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Direito Penal IV - Parte Especial 1

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Direito Penal IV – Dos Crimes Contra a Pessoa
Elementos do Tipo Penal (modelo de conduta)
Objetivos (presentes em todos os tipos penais): aqueles em que quando se verifica a conduta já se identifica a relação com o tipo; lendo o tipo penal já se sabe o que se significa o elemento objetivo, sem necessidade de interpretação extravagante; ex.: matar alguém; não precisa de maior explicação;
Normativos (presentes em alguns tipos penais): aqueles que a análise da conduta precisa ser verificada a partir de definição do termo presente no tipo penal a partir de juízo de valor (norma explicativa, costumes, regulamento, portaria, etc.); ex.: substância entorpecente, que depende de análise de portaria do Ministério da Saúde, que as relacionam;
Subjetivos (presentes em alguns tipos penais): análise da intenção do agente praticante da conduta; ex.: na subtração de algum bem móvel, a intenção de tê-lo para si ou para outrem de forma definitiva;
* Elemento ou Elementar é pré-requisito para existência da tipicidade; faltando um Elemento no fato em análise, não há crime. Atipicidade absoluta: falta de algum elemento do tipo penal. Atipicidade relativa: quando se comprova que, na análise dos elementos do tipo em comparação com o fato, há enquadramento em outro tipo penal.
* Elemento é diferente de circunstância. Circunstância não é imprescindível para a existência do crime. Circunstância é todo dado acessório da figura típica principal que serve ou para aumentar ou para diminuir a pena.
Bens jurídicos tutelados pelo Código Penal: vida, patrimônio, etc.; cada título, capítulo, artigo, etc., indica qual é o bem jurídico protegido; as Circunstâncias costumam estar presentes nos parágrafos de cada artigo.
Crime Simples (caput): é a figura presente no caput do artigo;
Crime Qualificado: quando, em função das circunstâncias, o fato foge da figura principal do artigo, aumentando a pena do delito cometido. Já na primeira fase de fixação da pena o tamanho da pena é maior.
Causas de Diminuição de Pena ou Minorante: circunstâncias que levam à diminuição em percentual na pena a ser cominada ao fato delituoso. Incidente na terceira fase de fixação da pena. Podem estar presentes na parte geral e na parte especial do CP. Quando presentes na parte especial do CP recebem o nome de privilegiada.
Causas de Aumento de Pena ou Majorante: circunstâncias que levam ao aumento em percentual na pena a ser cominada ao fato delituoso. Incidente na terceira fase de fixação da pena.
Atenuantes e Agravantes: incidente na segunda fase da fixação da pena. Fica a critério do juiz o quantum para o estabelecimento do aumento ou diminuição na aplicação da pena. Estão presentes na parte geral do CP.
* omissão relevante (art. 13, § 2º, CP): não fazer o que se deveria fazer; non facere + quod debeatur;
* Crimes Transeuntes: não deixam vestígios (ex.: ofensa à honra);
* Crimes Não Transeuntes: há um resultado naturalístico que deixa vestígios. Nos crimes que deixam vestígios deve haver uma perícia para provar a materialidade (exame de corpo de delito). O exame pode ser feito de duas maneiras:
Exame de Corpo de Delito Direto: é obrigatório enquanto existirem os vestígios, sob pena de nulidade da ação penal; é realizado no objeto material do crime; necropsia: realizado no cadáver antes de ser enterrado; exumação: realizado no cadáver depois que o mesmo já havia sido enterrado;
Exame de Corpo de Delito Indireto: admite-se quando já desapareceram todos os vestígios, mas há fortes indícios da materialidade do crime; são todos os outros meios de prova que podem levar à certeza da existência do crime.
* Conforme a Lei 9434/1997, permite-se que se extraiam órgãos da pessoa após a morte cerebral; daí o critério que define onde se termina a vida para o meio jurídico;
* a tentativa é punida a partir do momento da Execução no Caminho do Crime (Cogitação, Preparação, Execução e Consumação); inicia-se a execução quando o agente comete ato tendente a realizar o núcleo do tipo penal; não se admite punição para tentativa por incompatibilidade para os seguintes tipos de delitos: crimes culposos; crimes unissubsistentes (crimes de ato único); crime omissivo próprio; contravenções penais, por determinação do Legislador; crimes habituais (para existência do crime exige a reiteração da conduta; ex.: manter casa de prostituição);
* Espécies de Tentativa: Tentativa Branca ou Incruenta: quando o objeto material do crime não é atingido (ex.: o atirador erra todos os tiros disparados); Tentativa Vermelha ou Cruenta: quando o objeto material do crime é atingido; a punição é menor para a Tentativa Branca;
* outra classificação de Tentativa: Tentativa Imperfeita ou Inacabada: o agente estava no caminho do crime, mas foi obstado; Tentativa Perfeita ou Acabada ou Crime Falho: o agente esgotou toda a sua capacidade lesiva (ex.: disparou todos os tiros disponíveis em sua arma); a punição é menor para a Tentativa Imperfeita;
* Desistência Voluntária ou Tentativa Abandonada: ver conteúdo
* Arrependimento Eficaz: ver conteúdo
* Crime Impossível: ineficácia absoluta do meio empregado e impropriedade absoluta do objeto material do crime (ex.: matar vítima já morta);
* Autoria Colateral: quando mais de um agente pratica o delito sem ajuste prévio (ex.: dois atiradores disparando na mesma vítima, sem que tenham ajustado esta prática);
* Autoria Incerta: quando, na Autoria Colateral, não se descobre quem causou o resultado; nesta hipótese, ambos os agentes respondem por tentativa;
Erro sobre elementos do tipo – falsa representação da realidade
 Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
 Descriminantes putativas (aplicável às 4 excludentes de ilicitude do art. 23)
 § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
 Erro determinado por terceiro 
 § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
 Erro sobre a pessoa 
 § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (vide art. 73)
 Erro sobre a ilicitude do fato – erro de proibição – erro sobre a avaliação da norma
 Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
 Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
Erro de Tipo: falsa representação da realidade fática; pode ser Incriminador ou Permissivo (descriminante putativa por erro do tipo); sempre exclui o dolo;
Essencial: quando o erro incidir na elementar ou circunstância de um crime;
Escusável, desculpável, inevitável: exclui também a culpa;
Inescusável, indesculpável, evitável: não exclui a culpa; esta culpa é chamada de culpa imprópria;
Acidental: não é erro de tipo propriamente dito, já que não se situa nas elementares do tipo; não exclui dolo nem culpa;
Error in persona: erro sobre a pessoa (art. 20, § 3º); é irrelevante, não excluindo o crime; a cabeça acredita que está acontecendo uma coisa, mas ocorre efetivamente outra; ex.: o agente acha que está matando a pessoa A (vítima pretendida), mas está matando a pessoa B (vítima atingida), já que as duas são muito parecidas;
Aberratio Ictus: erro na execução;
Erro na execução (aberratio ictus)
 Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, respondecomo se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. / No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Resultado único (art. 73, 1ª parte): parecido com o erro sobre a pessoa, mas com conseqüências diferentes; ex.: o agente dispara arma contra a pessoa A, querendo atingi-la, mas, por má pontaria, acaba atingindo a pessoa B;
Resultado duplo (art. 73, 2ª parte): se atingida a vítima pretendida e também uma terceira pessoa, responde-se pelo crime doloso contra a vítima pretendida e pelo crime culposo contra a terceira pessoa; a aplicação da pena segue a regra do art. 70 (Concurso Formal);
Aberratio Criminis (art. 74): resultado diverso do pretendido;
O agente quer atingir a Coisa e mata a Pessoa: responde por homicídio culposo;
O agente quer matar a Pessoa e atinge a Coisa: não responde por nada, já que não há dano culposo, desde que a vítima sequer foi exposta a perigo; se a vítima foi exposta a perigo, o agente pode responder por tentativa de homicídio, por dolo eventual, ou exposição a perigo de vida;
O agente atinge a Pessoa e a Coisa: depende de qual era o interesse do agente, de qual era o Dolo; daí resolve-se qual conduta foi dolosa e qual foi culposa;
O agente atinge a Pessoa e a Coisa, querendo atingir a Pessoa: responde pelo crime contra a pessoa e não responde pelo dano;
 Resultado diverso do pretendido
 Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior (não contra pessoa), quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Erro provocado por terceiro: responde pelo crime o terceiro que provocou o erro, por autoria mediata; o agente, se inevitável o erro, não responde pelo crime; se evitável, o agente responde por culpa;
Erro de Proibição: o agente sabe o que está fazendo, mas avalia erroneamente a lei; para se aplicar a pena criminal o agente deve ter o potencial conhecimento da ilicitude do fato;
Escusável, desculpável, inevitável: sem a potencial consciência da ilicitude; exclui a culpabilidade;
Inescusável, indesculpável, evitável: responde pelo crime com pena reduzida;
Descriminantes Putativas
Erro de Tipo: exclui dolo e culpa se inevitável; exclui apenas o dolo se evitável;
Erro de Proibição: exclui a culpabilidade se inevitável; responde pelo crime com pena reduzida se evitável;
Estudo dos Crimes em Espécie
Doutrina
Formas: simples, qualificada, privilegiada, majorada, culposa, culposa com causa de diminuição de pena, culposa com causa de aumento de pena;
Objeto Jurídico: bem jurídico protegido;
Objeto Material: pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta;
Prova da Materialidade:
Sujeito Ativo: quem pode praticar o delito;
Sujeito Passivo: quem pode ser vítima do delito;
Elementos do Tipo: elementos do crime;
Ação Nuclear: traduzida pelo verbo presente no tipo;
Elementos Objetivos
Elementos Subjetivos
Elementos Normativos
Nexo Causal (se houver): somente tem nexo causal crimes materiais, de resultado; crimes de mera conduta não possuem nexo causal;
Classificação doutrinária:
Tipo Subjetivo: verificação se o crime é doloso, culposo, preterdoloso;
Consumação: momento em que o crime se consuma;
Tentativa: se o delito admite tentativa; se admite, quando ela se dá;
Confronto: crimes muito parecidos; zona de confronto entre os diferentes tipos penais;
Pena / Ação Penal: pena cominada e tipo de ação penal;
Generalidades
Figuras qualificadas
Causa de diminuição da pena
Causa de aumento da pena
Estudo dos Crimes em Espécie: art. 121: Matar alguém. Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Doutrina: conceito: morte de um ser humano provocada por outro ser humano;
Formas: simples, qualificada, privilegiada, majorada, culposa, culposa com causa de diminuição de pena, culposa com causa de aumento de pena;
Objeto Jurídico: Pessoa, na sua vida extra-uterina (desde o primeiro momento de respiração, detectado pelo exame Docimacia Hidrostática de Galeno, considera-se vida extra-uterina);
Objeto Material (pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta): pessoa humana com vida; cadáver não pode ser vítima de homicídio; tem que se ter vida para sofrer o homicídio;
Prova da Materialidade: exame de corpo de delito;
Sujeito Ativo: qualquer pessoa;
Sujeito Passivo: pessoa humana com vida extra-uterina; o atentado contra a vida do Presidente da República, do Vice-presidente, do Presidente do STF, e de todos os indivíduos da linha sucessória presidencial é tratado pela lei 7170/1982 (lei de segurança nacional) e não pelo art. 121; crimes de homicídio contra menores de 14 anos e maiores de 60 enquadram-se no § 4º, do art. 121, CP; no homicídio doloso contra gêmeos xipófagos (grudados) responde-se por 2 homicídios, já que a morte do segundo gêmeo é uma consequência necessária da primeira morte;
Elementos do Tipo:
Ação Nuclear (verbo do tipo): matar (conduta ativa comissiva ou omissiva tendente ao fim de eliminar a vida de alguém);
Ação Física: crime de ação livre, que pode ser praticado por qualquer meio eficaz; ex.: meios físicos, meios químicos, meio psíquico/moral, meio direto (ataque direto ao corpo da pessoa); meio indireto (ataque indireto à pessoa; ex.: provocar dano em veículo para a vítima sofrer acidente); comportamento comissivo ou omissivo; etc.;
Elementos Subjetivos: ou dolo (direto, de 1º grau, quando se quer o resultado e se pratica a conduta com este fim; de 2º grau, quando se trata de conseqüência necessária da conduta, sabendo-se da conseqüência, ainda assim o agente pratica a conduta; ou eventual: apesar de o agente não querer o fim específico do crime, prevê tal possibilidade, mas não se importa de assumir o risco do resultado) ou culpa; tanto no dolo eventual quanto na culpa consciente o agente quer realizar a conduta, mas, nesta última, o agente acredita firmemente que o resultado não vai ocorrer;
Classificação doutrinária: crime comum quanto ao sujeito ativo; crime material (crimes em que há um resultado no mundo dos fatos); crime comissivo (mas pode ser comissivo por omissão ou omissivo impróprio); crime instantâneo de efeitos permanentes (sabe-se o exato momento de cometimento do crime e o resultado é permanente); crime de dano;
Consumação: somente se consuma com o resultado naturalístico, ou seja, com a morte da vítima;
Tentativa: pune-se a tentativa;
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz: é cabível no homicídio;
Concurso de pessoas: é cabível no homicídio;
Formas:
Simples no caput;
Privilegiado no § 1º;
Qualificado n § 2º;
Culposo no § 3º;
Duas causas de aumento de pena no § 4º, uma culposa e uma dolosa;
Uma hipótese e perdão judicial no § 5º;
Homicídio Simples e Crime Hediondo: segundo o art. 1º, I, da lei 8930/1994, há uma possibilidade de o homicídio simples ser considerado crime hediondo: quando praticado por atividade típica de grupo de extermínio;
Homicídio Privilegiado: art. 121, § 1º:
 Caso de diminuição de pena
Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, / ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Natureza Jurídica: causa especial de diminuição da pena; incidente na terceira fase da dosimetria da pena;
Redução obrigatória ou facultativa? Prevalece a posição doutrinária de que o juiz é obrigado a aplicar a redução da pena quando presentes os requisitos legais;
Hipóteses:
1 - Se o agente comete o crime impelido (dominado) por motivo de relevante valor social (ex.: matar inimigo da pátria) ou moral (ex.: eutanásia: quer dizer “boa morte”)
2 - sob o domínio de violenta emoção (sentimento repentino, diferente de paixão, que é sentimento mais prolongado), logo em seguida a injustaprovocação da vítima (não confundir com injusta agressão, que se trata de legítima defesa)
Requisitos da emoção:
Emoção violenta, intensa, que provoque um choque emocional no agente;
Provocação injusta por parte da vítima;
Imediatidade da reação;
O agente deve estar dominado por esta emoção;
Homicídio passional: não existe um tipo penal específico; pode configurar privilégio quando presentes os requisitos legais; dependendo do homicídio passional, ao invés de obter o privilégio, pode ser considerado qualificado, segundo suas circunstâncias;
Possibilidade de homicídio ser ao mesmo tempo privilegiado e qualificado: prevalece na posição do STF que existe esta figura híbrida, mas só pode existir homicídio privilegiado qualificado quando a qualificadora for objetiva e não subjetiva; é impossível esta figura quando a qualificadora for de caráter subjetivo; ex. da figura híbrida: eutanásia executada com aplicação de veneno;
Homicídio privilegiado/qualificado e crime hediondo? A figura híbrida privilegiado/qualificado é privilegiada pelas circunstâncias de caráter subjetivo, não se enquadrando na lei de crimes hediondos.
Homicídio Qualificado: art. 121, § 2º: 
 Homicídio qualificado 
 § 2° Se o homicídio é cometido: 
 I - mediante paga (homicídio mercenário pago antecipadamente) ou promessa de recompensa (homicídio mercenário pago posteriormente), ou por outro motivo torpe (motivo torpe = repugnante, moralmente reprovável, vil, que demonstra uma depravação pessoal do agente, que causa uma repugnância geral); caráter subjetivo; segundo a interpretação analógica, cabem outros motivos torpes, além dos presentes no inciso; a analogia não é possível, mas a interpretação analógica é possível, mesmo em normas incriminadoras;
 II - por motivo futil; caráter subjetivo; fútil, para a doutrina, é aquele motivo pequeno demais, insignificante, desproporcional ao ato; ex.: matar alguém por um pequeno incidente de trânsito;
 III - com emprego de veneno (homicídio com veneno: veneficio), fogo, explosivo, asfixia (espécies: afogamento, estrangulamento, enforcamento, soterramento e tóxica), tortura ou outro meio insidioso (escondido; ex.: veneno na bebida) ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; uso de interpretação analógica; caráter objetivo;
 IV - à traição (ataque súbito, de forma sorrateira, em que a vítima é enganada pelo agressor, com uso da confiança da vítima), de emboscada, ou mediante dissimulação (disfarce do propósito delituoso) ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; uso de interpretação analógica; caráter objetivo;
 V - para assegurar a execução, a ocultação (o crime é cometido para ocultar a existência de outro), a impunidade ou vantagem de outro crime: caráter subjetivo, já que é relacionado a outro crime do mesmo autor;
 Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
* é possível haver a incidência de mais de uma qualificadora; porém, apenas uma delas qualificará o crime; as demais serão utilizadas como circunstâncias do art. 59;
* quando o comportamento qualificador estiver tipificado como outro crime, pode ser que haja concurso de crimes e não crime qualificado, segundo o “dolo” do agente;
* a mera premeditação por si só não qualifica o crime de homicídio;
* circunstâncias de caráter objetivo podem se comunicar entre os agentes do crime;
* circunstâncias de caráter subjetivo não se comunicam entre os agentes do crime;
Homicídio Culposo: apenas condutas culposas que não estejam abrangidas no Código Brasileiro de Trânsito;
 Homicídio culposo 
 § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
 Pena - detenção, de um a três anos.
Elementos do crime culposo:
Conduta humana voluntária lícita;
Resultado ilícito;
Nexo causal entre a conduta e o resultado;
Quebra de dever objetivo de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia);
Previsibilidade objetiva do resultado;
Ausência de previsão subjetiva do resultado; estará presente na culpa inconsciente e ausente na chamada culpa consciente;
Tipicidade;
Homicídio Majorado – Causas de Aumento da Pena:
 Aumento de pena 
 § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. / Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
Perdão Judicial: somente aplicável na hipótese do homicídio culposo; natureza jurídica: sentença declaratória de extinção da punibilidade; continua sendo um fato ilícito, porém, com aplicabilidade do perdão judicial; no entanto, o fato tem potenciais repercussões cíveis de reparação de dano;
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
Ação Penal: Pública Incondicionada; na figura dolosa de competência do Tribunal do Júri; na figura culposa de competência do juízo comum;
Suicídio
 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
 Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
 Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
Conceito: morte do homem praticada pelo próprio homem; não se configura crime nem o suicídio nem a sua tentativa, já que o Direito Penal não pune a autolesão; é um diferente penal;
Bem Jurídico Protegido: vida da pessoa;
Elementos do Tipo:
Ação Nuclear: Induzir (criar a idéia); Instigar (quando o suicida já possui a idéia de suicídio e o agente o reforça neste propósito); Prestar-lhe Auxílio (necessariamente auxílio indireto, já que o auxílio direito seria caracterizado como o crime do art. 121); em qualquer destas condutas, a vítima deve ter a consciência do que está fazendo, já que, não o tendo, a conduta do agente caracteriza o crime do art. 121; trata-se de um Tipo Penal Misto e Alternativo: se o agente incorre em qualquer dos verbos do tipo ou em todos eles, responderá apenas por um crime; configura, porém, circunstância agravante a ser considerada na segunda fase da dosimetria da pena quando o agente pratica mais de um dos verbos;
Sujeito Ativo: qualquer pessoa; crime comum; no verbo Prestar-lhe Auxílio admite co-autoria e participação;
Sujeito Passivo: pessoa humana determinada (específica), com capacidade de discernimento; incitação coletiva a suicídio não se enquadra neste tipo penal;
Elemento Subjetivo do Tipo: Conduta somente punida a título de Dolo;
Nexo Causal: há que ser estabelecido entre Conduta e Resultado; independe do tempo que leva desde a prática do agente e o efetivo suicídio, porém, deve haver nexo causal entre a conduta do agente e a prática do fato;
Momento Consumativo: Lesão Corporal Grave ou Morte; 
 Nelson Hungria: havendo apenas os verbos do tipo penal há o crime; porém, somente quando há alguma das conseqüências tipificadas se cria a condição de punibilidade;
Damásio, Capez: as elementares do crime estão no preceito primário (tipo penal); no preceito secundário (cominação da pena) estão as demais elementares; configura atipicidade se a conduta não se enquadra conjuntamente nas elementares do Tipo e da Cominação da Pena;
Tentativa: não admite; não resultando morte ou lesão corporal grave a conduta é atípica;
Classificação: crime comum; crime material; comissivo; instantâneo; tipo misto alternativo; crime de dano; crime de ação livre, por qualquer meio; plurisubisistente; unisubjetivo;
* parte da doutrina e da jurisprudência entende que o crime de suicídioapenas pode ser cometido por ação e não por omissão; Capez, Mirabete e Noronha entendem que não há incompatibilidade com a omissão quando o agente possui o dever legal de agir;
Confronto: se a vítima não tem capacidade de resistência (querer, entender, portar-se), há o confronto com o crime de homicídio; a conduta do agente enquadra-se no crime de homicídio e não no de suicídio;
Formas:
Simples: caput;
Causa Especial de Aumento de Pena:
 Parágrafo único - A pena é duplicada:
 Aumento de pena
 I - se o crime é praticado por motivo egoístico; ex.: interesse na herança;
 II - se a vítima é menor (maior de 14 e menor de 18; se for menor de 14 o crime é de homicídio) / ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Suicídio a dois ou pacto de morte: morrendo ambos, não há responsabilização penal;
Havendo um sobrevivente:
Se quem sobrevive é aquele que comete a ação do suicídio coletivo (ex.: abrir a torneira de gás tóxico), responde pelo crime do art. 121;
Se quem sobrevive não é aquele que cometeu a ação do suicídio coletivo, responde pelo crime do art. 122;
Se os dois sobrevivem com lesões graves:
Aquele que cometeu a ação do suicídio coletivo responde por homicídio tentado;
Aquele que não cometeu a ação do suicídio coletivo responde pelo art. 122;
Se os dois sobrevivem sem lesões:
Aquele que cometeu a ação do suicídio coletivo responde por homicídio tentado;
Aquele que não cometeu a ação do suicídio coletivo não tem responsabilização penal, já que não há nem morte nem lesão grave; sua conduta é atípica;
Se ambos cometem a ação de suicídio coletivo e ambos sobrevivem:
Ambos responderão por homicídio tentado, independentemente de ter havido qualquer resultado;
Roleta russa (uma arma com um projétil; o ato tem que ser sempre da pessoa) e duelo americano (duas armas, com apenas uma municiada): sempre deve ser a pessoa a cometer o ato de atirar contra si; todos os participantes respondem pelo crime do art. 122 se a pessoa morre ou sofre lesão grave;
Emprego de fraude contra a vítima, induzindo-a a erro: quem cometeu a fraude responde pelo art. 121;
Suicídio não consumado e porte/disparo de arma de fogo: sobre o disparo de arma de fogo, o agente não tem responsabilização penal, já que cometeu o ato para o suicídio, tendo sido este o meio para a prática do fim; sobre o porte, como é crime de mera conduta, há tipicidade do agente, porém, por questão de política criminal, levando em consideração os princípios do direito penal, o MP pede o arquivamento do processo;
Ação Penal: pública incondicionada;
Procedimento: crime doloso contra a vida, de competência do Tribunal do Júri;
* se o crime resultou em lesão corporal grave, que a pena mínima é de 1 ano, enquadra-se no benefício penal da Suspensão Condicional da Pena, previsto na lei 9099/1995 (Juizado Especial Criminal);
Infanticídio
Infanticídio (o momento que separa o Aborto do Infanticídio é a ruptura do saco amniótico, ou bolsa; a partir deste momento, se a mãe provoca a morte do nascituro, trata-se de Infanticídio)
 Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
 Pena - detenção, de dois a seis anos.
* ler o material fornecido pela professora;
Aborto: formas: arts. 124 até 128
 Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
 Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou / consentir que outrem lho provoque:
 Pena - detenção, de um a três anos. 
 Aborto provocado por terceiro
 Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
 Pena - reclusão, de três a dez anos. 
 Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
* combinação com o art. 124 é uma exceção pluralística à Teoria Monista, que é o método adotado como regra geral no CP; a mãe responde pelo art. 124 e o agente responde pelo art. 126;
 Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
 Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
 Forma qualificada (majorada... não qualificada)
 Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Conceito: interrupção da gravidez com a conseqüente eliminação da vida intra-uterina;
Objeto Jurídico: direito da vida intra-uterina; no art. 125 também se protege a incolumidade física da gestante, já que ela não consente na realização do aborto;
* a eliminação de embriões que são descartados de processos de inseminação artificial não é tipificada no CP, não configurando nenhum crime; pode haver alguma repercussão cível, mas não penal;
* aborto preterdoloso ou preterintencional é o crime de lesão corporal seguido de aborto;
Elementos do Tipo:
Ação nuclear: provocar; consentir;
Meios de execução: qualquer meio apto para o fim (químicos, físicos, mecânicos, etc.); pode ser praticado por omissão pelo agente que possui o dever jurídico de agir (ex.: enfermeira deixa de dar os cuidados à gestante);
Sujeito Ativo: art. 124: crime próprio, de mão própria, somente a gestante podendo ser autora; arts. 125 e 126: crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, exceto a gestante;
Sujeito Passivo: arts. 124 e 126: feto; art. 125: dupla subjetividade passiva, sendo sujeitos passivos o feto e a gestante;
Consumação: morte do feto; sobre o início do iter criminis há uma divergência doutrinária, em função da determinação de qual é o momento de início da vida intra-uterina; o critério mais adotado é o de que quando o óvulo fecundado se fixa na parede uterina se inicia a vida intra-uterina; a prova da consumação é o exame de corpo de delito;
Nexo causal: por ser crime material, há de ser estabelecido o nexo causal entre a conduta do agente e a morte do feto;
Tentativa: é possível, já que é um crime plurisubsistente;
Crime impossível: se o feto já não possuía vida quando da prática do crime; ou por impropriedade absoluta do meio empregado;
Elemento subjetivo: dolo; o fato culposo não é tipificado;
Concurso de crimes: é possível quando o agente comete lesão corporal na gestante intencionalmente e também não se importa com o feto, comete ambos os crimes com dolo; também é possível quando o agente comete homicídio contra a gestante e como conseqüência causa o aborto; no art. 125, quando o agente aplica violência ou grave ameaça também incorre por concurso de crimes; na gravidez de gêmeos há concurso de crimes quando o agente sabe que a gravidez é múltipla;
Ação penal: pública incondicionada;
Competência: Tribunal do Júri;
Formas:
Art. 124: auto-aborto e o consentimento da gestante; admite partícipe, na hipótese de terceiro induzir a gestante a praticar o auto-aborto, porém, sem realizá-lo;
Art. 125: aborto praticado por terceiro sem consentimento da gestante;
Art. 126: aborto praticado por terceiro com consentimento da gestante;
Art. 127: forma majorada, quando a gestante sofre lesão grave ou morre; apenas a pena do terceiro é majorada, já que não se pune a auto-lesão;
Formas permissivas de aborto:
 Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
 Aborto necessário
 I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
 Aborto no caso de gravidez resultante de estupro: também chamado de aborto sentimental ou humanitário
 II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Aborto Necessário: o Estado de Necessidade também alcançaria esta conduta; porém, o legislador quis tutelar especificamente esta situação para não havero rigor da análise do Estado de Necessidade (exige perigo existente, atual);
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro: também chamado de aborto sentimental ou humanitário
* em Estado de Necessidade ou Inexigibilidade de Conduta Diversa, qualquer pessoa pode praticar o aborto, não se enquadrando a conduta no art. 128, I;
* o CP não admite aborto eugenésico ou engênico (quando há anormalidade no feto); o STF já admite jurisprudencialmente o aborto do feto anencéfalo;
* potencial pergunta para prova: no aborto sentimental ou necessário (art. 128), o auto-aborto causa punição à gestante? Em regra geral não, sendo tipificada sua conduta no art. ???; por outro lado, incrementar a resposta envolvendo o Estado de Necessidade e a ausência de Culpabilidade por Inexigibilidade de Conduta Diversa (ex.: índia estuprada e que o médico passa na aldeia apenas esporadicamente);
* potencial pergunta para prova: quem é o sujeito passivo do crime de aborto? Em algumas hipóteses é apenas o feto; em outras hipóteses, a gestante também é sujeito passivo do crime;
* potencial pergunta para prova: é possível a participação ou co-autoria no auto-aborto? A gestante pratica o art. 124 e o terceiro pratica o art. 126;
Lesões Corporais
Conceito: qualquer forma de ofensa à integridade corporal ou à saúde de outra pessoa; a dor, pura e simplesmente, não caracteriza a lesão corporal (enquadra-se na contravenção penal de vias de fato);
Objeto Jurídico: pessoa na sua incolumidade física (integridade corporal e saúde, física ou mental);
Lesões esportivas: para que não haja tipificação da conduta, é imprescindível que haja o consentimento da vítima em relação às regras do jogo e que as lesões estejam no âmbito normal da prática esportiva. Requisitos para não constituir o crime, segundo Capez: a agressão deve estar dentro dos limites da prática desportiva ou seja seu desdobramento previsível; o consentimento do participante; a atividade não pode ser contrária à ordem pública, aos postulados éticos e bons costumes. Não adotando a Teoria da Imputação Objetiva, há exclusão da ilicitude, pois se trata do exercício regular de um direito.
Intervenção médica-cirúrgica: havendo consentimento da vítima para a prática da intervenção cirúrgica e o médico seja habilitado para realizar o procedimento, não há tipificação penal;
Transplantes de órgãos de pessoas vivas / Cirurgia de transexual: desde que se preencham os requisitos da lei, exclui-se a ilicitude do fato, pois se trata do exercício regular de um direito;
* o art. 10, da Lei 9263/1996 regulamenta a possibilidade de se realizar procedimentos de esterilização (laqueadura, vasectomia); o médico que realiza a cirurgia fora do procedimento da lei pode ser enquadrado no crime do art. 2º da mesma lei;
* não há aplicação do direito penal para condutas socialmente adequadas (ex.: mulheres que fazem unha, depilam, etc.)
Elementos do Tipo:
Ação nuclear: ofender (atingir) a integridade física ou a saúde;
Meios de execução: crime de ação livre; pode ser praticado por qualquer meio que seja apto ao fim (ex.: provocação verbal que leva a pessoa a ter problemas de saúde); é um crime comissivo, mas pode ser praticado por omissão na modalidade de crime omissivo impróprio;
Sujeito Ativo: qualquer pessoa, exceto a própria pessoa, pois o direito penal não pune a auto-lesão como um fim em si mesmo; a auto-lesão amparada por legitima defesa (que decorre do revide a uma agressão injusta) pode gerar punição para o terceiro;
Sujeito Passivo: qualquer pessoa; quando a vítima for mulher grávida, menor de 14 anos, tiver relação de co-habitação, for portadora de deficiência, entre outras qualidades especiais, pode levar à figura qualificada ou majorada do delito; cadáver não pode ser vítima deste delito;
Momento consumativo: crime material, de dano, se consuma no momento em que há ofensa à integridade física ou à saúde da vítima;
Tentativa: na forma do caput é admissível; nas formas qualificadas pelo resultado somente é possível naquelas que não forem preterdolosas (dolo no antecedente e culpa no conseqüente); na figura culposa não cabe tentativa;
Elemento subjetivo: dolo na figura do caput; nas figuras qualificadas pelo resultado sempre ocorre dolo no antecedente e, quanto ao resultado agravador, dependendo do caso, pode ser punido ou não;
* distinção entre Lesão Corporal, Contravenção de Vias de Fato e Injúria Real:
Vias de Fato é a mera agressão que não tem como resultado “ofensa à integridade física ou à saúde”;
A agressão que ofende a integridade física ou a saúde enquadra-se na Lesão Corporal;
Na tentativa, enquadra-se como Lesão se há prova da agressão e da intenção do agente de ferir a vítima; se o agente não tinha a intenção de ferir, enquadra-se em Vias de Fato;
Injúria Real ocorre quando o agente ofende a honra subjetiva; o dolo do agente é de humilhar; no § 2º deste tipo, quando a Injúria culmina em lesão, o agente pode responder pelo crime de Injúria Real e também pelo crime de Lesão Corporal ou Vias de Fato;
Corte de cabelo contra a vontade: a intenção efetiva é de humilhar, não de lesar; prevalece que, se esta conduta for incriminada, seja no crime de Injúria Real e não dos outros delitos;
Formas:
Simples – Lesão leve: enquadra-se neste tipo por exclusão; não se enquadrando em nenhuma das outras formas de lesão, enquadra-se no caput;
 Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano.
Formas qualificadas: se o resultado agravador é punido isoladamente como crime e há dolo do agente para este resultado, a incriminação é em concurso de crimes (lesão corporal + o crime autônomo); estas formas qualificadas enquadram-se apenas nas condutas preterdolosas ou quando não há crime autônomo previsto no código;
 Lesão corporal de natureza grave 
 § 1º Se resulta: chamado pela doutrina de lesão grave;
 I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; não é necessariamente preterdolosa; independente do dolo do agente, enquadra-se aqui o crime; é ideal que o exame para laudo da incapacidade seja realizado logo após os 30 dias; a “ocupação habitual” deve ser uma ocupação lícita;
 II - perigo de vida; necessariamente preterdolosa, já que existe o crime autônomo de “perigo de vida”; o perigo de vida não é abstrato, é concreto, deve ser provado que a conduta do agente expôs a vítima ao perigo de vida;
 III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; a debilidade não precisa ser perpétua; os membros são ligados ao tronco; sentido é audição, paladar, olfato, visão, tato; função é relacionada a um órgão interno, como função respiratória, secretora, circulatória, reprodutora, digestiva, etc.; havendo órgãos duplos e sendo ferido um deles, a lesão será grave e não gravíssima;
 IV - aceleração de parto: expulsão antecipada do feto com vida;
 Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 § 2° Se resulta: chamado pela doutrina de lesão gravíssima;
 I - Incapacidade permanente para o trabalho; não há necessidade de ser perpétua a incapacidade, mas deve ser duradoura;
 II - enfermidade incuravel; que não haja prognóstico da medicina em encontrar uma cura;
 III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
 IV - deformidade permanente; 
 V - aborto: 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 Lesão corporal seguida de morte 
 § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo: 
 Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
Figura privilegiada:
 Diminuição de pena 
 § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Figura Culposa:
 Lesão corporalculposa 
 § 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
 Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
Mudança da natureza da pena: aplicável ao § 4º;
 Substituição da pena 
 § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis: 
 I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
 II - se as lesões são recíprocas. 
Causas especiais de aumento de pena:
 Aumento de pena 
 § 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º. 
 § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
Violência Doméstica:
 Violência Doméstica 
Figura qualificada § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
Causa de aumento de pena § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
Causa de aumento de pena em razão de violência doméstica quando a vítima for portadora de deficiência:
 § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
2º BIMESTRE: arts. 132 até 145;
CAPÍTULO III - DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Art. 132: Perigo para a vida ou saúde de outrem
 Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto (pelo menos uma pessoa determinada) e iminente (está ocorrendo ou na iminência de ocorrer):
 Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave (subsidiariedade expressa).
Considerações preliminares: perigo genérico: tudo que não couber nos outros crimes de perigo se enquadra no art. 132, subsidiariamente; os crimes de perigo tem uma dupla classificação:
Perigo abstrato: prova-se a conduta, mas não precisa provar a situação de perigo; se a conduta for capaz de criar um potencial perigo já se enquadra no perigo abstrato; o perigo é presumido simplesmente pela conduta; ex.: portar arma de fogo, sem mostrar de forma ameaçadora; ex.: posse de substância entorpecente para consumo próprio;
Perigo concreto: há que se provar a efetiva situação de perigo; a expressão do tipo penal que caracteriza o perigo concreto é, por exemplo: cometer tal conduta “gerando, causando” perigo de vida; ex.: ultrapassar sinal vermelho, ultrapassar a velocidade permitida para a via, etc.;
* o art. 132 prevê uma situação de Perigo Concreto, já que seu texto inclui os termos “direto e iminente”;
Objeto jurídico: proteção à Vida e à Saúde em relação a situações de Perigo Concreto (não é crime de dano);
Elementos do tipo:
Ação nuclear: expor (colocar) a perigo a vida ou a saúde; pode ser praticado por ação ou omissão (ex.: em razão de preceito religioso, as Testemunhas de Jeová podem responder a este delito quando negam a transfusão de sangue, se chegam a expor a perigo da vida ou da saúde de outrem) quando a omissão for relacionada a entrega de equipamento de segurança há enquadramento na lei 8213/1991 e não no artigo 132; perigo futuro não configura o crime; o perigo deve ser atual ou iminente;
Sujeito Ativo: qualquer pessoa; crime comum;
Sujeito Passivo: qualquer pessoa, desde que seja determinada; não haverá crime quando a exposição de perigo for relacionada a alguém que esteja no dever de enfrentar o perigo, desde que o perigo seja inerente à necessidade (ex.: bombeiro que entra na casa para apagar um incêndio);
Elemento Subjetivo: dolo de perigo (direto ou eventual, como ex.: a Testemunha de Jeová); vontade de matar ou vontade de ferir é intenção de dano e afasta o crime de perigo;
Momento consumativo: se consuma quando há produção concreta da situação de perigo (pode ser o momento da conduta ou do resultado);
* Potencial pergunta para a prova: Qual a conseqüência, se da conduta de expor a situação de perigo, sobrevier lesão corporal a vitima? Depende. Se o enquadramento se der na lesão culposa do § 6º do art. 129, o agente responde pelo art. 132, que possui pena maior. Se incidir qualquer causa de aumento de pena do §§ 7º e 8º do art. 129, a conseqüência é responder pela lesão que possui pena maior, sendo aplicados estes dispositivos, pois o art. 132 é crime subsidiário. Se o fato for praticado através da condução de veículo automotor, também prevalece o Código Brasileiro de Trânsito, que possui pena maior. Obs.: sempre na modalidade culposa.
* Da pergunta anterior, e se sobrevier morte? Deve responder por homicídio culposo ou por lesão corporal seguida de morte? Homicídio culposo, em razão da subsidiariedade expressa, bem como pela incompatibilidade do crime do art. 132 com o crime de lesão corporal seguida de morte, pois esta exige que a conduta seja praticada com dolo de ferir (dolo no antecedente e culpa no conseqüente).
Tentativa: depende; se for praticado por ação é possível, já que o crime é plurisubsistente; se for praticado por omissão não cabe tentativa;
Formas: simples do caput e causa de aumento de pena relacionada ao transporte regular de trabalhadores (só incidiria nesta norma se fosse carro de boi, pois os demais veículos seriam enquadrados no Código de Trânsito);
Classificação: crime de ação livre (de qualquer maneira); perigo concreto; crime comum; crime comissivo ou omissivo; crime subsidiário; plurisubsistente se for comissivo ou unisubsistente se for omissivo; crime unisubjetivo (pode ser praticado por uma ou mais pessoas); crime de menor potencial ofensivo;
Causa de aumento de pena:
 Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais (elemento normativo do tipo, que se refere às normas do Código Brasileiro de Trânsito).
Concurso de crimes: o crime subsidiário não admite concurso em relação ao crime principal, já que haveria aplicação de um ou outro; em relação a outros crimes que não o principal, pode haver concurso, como ex.: por não ceder equipamento obrigatório de segurança há enquadramento no art. 132 e também no tipo específico da lei 8213/1991;
Confronto:
Em relação a este crime e o crime de disparo de arma de fogo: disparar arma de fogo pode ou não configurar perigo da vida ou da saúde de outrem; se o disparo foi a esmo e não colocou ninguém em situação de perigo, não há confronto; se o disparo coloca em perigo a vida ou a saúde de outrem, responde pelo disparo, já que este possui pena maior;
Quando o crime for praticado na condução de veículo automotor, o agente responde pelo Código Brasileiro de Trânsito prevalece sobre o Código Penal, em respeito aos princípios da Especialidade e da Subsidiariedade;
* resolve-se o conflito aparente de normas pela adoção dos princípios da Especialidade (o especial prevalece sobre o geral), da Consunção (o crime meio é consumido pelo crime fim; ex.: lesão é absorvida pelo homicídio) e da Subsidiariedade (expressa ou tácita)
Ação penal / Jecrim: ação penal pública incondicionada; crime de menor potencial ofensivo (pena máxima de até 2 anos), sendo processado no Jecrim, admitindo transação penal e suspensão condicional do processo.
Art. 133: Abandono de incapaz
Perigo: a doutrina entende que se trata de perigo concreto e não abstrato, em função do uso do verbo “abandonar” (deixar à própria sorte...); não basta somente o ato em si, mas deve haver o abandono correndo um risco;
* quando o tipo penal inclui em seu texto expressão do tipo “gerando o perigo de dano”, é certeza que se trata de perigo concreto; não tendo expressão deste tipo, há que se interpretaros verbos utilizados em relação ao delito específico;
Objeto jurídico: segurança do indivíduo que por si só não possui condições de se defender, protegendo sua incolumidade física;
Elementos do tipo:
Ação nuclear: expor, abandonar (deixar a vítima sem assistência, ao desamparo);
Classificação: crime próprio; crime de perigo concreto; crime de ação livre (ação ou omissão de qualquer maneira apta); se praticado por ação é plurisubsistente; se praticado por omissão é unisubsistente; crime instantâneo e é instantâneo de efeitos permanentes enquanto perdurar a situação de abandono; unisubjetivo;PROVA
* tanto praticado através de ação quanto de omissão, deverá existir um dever do agente de agir ou de se abster (cuidado, guarda, vigilância, autoridade);
dever de cuidado: dever de assistência eventual; 
dever de guarda: dever de assistência duradoura; para efeito criminal, não há necessidade que se tenha um termo de guarda para configurar o crime de abandono, desde que o agente tenha assumido o dever de assistência duradoura;
dever de vigilância: assistência acauteladora; ex.: guia em relação ao turista;
dever de autoridade: poder de uma pessoa sobre outra, tanto decorrente de direito publico quanto de direito privado;
* se a vítima não se encontra em nenhum destes tipos de dever, o agente que pratica o ato responde pelo crime de dano genérico, art. 132, ou, no máximo, pela omissão de socorro;
Sujeito ativo: crime próprio, que só pode ser praticado por agente que tenha o dever de cuidado, guarda, vigilância ou autoridade; * crime próprio não há compatibilidade com concurso de agentes, mas o agente pode ser partícipe (auxílio indireto ao crime);
Sujeito passivo: qualquer pessoa que se encontre sob o cuidado, guarda, vigilância ou autoridade do sujeito ativo e que, por qualquer motivo, seja incapaz de se defender dos riscos do abandono; pouco importa o consentimento do ofendido;
Elemento subjetivo: dolo, consistente na vontade livre e consciente de abandonar a vítima, expondo-a a uma situação de perigo real; quando o abandono é utilizado como um “meio” para a prática de um “fim”, o crime será o de dano e não o de abandono; dolo eventual: quando o agente abandona a vítima em local que é impossível a sua sobrevivência, o dolo é de homicídio e não de perigo;
* se o agente desconhecer que possui um dos deveres mencionados comete erro de tipo, já que estes deveres são elementares do crime de abandono; se for escusável, excluirá dolo e culpa; se for inescusável, excluirá apenas o dolo;
Momento consumativo: todo crime de perigo concreto consuma-se quando ocorrer a situação do perigo concreto; a partir do momento em que a vítima encontra-se em situação de perigo, o crime está consumado; antes deste perigo ocorrer ou será conduta atípica ou tentativa (apenas na modalidade de ação);
Tentativa: admissível apenas quando a conduta for praticada por ação; quando a omissão gera o resultado de perigo, configurando o próprio crime; quando a omissão não gera o resultado de perigo, não configura o crime, o que inadmite a tentativa;
Formas:
Simples: caput;
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
 Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Qualificada: §§ 1º e 2º; são figuras preterdolosas;
 § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
 Pena - reclusão, de um a cinco anos.
 § 2º - Se resulta a morte:
 Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
 Aumento de pena
Majorada: § 3º;
 § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
 I - se o abandono ocorre em lugar ermo; prevalece o entendimento de que o local deve ser habitualmente ermo e não eventualmente; tem que ser um local relativamente ermo, pois se for absolutamente ermo pode configurar o crime de tentativa de homicídio;
 II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. Interpretação restritiva; apenas as vítimas descritas no inciso; em relação à ascendência ou descendência, pouco importa se é consanguínea ou por adoção; como se trata de norma penal incriminadora, prevalece o entendimento que, quanto ao cônjuge, seja exigida exatamente esta característica, não abrangendo o companheiro;
 III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
Culposa: não há previsão;
Estado de necessidade: não se configura o abandono quando este ocorre em casos de absoluta necessidade; ex.: a mãe deixa os filhos sozinhos para ir ao trabalho;
Ação Penal: pública incondicionada; não corre no juizado especial criminal, mas, como a pena mínima é menor do que 1 ano, é possível conceder a suspensão condicional do processo;
Estatuto do Idoso: existe crime especial quando se trata de abandono do idoso em asilo, casa de saúde de longa permanência, etc.; neste crime se protege a solidariedade familiar em relação aos idosos;
Art. 135: Omissão de socorro
Omissão de socorro (crime omissivo próprio)
 Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Pena alternativa, escolhida a critério do juiz, de forma justificada;
 Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
Bens jurídicos protegidos: dever de solidariedade para com o necessitado (por quem não causou o dano), quando está com sua vida ou incolumidade física em risco;
* o tipo é específico em proteger a vida ou incolumidade física; quando alguém presencia, por exemplo, um furto (apenas um bem patrimonial em risco), não há crime algum sobre a conduta de omissão de socorro;
* Potencial pergunta para prova: Terceira pessoa que presencia um esfaqueamento; que responsabilização esta pessoa pode ter se omitir o socorro? Se o terceiro não possui o dever de agir, ele não responde pelo crime de dano, mas pode responder pela omissão de socorro; se o terceiro tem o dever de agir, pode ser responsabilizado inclusive pelo crime de dano; 
Elementos do Tipo:
Ação Nuclear: deixar de prestar assistência (assistência imediata, desde que seja possível e não haja risco pessoal); não pedir o socorro da autoridade competente (assistência mediata);
Sujeito Ativo: crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa; prevalece o entendimento de que não há necessidade de presença no local onde o socorro é necessitado para cometer o crime, bastando que haja o domínio do fato (ex.: diretor clínico ordena por telefone que determinado paciente não seja atendido); não pode ser sujeito ativo do crime o causador do perigo ou dano, pois este responderá por crime conforme o perigo ou dano causado;
Sujeito Passivo: as pessoas elencadas no tipo:
Criança abandonada ou extraviada: criança deixada sem qualquer vigilância por quem deveria fazê-lo; o perigo presumido, havendo o dever de solidariedade;
Pessoa inválida: pode ser invalidez provisória ou permanente; o perigo é presumido;
Pessoa ferida: pessoa que apresente lesões que acarretem na impossibilidade de sua defesa própria; o perigo é presumido;
Pessoa ao desamparo ou em grave e iminente perigo: qualquer pessoa, estando ou não inválida e que esteja em situação de perigo concreto (perigo relacionado à vida ou à saúde); ex.: alguém que não sabe nadar e cai na piscina;
* situação em que o risco da prestação de socorro é para terceira e não para o potencial prestador; ex.: agente está levando a mãe muito doente ao hospital e defronta com situação em que há alguém necessitando de socorro; neste caso, não havendo a prestação de socorro, segundo Capez, não se afasta a tipicidade da conduta, devendo-seavaliar as excludentes de ilicitude (estado de necessidade) ou de culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa);
* quando o médico ou hospital negam socorro, exigindo a caução do tratamento, configura o crime de omissão de socorro;
* quando o médico se recusa a prestar assistência, alegando estar de folga, pode responder por omissão de socorro; ex.: médico presente em algum vôo e recusa a prestar assistência;
* enfermeiro, atendente, recepcionista, também podem responder pela omissão de socorro ao negar o atendimento por falta de convênio, por exemplo; mesmo atendendo a determinações superiores, tais agentes estariam cometendo o crime, já que se trataria de ordem manifestamente ilegal;
Concurso de pessoas: 
Pode haver participação em crime de ação mediante omissão? Pode, desde que a omissão seja imprópria; ex.: alguém está matando uma pessoa e o agente que tem o dever de agir omite-se;
No crime omissivo puro, como é o caso da omissão de socorro, pode haver participação? Este tipo de crime é incompatível com a co-autoria; o crime omissivo puro é um nada, não podendo ser ajustado este “nada” entre dois ou mais agentes; se existem duas ou mais pessoas em condições de prestar o socorro e ambas se omitem, cada uma delas é autora do delito de omissão de socorro. Pode haver a participação naquela hipótese em que uma pessoa deseja prestar o socorro e outra a induz a não fazê-lo (situação muito rara, já que ocorre a maior chance desta pessoa também cometer o delito de omissão de socorro);
A participação em crime omissivo puro consiste numa atitude ativa do agente que auxilia, induza ou instiga outrem a omitir a conduta devida;
Elemento Subjetivo: dolo de perigo de dano, consistente na vontade livre e consciente de, mesmo tendo a condição de prestar o socorro sem risco pessoal, deixar de fazê-lo ou de pedir o auxílio da autoridade competente;
Se o agente é o causador do dano e deseja a morte da vítima ou deseja lesioná-la, a omissão de socorro fica absorvida nestes crimes;
Se o agente comete lesão corporal ou homicídio culposo, sua conduta omissiva não é absorvida por estes crimes; neste caso, o agente responderá pela lesão corporal ou homicídio culposo com qualificação ou aumento de pena pela omissão de socorro;
Concurso de crimes: jamais poderá se falar no concurso de crime de dano; o causador do dano não concorre com este crime, pois ele responde por circunstância agravante, na 2ª fase da dosimetria da pena; ex.: cometeu homicídio por culpa e deixou de prestar socorro; neste caso, responde apenas por homicídio culposo com a agravante de deixar de prestar socorro;
Momento consumativo: crime omissivo próprio não admite tentativa; é um crime unissubsistente (conduta única), consumando-se no exato momento que ocorre a abstenção; uma vez consumado, é irrelevante o socorro tardio, apenas podendo o juiz aplicar uma pena menor na 1ª fase da dosimetria da pena (não cabe desistência voluntária e nem arrependimento eficaz); o socorro prestado por terceiro, depois de consumado o crime, não afasta a conduta criminosa;
Tentativa: inadmissível;
Potencial pergunta para prova: Dê dois motivos pelos quais não é possível a tentativa no crime do art. 135: trata-se de crime omissivo próprio, o que o torna incompatível com a tentativa; trata-se de um crime unissubsistente (conduta única), o que também torna incompatível com a tentativa;
Formas:
Simples: caput; 
Majorada: trata-se de uma figura preterdolosa (dolo no antecedente e culpa no conseqüente);
Culposa: não é punível omissão de socorro a título de culpa;
Potencial pergunta para prova: Porque se trata de uma figura majorada e não qualificada? Figura qualificada é aquela que se tem aumento em base fixa; quando o legislador utilizar percentual, trata-se de uma figura majorada ou aumentada. Momento que o juiz aplica: figura qualificada o juiz já parte na 1ª fase da dosimetria da pena com a pena maior; na figura majorada o juiz aplica o aumento de pena na 3ª fase da dosimetria da pena.
Omissão de socorro e Código Brasileiro de Trânsito: no Código de Trânsito, quando o agente tem o dolo de matar, a omissão de socorro é causa de aumento de pena; também há um tipo penal no Código de Trânsito de omissão de socorro;
Ação penal: pública incondicionada; trata-se de crime de menor potencial ofensivo (pena máxima do caput de até 2 anos), aplicando-se a Lei 9099/1995 (Juizado Especial Criminal); admite transação penal e suspensão condicional do processo (mais amplo, abrangendo os crimes que tenham pena mínima de até 1 ano);
Estatuto do Idoso: aplica-se o art. 97 da lei 10741/2003 e não o art. 135 do CP, conforme o princípio da especialidade;
Art. 137: Rixa
Conceito: é uma briga que tem que haver, no mínimo, vias de fato (agressão) ou lesão corporal; no crime de rixa, ao mesmo tempo, os rixosos serão vítimas e infratores, já que não se consegue se estabelecer quem foi o causador, em função da confusão generalizada (muitas pessoas brigando, com o mínimo de 3 pessoas); a doutrina classifica a rixa em duas espécies: pré-ordenada (ex proposito; os rixosos já haviam ajustado previamente a briga) e de improviso (ex improviso; quando a rixa ocorre sem ajuste anterior);
* havendo 3 pessoas em briga generalizada se caracteriza a rixa, mesmo que entre os 3 havia algum inimputável; o inimputável não responderá por processo criminal, os demais sim;
* aquele que comete ação destacada da briga generalizada responde pelo dano que comete; ex.: alguém lança de longe uma garrafa no meio da confusão e lesiona alguma pessoa; neste caso, responderá por lesão corporal; se o agente participa também da rixa, responde também por este crime;
* quando se consegue identificar quem é o agressor, não se trata de rixa e sim de lesão corporal;
Objeto jurídico: incolumidade física (saúde) e a segurança pública (ordem pública);
Elementos do tipo:
Ação nuclear: participar (tomar parte) da rixa;
Classificação: crime de ação livre (no mínimo com vias de fato); crime de concurso necessário; a co-autoria é imprescindível (no mínimo 3 pessoas); crime de condutas contrapostas (todos os agentes se batem entre si); pode haver participação (naquele caso que o agente auxilia indiretamente a rixa);
Sujeitos: ativo e passivo são a mesma pessoa;
 PROVA POTENCIAL QUESTÃO* Diferencie participação no crime de rixa com participação na rixa: participar da rixa é bater e apanhar de forma generalizada; participar do crime de rixa é induzir, instigar ou auxiliar indiretamente para que ocorra a rixa;
Elemento subjetivo: dolo (vontade livre e consciente de participar da rixa; animus rixandi; está ínsita a vontade de agredir); aquele que entra com a intenção de pacificar não responde pelo crime;
Momento consumativo: crime instantâneo, se consuma a partir do momento em que há, no mínimo, vias de fato recíprocas;
Tentativa: há divergência na doutrina; Damásio diz ser possível a tentativa de rixa apenas na pré-ordenada; Mirabete concorda a posição anterior, mas afirma que, na prática, será muito difícil comprovar tal situação, já que há que se ter início de execução (ato preparatório é impunível); Capez afirma ser muito difícil de estabelecer se a pré-ordenação da rixa culminará numa rixa, o que é impossível antever, afastando a possibilidade de tentativa;
Concurso de crimes: mesmo havendo a rixa, é possível que um ou mais dos rixosos pratiquem condutas autônomas; quem cometeu conduta autônoma responde pelo outro crime em concurso material; desde que o resultado da conduta autônoma não seja lesão corporal de natureza grave ou morte, os demais rixosos não respondem em concurso; os resultados lesão corporal de natureza grave ou morte qualificam o crime de rixa; hipóteses de concurso de crimes:
Ameaça: existe a rixa e alguém, no meio da confusão desordenada, realiza conduta destacada de ameaça; nesta hipótese não haverá concurso material, pois a ameaça fica absorvida pelo crime de rixa;
Lesão corporal leve e vias de fato: além da rixa, se individualiza uma conduta destacadade lesão corporal leve e vias de fato; neste caso, não haverá concurso de crimes em respeito ao princípio da consunção;
Homicídio ou lesão corporal grave: havendo algum destes resultados, seja contra um dos contendores ou pessoa estranha à rixa, identificado o seu autor, este responderá pelo crime de dano (lesão grave ou homicídio) em concurso material com o crime de rixa, havendo divergência doutrinária se esta rixa será qualificada ou não; nesta hipótese, os demais contendores não são autores das lesões ou do homicídio e responderão pela rixa qualificada. Na hipótese de o autor não ser identificado, todos os contendores responderão pela rixa qualificada;
Crime contra o patrimônio: quando alguém aproveita a oportunidade da rixa para praticar furto e é identificado, responde em concurso de crimes; se não identificado o autor, não há responsabilização;
Crime de disparo de arma de fogo: quando em uma rixa alguém dispara arma de fogo e é identificado, responde em concurso de crimes; se não identificado o autor, não há responsabilização;
Crime de porte ilegal de arma de fogo: quando em uma rixa alguém porta ilegalmente arma de fogo, responde em concurso de crimes; se a arma é encontrada e não é encontrado o seu portador, a autoria é incerta e não há responsabilização;
Formas:
Simples: caput;
 Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
 Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Qualificada: a qualificadora se dá na participação da rixa que resulta na lesão corporal grave ou na morte, para aquele rixoso que não foi identificado como autor do dano; 
 Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
Culposa: não há;
* posições doutrinárias sobre a rixa que resulta em morte e o autor é identificado:
Hungria e Damásio entendem que o autor responde pelo crime de homicídio em concurso com o crime de rixa qualificada;
Noronha entende que o autor deve responder pelo crime de homicídio em concurso com o crime de rixa simples;
* quando a morte foi causada por policial que tentava conter a rixa: avalia-se a conduta do policial para verificar se cometeu crime ou não; quanto aos rixosos, o entendimento doutrinário é de que a morte não se deu em função da participação na rixa e sim pela ação policial; prevalece o entendimento de que os rixosos não respondem pela rixa qualificada;
* quando um dos rixosos abandona a rixa antes que a morte ocorre: há divergência doutrinária, mas prevalece o entendimento de que, se a natureza da briga possui tendências graves (com uso de armas potenciais de criar o resultado morte), haverá a responsabilização de todos os rixosos pelo crime de rixa qualificada; quando a natureza da briga até o momento que o rixoso a abandona é de tendências leves (não há uso de armas potenciais de criar o resultado morte), este rixoso responderá pelo crime de rixa simples;
Distinção entre rixa qualificada e autoria incerta:
Rixa qualificada: nesta se desconhece o autor dos crimes de lesão corporal ou de homicídio, os rixosos não querem este resultado mais gravoso, mas respondem por estes face à previsibilidade de tais eventos;
Autoria incerta: nesta, pelo contrário da rixa qualificada, duas ou mais pessoas perfeitamente identificáveis, sem que uma saiba da conduta da outra, querem dar causa ao resultado, mas apenas uma delas consegue, mas, entretanto, não se consegue comprovar quem efetivamente causou o resultado, devendo se aplicar o princípio do in dubio pro réu e ambos responderão por tentativa do crime de dano;
Rixa e legitima defesa:
Rixa e delito multitudinário (multidão): no delito de multidão todos vão para o mesmo caminho (ex.: toda a torcida na briga contra o árbitro de futebol); neste caso, não caracteriza a rixa, já que esta é formada por condutas contrapostas;
Ação penal / Jecrim: pública incondicionada; ambas as formas do crime configuram-se como de menor potencial ofensivo, sendo processadas no Juizado Especial Criminal;
Classificação: crime de dano; instantâneo; plurisubjetivo (concurso necessário); plurisubsistente; material (tem que ter, no mínimo, vias de fato); comissivo; ação livre;
Crimes Contra a Honra (arts. 138 a 145)
* estudar pelo trabalho feito
* os crimes contra a honra também são punidos por outros dispositivos legais; guardam proteção jurídica também pela Lei Eleitoral (norma especial, que prevalece sobre a norma geral); também o Código Penal Militar prevê hipóteses de crimes contra a honra no âmbito militar; a Lei de Imprensa também previa crimes contra a honra, mas foi declarada inconstitucional, sendo tais crimes enquadrados na norma geral prevista no CP;

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