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FARMACOEP E FARMACOVIGIL

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1 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA
2 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Este  material  é  parte  integrante  da  disciplina  “Farmacovigilância  e 
Farmacoepidemiologia”  oferecido  pela  UNINOVE.  O  acesso  às  atividades,  as 
leituras interativas, os exercícios, chats, fóruns de discussão e a comunicação com 
o professor devem ser feitos diretamente no ambiente de aprendizagem on­line.
3 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Sumário 
AULA 01 • FÁRMACO, MEDICAMENTO, DROGA, NOME GENÉRICO, NOME QUÍMICO ............6 
O mercado farmacêutico .............................................................................................................8 
Exercícios....................................................................................................................................9 
AULA 02 • DESENVOLVIMENTO DE NOVOS FÁRMACOS.........................................................11 
Como são desenvolvidos os novos fármacos ............................................................................11 
Fontes das novas entidades químicas...................................................................................11 
Ensaios pré­clínicos ..................................................................................................................11 
Ensaios clínicos.........................................................................................................................13 
Diferenças entre ensaios clínicos e estudos observacionais......................................................15 
As fases da resposta terapêutica...............................................................................................16 
Fases: farmacêutica, farmacocinética e farmacodinâmica.........................................................16 
Fase farmacêutica .................................................................................................................16 
Fase farmacocinética.............................................................................................................16 
Fase farmacodinâmica ..........................................................................................................16 
Exercícios..................................................................................................................................17 
AULA 03 • NOÇÕES BÁSICAS DE ESTATÍSTICA: PARTE I........................................................18 
Estatística descritiva..................................................................................................................18 
Média ........................................................................................................................................19 
Mediana ....................................................................................................................................20 
Moda .........................................................................................................................................21 
Variância ...................................................................................................................................22 
Desvio­padrão ...........................................................................................................................23 
Coeficiente de variação .............................................................................................................24 
Teste de hipótese......................................................................................................................24 
Teste qui­quadrado ...................................................................................................................24 
Exercícios..................................................................................................................................25 
AULA 04 • NOÇÕES SOBRE ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS ..........................................28 
População .................................................................................................................................28 
Amostragem..............................................................................................................................29 
Coleta de dados ........................................................................................................................30 
Questionário e formulário ..........................................................................................................31 
Entrevista ..................................................................................................................................32 
Exercícios..................................................................................................................................32 
AULA 05 • FARMACOEPIDEMIOLOGIA: CONCEITOS E HISTÓRICO ........................................34 
Farmacoepidemiologia no Brasil................................................................................................37 
Exercícios..................................................................................................................................39 
AULA 06 • ESTUDOS OBSERVACIONAIS ANALÍTICOS E FARMACOEPIDEMIOLOGIA ...........41 
Conceito de causa.....................................................................................................................41 
Conceito de risco.......................................................................................................................41 
Conceito de efeito......................................................................................................................42 
Incidência e prevalência ............................................................................................................43 
Estudos de caso­controle ..........................................................................................................43 
Estudos coorte ..........................................................................................................................44 
Exercícios..................................................................................................................................45 
AULA 07 • ESTUDOS DE UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS (EUM): OBJETIVOS E 
METODOLOGIA............................................................................................................................47 
Os objetivos dos EUM...............................................................................................................47
4 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
A metodologia dos EUM............................................................................................................47 
O objetivo do sistema ATC/DDD ...............................................................................................49 
A origem e estrutura da classificação ATC ................................................................................49 
Critérios de inclusão e revisão da classificação ATC.................................................................51 
Exercícios..................................................................................................................................51 
AULA 08 • CLASSIFICAÇÃO DOS EUM.......................................................................................53 
Interpretação dos resultados dos EUM......................................................................................54 
Aplicações dos EUM .................................................................................................................56 
Exercícios..................................................................................................................................56 
AULA 09 • PROBLEMAS RELACIONADOS AOS MEDICAMENTOS (PRM) ................................58Exercícios..................................................................................................................................61 
AULA 10 • ERROS DE MEDICAÇÃO............................................................................................63 
Tipos de erros de medicação.....................................................................................................66 
Exercícios..................................................................................................................................69 
AULA 11 • USO RACIONAL DOS MEDICAMENTOS....................................................................71 
Exercícios..................................................................................................................................75 
AULA 12 • FARMACOVIGILÂNCIA: SEU PAPEL E DEFINIÇÕES................................................77 
Reação adversa, evento adverso e outras definições em farmacovigilância..............................79 
Exercícios..................................................................................................................................80 
AULA 13 • REAÇÕES ADVERSAS AOS MEDICAMENTOS (RAMs) ............................................82 
Classificação das reações adversas..........................................................................................82 
Reações do tipo A (Augmented ­ aumentadas) .....................................................................83 
Reações do tipo B (bizarras, raras) .......................................................................................83 
Outros tipos de reações (tipos: C, D, E e F)...........................................................................84 
Exercícios..................................................................................................................................85 
AULA 14 • FARMACOVIGILÂNCIA: UM POUCO DE HISTÓRIA ..................................................87 
Exercícios..................................................................................................................................90 
AULA 15 • FARMACOVIGILÂNCIA: IMPORTÂNCIA E CONCEITOS ...........................................91 
Aspectos gerais das fases de desenvolvimento de medicamentos e tipos de estudos ..............91 
Estudos pré­clínicos (estudos realizados em animais)...........................................................91 
Estudos clínicos (estudos realizados em humanos)...............................................................91 
Estudos clínicos de fase I ......................................................................................................91 
Estudos clínicos de fase II .....................................................................................................92 
Estudos clínicos de fase III ....................................................................................................92 
Estudos clínicos de fase IV(pós­comercialização) .................................................................92 
Conceito, objetivos e métodos da farmacovigilância..................................................................93 
Exercícios..................................................................................................................................94 
AULA 16 • COMO MONTAR UM CENTRO DE FARMACOVIGILÂNCIA.......................................96 
Desenvolvimento do centro de farmacovigilância conforme abrangência de atuação................96 
Estratégias para montagem do centro de farmacovigilância......................................................97 
O que deve ser considerado na prática da montagem do centro de farmacovigilância..............98 
Exercícios..................................................................................................................................99 
AULA 17 • SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICOS E SUSPEITA DE RAM ........................101 
Considerações iniciais.............................................................................................................101 
A entrevista farmacêutica ........................................................................................................102 
Fase de estudo........................................................................................................................103 
Fase de avaliação ...................................................................................................................103 
Fase de intervenção ................................................................................................................103 
Exercícios................................................................................................................................104 
AULA 18 • DETERMINAÇÃO DA CAUSALIDADE ATRAVÉS DE ALGORITMOS.......................106 
Algoritmos de Karch e Lasagna...............................................................................................108 
Algoritmo de Naranjo...............................................................................................................108
5 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Causalidade segundo a Sociedade Espanhola de Farmacovigilância .....................................109 
Categorias de causalidade no âmbito europeu........................................................................110 
Exercícios................................................................................................................................111 
AULA 19 • PROGRAMAS DE NOTIFICAÇÃO ESPONTÂNEA, O QUE E COMO NOTIFICAR ...112 
Os métodos mais utilizados para detectar os efeitos indesejados são:....................................113 
O que notificar? .......................................................................................................................114 
Como notificar as RAMs? ........................................................................................................114 
Considerações adicionais sobre segurança dos medicamentos..............................................115 
Exercícios................................................................................................................................115 
AULA 20 • AVALIANDO AS NOTIFICAÇÕES DE CASO ............................................................117 
Processamento de dados........................................................................................................118 
Limitações ao utilizar os dados................................................................................................119 
Exercícios................................................................................................................................120 
BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................................................122
6 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Medicamentos são produtos compostos por princípio ativo e excipientes e têm as 
seguintes finalidades: curativa, profilática, paliativa e diagnóstica. Princípio ativo é a substância 
química que atua sobre os processos fisiológicos e bioquímicos do organismo. O nome químico 
da substância é o nome genérico utilizado nos medicamentos genéricos. O medicamento é 
desenvolvido a partir de pesquisas pré­clínicas e clínicas, além disso, são realizados estudos pós­ 
comercialização. 
AULA  01  •  FÁRMACO,  MEDICAMENTO,  DROGA,  NOME 
GENÉRICO, NOME QUÍMICO 
Podemos entender fármaco como o princípio ativo, ou seja, aquela substância química 
capaz de interferir nos diferentes processos bioquímicos e fisiológicos do organismo. 
Os  fármacos  são  designados  pelo  nome  químico,  que  faz  referência  a  sua  estrutura 
química,  relacionado à  descoberta  da  substância  com  atividade  farmacológica.  Pode  aindaser 
designado pelo nome genérico,  considerado o nome oficial,  encontrado nas DCB e DCI. Ainda 
pode  ser  designado  com  o  nome  comercial,  que  é  o  nome  da  marca  registrada,  da  patente. 
Geralmente são nomes mais simples do que os que fazem referência a estrutura química. 
A  palavra  fármaco  deriva  do  termo  grego  phármakon,  que  pode  significar  veneno  e 
remédio.  Na  terminologia  farmacêutica,  fármaco  designa  uma  substância  química 
conhecida  e  de  estrutura  química  definida,  dotada  de  propriedade  farmacológica. 
Podem  ser  classificados  quanto  à  origem:  animal,  vegetal,  mineral,  semi­sintética, 
sintética. 
Princípio  ativo  é  substância  de  estrutura  química  definida,  usada  terapeuticamente 
para  modificar,  estimular,  deprimir  e  diagnosticar  funções  fisiológicas  normais  ou 
alteradas.  Vide Resolução RDC nº 211, de 17 de novembro de 2006.
7 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Já o medicamento contém o princípio ativo incorporado pelos excipientes. Os excipientes 
não têm papel farmacológico e sim a função principal de dar forma ao medicamento, compondo a 
forma farmacêutica (cápsulas, comprimidos, xaropes, etc). Outras funções dos excipientes podem 
ser: proteção do ambiente, alteração de sabor para tornar o medicamento palatável, alteração da 
forma de liberação do princípio ativo, entre outros. 
Quanto  à  legislação,  o  medicamento  é  entendido  como  um  "produto  farmacêutico, 
tecnicamente  obtido  ou elaborado  com  finalidades profilática,  curativa,  paliativa ou  para  fins  de 
diagnóstico.  É  uma  forma  farmacêutica  terminada  que  contém  o  fármaco,  geralmente  em 
associação com adjuvantes farmacotécnicos." (Resolução RDC, nº84/02). 
Droga é o termo que abrange uma grande quantidade de substâncias que são extraídas 
de produtos naturais. No entanto, seu uso corrente remete a um produto que seja utilizado como 
alucinógenos, ou seja, substâncias de abuso em geral que acarretem dependência química. 
DCB: Denominação  do  fármaco  ou  princípio  farmacologicamente  ativo  aprovada  pelo 
órgão federal responsável pela vigilância sanitária. 
DCI:  Denominação  do  fármaco  ou  princípio  farmacologicamente  ativo  recomendada 
pela Organização Mundial da Saúde. 
Patente  e  marca  registrada:  identifica  como  propriedade  exclusiva  de  determinada 
empresa. 
Excipientes:  Um  excipiente  é  uma  sustância  farmacologicamente  inativa  usada  como 
veículo  para  o  princípio  ativo.  Na  formulação,  pode  atuar  como  aglutinante, 
desintegrante,  ligante,  lubrificante,  tensoativo,  solubilizante,  suspensor,  espessante, 
diluente, emulsificante, estabilizante, conservante, corante, flavorizante. 
Droga (do francês drogue, que significa ”seco, coisa seca") .
8 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
O mercado farmacêutico 
O mercado farmacêutico para uso humano costuma ser classificado em ético e não­ético. 
O primeiro grupo inclui o conjunto de medicamentos vendidos exclusivamente através de receita 
médica,  além  de  alguns  produtos  de  balcão,  os  chamados  “Over  the  counter”  (OTC).  Os  não­ 
éticos  compõem  a  maior  parte  dos  produtos  OTC  que  dispensam  receita  médica  para 
comercialização  e  representam  uma  fração  relativamente  pequena  do  mercado  mundial.  Os 
medicamentos éticos,  por  sua  vez,  podem  ser divididos  em produtos  genéricos e  patenteados. 
Estes  últimos  representam  a  maior  e  mais  dinâmica  parcela  do  mercado,  embora  variando 
consideravelmente  de  país  para  país,  são  medicamentos  mais  recentemente  introduzidos  no 
mercado.
A palavra genérico é derivada do latim genus que significa classe geral, sugere a idéia de 
popular.  Com  esse  objetivo  em  mente,  formulações  de  medicamentos  genéricos  têm  sido 
desenvolvidas  e  comercializadas,  tendo  a  facilidade  de  acesso  (preço  e  disponibilidade  no 
mercado)  como  objetivo  principal.  Para  o  desenvolvimento  de  um  medicamento  genérico  são 
aplicados conhecimentos de diversas áreas, tais como: farmacocinética; estatística; doseamento e 
controle de qualidade; química e análise do fármaco em fluídos biológicos. 
Os medicamentos genéricos  são produtos que  têm  como  princípio(s)  ativo(s),  fármacos, 
cujas  patentes  expiraram  e  passaram  então  a  serem  fabricados  por  outros  produtores,  além 
daquele  que  detinha  a  patente  original.  Eles  compõem  uma  parcela  menor,  porém  não 
desprezível do mercado (em torno de 30% nos EUA). 
No  caso  dos  medicamentos  genéricos,  a  propaganda  e  a  capacidade  inovadora  têm 
importância secundária, sendo a competição por menores preços a base deste mercado. 
Apesar  de  dominado  por  grandes  empresas  multinacionais,  o  mercado  mundial  de 
medicamentos  é  marcado  pela  forte  intervenção  governamental.  Isto  confere  ao  ambiente 
institucional  da  indústria  uma  série  de  características  importantes,  que  repercutem  sobre  seu 
padrão de concorrência e sua dinâmica. 
Muitos são os motivos para que os governos intervenham na produção e comercialização 
de medicamentos. Em primeiro lugar, é de sua responsabilidade prover a população de condições 
de  saúde  adequadas.  Para  tanto,  os  medicamentos  são  indispensáveis,  mas  devem  ter  sua 
segurança  e  eficácia  comprovadas,  bem  como  seu  acesso  à  população  supervisionado.  Em 
segundo lugar, considerando os elevados custos dos sistemas de saúde de muitos países, torna­ 
se  necessária  a  preocupação  com  a  economicidade  da  oferta  de medicamentos,  evitando  seu
9 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
emprego supérfluo e preço excessivamente elevado. Em terceiro  lugar, existe a necessidade de 
um  sistema  de  proteção  patentária  em  função  da  facilidade  de  imitação  face  aos  custos  e 
dificuldades da inovação. Nos Estados Unidos, um dos principais mecanismos utilizados com este 
propósito tem sido o estímulo à prescrição de genéricos. 
As  empresas  inovadoras  correm  riscos que  dependem  da  aceitação e  disseminação do 
consumo. As patentes seriam o principal mecanismo de proteção legal das inovações. 
A patente exclui a imitação e fortalece a expectativa de existência de poder de monopólio 
sobre  os  agentes  inovadores  por  um  período  estabelecido.  A  venda  pode  ser  total  ou  parcial, 
concede  licenças para que outros explorem a  sua  invenção e exige o pagamento de  “royalties” 
pelo direito. 
Na  prática,  as  patentes  impedem  o  desenvolvimento  nos  países  hospedeiros  de 
multinacionais se não induzirem a transferência de tecnologia e o desenvolvimento interno. 
A garantia de que essas empresas vão apresentar características e qualidade comparáveis 
que  permitam  o  intercâmbio  com  o  medicamento  inovador,  cuja  patente  expirou,  pode  ser 
assegurada  através  dos  seguintes  requisitos:  (a)  produção  de  formulações  de  qualidade  e 
reprodutibilidade, através do controle de qualidade e da produção; (b) testes quanto à segurança, 
que são obtidos via estudo de bioequivalência. 
Exercícios 
1. “Segundo a Lei 9.787/99, de 10 de fevereiro de 1999, é considerado genérico o medicamento 
similar a um produto de referência ou inovador, que se pretende ser com este intercambiável, 
geralmente  produzido  após  a  expiração  ou  renúncia  da  proteção  patentária  ou  de  outros 
direitos de exclusividade, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade, e designado pela 
DCB ou, na sua ausência, pela DCI”. Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
a) Correta 
b) Incorreta 
2.  “Excipiente  ou  veículo,  por definição,  é  toda substância  que  se  emprega  para  incorporar ou 
dissolver  princípiosativos,  podendo  ter  ação  terapêutica.”  Pode­se  dizer  que  a  afirmação 
acima está: 
a) Correta 
b) Incorreta 
3. “Droga é somente aquela substância com atividade alucinógena, de uso ilícito, que pode causar 
dependência química”. Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
a) Correta 
b) Incorreta
10 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Respostas dos Exercícios 
1. “Segundo a Lei 9.787/99, de 10 de fevereiro de 1999, é considerado genérico o medicamento similar a um produto de referência ou 
inovador, que se pretende ser com este intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou renúncia da proteção patentária 
ou  de  outros  direitos  de  exclusividade,  comprovada  a  sua  eficácia,  segurança  e  qualidade,  e  designado  pela  DCB  ou,  na  sua 
ausência, pela DCI”. Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
2. “Excipiente ou veículo, por definição, é toda substância que se emprega para incorporar ou dissolver princípios ativos, podendo ter 
ação terapêutica.” Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
3.  “Droga  é somente  aquela substância com atividade  alucinógena, de  uso  ilícito,  que  pode causar  dependência química”. Pode­se 
dizer que a afirmação acima está: 
RESPOSTA CORRETA: B
11 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Os fármacos podem ser obtidos de diversas fontes, da própria natureza ou da síntese 
química. Para a obtenção de novos fármacos, são necessários vários estudos desde a fase pré­ 
clinica – que são os estudos com animais – até a fase clínica, que envolve os ensaios clínicos. Os 
ensaios clínicos consistem de 4 etapas: fase I (estudos de farmacocinética e segurança), fase II 
(estudos de eficácia), fase III (estudos multicêntricos) e fase IV (pós­comercialização). 
AULA 02 • DESENVOLVIMENTO DE NOVOS FÁRMACOS 
Como são desenvolvidos os novos fármacos 
Fontes das novas entidades químicas 
Os fármacos são substâncias químicas que podem ter sua origem animal, vegetal, mineral 
e  síntese.  As  novas  entidades  químicas  (NEQ  ou  NCE,  conhecida  como  New  Chemistry 
Entities)  são  os  fármacos  novos  descobertos  a  partir  de  diferentes  fontes,  sendo  os  produtos 
naturais a origem mais comum dessas substâncias. 
Ensaios pré­clínicos 
Os  ensaios  pré­clínicos  são  obrigatórios  antes  de  iniciar  a  Farmacologia  Clínica,  têm 
duração de 1 à 6 anos, podem ser in vitro ou in vivo. E podem ser divididos em farmacológicos e 
toxicológicos. 
A  lei  10603,  de  2002,  considera  que  novas  entidades  químicas  “são moléculas  ainda 
não  registradas  no  Brasil,  podendo  ser  análogos  ou  homólogos  à  outra  molécula, 
independentemente de sua finalidade”. 
In vitro é uma expressão do  latim e significa "em vidro", ou seja, processos biológicos 
que são realizados em ambiente fechado, controlado, de um laboratório, normalmente 
feitos em recipientes de vidro (exemplo: fertilização in vitro realizada através de técnicas 
de reprodução assistida).
12 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Os  ensaios  pré­clinicos  in  vitro  podem  ser  do  tipo:  a)  físico­químico  (estrutura,  PM, 
solubilidade, estabilidade); celular: cultura de células e aplicação da nova entidade química. 
Os estudos farmacológicos abordam os aspectos farmacocinéticos e farmacodinâmicos, os 
toxicológicos  deverão  abordar  ensaios  de  toxicidade  aguda,  toxicidade  de  doses  repetidas, 
toxicidade  subcrônica  e  toxicidade  crônica,  onde  este  deve  abordar  mutagenicidade, 
embriofetotoxicidade, alterações de fertilidade, carcinogenicidade, indução de dependência. 
Nos ensaios pré­clínicos in vivo, os estudos toxicológicos podem ser: 
a) toxicidade aguda: em que são utilizados animais de 3 espécies diferentes, sendo 1 não­ 
roedor; com avaliação da dose letal 50% (DL50), dose eficaz 50% (DE50) e índice terapêutico (IT). 
In vivo palavra derivada do latim que significa “dentro do vivo”, ou seja, "que ocorre ou 
tem lugar dentro de um organismo". Em ciência,  in vivo se refere a experimentos com 
animais (ratos, cães, camundongos ou outras espécies) ou tecidos vivos de animais. 
DL50 , a dose letal 50 é a concentração de uma substância química capaz de matar 50% 
da população de animais testados em um experimento. A dose geralmente é medida em 
miligramas  (mg)  de  substância  por  quilograma  (kg)  de  massa  corporal  do  animal 
testado.  E  depende  do  modo  de  exposição  ao  produto  tóxico.  Para  ratos  há  uma 
classificação de  toxicidade. Segundo a comunidade européia, a partir da DL50  :   muito 
tóxico: < 25  ; tóxico: 25 ­ 200  ; nocivo: 200 ­ 2000. Pensando em seres humanos, é a 
dose letal para 50% da população. Não reflete a toxicidade para uso terapêutico, onde 
ocorrem efeitos indesejáveis, mas raramente morte. 
DE50 é a dose “eficaz” para 50% da população. Sendo assim, depende da medida de 
eficácia usada. Por exemplo, a da aspirina usada para cefaléia leve é muito menor do 
que para o seu uso como fármaco anti­reumático. 
Para  o  cálculo  do  Índice  Terapêutico  (índice  que  indica  a margem  de  segurança  dos 
fármacos,  considera  as  doses  letal  e  eficaz  em  seu  cálculo,  isso  significa  que  quanto 
maior o IT, maior a sua segurança) vide a equação abaixo: 
Índice Terapêutica 
50 
50 
DE 
DL 
IT =
13 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
b)  toxicidade  subaguda:  são  3  doses  diferentes  ao  dia,  durante  12  a  24  semanas;  os 
animais  são  roedores  e  não­roedores;  faz­se  a  avaliação  da  reação  adversa  medicamentosa 
(RAM). 
c)  toxicidade crônica: são 3 doses diferentes ao dia, durante 6 meses; os animais podem 
ser roedores e não­roedores. 
d) teratogenia/ embriotoxicidade: são 3 doses diárias diferentes, durante mais de 6 meses; 
e os animais são de  3 espécies diferentes , sendo  1 roedor. 
Ensaios clínicos 
Ensaio clínico é o delineamento, com maior poder, para delimitar eficácia de um fármaco 
ou  outro  tratamento. O  ensaio  clínico  consiste  no  principal método  utilizado  pela  Farmacologia 
Clínica. Nele, o  tratamento é administrado a um grupo de  indivíduos  (grupo  intervenção), sendo 
seus  resultados  comparados  com  os  verificados  em  outro  grupo  (grupo  controle)  que  recebe 
substância desprovida de efeito próprio (placebo) ou tratamento convencional. 
A  OMS  define  ensaio  clínico  controlado  como:  "um  experimento  planejado  ética  e 
cuidadosamente com o objetivo de responder a algumas perguntas precisas e bem delineadas". 
Os  ensaios  não­controlados  são  a  antítese  dos  controlados.  Essa  técnica  pode  ser 
utilizada  como  abordagem  inicial,  para  geração  de  hipóteses  que  posteriormente  deverão  ser 
testadas em ensaios controlados. 
RAM  (Reação  Adversa  ao  Medicamento)  pode  ser  definida  como  qualquer  efeito 
prejudicial  ou  indesejado  que  se  apresente  após  a  administração  de  doses  de 
medicamentos  normalmente  utilizadas  no  homem  para  profilaxia,  diagnóstico  ou 
tratamento de uma enfermidade. 
teratogenia  ou  teratogênese  ­  se  refere  à  formação  e  desenvolvimento  no  útero  de 
anomalias que levam a malformações, é  estudada pela Teratologia (teratos = monstro, 
logia = estudo), que por sua vez, estuda as anomalias e malformações  ligadas a uma 
alteração do desenvolvimento embrionário ou fetal. 
Delineamento é o desenho, a definição das etapas do estudo clínico.
14 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Os ensaios controlados são aqueles em que se compara o teste com o controle (placebo: 
"ativo"  ou " inativo" ). Podem ser divididos em abertos (tratamento conhecido) e cegos (uma ou 
ambas as partes desconhecem o tratamento). 
O  ensaioclínico  cruzado,  em  que  o  mesmo  grupo  de  indivíduos  sofre  diferentes 
intervenções  em  períodos  diferentes,  é  utilizado  em  estudos  de  bioequivalência,  assim  os 
participantes são seus próprios controles. A sequência de administração é aleatória, de maneira 
que a metade da amostra  recebe o  teste e a outra o placebo ou  referência. Após,  inverte­se a 
sequência, o que confere à expressão "cruzado". Os ensaios cruzados apresentam maior poder 
estatístico  para  demonstrar  diferenças  atribuíveis  a  tratamento,  no  entanto,  pode  haver  efeito 
residual da primeira intervenção sobre a segunda, efeito conhecido como "carry over". Esse efeito 
pode ser minimizado pelo  intervalo entre as duas  intervenções,  período conhecido  como  "wash 
out”. 
Placebo:  tem  origem  no  verbo  latino  “placere”,  que  significa  “agradarei”.  É  um 
tratamento  inerte  que  apresenta  efeitos  fisiológicos  desencadeados  pela  crença  do 
paciente  que  está  sendo  tratado.  Qualquer  tratamento  que  não  tenha  ação 
farmacológica definida. Placebo ativo: um comprimido de Vitamina C pode aliviar a dor 
de cabeça de quem acredite estar ingerindo um analgésico, sendo um exemplo clássico 
de que o que cura é não apenas o conteúdo do que inferimos, mas também a forma. 
Placebo  inativo:  por  exemplo,  no  uso  de  cápsulas  desprovidas  de  substâncias 
terapêuticas  ou  contendo  produtos  conhecidamente  inertes  e  inócuos,  que  são 
administrados a grupos pacientes para comparar o efeito da sugestão no tratamento de 
doenças.
15 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Nos  ensaios  clínicos  fase  I,  o  objetivo  é  determinar  a  segurança  do medicamento  num 
número reduzido de voluntários sadios, por isso, são ensaios abertos. 
Diferenças entre ensaios clínicos e estudos observacionais 
Os  estudos  experimentais,  como  os  ensaios  clínicos  randomizados  constituem  uma 
ferramenta essencial na construção de evidências científicas para a prática clínica e para a saúde 
pública.  São  diferentes  dos  estudos  observacionais  por  que  nos  ensaios  clínicos  é  feita  uma 
intervenção,  em  geral  são  estudados  dois  grupos:  controle  e  o  tratado.  Nos  estudos 
observacionais, o  investigador observa sem  interferir. Detalhamento dos estudos observacionais 
será realizado nas próximas aulas. 
Estudo de bioequivalência de medicamentos são métodos que compreendem uma série 
de etapas, desde a anamnese clínica até os exames laboratoriais pré e pós­estudo, que 
culminam  na  etapa  analítica  e  tratamento  estatístico  dos  principais  parâmetros 
farmacocinéticos que apregam a bioequivalência (ASC e Cmax, ou seja, ASC é a área 
sob a curva de concentração plasmática no tempo e Cmax é a concentração plasmática 
máxima atingida). Por se tratar de uma área que estuda a cronologia dos processos de 
absorção,  distribuição  e  eliminação  de  fármacos,  é  de  fundamental  importância  à 
precisão  da  coleta  das  amostras  nos  tempos  previamente  estipulados,  já  que  cada 
coleta representa um ponto no gráfico das curvas de concentração X tempo. Além de 
sua  importância  na  terapêutica,  os  ensaios  clínicos  para  a  análise  da  bioquivalência 
servem para acrescentar para a  lei dos genéricos  a  importância da biodisponibilidade 
para a saúde do paciente. A partir do momento em que se torna necessária à avaliação 
da biodisponibilidade, de acordo com métodos científicos e estatisticamente salientados, 
amplia­se a idéia de qualidade do produto, preservando ainda mais a integridade física 
do paciente. 
Randomizados: Random é palavra inglesa, de origem francesa, usada na expressão at 
random, cujo sentido é "ao acaso",  "a esmo", "sem seleção ou critério de escolha". At 
random deve traduzir­se por aleatório, palavra derivada de igual vocábulo latino, com o 
significado  de  fortuito,  casual,  acidental,  dependente  de  fatores  incertos  e  sujeitos  ao 
acaso.
16 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
As fases da resposta terapêutica 
Importante princípio em farmacologia aprega que a resposta terapêutica da grande maioria 
dos  fármacos  depende  fundamentalmente  da  interação  entre  suas  moléculas  com  receptores 
farmacológicos específicos. 
Contudo, é fato perfeitamente conhecido que a  relação existente entre dose e efeito dos 
fármacos  é muito  variável  entre os  indivíduos.  Tais  variações  dependem não  só  da  dose, mas 
também da gravidade da doença, das funções cardio­hepato­renal, da motilidade gastrintestinal, 
da  atividade  hormonal  e  da  farmacocinética  do  princípio  ativo.  Assim,  várias  fases  estão 
envolvidas  na  resposta  terapêutica  do  fármaco:  fase  farmacêutica;  fase  farmacocinética;  fase 
farmacodinâmica. 
Fases: farmacêutica, farmacocinética e farmacodinâmica 
Fase farmacêutica 
Compreende a desintegração e a dissolução das  formas  farmacêuticas de apresentação 
(comprimidos).  É  importante  diferenciar  a  desintegração  da  dissolução.  Desintegração  é 
simplesmente a  fragmentação das  formas  farmacêuticas em partículas de menor  tamanho,  já a 
dissolução é a  liberação do princípio ativo de sua formulação. Embora a desintegração seja um 
pré­requisito  para  ocorrer  absorção  do  princípio  ativo  presente  nas  formulações,  esta  ocorrerá 
após a dissolução de suas partículas. 
Fase farmacocinética 
É  a  fase  que  estuda  o  que  o  organismo  faz  com  o  fármaco,  ou  seja,  compreende  a 
absorção, distribuição, biotransformação e excreção dos fármacos. 
Fase farmacodinâmica 
É  a  fase  que  estuda  os  mecanismos  de  ação  e  efeitos  do  fármaco,  ou  seja,  o  que  o 
fármaco  faz  com  o  organismo.  Compreende  a  interação  do  fármaco  livre  com  os  receptores 
farmacológicos específicos.
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FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Exercícios 
1. Cerca de 70% das novas substâncias introduzidas no mercado farmacêutico são derivadas de 
produtos  naturais. Ou  seja,  uma das  fontes  das Novas Entidades Químicas  (NEQs)  vem  da 
natureza. As NEQs são fármacos novos descobertos. 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
a) Correta 
b) Incorreta 
2. Ensaio clínico cruzado é aquele pelo qual o mesmo paciente passa pelos dois tratamentos do 
estudo. 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
a) Correta 
b) Incorreta 
3. Para o desenvolvimento de novos fármacos são necessárias várias etapas de pesquisa. Nestas 
etapas não estão inclusos os ensaios pré­clínicos, que envolvem experimentos com animais de 
laboratório. Somente os ensaios  clínicos, que são desenvolvidos em várias  fases  com seres 
humanos, são realizados para desenvolver novos fármacos. 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
a) Correta 
b) Incorreta 
Respostas dos Exercícios 
1. Cerca de 70% das novas substâncias introduzidas no mercado farmacêutico são derivadas de produtos naturais. Ou seja, uma das 
fontes das Novas Entidades Químicas (NEQs) vem da natureza. As NEQs são fármacos novos descobertos. 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
2. Ensaio clínico cruzado é aquele pelo qual o mesmo paciente passa pelos dois tratamentos do estudo. 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
3.  Para  o  desenvolvimento  de  novos  fármacos  são  necessárias  várias  etapas  de  pesquisa.  Nestas  etapas  não  estão  inclusos  os 
ensaios pré­clínicos, que envolvem experimentos com animais de laboratório. Somente os ensaios clínicos, que são desenvolvidos 
em várias fases com seres humanos, são realizados para desenvolver novos fármacos. 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
RESPOSTA CORRETA: B
18 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
A estatística é a ciência queobjetiva orientar a coleta, apresentação, análise e 
interpretação de dados. Pode ser dividida em: estatística descritiva, que resume e apresenta os 
dados; e estatística inferencial, que contribui para concluir sobre populações a partir de dados de 
amostras. Variável é toda característica que pode variar de um indivíduo para outro. As variáveis 
podem ser quantitativas (discretas e contínuas) e qualitativas (nominais e ordinais). 
AULA 03 • NOÇÕES BÁSICAS DE ESTATÍSTICA: PARTE I 
Estatística descritiva 
A coleta, a organização, a descrição dos dados, o cálculo e a interpretação de coeficientes 
pertencem à Estatística descritiva, enquanto a análise e a interpretação dos dados, associado a 
uma  margem  de  incerteza,  ficam  a  cargo  da  Estatística  indutiva  ou  Inferencial,  também 
chamada  como  a  medida  da  incerteza  ou  métodos  que  se  fundamentam  na  teoria  da 
probabilidade. 
As variáveis estatísticas podem ser qualitativas ou quantitativas. Uma variável qualitativa 
pode  ser  dividida  em  ordinal  ou  nominal.  Quando  a  variável  qualitativa  é  ordinal,  existem 
categorias que  formam uma seqüência,  exemplo:  o estado de  saúde de um paciente  (péssimo, 
ruim,  bom,  ótimo).  Na  variável  qualitativa  nominal  não  há  caráter  ordenado,  exemplo: 
nacionalidade ou sexo do paciente. 
Exemplos  de  variáveis  qualitativas:  Cor  da  pele/raça;  nível  socioeconômico;  sexo. 
Variáveis  qualitativas  são  também muitas  vezes  chamadas  de  variáveis  categóricas, 
uma  vez  que  seus  "valores"  são  constituídos  por  um  conjunto  de  categorias  não­ 
numéricas. É importante notar que existem dois tipos distintos de variáveis qualitativas. 
O  primeiro  é  constituído  por  aquelas  variáveis  para  as  quais  as  categorias  não  têm 
nenhuma ordem "natural". No exemplo acima este é o caso de raça/cor da pele, área de 
estudos  e  sexo.  Nestes  casos,  a  variável  qualitativa  é  dita  ser  do  tipo  nominal.  O 
segundo tipo é aquele no qual as categorias têm uma ordem. É o caso, por exemplo, de 
nível  socioeconômico,  do  exemplo  anterior.  Neste  caso,  a  variável  qualitativa  é 
chamada de tipo ordinal.
19 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
As variáveis quantitativas podem ser discretas ou contínuas. As discretas são obtidas por 
meio  de  contagem,  números  inteiros,  exemplo:  número  de  linfócitos  em  um  metro  cúbico  de 
sangue. As  contínuas  são obtidas por medições,  podendo apresentar  números  inteiros ou não, 
exemplo: peso do paciente. 
Quando  há  repetição  do mesmo  valor  numa  variável  é  possível  agrupar  os  valores  em 
classes por distribuição de freqüências, que consiste em arranjar os valores em classes de acordo 
com as freqüências com que eles ocorrem. 
Para  se  fazer  uma  análise  descritiva  dos  dados,  são  utilizadas  diferentes  medidas  de 
tendência  central,  são elas: média aritmética amostral, média aritmética populacional, mediana, 
moda, variância, desvio padrão, coeficiente de variação, probabilidade, distribuição normal,  teste 
de hipóteses, teste qui­quadrado. 
Média 
A média é igual ao quociente entre a soma dos valores do conjunto e o número total dos 
valores. 
Uma variável é quantitativa quando seus valores são numéricos e estes números tem 
significado como tal. 
Exemplos de variáveis quantitativas:  idade em anos completos;  renda total mensal do 
domicílio em reais; peso de um ser humano de 20 anos de  idade, do sexo masculino. 
Da mesma  forma  que,  com as variáveis  qualitativas  podemos  distinguir  dois  tipos  de 
variáveis da categoria: variáveis discretas e variáveis contínuas. Uma variável é dita ser 
quantitativa do tipo discreto quando se pode criar uma associação entre seus valores e 
os números inteiros, que é o caso que se tem com idade em anos completos, ou ainda a 
unidade monetária em centavos no caso de rendimento. Uma variável é dita contínua se 
pode assumir qualquer valor num subconjunto dos números reais, por exemplo: peso de 
uma pessoa. 
Como calcular a média? A média pode ser calculada conforme equação: 
∑ =  Xi/n X  . 
Onde xi são os valores da variável e n o número de valores.
20 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Podemos dizer que a média aritmética tem 3 propriedades principais: a 1ª propriedade é a 
soma algébrica dos desvios em relação à média é nula; a 2ª propriedade:  somando­se  (ou 
subtraindo)  uma  constante  (c)  a  todos  os  valores  de  uma  variável,  a  média  do  conjunto  fica 
aumentada  (ou  diminuída)  dessa  constante  e  a  3ª  propriedade:  multiplicando­se  (ou  dividindo) 
todos os valores de uma variável por uma constante (c), a média do conjunto fica multiplicada (ou 
dividida) por essa constante. 
Mediana 
A  mediana  de  um  conjunto  de  valores,  dispostos  segundo  uma  ordem  (crescente  ou 
decrescente), é o valor situado de tal forma no conjunto que o separa em dois subconjuntos de 
mesmo número de elementos. 
Se a  série dada  tiver  número  ímpar de  termos, o  valor mediano será o  termo de ordem 
dado pela fórmula (n + 1) / 2: 
Se a  série  dada  tiver  número  par  de  termos:  O valor mediano  será  o  termo  de  ordem 
dado pela fórmula .[(n/2) + (n/2+ 1)] / 2. 
Exemplo para utilizar a fórmula da mediana: 
Ex: Calcule a mediana da série {1, 3, 0, 0, 2, 4, 1, 2, 5} 
1º ­ ordenar a série {0, 0, 1, 1, 2, 2, 3, 4, 5} 
n = 9 logo (n + 1)/2 é dado por (9+1) / 2 = 5, ou seja, o 5º elemento da série ordenada 
será a mediana. 
A mediana será o 5º elemento = 2
21 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Quando  o  número  de  elementos  da  série  estatística  for  ímpar,  haverá  coincidência  da 
mediana  com  um  dos  elementos  da  série.  Se  o  número  de  elementos  for  par,  nunca  haverá 
coincidência  da  mediana  com  um  dos  elementos  da  série.  A  mediana  será  sempre  a  média 
aritmética dos 2 elementos centrais da série. Em uma série, a mediana, a média e a moda não 
têm, necessariamente, o mesmo valor.   A mediana depende da posição, e não dos valores dos 
elementos na série ordenada. Essa é uma da diferenças marcantes entre mediana e média (que 
se deixa influenciar, e muito, pelos valores extremos). Vejamos: 
Em {5, 7, 10, 13, 15} a média = 10 e a mediana = 10 
Em {5, 7, 10, 13, 65} a média = 20 e a mediana = 10 
Isto é, a média do segundo conjunto de valores é maior do que a do primeiro, por influência 
dos valores extremos, ao passo que a mediana permanece a mesma. 
A mediana  é empregada quando desejamos  obter  o  ponto que  divide a  distribuição  em 
duas  partes  iguais,  quando  há  valores  extremos  que  afetam  de  maneira  acentuada  a  média 
aritmética e quando a variável em estudo é salário. 
Moda 
É o valor que ocorre com maior freqüência em uma série de valores. 
A  moda,  quando  os  dados  não  estão  agrupados  é  facilmente  reconhecida:  basta,  de 
acordo com a definição, procurar o valor que mais se repete. Há séries nas quais não exista valor 
modal,  isto é, nas quais nenhum valor apareça mais  vezes que outros. Dessa  forma, a  série  é 
Exemplo para o valor mediano no caso de número par de termos: 
Ex: Calcule a mediana da série {1, 3, 0, 0, 2, 4, 1, 3, 5, 6 } 
1º ­ ordenar a série {0, 0, 1, 1, 2, 3, 3, 4, 5, 6} 
n = 10 logo a fórmula ficará: [(10/2) + (10/2 + 1)] / 2 
[(5 + 6)] / 2 será na realidade (5º termo+ 6º termo) / 2 
5º termo = 2 
6º termo = 3 
A mediana será = (2+3) / 2, ou seja, Md = 2,5. A mediana no exemplo será a média 
aritmética do 5º e 6º termos da série.
22 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
amodal..Em outros em alguns casos pode haver dois ou mais valores de concentração. Dizemos, 
então, que a sérietem dois ou mais valores modais. E quando os dados estão agrupados sem 
intervalos de classe é possível determinar  imediatamente a moda: basta fixar o valor da variável 
de maior freqüência. No caso dos dados em intervalos de classe:a  classe  que  apresenta  a maior 
freqüência  é  denominada  classe  modal.  Pela  definição,  podemos  afirmar  que  a  moda,  neste 
caso, é o  valor dominante que está  compreendido entre os  limites da  classe modal. O método 
mais simples para o cálculo da moda consiste em tomar o ponto médio da classe modal. Damos a 
esse valor a denominação de moda bruta: 
Onde l* = limite inferior da classe modal e L* = limite superior da classe modal. 
A moda é utilizada quando desejamos obter uma medida rápida e aproximada de posição 
ou quando esta medida deva ser o  valor mais  típico da distribuição.  Já a média aritmética é a 
medida de posição que possui a maior estabilidade. 
Variância 
É  o  desvio  padrão  elevado  ao  quadrado.  A  variância  é  uma  medida  que  tem  pouca 
utilidade como estatística descritiva, porém, é extremamente importante na inferência estatística e 
em combinações de amostras 
Mo = (l* + L*) / 2 
Para entender melhor a classe modal, vide o exemplo abaixo: 
Exemplo: Calcule a estatura modal conforme a tabela abaixo. 
Classes (em cm)  Freqüência 
54 |­­­­­­­­­­­­ 58  9 
58 |­­­­­­­­­­­­ 62  11 
62 |­­­­­­­­­­­­ 66  8 
66 |­­­­­­­­­­­­ 70  5 
Resposta: a classe modal é 58|­­­­­­­­ 62, pois é a de maior freqüência. l* = 58 e L* = 62 
Mo = (58+62) / 2 = 60 cm (este valor é estimado, pois não conhecemos o valor real da 
moda).
23 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Onde μ é a média da população, x os valores individuais. 
Desvio­padrão 
Desvio­padrão  é  a  medida  de  dispersão  mais  geralmente  empregada,  pois  leva  em 
consideração  a  totalidade  dos  valores  da  variável  em  estudo.  É  um  indicador  de  variabilidade 
bastante estável. O desvio padrão baseia­se nos desvios em  torno da média aritmética e a sua 
fórmula básica pode ser traduzida como a raiz quadrada da variância. 
Quando nosso interesse não se restringe à descrição dos dados, mas partindo da amostra, 
visamos  tirar  inferências válidas para a  respectiva população, convém efetuar uma modificação, 
que consiste em usar o divisor n ­ 1 em lugar de n. A fórmula ficará então: 
1 n 
) X Xi ( 
= S 
2 ∑ 
O  desvio­padrão  apresenta  algumas  propriedades,  dentre  as  quais  destacamos:  a) 
somando (ou subtraindo) uma constante a todos os valores de uma variável, o desvio padrão não 
se  altera;  b)  Multiplicando  (ou  dividindo)  todos  os  valores  de  uma  variável  por  uma  constante 
(diferente de zero), o desvio padrão fica multiplicado (ou dividido) por essa constante. 
n 
) μ x ( 
= σ 
2 
2  ∑ 
Desvio­padrão define­se como a raiz quadrada da variância. 
A  variância  de  uma  variável  aleatória  é  uma  medida  da  sua  dispersão  estatística, 
indicando o quão longe, em geral, os seus valores se encontram do valor esperado.
24 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Coeficiente de variação 
Para  compararmos  dispersões,  quanto  menor  o  coeficiente  de  variação  (CV),  menos 
dispersa é a população ou amostra. 
CV = σ /m para populações 
CV = s/X para outras amostras 
Teste de hipótese 
O objetivo do teste estatístico de hipótese é fornecer ferramentas que nos permitam validar 
ou refutar uma hipótese através do resultado da amostra. 
Hipóteses estatísticas são suposições feitas sobre o valor dos parâmetros nas populações. 
As  hipóteses  estatísticas  sempre  comparam dois  ou mais parâmetros,  quer afirmando  que  são 
iguais ou não. 
Onde H0 é a hipótese nula e H1 é a hipótese alternativa. Por exemplo: para automedicação, 
a idade média do comprador é igual a 37 anos, ou a idade média do comprador não é de 37 anos, 
ou seja, H0 = 37 e H1 ≠ 37. 
O  nível  de  significância  de  um  teste  (α)  é  a  probabilidade  de  rejeitar  H0  sendo  H0 
verdadeira: α = P (erro do tipo I). 
Por sua vez, β é a probabilidade de não rejeitar H0 sendo H0 falsa: 
β = P (erro do tipo II). 
O poder do teste é a probabilidade de rejeitar H0, sendo H0  realmente falsa: 
Poder do teste = (1 – β) 
Teste qui­quadrado 
O  objetivo  deste  teste  para  aderência  é  comparar  se  a  distribuição  de  freqüência  é 
realmente a teoricamente esperada. O qui­quadrado é obtido somando a diferença ao quadrado 
entre as freqüências observadas e as esperadas, dividindo pelas freqüências esperadas. 
Para tanto, consideramos as seguintes variáveis:
25 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
O = freqüências observadas 
E = freqüências esperadas 
∑ 
E 
) E O ( 
= x 
2 
2 
Se o qui­quadrado for igual a zero, então não existe associação entre as variáveis. O qui­ 
quadrado não mede força de associação e não é suficiente para estabelecer relação de causa e 
efeito. Se as freqüências observadas são muito próximas das freqüências esperadas, o valor de 
Х 2 é pequeno. Mas, quando as divergências são grandes (o ­ e) passa a ser também grande e, 
conseqüentemente, Х 2 assume valores altos. 
Existem 2 hipóteses: 
Hipótese nula: As freqüências observadas não são diferentes das esperadas, portanto, não 
há associação entre os grupos. 
Hipótese  alternativa:  As  freqüências  observadas  são  diferentes  das  freqüências 
esperadas, portanto, existe diferença entre as freqüências, e há associação entre os grupos. 
É necessário obter duas estatísticas denominadas Х 2 calculado e Х 2 c  tabelado. 
O  Х 2  calculado  é  obtido  a  partir  dos  dados  experimentais.  Sendo  que  Х 2 c  depende  do 
número de graus de liberdade e do nível de significância adotado. 
A tomada de decisão é feita comparando­se os dois valores: 
Se calculado Х 2 > ou = Х 2 c  tabelado: Rejeita­se Ho. 
Se calculado Х 2 < Х 2 c  tabelado: Aceita­se Ho. 
Exercícios 
1.  Calcule  as  seguintes  medidas  descritivas  para  o  conjunto  de  dados,  supondo  que  eles 
representam  uma amostra:  83,  92,  100,  57,  85,  88,  84,  82,  94,  93,  91,  95. As medidas de 
Graus de liberdade: O número de graus de liberdade pode ser calculado: 
G.L. = número de classes ­ 1 
Nível de significância: (alfa) representa a máxima probabilidade de erro que se tem ao 
rejeitar uma hipótese. O nível de significância de 5% é o mais comumente utilizado.
26 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
posição média são: média = 87; mediana = 89,5; a série de números é amodal. E as medidas 
de dispersão: desvio padrão = 10,93 e coeficiente de variação =0,125. 
a) Correta 
b) Incorreta 
2.  Um  órgão  fiscalizador  deseja  verificar  a  veracidade  da  afirmação  de  um  laboratório  de 
produtos farmacêuticos que diz que o tempo médio para certo medicamento fazer efeito é de 
25 minutos. As hipóteses, nula e alternativa, para esse caso são: H0: média = 25 e H1: média 
é diferente de 25. 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
a) Correta 
b) Incorreta 
3.  Em  uma  escola  foram  analisados  dados  de  alunos  de  determinadas  séries  e  o  número  de 
alunos  que  tomaram  determinado    medicamento  em  cada  série.  Ao  final  do  estudo  foi 
observado  que  o  Х 2  calculado  foi  menor  do  que  o  Х 2 c  esperado.  Dessa  forma,  se  aceita  a 
hipótese  nula,  que  significa  que  há associação  entre  o  consumo de medicamento  e  a  série 
cursada. 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
a) Correta 
b) Incorreta. 
Respostas dos Exercícios 
1. Calcule as seguintes medidas descritivas para o conjunto de dados, supondo que eles representam uma amostra: 83, 92, 100, 57, 
85, 88, 84, 82, 94, 93, 91, 95. As medidas de posição média são: média = 87; mediana = 89,5;a série de números é amodal. E as 
medidas de dispersão: desvio padrão = 10,93 e coeficiente de variação =0,125. 
RESPOSTA CORRETA: A 
A média simples  é  obtida dividindo  a soma das  observações pelo  número delas. A mediana  é  o  valor central da distribuição dos 
dados:  50% dos  valores  estão  abaixo  e  50% estão  acima da mediana. Se  houver  um número  ímpar de  valores  ordenados  é só 
verificar o valor que ocupa a posição central. Já no caso de número par de valores ordenados toma­se a soma dos 2 valores que 
estão nas posições centrais e divide­se por 2. Como não existem números que se repetem, a série é amodal (não há moda, que 
seria equivalente ao valor que se repete com mais freqüência). Quanto aos valores de dispersão, podem ser calculados através das 
fórmulas a seguir: 
Desvio padrão = 
Onde: Xi = Cada valor individual; N  =  Número de todos os valores 
N 
Média) (Xi 
2 å - 
Coeficiente de variação = 
Média 
Padrão Desvio 
Ao multiplicar por x 100%, se o coeficiente de variação for >10% significa "dispersão forte" 
2. Um órgão fiscalizador deseja verificar a veracidade da afirmação de um laboratório de produtos farmacêuticos que diz que o tempo 
médio para certo medicamento fazer efeito é de 25 minutos. As hipóteses, nula e alternativa, para esse caso são: H0: média = 25 e 
H1: média é diferente de 25. 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
3.  Em  uma  escola  foram  analisados  dados  de  alunos  de  determinadas  séries  e  o  número  de  alunos  que  tomaram  determinado 
medicamento em cada série. Ao final do estudo foi observado que o Х 2 calculado foi menor do que o Х 2 c esperado. Dessa forma, se 
aceita a hipótese nula, que significa que há associação entre o consumo de medicamento e a série cursada.
27 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
Se Х 2  calculado for menor do que o Х 2 c  esperado, aceita­se a hipótese nula, que significa que não há associação entre o consumo 
de medicamento e a série cursada.)
28 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Ao planejar uma pesquisa que envolve a população é preciso ter certos procedimentos 
para garantir que os dados obtidos sejam confiáveis.  A população de interesse é a população­ 
alvo. Nem sempre é possível observar todos os elementos de uma população, dessa forma, é 
selecionada uma parcela, que recebe o nome de amostra. Existem várias técnicas de 
amostragem: casual simples, sistemática, estratificada, por conglomerados. 
AULA  04  •  NOÇÕES  SOBRE  ANÁLISE  ESTATÍSTICA  DOS 
DADOS 
População 
A  população  de  interesse  é  chamada  de  população­alvo.  No  caso  da 
farmacoepidemiologia, a população­alvo pode ser: usuários de medicamentos, população­alvo do 
pesquisador,  população  elegível,  população  de  estudo,  população  da  pesquisa  ou  população 
distribuída no atributo. A definição correta da população a ser analisada  interfere na escolha da 
metodologia a ser adotada. 
A população de usuários de medicamentos compreende aos usuários que são portadores 
de  uma  determinada  doença,  dentro  de  uma  região  geográfica  limitada,  sendo  de  difícil 
identificação por estar disperso, ser heterogêneo ou inacessível. 
A  população­alvo  do  pesquisador  é  um  subgrupo  da  população  de  usuários  de 
medicamentos e corresponde aos pacientes aos quais o pesquisador tem acesso. Essa população 
reflete a cultura sanitária e a qualidade do sistema de saúde, por exemplo: acesso do usuário ao 
sistema  de  saúde,  suas  noções  de  quais  serviços  deve  procurar,  disponibilidade  técnica  de 
diagnóstico, entre outros. 
A população é elegível de usuários de medicamentos que satisfazem critérios de inclusão 
definidos  com  base  na  população­alvo  do  pesquisador,  exemplo:  estudo  de  um  novo 
medicamento em que somente casos severos da doença poderão ser considerados. 
A população­alvo do estudo é formada por usuários que atendem aos critérios de inclusão, 
além de outros fatores para poder incluí­los no estudo: estágio da doença, condições sociais, etc.
29 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
A população­alvo da pesquisa é formada por indivíduos que podem ser beneficiados pelos 
resultados do estudo. 
A população distribuída por atributo é composta por usuários de medicamentos que  irão 
efetivamente utilizar os resultados da pesquisa. 
Amostragem 
De maneira geral, as populações nas quais o pesquisador está  interessado são grandes 
para  serem  estudadas  na  sua  totalidade.  Dessa  forma,  o  mais  comum  é  estudar  amostras 
retiradas da população de interesse. 
Para que os resultados retirados da amostra possibilitem inferências válidas, ela deve ser 
representativa da população. A melhor forma de obter uma amostra representativa é empregar o 
procedimento aleatório de seleção de indivíduos. 
Uma amostra aleatória  simples é obtida de  forma que  todos os  indivíduos da população 
têm  igual  probabilidade  de  serem  selecionados.  Usando  o  procedimento  aleatório,  nenhum 
indivíduo  terá  oportunidade  maior  de  ser  escolhido,  pois  a  escolha  independe  da  vontade  do 
selecionador da amostra. 
Na  amostragem  aleatório­estratificada,  a  população  é  constituída  por  subpopulações  ou 
estratos. 
Amostra é um subconjunto de elementos pertencentes a uma população. 
Um procedimento aleatório pode ser colocar em uma urna todos os números que serão 
submetidos  ao  sorteio,  retirando  depois  alguns  às  cegas.  Pode­se  usar  ainda  os 
números de loteria sorteados nos últimos anos, ou uma tabela de números aleatórios, 
ou  ainda  programas  de  computador  para  selecionar  aleatoriamente  todos  os 
componentes da amostra. 
Estratos  são  as  subpopulações,  por  exemplo:  para  estudar  a  incidência  de  tendinite 
numa  indústria  é  necessário  dividir  os  estratos  segundo  a  função  exercida  por  cada 
funcionário.
30 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
A  amostragem  sistemática  consiste  em  selecionar  uma  amostra  que  obedeça  a 
intervalos regulares dentro de uma listagem de todos os elementos da população. 
A amostragem por conglomerados consiste na obtenção de uma amostra casual simples 
de conglomerados. 
Coleta de dados 
Para se coletar dados de uma amostra é preciso uma hipótese a ser testada, a qual está 
baseada em conhecimentos teóricos anteriores, podendo ser inédita ou substitutiva de uma teoria 
até  então  aceita.  Os  dados  podem  ser  obtidos  através  de  questionários,  formulários  ou 
entrevistas. 
Questionários são diferentes de formulários porque podem ser auto­aplicados, enquanto os 
formulários precisam da presença do entrevistador. 
Antes  de  iniciar  a  pesquisa  é  importante  familiarizar­se  com  o  assunto  através  de 
pesquisa  bibliográfica,  consulta  a  especialistas  no  assunto  que  podem  sugerir  novas 
abordagens.  É  interessante  também  realizar  um  estudo  piloto,  que  é  uma  pré­aplicação  do 
questionário  para  verificação  e  correção  de  eventuais  falhas  do  mesmo.  Perguntas  fechadas, 
também  conhecidas  como  estruturadas,  devem  ser  consideradas,  pois  o  entrevistado  deve 
sempre conseguir optar por uma das opções de respostas. 
Na  amostragem  sistemática,  se  tivermos  uma  população  de  800  indivíduos  e 
desejarmos uma amostra com apenas 80 deles, poderemos agrupar os elementos de 
10 em 10, sortearemos então um número de 1 a 10; digamos 4. Fará parte da amostra 
o quarto elemento de cada grupo de 10. 
Conglomerado é um conjunto de elementos amostrais que, por razões de ordem prática 
ou  econômica,  tem  de  ser  considerado  com  uma  única  unidade.  Exemplo:  queremos 
estudara  incidência  de  alcoolismo  nas  famílias  de  estudantes  do  ensino  médio  das 
escolas públicas de uma cidade, poderemos sortear dentre todas as classes de ensino 
médio  um  grupo  de  classes  de  alunos,  uma  vez  que  o  alcoolismo  da  família  não 
depende da idade do estudante.
31 
FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Questionário e formulário 
O questionário é auto­administrado, só atingindo, portanto, pacientes alfabetizados. Para 
aplicá­lo  é  importante  informar  o  paciente  sobre  o  estudo,  utilizando  um  Termo  de 
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) , para a concordância em participar do estudo por 
parte do paciente, de acordo com as normas éticas estabelecidas pela Resolução 196 96, do MS. 
A  pesquisa  bibliográfica  é  fundamental  para  a  metodologia  científica,  a  busca  de 
artigos  científicos  para  dar  suporte  a  um  estudo.  É  importante  desenvolver  novas 
idéias e fazer a pesquisa bibliográfica a partir de bancos de dados de artigos. Alguns 
exemplos mais comuns são: pubmed, bireme, scielo. 
TCLE é o documento que garante ao sujeito da pesquisa o respeito aos seus direitos. 
Dessa forma, o TCLE é documento obrigatório nos projetos, inclusive nos quais serão 
realizadas  entrevistas,  etc.  Desde  que  devidamente  justificada,  pode­se  solicitar 
dispensa de TCLE, cabendo a decisão ao Comitê de Ética em Pesquisa  (COEP) da 
instituição. Deve  ser  redigido  de  forma  clara  e  conter  todas  as  informações  sobre  a 
pesquisa e sobre seu responsável ­ Veja a resolução 196, itens IV e V. 
Resolução  196/96  do  MS,  contendo  as  Diretrizes  e  Normas  Regulamentadoras  de 
Pesquisas  envolvendo  Seres  Humanos.  Os  itens  IV  e  V  referentes  ao  TCLE  têm, 
resumidamente:  o  respeito  devido  à  dignidade  humana  exige  que  toda  pesquisa  se 
processe após consentimento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que 
por si e/ou por seus representantes legais manifestem a sua anuência à participação na 
pesquisa. Os  itens  IV e V da Resolução 196/96 citam os detalhes  para escrever um 
TCLE  e  a  questão  da  explicação  dos  riscos  e  benefícios  do  estudo.  Outras  leis 
importantes na área de bioética são: Resolução CNS 240/97, que define representação 
de usuários nos CEPs e orienta a escolha; Resolução CNS 251/97, que contempla a 
norma  complementar  para  a  área  temática  especial  de  novos  fármacos,  vacinas  e 
testes  diagnósticos  e  delega  aos CEPs  à  análise  final  dos  projetos  nessa  área,  que 
deixa de ser especial; Resolução CNS 292/99, que estabelece normas específicas para 
a  aprovação  de  protocolos  de  pesquisa  com  cooperação  estrangeira,  mantendo  o 
requisito de aprovação final pela CONEP, após aprovação do CEP; entre outras.
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FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Entrevista 
Os estudos epidemiológicos geralmente obtêm informação a partir de grupos de pessoas. 
A entrevista é ferramenta para conhecimento  interpessoal, o encontro face a face. Pode 
ser conduzida a partir de questões abertas ou fechadas. No primeiro caso, as perguntas permitem 
que o  informante coloque livremente o conteúdo de sua resposta. No segundo, ele deve se ater 
ao que foi descrito pelo entrevistador. 
A  identificação  e  apresentação  do  entrevistador  são  importantes  passos  no 
estabelecimento  da  confiança  do  entrevistado,  a  questão  das  roupas  e  linguagem  estarem 
adequadas ao nível do entrevistado, sempre deixar claro qual instituição participa e é responsável 
pelo desenvolvimento do estudo. Um estudo­piloto é  importante para evidenciar  possíveis erros 
antes  de  partir  para  uma  amostra  maior  de  pacientes.  Buscar  registrar  fielmente  a  entrevista, 
colocar ao entrevistado que os dados obtidos são confidenciais e não serão divulgados com seu 
nome em destaque, é o princípio do anonimato, da confidencialidade. É importante sempre refazer 
a  questão quando o  entrevistado não  entender a mesma,  sem  ser agressivo ou  irônico  com  o 
entrevistado. E, por fim, deixar uma boa impressão ao entrevistado é essencial para que o mesmo 
queira participar das demais entrevistas. 
Exercícios 
1. A melhor forma de obter uma amostra é utilizar o procedimento aleatório, que consiste no fato 
de que todos os indivíduos da população têm igual probabilidade de serem selecionados. 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
a) Correta 
b) Incorreta 
2. A pesquisa bibliográfica é ferramenta útil no desenvolvimento de estudos científicos, sua fonte 
única são os livros que apresentam atualização constante e podem ser considerados principais 
fontes de informação. 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
a) Correta 
b) Incorreta 
O  termo  entrevista  advem  dos  radicais  inter  e  videre,  podemos  traduzir  como  entre 
olhos, no meio dos olhares, ver­se mutuamente, que são situações observadas numa 
relação de entrevista pessoal.
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FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
3. O termo de consentimento esclarecido (TCLE) é um documento garante ao sujeito de pesquisa 
o  respeito aos seus direitos, mas, não há obrigatoriedade de  informações sobre o estudo ao 
qual o paciente ou voluntário sadio participará. 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
a) Correta 
b) Incorreta 
Respostas dos Exercícios 
1.  A  melhor  forma  de  obter  uma  amostra  é  utilizar  o  procedimento  aleatório,  que  consiste  no  fato  de  que  todos  os  indivíduos  da 
população têm igual probabilidade de serem selecionados. 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
2. A pesquisa bibliográfica é ferramenta útil no desenvolvimento de estudos científicos, sua fonte única são os livros que apresentam 
atualização constante e podem ser considerados principais fontes de informação. 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
3. O termo de consentimento esclarecido (TCLE) é um documento garante ao sujeito de pesquisa o respeito aos seus direitos, mas, 
não há obrigatoriedade de informações sobre o estudo ao qual o paciente ou voluntário sadio participará. 
Pode­se dizer que a afirmação acima está: 
RESPOSTA CORRETA: B
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FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
A farmacoepidemiologia é a ciência que estuda o uso e os efeitos benéficos e adversos 
dos medicamentos em grandes populações a partir do método epidemiológico. Detecta riscos 
associados ao uso generalizado de medicamentos e sua efetividade, emprega conceitos da 
farmacologia clínica e da epidemiologia e seu desenvolvimento está centrado no estudo da 
segurança dos fármacos na etapa de pós­comercialização e no âmbito dos estudos de utilização 
de medicamentos (EUM). 
AULA  05  •  FARMACOEPIDEMIOLOGIA:  CONCEITOS  E 
HISTÓRICO 
O termo farmacoepidemiologia se refere ao estudo dos efeitos e do uso de fármacos em 
grandes  populações.  Outros  autores  a  definem  como  a  ciência  que  estuda  o  impacto  dos 
fármacos em populações humanas utilizando para  isso o método epidemiológico ou a aplicação 
do  conhecimento  ao  estudo  dos  efeitos  (benéficos  e  adversos)  e  usos  dos  fármacos  em 
populações  humanas.  Surgiu  com  a  necessidade  de  avaliar  os  riscos  associados  ao  emprego 
generalizado  de  medicamentos  e  a  vigilância  de  sua  eficácia  em  condições  normais  de  uso 
efetividade e uma junção de farmacologia clínica e da epidemiologia. Seu desenvolvimento está 
centrado  em  uma  parte  ao  estudo  da  segurança  dos  fármacos  (reações  adversas),  sobretudo 
durante a etapa pós­comercialização (farmacovigilância) e por outra parte no âmbito dos estudos 
de utilização de medicamentos (EUM). 
A organização mundial da saúde (OMS) definiu os EUM como aqueles que se ocupam da 
comercialização,distribuição,  prescrição  e  uso  dos  medicamentos  em  uma  sociedade, 
conseqüências médicas,  sociais  e  econômicas  resultantes. O grupo  de especialistas  conhecido 
como Drug Utilization Research Group (DURG) propõe uma definição menos geral: os trabalhos 
de  investigação  sobre  os  aspectos  quantitativos  e  qualitativos  dos  determinantes  do  uso  de 
medicamentos  e  de  seus  efeitos  em  pacientes  específicos  ou  em  uma  população  geral.  A 
utilização  dos  medicamentos  se  considera  um  indicador  sócio  sanitário,  sendo  os  EUM  a 
Efetividade,  avalia  os  resultados  do  fármaco  em  condições  reais  (em  circunstâncias 
usuais).
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FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
ferramenta que nos permite sua avaliação e posterior planejamento de estratégias de intervenção. 
O processo de avaliação de qualquer medicamento inclui três passos complementares: 
1) A avaliação dos benefícios dos medicamentos, por exemplo, a avaliação quantitativa e 
qualitativa de sua eficácia. 
2)  O  estudo  do  risco  dos  medicamentos,  tanto  em  estudos  controlados  como  em 
condições normais de cuidado. 
3) A avaliação do impacto dos tratamentos na história natural das doenças na sociedade. 
Os primeiros EUM foram realizados pela  indústria farmacêutica nos Estados Unidos para 
identificar  campos  potenciais  de  investigação  e  desenvolvimento,  assim  como  efetuar  um 
seguimento de sua posição no mercado farmacêutico. A falta de normativa em matéria de ensaios 
clínicos proporcionou a comercialização de grande número de medicamentos depois da segunda 
guerra mundial. 
Paralelamente  se  produziu  um  aumento  da  demanda  de  serviços  sanitários,  como 
conseqüência da implantação de sistemas de seguro social nos diferentes países, e aparecimento 
dos efeitos adversos graves como o caso da talidomida em 1962. Tudo isso proporcionou que as 
autoridades sanitárias se interessassem por esses tipos de estudos, sendo pioneiros os países do 
norte da Europa. 
DURG: Em um simpósio intitulado “O consumo de medicamentos”, em Oslo, 1969, foi 
estabelecido  o  Drug  Utilization  Research  Group  (DURG),  cuja  tarefa  é  desenvolver 
métodos internacionais aplicados aos estudos de utilização de medicamentos. 
Eficácia  ou  atividade  intrínseca  é  a  capacidade  do  fármaco  fazer  seu  efeito.  Está 
relacionada  ao  efeito  esperado  do  fármaco  na  terapêutica.  É  estudada  através  dos 
ensaios clínicos, onde são observados  resultados do  tratamento medicamentoso em 
condições controladas (circunstâncias ideais). 
Estudos  controlados  são  ensaios  clínicos  que  apresentam  a  seguinte  estrutura:  um 
grupo  de  pacientes  apresenta  as  características  (ou  desfechos)  de  interesse  e  um 
outro grupo de pacientes não apresenta as características de  interesse, sendo então 
pareado  em  geral  pela  idade,  gênero,  outros.  Os  dois  grupos  são  questionados  ou 
examinados para avaliar a possível exposição.
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FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Em 1969  formou­se  o grupo DURG,  vinculado  formalmente a OMS  desde 1979,  para a 
padronização da metodologia dos EUM. Suas conclusões foram publicadas em nome dos Estudos 
de Utilização  de Medicamentos,  e,  em  1974  foi  criado  o Nordic Council  on Medicines Working 
Group  on  Drug  Statistics,  com  o  objetivo  de  desenvolver  uma  padronização  em  matéria  de 
medicamentos na região dos paises Nórdicos. Em 1982 foi criado o centro colaborador da OMS 
para a metodologia de utilização de Medicamentos (WHO Collaborating Centre for Drug Statistics 
Methodology),  localizado  em Oslo e  relacionado  ao  Instituto Norueguês  de Saúde Pública.  Em 
1996, com a necessidade de estabelecer um sistema como padrão internacional, revisar, atualizar 
e publicar,  em âmbito  internacional,  foi  vinculado diretamente a OMS em Genebra ao  invés de 
ficar vinculado ao Departamento Regional da OMS para a Europa (em Copenhague). O Centro se 
encarrega da manutenção do sistema ATC/DDD e de estimular seu emprego colaborando com 
investigadores no campo da utilização de medicamentos. 
Sistema  ATC/DDD  foi  estabelecido  na mesma  época  do  surgimento  do  DURG,  em 
1969,  e  consiste  em  um  sistema  de  classificação  para  estudos  de  utilização  de 
medicamentos.  Pesquisadores  noruegueses  desenvolveram  o  sistema  ATC 
(Anatomical  Therapeutic  Chemical  (ATC),  ou  seja,  Classificação  Anatômico­ 
terapêutica).  Também  foi  desenvolvida  uma  medida  unitária  chamada  dose­diária­ 
definida  (DDD)  para  ser  utilizada  nos  EUM.  Em  1996,  a  OMS  reconheceu  a 
necessidade de desenvolver o sistema ATC/DDD como um padrão internacional para 
os EUM. Na ATC: Fármacos são classificados em 5  grupos: 1) grupo  anatômico; 2) 
grupo terapêutico; 3) grupo farmacológico; 4) grupo químico; 5) grupo com o nome da 
substância  química  ou  princípio  ativo.  Exemplo:  com  a  metformina  (hipoglicemiante 
oral):  A    =  trato  alimentar  e metabolismo  (anatômico);  A10  :  drogas  utilizadas  para 
diabetes  (terapêutico);  A10B  :  droga  oral  para  redução  da  glicemia(farmacológico); 
A10BA:  Biguanida  (grupo  químico);  A10BA02:    Metformina(substância  química, 
princípio ativo). 
A DDD é a dose média diária de manutenção de um medicamento utilizada para sua 
indicação principal em adultos. Mais detalhes sobre a DDD: cada fármaco possui uma 
DDD única dependendo da via de administração; a DDD se baseia no uso em adultos 
com peso médio de 70 kg; sendo a administração profilática a principal indicação do 
fármaco, a DDD será correspondente a profilática; algumas preparações não têm DDD 
listada;  em  preparações  com  mais  de  um  fármaco  a  DDD  será  em  relação  ao 
componente mais importante na ação terapêutica; preparações associadas ou aquelas 
que a DDD não pode ser expressa pela unidade do principio ativo é atribuído o uso de 
uma Unidade de Dose (UD) de acordo com a forma farmacêutica; a DDD não é uma 
dose recomendada, mas uma unidade de medida.
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FARMACOVIGILÂNCIA E FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
Farmacoepidemiologia no Brasil 
Quando Lacaz e colaboradores publicaram o livro "Doenças Latrogênicas" , no início da 
década de 70, com o intuito de alertar os profissionais de saúde quanto ao risco relacionado ao 
uso  dos  medicamentos,  podemos  considerar  o  início  das  discussões  relativas  ao  assunto 
farmacoepidemiologia.  O mesmo  grupo  promoveu  cursos  de  extensão  em  farmacoterapia  com 
enfoque para o uso racional de medicamentos. 
A Organização Pan­Americana da Saúde (OPAS) promoveu um programa de formação 
de farmacêuticos clínicos no Hospital Aguirre, no Chile, em Santiago, com influências do programa 
de vigilância hospitalar adotado pelo Boston Collaborative Drug Surveillance. 
Lacaz: Carlos  da Silva  Lacaz,  nascido  em Guaratinguetá,  19  de  setembro  de  1915, 
faleceu  em  São  Paulo  no  23  de  abril  de  2002,    foi  médico,  cientista  e  professor. 
Formado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,  foi diretor desta 
instituição e destacou­se no estudo da medicina tropical. 
Latrogenia:  termo  que  deriva  do  grego  iatros  (médico,  curandeiro)  e  genia  (origem, 
causa),  pelo  que  pode  aplicar­se  tanto  a  efeitos  benéficos  quanto  maléficos.  Para  a 
farmacologia, ciência que estuda os efeitos dos fármacos, o termo iatrogenia refere­se a 
doenças ou alterações patológicas causadas por efeitos adversos dos medicamentos. 
Existem várias causas para a iatrogenia, a saber: erro médico; negligência, imprudência 
e  imperícia  dos  profissionais

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