível dos interessados.” (BOBBIO, 1997, p. 12).
O mesmo autor em seu livro Dicionário de Política procura delimitar as primeiras formulações de pensamento sobre o assunto, colacionando assim:
Na teoria contemporânea da Democracia confluem três grandes tradições do pensamento político: a) a teoria clássica, divulgada como teoria aristotélica, das três formas de Governo, segundo a qual a Democracia, como Governo do povo, de todos os cidadãos, ou seja, de todos aqueles que gozam dos direitos de cidadania, se distingue da monarquia, como Governo de um só, e da aristocracia, como Governo de poucos; b) a teoria medieval, de origem "romana, apoiada na soberania popular, na base da qual há a contraposição de uma concepção ascendente a uma concepção descendente da soberania conforme o poder supremo deriva do povo e se torna representativo ou deriva do príncipe e se transmite por delegação do superior para o inferior; c) a teoria moderna, conhecida como teoria de Maquiavel, nascida com o Estado moderno na forma das grandes monarquias, segundo a qual as formas históricas de Governo são essencialmente duas: a monarquia e a república, e a antiga Democracia nada mais é que uma forma de república (a outra é a aristocracia), onde se origina o intercâmbio característico do período pré-revolucionário entre ideais democráticos e ideais republicanos e o Governo genuinamente popular é chamado, em vez de Democracia, de república. (BOBBIO, 1998, p. 319 e 320).
Essa forma de governo tem sofrido como podemos perceber muitas mudanças durante os tempos, sendo aperfeiçoada e adaptada a situação de cada sociedade, todavia todas têm como ponto análogo a participação popular. Assim, o povo é o legitimador e sustentador dessa ideia, detentores dos mandatos, e aqueles que irão sofrer os resultados advindos das decisõestomadas por eles mesmos, ou por seus representantes. Como assevera Marcus Vinicius Furtado Coêlho, “a democracia possui como sujeito histórico, o povo. Sem a legítima participação popular não há regime que se diga democrático.” (COÊLHO, 2006, p. 31)
A nossa carta constitucional no parágrafo único, do seu artigo 1º estabelece de forma definitiva que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. O povo é quem elege os seus administradores e legisladores, ou ele mesmo de forma direta é quem opina sobre alguma questão por meio do plebiscito, referendo e iniciativa popular.
Desta forma, os representantes são legitimados pela maioria, e o restante aceita seus direcionamentos porque houve um processo válido e legal para que estes assumissem os lugares em que estão. Contudo, estarão nessas funções não para desrespeitar as leis estabelecidas e legítimas, mas para respeitá-las e aprimorá-las conforme se propuseram. Estes políticos estão debaixo de um regramento, que são as leis, que são superiores a eles. Leis que servem para garantir que os direitos desse mesmo povo que o elegeu, não seja desrespeitado, conforme nos ensina Bobbio: 
Hoje, quando falamos de governo das leis pensamos em primeiro lugar nas leis fundamentais, capazes de estabelecer não tanto aquilo que os governados devem fazer quanto como as leis devem ser elaboradas, sendo normas que vinculam, antes ainda que os cidadãos, os próprios governantes: temos em mente um governo das leis num nível superior, no qual os próprios legisladores estão submetidos a normas vinculatórias. Um ordenamento deste gênero apenas é possível se aqueles que exercem poderes em todos os níveis puderem ser controlados em última instância pelos possuidores originários do poder fundamental, os indivíduos singulares. (BOBBIO, 1997, p. 11)
Os eleitos pelo povo tornam-se detentores de autoridade, advindo de uma competência estabelecida em lei, com força ou poder capaz de mudar as situações, tomar decisões, disciplinar e escolher políticas públicas com o escopo de melhorar a vida do povo. Analisando esse poder escreveu o doutrinador Paulo Bonavides
Elemento essencial constitutivo do Estado, o poder representa sumariamente aquela energia básica que anima a existência de uma comunidade humana num determinado território, conservando-a unida, coesa e solidária. Autores há que preferem defini-lo como “a faculdade de tomar decisões em nome da coletividade” (Afonso Arinos).
Com o poder se entrelaçam a força e a competência, compreendida esta última como a legitimidade oriunda do consentimento. (BONAVIDES, 2000, p. 133)
Seguindo esse raciocínio compreendemos a necessidade de se estabelecer esse poder não simplesmente pela força, porém de uma forma que seja aceita por todos os indivíduos de um território, pois se assim não acontecer não estaremos diante de um estado democrático de direitos, mas sim vivendo uma ditadura, ou qualquer outro regime político, menos democracia.
O uso da força sempre será necessário, todavia a utilização dessa força deve estar arrimada em direitos e deveres, e para que haja a legitimidade e aceitação de decisões tomadas por parte dos que estão no poder sem ser visto como autoritarismo é necessário a adesão do povo, ou seja, o reconhecimento que aquele centro que está emanando o poder, o faz representando a manifestação da maioria dos indivíduos de um país, sendo legitimados pela vontade soberana dos cidadãos de um território, evitando o uso constante da força para executar os seus mandados. Corroborando esse entendimento escreveu assim Paulo Bonavides:
O poder com autoridade é o poder em toda sua plenitude, apto a dar soluções aos problemas sociais. Quanto menor a contestação e quanto maior a base de consentimento e adesão do grupo, mais estável se apresentará o ordenamento estatal, unindo a força ao poder e o poder à autoridade. Onde, porém o consentimento social for fraco, a autoridade refletirá essa fraqueza; onde for forte, a autoridade se achará robustecida. (BONAVIDES, 2000, p. 134)
Por intermédio de eleições legítimas são transmitidos esses poderes ao mandatário eleito. Nesse momento o povo exerce uma faceta de sua cidadania. Cidadania esta que é um dos fundamentos de nossa carta constitucional, conforme lemos no art. 1º, inciso II, da Constituição Federal do Brasil.
Ao falar sobre o conceito de povo sob o aspecto jurídico, Paulo Bonavides, aproveita para explicar um pouco sobre cidadania, e indica que ela é um elo que une uma pessoa ao seu país, portanto essa pessoa tem responsabilidade quanto os rumos desse Estado
Da cidadania, que é uma esfera de capacidade, derivam direitos, quais o direito de votar e ser votado (status activae civitatis) ou deveres, como os de fidelidade à Pátria, prestação de serviço militar e observância das leis do Estado. Sendo a cidadania um círculo de capacidade conferido pelo Estado aos cidadãos, este poderá traçar-lhe limites, caso em que o status civitatis apresentará no seu exercício certa variação ou mudança de grau. De qualquer maneira é um status que define o vínculo nacional da pessoa, os seus direitos e deveres em presença do Estado e que normalmente acompanha cada indivíduo por toda a vida. (BONAVIDES, 2000, p. 93)
Apesar dos deveres esse povo também tem direitos. O povo é o alvo principal das ações do Estado, e para ele deve funcionar. Este sujeito histórico por meio de eleições expressa sua vontade, depositando nas urnas o voto que indicará as pessoas que decidirão os rumos de nossa nação. 
Ocorre que esse mesmo povo tem o seu direito basilar de voto viciado por aqueles que são detentores de um poderio econômico muito grande, ou ainda, pelos próprios governantes que se encontram no poder, pois o poder é sedutor e capaz trazer muitos benefícios para aqueles que o detêm.
Inúmeros fatores contribuem para a prática do abuso do poder econômico e político como a miséria; a pouca instrução; interesses por posições; ideologia; a pressão. Neste instante aparecem os aproveitadores e de forma sorrateira usurpam a liberdade de voto, corrompem, e muitas vezes atingem os seus objetivos.
O Brasil possui uma legislação especializada no combate a essa mazela, positivada na Constituição Federal, Lei Complementar nº 64/90 (Lei das inelegibilidades), Lei nº 4.737/65 (Código Eleitoral), Lei nº 9.504/97 (Lei Geral das Eleições), dentre outras resoluções e jurisprudências que procuram barrar a fraude pelo uso do poder econômico e político no processo eleitoral.
Todo esse arcabouço jurídico vem há muito tempo procurando expurgar o processo de escolha de nossos mandatários políticos, tentando fazer com que seja essa disputa a mais equilibrada e justa possível, mas as relações são dinâmicas e a falta de ética imprime uma marca negativa e opositora a esta tentativa por parte dessa legislação no combate ao abuso de poder econômico e político.
Não podemos nos enganar pensando que o tema é recente, pois o comportamento de se utilizar excessivamente do poder econômico e político para captação do sufrágio é uma cultura enraizada na política de nosso país, conforme podemos inferir da leitura do artigo de Valério Neto Chaves Pinto publicado na Revista Eleições & Cidadania, onde o autor demonstra em ordem cronológica que a utilização do dinheiro e troca de favores para a ocupação de cargos eletivos foi figurinha sempre presente no cenário político brasileiro.
Tudo isso se contrapõe a princípios fundamentais estabelecidos em nossa constituição como o da dignidade da pessoa humana, que é maculada porque o ser humano é tratado como um objeto que tem sua validade até o momento de depositar o voto na urna, e depois, somente recuperará o status de nova valorização apenas vésperas de novo pleito eleitoral. 
O princípio da livre escolha do candidato é sufocado quando o cidadão é forçado ou pressionado a votar em uma pessoa que não quer, e essa pressão é feita dentro repartições públicas, ou com a utilização dos meios de comunicaçõesque martelam uma ideologia de medo na perda de benefícios, ou direitos garantidos por nossa carta constitucional, ou por intermédio do próprio abuso de poder econômico que interfere na liberdade de escolha do cidadão.
Outro ponto importante é que a democracia não é a perpetuação de um grupo no poder, ao contrário ela existe para fazer com que todos os cidadãos participem das decisões que influirão nas suas vidas. Alternando os líderes, refrigerando as ideias utilizadas, proporcionando, pelo menos teoricamente, uma busca incessante por uma boa administração para ter, na visão do povo que ali o colocou, uma boa imagem.
A legislação eleitoral tem a função primordial de não deixar que haja desequilíbrio na disputa por mandatos políticos, trazendo isonomia aos candidatos. A igualdade é uma peça fundamental nesse jogo, e que não pode ser desprezada, pois se assim se fizer ocorrerá o desvirtuamento do resultado.
Com o fito de impedir esses desmandos a legislação eleitoral criou alguns instrumentos processuais de combate ao abuso de poder. Marcus Vinícius Furtado Coêlho em seu livro, Eleições Abuso de Poder, elencou as possíveis ações que podem ser interpostas no nosso Direito eleitoral, cada uma atacando uma determinada área, mas todas com a missão de equilibrar o jogo político, que são:
Ação de Impugnação de Pedido de Registro de Candidatura: Na oportunidade em que os candidatos pedem o registro de seus nomes para concorrer torna-se possível ajuizar Ação de Impugnação de Registro de Candidatura, por meio da qual o registro pode ser indeferido ante a existência de condições de elegibilidade ou a ocorrência de uma das causas de inelegibilidade, inclusive decorrente de condenação em processo que tenha apurado abuso de poder.
Ação de Investigação Judicial Eleitoral: após o pedido de registro e até a diplomação dos eleitos, é possível o ajuizamento da Ação de Investigação Judicial Eleitoral, com rito sumaríssimo, podendo resultar na aplicação das sanções de cassação do registro e em inelegibilidade por oito anos, a partir da data da eleição, em se provando o abuso de poder. Ressalte-se que este tipo de ação não pode ser intentado após a diplomação, sob pena de extinção do processo sem julgamento do mérito.
Ação de Recurso Contra a Expedição de Diploma: A configuração de um recurso pressupõe a impugnação de uma decisão judicial, em relação à qual se requer uma revisão, dentro do mesmo processo. O diploma tratado pelos arts. 215 a 218 do Código Eleitoral, não é uma decisão judicial, mas um ato administrativo, expedido por autoridades judiciais cumprindo mister de feição de ato administrativo e não de ato de julgar. Assim, o recurso contra este ato não é uma impugnação de decisão judicial, mas o combate a um ato de administração. Depois, o Recurso Contra a Expedição de Diploma faz gerar um novo processo, não tramitando em relação a uma ação já existente.
Ação de Reclamação por descumprimento da Lei nº 9.504/97: Por esse instrumento processual podem ser ajuizadas demandas para discutir a formação de coligações, a escolha de candidatos em convenções, a arrecadação e a aplicação de recursos nas campanhas eleitorais, as pesquisas eleitorais, as condutas vedadas de rádio e televisão, a propaganda eleitoral e as condutas proibidas aos agentes públicos, pois se trata de matérias disciplinadas pela mencionada lei.
Ação de Reclamação por Captação Iícita de Sufrágio: A Lei Geral das Eleições, Lei nº 9.504/97, por seu art. 41-A, prevê a existência de novo tipo de ação objetivando o combate do abuso de poder, qual seja a Representação por Captação Ilícita de Sufrágio. Esta ação difere da reclamação genérica prevista na Lei, por possuir diferente procedimento e por provocar a punição de cassação de registro ou diploma.
Ação de Reclamação por prática de conduta vedada ao agente público: As condutas vedadas aos agentes públicos estão estabelecidas nos arts. 73 e segs. da Lei nº 9504/97, dentre as quais o uso político-eleitoral de bens e serviços públicos e de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou subvencionados pelo poder público; bem assim, nos três meses que antecedem às eleições, a nomeação, contratação ou demissão de servidores e a realização de transferência voluntária de recursos.
Ação de Investigação Judicial Eleitoral por descumprimento da Lei nº 9.504, em matéria de arrecadação e gastos de recursos: Tratar tal instrumento processual na condição de específico faz-se necessário diante dos contornos peculiares que a disciplina legal lhe confere. Ressalte-se que a Ação de Investigação Judicial genérica não possibilita a cassação do diploma. Em sendo julgada após as eleições tão apenas possui a serventia de subsidiar a propositura de Recurso Contra a Expedição do Diploma ou de Ação de Impugnação de Mandato Eletivo.
Ação de Impugnação de Mandato Eletivo: Ação eleitoral com matriz constitucional, prevista pelo art. 14, parágrafos 10 e 11 da Carta Magna, a Impugnação de Mandato Eletivo possui como causa de pedir o abuso de poder, corrupção ou fraude. Não é pressuposto da inicial a prova dos fatos alegados, de forma pré-constituída.
Em que pese todos esses instrumentos facultados em nossa legislação para coibir o abuso de poder econômico, existe uma dificuldade muito grande em se delimitar tanto na legislação como na doutrina o que seja abuso de poder econômico, por conta de suas inúmeras nuances, sabendo-se, porém, que o abuso de poder econômico atinge a legitimidade e a normalidade das eleições, é a inteligência do art. 14, § 9, da Constituição Federal “Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta”. (grifo nosso)
Contudo, para que ocorra o abuso de poder é preciso que se evidencie uma potencialidade na conduta capaz de trazer alteração no resultado do pleito eleitoral, caso contrário não estará demonstrado o abuso de poder econômico como nos ensina o advogado Marcus Vinícius “Atos ilícitos sem expressão não configuram abuso de poder. Em possuindo as condutas indevidas densidade suficiente para formar uma compreensão de possibilidade de influência no resultado das eleições ou de grave desigualdade entre os postulantes, o abuso de poder se caracteriza” (Coêlho, 2006, p. 82).
Cumpre lembrarmos o posicionamento do TSE em um julgamento onde foi Relator o Ministro Antônio Cezar Peluzo, que nos informa "somente haverá abuso de poder político, juridicamente relevante, se houver a possibilidade concreta de a conduta modificar o resultado das eleições."
No julgamento do REspe 36.737/MG, relator para o acórdão Min. Arnaldo Versiani (DJE 3/8/2010, p. 263-264), o TSE decidiu “que a coação de eleitores a fim de que votem em candidato à reeleição, sob pena de serem excluídos sumariamente de programa social, bem como a contratação de cabos eleitorais para obrigar eleitores a retirar a propaganda de adversário e realizar propaganda do candidato impugnado configuram abuso de poder econômico, apto a viciar a vontade do eleitorado”.
Em se configurando o abuso de poder econômico por parte do candidato, esse se torna inelegível por 08 anos, conforme nova lei complementar que trouxe inovadoras regras para moralizar e proteger o processo eleitoral – Lei da Ficha Limpa.
Em relação ao abuso de poder político a legislação pertinente elenca nos artigos 73 e 74, da Lei 9.504/97, várias situações que caracterizam esse abuso, ensejando para os que se enquadrarem em tais abstrações a possível cassação de registro de candidatura ou do diploma.
Ainda existe a captação ilícita de sufrágio e o crime eleitoral de compra de votos respectivamente positivados no art. 41-A, da Lei 9.504/97 e art. 299, da Lei 4.737/65, que compõem o quadro de normas queprocuram evitar tais práticas.
Contudo, como dito alhures, ainda é muito forte na cultura brasileira o uso desses comportamentos por parte dos governantes para objetivar suas manutenções no poder. Não sendo poucos os casos em que ocorre uma verdadeira transmutação do ato de conquistar o voto pelo conjunto de pensamentos expostos pelo candidato, pelo fétido balcão de negócios onde o objeto negociado é o voto.
Como essa prática é acobertada pelo sujeito passivo (vendedor) fica difícil angariar provas que tenham a robustez para sentenciar o candidato corrupto, portanto, cabe ao governo, às ONG´s, às igrejas, às escolas, ou seja, a todas as instituições sociais o dever de moldar cidadãos conscientes e que não sejam coniventes com esses comportamentos.
Apesar da precariedade das provas, ver-se com alegria a atuação destemida por parte de nossos julgadores em aplicar a legislação eleitoral nos casos concretos, dando azo a um grande número de prefeitos cassados, o que nos mostra que de todo não vai mal a legislação eleitoral, que se deve melhorar é obvio, até porque o mundo é dinâmico e as leis não são capazes de prever todas as situações, todavia não se pode desdenhar da atual legislação.
É o que se percebe dos seguintes dados colhidos no site http://www.bancadadonordeste.com.br, em reportagem do dia 21 de maio de 2010, que elenca a impressionante média de 01 (um) prefeito cassado no Piauí a cada 15 (quinze) dias, porque dos 224 (duzentos e vinte quatro) prefeitos eleitos no pleito de 2008, 33 (trinta e três) tiveram seus mandados cassados pela Justiça Eleitoral. Segue, outrossim, a relação dos prefeitos cassados e os respectivos motivos.
01 – SANTO INÁCIO DO PIAUÍ – Prefeito Inácio Batista de Carvalho(PSB) cassado pelo juiz da Zona acusado de compra de voto. Decisão esta confirmada pelo TRE em 13.10.09 através do voto de qualidade da desa. Eulália Pinheiro. Julgando representação, em 23.11.09, TRE decide por 5 votos a 1, vencido o relator, pelo retorno do prefeito ao cargo.
02 – CAMPO MAIOR – Prefeito João Félix de Andrade Filho (PPS) cassado pelo TRE em 06.04.09 acusado de prefeito itinerante. Permanece no cargo por conta de decisão do TSE em 22.10.09 que arquivou o processo sem julgamento do mérito.
03 – LUZILÂNDIA – Prefeita Janaina Marques (PTB), cassada pelo TRE em 04.05.09 acusada de prefeita itinerante. Permanece no cargo até decisão do TSE.
04 – PIMENTEIRAS – Prefeito Francisco Antão Arraes de Carvalho (PMDB) teve o registro de candidatura cassado pelo juiz da zona em razão de contas desaprovadas por Órgão de Fiscalização (TCE/TCU). Decisão esta confirmada pelo TRE em 25.08.09. Nova eleição para prefeito já foi realizada em 25.01.09. 
05 – CORONEL JOSÉ DIAS (13ª Zona-São Raimundo Nonato)-Prefeito Ramiro da Silva Costa (PP) teve registro de Candidatura cassado pelo TSE em 14.09.09. Assumiu o 2º colocado, José Alencar Pereira (PTB).
06 – BERTOLÍNEA – Prefeito José Donato de Araújo Neto (PTB) cassado e afastado do cargo pelo TRE em 05.10.09 acusado de exercer o 3º mandato consecutivo, sendo dois deles no município de Canavieira. Retornou ao cargo em 13.10.09 por conta de liminar concedida pelo TSE.
07 – PEDRO II – Prefeito Alvimar Oliveira de Andrade (PDT) cassado pelo juiz da Zona continua no cargo por conta de liminar concedida pelo TRE em 30.06.09.
08 – JOSÉ DE FREITAS - Prefeito Robert de Almendra Freitas (PSDB) cassado em 11.09.09 pela segunda vez na Zona. Continua no cargo por conta de decisão do TRE em 26.10.09.
09 – CARACOL – Prefeito Isael Macedo Neto (PTB) cassado o diploma pelo TRE em 03.11.09 por unanimidade. Continua no cargo por decisão do TSE. Nova eleição deverá ser realizada.
10 – CANTO DO BURITI – Prefeito Nilmar Valente de Figueiredo (PPS) cassado pelo juiz da Zona. Continua no cargo por conta de liminar concedida pelo TRE.
11 – NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS – Prefeito Raimundo Paulo Silva (PT) cassado pelo juiz da Zona, decisão esta, confirmada pelo TRE em 13.10.09. O município continua sendo administrado pelo presidente da Câmara. Marcada, pelo TRE, nova eleição para 27.12.09, decisão esta anulada pelo TSE em 26.11.09 que suspendeu a eleição e autorizou o retorno do prefeito ao cargo.
12 – FRANCINÓPOLIS – Prefeito Antonio Luiz Dantas da Fonseca (PMDB) cassado pelo Juiz da Zona, em seguida pelo TRE em 01.09.09 acusado de abuso do poder econômico, compra de voto, corrupção ou fraude. Nova eleição já foi realizada em 11.10.09.
13 – FRONTEIRAS – Prefeito Osmar Sousa (PDT) continua no cargo por decisão do TRE em 30.11.09 por 5 votos a 1 . O processo foi ajuizado pelo MPE na Zona, PPS e o prefeito.
14 – GUARIBAS – Prefeito Ercílio Matias de Andrade (PRB) cassado pelo Juiz da Zona. Continua no cargo por conta de liminar concedida pelo TRE.
15 – SANTA CRUZ DO PIAUÍ – Prefeito Jurandir Martins dos Santos (PTB) cassado pelo Juiz da Zona. Continua no cargo por conta de liminar concedida pelo TRE.
16 – SÃO MIGUEL DO FIDALGO – Prefeita Maria Salomé da Silva Cronemberger (PPS) cassada pelo Juiz da Zona. Continua no cargo por conta de liminar concedida pelo TRE.
17 – BARREIRAS DO PIAUÍ – Prefeito Desuyty Galganeo Martins de Assis (PMN) de Assis e seu vice, cassados pelo TRE em 25.08.09. Continuam no cargo até decisão do TSE.
18 – ANÍSIO DE ABREU – O candidato que obteve a maioria dos votos válidos, Auricélio Ribeiro (PDT), não foi diplomado porque o seu registro de candidatura foi indeferido pelo juiz da Zona e confirmada pelo TRE-Pi por ter contas desaprovadas pelo TCU. O município continua sendo dirigido pelo presidente da Câmara desde o dia 1º de janeiro de 2009. O TSE em 06.05.10 manteve a decisão do TRE-Pi bem como a realização de nova eleição no município para prefeito e vice data esta ainda a ser definida pelo TRE-PI.
19 – BAIXA GRANDE DO RIBEIRO – Já foi realizada nova eleição em 22.03.09. O candidato eleito em outubro de 2008, Ozires Castro Silva (PSB) teve seu registro de candidatura indeferido pelo juiz da zona por ter contas desaprovadas em Órgãos de Fiscalização (TCE/TCU), decisão esta confirmada pelo TRE em 06.09.09.
20 – SÃO PEDRO DO PIAUÍ – Prefeito reeleito Higino Barbosa Filho (PT) cassado pelo TRE em 03.11.09 por 5 votos a zero(des. Peres ausente) sob alegativa de abuso do poder econômico, abuso de poder político, compra de voto e conduta vedada a agente público. Além da cassação, foi condenado ao pagamento de multa de 1 mil UFIR e 3 anos inelegível, a contar da data da realização da última eleição municipal. O Tribunal determinou ainda, convocação imediata do Presidente da Câmara para dirigir o município até realização de nova eleição marcada para 27.12.09.
21 – PAU D’ARCO DO PIAUI – Prefeito Fábio Soares Cesário(PMDB) cassado pelo TRE em 10.11.09 por 4 votos a 1 acusado de inelegibilidade decorrente de parentesco(filho adotivo) de Expedito Sindô ex-prefeito do município por 2 mandatos, abuso de poder econômico, abuso de poder político e prática de conduta vedada aos agentes públicos e servidores. Continua no cargo até decisão do TSE.
22 – ISAIAS COELHO – Prefeito Everardo Araújo de Moura Carvalho (PTB) cassado pelo TRE em 30.11.09 através do voto de qualidade da desa. Eulália Pinheiro por abuso de poder econômico. O relator do processo foi o des. Antonio Peres Parentes que votou pela permanência do prefeito no cargo. Houve empate de 3X3 e a presidente do TRE acompanhou a divergência. Entretanto por conta de um recurso interposto junto ao TSE o gestor era mantido no cargo. Em 17.05.10 o Tribunal julgou o Agravo Regimental que decidiu pela manutenção da cassação do prefeito e convocação imediata do presidente da câmara para dirigir o município até que seja realizada nova eleição, data esta ainda ser determinada. 
23 – BARRAS – Prefeito Francisco das Chagas Rego Damasceno (PMDB) cassado pelo TRE em 17.12.09. Deixou o cargo em 26.02.10. Nova eleição majoritária no município já foi realizada em 02.05.10.
24 – FLORES DO PIAUI (72ª Zona-Itaueira) – Prefeito Raimundo Gonzaga dos Santos (PTB) e o seu vice,Luiz Carlos de Moura e Silva cassados pelo Juiz da Zona em 24.03.10 em sentença proferida nos autos de Ação de Investigação Judicial Eleitoral sob alegativa de compra de voto e abuso do poder político. Permanecem nos cargos por conta de liminar que suspendeu os efeitos da sentença até julgamento do recurso pela corte do TRE. 
25 – RIO GRANDE DO PIAUÍ (72ª Zona-Itaueira) – Prefeito José Wellington Siqueira Procópio (PMDB) e sua vice Maria José Lopes da Silva, cassados pelo juiz da zona em 24.03.10 através de sentença proferida nos autos da Representação nº 474/2008 sob alegativa de compra de voto. Permanecem nos cargos em razão de concessão de liminar em sede de Ação Cautelar nº 36853 que suspendeu os efeitos da sentença até julgamento do recurso interposto.
26 – PAES LANDIM (83ª Zona) – Prefeito Carlos Alberto Marques de Carvalho (PT) e seu vice, Valter Maria Borges, cassados pela Juíza da Zona, Dra. Danielle Christine Silva Melo Burichel em 03.05.10 através de sentença proferida nos autos de Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) sob alegativa de abuso de poder econômico e político. Permanecem no cargo nos cargos até julgamento do recurso interposto contra a referida sentença que teve seus efeitos suspensos por liminar concedida em sede de Ação Cautelar.
27 – ALAGOINHA (29ª ZE) – Prefeito Clodoaldo de Moura Rocha (PT) e seu vice cassados pela juíza da Zona em sede de Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) que declarou nulos os votos recebidos pelos impugnados eleitos. Continuam no cargo por conta de liminar concedida pelo TRE-PI.
28 – CRISTALÂNDIA (69ªZE) – Prefeita Sandra Regina Cavalcante Lemos de Areia Leão, eleita em 2004 pelo DEM teve o seu mandato cassado pelo juiz da Zona, decisão esta confirmada pelo TRE-PI em 12.12.05. O município passou por eleição suplementar para prefeito e vice em 30.04.06 elegendo Ariano Messias Nogueira Paranaguá (DEM) que também conseguiu se eleger em 2008 pelo PSB. Cassado juntamente com o seu atual vice, Fausto Célio de Souza Louzeiro, através de sentença proferida pelo juiz da Zona nos autos de Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME), permanece no cargo por conta de liminar que suspendeu os efeitos da sentença até julgamento do recurso pela corte do TRE-PI. 
29 – SÃO JULIÃO (40ª ZE) – Prefeito José Francisco de Sousa (PT) e seu vice, Francisco de Assis Brito tiveram seus diplomas cassados pelo juiz da zona em sentença proferida nos autos da Representação nº 463/2008. Continuam nos cargos até julgamento do recurso interposto contra a referida sentença, que teve seus efeitos suspensos por liminar concedida em sede de Ação Cautelar nº 40835.
30 – SIGEFREDO PACHECO (7ª ZE) – Prefeito João Gomes Pereira Neto (Pc do B) e o seu vice Francisco de Araújo Matos Pereira, cassados por sentença do juiz da zona proferida nos autos da Ação de Investigação Judicial Eleitoral(AIJE) nº 2401/2008. Permanecem nos cargos até julgamento de recurso interposto em razão de liminar concedida em sede da Ação Cautelar nº 47415.
31 – MONTE ALEGRE DO PIAUÍ (94ª ZE) – Prefeito Clézio Gomes da Silva (PTB) e seu vice, Lindovacy Alves dos Santos tiveram seus diplomas cassados por sentença proferida pelo juiz da zona nos autos da Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) nº 01/2009. Interpuseram recurso e ajuizaram Ação Cautelar com pedido de liminar, que foi deferida e suspendeu os efeitos da sentença até julgamento do recurso.
32 – CAJAZEIRAS – O juiz eleitoral de Oeiras, Édison Rogério Leitão Rodrigues, decidiu cassar o prefeito de Cajazeiras do Piauí, Deocleciano Ferreira Torres (PMDB), e sua vice, Júlia Marques Castelo Branco, por compra de votos. Ele permanece no cargo, por conta de recurso junto ao TRE-PI
33 – COCAL (53ª ZE) – prefeito Fernando Sales (DEM) teve seu mandato cassado pela juíza Maria do Perpétuo Socorro Ivani de Vasconcelos. Porém ele permanece no cargo, em virtude recurso ao TRE-PI
Por isso, entende-se que o direito eleitoral avançou bastante, notadamente no uso de métodos inovadores – como a urna eletrônica, resoluções que disciplinam comportamentos, dentro de sua discricionariedade, e principalmente aplicando a lei para sanar esses problemas. Logo, não tem ficado alheio aos casos de corrupção eleitoral, mas tem aplicado severamente as sanções propostas na norma eleitoral.
Contudo, não é possível realizar tudo somente através de leis, porque para que as leis sejam efetivas faz-se necessário, de forma peremptória, a adesão dos indivíduos de uma sociedade, pois sem essa anuência popular não passará, qualquer que seja a norma jurídica, de letra morta, sem poder algum para modificar o mundo real, e consequentemente trazer o resultado esperado quando do processo legiferado.
Se não for assim, essa aplicação se dará por meio da força, o que se tornaria bastante caro e com o condão de trazer profundos problemas de imagem por parte do governante que as programar. 
Desta forma, torna-se primordial a atuação de todos os setores da sociedade para a efetivação dessas regras, pela razão de que todos serão beneficiados com o amadurecimento político do povo, e a extirpação de candidatos imorais e corruptos do âmbito dos poderes legislativo e executivo.
BIBLIOGRAFIA
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BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política Vol. 1. 11ª ed. Editora Universidade de Brasília, 1998.
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10ª ed. Malheiros Editores Ltda. São Paulo, 2000.
BRASIL, Constituição Federal de 1988.
BRASIL, Lei nº 4.737, de 05 de julho de 1965, instituiu o Código Eleitoral.
BRASIL, Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997, estabelece normas para as eleições.
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. RESPE-25851, Relator Ministro Antônio Cezar Peluzo. Brasília, DF, 27/11/2007, DJ 7/12/2007, p 214.
COÊLHO, Marcus Vinícius Furtado. Eleições / Abuso de Poder / Instrumentos Processuais Eleitorais. Brasília-DF, 2006.
Revista Eleições & Cidadania. - Ano 1, n. 1 (dez./2009) - Teresina: TRE-PI, 2009 - .
<http://www.tse.gov.br/eje/html/julgados_evidencia.html>t acesso em 22/11/2014, às 10:00h
<http://www.bancadadonordeste.com.br/noticias.asp?secaoID=10&NotID=1222> acesso em 22/11/2014, às 09:00h
� Acadêmico do Curso de Direito, VII Bloco, associação piripiriense de ensino superior christus faculdade do Piauí - Chrisfapi; e-mail: alysson.brazuca@hotmail.com

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