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A história por trás das canções de Tom Jobim Revista Bula

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A história por trás das canções de
Tom Jobim
Para comentar o livro “Histórias de Canções: Tom
Jobim”, de Luiz Roberto Oliveira e Wagner Homem
(Casa da Palavra, 320 páginas) da faz-se necessário
um preâmbulo: Tom nasceu pelas mãos do mesmo
obstetra que dez anos antes trouxe ao mundo Noel
Rosa. Órfão de pai aos oito anos, teve no padrasto
seu maior incentivador musical, embora já vivesse em
uma família recheada de músicos. Na adolescência,
encantou-se com a música e teve como principal
companheiro o violão, além do mar e do mato.
Como se antevisse a vida de seu �lho, Dona Nilza
Jobim, a matriarca, alugou um piano, e desde então
Antônio Carlos passou a explorar o instrumento
intensamente. Teve vários professores, mas foi Lúcia
Branco (professora de Nelson Freire, Arthur Moreira
Lima, Luiz Eça e Jacques Klein) quem sentiu nele a
vocação para a composição. Ao concluir um exercício
solicitado pela mentora, em 1947, surge a “Valsa
sentimental”, música que carregava toda a in�uência
dos compositores eruditos que ele estudava à época.
Tom dizia que essa música seria sempre instrumental,
até que a apresentou a Chico Buarque, em 1983. Chico
não só mudou o título da canção como também lhe
inseriu um poema belíssimo, surgindo daí a música
“Imagina”.
POR FERNANDO PACÉLI SIQUEIRA
EM MÚSICA
Manuel Bandeira, Chico Buarque, Tom Jobim e Vinícius de
Moraes
O primeiro sucesso veio no ano de 1954, com “Tereza
da praia”, música encomendada a Billy Blanco por
Dick Farney, e que Tom musicou. Entretanto, pelo fato
de sua mulher também se chamar Tereza, ter uma
pinta no rosto e por ele tê-la conhecido na praia,
Jobim �cou desgostoso, pois sua amada seria
conhecida por todos como Tereza da praia. Tom não
gostava de trabalhar na noite e dizia que estava indo
para o “cubo das trevas”, um lugar onde os bêbados
eram os comandantes.
Em 1956, acontece o encontro daqueles que
comporiam a dupla mais famosa e emblemática da
música popular brasileira: Tom e Vinicius. Mesmo sem
muita convicção do que estava fazendo, Vinicius
decidiu entregar a peça “Orfeu da Conceição” para
que Tom a musicasse. Dentre tantas composições,
uma se destacou das demais, e se tornaria um
sucesso perene: “Se todos fossem iguais a você”.
Vinicius, muito ciumento, passou então a ocupar todo
o tempo de Tom e este, por sua vez, dava suas
escapadelas para compor com Aloysio de Oliveira,
Newton Mendonça e Dolores Duran.
Quando se formou a tríplice coroa (Tom ao piano
com as letras de Vinicius e o violão de João Gilberto),
surgiu com ela a Bossa Nova, que promoveu seu
germinar com o LP de Elizeth Cardoso, “Canção do
Amor Demais”.
Histórias de Canções: Tom Jobim, de Luiz
Roberto Oliveira e Wagner Homem (Casa da
Palavra, 320 páginas)
Mas o sucesso veio mesmo com João Gilberto,
interpretando “Chega de saudade”, um marco em
nossa história. Pouco tempo depois, tendo Newton
Mendonça como letrista, Tom compôs “Desa�nado”,
cuja verdadeira intenção era fazer graça com os
vários cantores desa�nados que havia naquela
época. A pilhéria �cou séria e João Gilberto a gravou
de maneira antológica. Sinatra também! As versões
de Stan Getz e Charlie Byrd venderam um milhão de
cópias. “Desa�nado” foi tão importante para a
divulgação dessa nova música brasileira que o
primeiro disco de Tom nos EUA recebeu o título de
“Antônio Carlos Jobim — The Composer of
Desa�nado plays”.
O ano de 1959 foi marcante na vida de Tom Jobim, já
que nele foram lançados três álbuns representativos
da bossa nova, com o vanguardista “Chega de
Saudade” de João Gilberto tornando-se um ícone
desde então. Como compunham cameristicamente,
Tom e Vinicius emplacaram nesse mesmo ano nove
músicas inéditas no álbum de Lenita Bruno. Pena que
o ano terminou com a morte de Villa Lobos, um dos
ídolos de Tom.
Na de�nição de Tom, Vinicius era um poliedro cujo
número de faces tendia ao in�nito, tal sua capacidade
em se imiscuir, com rara qualidade, em vários ramos
da cultura: cinema, teatro, música e literatura.
A “Sinfonia da Alvorada” foi uma obra composta por
Tom e Vinicius, sob encomenda de JK, para a
inauguração de Brasília. A melodia desta obra é
permeada por trechos incidentais de outras obras de
Tom, sendo que o gran �nale traz um trecho coral,
recurso muito usado por J.S. Bach.
Na rua Nascimento Silva, onde morava, Tom
vislumbrava de sua sacada o Corcovado e o
Redentor. Surge aí a pictórica “Corcovado”, que seria
gravada por vários cantores brasileiros e também por
Johnny Mathis, Tony Bennett, Doris Day, Perry Como
e Nancy Wilson.
“Samba de uma nota só”, uma obra de Tom e Newton
Mendonça, emergiu após cinco anos de construção, e
se tornou a segunda música brasileira mais
conhecida no mundo.
Em 1961 é lançado nos EUA o álbum “Brazil’s Brilliant
João Gilberto”. Em abril de 62, é lançado “Jazz
Samba”, com uma versão instrumental de
“Desa�nado” por Stan Getz e Charlie Byrd que vendeu
1 milhão de cópias. A bossa nova estava plantada na
terra de Tio Sam. Consagrou-se de vez no �nal
daquele ano, com o lendário espetáculo do Carnegie
Hall, desorganizado, mas profícuo. E o ano de 1962
termina com “Garota de Ipanema”, a canção
brasileira mais executada no mundo, surgida numa
mesa de bar desse mesmo bairro, por onde uma
normalista passava, vindo do colégio, para depois
voltar de maiô em direção ao mar…
Certa vez numa festa, havia uma moça que se
negava a dançar twist e chá-chá-chá, dizendo em
alto e bom tom: só danço samba! Foi o mote para
que Tom e Vinicius compusessem “Só danço samba”.
“Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim”, o
disco gravado por ambos após Sinatra tê-lo
chamado aos EUA para trabalharem juntos, é com
certeza um dos melhores álbuns da história da
música popular do século 20.
Em 1967 Tom compõe, sozinho, “Wave” e “Triste”, esta
última composta em uma tarde, na Califórnia.
“Retrato em Branco e Preto” marca o início de uma
parceria proveitosa entre Tom e Chico Buarque. Reza
a lenda que Tom, depois de receber a letra pronta,
questionou Chico sobre o motivo de os versos
falarem em retrato em branco e preto e não em preto
e branco, a forma mais comum, ao que Chico teria
respondido: “então terei que mudar para ‘vou
colecionar mais um tamanco, outro retrato em …’”, e o
resto todos sabem.
Porém a primeira vaia estava por vir e, veio com
“Sabiá”, composição de câmara, muito elaborada, e
criada em parceria com Chico. Ganharam o festival
da canção em que a música concorria sob os apupos
da plateia, que torcia por uma canção engajada ao
momento político vivido.
Ainda que tivesse recusado propostas importantes
para musicar �lmes, Tom �nalmente aceitou compor
a trilha de “The Adventurers”, baseado em romance
de Harold Robbins. Surgiam aí “Chovendo na roseira”
e “Olha, Maria”, esta última com letra de Chico e
Vinicius.
A canção “Matita Perê” deu-lhe um trabalho enorme,
pois não conseguia terminá-la. Ao tempo de sua
composição, num dia chuvoso em seu sítio em Poço
Fundo, Tom dedilhou as primeiras notas de “Águas de
Março”, cuja letra foi feita em um papel de embrulho.
“Matita Perê”, nome de um pássaro que gosta do
ermo, é então terminada com letra de Paulo César
Pinheiro, com citações de Mário Palmério, Drummond
e Guimarães Rosa. Foi tema principal do �lme
“Sagarana”, de Paulo Thiago.
Suspeita-se que “Ligia” tenha sido escrita para Lygia
Moraes, que viria a ser mulher de Fernando Sabino.
“Ana Luiza” foi uma canção premonitória, no dizer de
Tom, que teve a inspiração no bar Antonio’s, quando
lá chegou uma moça linda e alta com esse nome.
Inspiração premonitória, pois ele se casou com Ana e
teve uma �lha Luiza.
E dois bicudos se bicaram: em Los Angeles, onde Tom
morava, Tom e Elis iniciaram juntos um projeto
desencadeado pela gravadora Philips para
comemorar os dez anos de carreira da inesquecível
pimentinha. O encontro resultou num dos melhores
momentos da música popular e osdois, mesmo às
turras, se entenderam maravilhosamente bem.
Antonio Carlos Jobim e Frank Sinatra
Em 1976, Tom, com sua verve ecológica, lança um
disco com o título “Urubu”. Nada mais Antonio Carlos
Brasileiro de Almeida Jobim. Nele estão as
composições “Boto”, “Correnteza”, “Ângela”, “Lígia”,
“Saudade do Brasil”, “Valse”, “Arquitetura de Morar” e
“O Homem”. Por incrível que pareça, a começar do
título, este é o trabalho mais erudito de Tom.
“Falando de amor”, que este resenhista reputa como
a mais bela do cancioneiro popular brasileiro, foi
dedicada à segunda mulher de Tom, Ana Lontra
Jobim .
Mais uma história de Tom e Sinatra: Sinatra estava
em temporada no Carnegie Hall, com todos os
ingressos esgotados. Os dois se encontraram na
coxia, e no dia seguinte Tom e sua família estavam
assistindo ao show quando um facho de luz os
iluminou, enquanto Sinatra registrava, naquele
momento, a presença na plateia do “melhor
compositor do mundo: Antonio Carlos Jobim.
“Two kites”, originalmente escrita em inglês, com letra
e música de Tom, o levou de volta à Billboard, tendo
ninguém menos do que Michael Jackson como
intérprete. 
“Edu & Tom” foi outro álbum antológico: Edu ao
violão, e Tom ao piano, passearam pela música como
se passeia num bosque em Viena.
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“Luíza” foi composta para uma novela, tendo como
pano de fundo a beleza exuberante de Vera Fischer.
As raízes gaúchas de Tom (seu pai era do Rio Grande
do Sul) foram expostas quando ele criou a trilha
sonora para o seriado “O Tempo e o Vento”, baseado
na obra de Erico Verissimo.
“Passarim” foi o start para a divulgação da banda
mais nepotista de todos os tempos: a Banda Nova,
composta por ele, mulher, �lhos e alguns agregados.
“Anos dourados”, também composta por encomenda
da Rede Globo, para a minissérie homônima, foi ao ar
apenas na versão instrumental, pois Chico, seu
parceiro nessa música, só conseguiu terminar a letra
após o �m da veiculação da minissérie.
Em 1987, Tom teve seu nome registrado no Hall of
Fame, ao lado de Cole Porter, Michel Legrand, Irmãos
Gershwin e Irving Berlin.
“Antônio Brasileiro”, de 1994, é seu último disco. Tom
Jobim não morreu: parafraseando Monteiro Lobato,
ele virou hipótese. “Quando uma árvore é cortada, ela
renasce em outro lugar. Quando eu morrer quero ir
para esse lugar, onde as árvores vivem em paz.”
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