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FUNÇÕES PSÍQUICAS ELEMENTARES E SUAS ALTERAÇÕES Devemos observar que as distintas áreas ou funções psíquicas não são autônomas, separadas umas das outras. “(...) Não existem funções psíquicas isoladas e alterações psicopatológicas compartimentalizadas desta ou daquela função. É sempre a pessoa na sua totalidade que adoece.” “Funções perturbadas fazer pressentir transtornos subjacentes (...)”. FUNÇÕES MAIS AFETADAS NOS TRANSTORNOS PSICORGÂNICOS Os quadros psicorgânicos são aqueles cuja sintomatologia psíquica é de origem fundamentalmente orgânica, tais como em traumatismos e doenças vasculares, tóxicas, infecciosas, metabólicas, neoplásicas, degenerativas, imunológicas, etc. Correspondem às chamadas psicossíndromes cerebrais orgânicas ou reações psicóticas exógenas agudas e crônicas. • CONSCIÊNCIA •ATENÇÃO (TAMBÉM NOS QUADROS AFETIVOS) •ORIENTAÇÃO •MEMÓRIA •INTELIGÊNCIA •LINGUAGEM (TAMBÉM NAS PSICOSES) FUNÇÕES MAIS AFETADAS NOS TRANSTORNOS AFETIVOS, NEURÓTICOS E DE PERSONALIDADE AFETIVIDADE VONTADE PSICOMOTRICIDADE PERSONALIDADE FUNÇÕES MAIS AFETADAS NOS TRANSTORNOS PSICÓTICOS SENSOPERCEPÇÃO PENSAMENTO VIVÊNCIA DO TEMPO E DO ESPAÇO JUÍZO DE REALIDADE VIVÊNCIA DO EU ALTERAÇÕES DA CONSCIÊNCIA Definições de consciência O estado de consciência representa o todo momentâneo das atividades mentais ou o conjunto dos rendimentos psíquicos num dado instante, de acordo com Jaspers Definição neuropsicológica: estado vigil. Definição psicológica: dimensão subjetiva da atividade psíquica que se volta para a realidade. Definição ético-filosófica: Capacidade de tomar ciência dos deveres éticos e assumir responsabilidades, os direitos e deveres concernentes a essa ética. ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DA CONSCIÊNCIA (REBAIXAMENTO DE SEU NÍVEL) 1.Obnubilação (turvação da consciência)– rebaixamento em grau leve e moderado, de difícil diagnóstico. 2. Sopor – estado marcante de turvação, com incapacidade de ações espontâneas. 3. Coma – Grau mais profundo de rebaixamento, sem qualquer atividade voluntária consciente. SÍNDROMES PSICOPATOLÓGICAS ASSOCIADAS AO REBAIXAMENTO DA CONSCIÊNCIA: A) DELIRIUM: rebaixamento leve a moderado do nível de consciência, acompanhado de desorientação temporo-espacial, dificuldade em concentrar-se, perplexidade, ansiedade em graus variados, agitação ou lentificação psicomotora, ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais (diferente de DELÍRIO, alteração do juízo de realidade). B) ESTADO ONÍRICO: estado semelhante a um sonho muito vívido, com atividade alucinatória visual intensa e grande carga emocional. Comum nas psicoses tóxicas, síndromes de abstinência e quadros febris tóxico-infecciosos. C) AMÊNCIA: quadros mais ou menos intensos de confusão mental, com excitação psicomotora, incoerência do pensamento, perplexidade e sintomas alucinatórios oniróides.Atualmente tais quadros são chamados de delirium. D) SÍNDROME DO CATIVEIRO: paciente aparentemente não responsivo, em virtude de lesões em determinadas áreas do cérebro. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DA CONSCIÊNCIA (relacionadas à alteração parcial ou focal do campo) A) ESTADOS CREPUSCULARES: estreitamento transitório do campo da consciência que surge e desaparece abruptamente, com preservação da atividade psicomotora global mais ou menos coordenada, podendo durar horas ou algumas semanas. B) DISSOCIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA: perda da unidade psíquica comum a partir da divisão ou fragmentação do campo da consciência. C) TRANSE: estado de dissociação que se assemelha a um sonho acordado e dele difere pela presença de atividade motora automática e estereotipada. Ocorre geralmente em contextos religioso-culturais. Diferente do transe histérico. D) ESTADO HIPNÓTICO: estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada, que pode ser induzido por outrem. Não há nada de místico ou paranormal no hipnotismo. FUNÇÃO PSÍQUICA ATENÇÃO A atenção é uma função psíquica estreitamente relacionada com o estado de consciência, consistindo num dos principais elementos de observação clínica para determinação do nível desta. Podemos decompô-la em dois aspectos básicos, complementares: a) Vigilância: estado de alerta para os estímulos vindos do meio ambiente ou do próprio organismo. Ex.: interrupção da leitura em função do soar de uma campainha. b) Tenacidade: concentração da atenção ou ao foco da consciência. Demonstra-se nos aspectos cognitivos da atenção. Ex.: não interrompemos a leitura em função de um estímulo externo ou interno por estarmos absortos no que fazemos (sequer ouvimos a campainha). FUNÇÃO PSÍQUICA ATENÇÃO Na psicologia contemporânea da atenção atualmente, subdivide-se a atenção em quatro aspectos básicos: 1. Capacidade e foco de atenção, 2. Atenção seletiva, 3. Seleção de resposta e controle executivo. 4. Atenção constante ou sustentada (sustained attention) (COHEN; SALLOWAY;ZAWACKI, 2006 apud DALGALARRONDO, 2008) FUNÇÃO PSÍQUICA ATENÇÃO Transtornos do humor (depressão e transtorno bipolar), transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), esquizofrenia e transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) são os que mais apresentam alterações da atenção. Nos quadros depressivos, geralmente há diminuição geral da atenção. Em alguns casos graves, ocorre a fixação da atenção em certos temas depressivos (hipertenacidade), com rigidez e alguma diminuição da capacidade de mudar o foco da atenção (hipovigilância). Isso acontece pelo fato de o indivíduo estar em depressão grave, muitas vezes voltado totalmente para si, concentrado em conteúdos de fracasso, doença, culpa, pecado, ruína, etc. Em pacientes deprimidos, o desempenho prejudicado em tarefas de atenção constante é, de modo geral, proporcional à gravidade do estado depressivo. A atenção seletiva sensorial é geralmente menos afetada. (COHEN; SALLOWAY; ZAWACKI, 2006). ALTERAÇÕES DA ATENÇÃO 1) HIPOPROSEXIA: Diminuição global da atenção, com perda básica da capacidade de concentração, e fadigabilidade aumentada, dificultando a percepção de estímulos ambientais e a compreensão. 2) APROSEXIA: Total abolição da capacidade de atenção, por mais fortes e variados que sejam os estímulos. 3) HIPERPROSEXIA: Estado de atenção exacerbada, com surpreendente infatigabilidade. 4) DISTRAÇÃO: sinal de superconcentração ativa da atenção sobre determinados conteúdos ou objetos, com inibição de tudo o mais (hipertenacidade e hipovigilância). 5) DISTRAIBILIDADE: estado patológico onde existe a instabilidade marcante e mobilidade acentuada da atenção voluntária, com dificuldade ou incapacidade para se fixar ou se manter em qualquer coisa que implique esforço produtivo. FUNÇÃO PSÍQUICA ORIENTAÇÃO A orientação pode ser definida como “(…) a capacidade de situar-se quanto a si mesmo e ao ambiente”, sendo sua avaliação um instrumento para a verificação de perturbações da consciência (se está turva ou levemente rebaixada, por exemplo). A orientação pode ser: AUTOPSÍQUICA – orientação do indivíduo em relação a si mesmo (nome, idade, profissão, etc). ALOPSÍQUICA – capacidade de orientar-se em relação ao mundo, em termos de tempo (orientação temporal, que se caracteriza por ser mais sofisticada e tardia no desenvolvimento do indivíduo) e espaço (orientação espacial). ALTERAÇÕES DA ORIENTAÇÃO Geralmente a desorientação ocorre primeiro quanto ao tempo, só depois influenciando na orientação quanto ao espaço e a si mesmo, na medida em que o transtorno se agrava. Existem vários tipos de desorientação: A)Desorientação por redução do nível de consciência (ou Desorientação torporosa ou confusa), ocorre pela turvação daconsciência e produz alterações na atenção, na concentração e na capacidade de integração dos estímulos ambientais. Mais comum. B) Desorientação por déficit de memória imediata e recente (ou Desorientação amnéstica), onde há dificuldades em fixar informações ambientais básicas, com consequente perda de noção do fluir do tempo e do deslocamento no espaço (desorientação temporo-espacial). ALTERAÇÕES DA ORIENTAÇÃO C) Desorientação demencial, com perda da memória de fixação e déficit cognitivo em vários aspectos. D) Desorientação apática ou abúlica, provocada pelo desinteresse profundo, geralmente nas depressões graves.. E) Desorientação por déficit intelectual (anteriormente chamada de desorientação oligofrênica). F) Desorientação por dissociação. G) Desorientação delirante. H) Desorientação por desagregação. I) Desorientação quanto à própria idade. FUNÇÃO PSÍQUICA MEMÓRIA A memória pode ser definida como a capacidade de registrar, manter e evocar fatos já ocorridos, relacionando-se estreitamentente com o nível de consciência, a atenção e o interesse afetivo. Serve de suporte para a inteligência. Podem ser identificados os seguintes tipos no campo do estudo da memória biológica e humana: Genética. Imunológica Cognitiva (psicológica): composta pelas fases de a)percepção, registro e fixação; b) retenção e conservação; c) reprodução e evocação. Cultural. FUNÇÃO PSÍQUICA MEMÓRIA A fixação depende de: nível de consciência e estado geral do organismo; Da atenção (global e concentrada); Da sensopercepção preservada; Do interesse e colorido emocional relacionado ao conteúdo, bem como da vontade e afetividade; Do conhecimento anterior; Da capacidade de compreensão; Da organização temporal das repetições ; Dos canais sensoperceptivos envolvidos (quanto maior o número de canais sensoriais, mais eficiente a fixação. FUNÇÃO PSÍQUICA MEMÓRIA A conservação (retenção) depende de: Repetição; Associação com outros elementos; A evocação é a capacidade de recuperar e atualizar os dados fixados, enquanto o esquecimento é a impossibilidade de evocar e recordar. Pode-se dividir o processo temporal de aquisição e evocação dos elementos mnêmicos em 3 fases: 1) Memória imediata ou de curtíssimo prazo (confunde-se com a atenção) 2) Memória recente ou de curto prazo (capacidade limitada) 3) Memória remota ou de longo prazo(capacidade ampla). FUNÇÃO PSÍQUICA MEMÓRIA O esquecimento é o oposto da evocação e se dá por 3 vias; 1) Normal, fisiológico - por desinteresse ou desuso; 2) Por repressão (Freud) – quando se trata de material desagradável ou pouco importante; 3) Por recalque (Freud) – conteúdos mnêmicos emocionalmente insuportáveis banidos da consciência. FUNÇÃO PSÍQUICA MEMÓRIA “Em relação ao processo temporal de aquisição e evocação de elementos mnêmicos, a neuropsicologia moderna divide a memória em quatro fases ou tipos (Izquierdo, 2002): 1) Memória imediata ou de curtíssimo prazo (de poucos segundos até 1 a 3 minutos). 2) Memória recente ou de curto prazo (de poucos minutos até 3 a 6 horas). 3) Memória remota ou de longo prazo (de meses até muitos anos). FUNÇÃO PSÍQUICA MEMÓRIA “São quatro os principais tipos de memória que correspondem a estruturas cerebrais diversas. Esses tipos são, atualmente, as principais formas de memória de interesse à semiologia neurológica, psiquiátrica e neuropsicológica (Izquierdo, 2002; Budson;Price, 2005). São eles: 1. Memória de trabalho 2. Memória episódica 3. Memória semântica 4. Memória de procedimentos.” (DALGALARRONDO, 2008, p. 141) ALTERAÇÕES DA MEMÓRIA 1) ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS: Hiperminésias Amnésias (ou hipomnésias) – perda da capacidade de fixar ou de manter e evocar antigos conteúdos. Podem ser psicogênicas ou orgânicas. Amnésia anterógrada (perda das lembranças relativas ao período pós-trauma/dano cerebral, bem como dificuldade para fixar elementos a partir da)í - De origem neurológica, afetando a capacidade de fixação. Amnésia retrógrada - perda dos fatos ocorridos antes do início da doença. 2) ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARAMNÉSIAS): Deformações no processo de evocação dos conteúdos mnêmicos fixados. ALTERAÇÕES DA MEMÓRIA Ilusões mnêmicas (acréscimo de elementos falsos a um núcleo verdadeiro) - comuns na esquizofrenia, paranóia, histeria grave e transtornos de personalidade. Alucinações mnêmicas (criações imaginativas com a aparência de lembranças e que servem para a formação do delírio) – associadas à esquizofrenia e outras psicoses funcionais. Fabulações - elementos da imaginação preenchem lacunas de memória produzidas por déficit de fixação, não existindo intenção em mentir. Criptomnésias – falseamento da memória, onde as lembranças aparecem como fatos novos. No Alzheimer, por exemplo. ALTERAÇÕES DA MEMÓRIA Ecmnésia (ou visão panorâmica da vida) – recapitulação e revivência intensa, abreviada e panorâmica da existência, de modo alucinatório. Lembrança obsessiva ( ou “ideia fixa” ou “representação prevalente”). Os transtornos de reconhecimento podem ser divididos em: a) Agnosias – de origem essencialmente cerebral; b) Associados a transtornos psiquiátricos – sem base orgânica definida , geralmente classificados como falso reconhecimento ou falso desconhecimento. FUNÇÃO PSÍQUICA AFETIVIDADE AFETIVIDADE é um termo genérico utilizado para designar várias modalidades de vivências afetivas, como o humor, as emoções e os sentimentos. Todas as vivências humanas recebem cor, brilho e calor da dimensão psíquica vida afetiva. A observação do estado afetivo também inclui as repercussões fisiológicas mais evidentes ( rubor, sudorese, palidez, secura da boca, dispneia, etc.). Os cinco tipos básicos de vivências afetivas são: 1. Humor ou estado de ânimo – tônus afetivo 2. Emoções – reações afetivas agudas, acompanhadas de reações somáticas. 3. Sentimentos – estados e configurações afetivas estáveis. FUNÇÃO PSÍQUICA AFETIVIDADE 4. Afetos – qualidade e tônus emocional que acompanham uma ideia, dando a elas “colorido”. 5. Paixões – estado afetivo intenso, que domina a atividade psíquica como um todo. FUNÇÃO PSÍQUICA AFETIVIDADE SENTIMENTOS ESFERA DA TRISTEZA (melancolia, saudade, tristeza, nostalgia, vergonha, culpa, aflição, remorso, autopiedade, autodepreciação, infelicidade, tédio, desesperança, sentimento de inferioridade, impotência). ESFERA DA ALEGRIA (euforia, júbilo,contentamento, satisfação, confiança, gratificação, esperança, expectativa) RELACIONADOS A ATRAÇÃO PELO OUTRO (amor, atração, tesão, estima, carinho, gratidão, amizade, apego, apreço, consideração, admiração) ASSOCIADOS AO PERIGO (temor, receio, desamparo, abandono, rejeição) DE TIPO NARCÍSICO (vaidade, orgulho, arrogância, onipotência, superioridade, impáfia, prepotência) ESFERA DA AGRESSIVIDADE (raiva, revolta, rancor, ciúme, ódio, ira, inveja, vingança, repúdio, nojo, desprezo, etc.) FUNÇÃO PSÍQUICA AFETIVIDADE REAÇAO AFETIVA A vida afetiva ocorre sempre em um contexto de relações do eu com o mundo e com as pessoas, variando de um momento para o outro na medida em que os eventos e as circunstâncias da vida se sucedem.A afetividade caracteriza-se particularmente por sua dimensão de reatividade. Neste sentido, temos duas importantes dimensões de resposta ou reação afetiva do indivíduo: 1. Sintonização afetiva – capacidade de o IO ser influenciado afetivamente por estímulos externos. 2. Irradiação afetiva – capacidade que o IO tem de transmitir, irradiar ou contaminar os outros comseu estado afetivo momentâneo. Na condição de rigidez afetiva estas duas dimensões ficam comprometidas. FUNÇÃO PSÍQUICA AFETIVIDADE ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA AFETIVIDADE 1) ALTERAÇÕES DO HUMOR: os dois pólos básicos das alterações de humor são o depressivo ou hipotímico (sendo a hipotimia a base de toda síndrome depressiva) e o maníaco ou hipertímico (humor patologicamente alterado no sentido da exaltação e da alegria). Distimia – alteração básica do humor, tanto no sentido da inibição quanto no da exaltação. Difere do transtorno distimia, que é um transtorno depressivo leve, de acordo com o CID-10 e o DSM-IV. FUNÇÃO PSÍQUICA AFETIVIDADE Humor triste e ideação suicída – frequentemente relacionado com o humor depressivo, quando acompanhado de desesperança e angústia. Disforia – distimia que se acompanha de uma tonalidade afetiva desagradável, mal-humorada. Depressão disfórica ou mania disfórica são quadros de depressão ou mania acompanhados de um forte componente de irritação, amargura, desgosto ou agressividade. Euforia ou alegria patológica – estado de alegria intensa e desproporcional às circunstâncias; humor morbidamente exagerado. Elação – alegria intensa com a expansão do eu, ou seja, uma sensação subjetiva de grandeza e de poder. FUNÇÃO PSÍQUICA AFETIVIDADE Puerilidade – alteração de humor que se caracteriza por seu aspecto infantil, simplório, “regredido”, geralmente presente nas hebifrenias, quadros histéricos, personalidades imaturas e pessoas com déficit intelectual. Moria – alegria muito pueril, ingênua, “boba”, presente em pessoas com lesões extensas dos lobos frontais, deficientes mentais e quadros demenciais acentuados. Êxtase – experiência de beatitude, sensação de dissolução do eu no todo, de compartilhamento íntimo do estado afetivo interior com o mundo exterior. Frequentemente associado a experiências religiosas ou místicas (perdendo o caráter psicopatológico, neste contexto), ou presentes em condições psicopatológicas da esquizofrenia, na mania ou transe histérico. FUNÇÃO PSÍQUICA AFETIVIDADE Irritabilidade patológica – hiper-reatividade desagradável, hostil e, eventualmente, agressiva a estímulos (mesmo leves) do meio exterior. Presente nos quadros orgânicos, nas síndromes depressivas, nos quadros maníacos, nas síndromes ansiosas e na esquizofrenia. Existe a irritabilidade secundária, associada à vivências psicóticas (delírios persecutórios, alucinações ameaçadoras, etc.) ou neuróticas (conflitos inconscientes, inseguranças, dificuldade em tomar decisões existenciais importantes, etc.). FUNÇÃO PSÍQUICA AFETIVIDADE ANSIEDADE: Estado de humor desconfortável,uma apreensão negativa em relação ao futuro, uma inquietação intensa desagradável, que inclui manifestações somáticas e fisiológicas (dispneia, taquicardia,, sudorese, parestesias, tremores, tontura, etc.), bem como manifestações psíquicas (apreensão, inquietação interna, desconforto mental, etc). ANGÚSTIA: Sensação de aperto no peito e na garganta, de compressão e sufocamento. Com conotação mais corporal e mais relacionada ao passado. Tipo de vivência mais “pesada”, do ponto de vista existencial. MEDO: Refere-se a um objeto mais ou menos preciso (o medo é sempre medo de algo). FUNÇÃO PSÍQUICA AFETIVIDADE 2) ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES E DOS SENTIMENTOS Apatia – diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva. O paciente torna-se hiporreativo, isto é, para eles “tanto -faz –quanto- tanto- fez” para tudo na vida. Próprio dos quadros depressivos. Hipomodulação do afeto – incapacidade de modular a resposta afetiva de acordo com a situação existencial. Inadequação do afeto ou paratimia – reação totalmente incongruente a situações existenciais ou a determinados conteúdos ideativos. Pobreza de sentimentos e distanciamento afetivo – perda progressiva e patológica das vivências afetivas, comum nas síndromes psicorgânicas, nas demências e em algumas formas de esquizofrenia. FUNÇÃO PSÍQUICA AFETIVIDADE Embotamento afetivo e devastação afetiva – Perda profunda de todo tipo de vivência afetiva, observável pela mímica, postura e atitude do paciente. Ocorre em alguns tipos de esquizofrenia. Sentimento de falta de sentimento – vivência da incapacidade de sentir emoções, experimentada de forma penosa pelo paciente. Anedonia – incapacidade total ou parcial de obter e sentir prazer com determinadas experiências e atividades da vida. Sintoma central dos quadros depressivos, podendo ocorrer também nos quadros esquizofrênicos crônicos, em transtornos de personalidade e em formas graves de neuroses. FUNÇÃO PSÍQUICA AFETIVIDADE Labilidade afetiva e incontinência afetiva – são estados nos quais ocorrem mudanças súbitas e imotivadas de humor, sentimentos ou emoções. Na incontinência, o IO não consegue conter de forma alguma as suas reações afetivas, sendo suas respostas geralmente desproporcionais aos estímulos (mesmo aos apropriados). Podem ocorrer nos quadros de depressão ou mania, em estados graves de ansiedade e na esquizofrenia, ou mesmo em quadros psicorgânicos (encefalites, tumores cerebrais, doenças degenerativas, etc.). Ambivalência afetiva – termo cunhado por Breuler para descrever sentimentos opostos em relação ao mesmo estímulo ou objeto, que ocorrem de modo absolutamente simultâneo, geralmente nos quadros esquizofrênicos. Neotimia – designação para sentimentos e experiências afetivas inteiramente novas, vivenciada por pacientes em estado psicótico. Afetos estranhos e bizarros. Medo – não é uma emoção patológica, mas algo universal dos animais superiores e do homem, caracterizado por progressiva insegurança e angústia, impotência e invalidez crescentes, ante à impressão iminente de que sucederá algo que queríamos evitar. FUNÇÃO PSÍQUICA AFETIVIDADE Medo – não é uma emoção patológica, mas algo universal dos animais superiores e do homem, caracterizado por progressiva insegurança e angústia, impotência e invalidez crescentes, ante à impressão iminente de que sucederá algo que queríamos evitar. Fobias – medos determinados psicopatologicamente, desproporcionais e incompatíveis com as possibilidades de perigo real oferecidas pelos desencadeantes, chamados de objetos ou situações fobígenas. No IO fóbico o contato com os objetos ou situações fobígenas desencadeia intensa crise de ansiedade. As fobias podem ser: simples, social, agorafobia, claustrofobia. Pânico – reação de medo intenso, de pavor, relacionada geralmente ao perigo imaginário de morte iminente, descontrole ou desintegração. FUNÇÃO PSÍQUICA VONTADE A vontade é uma dimensão complexa da vida mental, relacionada intimamente à esfera instintiva e afetiva, assim como à esfera intelectiva (avaliar, julgar, analisar, decidir) e ao conjunto de valores, princípios, hábitos e normas socioculturais do IO. O ato volitivo (ato de vontade) é traduzido pelas expressões típicas do “eu quero” ou “eu não quero”, que caracterizam a vontade humana. O ato volitivo se dá como um processo, o chamado processo volitivo, no qual se distinguem quatro etapas ou momentos fundamentais e geralmente cronologicamente seguidos: FUNÇÃO PSÍQUICA VONTADE 1. A fase de intenção ou propósito – na qual se esboçam as tendências básicas do IO, suas inclinações e interesses. 2. A fase de deliberação – que diz respeito à ponderação consciente. Momento de apreciação, consideração dos vários aspectos e implicações de determinada decisão. 3. A fase de decisão propriamente dita – momento culminante do processo volitivo, que demarca o começo da ação. 4. A fase da execução – fase final do processo volitivo. O ato de vontade pautado por estas quatro etapas é denominado ação voluntária. FUNÇÃO PSÍQUICA VONTADE ALTERAÇÕES DA VONTADE Hipobulia/abulia “Pacientes com hipobulia/abulia apresentam diminuição ou até abolição da atividade volitiva. O indivíduo refere que não tem vontade para nada, sente-se muito desanimado, sem forças, sem “pique”. Geralmente, a hipobulia/abulia encontra-se associada à apatia (indiferença afetiva), à fadiga fácil, à dificuldade de decisão, tão típicas dos depressivos graves” (DALGALARRONDO, 2008, p.177). FUNÇÃO PSÍQUICA VONTADE ATO IMPULSIVO E ATO COMPULSIVO O ato impulsivo representaria um “curto circuito” no processo volitivo, ocorrendo a supressão (“um pulo”) nas etapas de intenção à execução. Suas características: “1. É realizado sem fase prévia de intenção, deliberação e decisão. 2. É realizado, de modo geral, de forma egossintônica. O indivíduo não percebe tal ato como inadequado, não tenta evitá-lo ou adiá-lo. O ato impulsivo freqüentemente não é contrário aos valores morais e desejos de quem o pratica. 3. É geralmente associado a impulsos patológicos, de natureza inconsciente, ou à incapacidade de tolerância à frustração e necessária adaptação à realidade objetiva. Da mesma forma, o indivíduo dominado pelo ato impulsivo tende a desconsiderar os desejos e as necessidades das outras pessoas” (DALGALARRONDO, 2008, p.178). FUNÇÃO PSÍQUICA VONTADE ATO IMPULSIVO E ATO COMPULSIVO O ato compulsivo ou compulsão, caracteriza-se por ser “reconhecido” pelo indivíduo como “indesejável e inadequado, assim como pela tentativa de refreá-lo ou adiá- lo. A compulsão é geralmente uma ação motora complexa que pode envolver desde atos compulsivos Relativamente simples, como coçar-se, picar-se, arranhar-se, até rituais compulsivos complexos, como tomar banho de forma repetida e muito ritualizada, lavar as mãos e secar-se de modo estereotipado, por inúmeras vezes seguidas, etc.” (op. cit., p. 178). FUNÇÃO PSÍQUICA VONTADE “Os atos e os rituais compulsivos apresentam as seguintes características: 1. Há a vivência freqüente de desconforto subjetivo por parte do indivíduo que realiza o ato compulsivo. 2. São egodistônicos, isto é, experienciados como indesejáveis, contrários aos valores morais e anseios de quem os sofre. 3. Há a tentativa de resistir (ou pelo menos adiar) à realização do ato compulsivo. 4. Há a sensação de alívio ao realizar o ato compulsivo, alívio que logo é substituído pelo retorno do desconforto subjetivo e pela urgência em realizar novamente o ato compulsivo. 5. Ocorrem freqüentemente associados a idéias obsessivas muito desagradáveis, representando, muitas vezes, tentativas de neutralizar tais pensamentos”. (op.cit., p. 179).
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