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Aula 04 - Constituconal - Flávio

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MpMagEst 
Constitucional 
Flávio Martins 
Data: 04/06/2013 
Aula 04 
 
MpMagEst – 2013 
Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha 
Complexo Educacional Damásio de Jesus 
RESUMO 
 
SUMÁRIO 
 
1. Poder constituinte 
2. Eficácia das normas constitucionais 
 
 
1. PODER CONSTITUINTE (continuação) 
 
Obs.: teoria minoritária da dupla revisão: (Ferreira Filho) faz-se uma emenda constitucional 
modificando o art. 3º do ADCT, permitindo fazer novas revisões no texto constitucional. 
 
1.1. Emenda Constitucional (art. 60 da CF) 
 
“Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos 
Deputados ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das 
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela 
maioria relativa de seus membros.” 
 
Obs.: 
Um terço de deputados = 171 deputados; 
Um terço de senadores = 27 senadores; 
Prevalece o entendimento de que o rol do art. 60 é taxativo. Portanto, não é possível PEC de 
iniciativa popular. 
 
1.1.1. Aprovação: nas duas casas do congresso nacional, por duas vezes (dois turnos) com 
quórum de aprovação por 3/5 de seus membros. 
Obs.: não existe sanção ou veto de emenda constitucional. 
 
1.1.2. Promulgação de Emenda Constitucional: são as mesas da Câmara e do Senado Federal. 
Obs.: não é a mesa do congresso nacional, que atua basicamente nas sessões conjuntas. 
 
1.1.3. Existem três circunstancias nas quais a Constituição não pode ser emendada: 
(i) Intervenção Federal; 
(ii) Estado de Defesa; 
(iii) Estado de Sítio; 
 
1.1.4. Se uma PEC for rejeitada, poderá ser apresentada numa próxima sessão legislativa. 
 
1.2. Limitações ao poder reformador: 
 
 
2 de 4 
(i) Limitações materiais: são aquelas matérias que não podem ser suprimidas na constituição – 
são as cláusulas pétreas; 
 
(ii) Limitações circunstanciais: são as circunstâncias nas quais não se pode emendar a 
constituição; 
 
(iii) Limitações formais ou procedimentais: é um procedimento mais rigoroso de alteração (ex.: 
quórum de 3/5 para EC); 
 
(iv) Limitações temporais: é um período no qual não se pode alterar a constituição. Essas 
alterações não existem na Constituição de 1988 – desde que foi publicada, no dia seguinte 
poderia ser alterada. Um exemplo dessa limitação foi a constituição de 1924 (D. Pedro I) 
que não podia ser alterada nos primeiros 04 anos de vigência. 
 
(v) Limitações implícitas: não podem ser alteradas as regras de modificação da constituição ex.: o 
quórum de 3/5 não pode ser modificado – não está expresso no texto, mas assim é 
entendido implicitamente. 
 
1.3. Poder derivado decorrente: 
 
É o poder que cada Estado possui para elaborar sua própria constituição. 
Segundo o STF, o Distrito Federal, também possui esse poder derivado decorrente, pois a lei 
orgânica do DF tem status de constituição estadual. 
 
Atenção: os municípios não possuem poder derivado decorrente, mas mera competência 
legislativa para elaborar suas respectivas leis orgânicas. Há controle de legalidade e não controle 
de constitucionalidade. 
 
1.3.1. Características do poder decorrente: 
 
(i) É secundário – nasce com a constituição federal. É um poder de direito e não de fato. 
(ii) É condicionado – porque possui formas pré-estabelecidas de manifestação (art. 25 da 
CF): 
 
“Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições 
e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.” 
 
(iii) É limitado: possui os seus limites na própria Constituição 
 
a) Princípios sensíveis (Pontes de Miranda – art. 34, VII da CF): se violados 
autorizam a intervenção 
 
“Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito 
Federal, exceto para: 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios 
constitucionais: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime 
democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. 
 
3 de 4 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos 
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na 
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços 
públicos de saúde. 
 
b) Princípios estabelecidos: são limites estabelecidos pela constituição aos 
Estados ex.: tributos dos Estados, etc. 
 
c) Princípios extensíveis: são princípios que se aplicam à toda a Federação e 
reflexamente aos Estados ex.: processo legislativo. Ex.: é possível MP estadual 
se prevista na Constituição do Estado – com observância do princípio da 
simetria. Também é possível MP municipal, se prevista na Leio orgânica e e 
constituição Estadual. 
 
1.4. Poder Constituinte Difuso (ou mutação constitucional): 
 
É um poder de alterar o sentido, a interpretação da constituição, sem a alteração do seu texto. É 
uma modificação informal da constituição, ou seja, não se trata de uma mudança formal como no 
caso da emenda constitucional. 
 
O poder difuso é um poder de fato (que já existe) e não de direito, porque não é um poder 
disciplinado pela lei. 
 
A ideia da denominação “Difuso”, se dá pelo fato que esse poder poderá ser realizado por 
qualquer interprete da constituição. Exemplos: 
 
a) Mudança da interpretação do texto constitucional ex.: art.5 º, XI – (inviolabilidade da casa) a 
interpretação de casa foi alterada pelo STF. Antigamente casa era utilizada apenas como 
sinônimo da residência do indivíduo. Atualmente casa é entendida como residência, escritório, 
quarto de hotel, motel, trailer etc. 
 
b) Construção constitucional: a teoria brasileira do “habeas corpus” na constituição de 1891. 
Nesta constituição (Rui Barbosa) o HC teve um tratamento muito diferente, uma vez que 
tutelava quaisquer direitos e não apenas a liberdade de locomoção (não existia mandado de 
segurança). 
 
c) Praxe constitucional ex.: foi o caso do parlamentarismo durante o reinado de D. Pedro II. Não 
estava previsto na constituição de 1824, mas uma praxe adotada por D. Pedro II. 
 
1.5. Poder Constituinte Supranacional: é o poder de elaborar uma só constituição para vários países. 
 
2. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
 
Eficácia é a possibilidade de produção de efeitos concretos. 
 
2.1. Classificação norte-americana (Rui Barbosa) 
 
a) Norma constitucional autoexecutável (self executing provisions): produz todos os seus efeitos sem 
precisar de complemento. 
 
 
4 de 4 
b) Norma constitucional não autoexecutável (not self executing provision): produz poucos efeitos 
porque precisa de um complemento. 
 
2.2. Classificação Italiana (José Afonso da Silva – aplicabilidade das normas constitucionais): 
 
a) Norma Constitucional de eficácia Plena: é a norma que produz todos os seus efeitos sem precisar 
de complemento – não precisa de regulamentação. Ex.: art. 18, §1º da CF: “Brasília é a Capital 
Federal”; 
 
b) Norma Constitucional de eficácia Contida (também chamada de redutível ou restringível): são 
normas que também produz os seus efeitos, mas lei infraconstitucional pode reduzir esses efeitos. 
Ex.: Art. 5º, XIII “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer”; 
Segundo o STF, a lei infraconstitucional, não pode reduzir excessivamente os efeitos da norma 
constitucional, a ponto de ferir seu núcleo essencial. De acordo com esse entendimento, é 
inconstitucional a exigência de diploma de jornalismo para a prática de atividades jornalísticas. 
 
A doutrina moderna entende que essa classificação é equivocada porque toda norma 
constitucional pode sofrer restrições, desde que proporcionais. Posição defendida por Virgílio 
Afonso da Silva. Ex.: mandado de segurança – é uma normade eficácia plena, contudo há a lei 
12.016/09, que dentre outras coisas limita o prazo para sua propositura de 180 dias. Direito à vida 
art. 5º da CF, confrontado com a lei do abate – código brasileiro de aeronáutica – que possibilita 
abate de aviões não identificados. 
 
c) Norma Constitucional de eficácia Limitada: é a norma que produz poucos efeitos – a norma 
constitucional sempre produz efeitos mínimos por mais abstrata que seja: 
Ex.: não recepcionar a legislação anterior incompatível; condiciona a legislação futura; pode ser 
usada como parâmetro ou paradigma no controle de constitucionalidade. 
 
Modalidades de norma constitucional de eficácia limitada: 
 
(i) De princípio programático (ou normas programáticas) – são aquelas normas que fixam um 
programa de atuação para o Estado, ou seja, metas para o Estado seguir ex.: art. 196 
acesso à saúde; art. 205 direito à educação; art. 7º, IV salário mínimo. 
Tais normas produzem poucos efeitos pois precisam de reiteradas políticas públicas. 
 
(ii) De princípio institutivo 
 
ATENÇÃO: parte da doutrina acrescenta: 
 
a) Norma Constitucional de eficácia absoluta: 
 
b) Norma constitucional de eficácia exaurida: 
 
 
Próxima aula observações sobre o princípio programático e continuação a partir do princípio institutivo.

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