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Inserção Global - China x Brasil

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Inserção Global: China x Brasil
Antes basicamente uma economia agrária e restrita a um governo comunista, a China representava apenas mais um país de irrelevância econômica e mundial, mas com a abertura de seus mercados e de suas fronteiras, a China passou a se inserir no modelo econômico de competitividade global. Passando inicialmente a atrair empresas e indústrias para produção de itens de baixo valor agregado, como a fabricação de roupas e a montagem de dispositivos eletrônicos, com um baixo custo de produção, e uma mão-de-obra extremamente barata, o que permitiu o seu grande crescimento econômico. Esse crescimento veio atrelado a uma alta taxa de exploração na China, dada as circunstâncias históricas, a luta-de-classes em âmbito mundial e a necessidade de se indigenizar tecnologias concentradas no exterior, pois sem tecnologia é impossível superar o estágio da exploração do trabalho.
É fato que a mão-de-obra é um fator para o sucesso chinês, mão-de-obra essa superexplorada por empresas estrangeiras. Porém, um dado diz que 55% das exportações chinesas são feitas por empresas estrangeiras, mas, quando pesquisado a fundo, vemos que 51% das ações de 83% das empresas exportadoras são de chineses (China Statistical Yearbook 2006).
Se elevarmos nossa abstração a outro nível, poderemos perceber que a instalação de fábricas na China é condição objetiva para se alcançar e concorrer pelo consumo de metade da população do mundo encontrada em um mesmo lugar, a Ásia, e até mesmo um mercado de potencial de cerca de um bilhão de consumidores, somente na China. Países como a China têm seu mercado interno cada vez mais preparado para empresas nacionais, dada a incorporação rápida de novas tecnologias de empresas norte-americanas e européias situadas em seus territórios.
O papel ocupado pelo Brasil na economia mundial foi durante muito tempo semelhante ao da China, da Coréia do Sul e de tantos outros países subdesenvolvidos no decorrer de suas histórias. O país estava restrito à produção de bens agrícolas primários, que o condenaria a uma situação de desigualdade crescente em relação aos países com uma indústria já bem desenvolvida e produtores de bens de alto valor agregado, gerando o que Ruy Mauro Marini chama de “troca desigual”.
Após a década de 1950, ocorreu no Brasil o processo de internacionalização da economia, com grande participação do Estado como empresário e no desenvolvimento de infraestrutura (transportes, energia, portos) e políticas de incentivos fiscais. Todos esses fatores, aliados à disponibilidade de mão-de-obra barata, mercado consumidor emergente e acesso a matérias-primas e fontes de energia, atraíram empresas transnacionais para o território brasileiro. Houve uma grande ampliação do parque industrial, principalmente indústrias de bens de consumo duráveis (automóveis e eletrodomésticos).
A partir da década de 1980, ocorreu o esgotamento da capacidade do Estado em promover o desenvolvimento industrial - fim do Estado empresário - devido às políticas econômicas mal sucedidas que aumentaram a dívida externa e a inflação. No plano externo, os países desenvolvidos começaram a adotar medidas neoliberais, reduzindo o papel do Estado na sua participação em determinados setores econômicos.
O Brasil iniciou, a partir da década de 1990, um acelerado programa de abertura econômica conduzido pelo governo Collor. Através da redução de alíquotas de importações, desregulamentação do Estado, privatizações das empresas estatais e diminuição de subsídios, mudanças profundas foram implementadas na estrutura industrial do país. Apesar de estimular a competitividade, muitas pequenas e médias empresas não tiveram suporte técnico e financeiro para se adaptarem a essas transformações. Até os dias atuais, a principal dificuldade enfrentada pelos pequenos e médios empreendedores no Brasil é que os investimentos em tecnologia e o crédito necessário para a efetuação de qualquer base de estruturação produtiva ainda dependem do resguardo estatal.
O Brasil é hoje a sétima maior economia do mundo, uma posição que o deixa atrás apenas de tradicionais potências europeias como Reino Unido, Alemanha e França, dos superdesenvolvidos Japão e Estados Unidos, e da gigantesca China com seu alto crescimento durante anos consecutivos, grande mercado interno e uma influência cada vez maior na economia mundial.
Esse papel importante aumentou também as ambições políticas do país, que reivindicou um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, uma prova de que é grande o desejo do país se tornar um ator global, capaz de fazer parte do único órgão do sistema internacional que é capaz de adotar decisões obrigatórias para todos os Estados-membros da ONU. Uma posição que reafirmaria o protagonismo na América do Sul e que o alçaria ao mesmo posto na América Latina.
Naturalmente essa busca por poder é refletida no crescimento da projeção brasileira no continente sul-americano, uma tendência acentuada nos últimos 15 anos, e que reúne ações políticas e um aumento da presença de empresas brasileiras nos países vizinhos. E é esse aumento que fez surgir nos países vizinhos o termo “imperialismo brasileiro”, uma demonstração de que setores da população e da mídia nutrem um sentimento de insatisfação com um possível, excessivo crescimento da influência brasileira.
A expansão das empresas brasileiras se deve também ao fortalecimento de uma burguesia nacional que conquistou espaço e domínio na economia do país, ocupando um lugar antes pertencente a uma burguesia voltada para a importação, e que ambiciona a conquista de outros mercados. O mercado regional é um alvo inicial nessa nova tendência, porém o “imperialismo brasileiro” visa também o mundo, entrando em uma disputa com as ambições imperialistas de outros países.
Alguns exemplos desse movimento “conquistador” e expansivo brasileiro são: o controle por parte de empresas brasileiras do mercado de carne bovina uruguaio, setor líder de exportações do nosso vizinho, o domínio de brasileiros sobre a produção de soja no Paraguai e a construção de usinas hidroelétricas no Peru, entre outros. O crescimento dos negócios entre o Brasil e os outros países sul-americanos fez com que na primeira década do século XXI, essa região se tornasse o segundo mais importante mercado para o comercio externo brasileiro, atrás apenas da Ásia.
A insatisfação gerada por esse movimento pode ser verificada de forma explícita por declarações e ações de líderes de nossos países vizinhos, como críticas do então presidente uruguaio Jorge Batlle de que o Brasil era responsável pela crise no seu país, e decisões mais radicais como o questionamento, e consequente renegociação dos contratos vigentes referentes à Usina de Itaipu pelo presidente paraguaio e a nacionalização de refinarias brasileiras por parte do governo boliviano. 
O avanço brasileiro também é verificado em outras regiões, como a África, onde o país já intensificou ações diplomáticas com a criação de embaixadas e frequentes visitas presidenciais, na época do governo Lula. O destaque são as empresas mineradoras como a Vale S.A. e as grandes empreiteiras nacionais, além da principal estatal do país, a Petrobrás. 
As empreiteiras sem dúvida ocupam papel de destaque no aumento da participação brasileira no exterior, as cinco maiores, grupo composto por Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, OAS e Camargo Corrêa, realizam obras em 16 países, além do Brasil. Contudo esse desenvolvimento se deve também a colaboração do governo brasileiro, que através do Banco Nacional de Desenvolvimento-BNDES financia grandes obras das empreiteiras nacionais no exterior e que abre as portas de novos mercados diplomaticamente, somente no governo Lula houve um crescimento de 544% desses negócios.
No entanto o crescimento econômico brasileiro, que na primeira década do século propiciou a expansão internacional de empresas brasileiras, movidas também pelo grande consumo interno do país juntamente com os importantes negócios entre o Brasil e a China,que colaboraram para que o bom momento resistisse por algum tempo à crise econômica que atingiu o mundo em 2008, não se repete nos últimos anos. Em 2014 o Brasil cresceu abaixo do esperado pelo próprio governo e segundo especialistas passa por uma recessão técnica, o que pode comprometer as ambições econômicas e politicas do país. 
O problema brasileiro se mostrou muito além das complexas questões econômicas, a política do país, costumeiramente alvo de escândalos e de revolta do povo, teve revelado em 2014 um escândalo que pode comprometer o desenvolvimento do país. O escândalo revelado pela policia federal através da Operação Lava Jato, apontou o envolvimento das principais empreiteiras do Brasil, com o desvio de verbas da Petrobrás.
As empresas envolvidas no escândalo são responsáveis por grande parte das obras mais importantes em andamento no país, através do pacto de aceleração do crescimento, e caso sejam consideradas inidôneas pela justiça e não possam seguir nas obras contratadas com o governo, o Brasil pode ter grandes e importantes investimentos paralisados. Toda essa crise envolvendo importantes empresas nacionais pode abrir espaço para que empresas estrangeiras ocupem um lugar antes dificultado pela forte concorrência nacional, a China com sua crescente inserção global já começa a ocupar tal posto. 
O fato é que o Brasil está perdendo substancialmente sua posição de liderança na América Latina, pois a China emerge como principal referência econômica de países – como argentina, Venezuela e equador. Investimentos maciços nesses países estão sendo feito, em troca de acesso prioritário a energia, transporte, mineração, agropecuária e outros, pela China.
No caso do Brasil, no decorrer destas crises e de denuncias de corrupção na Petrobrás, as empreiteiras brasileiras estão correndo o risco de serem engolidas pelas concorrentes estrangeiras da China, e isto está acontecendo. Com a descoberta do Pré-sal e com o consequente potencial exportador de petróleo do país, as empresas petroleiras chinesas passaram a se interessar pelo setor energético brasileiro. Nos últimos cinco anos, todas as quatro grandes empresas petrolíferas estatais chinesas entraram no mercado Brasileiro. O principal drive para entrada no Brasil é a perspectiva de exportação de petróleo para a China. 
Até 2005 a presença chinesa na indústria brasileira do petróleo era muito tímida, mas no decorrer dos anos com altos investimentos das empresas petrolíferas no Brasil esse quadro foi mudando. A Sinopec entrou no mercado brasileiro oferecendo serviços de engenharia e de EPC, participando de varias construções, comprou em longa escala petróleo Brasileiro, concedeu empréstimos para o Banco de desenvolvimento brasileiro, financiou projetos, e começaram a comprar participações em empresas de petróleo e gás no Brasil. Com a aquisição de participações na Repsol Brasil (40%) e da Galp Brasil (30%) por US$7,1 bilhões e US$4,8 bilhões, respectivamente, a Sinopec desponta como a principal Chinesa no Brasil. A Repsol Sinopec surge como uma grande empresa de E&P no Brasil, cujo valor de mercado atinge US$17,8 bilhões. A Galp Energia, por sua vez, possui vinte projetos de exploração e uma forte participação no Pré-sal, atuando nos campos de Lula/Iracema, Iara, Carcará e Júpiter. Hoje empresas chinesas já detém até 40% de participação em campos de petróleo e gás do Brasil. A Sinochem por sua vez já tem uma participação importante no mercado Brasileiro, mediante a aquisição em 2010 de uma participação de 40% no campo de Peregrino que é operado pela Statoil, produzindo atualmente cerca de 80 mil barris por dia. Além disto, a empresa está explorando petróleo em cinco blocos na bacia do Espírito Santo. 
Hoje a China é o principal país que recebe as exportações de petróleo do Brasil, considerado o maior parceiro econômico atualmente, possui grande influencia e participação em projetos, financiamentos, investimentos, construções e exportações. O nosso setor está totalmente entrelaçado com as empresas chinesas, que a cada dia aumentam sua participação no Brasil, através de compras de ativos petrolíferos. Isso mostra que no Brasil existe vários campos petrolíferos a explorar suas capacidades, e que a China possui o dinheiro necessário para se concretizar os investimentos necessários para sua produção, cerca de 4,4 Trilhões de dólares a se investir.
O Brasil ao longo dos anos vem se deparando com uma taxa de crescimento progressivo, porém, os outros países emergentes e que já estão se inserindo no rol de potências mundiais também apresentam boas taxas de crescimento. Um exemplo perceptível é a China, que ultimamente vem experimentando taxas elevadas de crescimento, ultrapassando a de grandes potências mundiais como os EUA.
É fato que o Brasil está ficando fora dos eixos dinâmicos da economia global, dados de 2013 mostram que as importações e exportações brasileiras não chegam a 20% do PIB, fazendo com que se tenha uma inserção pequena na economia global. Além disso, o país não tem acordos de livre comércio com os principais mercados do mundo.
Com isso o Brasil vai se distanciando da elite de competitividade global, que é o caso da China, que ao contrário do Brasil vem se inserindo progressivamente na economia global, inclusive na economia brasileira. O caso das concessionárias de petróleo (que está elucidado neste artigo) é um exemplo de como a economia chinesa vem se inserindo no Brasil. Além disso, não há um novo ciclo para demandar os commodities brasileiros, que em relação ao Brasil na maioria dos casos, são bens primários.
Em relação à China, nos últimos anos, o país vem mudando seu modelo econômico de exportador para mercado interno. Os asiáticos abriram a economia para as importações redutoras de custos. Convidaram empresas estrangeiras para operar na China, mas não de maneira plena, as empresas estrangeiras só poderiam operar dentro do país se fizessem isso em parceria com as empresas locais. Nessa época, em contrapartida o Brasil fechava as portas para o comércio exterior.
A China, no cenário contemporâneo, vem investindo fortemente no setor de Ciência e Tecnologia. Em 2001, quando surgiram os Brics, a economia da China equivalia a da Itália. Hoje é quatro vezes maior. Aplicava cerca de 0,6% em Ciência e Tecnologia. O Brasil nesta mesma época aplicava cerca de 1%. Hoje, a China investe 1,6%, enquanto que o Brasil ainda continua em 1%. Esses dados mostram o grau de estagnação da inserção global do Brasil em relação à outras potências emergentes.
Estima-se que quando a China ultrapassar os Estados Unidos como maior economia mundial em 8 ou 10 anos, estará investindo 3% do seu PIB nesse setor de Ciência e Tecnologia, que é o mesmo valor que os EUA investem hoje. Esse fato consequentemente diminui as oportunidades para a economia brasileira, fazendo com que ela perca espaço tanto fora do seu território nacional, quanto dentro de seus próprios domínios, pois a China já está se inserindo no mercado nacional a espera de oportunidades para arrancar fatias ainda maiores desse “bolo” chamado economia.
Michael Spence, professor da Universidade de Nova York e ganhador do Prêmio Nobel de economia, estima que 100 milhões de empregos sairão da potência asiática, que deixará de ser apenas uma plataforma de produção de itens de baixo valor agregado e se concentrará em itens que exigem conhecimento intensivo. Isso mostra que a China, sem dúvida, está usando seus recursos e influência com sabedoria, investindo a longo prazo em um mercado lucrativo, buscando se inserir em novos mercados e alcançar o máximo de influência possível na economia mundial. Porém nem tudo são rosas, em 10 anos provavelmente a China será a maior economia do mundo, mas ainda sim, será uma economia pobre, com um PIB de US$15 trilhões e uma renda per capita próxima a US$12 mil por ano, dado o seu alto nível de exploração do trabalhador com seus baixos salários.
O Brasil tem muitas possibilidades, mas amarras ideológicas fazem com que o país tenda a ficar onde está. Se o Brasilcontinuar nesse mesmo ritmo ao longo dos próximos anos, seguirá como potência média. Embora o Brasil tenha crescido e saído do lugar, os outros também saíram e em ritmo mais veloz, em outras palavras, o Brasil tende a ficar estagnado.
A inserção do Brasil, se é que podemos chamar o que vem ocorrendo de inserção, está totalmente comprometida, fatos que ocorrem atualmente dão a possibilidade de mercados estrangeiros se inserirem no país. O que na verdade ocorre é um recuo, relativamente falando, da economia brasileira em relação as elites competitivas globais. O Brasil já está às portas de uma crise econômica, que a propósito não é admitida, nem combatida pelo Governo atual. O país tem um grande potencial, sem dúvida alguma, o que falta necessariamente é uma gestão de visão, que almeje o desenvolvimento a longo prazo e não imediato, como o exemplo da China.

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