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Psicologia Organizacional Aula 04 Profa Ana Paula Escorsin CONVERSA INICIAL Olá, seja bem-vindo à quarta aula de Psicologia Organizacional. Nosso objetivo neste encontro é: Dominar as definições que envolvem o indivíduo no ambiente de trabalho Conhecer os diferentes fatores sobre o indivíduo no ambiente de trabalho, como satisfação, motivação, qualidade de vida e estresse Identificar como aplicar os conteúdos aprendidos sobre o indivíduo no ambiente de trabalho de um estabelecimento de saúde Analisar como os estabelecimentos de saúde e os gestores podem contribuir ou dificultar a adaptação do indivíduo no ambiente de trabalho Para tanto, vai ser preciso: Lembrar os conceitos e as terminologias sobre os indivíduos no ambiente de trabalho Entender as nuances de cada aspecto que envolve o indivíduo no ambiente de trabalho no contexto dos estabelecimentos de saúde Aplicar na prática profissional do gestor os diferentes aspectos que envolvem o indivíduo no ambiente de trabalho Analisar os indivíduos no ambiente de trabalho, aproximando o aluno da prática profissional do contexto dos estabelecimentos de saúde Sintetizar os aspectos que envolvem os indivíduos no ambiente de trabalho, conectando-os com as práticas dos estabelecimentos de saúde Classificar e avaliar os impactos de compreender sobre o indivíduo no ambiente de trabalho para ampliar a prática profissional do gestor da área de saúde Acesse a versão online da aula e assista no vídeo a seguir a fala inicial da professora Ana Paula. CONTEXTUALIZANDO Nesta aula, vamos analisar em detalhes o indivíduo no ambiente de trabalho: O que é para você, como gestor da área de saúde, satisfação com o ambiente de trabalho? Sente que os colaboradores da sua equipe estão satisfeitos? É possível motivar alguém ou a motivação é algo inerente à própria pessoa? O sabe sobre estresse? O que é para você qualidade de vida? Sobre esta reflexão, acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir. Para melhor subsidiar as suas reflexões, leia com atenção os temas desta aula, bem como os seguintes livros: Capítulos 1, 4 e 6 WALGER, Carolina. VIAPIANA, Larissa. BARBOSA, Mariana M. Motivação e satisfação no trabalho: em busca do bem-estar de indivíduos e organizações. Curitiba: Intersaberes, 2014. Para tanto, acesse a versão online da aula. Capítulos 3 e 7 ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. 14 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise pela obra. Páginas 37 a 43 (Relação entre estresse ocupacional, coping e burnout) FERREIRA, Maria C. MENDONÇA, Helenides. Saúde e bem-estar no trabalho: dimensões individuais e culturais. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise pela obra. Leita também os artigos: Qualidade vida e os profissionais da área de saúde, de Oishi e Turbay: http://www.amalaya.com.br/#!artigo-mar13-qualvida/cajt Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da OMS (WHOQOL-100), de Marcelo Leck: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- 44461999000100006 Tema 1 - Satisfação com o trabalho Para iniciarmos a conversar sobre o indivíduo no ambiente de trabalho, vamos abordar o sentimento de satisfação relacionado com o trabalho. Um gestor precisa perguntar a ele próprio se está feliz profissionalmente, se está satisfeito com o ambiente de trabalho de sua equipe e de sua organização, como ele vem equilibrando trabalho, vida pessoal e lazer. O gestor somente poderá desenvolver o sentimento positivo de satisfação no ambiente de trabalho de seus colaboradores, se ele o tiver desenvolvido em si próprio. Indivíduos que possuem sentimentos positivos em relação a eles, ou seja, vêm desenvolvendo o autoconhecimento, têm valores próprios, reconhecem suas personalidades e tendem a ter alto nível de satisfação em relação à sua vida profissional. Por outro lado, indivíduos com baixa autoestima ou que não se conhecem ou que têm sentimentos de insatisfação com suas vidas, tendem a ter baixo nível de satisfação com sua carreira profissional e como seu trabalho. Satisfação com o trabalho diz respeito ao sentimento positivo com relação ao trabalho, resultado de uma avaliação positiva do indivíduo em relação às suas características pessoais (ROBBINS, 2010, p. 70). Para Walger, Viapiana e Barbosa (2014, p. 143), citando Locke (1969), a satisfação com o trabalho é o estado emocional agradável resultante da avaliação do trabalho como realizador ou facilitador da realização dos valores de trabalho para o indivíduo. A insatisfação com o trabalho, por outro lado, é o estado emocional desagradável resultante da avaliação do próprio trabalho como frustrante ou bloqueador da realização dos valores de trabalho ou como ocasionador de desvalores para o indivíduo (WALGER; VIAPIANA; BARBOSA, 2014, citando LOCKE, 1969). O sentimento de satisfação com o trabalho ocorre em razão à maior ou à menor discrepância entre o que o indivíduo quer ou valoriza no trabalho, e o que ele obtém ou como o trabalho contribui para realizar aquilo que é valorizado por ele (WALGER; VIAPIANA; BARBOSA, 2014, p. 143). O que resulta dessa discrepância pode ser: Desprazeroso – quando o indivíduo obtém o que ele desvaloriza Prazeroso – quando obtém o que é valorizado por ele Causas da satisfação com o trabalho A satisfação pode variar na à medida que o colaborador sente que suas necessidades em relação ao trabalho são satisfeitas. Pode estar relacionada ao fato de que o trabalho deve ser relevante para as habilidades valorizadas pelo colaborador e deve conceder a ele algum grau controle sobre o que realiza. A satisfação está associada às experiências relacionadas com os níveis organizacionais, tais como cultura, clima e estrutura organizacional e com a equipe de trabalho. A satisfação depende também da personalidade dos indivíduos. As diferenças em relação aos padrões de sentir, pensar, perceber e agir fazem com que alguns colaboradores sintam mais satisfeitos, e outros menos. Algumas causas pessoais podem geram insatisfação, tais como problemas familiares, condições de saúde, entre outros. Dimensões da satisfação com o trabalho Vejamos algumas dimensões mais importantes em relação às causas da satisfação: Sentimento de realização com a atividade desenvolvida Reconhecimento do gestor Grau de responsabilidade atribuída ao colaborador Condições físicas do local de trabalho Relacionamento com os colegas Flexibilidade de horário Agora vejamos aquelas que, em geral, têm menor impacto sobre a satisfação: Políticas e práticas organizacionais Sensação de segurança Remuneração e benefícios Estresse no trabalho Estas últimas podem causar insatisfação e até fazer com que um colaborador busque outra colocação no mercado, mas as pesquisas demostram que, por si só, têm menos relevância para a satisfação com o trabalho. Satisfação e desempenho Há relação direta entre satisfação e desempenho. Colaboradores satisfeitos com o seu trabalho tendem a apresentar maior produtividade. Organizações que obtêm maior índices de satisfação dos colaboradores tendem a ser mais eficientes (ROBBINS, 2010, p. 79). A satisfação estimula a lealdade e evita negligências,a forma com os indivíduos se tratam costuma ser mais tranquila e até mesmo o cliente se sente mais satisfeito. Em contrapartida, a insatisfação dos indivíduos com o trabalho tende a trazer resultados negativos à organização, tais como: Atraso na entrega dos serviços Absenteísmo Rotatividade Desvio de conduta Agressividade Roubo ou sabotagem É papel do gestor analisar, frequentemente, os resultados da área. Caso perceba algum dos aspectos de insatisfação, é preciso identificar o que está havendo. Caso a organização possua uma área de gestão de pessoas, essa pode ser uma aliada para conduzir um diagnóstico sobre o que está havendo. Leitura obrigatória Capítulo 4, páginas 143 a 146 WALGER, Carolina. VIAPIANA, Larissa. BARBOSA, Mariana M. Motivação e satisfação no trabalho: em busca do bem-estar de indivíduos e organizações. Curitiba: Intersaberes, 2014. Para tanto, acesse a versão online da aula. Capítulo 3, páginas 73 a 75 ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. 14 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise pela obra. Acesse a versão online da aula e assista no vídeo a seguir a professora Ana Paula tratando do assunto que estamos estudando. Tema 2 – Motivação Neste segundo tema, vamos dialogar sobre motivação e sua relação com o trabalho. Vemos que muitos comportamentos dos indivíduos estão relacionados à motivação. Uns escolhem investir na carreira, outros preferem disponibilizar mais tempo para a família. Há ainda aqueles que se envolvem com atividades físicas. Enfim, os motivos que levam os indivíduos a agirem são os mais variados possíveis. A motivação é o que nos move, é uma energia, uma tensão, uma força. É sair do querer para o fazer. O termo motivo vem do elemento MOV, que significa mover. Daí deriva a ação de mover, isto é, a motivação (WALGER; VIAPIANA; BARBOSA, 2014, p. 21, citando MINICUCCI, 2007). É o processo responsável pela intensidade, pela direção e pela persistência dos esforços de um indivíduo para alcançar um determinado objetivo (ROBBINS, 2010, p. 196). Os elementos- chave no conceito de motivação, para Robbins (2010), são: Intensidade - refere-se a quanto de esforço o indivíduo despende na ação, mas, por si só, ela não é capaz de levar a resultados positivos de desempenho profissional Direção - para que a ação de fato ocorra é necessário que haja uma direção. Em relação ao ambiente organizacional, essa direção precisa ser favorável aos objetivos institucionais Persistência - refere-se a uma medida de tempo, ou seja, por quanto tempo o indivíduo consegue manter seu esforço para os objetivos sejam atingidos. A motivação no trabalho se manifesta pela orientação do colaborador para realizar com presteza e precisão as suas tarefas, empenhando-se em sua execução até conseguir o resultado esperado. Tipos de motivação Existem dois tipos de motivações: a intrínseca e a extrínseca. Vamos ver os seus significados. A intrínseca é aquela que está no indivíduo, e a extrínseca é a que vem do meio. Há uma polêmica entre os autores, se é ou não possível motivar alguém. Alguns acreditam que é possível sim, através da utilização de técnicas. Outros consideram que a motivação advém da pessoa. Você já parou para pensar sobre isso? A que conclusão chegou? Walger, Viapiana e Barbosa (2014, p. 28), citando Bergamini (2003), comentam que "a motivação é um tipo de ação que vem dos próprios indivíduo, de uma fonte autônoma de energia cuja origem se situa no mundo interior de cada um, e que não responde a qualquer tipo de controle do mundo externo". Portanto, é mais adequado considerar que o indivíduo é automotivado, mas que o meio pode despertar a motivação que, por acaso, está adormecida dentro do indivíduo. Por isso, o papel do gestor é identificar se seus colaboradores estão conscientes de suas necessidades, capacidades e potencialidades e, caso perceba que alguém se encontra meio distante e apático, pode se utilizar de estratégias para despertar suas características motivacionais. Para que a estratégia utilizada pelo gestor seja eficaz, é preciso que este compreenda o que motiva aquele colaborador. Podemos dizer que a motivação é intrínseca, ou seja, do indivíduo, porém, o meio (fator extrínseco) pode contribuir com técnicas adequados ao perfil daquele indivíduo, para que sua motivação seja despertada. Walger, Viapiana e Barbosa (2014, p. 29), comentam que a estrutura motivacional do indivíduo está formada por dez tipos de motivações, as quais são: Autodeterminação Estimulação Hedonismo (procura de prazer e evitar a dor) Realização Poder Segurança Conformidade Tradição Benevolência Universalismo Porém, é importante lembrar que como a motivação é interna e inerente ao indivíduo, esses dez tipos são relativos, pois o que motiva uma pessoa pode não motivar outra. Motivação no trabalho É preciso que haja disposição do próprio colaborador para que tenha bom desempenho no trabalho, porém, Walger, Viapiana e Barbosa (2014, p. 33) apontam três fatores que interferem na relação entre a motivação e a produtividade: Significado do trabalho – refere-se a variedade de habilidades pessoais, importância e identidade com a tarefa, a autonomia e o feedback Sistema de recompensas e punições – as recompensas se referem aos bens materiais e aos ganhos indiretos com o trabalho (como atenção, apoio, valorização), as quais procuram reforçar os comportamentos desejados. As punições visam à extinção de comportamentos indesejados Valores pessoais e valores organizacionais – referem-se à sintonia entre os valores do colaborador e da empresa. Diz respeito a como a organização trata o colaborador, como a empresa está estruturada e como ocorre o relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho Teorias motivacionais Com a finalidade de conhecer melhor as necessidades humanas, foi desenvolvida uma série de teorias motivacionais. Estas teorias foram subdivididas em dois grupos: Teorias clássicas Teoria da Hieraquia das Necessidades de Abraham Maslow Teorias X e Y de Douglas McGregor Teorias dos dois Fatores de Frederick Herzbeg Teorias contemporâneas Teoria ERG de Alderfer Teorias das Necessidades de McClelland Teoria da Avaliação Cognitiva (autodeterminação) Teoria da Fixação de Objetivos Teoria da Autoeficácia Teoria do Reforço Teoria da Equidade/justiça Organizacional Teoria da Expectiva – Victor Vroom A teoria da hierarquia das necessidades, de Abraham Maslow, foi criada em 1943 e ficou sendo uma das mais conhecidas. Maslow afirmou que há uma hierarquia de necessidades que leva os indivíduos em direção à motivação. À medida que o indivíduo atingiu uma necessidade de menor grau, isto o leva a buscar a próxima necessidade. Para o autor, existem cinco categorias de necessidades: 1. Fisiológicas – são as necessidades orgânicas (comer, beber, vestir-se, abrigar-se, entre outras) 2. Segurança – é a necessidade de proteção e de segurança 3. Social – representa a necessidade de afeto, amizade e interação com o social 4. Estima – refere-se à necessidade de independência, liberdade e reconhecimento 5. Autorrealização – refere-se à consciência do próprio potencial, do desenvolvimento e realização pessoal As duas primeiras são consideradas como primárias, e três restantes são as secundárias.Maslow apresentou sua teoria da hierarquia das necessidades no formato de uma pirâmide, conforme você pode ver a seguir: Hierarquia das necessidades. Fonte: <http://mundodapsi.com/motivacao-trabalho/>. Para conhecer em detalhes as demais teorias, pesquise a seguir: Capítulo 1, páginas 32 a 39; Capítulo 2, páginas 58 a 82 WALGER, Carolina. VIAPIANA, Larissa. BARBOSA, Mariana M. Motivação e satisfação no trabalho: em busca do bem-estar de indivíduos e organizações. Curitiba: Intersaberes, 2014. Acesse a versão online da aula. Leia também o artigo: Como Funciona a Motivação no Ambiente de Trabalho?, de Jessica Funck: http://mundodapsi.com/motivacao-trabalho/ Acesse a versão online da aula e assista no vídeo a seguir a professora Ana Paula tratando do assunto que estamos estudando. Tema 3 - Qualidade de vida no trabalho Para abordarmos o terceiro tema desta aula, vamos conversa com a fisioterapeuta Ana Caroline Oishi, Especialista em Gestão e Promoção da Qualidade de Vida. Autora do Livro Além da Fisioterapia - Quando a humanização é o caminho, atua como terapeuta corporal e fisioterapeuta em um hospital de alta complexidade de Curitiba. Ana Caroline, seja bem-vinda. Pode nos falar sobre suas pesquisas e experiência com qualidade de vida? Ana Caroline: Inicialmente, podemos pensar na construção do conceito de qualidade de vida. O termo abrange áreas multidisciplinares de conhecimentos através de definições que permeiam a vida das pessoas como um todo e o que lhe confere múltiplos sentidos. O senso comum se apropriou do termo caracterizando melhorias ou um alto padrão de bem-estar. Por isso, é preciso que, para uma compreensão adequada, não haja reducionismo perante esse tema. Observar a qualidade de vida do indivíduo não se esgota através de questões objetivas, mas também em sua subjetividade. Trata-se de aspectos do físico, mental, emocional, espiritual, social, profissional, econômico, político, cultural, histórico, ambiental. Humanizar a saúde e a qualidade de vida não significa somente acrescentar anos às vidas dos sujeitos, mas acrescentar vida aos anos (FLECK et al., 1999). Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), qualidade de vida é definida como: “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (Grupo WHOQOL, 1994). Podemos focar no termo utilizado pela OMS para iniciar a definição: “percepção”. Assim, o que é qualidade de vida para um pode não ser para o outro. Nesse sentido, podemos observar que se trata de um termo que pretende mensurar e/ou avaliar a pluralidade e a complexidade da vida humana. Remete ao interesse pela vida frente às suas possibilidades de ação. Autora: Agora que entendemos o conceito, pode nos explicar por que tanto se fala em qualidade vida? Ana Caroline: As sociedades modernas têm condições de vida que demandam muitas exigências individuais, sociais, econômicas, culturais e políticas conforme abordam Limongi-França e Rodrigues (1996): Nutrição adequada Necessidades de locomoção Necessidade de informações atualizadas Capacitação profissional e educacional Mercado de trabalho fortemente elitizado Exigências de conforto e segurança Maior cuidado com a prevenção de saúde, não só com as medicinas curativas O objetivo é, simplesmente, viver mais e melhor. Autora: As demandas de nossa sociedade moderna podem alterar nossa qualidade de vida. Mas por que respondemos aos apelos sociais? Ana Caroline: Enfrentar a tensão da vida cotidiana é também uma questão de aprendizagem. A saúde requer mudança de estilo de vida, como diz Limongi- França (2004). A promoção da saúde das pessoas depende de fatores ligados a elas mesmas, à adoção de hábitos saudáveis de vida no plano individual, mas, também, das condições ambientais nas quais estão inseridas, em especial no local de trabalho. Os padrões individuais de comportamento perdem força e tendem a ser abandonados se não receberem do ambiente reforço e estímulo. Somente quando o meio em que vive for fonte de suporte e apoio, o indivíduo conseguirá manter, ao longo da vida, hábitos saudáveis (SILVA; MARCHI,1997). Autora: Em sua experiência, como as organizações podem fazer a gestão da qualidade de vida de seus colaboradores? Ana Caroline: Esta é uma boa questão. As propostas das organizações com ênfase na qualidade de vida dos trabalhadores, criaram demandas de programas e gestão focados na atitude de qualidade dentro das empresas e também construíram novos parâmetros, refletindo-se na ética das relações de trabalho. Qualidade de vida no trabalho é uma compreensão abrangente e comprometida das condições de vida no trabalho, inclui aspectos de bem-estar, garantia da saúde e segurança física, mental e social, e capacitação para realizar tarefas com segurança e bom uso da energia pessoal (Limongi-França e Rodrigues,1996). Autora: Por que é importante desenvolver ações que visam a qualidade de vida no ambiente de trabalho? Ana Caroline: Auxiliar na promoção da qualidade de vida pelo viés laboral é extremamente importante já que atualmente os indivíduos passam a maior parte do seu dia e consequentemente da sua vida se preparando para o mercado de trabalho e posteriormente em suas atividades profissionais, sendo no trabalho e através dele que realizam grande parte de suas aspirações (RODRIGUES, 1995; SILVA & MARCHI 1997; VIANNA, 1997). Portanto, proporcionar um resgate da qualidade de vida dos indivíduos que compõe a organização é fundamental para se chegar à qualidade total. A qualidade de vida no trabalho vai além de atos legislativos que protegem o trabalhador, o atendimento a necessidades e aspirações humanas. Está calcada na ideia de humanização do trabalhador e na responsabilidade social da empresa (FERNANDES, 1996). Autora: Traz algum benefício ao colaborador e a organização detectar dificuldades com relação a saúde? Ana Caroline: A precocidade na detecção de agravos à saúde constitui uma obrigação permanente das instituições responsáveis pela vigilância da saúde do colaborador. Há íntima correlação entre melhoria da qualidade de vida das pessoas e estilo de vida dentro e fora das organizações, causando impacto na excelência e na produtividade dos indivíduos em seu trabalho. Sem uma qualidade de vida construída de forma enriquecedora não se alcança muito progresso. Por isso, a qualidade de vida no trabalho deve ser combinada com programas de qualidade e compromissos com a inovação, resgatando talentos, limites e necessidades humanas (LIMONGI-FRANÇA & RODRIGUES, 1996 e 2004). Autora: Quais ações as organizações podem tomar para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores? Ana Caroline: As facilidades na operacionalização do trabalho são ações voltadas à qualidade de vida no local de trabalho, geralmente a existência de espaço, de locais de comunicação e uma série de outras facilidades práticas contribuem para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. Some-se a isso a possibilidade de que as mensagens educativas alcancem também os familiares do trabalhador, ampliando-se assim, o universo com o qual se lida (SILVA & MARCHI, 1997). O que até há bem pouco tempo era visto como perfumaria, protecionismo ou fragilidade, transformou-se em referencial do desempenho humano nas organizações. Por exemplo, o estresse passou a ser um potente indicador de como está o nível de tensão organizacional e pessoal.Indicadores de estresse significam a qualidade medida e percebida de pessoas, produtos, serviços, resultados, visando à construção de melhores cenários organizacionais. Pensar a qualidade nos processos se torna uma necessidade imediata. Autora: Você abordou um tema bem importante agora - o estresse -, este é o tema de nossa próxima aula. Você poderia continuar conversando conosco? O dialogo contigo sobre qualidade de vida foi muito esclarecedor, seria um prazer tê-la conosco em nosso próximo assunto. Ana Caroline: Claro que posso continuar conversando, acho um interessante tema - o estresse -, tenho estudado e pesquisado sobre ele em estabelecimentos de saúde. Saiba mais e leia o artigo Qualidade de Vida e os profissionais da área de saúde, de Ana Caroline Oishi e Érica Turbay: http://www.amalaya.com.br/#!artigo-mar13-qualvida/cajt Leitura obrigatória Capítulo 6, páginas 191 a 194 WALGER, Carolina. VIAPIANA, Larissa. BARBOSA, Mariana M. Motivação e satisfação no trabalho: em busca do bem-estar de indivíduos e organizações. Curitiba: Intersaberes, 2014. Acesse a versão online da aula. Acesse a versão online da aula e assista no vídeo a seguir a professora Ana Paula tratando do assunto que estamos estudando. Tema 4 – Estresse No quarto tema desta aula, vamos abordar o estresse e suas consequências para o trabalho. A fisioterapeuta Ana Caroline Oishi, especialista em Gestão e Promoção da Qualidade de Vida, dará a honra de continuarmos conversando, para que possamos ouvir sobre suas experiências com estresse no trabalho. Autora: Muito obrigada por ter aceito continuar nossas conservas, agora sobre o estresse. Por que tanto se fala em estresse? Ana Caroline: Percebe-se que a sociedade contemporânea vivencia rápidas mudanças ambientais, sociais, científicas e culturais, que as mais simples tarefas físicas ou mentais expõem o indivíduo a diversos níveis de estresse, muitas vezes, sem a sua consciência, o que interfere diretamente no seu desempenho cotidiano. Autora: Mas o que é o estresse? Ana Caroline: O estresse é definido como uma reação do organismo, com componentes físicos e/ou psicológicos, causada pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem quando a pessoa se confronta com uma situação que, de um modo ou de outro, a irrite, excite ou confunda, ou mesmo que a faça intensamente feliz. Autora: Como podemos identificar os sintomas de estresse? Ana Caroline: Quando o estresse ocorre, todo o equilíbrio corporal, chamado de homeostase, é quebrado em decorrência da ação exacerbadora do sistema nervoso simpático e da desaceleração do sistema nervoso parassimpático em momentos de tensão, ou seja, não há mais entrosamento entre os vários órgãos. Essa reação pode ocorrer em qualquer pessoa, independente de idade, raça, sexo e situação econômica, e o indivíduo tem de se adaptar, fazendo um esforço especial para restabelecer a homeostase anterior. Tal esforço exige um desgaste considerável e a utilização de reservas de energia física e mental. Além de desencadear sintomas psicológicos, o estresse pode contribuir para a etiologia de várias doenças mais graves e afetar profundamente a qualidade de vida individual de cada população específica (LIPP, 1996 e 1999 e ALBERT, 1997). Autora: Pelo que você disse, o estresse pode ser agravar a ponto de trazer graves consequências a pessoa? Ana Caroline: Sim. Para Malagris (2004), em fases avançadas do estresse, a pessoa já apresenta prejuízo na sua linha de pensamento e sua meta principal é apenas sobreviver e se livrar de tudo aquilo que causa sofrimento. Diante desse quadro e se as fontes de estresse forem relacionadas ao ambiente ocupacional, pode-se cogitar o desenvolvimento da síndrome de burnout, na medida em que a sintomatologia característica deste quadro começa a aparecer em decorrência do desgaste causado pelo estresse crônico. Autora: Você falou em burnout, pode nos explicar melhor o que é? Ana Caroline: Claro. O autor Benevides-Pereira (2002) considera burnout como um conjunto de sinais e sintomas composto de aspectos multidimensionais em resposta ao estresse laboral crônico, envolvendo três fatores principais: exaustão emocional (quando a pessoa percebe nela mesma a impressão de que não dispõe de recursos suficientes para se dar aos outros – doenças psicossomáticas), despersonalização (atitudes negativas e insensíveis em relação às pessoas que trabalha) e redução da realização pessoal (conduz a uma avaliação negativa de si mesmo). Autora: E qual é a diferença entre estresse e burnout? Ana Caroline: Boa pergunta. Vamos entende as diferenças entre eles. Benevides-Pereira (2002) ressalta que a diferença fundamental entre o estresse ocupacional e o burnout é que neste, é dada mais importância à relação interpessoal entre o profissional e o usuário do serviço, levando a um total prejuízo de seu trabalho. Esta síndrome acomete principalmente profissionais assistenciais, notadamente profissionais de saúde, professores e policiais militares. Assim, o profissional estressado encontra-se debilitado, devido a investimentos de energia contra estressores, o que pode levá-lo a apresentar déficits em seu trabalho e, principalmente, em sua relação com o outro, sendo este último fator essencial para o diagnóstico. Segundo Limongi-França e Rodrigues (1996), o burnout é considerado uma das consequências mais importantes do estresse profissional, pois o exercício dessas profissões implica conviver com a tênue distinção entre envolver-se de forma profissional e humanizada e não pessoalmente na ajuda ao outro. Malagris (2004) enfatiza a gravidade do problema e sua importância na saúde do trabalhador, cujo resultado pode ser o absenteísmo e até mesmo o abandono do emprego. Os profissionais com burnout podem apresentar os mais diferentes sintomas, conforme apresenta Benevides-Pereira (2002): Sintomas físicos – fadiga constante e progressiva, dores musculares e osteomusculares, distúrbios do sono, cefaleias, enxaquecas Sintomas psíquicos – falta de atenção e concentração, alteração de memória, lentificação do pensamento, impaciência Sintomas comportamentais – negligência, condutas aditivas e evitativas, irritabilidade, incapacidade para relaxar, perda de iniciativa Sintomas defensivos – absenteísmo, perda de interesse durante o trabalho, ironia e cinismo Autora: Há alguma forma de prevenir o estresse e o burnout no ambiente de trabalho? Ana Caroline: Tem sim. Limongi-França e Rodrigues (1996) sugerem como formas de prevenir o estresse e burnout, como: aumentar a variedade de rotinas, para evitar a monotonia; prevenir o excesso de horas extras; dar melhor suporte social às pessoas; melhorar as condições sociais e físicas de trabalho e investir no aperfeiçoamento profissional e pessoal dos trabalhadores. Gostaria de agradecer a participação da Fisioterapeuta Ana Caroline Oishi que, gentilmente, esteve conversando conosco sobre o tema estresse. Quero reforçar que tanto a organização como o gestor podem e devem minimizar o estresse no ambiente de trabalho. Para que isso ocorra, Ana Caroline Oishi nos apresentou algumas sugestões: Aumentar a variedade de atividades, para evitar a monotonia no trabalho Prevenir o excesso de horas extras Dar melhor suporte social às pessoas Melhorar as condições sociais e físicas de trabalho Investir no aperfeiçoamento profissional e pessoal dos trabalhadores No último tema de nossa aula 4 vamos dar continuidade a esteassunto: o papel do gestor como facilitador da qualidade de vida à sua equipe. Para ampliarmos o assunto, a Fisioterapeuta Ana Caroline Oishi concordou em continuar dialogando conosco, pois tem vasta experiência em humanização. Concluímos este quarto tema com importantes esclarecimentos sobre o estresse laboral. Para aprofundar seus conhecimentos, faça as leituras sugeridas: Leitura obrigatória Saiba mais e leia Tudo sobre o estresse: http://www.einstein.br/einstein-saude/em-dia-com-a-saude/Paginas/tudo-sobre- o-estresse.aspx Páginas 37 a 43 (Relação entre estresse ocupacional, coping e burnout) FERREIRA, Maria C. MENDONÇA, Helenides. Saúde e bem-estar no trabalho: dimensões individuais e culturais. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise pela obra. Acesse a versão online da aula e assista no vídeo a seguir a professora Ana Paula tratando do assunto que estamos estudando. Tema 5 - O papel do gestor como facilitador da qualidade de vida à sua equipe No quinto tema desta aula, vamos falar mais detalhadamente sobre o papel do gestor como facilitador da qualidade de vida para sua equipe. Para abordar esta temática, vamos continuar com nossas conversas com a fisioterapeuta Ana Caroline Oishi, especialista em Gestão e Promoção da Qualidade de Vida. Autora: Ana Caroline quero agradecer por mais esta sua colaboração. Vamos falar sobre o papel do gestor, sei que você tem um importante trabalho voltado à humanização da gestão em estabelecimentos de saúde. Pode nos contar sobre a Política Nacional de Humanização? Ana Caroline: Em 2003, foi criada a Política Nacional de Humanização, a qual visa à valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde, como usuários, trabalhadores e gestores. A política propõe mudança nos modelos de gestão, tendo como foco o próprio processo de trabalho em saúde, a valorização dos trabalhadores, as relações sociais no trabalho, o compromisso com a qualificação da ambiência, para melhorar as condições de trabalho e de atendimento. Uma de suas diretrizes é promover atividades de valorização e de cuidados aos trabalhadores da saúde, contemplando ações voltadas para a promoção da saúde e qualidade de vida no trabalho. Para alcançar seus objetivos, a política propõe implementar programa de formação em saúde e trabalho, atividades de qualidade de vida e atenção à saúde para os trabalhadores da saúde (OFICINA HUMANIZASUS, 2003). Um estabelecimento de saúde não existe para produzir pessoas fisicamente sadias, mas para oferecer ao paciente um tratamento que respeite sua dignidade e seus direitos como pessoa. Isto, evidentemente, supõe que o estabelecimento de saúde tenha uma administração fundamentada nestes valores e que seu administrador seja o primeiro a defendê-los. De fato, se o administrador não tiver esta mentalidade, a humanização não chegará ao seu estabelecimento de saúde, diz Mezomo (1994). A administração fundamentada nos direitos das pessoas é papel do gestor, também, que está diretamente atuando com a equipe. Autora: Como um estabelecimento de saúde pode atuar baseado nos princípios de uma gestão humanizada? Ana Caroline: Vivemos um quadro é de crise, é sabido por todos. Porém, também estamos em tempos de mudanças profundas e radicais. Só terão sucesso as organizações ágeis e flexíveis e que vencerem a força de acomodação que ainda as prende ao presente (MEZOMO, 1994; TAUBLIB, 1998). Bom Sucesso (1998) comenta que as mudanças não se fazem sem dificuldades e tensões, mas existem limites aceitáveis. A tensão emocional resulta em bloqueio, provoca atitudes destrutivas. A tensão criativa mobiliza a inteligência, a competência e a vontade de construir. Mudança não é exceção na vida pessoal ou das organizações; é a condição permanente e inevitável para fazer face aos avanços tecnológicos e à crescente demanda de desenvolvimento do trabalhador. A autora conclui ainda que a inabilidade dos líderes na condução do processo de mudança faz com que o processo esteja fadado ao fracasso, por isso é de suma importância o perfil do líder. Autora: Mas o papel do gestor? Qual é o seu ponto de vista? Ana Caroline: Vamos explorar o papel do gestor. Ribeiro (1997) relata que a liderança pode ser efetivamente atuante onde houver clima de boas relações de trabalho, no qual as pessoas realizam o melhor que há dentro delas. A sociologia afirma que as pessoas, quando em trabalho, podem ser o que seus líderes desejam. Importante, pois, para cada chefe, estabelecer aquele clima, no qual cada um pode realizar o mais perfeito desempenho. Por isso, ainda, se diz que os chefes de departamento e os supervisores são os maiores agentes de mudança. Se além de chefes forem também, líderes, saberão que é mister providenciar quanto à estrutura: firmeza e estabilidade de padrões. Autora: Você poderia nos dar alguns direcionamentos de como fazer? Ana Caroline: O autor Oakland (1994) nos apresenta cinco requisitos para uma liderança eficaz: 1. Desenvolver e publicar o credo e os objetivos da organização – Missão 2. Desenvolver estratégias claras e eficazes e planos de apoio para realizar a Missão e atingir os objetivos 3. Identificar os fatores de sucesso e dos processos críticos 4. Rever a estrutura gerencial de sua área 5. Delegar autoridade, estimulando à participação efetiva dos empregados Autora: Como fazer isto? Com toda sua experiência, poderia nos dar alguma sugestão? Ana Caroline: É preciso mudar não só as rotinas e os procedimentos, mas, sobretudo a mentalidade e a ação dos que elegeram a profissão de gestores de estabelecimento de saúde. É preciso que os gestores e os profissionais da saúde trabalhem em equipe, deixando para trás a prática do trabalho fragmentado. É preciso que o estabelecimento de saúde tenha definida sua missão, seus valores e seus princípios e que sua estrutura seja adequada à obtenção dos resultados desejados. Sem um repensar geral da estrutura e das ações e, sobretudo sem o compromisso real dos gestores e de todos os profissionais do sistema, a qualidade de vida dos trabalhadores não conseguirá melhorar, nos diz Mezomo (1994). Portanto, a implementação de novas políticas de qualidade de vida para trabalhadores, deve ir de encontro as culturas existentes e, também, realizar modificações a essas culturas, caso elas não contribuem para o bem-estar. O estabelecimento de saúde precisa de uma estrutura de visão que inclua sua filosofia de orientação, valores e crenças centrais e um objetivo. Estes devem ser combinados em uma missão que forneça clara descrição de como serão as coisas quando ela for realizada. Logo os valores, missão e objetivo devem atuar como força diretriz para que todos os envolvidos (funcionários, clientes, fornecedores e a sociedade). Por isso, a eficácia de um estabelecimento de saúde e de seu pessoal depende do empenho com que cada funcionário, do gestor e da equipe. Mezomo (1994) diz que não se trata de fórmulas mágicas. Trata-se de um esforço de autenticidade e de lealdade, sobretudo para com as pessoas que põem nos serviços de saúde suas últimas esperanças. A qualidade não é só uma metodologia gerencial e nem um problema puramente técnico e econômico. Ela é uma questão ética e moral. Deixar de buscá-la e de praticá-la é ato irresponsável e imoral. Autora: Achei muito pertinente esta sua última fala: a qualidade é questão ética e moral. O que fazer para conseguir um ambiente de qualidade? Temmais personagens envolvidos que não só o gestor? Você falou em funcionários, equipes e do administrador? Ana Caroline: Ao longo de minha experiência pude perceber que para chegar a um ambiente com qualidade total deve-se lembrar que quem mantém a qualidade de processos e ações são os funcionários, então investir em qualidade de vida dos colaboradores é investir no sucesso da instituição. Cada instituição tem uma identidade, uma forma de existir específica, inerente à sua formação e cultura. Mas, o que são as instituições, senão um conjunto de pessoas? A cultura destas pessoas é que forma a cultura da empresa. A cultura é uma barreira quando parte da mesma entra em choque com novas formas de agir e pensar, resultando em conflito, nos diz Taublib (1998). Maslach (1998) ressalta que é de suma importância que a pessoa desempenhe um papel adequado e coerente com suas condições pessoais e profissionais, pois isso motiva e facilita o bom desempenho. Quando falamos em pessoa, estamos nos referindo a todos os níveis hierárquicos, inclusive os gestores. Autora: Em sua experiência, quais os benefícios de programa de qualidade de vida para os colaboradores de um estabelecimento de saúde? Ana Caroline: Ótima pergunta! Os benefícios de um programa de qualidade de vida no trabalho são: melhor qualidade e motivação no trabalho; redução no número de doenças e afastamento; oportunidade de crescimento pessoal- profissional; otimização dos recursos da empresa; exemplos de modelos de vida sadia, para a comunidade e os familiares. Autora: Quais são as principais dificuldades que um gestor ou um estabelecimento de saúde pode encontrar com a implantação destes programas? Ana Caroline: Vamos ver outro lado. Há obstáculos, os mais encontrados para se pôr em prática são: Cultura e burocracia da empresa Preparo e conhecimento específico de quem vai gerenciar o projeto Recursos financeiros, humanos e tecnológicos disponíveis Resistência das pessoas pessimistas e acomodadas Estágio de desenvolvimento da administração de recursos humanos e apoio de pessoas influentes na empresa, que acreditem na proposta Autora: O que você poderia nos deixar como mensagem final, considerando toda sua experiência? Ana Caroline: Qualidade não é somente uma nova filosofia gerencial, é uma nova filosofia de vida, significa uma nova postura comportamental, não somente produzir mais, porém melhor, com menor custo, menor desperdício e menos retrabalho. É um processo do topo para base, não inicie o programa se a direção não quiser. Eduque as pessoas e motive-as através de sensibilização e conscientização continuada. O que distingue as organizações vencedoras das vencidas não é mais a tecnologia nem a produção, é a satisfação dos clientes garantida pela motivação de quem produz e de quem os atende. Este é um grande desafio. Construir e reconstruir as organizações em novas bases: as bases da ética, da responsabilidade social, do respeito dos valores humanos e da valorização da mente e do coração, e não apenas das mãos de quem produz. Essas serão as organizações vencedoras nos dias que virão e que já chegaram. Autora: Ana Caroline, quero deixar os nossos mais profundos agradecimentos por ter compartilhado toda a sua experiência e conhecimento. Foi muito bom tê-la conosco. Saiba mais, assistindo ao vídeo Entrevista com o médico Drauzio Varella sobre qualidade de vida no trabalho. https://www.youtube.com/watch?v=uSsC9jwwNV4 Leitura obrigatória Capítulo 6, páginas 200 a 206 WALGER, Carolina. VIAPIANA, Larissa. BARBOSA, Mariana M. Motivação e satisfação no trabalho: em busca do bem-estar de indivíduos e organizações. Curitiba: Intersaberes, 2014. Acesse a versão online da aula. Acesse a versão online da aula e assista no vídeo a seguir a professora Ana Paula tratando do assunto que estamos estudando. TROCANDO IDEIAS Agora que você já conheceu sobre satisfação e motivação com o trabalho, compreendeu sobre o estresse e sobre programas de qualidades no trabalho, discuta com seus colegas: Como você percebe o grau de estresse dos colaboradores na organização em que atua? Há preocupação com a satisfação e com a qualidade de vida dos colaboradores? Você se sente motivado com seu trabalho e com sua carreira profissional? O que poderia fazer de diferente para melhorar seu grau de motivação? NA PRÁTICA Com base no conteúdo estudado nesta aula 4, elabore ideias para compor um programa de qualidade de vida no trabalho, o qual deverá ser implantado em uma equipe de que você é o gestor. Para melhor aprofundar suas ideias, consulte o livro: Capítulo 6, páginas 200 a 206 WALGER, Carolina. VIAPIANA, Larissa. BARBOSA, Mariana M. Motivação e satisfação no trabalho: em busca do bem-estar de indivíduos e organizações. Curitiba: Intersaberes, 2014. Acesse a versão online da aula. Ao concluir suas análises, elabore um relatório, com no máximo duas páginas, contendo: Conceito de qualidade de vida no trabalho A importância de um estabelecimento de saúde elaborar um programa de qualidade de vida As ideias que identificou para compor o programa para sua equipe Justifique as ideias apresentadas! Sobre esta reflexão prática, acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir. SÍNTESE A quarta aula analisou o tema o indivíduo no ambiente de trabalho. Vimos que satisfação com o ambiente de trabalho se refere ao sentimento positivo com relação ao trabalho, resultado de uma avaliação positiva do indivíduo em relação às suas características pessoais. O contrário é a insatisfação, que é o estado emocional desagradável resultante da avaliação do próprio trabalho como frustrante ou bloqueador da realização dos valores de trabalho ou como ocasionador de desvalores para o indivíduo. Para saber se colaboradores que compõem nossas equipes estão satisfeitos, é importante observar se eles sentem que suas necessidades em relação ao trabalho estão sendo satisfeitas e se sentem fazendo parte da cultura organizacional. A motivação no trabalho se manifesta pela orientação do próprio colaborador para realizar com presteza e precisão as suas tarefas, e isso difere de pessoa para pessoa. O meio não pode motivar um indivíduo, mas pode incrementar técnicas, caso perceba que um colaborador está meio desmotivado. O estresse é uma reação do organismo, com componentes físicos e/ou psicológicos, que ocorre quando a pessoa se confronta com uma situação que a irrite, excite ou a confunda, ou mesmo que a faça intensamente feliz. A qualidade de vida, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e no sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, padrões, suas expectativas e preocupações. A promoção da saúde das pessoas depende de fatores ligados a elas mesmas, à adoção de hábitos saudáveis de vida no plano individual, mas, também, depende das condições ambientais nas quais estão inseridas, em especial no local de trabalho. Acesse a versão online da aula e assista no vídeo a seguir a fala final da professora Ana Paula. Referências ALBERT, Eric. Como tornar-se um bom estressado. Rio de Janeiro: Salamandra, 1997. ALBUQUERQUE, Jamil. A arte de lidar com pessoas. São Paulo: Planeta do Brasil, 2007. BENEVIDES-PEREIRA, Ana M. P. Burnout: Quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. São Paulo: Casado Psicólogo, 2002. BOM SUCESSO, E. P. Trabalho e Qualidade de Vida. Rio de Janeiro: Dunya, 1998. DIAS, H. P. 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