Buscar

ABEPRO - Cadeia prod do lixo eletro

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AS CADEIAS PRODUTIVAS GLOBAIS: UMA PERSPECTIVA 
PARA INDUSTRIA BRASILEIRA DE COMPONENTES 
ELETRÔNICOS 
 
 
 
María Elena León Olave 
Departamento de Engenharia de Produção - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. – Av. 
Professor Almeida Prado- Trav.2- 2o.andar – CEP 05508-900.Cidade Universitária- São Paulo- Brasil 
 
João Amato Neto 
 Departamento de Engenharia de Produção - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. – Av. 
Professor Almeida Prado- Trav.2-2º andar – CEP 05508-900.Cidade Universitária- São Paulo- Brasil 
 
 
 
ABSTRACT 
The growing liberalization of global economies and the changing technologies (especially information 
technology) supply more chances for enterprises to do business in international markets. In Brazil, after the 
opening of the market in 1990, the local industry is undergoing a deep restructuring process. The 
restructuring process is heavily influenced by the change of strategies of the transnational corporations in 
the country, and also dependent on the capacity of local firms in terms of creating the competitive strengths 
in the new forms of collective organization. This paper shows the role of governance, and here a distinction 
is made between two types of governance: those cases where the coordination is undertaken by buyers 
(buyer-driven chains) and those in which producers play the key role( producer driven chains). This paper 
debate of the environment Brazilian electronic components industry, trying to shimmer possible solutions 
for your insert in the global chains. 
 
Key words: global chains, networks, electronic components. 
 
 
 
1. Introdução 
 
As profundas alterações ocorridas na economia mundial como a internacionalização, a 
formação de blocos econômicos e as rápidas mudanças, têm ressaltado ainda mas a questão 
da competitividade, tornando-se o centro das polêmicas públicas e empresariais. Porém, o 
ambiente que hoje se apresenta, faz com que se trate a competitividade de maneira“ 
sistêmica” Não é mais possível fazer planejamento setorial, sem levar em consideração os 
desdobramentos ao longo da cadeia produtiva. Um exemplo importante destas mudanças 
foi o que aconteceu com a cadeia automotiva (Womack, 1992), , onde através da busca 
pela integração total, as montadoras e seus fornecedores passaram a se relacionar 
intimamente, a ponto de que, qualquer alteração, tanto no produto como no processo, seja 
imediatamente sentida pelos outros elos. 
Na busca pela competitividade as empresas começaram a se tornar especialistas nas 
atividades que apresentam maiores vantagens (core competences) ampliando-se, assim, a 
necessidade de se coordenar as diversas etapas do processo produtivo entre os diferentes 
agentes econômicos. Diante disto, as relações cooperativas são incrementadas, 
racionalizando os custos de coordenação e de produção e, ao mesmo tempo, 
proporcionando a inovação pela cadeia produtiva. 
Uma das novas formas de relação entre as empresas é abordagem da network (rede) a qual 
tem se preocupado em entender como as estruturas sociais (relações sociais), têm 
influenciado o desempenho econômico. Diversos são os estudos que procuram demonstrar 
vantagens competitivas de certas formas sociais de organizações em relação às transações 
de troca com base no mercado, alguns desses autores citados por (Furlanetto, 2000) são: 
Granovetter, 1985; Uzzi 1996 e 1997; Lazerson,1995. Estas abordagens, baseiam-se no 
pressuposto de que os contratos sociais entre os diferentes atores de diferentes 
organizações podem modificar o comportamento e a ação destes agentes, alternando a 
lógica dos custos de transação, pois em ambientes de confiança, os custos para transacionar 
são bens menores. Segundo esta abordagem, participando de redes, as organizações 
passam a poder competir de diferentes formas: diferenciação de produto- associada ou não 
a um nicho de mercado; Liderança de custo- participando como fornecedora de uma 
grande rede e, Flexibilidade /custo participando de uma rede de empresas flexíveis( 
Casarotto Filho e Pires, 1998). 
 
Este artigo faz uma análise das diferentes formas em que são conduzidas as cadeias globais 
por parte das empresas com a finalidade de ampliar suas competências básicas e reforça a 
necessidade de coordenação das atividades econômicas (mercado, hierarquia, e cadeia 
produtiva). Também é apresentado o panorama do setor de componentes eletro-eletrônicos 
no Brasil e a coordenação pela cadeia produtiva, vislumbrando possíveis soluções para a 
incursão destas empresas brasileiras no mercado global. 
 
2. As cadeias Globais 
 
No capitalismo global, as atividades econômicas não são só internacional no seu escopo, 
mas também são na sua organização. Internacionalização se refere à expansão geográfica 
de atividades econômicas frente as fronteiras nacionais. Como tal, não é um fenômeno 
novo, realmente, foi uma característica dominante no mundo econômico desde finais do 
século XVII quando impérios da colônia começaram a escudrinhar o mundo a procura de 
matérias primas e de novos mercados para seus produtos. A Globalização é muito mais 
recente que internacionalização porque implica na integração e coordenação de atividades 
internacionalmente dispersas. 
O capital comercial e industrial tem promovido a globalização estabelecendo dois tipos 
distintos de redes econômicas internacionais. Já o conceito de cadeia de valor foi usado nos 
anos 60s e 70s por analistas que desenharam o caminho no desenvolvimento de economias 
baseadas na exportação mineral. (Kaplinsky,1998). 
A cadeia de valor descreve uma gama de atividades que são exigidas para cada produto 
desde sua concepção, passando pelo desing, adquisição de matérias primas e fontes 
intermediárias, seu marketing, distribuição e suporte até o cliente final. Em outras palavras 
a cadeia pode ser vista como a incorporaçaõ da produção, troca, distribuição e consumo 
desde seu origem até o declínio de um determinado produto ou serviço. 
A recente proeminência da cadeia de valor como uma estrutura analítica surge do trabalho 
de Michael Porter, sendo, que hoje, um dos pilares do moderno Gerenciamento da cadeia 
de Suprimento (Porter, 1986). 
Um complemento importante do conceito de cadeia de valor é a idéia de que muitas 
cadeias são caracterizadas por uma parte dominante (ou algumas partes), chegando a ficar 
responsável pelo aperfeiçoamento de atividades e ligações entre os indivíduos e 
coordenando a interação entre as ligações. Este é o papel de governança, é feita uma 
distinção entre os dois tipos de governança. No caso onde a coordenação é empreendida 
por compradores chamada de 
(buyer-driven commodity chains) e o caso em que os produtores fazem o papel 
fundamental na cadeia conhecidos como Producer-driven commodity chains). (Gereffi, 
1994). 
As cadeias do tipo Producer driven chain são aqueles nas quais grandes empresas 
industriais detêm o controle do sistema de produção, inclusive suas conexões para frente e 
para atrás. Esta é característica de industrias intensivas em capital e tecnologia como as 
indústrias de automóveis, computadores, semicondutores e maquinaria pesada. Este tipo de 
cadeia produtiva é usualmente comandada por empresas transnacionais. 
As cadeias do segundo tipo: buyer driven chain envolvem aquelas indústrias nas quais 
grandes varejistas e vendedores de marcas famosas (brandnamed marketers) têm um papel 
central no cenário das redes de produção descentralizada em vários países exportadores, 
tipicamente localizados no terceiro mundo. Este padrão de industrialização liderada pelo 
comércio é com freqüência intensivo em mão de obra, pelo menos em alguma de suas 
etapas, e característico de bens de consumo, como roupas, calçados, brinquedos, bens 
eletrônicos de consumo. A produção geralmente é levada para fora por meio de contratos 
mundiais comterceiros em países em desenvolvimento para finalizarem o processo de 
fabricação e acabado do produto final e enviam ao comprador estrangeiro. As 
especificações dos produtos são providas pelos grandes varejistas que ordenam os bens. 
Uma das principais características das empresas que se ajustam ao tipo de cadeia de 
produção buyer driven chain inclusive varejistas como Wal-Mark, J.C. Penney, 
companhias de calçado esportivas como Nike e Reebook é o fato de que elas 
comercializam o produto, mas não o fazem. Elas são parte de uma nova geração de 
fabricantes sem fábricas que separam a produção física de bens das etapas de desing e de 
marketing do processo de produção. 
 
De acordo com (Gereffi, 1994), os ganhos em cadeias conduzidas pelos compradores não 
derivam da escala, volume e avanços tecnológicos como nas cadeias conduzidas pelos 
produtores, mas de combinações únicas de pesquisa de alto valor, desing, vendas, 
marketing e serviços financeiros que permitem aos varejistas e vendedores atuarem como 
intermediários estratégicos unindo fábricas e comerciantes com nichos de produtos que 
evoluem nos principais mercados consumidores. A rentabilidade é maior nos segmentos 
relativamente concentrados de cadeias globais caracterizadas por barreiras altas à entrada 
de novas empresas. Nas cadeias conduzidas pelos produtores são feitos produtos 
avançados como aeronaves, automóveis, e computadores, e os fabricantes são considerados 
agentes econômicos chaves não só em termos de ganhos, mas também na sua habilidade 
para exercer controle sobre as ligações com fornecedores de matérias primas e 
componentes, e também possuem conexões entre a distribuição e o varejo. 
As principais características das cadeias globais conduzidas pelos produtores e pelos 
compradores são apresentadas na Tabela 1. 
As cadeias globais conduzidas pelos produtores e pelos compradores estão presentes em 
distintos setores industriais, elas são conduzidas por diferentes tipos de capital 
transnacional (industrial e comercial, respectivamente) e elas variam em seu núcleo de 
competências (no nível da firma) e suas barreiras de entrada ( no nível setorial). Os bens 
finalizados nas cadeias conduzidas pelos produtores tendem a serem fornecidos por 
transnacionais em países desenvolvidos, enquanto que os bens das cadeias que são 
conduzidas pelos compradores são geralmente feitos por firmas locais em países em 
desenvolvimento. Entretanto corporações transnacionais estabelecem redes verticais 
baseadas em investimentos, entanto que os varejistas, vendedores e companhias de 
negócios em cadeias conduzidas pelos compradores mantêm e coordenam redes 
horizontais baseados em negócios. (Gereffi, 1997). 
 
 
 
ITEM CADEIAS CONDUZIDAS PELOS 
PRODUTORES 
CADEIAS CONDUZIDAS PELOS 
COMPRADORES 
Condutores das Cadeias globais Capital industrial Capital Comercial 
Core competencies Pesquisa e desenvolvimento 
Produção 
Desenho 
Marketing 
Barreiras para entrar Economias de escala Economia de escopo 
Setores Econômicos Consumidor duradouro 
Bens intermediários 
Bens de capital 
Consumidor não duradouro 
Industrias típicas Automóveis, computadores, aeronaves Vestuário, calçado, brinquedos 
Relações de propriedade das 
firmas fabricantes 
Firmas transnacionais Firmas locais com predomínio em países em 
desenvolvimento 
Principal relação da rede Baseado em investimentos Baseado em negócios 
Estrutura predominante da rede Vertical Horizontal 
Tabela 1. Principais Características das Cadeias Globais. 
 
3. As relações inter-organizacionais e suas estruturas de governança 
 
As organizações controlam diversos tipos de recursos e estes recursos dependem 
mutuamente uns dos outros. Estas interdependências, portanto, criam a necessidade de 
uma estrutura de coordenação para economizar o uso dos recursos e criar mudanças 
inovativas. Sendo assim, esta interdependência pode influenciar a estrutura das relações 
interorganizacionais (Hakansson,1993). Segundo este enfoque, as empresas administram 
suas dependências externas através da construção de pontes (alianças) com outras 
organizações, alterando a fronteira das organizações, tanto por meios formais como 
informais. Dentre estas estratégias incluem-se fusões, aquisições, alianças, parcerias 
formais e informais, joint ventures, enfim, boa parte das estruturas conceituadas por 
Williamson (1989) de “ estruturas híbridas” . 
 
Num primeiro momento, Williamson apresenta as estruturas de mercado e integração 
vertical, para posteriormente incorporar uma terceira estrutura: a híbrida (contratos). 
Segundo o autor a escolha da estrutura de governança se dará com base nos pressupostos 
compartamentais (oportunismo e racionalidade limitada) e as dimensões das transações 
(especificamente de ativos, freqüência e incerteza), a partir de um alinhamento com o 
ambiente institucional, pois para o autor, o ambiente institucional exerce influência direita 
na determinação do mecanismo de coordenação das atividades organizacionais. 
(Furlanetto, 2000) . 
Além das duas formas de se coordenar a atividade econômica citadas por 
(Williamson,1989 e Coase 1937),existe uma terceira forma a coordenação pela cadeia 
produtiva. Segundo (Furlanetto, 2000) a forma de estrutura responsável pela coordenação 
da cadeia produtiva (ver figura 1) depende do ambiente institucional; das características 
econômicas das transações (ativos específicos, freqüência, risco incerteza e contratos); das 
características sociais das relações verticais (confiança, status e interesses comuns) e das 
características básicas das 
relações verticais (interdependência, cooperação e competitividade) podendo assumir, 
entre outras, as seguintes formas: 
 
Ambiente Institucional Características Sociais das
relações verticais
Características Econômicas
das transações Características Básicas das
relações verticais
Estrutura de
Coordenação pela
Cadeia Produtiva
 
Figura 1. Estrutura de Coordenação pela cadeia produtiva 
• Integrações via contratos e com exclusividade de fornecimento: caso específico de 
grandes empresas que atuam no agribusiness, onde existe uma empresa líder e 
responsável pela definição da estratégia sistêmica. Importantes exemplos desta 
modalidade de estrutura de coordenação é o que desenvolvem as grandes empresas 
brasileiras que atuam no setor de alimentos, tais como a Sadia e a Perdigão; (Machado, 
1998) 
• Redes de empresas lideradas por uma grande empresa líder: é o caso da indústria 
automobilística embora predomine a estratégia da grande empresa e as transações são 
via contrato, as fornecedoras ou subfornecedoras, possuem uma maior liberdade de 
ação, diferente do caso anterior, onde as empresas são obrigadas, por contrato, a 
fornecer somente para a empresa líder, são importantes exemplos deste caso as cadeias 
produtivas das grandes montadoras, tais como a GM e a Ford; 
• Rede flexível de pequenas e médias empresas : Este é um fato muito comum nas 
manufaturas italianas de roupas, calçados, cerâmicas e produtos do agribusines, com as 
pequenas e médias empresas formando consórcios para diferentes finalidades. 
Importantes exemplos desta estrutura de coordenação são vistos nos estudos de 
Casarotto Filho e Pires (1998), onde os autores, destacam iniciativas cooperativas ao 
longo das cadeias produtivas em diversos setores italianos do agribusiness, tais como o 
consórcio da “Batata de Bologna” . 
• Associações, Sindicatos e Federações: como ocorrido com o setor de batatas na 
Holanda e destacado por Rademarkers (1998), segundo este autor, estas organizações 
intermediárias proporcionam uma vantagem competitiva e servem de importante 
suporte às administrações individuais dos diferentes agentes. 
 
4. A Cadeia Produtiva Brasileira na área de Componentes Eletroeletrônicos 
 
A industria mundial de componentes está sendo submetidaa fortes pressões de mercado no 
sentido de maior capacidade de processamento, menores dimensões, maior confiabilidade, 
menores tensões de operação e redução de custos. Cada vez mais estas pressões estão 
atreladas ao fator tecnológico com a utilização de equipamentos sofisticados de alta 
produtividade e de alto custo e do desenvolvimento de novos materiais que servem de 
insumo para esta indústria. Por exemplo, a medida que os circuitos integrados ficam cada 
vez mais densos de elementos ativos – os transistores – são desenvolvidas novas formas de 
empacotamento que ocupam cada vez menos espaço mas capazes de mitigar as tensões 
superficiais entre os diversos materiais envolvidos, dissipar a grande quantidade de calor 
gerado e de acomodar o maior número de conexões entre o circuito integrado e os demais 
componentes do sistema. A tecnologia esta presente não somente na produção de 
componentes mas também na montagem de sistemas a partir deles, em virtude da 
complexidade dos processos e da precisão e confiabilidade exigidas. Para isto são 
utilizados equipamentos, e mesmo insumos, de alto valor tecnológico agregado, isto é, 
equipamentos que embutem grande parte dos avanços tecnológicos deste setor industrial. 
Entre os produtos que dependem da alta tecnologia estão os telefones celulares, 
computadores e outros aparelhos portáteis, produtos estes que são fabricados e 
comercializados globalmente. (Baptista e Ribeiro, 1999). 
Obviamente nem todos os produtos eletrônicos estão baseados em alta tecnologia. De fato, 
pode-se dizer que a maior parte deles estão baseados em tecnologia mais madura, por 
exemplo, dispositivos de potência, geradores de energia, eletrodomésticos etc., que 
utilizam componentes e processos de montagem disponíveis no mercado a bastante tempo. 
Entretanto, apesar dos componentes eletrônicos poderem ser discriminados quanto ao seu 
nível tecnológico eles são tipicamente produtos padrões para os quais o custo é o principal 
fator competitivo. Assim, podemos concluir que em geral as pressões de globalização na 
área de componentes é alta. As exceções ficam por conta de componentes projetados 
especificamente para atender as necessidades de empresas locais. Considerando-se que no 
mercado de componentes a tecnologia e o preço são os fatores dominantes na 
competitividade das empresas e pelo fato que ao longo dos últimos anos vem ocorrendo 
um downgrading tecnológico do setor produtivo, seja pela defasagem tecnológica de seus 
equipamentos ou pela redução drástica das atividades de P&D, podemos inferir que as 
empresas não desenvolveram valores de competitividade que possam ser transferidos para 
mercados no exterior. Estas considerações restringem-se a indústria de componentes e não 
deve ser confundida com a indústria de sistemas eletrônicos em geral, desenvolvidos a 
partir destes mesmo componentes, cujo valor agregado está no projeto, que pode ser mais 
facilmente direcionado para atender nichos específicos. Aqui as oportunidades de 
diversificação são bem maiores. (ver figura 2. ) 
 
Cadeia Produtiva Eletrônica 
(Componentes) 
Eletrônica de Consumo Informática Indústria de 
Telecomunicações 
Indústria 
Automobilística 
Relações de Fornecimento 
Bens Finais 
Integração de Sistemas 
Testes Montagem Limpeza Litografia Difusão (Gravação) Insumos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. A Cadeia Produtiva Eletrônica ( Área de Componentes) 
 
5. Vislumbrando possíveis soluções para as empresas do setor 
 
Particularmente a indústria brasileira de componentes eletroeletrônicos encontra-se 
atualmente em uma situação de grande fragilidade do ponto de vista econômico e 
tecnológico, conforme revela uma recente pesquisa encomendada pela ABINEE (Baptista 
e Ribeiro, 1999,p 1-20). Esta situação decorre, em grande medida, da intensidade e 
natureza do processo de ajustamento desta indústria ao longo da década de noventa, cujas 
raízes mais profundas remontam ao processo de abertura comercial e aos efeitos deletérios 
da valorização cambial e do incremento no patamar das taxas de juros que acompanharam 
o Plano Real. 
Esta fragilização não foi somente resultado de um processo de rarefação do tecido 
industrial na indústria de componentes, que se manifestou inclusive no fechamento ou 
contração drástica das atividades industriais de várias empresas, mas também da adoção de 
estratégias de ajuste ao novo cenário, muitas vezes de natureza defensiva e reativa, que 
tiveram implicações relevantes do ponto de vista produtivo e tecnológico. 
De uma forma geral, é possível sintetizar este movimento de ajuste em três linhas básicas: 
(i) redimensionamento do escopo das atividades industriais implementadas não só como 
resultado do encerramento de linhas de produto mas também, e em alguns casos, da 
complementação do leque de componentes comercializados pela empresa por importações; 
(ii) redefinição da própria linha de produtos fabricados através da especialização das 
empresas em segmentos de mercado onde possuíam maiores vantagens competitivas e, 
portanto, maior capacidade de sobrevivência frente às importações e da busca por nichos 
de mercado, (iii) reorientação de seus mercados finais, com a busca de mercados 
alternativos aos de informática e eletrônica de consumo, cujas empresas orientaram suas 
estratégias de sourcing para o mercado internacional, neste sentido, observam-se várias 
incursões nos mercados de iluminação, linha branca e autopeças e, principalmente, 
telecomunicações. 
Assim, no caso da indústria brasileira de componentes eletrônicos observa-se atualmente 
grupos de empresas com diferentes características, dependendo da possível inserção em 
cadeias produtivas podemos vislumbrar como possíveis arranjos : 
 
• Integração via contratos com grandes empresas multinacionais que operam no país: 
grandes corporações multinacionais com subsidiárias no Brasil precisam de uma 
produção local de componentes para a fabricação de produtos principalmente na área 
de telecomunicações e informática. Entre essas multinacionais podemos mencionar: 
Texas Instruments, Motorola, Intel, Philips, National, fairchiled. Uma possível solução 
seria a criação de uma política pública e industrial que incentive a produção local, onde 
empresas brasileiras poderiam via contratos com multinacionais fornecer esse tipo de 
componentes. Na atualidade a Solectron, fabricante norte-americana de componentes 
para telefonia é quem fornece estes componentes via importação para empresas do 
setor de comunicações. 
• Redes de empresas brasileiras lideradas por uma empresa mãe: no Brasil fornecedores 
locais de componentes para celulares estão buscando parcerias com multinacionais 
estabelecidas no país como por exemplo a Ericsson. É preciso estabelecer relações 
entre as redes de empresas e as multinacionais presentes no país. Neste ponto é 
necessário a intervenção de um elo de ligação entre as partes podendo ser representado 
pela Associação Brasileira da Indústria elétrica e eletrônica (ABINEE). 9 
• Acordo de transferência de tecnologia com empresas de outros países: este tipo de 
arranjo já existe no Brasil. O exemplo é encontrado na empresa Hosonic Industrial do 
Brasil com sede em pato Branco (Paraná) ; com capital 100% nacional a Hosonic 
nasceu em 1998, como resultado de um acordo de tecnologia com uma empresa de 
Taiwan. A empresa está concluindo um plano de investimentos para triplicar a 
capacidade produtiva de componentes piezoelétricos (cristais). A Hosonic tem entre 
seus principais clientes a indústria de telecomunicações, a de entretenimento, 
informática e automação. 
• Redes de Cooperação entre empresas de porte médio: essas redes seriam estabelecidas 
com a finalidade de aproveitar uma oportunidade de negócio e compartilhamento de 
tecnologia, recursos humanos, infra-estrutura. Por exemplo no caso específico doprocesso de encapsulamento de semicondutores só duas empresas no brasil realizam 
este procedimento, as empresas Itaucom e a Aegis, empresas estas do mesmo ramo que 
poderiam estabelecer futuras relações de cooperação com o intuito de cobrir e/ou 
fornecer em parte a demanda das indústrias de vários setores . 
 
 
 
6. Considerações Finais: 
 
A formação de cadeias produtivas globais pode ser analisada através de diversas 
abordagens conceituais. A idéia central é que cadeias produtivas apresentam estruturas de 
comando chamadas de governanças. Neste cenário globalizado as empresas devem lutam 
por uma competitividade sistêmica que em um determinado momento permita a inserção 
destas nas cadeias produtivas. Com relação a cadeia produtiva brasileira de componentes 
poder-se-ia pensar que a implantação de uma indústria difusora de memórias ou até de 
microprocessadores que fosse parceira de uma grande companhia internacional seria viável 
e teria sentido se ela consegue fornecer tanto o mercado nacional quanto o mercado da 
América Latina, é dizer que deverá alcançar um alto índice de exportação. È lógico que 
nada disto terá razão sem a criação de uma série de políticas públicas e industriais que 
incentivem a produção nacional de componentes eletro-eletrônicos. 
 
7. Referências Bibliográficas 
 
- Baptista,M.;Ribeiro,Ad. (1999) Atividades Tecnológicas de Cooperação na Indústria 
Brasileira de Componentes Eletroeletrônicos. Relatório ABINEE. Pag-1-24. São Paulo- 
Brasil. 
- Casarotto Filho, N.;Pires,L.H. (1998).Redes de Pequenas e Médias Empresas e 
Desenvolvimento Local. São Paulo: Atlas 
- Coase, R.H. (1937). “ The Nature of the Firm” Economica, no.4, pp386-405, reprinted in: 
Williamson, Oliver E. e Winter, Sidney G (eds.). The Nature of the Firm. New York, Oxford, 
University Press, 1991, pp 18-33. 
- Furlanetto, E. L. (2000). Coordenação Pela Cadeia Produtiva e geração de Inovações. In 
:Anais do XXI Simpósio de Gestão da inovação tecnológica. 7-10 de Novembro. FEA- USP. 
São Paulo. Brasil. 
- Gereffi, G (1994). The organization of buyer-driven global commodity chains: how U.S. 
retailers shape overseas production networks. In Gereffi and M. korzeniewicz (eds): 
Commodity chains and global capitalism, Westport: Praeger. 
- Gereffi, G. (1997). New Regional Divisions of labor in an Era of Globalisation. Working 
Paper at a Conference on Globalization the formation of Economic Blocs, National States and 
Regional response. Utrecht- The Netherlands- June 12-13. 
- Hakansson, P. et al. (1993). “ Strategic Alliances em Global Biotechnology- A network 
Approach”. International Business Review, vol.2, n1. Pp 65-82. 
- Kaplinsky, R. (1998). Globalisation, industrialisation and sustainable growth: the pursuit 
of the Nth Rent. Discussion paper 365. Institute of Development Studies- IDS- Sussex- 
England. 
- Machado, R. T.M. (1998). Tecnologia da informação e Competitividade em sistemas 
Agroindustriais: Um estudo Exploratório. “Revista Brasileira de Agroinformática”, v.1, 
no.1,pp 66-76. 
- Porter, M. (1986) Competition in Global Industries: a conceptual framework. In M. Porter 
(ed): competition in global industries. Boston. Harvard Business School Press. 
- Rademarkers, M.F.L. (1998). Inter-firm cooperations in agribusiness: towards a 
framework for cross-national analysis. Third Conference on Chain Management 
Agribusiness. Holland, pp 911-920. 
- Williamson, E. (1989). Las Instituciones Económicas del Capitalismo. Trad. Eduardo L. 
Suarez. México: Fondo de Cultura Económica. 
- Womack, J.P. et all (1992) A máquina que mudou o mundo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Campus.

Outros materiais