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AS CADEIAS PRODUTIVAS GLOBAIS: UMA PERSPECTIVA PARA INDUSTRIA BRASILEIRA DE COMPONENTES ELETRÔNICOS María Elena León Olave Departamento de Engenharia de Produção - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. – Av. Professor Almeida Prado- Trav.2- 2o.andar – CEP 05508-900.Cidade Universitária- São Paulo- Brasil João Amato Neto Departamento de Engenharia de Produção - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. – Av. Professor Almeida Prado- Trav.2-2º andar – CEP 05508-900.Cidade Universitária- São Paulo- Brasil ABSTRACT The growing liberalization of global economies and the changing technologies (especially information technology) supply more chances for enterprises to do business in international markets. In Brazil, after the opening of the market in 1990, the local industry is undergoing a deep restructuring process. The restructuring process is heavily influenced by the change of strategies of the transnational corporations in the country, and also dependent on the capacity of local firms in terms of creating the competitive strengths in the new forms of collective organization. This paper shows the role of governance, and here a distinction is made between two types of governance: those cases where the coordination is undertaken by buyers (buyer-driven chains) and those in which producers play the key role( producer driven chains). This paper debate of the environment Brazilian electronic components industry, trying to shimmer possible solutions for your insert in the global chains. Key words: global chains, networks, electronic components. 1. Introdução As profundas alterações ocorridas na economia mundial como a internacionalização, a formação de blocos econômicos e as rápidas mudanças, têm ressaltado ainda mas a questão da competitividade, tornando-se o centro das polêmicas públicas e empresariais. Porém, o ambiente que hoje se apresenta, faz com que se trate a competitividade de maneira“ sistêmica” Não é mais possível fazer planejamento setorial, sem levar em consideração os desdobramentos ao longo da cadeia produtiva. Um exemplo importante destas mudanças foi o que aconteceu com a cadeia automotiva (Womack, 1992), , onde através da busca pela integração total, as montadoras e seus fornecedores passaram a se relacionar intimamente, a ponto de que, qualquer alteração, tanto no produto como no processo, seja imediatamente sentida pelos outros elos. Na busca pela competitividade as empresas começaram a se tornar especialistas nas atividades que apresentam maiores vantagens (core competences) ampliando-se, assim, a necessidade de se coordenar as diversas etapas do processo produtivo entre os diferentes agentes econômicos. Diante disto, as relações cooperativas são incrementadas, racionalizando os custos de coordenação e de produção e, ao mesmo tempo, proporcionando a inovação pela cadeia produtiva. Uma das novas formas de relação entre as empresas é abordagem da network (rede) a qual tem se preocupado em entender como as estruturas sociais (relações sociais), têm influenciado o desempenho econômico. Diversos são os estudos que procuram demonstrar vantagens competitivas de certas formas sociais de organizações em relação às transações de troca com base no mercado, alguns desses autores citados por (Furlanetto, 2000) são: Granovetter, 1985; Uzzi 1996 e 1997; Lazerson,1995. Estas abordagens, baseiam-se no pressuposto de que os contratos sociais entre os diferentes atores de diferentes organizações podem modificar o comportamento e a ação destes agentes, alternando a lógica dos custos de transação, pois em ambientes de confiança, os custos para transacionar são bens menores. Segundo esta abordagem, participando de redes, as organizações passam a poder competir de diferentes formas: diferenciação de produto- associada ou não a um nicho de mercado; Liderança de custo- participando como fornecedora de uma grande rede e, Flexibilidade /custo participando de uma rede de empresas flexíveis( Casarotto Filho e Pires, 1998). Este artigo faz uma análise das diferentes formas em que são conduzidas as cadeias globais por parte das empresas com a finalidade de ampliar suas competências básicas e reforça a necessidade de coordenação das atividades econômicas (mercado, hierarquia, e cadeia produtiva). Também é apresentado o panorama do setor de componentes eletro-eletrônicos no Brasil e a coordenação pela cadeia produtiva, vislumbrando possíveis soluções para a incursão destas empresas brasileiras no mercado global. 2. As cadeias Globais No capitalismo global, as atividades econômicas não são só internacional no seu escopo, mas também são na sua organização. Internacionalização se refere à expansão geográfica de atividades econômicas frente as fronteiras nacionais. Como tal, não é um fenômeno novo, realmente, foi uma característica dominante no mundo econômico desde finais do século XVII quando impérios da colônia começaram a escudrinhar o mundo a procura de matérias primas e de novos mercados para seus produtos. A Globalização é muito mais recente que internacionalização porque implica na integração e coordenação de atividades internacionalmente dispersas. O capital comercial e industrial tem promovido a globalização estabelecendo dois tipos distintos de redes econômicas internacionais. Já o conceito de cadeia de valor foi usado nos anos 60s e 70s por analistas que desenharam o caminho no desenvolvimento de economias baseadas na exportação mineral. (Kaplinsky,1998). A cadeia de valor descreve uma gama de atividades que são exigidas para cada produto desde sua concepção, passando pelo desing, adquisição de matérias primas e fontes intermediárias, seu marketing, distribuição e suporte até o cliente final. Em outras palavras a cadeia pode ser vista como a incorporaçaõ da produção, troca, distribuição e consumo desde seu origem até o declínio de um determinado produto ou serviço. A recente proeminência da cadeia de valor como uma estrutura analítica surge do trabalho de Michael Porter, sendo, que hoje, um dos pilares do moderno Gerenciamento da cadeia de Suprimento (Porter, 1986). Um complemento importante do conceito de cadeia de valor é a idéia de que muitas cadeias são caracterizadas por uma parte dominante (ou algumas partes), chegando a ficar responsável pelo aperfeiçoamento de atividades e ligações entre os indivíduos e coordenando a interação entre as ligações. Este é o papel de governança, é feita uma distinção entre os dois tipos de governança. No caso onde a coordenação é empreendida por compradores chamada de (buyer-driven commodity chains) e o caso em que os produtores fazem o papel fundamental na cadeia conhecidos como Producer-driven commodity chains). (Gereffi, 1994). As cadeias do tipo Producer driven chain são aqueles nas quais grandes empresas industriais detêm o controle do sistema de produção, inclusive suas conexões para frente e para atrás. Esta é característica de industrias intensivas em capital e tecnologia como as indústrias de automóveis, computadores, semicondutores e maquinaria pesada. Este tipo de cadeia produtiva é usualmente comandada por empresas transnacionais. As cadeias do segundo tipo: buyer driven chain envolvem aquelas indústrias nas quais grandes varejistas e vendedores de marcas famosas (brandnamed marketers) têm um papel central no cenário das redes de produção descentralizada em vários países exportadores, tipicamente localizados no terceiro mundo. Este padrão de industrialização liderada pelo comércio é com freqüência intensivo em mão de obra, pelo menos em alguma de suas etapas, e característico de bens de consumo, como roupas, calçados, brinquedos, bens eletrônicos de consumo. A produção geralmente é levada para fora por meio de contratos mundiais comterceiros em países em desenvolvimento para finalizarem o processo de fabricação e acabado do produto final e enviam ao comprador estrangeiro. As especificações dos produtos são providas pelos grandes varejistas que ordenam os bens. Uma das principais características das empresas que se ajustam ao tipo de cadeia de produção buyer driven chain inclusive varejistas como Wal-Mark, J.C. Penney, companhias de calçado esportivas como Nike e Reebook é o fato de que elas comercializam o produto, mas não o fazem. Elas são parte de uma nova geração de fabricantes sem fábricas que separam a produção física de bens das etapas de desing e de marketing do processo de produção. De acordo com (Gereffi, 1994), os ganhos em cadeias conduzidas pelos compradores não derivam da escala, volume e avanços tecnológicos como nas cadeias conduzidas pelos produtores, mas de combinações únicas de pesquisa de alto valor, desing, vendas, marketing e serviços financeiros que permitem aos varejistas e vendedores atuarem como intermediários estratégicos unindo fábricas e comerciantes com nichos de produtos que evoluem nos principais mercados consumidores. A rentabilidade é maior nos segmentos relativamente concentrados de cadeias globais caracterizadas por barreiras altas à entrada de novas empresas. Nas cadeias conduzidas pelos produtores são feitos produtos avançados como aeronaves, automóveis, e computadores, e os fabricantes são considerados agentes econômicos chaves não só em termos de ganhos, mas também na sua habilidade para exercer controle sobre as ligações com fornecedores de matérias primas e componentes, e também possuem conexões entre a distribuição e o varejo. As principais características das cadeias globais conduzidas pelos produtores e pelos compradores são apresentadas na Tabela 1. As cadeias globais conduzidas pelos produtores e pelos compradores estão presentes em distintos setores industriais, elas são conduzidas por diferentes tipos de capital transnacional (industrial e comercial, respectivamente) e elas variam em seu núcleo de competências (no nível da firma) e suas barreiras de entrada ( no nível setorial). Os bens finalizados nas cadeias conduzidas pelos produtores tendem a serem fornecidos por transnacionais em países desenvolvidos, enquanto que os bens das cadeias que são conduzidas pelos compradores são geralmente feitos por firmas locais em países em desenvolvimento. Entretanto corporações transnacionais estabelecem redes verticais baseadas em investimentos, entanto que os varejistas, vendedores e companhias de negócios em cadeias conduzidas pelos compradores mantêm e coordenam redes horizontais baseados em negócios. (Gereffi, 1997). ITEM CADEIAS CONDUZIDAS PELOS PRODUTORES CADEIAS CONDUZIDAS PELOS COMPRADORES Condutores das Cadeias globais Capital industrial Capital Comercial Core competencies Pesquisa e desenvolvimento Produção Desenho Marketing Barreiras para entrar Economias de escala Economia de escopo Setores Econômicos Consumidor duradouro Bens intermediários Bens de capital Consumidor não duradouro Industrias típicas Automóveis, computadores, aeronaves Vestuário, calçado, brinquedos Relações de propriedade das firmas fabricantes Firmas transnacionais Firmas locais com predomínio em países em desenvolvimento Principal relação da rede Baseado em investimentos Baseado em negócios Estrutura predominante da rede Vertical Horizontal Tabela 1. Principais Características das Cadeias Globais. 3. As relações inter-organizacionais e suas estruturas de governança As organizações controlam diversos tipos de recursos e estes recursos dependem mutuamente uns dos outros. Estas interdependências, portanto, criam a necessidade de uma estrutura de coordenação para economizar o uso dos recursos e criar mudanças inovativas. Sendo assim, esta interdependência pode influenciar a estrutura das relações interorganizacionais (Hakansson,1993). Segundo este enfoque, as empresas administram suas dependências externas através da construção de pontes (alianças) com outras organizações, alterando a fronteira das organizações, tanto por meios formais como informais. Dentre estas estratégias incluem-se fusões, aquisições, alianças, parcerias formais e informais, joint ventures, enfim, boa parte das estruturas conceituadas por Williamson (1989) de “ estruturas híbridas” . Num primeiro momento, Williamson apresenta as estruturas de mercado e integração vertical, para posteriormente incorporar uma terceira estrutura: a híbrida (contratos). Segundo o autor a escolha da estrutura de governança se dará com base nos pressupostos compartamentais (oportunismo e racionalidade limitada) e as dimensões das transações (especificamente de ativos, freqüência e incerteza), a partir de um alinhamento com o ambiente institucional, pois para o autor, o ambiente institucional exerce influência direita na determinação do mecanismo de coordenação das atividades organizacionais. (Furlanetto, 2000) . Além das duas formas de se coordenar a atividade econômica citadas por (Williamson,1989 e Coase 1937),existe uma terceira forma a coordenação pela cadeia produtiva. Segundo (Furlanetto, 2000) a forma de estrutura responsável pela coordenação da cadeia produtiva (ver figura 1) depende do ambiente institucional; das características econômicas das transações (ativos específicos, freqüência, risco incerteza e contratos); das características sociais das relações verticais (confiança, status e interesses comuns) e das características básicas das relações verticais (interdependência, cooperação e competitividade) podendo assumir, entre outras, as seguintes formas: Ambiente Institucional Características Sociais das relações verticais Características Econômicas das transações Características Básicas das relações verticais Estrutura de Coordenação pela Cadeia Produtiva Figura 1. Estrutura de Coordenação pela cadeia produtiva • Integrações via contratos e com exclusividade de fornecimento: caso específico de grandes empresas que atuam no agribusiness, onde existe uma empresa líder e responsável pela definição da estratégia sistêmica. Importantes exemplos desta modalidade de estrutura de coordenação é o que desenvolvem as grandes empresas brasileiras que atuam no setor de alimentos, tais como a Sadia e a Perdigão; (Machado, 1998) • Redes de empresas lideradas por uma grande empresa líder: é o caso da indústria automobilística embora predomine a estratégia da grande empresa e as transações são via contrato, as fornecedoras ou subfornecedoras, possuem uma maior liberdade de ação, diferente do caso anterior, onde as empresas são obrigadas, por contrato, a fornecer somente para a empresa líder, são importantes exemplos deste caso as cadeias produtivas das grandes montadoras, tais como a GM e a Ford; • Rede flexível de pequenas e médias empresas : Este é um fato muito comum nas manufaturas italianas de roupas, calçados, cerâmicas e produtos do agribusines, com as pequenas e médias empresas formando consórcios para diferentes finalidades. Importantes exemplos desta estrutura de coordenação são vistos nos estudos de Casarotto Filho e Pires (1998), onde os autores, destacam iniciativas cooperativas ao longo das cadeias produtivas em diversos setores italianos do agribusiness, tais como o consórcio da “Batata de Bologna” . • Associações, Sindicatos e Federações: como ocorrido com o setor de batatas na Holanda e destacado por Rademarkers (1998), segundo este autor, estas organizações intermediárias proporcionam uma vantagem competitiva e servem de importante suporte às administrações individuais dos diferentes agentes. 4. A Cadeia Produtiva Brasileira na área de Componentes Eletroeletrônicos A industria mundial de componentes está sendo submetidaa fortes pressões de mercado no sentido de maior capacidade de processamento, menores dimensões, maior confiabilidade, menores tensões de operação e redução de custos. Cada vez mais estas pressões estão atreladas ao fator tecnológico com a utilização de equipamentos sofisticados de alta produtividade e de alto custo e do desenvolvimento de novos materiais que servem de insumo para esta indústria. Por exemplo, a medida que os circuitos integrados ficam cada vez mais densos de elementos ativos – os transistores – são desenvolvidas novas formas de empacotamento que ocupam cada vez menos espaço mas capazes de mitigar as tensões superficiais entre os diversos materiais envolvidos, dissipar a grande quantidade de calor gerado e de acomodar o maior número de conexões entre o circuito integrado e os demais componentes do sistema. A tecnologia esta presente não somente na produção de componentes mas também na montagem de sistemas a partir deles, em virtude da complexidade dos processos e da precisão e confiabilidade exigidas. Para isto são utilizados equipamentos, e mesmo insumos, de alto valor tecnológico agregado, isto é, equipamentos que embutem grande parte dos avanços tecnológicos deste setor industrial. Entre os produtos que dependem da alta tecnologia estão os telefones celulares, computadores e outros aparelhos portáteis, produtos estes que são fabricados e comercializados globalmente. (Baptista e Ribeiro, 1999). Obviamente nem todos os produtos eletrônicos estão baseados em alta tecnologia. De fato, pode-se dizer que a maior parte deles estão baseados em tecnologia mais madura, por exemplo, dispositivos de potência, geradores de energia, eletrodomésticos etc., que utilizam componentes e processos de montagem disponíveis no mercado a bastante tempo. Entretanto, apesar dos componentes eletrônicos poderem ser discriminados quanto ao seu nível tecnológico eles são tipicamente produtos padrões para os quais o custo é o principal fator competitivo. Assim, podemos concluir que em geral as pressões de globalização na área de componentes é alta. As exceções ficam por conta de componentes projetados especificamente para atender as necessidades de empresas locais. Considerando-se que no mercado de componentes a tecnologia e o preço são os fatores dominantes na competitividade das empresas e pelo fato que ao longo dos últimos anos vem ocorrendo um downgrading tecnológico do setor produtivo, seja pela defasagem tecnológica de seus equipamentos ou pela redução drástica das atividades de P&D, podemos inferir que as empresas não desenvolveram valores de competitividade que possam ser transferidos para mercados no exterior. Estas considerações restringem-se a indústria de componentes e não deve ser confundida com a indústria de sistemas eletrônicos em geral, desenvolvidos a partir destes mesmo componentes, cujo valor agregado está no projeto, que pode ser mais facilmente direcionado para atender nichos específicos. Aqui as oportunidades de diversificação são bem maiores. (ver figura 2. ) Cadeia Produtiva Eletrônica (Componentes) Eletrônica de Consumo Informática Indústria de Telecomunicações Indústria Automobilística Relações de Fornecimento Bens Finais Integração de Sistemas Testes Montagem Limpeza Litografia Difusão (Gravação) Insumos Figura 2. A Cadeia Produtiva Eletrônica ( Área de Componentes) 5. Vislumbrando possíveis soluções para as empresas do setor Particularmente a indústria brasileira de componentes eletroeletrônicos encontra-se atualmente em uma situação de grande fragilidade do ponto de vista econômico e tecnológico, conforme revela uma recente pesquisa encomendada pela ABINEE (Baptista e Ribeiro, 1999,p 1-20). Esta situação decorre, em grande medida, da intensidade e natureza do processo de ajustamento desta indústria ao longo da década de noventa, cujas raízes mais profundas remontam ao processo de abertura comercial e aos efeitos deletérios da valorização cambial e do incremento no patamar das taxas de juros que acompanharam o Plano Real. Esta fragilização não foi somente resultado de um processo de rarefação do tecido industrial na indústria de componentes, que se manifestou inclusive no fechamento ou contração drástica das atividades industriais de várias empresas, mas também da adoção de estratégias de ajuste ao novo cenário, muitas vezes de natureza defensiva e reativa, que tiveram implicações relevantes do ponto de vista produtivo e tecnológico. De uma forma geral, é possível sintetizar este movimento de ajuste em três linhas básicas: (i) redimensionamento do escopo das atividades industriais implementadas não só como resultado do encerramento de linhas de produto mas também, e em alguns casos, da complementação do leque de componentes comercializados pela empresa por importações; (ii) redefinição da própria linha de produtos fabricados através da especialização das empresas em segmentos de mercado onde possuíam maiores vantagens competitivas e, portanto, maior capacidade de sobrevivência frente às importações e da busca por nichos de mercado, (iii) reorientação de seus mercados finais, com a busca de mercados alternativos aos de informática e eletrônica de consumo, cujas empresas orientaram suas estratégias de sourcing para o mercado internacional, neste sentido, observam-se várias incursões nos mercados de iluminação, linha branca e autopeças e, principalmente, telecomunicações. Assim, no caso da indústria brasileira de componentes eletrônicos observa-se atualmente grupos de empresas com diferentes características, dependendo da possível inserção em cadeias produtivas podemos vislumbrar como possíveis arranjos : • Integração via contratos com grandes empresas multinacionais que operam no país: grandes corporações multinacionais com subsidiárias no Brasil precisam de uma produção local de componentes para a fabricação de produtos principalmente na área de telecomunicações e informática. Entre essas multinacionais podemos mencionar: Texas Instruments, Motorola, Intel, Philips, National, fairchiled. Uma possível solução seria a criação de uma política pública e industrial que incentive a produção local, onde empresas brasileiras poderiam via contratos com multinacionais fornecer esse tipo de componentes. Na atualidade a Solectron, fabricante norte-americana de componentes para telefonia é quem fornece estes componentes via importação para empresas do setor de comunicações. • Redes de empresas brasileiras lideradas por uma empresa mãe: no Brasil fornecedores locais de componentes para celulares estão buscando parcerias com multinacionais estabelecidas no país como por exemplo a Ericsson. É preciso estabelecer relações entre as redes de empresas e as multinacionais presentes no país. Neste ponto é necessário a intervenção de um elo de ligação entre as partes podendo ser representado pela Associação Brasileira da Indústria elétrica e eletrônica (ABINEE). 9 • Acordo de transferência de tecnologia com empresas de outros países: este tipo de arranjo já existe no Brasil. O exemplo é encontrado na empresa Hosonic Industrial do Brasil com sede em pato Branco (Paraná) ; com capital 100% nacional a Hosonic nasceu em 1998, como resultado de um acordo de tecnologia com uma empresa de Taiwan. A empresa está concluindo um plano de investimentos para triplicar a capacidade produtiva de componentes piezoelétricos (cristais). A Hosonic tem entre seus principais clientes a indústria de telecomunicações, a de entretenimento, informática e automação. • Redes de Cooperação entre empresas de porte médio: essas redes seriam estabelecidas com a finalidade de aproveitar uma oportunidade de negócio e compartilhamento de tecnologia, recursos humanos, infra-estrutura. Por exemplo no caso específico doprocesso de encapsulamento de semicondutores só duas empresas no brasil realizam este procedimento, as empresas Itaucom e a Aegis, empresas estas do mesmo ramo que poderiam estabelecer futuras relações de cooperação com o intuito de cobrir e/ou fornecer em parte a demanda das indústrias de vários setores . 6. Considerações Finais: A formação de cadeias produtivas globais pode ser analisada através de diversas abordagens conceituais. A idéia central é que cadeias produtivas apresentam estruturas de comando chamadas de governanças. Neste cenário globalizado as empresas devem lutam por uma competitividade sistêmica que em um determinado momento permita a inserção destas nas cadeias produtivas. Com relação a cadeia produtiva brasileira de componentes poder-se-ia pensar que a implantação de uma indústria difusora de memórias ou até de microprocessadores que fosse parceira de uma grande companhia internacional seria viável e teria sentido se ela consegue fornecer tanto o mercado nacional quanto o mercado da América Latina, é dizer que deverá alcançar um alto índice de exportação. È lógico que nada disto terá razão sem a criação de uma série de políticas públicas e industriais que incentivem a produção nacional de componentes eletro-eletrônicos. 7. Referências Bibliográficas - Baptista,M.;Ribeiro,Ad. (1999) Atividades Tecnológicas de Cooperação na Indústria Brasileira de Componentes Eletroeletrônicos. Relatório ABINEE. Pag-1-24. São Paulo- Brasil. - Casarotto Filho, N.;Pires,L.H. (1998).Redes de Pequenas e Médias Empresas e Desenvolvimento Local. São Paulo: Atlas - Coase, R.H. (1937). “ The Nature of the Firm” Economica, no.4, pp386-405, reprinted in: Williamson, Oliver E. e Winter, Sidney G (eds.). The Nature of the Firm. New York, Oxford, University Press, 1991, pp 18-33. - Furlanetto, E. L. (2000). Coordenação Pela Cadeia Produtiva e geração de Inovações. In :Anais do XXI Simpósio de Gestão da inovação tecnológica. 7-10 de Novembro. FEA- USP. São Paulo. Brasil. - Gereffi, G (1994). The organization of buyer-driven global commodity chains: how U.S. retailers shape overseas production networks. In Gereffi and M. korzeniewicz (eds): Commodity chains and global capitalism, Westport: Praeger. - Gereffi, G. (1997). New Regional Divisions of labor in an Era of Globalisation. Working Paper at a Conference on Globalization the formation of Economic Blocs, National States and Regional response. Utrecht- The Netherlands- June 12-13. - Hakansson, P. et al. (1993). “ Strategic Alliances em Global Biotechnology- A network Approach”. International Business Review, vol.2, n1. Pp 65-82. - Kaplinsky, R. (1998). Globalisation, industrialisation and sustainable growth: the pursuit of the Nth Rent. Discussion paper 365. Institute of Development Studies- IDS- Sussex- England. - Machado, R. T.M. (1998). Tecnologia da informação e Competitividade em sistemas Agroindustriais: Um estudo Exploratório. “Revista Brasileira de Agroinformática”, v.1, no.1,pp 66-76. - Porter, M. (1986) Competition in Global Industries: a conceptual framework. In M. Porter (ed): competition in global industries. Boston. Harvard Business School Press. - Rademarkers, M.F.L. (1998). Inter-firm cooperations in agribusiness: towards a framework for cross-national analysis. Third Conference on Chain Management Agribusiness. Holland, pp 911-920. - Williamson, E. (1989). Las Instituciones Económicas del Capitalismo. Trad. Eduardo L. Suarez. México: Fondo de Cultura Económica. - Womack, J.P. et all (1992) A máquina que mudou o mundo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Campus.
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