Buscar

Direito Civil VI – Direito das Coisas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito Civil VI – Direito das Coisas ou Direitos Reais
Arts. 1196 até 1510, CC;
Prof. Marcos Rogério de Souza
Email: marcoslex@hotmail.com
Bibliografia:
Gustavo Tepedino; Código Civil Interpretado Conforme CF/1988;
Carlos Roberto Gonçalves; Direito Civil Brasileiro; Volume 4; Saraiva;
Flávio Tartuce; Direito das Coisas ou Manual de Direito Civil;
Arnaldo Rizzardo; Direito das Coisas; Forense;
Maria Helena Diniz; Direito Civil Brasileiro; Volume 4; Saraiva;
Nelson Rosenvald; Direitos Reais; Lumen Juris;
Comparativo entre Direitos Obrigacionais e Direitos Reais
* Direito Obrigacional: vínculo jurídico que obriga o credor e o devedor, através de uma prestação a ser dada pelas partes; o objeto obrigacional é a prestação e não a coisa; quem tem que efetivar a prestação é a parte;
* Ex. de relação jurídica obrigacional: compra e venda de veículo em que o comprador não passa a ter a posse do veículo imediatamente; posteriormente o vendedor vende este mesmo veículo e entrega para terceira pessoa; o direito do primeiro comprador não poderá atingir o direito do segundo comprador; assim, tal direito se transformará em perdas e danos a serem ressarcidas pelo vendedor e não o próprio veículo originalmente comprado; obs.: bens móveis é a tradição que transmite a propriedade;
* Ex. de relação jurídica de direito real: compra e venda de veículo em que o comprador passou a ter a posse imediata do veículo; assim, passa a ter o direito real sobre tal bem; posteriormente, se de alguma forma o veículo estava na loja do vendedor e este torna a vendê-lo para terceira pessoa, tal venda será inválida; o primeiro comprador, detentor do direito real sobre a coisa, poderá exercer seu direito, mesmo em prejuízo de terceira pessoa, através de uma ação reivindicatória; ao terceiro caberá ação regressiva contra o vendedor para ressarcimento de perdas e danos;
* a única limitação dos Direitos Reais está relacionada à Função Social da Propriedade;
Características Principais dos Direitos Reais
Objeto Imediato dos Direitos Reais: a própria coisa, a res; proporciona o direito de buscar o bem de quem o detém injustamente;
Sujeito ativo: é o titular de um direito patrimonial de natureza real;
Poder imediato sobre a coisa: poder usar, fruir, dispor da coisa; poder de buscar a coisa independentemente de quem esteja na sua posse de forma injusta;
Sujeito passivo universal:
Para a corrente majoritária da doutrina: trata-se de uma ficção jurídica de que o sujeito ativo pode exercer o seu direito de propriedade e posse da coisa contra todos;
Para a posição minoritária da doutrina: o direito real caracteriza uma situação jurídica e não uma relação jurídica, não existindo assim o sujeito passivo universal; existirá o sujeito passivo quando tal pessoa for determinada, ameaçando o direito real de alguém; (José de Oliveira Ascensão);
São direitos oponíveis contra todos (erga omnes);
Publicidade: os direitos reais exigem o requisito da publicidade, pois, para que seja um direito oponível a todos, esta é uma condição essencial; decorre de duas formas: do registro ou da posse ostensiva;
A discussão judicial da posse baseada em contrato de compra e venda sem o efetivo registro é admitida, conforme previsão da súmula 84 do STJ:
Súmula 84 do STJ
É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro.
Tipicidade ou Taxatividade: todos os direitos reais existentes devem estar taxativamente previstos no Código Civil ou em Leis Extravagantes, ou seja, devem ser típicos; se o direito não estiver tipificado pela legislação, não se trata de Direito Real;
Questionamentos:
1) O art. 1225 do CC é taxativo?
Não é taxativo, porque ele elenca diversos direitos reais, porém não inclui, por exemplo, a posse, assim como outros que caracterizam direitos de garantia. Da mesma forma, a legislação extravagante prevê outros direitos reais.
2) A tipicidade dos direitos reais deve ser interpretada de forma a engessar a evolução desses direitos?
Não deveria, pois isso torna extremamente complicada a criação de novos direitos reais, assim como uma nova leitura daqueles que antes não o eram considerados. Ex: Time Sharing (propriedade do imóvel por um determinado tempo; bastante utilizado na Europa e no Uruguai; ex.: 60 dias de propriedade de um resort); Direito de Laje.
Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;
XII - a concessão de direito real de uso.
Posse
Conceito
Possuidor de fato: pode exercer a posse, através de alguma dos seus poderes inerentes; pode usar, fruir e dispor;
A definição do art. 1196 está incompleta, pois falta o exercício em nome próprio de um dos poderes; assim, a melhor definição é a cumulação do art. 1196 com o 1204;
Posse qualificada: cumulação dos arts. 1196 e 1204, sem que haja algum ordenamento jurídico que desqualifique a posse; ex.: posse sobre bem público é desqualificada;
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
Caracteres da Posse
Corpus: é o poder físico sobre a coisa, bem como o poder intelectual (cunhado por I Hering); o poder intelectual indica que o bem pode sair da sua posse temporariamente, mas sabe-se intelectualmente quem é o seu real possuidor;
Affectio tenendi: é o exercício da posse em nome próprio;
Teorias da Posse
Teoria Objetiva da Posse (autoria de I Hering): adotado pelo nosso atual ordenamento civil; preenchidos os caracteres da posse identifica-se o possuidor da coisa;
Teoria Social da Posse: para esta teoria a posse só se legitima como direito merecedor de proteção quando, além do Corpus e da Affectio Tenendi, existir a função social sobre o bem; ex.: se a coisa que se possui é uma área rural, é necessário que seja produtiva;
* Para a Teoria Objetiva a Função Social é irrelevante;
* Atual posicionamento do Judiciário brasileiro:
1ª Instância, Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais: as decisões vêm sendo tomadas ora adotando uma teoria ora a outra;
STJ e STF: ainda não aceitaram a Teoria Social da Posse; o STF, em julgamento da Adin 2213 (invasão da fazenda do Fernando Henrique Cardoso; foi editada uma Medida Provisória proibindo o uso de propriedades invadidas para uso em programas de reforma agrária) ficou claro no posicionamento do STF que o esbulho é mais grave que a falta da função social;
* Código Civil de 2002 e a Teoria Social da Posse: em alguns artigos trás exceções em que há o reconhecimento da Teoria Social da Posse;
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. [...]
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse sociale econômico.
Natureza Jurídica da Posse
Corrente minoritária: para esta corrente a posse é um mero fato que deve ser protegido para não causar um mal maior; participa desta posição o doutrinador Silvio Rodrigues;
Corrente majoritária: para esta corrente a posse é um direito; participam desta posição os doutrinadores Nelson Rosenvaldi, Maria Helena Diniz, entre outros;
Este direito é pessoal ou real? A corrente majoritária entende que a posse é um Direito Real;
Classificação da Posse
A Classificação possui importância prática, não meramente acadêmica;
A Concessão ou Não de uma Decisão Liminar, por exemplo, dependerá da Classificação da Posse; o merecimento ou não de uma indenização da mesma forma será baseado na Classificação da Posse;
Distinção entre Posse e Detenção
Detenção: é a posse desqualificada pelo ordenamento; existe de fato o poder exercido sobre a coisa, mas se trata de mera Detenção e não de Posse;
Hipóteses de Detenção:
Detenção Dependente (Fâmulo da Posse = Detentor Dependente): é o exercício da Posse em nome alheio; o Detentor é o longa manus do Possuidor; ex.: motorista, caseiro, etc.;
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
Ele não é Possuidor, logo não tem legitimidade para reclamar ou defender a Posse;
Se o Detentor for citado em alguma ação possessória, deverá peticionar o incidente processual de Nomeação à Autoria, nomeando o verdadeiro Possuidor ao processo;
Autotutela Possessória: o Possuidor pode exercer seu direito possessório (art. 1.210); pela análise literal do artigo o Detentor não poderia exercer este direito; a posição majoritária da doutrina e jurisprudência entende que o Detentor pode se utilizar do desforço necessário para defender a sua Posse, desde que amparado pela legítima defesa;
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Presunção Relativa de Detenção: se a relação obrigacional teve início como detenção, presume-se a permanência desta característica até o fim da relação; tal presunção é relativa, admitindo prova em contrário;
A Ruptura da Detenção tornando-a Posse se dá:
Pelo ajuste entre as partes: pelo acordo de vontades; ex.: contrato de compra e venda, contrato de doação, etc.;
Esbulho do Detentor: se não houver a contestação do possuidor o Detentor passará a ter a Posse; ex.: caseiro da casa de campo permanece na Detenção do imóvel mesmo que já não esteja mais na condição de empregado do Possuidor, sem que este último conteste tal situação;
* enunciado 301 da IV Jornada de Direito Civil da CJF (Conselho da Justiça Federal): é possível a ruptura da Detenção para Posse;
Detenção Autônoma: é aquela que é violenta e/ou clandestina (art. 1.208, parte final); enquanto houver violência ou clandestinidade haverá uma desqualificação da posse; nestas circunstâncias, o ordenamento jurídico entende que se trata de Detenção e não de Posse;
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Vícios Objetivos da Posse: se dá como a posse foi adquirida externamente; ela poderá ser Justa ou Injusta, conforme segue:
Posse Justa: aquela que não repugna o Direito;
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Posse Injusta: se apresenta ao mundo fático de modo proibido e vicioso de 3 formas:
Posse Violenta: se apresenta como exercício de força ou de ameaça contra o Real Possuidor ou contra o Detentor (ex.: caseiro);
Posse Clandestina: adquire-se às escuras de quem é o Possuidor, sem publicidade e ostensividade; não basta que a pessoa ocupe o imóvel, por exemplo, e fique escondido; a pessoa tem que realizar alguma atividade que demonstre que ele está tentando ficar oculto, de forma que o verdadeiro Possuidor não saiba da sua existência;
Posse Precária: é o abuso de confiança daquele que retém a coisa além do prazo contratado, caracterizando a precariedade da posse; ex.: contrato de comodato, contrato de locação, contrato de arrendamento, etc.;
Vícios Subjetivos da Posse:
Boa-fé Subjetiva da Posse: é a convicção do possuidor de boa-fé de que sua posse é justa; é aquela em que o possuidor ignora não culposamente os vícios da posse; ex.: o possuidor comprou o imóvel a partir de documentação falsificada emitida pelo vendedor, sendo que tal falsificação fosse capaz de ludibriar o homem de senso normal;
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
A posse de má-fé é a Posse Viciada;
A partir do momento da citação em uma eventual ação possessória, o possuidor viciado torna-se de má-fé, se procedente a ação;
Mesmo que haja vício, não deixa de haver a Posse; o reflexo da posse viciada será nos frutos e nas benfeitorias;
Os frutos colhidos a partir do momento da citação, quando considerada a posse de má-fé, devem ser devolvidos;
As benfeitorias dão direito ao possuidor, mesmo de má-fé, à retenção da coisa enquanto não ressarcido;
Desdobramento da Posse:
Posse Una: quando o proprietário está na posse de sua coisa, a isto se denomina, simplesmente, Posse;
Posse Direta ou Indireta: são possíveis desdobramentos da Posse, a partir de uma relação jurídica de direito obrigacional (ex.: contrato de locação) e direito real (ex.: direito de habitação);
Atributos da Posse Direta: exerce a posse imediata sobre a coisa;
Temporária; ex.: contrato de locação;
Derivada: sempre será derivada de uma relação jurídica (obrigacional ou real);
Posse indireta:
Quando o proprietário, através de terceiro, impõe alguma destinação econômica ao seu bem, passa a ser considerado como Possuidor Indireto deste bem; ex.: arrendamento, comodato, etc.;
Desdobramentos Principais da Posse:
Legitimidade Ativa Autônoma, tanto do Possuidor Direto quando do Indireto: dispensa o litisconsórcio ativo; qualquer dos dois, individualmente, pode defender a Posse judicialmente; ex.: arrendatário entra com ação de reintegração de posse contra o invasor da terra que é objeto do contrato de arrendamento;
Possuidor Direto possui direito de Ação Possessória contra o Possuidor Indireto; ex.: ação para renovar o contrato de locação;
Possuidor Indireto tem direito de Ação Possessória contra o Possuidor Direto; ex.: ação de despejo;
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
Enunciado CJF 76 – Art. 1.197: O possuidor direto tem direitode defender a sua posse contra o indireto, e este, contra aquele (art. 1.197, in fine, do novo Código Civil).
Composse:
Consiste na posse comum de mais de uma pessoa sobre a mesma coisa, que se encontra em estado de indivisão; ex.: herdeiros que recebem determinada terra ainda não dividida entre ambos; a partir do momento que ocorre a divisão, encerra-se a Composse; classificação:
Posse Pro Indiviso: os possuidores não se localizaram faticamente no bem; quando não ocorreu ainda a divisão;
Posse Pro Diviso: estipulação de cada parte; encerra-se a Composse; quando já ocorreu a divisão;
Contra quem é proposta a ação na existência da Composse? Se não dividido o bem, a ação deve ser proposta contra ambos; se dividido o bem, a ação deve ser proposta individualmente contra cada possuidor, se for o caso.
CPC, art. 10 § 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados.
Detenção: complemento do conteúdo... se dá nas seguintes situações:
Servidor da Posse: ex.: caseiro;
Art. 1.198. Cessando as funções do tutor ou curador pelo decurso do prazo em que era obrigado a servir, ser-lhe-á lícito requerer a exoneração do encargo; não o fazendo dentro dos 10 (dez) dias seguintes à expiração do termo, entender-se-á reconduzido, salvo se o juiz o dispensar.
Permissão ou Tolerância:
Permissão: não precisa ser expressa; pode ser verbal; deve ser prévia ao uso; deve se tratar de uma situação transitória (ex.: uso da casa de praia por um fim de semana);
Tolerância: quando se sabe que alguém está fazendo uso da sua coisa e existe a consciência de ambos sobre tal fato; deve haver a convicção de ambas as partes da tolerância existente; ex.: vizinha usa a garagem do vizinho, ambos sabendo do fato;
Art. 1.208. Sendo insuficientes os bens oferecidos para a hipoteca legal em favor do menor, de interdito ou de mulher casada e não havendo reforço mediante caução real ou fidejussória, ordenará o juiz a avaliação de outros bens; tendo-os, proceder-se-á como nos artigos antecedentes; não os tendo, será julgada improcedente a especialização.
Violência ou Clandestinidade: enquanto estiver se utilizando da violência, é mera detenção;
Bens de Uso Comum / Especial: bens de uso comum afetados para uso da coletividade (ex.: praça que é utilizada por todos) não podem ser usucapidos; se alguém toma posse de algum bem público, tal pessoa não passa de mero detentor; ex.: andarilho que usa a praça para dormir;
Exceção: bem público dominical (não afetado; sem utilização específica) pode ser alvo de posse, podendo ser usucapido;
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
Interverção da Posse
É a transformação da posse injusta para justa, por faculdade do detentor; pode se dar de duas formas:
Fato de Natureza Jurídica: relação jurídica de natureza Real ou Obrigacional; ex.: o possuidor injusto faz contrato com o real possuidor de arrendamento ou de compra do bem;
Fato de Natureza Material: o possuidor passa a se comportar como real possuidor da coisa, com ânimo de dono da propriedade, sem que o possuidor real se manifeste; nesta ocasião o mero detentor passa a ter encarado possuidor;
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
Enunciado do CJF 237 - Art. 1.203: É cabível a modificação do título da posse – interversio possessionis – na hipótese em que o até então possuidor direto demonstrar ato exterior e inequívoco de oposição ao antigo possuidor indireto, tendo por efeito a caracterização do animus domini.
Efeitos da Posse
Frutos: São utilidades que a coisa periodicamente produz sem perda de sua substância; podem ser:
Naturais: Força da Natureza; ex.: posse de uma área agrícola;
Industriais: em razão da posse de uma empresa, a partir do processo de transformação;
Civis: rendimentos proporcionados pelo uso da coisa; ex.: aluguel, juros, etc.;
Frutos Percebidos: são aqueles recebidos na constância da posse de boa-fé
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Frutos Pendentes: são aqueles colhidos na constância da posse de má-fé;
Frutos Percepiendos: aqueles que não foram colhidos por negligência do possuidor de má-fé; o possuidor de má-fé pode, eventualmente, ser condenado a pagá-los;
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
Benfeitorias:
São as obras ou despesas definitivamente incorporadas à coisa (ex.: IPTU, conforme decisão pacífica do STJ) para fins de conservação, melhoramento ou simples beleza;
Possuidor de boa-fé terá direito a indenização pelas benfeitorias Necessárias e Úteis pelo valor de mercado;
Em relação às benfeitorias Voluptuárias (embelezamento), mesmo o possuidor de boa-fé não possui direito à indenização;
O possuidor de boa-fé terá o direito de levantamento das benfeitorias Voluptuárias;
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
Observações
Princípio da Essencialidade: o juiz analisará o caso concreto para verificação de que tipo de benfeitoria se trata; ex.: piscina em uma casa é Voluptuária, em uma escola é Útil, em uma Academia de Natação é Necessária;
Despesas para conservação da coisa são benfeitorias Necessárias; ex.: impostos, despesas para preparar a terra, destoque, etc.;
Pertenças: bens móveis que mantém autonomia em relação ao bem principal; se não consta do contrato que tais pertenças estão contidas no negócio, o comprador não tem direito sobre elas;
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Possuidor de má-fé e o seu direito à indenização por benfeitorias Necessárias e Úteis, mas não tem Direito à Retenção; poderá ser ressarcido apenas a partir de Ação Indenizatória;
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
Direito de Retenção das Benfeitorias
É a Exceção (é Defesa) Substancial reclamada pelo possuidor de boa-fé para constranger o retomante a lhe indenizar por benfeitorias Necessárias e Úteis;
Observações sobre o Direito de Retenção:
Só poderá ser alegado no prazo da contestação, sob pena de preclusão;
Quando se trata de Título Extrajudicial é possível a defesa a partir de Embargos de Retenção; ex.: contrato de compra e venda de uma fazenda; não houve pagamento e o dono da fazenda entrou com ação possessória;
CPC Art. 745. Nos embargos, poderá o executado alegar: [...]
IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para entrega de coisa certa (art. 621); [...]
Conforme Súmula 335 do STJ, nos contratos de locação é válida cláusula de renúncia à indenização pelas benfeitorias;
Súmula 335 do STJ Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção.
Ações Possessórias
Natureza / Instituto:
Juízo Possessório:
É o Direito de possuir com fundamento exclusivo na Posse;
A Causa de Pedir e o Pedido é apenas a Posse;
Ações possíveis: Reintegração de Posse; Manutençãode Posse; Interdito Proibitório;
Ex.: “A” invadiu um imóvel abandonado há 3 anos; após algum tempo “B”, antigo Possuidor e Proprietário deste bem, retoma-o violentamente; pode “A” buscar judicialmente a reintegração de sua Posse através de uma Ação Possessória; “B” não poderá alegar em sua defesa o fato de ser Proprietário do bem;
Neste caso, se “B” for obrigado a deixar o imóvel por decisão judicial, deverá entrar com Ação Petitória somente após o trânsito em julgado da ação movida por “A” no Juízo Possessório;
Se “B” propuser a ação antes do trânsito em julgado da ação do Juízo Possessório, o juiz deve extinguir tal processo por falta de pressuposto processual, que é o trânsito em julgado da Ação Possessória, conforme Enunciado 79 do CJF;
Enunciado 79 do CJF Art. 1.210: A exceptio proprietatis, como defesa oponível às ações possessórias típicas, foi abolida pelo Código Civil de 2002, que estabeleceu a absoluta separação entre os juízos possessório e petitório.
É possível a Alegação de Usucapião na Defesa, tanto no Juízo Possessório quanto no Petitório, conforme súmula 237 do STF;
Súmula 237 do STF O usucapião pode ser argüído em defesa.
Juízo Petitório:
É o direito à posse com fundamento no direito de propriedade ou em relação jurídica dela derivada;
A Causa de Pedir é a Propriedade e o Pedido é a Posse;
Não se aplicam, no Juízo Petitório, as Ações Possessórias;
Ex.: Silva vende apartamento para Roberval, que registra normalmente a escritura. Quando da tomada da posse, Silva recusa a deixar o imóvel. Roberval deverá buscar seu direito judicialmente através do Juízo Petitório (ex.: Ação Reivindicatória de Posse);
Ex.: Roberval é proprietário e possuidor de um imóvel. Aparece José Rainha, que o invade. Roberval poderá buscar seu direito judicialmente tanto a partir do Juízo Possessório quanto do Petitório;
Obs.: na pendência do Juízo Possessório é vedada a discussão do Juízo Petitório;
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
Ações Possessórias: são ações que discutem única e exclusivamente Posse; não se discute Propriedade:
Reintegração de Posse:
Ex. de ações de reintegração de posse: Ação de Despejo, Ação de Busca e Apreensão, etc.;
É a ação a ser proposta na hipótese de Esbulho;
Esbulho é a perda do contato material com o bem; é a exclusão da posse; pode ser: Violenta, Clandestina ou Precária;
Observações:
No contrato sem prazo estipulado, quando caracteriza o esbulho? A partir do final do prazo dado ao possuidor para a desocupação do bem através de notificação (judicial ou extrajudicial).
Na venda de um imóvel, parcelado, o inadimplemento enseja Ação Possessória? Não, pois a posse do comprador é justa. Neste caso, o vendedor deve entrar com ação no Juízo Petitório buscando a rescisão do contrato e a reintegração da posse.
Penhora, arresto ou outro ato de constrição judicial no bem em execução contra o vendedor deste, quando não ainda escriturada a propriedade no nome do novo proprietário, enseja Ação Possessória? Não. Ato judicial não caracteriza esbulho. Apenas o que caracteriza esbulho são atos materiais. Neste caso, o remédio processual a ser usado é a Ação de Embargos de Terceiro.
Esbulho parcial (ex.: imóvel extenso e é invadido parcialmente): o remédio processual para o caso é a Ação de Reintegração de Posse;
Manutenção de Posse:
Turbação significa ser perturbado; a pessoa que turba restringe o uso da posse; há atos concretos de perturbação, de invasão da posse;
Causa de pedir: que cesse a agressão;
Sentença: Mandamental com a determinação de multa diária, visando a efetividade da ordem;
Não há perda total da posse; se houvesse perda seria caso de Ação de Reintegração de Posse;
Interdito Proibitório:
Quando há ameaça de invasão do bem;
Ameaça: receio fundado/objetivo de que haverá turbação/esbulho;
Sentença: é composta de dois atos:
Veto: determina que cesse a ameaça;
Determina astreintes (multa cominatória diária);
* não confundir Interdito Possessório (gênero) com Interdito Proibitório (espécie);
Fungibilidade das Ações Possessórias
CPC Art. 920. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados.
É a possibilidade de conversão entre os diferentes tipos de Interditos Possessórios;
Decorrente da natureza transitória das situações possessórias; se a situação fática mudar de ameaça para turbação, por exemplo, através de uma simples petição solicitando alteração de remédio possessório, o juiz acatará o pedido;
Fungibilidade Procedimental
Quando a ação foi interposta incorretamente; o juiz aplicará a fungibilidade procedimental;
Jamais poderá ocorrer a conversão de Possessória para Petitória;
A fungibilidade poderá ocorrer em qualquer momento processual anterior ao trânsito em julgado da ação;
* quando alguém ameaça a propositura de alguma Ação Possessória: trata-se de um exercício regular do direito recorrer ao Poder Judiciário pleiteando o direito que se acha lesado; não há remédio processual contra este tipo de ameaça;
* é inadmissível Interdito Proibitório para proteção de Direito Autoral; para proteção possessória de bens imateriais é impossível a interposição de ações possessórias; o remédio jurídico neste caso é a Lei de Direito Autoral, que tem um mecanismo, por exemplo, de busca e apreensão;
Súmula 228 do STJ
É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral.
* Direito de Greve na frente do estabelecimento empresarial. Entra-se com a ação na Justiça do Trabalho ou na Justiça Cível? A competência, conforme decisão do STJ, é a Cível, pois o que se discute neste tipo de ação é a Posse e não o Direito de Greve;
Aspecto Procedimental das Ações Possessórias: há uma dicotomia dos procedimentos das Ações Possessórias:
De Força Nova (posse nova): menos de ano e dia, contados da data da agressão ou perda da posse;
Rito Sumário (procedimento mais célere) com possibilidade de obtenção de decisão Liminar;
Para obtenção de liminar é necessário prova de plausibilidade do pedido: exercício da posse; prova de agressão à posse; prova de menos de ano e dia;
De Força Velha (posse velha): mais de ano e dia, contados da data da agressão ou perda da posse;
Rito Ordinário (procedimento mais demorado) sem possibilidade de Liminar;
* o prazo de ano e dia é decadencial, implicando na perda do Direito Potestativo (escolha do rito processual mais célere);
* o Estado também pode ser esbulhador; contra o Estado, mesmo que o possuidor de Força Nova preencha todos os requisitos para obtenção de liminar, não obterá a liminar inaldita altera partis; haverá audiência de justificativa; no mesmo procedimento é possível que o juiz converta a ação em indenizatória;
Constituto Possessório
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.
É uma inversão no título da posse pelo qual aquele que possui em nome próprio passa a possuir em nome alheio (posse indireta); ex.: comprador do imóvel permite que o vendedor ainda permaneça no mesmo por mais algum tempo após a compra e venda; a posse é cedida em função de uma ficção jurídica,através de uma cláusula contratual, conhecida como constituti ou por um contrato de comodato;
O terceiro comprador que assume/adquire o imóvel de antigo proprietário que possuía posse indireta sobre o mesmo, passa a ter o Direito de Ação Possessória;
Herança (transmissão da posse): o herdeiro também possui o direito de impetrar Ação Possessória;
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
Função Social da Posse
CF XXII - é garantido o direito de propriedade; 
 XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Quando uma pessoa que não é o proprietário de um imóvel, destina utilização sócio-econômica ao bem, estaremos diante da Função Social da Posse;
Desapropriação Judicial Indireta: indireta porque a área já está sendo utilizada socialmente; tal desapropriação ocorre dentro de uma ação petitória;
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
[...]
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. 
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
Enunciado 82 do CJF
Art. 1.228: É constitucional a modalidade aquisitiva de propriedade imóvel prevista nos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo Código Civil.
Requisitos: extensa área; posse ininterrupta e de boa-fé por 5 anos; número considerável de pessoas; obras de relevante interesse social;
Os requisitos são conceitos jurídicos indeterminados; caberá ao juiz estabelecê-los no caso concreto;
A previsão deste artigo se trata de uma nova forma de desapropriação por interesse social;
Pagamento da Indenização: a doutrina não é unânime sobre quem deve ser o pagador da indenização, se o Estado ou os Invasores; para a maioria da doutrina é o Estado o indenizador, já que quem fez a desapropriação foi um juiz (representante do Estado), movido pelo interesse social;
Pagamento justo: como o antigo proprietário não cumpriu a Função Social da Propriedade, não tem o direito de receber o valor de mercado do bem; o juiz vai mensurar o valor de mercado e descontará algo em função da não utilização social da propriedade;
Na Sentença o juiz já determina a intimação de todos os órgãos competentes para regularização da propriedade/posse;
Enunciado 307 do CJF
Art. 1.228: Na desapropriação judicial (art. 1.228, § 4º), poderá o juiz determinar a intervenção dos órgãos públicos competentes para o licenciamento ambiental e urbanístico.
Aquisição compulsória onerosa: neste caso, o invasor/possuidor do imóvel, se este está sendo utilizado em respeito a sua função social, poderá ser adquirido compulsoriamente; neste caso, o invasor/possuidor é quem deve pagar o valor do imóvel, segundo o valor de mercado;
Enunciado 84 do CJF
Art. 1.228: A defesa fundada no direito de aquisição com base no interesse social (art. 1.228, §§ 4º e 5º, do novo Código Civil) deve ser argüida pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios responsáveis pelo pagamento da indenização.
Enunciado 308 do CJF
Art. 1.228: A justa indenização devida ao proprietário em caso de desapropriação judicial (art. 1.228, § 5º) somente deverá ser suportada pela Administração Pública no contexto das políticas públicas de reforma urbana ou agrária, em se tratando de possuidores de baixa renda e desde que tenha havido intervenção daquela nos termos da lei processual. Não sendo os possuidores de baixa renda, aplica-se a orientação do Enunciado 84 da I Jornada de Direito Civil.
A posse de boa-fé não é aplicada nestes casos de desapropriação ou aquisição compulsória;
Enunciado 309 do CJF
Art. 1.228: O conceito de posse de boa-fé de que trata o art. 1.201 do Código Civil não se aplica ao instituto previsto no § 4º do art. 1.228.
Registro do imóvel em nome dos novos proprietários: somente após o recebimento da indenização pelo antigo proprietário;
2º BIMESTRE
Direito de Propriedade – Parte Geral
* Função Social da Propriedade: é elemento essencial para caracterizar o Direito de Propriedade;
Conceito: é uma relação jurídica complexa, que tem como conteúdo as faculdades de uso, gozo (fruição) e disposição da coisa por parte do proprietário, subordinada à função social da propriedade e com correlatos deveres, ônus e obrigações em relação a terceiros. A idéia de direito de propriedade plena, absoluta, não existe mais; a propriedade somente vai se justificar, se confirmar, se atendida a sua função social.
Elementos do Direito de Propriedade:
Elementos de Conteúdo Econômico:
Uso;
Gozo (Fruição): exploração do imóvel a partir de aluguel, por exemplo;
Disposição: poder de vender o imóvel, por exemplo;
Elemento de Conteúdo Jurídico:
Reivindicação: poder de buscar reaver a coisa de quem injustamente a possua;
Função Social da Propriedade: incluído pela moderna doutrina como um dos elementos do Direito de Propriedade;
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. 
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
Domínio e Propriedade
Domínio e Propriedade não são sinônimos;
Domínio: reside no direito de usar, fruir e dispor da coisa; a coisa é subordinada à pessoa;
Propriedade: é a relação que se tem com a coletividade de pessoas; há uma relação jurídica com uma quantidade incerta de pessoas, que devem manter uma abstenção sobre a sua propriedade; a coletividade deve se abster de prejudicar o proprietário; ex.: direito de vizinhança;
Pode existir Domínio sem Propriedade? Sim. Ex.: pessoa que mora no imóvel a mais de 10 anos, tendo tempo para usucapir o bem, mas ainda não exerceu tal direito;
Pode existir Propriedade sem Domínio? Sim. Ex.: o proprietário original do exemplo anterior; a propriedade, neste caso, é uma mera ficção jurídica;
Visão Constitucional da Propriedade: há uma dupla interpretação sobre a propriedade:
Tutela da propriedade já constituída: o inciso XXII do art. 5 da CF nos garante o direito de livre iniciativa, tutelando o direito de propriedade para aqueles que já a possuem;
 XXII - é garantido o direito de propriedade; 
 XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Direito de propriedade garantido a todos: o caput do art. 5 da CF trata o direito à propriedade como mínimo existencial, em respeito à dignidadeda pessoa humana; tutela o direito de propriedade daqueles que não a possuem;
 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Formas de Aquisição da Propriedade
Registro
No Brasil, a única forma de aquisição de propriedade imóvel é através do Registro;
A Escritura Pública de Compra e Venda não transmite a propriedade sobre o imóvel, dando ao comprador apenas a perspectiva de ser proprietário; trata-se de uma relação obrigacional entre as partes, sendo uma o promitente vendedor e a outra o promitente comprador;
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.
§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo.
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule.
Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.
A doutrina entende que o ato de Registro é uma ato complexo, pois envolve duas fases: 1) aquisição do título (a própria escritura ou contrato); 2) efetivação do Registro;
Obs. 1: feita compra/venda com Escritura Pública e, antes do Registro, o vendedor falece: é possível fazer o Registro, já que o segundo ato independe do outorgante vendedor;
Obs. 2: feita compra/venda com Escritura Particular (contrato de compra e venda e procuração outorgando poderes sobre o imóvel; contrato de gaveta) e, antes do Registro, o vendedor falece: não é possível efetuar o Registro do imóvel, já que com a morte do vendedor, a procuração que este outorgou perde a eficácia, cabendo ao comprador se habilitar no inventário do falecido para reivindicar o imóvel ou a partir de ação autônoma pedindo a adjudicação do bem; o suprimento judicial será a Carta de Adjudicação, que será o documento hábil para promover o Registro;
Na hipótese de estelionato em que o mesmo imóvel é vendido para várias pessoas, será o efetivo proprietário do imóvel aquele que promover primeiro o registro;
Ação de Reivindicação cabe apenas ao proprietário do imóvel, aquele que o Registra; ao comprador que não efetuou o Registro, cabe apenas Ação Indenizatória;
Venda a non domino: é a venda de quem não é dono, a partir de documento falsificado;
Se, a partir do documento falsificado, o comprador consegue efetuar o Registro do imóvel: o proprietário legítimo terá êxito na Ação Reivindicatória sobre o imóvel, devendo ele comprovar a nulidade documental; a nulidade dos documentos acompanha o Registro, também o tornando nulo;
O Registro possui Presunção Relativa da verdade, já que em situações como a citada acima, tal presunção poderá ser ilidida com a Ação Reivindicatória do proprietário legítimo;
Imóvel Gravado com cláusula impeditiva de venda e, por erro do cartório, se efetiva o registro: nesta circunstância não é necessário entrar com Ação Reivindicatória, podendo fazer apenas um requerimento administrativo dirigido ao Juiz Corregedor dos Cartórios Extrajudiciais e este determina o cancelamento do Registro; art. 214 da Lei de Registros Públicos;
Obs.: para vender/comprar imóveis de valor de até 30 salários mínimos não é necessário fazer escritura pública, podendo ser escritura particular;
Venda de imóvel provinda de estelionato em que este mesmo imóvel é vendido sucessivamente para novos compradores sem que algum deles efetue o Registro (João, estelionatário, vende para José, que vende para Marcos, que vende para Roberto): neste caso, nenhum dos compradores será terceiro de boa-fé, não tendo direito sobre o imóvel que sobreponha ao direito do proprietário legítimo;
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.
Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos.
O Registro possui efeito ex nunc: não retroage; não gera efeitos anteriores à data do efetivo Registro;
Efeito prático: obrigações propter rem (obrigações sobre a coisa; ex.: condomínio, impostos, etc.) do antigo proprietário anteriores à data de Registro recaem sobre o imóvel, já que são dívidas em razão da coisa;
Quem vendeu o imóvel e percebeu que o comprador não efetuou o Registro, pode entrar com Ação de Obrigação de Fazer para obrigar o comprador a efetuá-lo, sob pena de multa diária;
Usucapião
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Conceito: modo originário de aquisição da propriedade pela posse prolongada da coisa acrescida dos demais requisitos; não sujeito ao ITBI;
Pode ocorrer naqueles imóveis em que há desuso da posse por parte do proprietário;
Condições: posse prolongada da coisa acrescida do cumprimento dos seguintes requisitos:
Requisitos pessoais: autor: trata-se de direito personalíssimo daquele que atende às condições para tal; réu: bens de menores não podem ser usucapidos, uma vez que contra eles não corre a prescrição;
Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.
* causa de suspensão: se dá por causas personalíssimas, em razão da pessoa proprietária ou possuidora do imóvel; ex.: incapacidade; volta a correr o prazo quando cessar a incapacidade;
* causa de interrupção: interrompe o lapso temporal da usucapião e volta a contar o prazo desde o começo; ex.: problemas na documentação do imóvel;
* contra o absolutamente incapaz não corre o prazo prescricional; contra o relativamente incapaz corre tal prazo;
* se o bem se encontra em inventário e há um absolutamente incapaz como herdeiro, contra os outros herdeiros também não correrá o prazo prescricional;
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.
Requisitos Reais (quais imóveis podem ser objeto de usucapião):
Bens públicos, em regra, não podem ser objeto de usucapião;
Há uma corrente doutrinária minoritária, que vem ganhando força, que defende que há bens públicos que podem ser objeto de usucapião; para este posicionamento, os bens públicos que não estejam destinados a uma função social podem ser usucapidos;
Usucapião de bens quenão são registrados em nome de ninguém: o posicionamento do STJ é de que tais bens não são públicos e podem ser usucapidos;
Bens de família: o posicionamento do STJ é de que tais bens também podem ser objeto de usucapião, já que dificilmente poderia se alegar que determinado bem é de família e estaria por tanto tempo abandonado; um dos caracterizadores do bem de família é o uso deste bem pela família, o que impediria, naturalmente, que tal bem pudesse ser objeto de usucapião;
Requisitos Formais: de acordo com cada tipo de usucapião, conforme características detalhadas a seguir;
Usucapião Extraordinária
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Simples: exige que o possuidor esteja durante o prazo de 15 anos na posse mansa e pacífica do bem com ânimo de dono (animus domini);
* posse mansa e pacífica: é uma posse em que o possuidor nunca sofreu uma oposição jurídica séria; o proprietário original do bem nunca entrou com uma ação judicial ou entrou e tal ação foi julgada improcedente (tal ação não abalará o período de posse mansa e pacífica, que será contado desde o momento de início efetivo da posse e não da data da improcedência da ação); a simples notificação extrajudicial do proprietário original também não caracteriza oposição jurídica séria;
Especial: exige que o possuidor esteja na posse do bem pelo prazo de 10 anos e tenha estabelecido em tal bem sua moradia habitual ou tenha realizado obras ou serviços de caráter produtivo;
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
Usucapião Ordinária
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Requisitos: posse mansa e pacífica, animus domini, boa-fé e justo título;
* boa-fé: o possuidor tem a convicção psicológica de que é dono;
* Justo Título: falsa suposição de ser dono; ex.: comprou e pagou pelo imóvel sem saber que o vendedor era menor;
* não se faz necessário o registro;
Usucapião Ordinária Especial Prevista no Parágrafo Único do art. 1.242
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
Requisitos Cumulativos:
Justo título oneroso;
Justo título registrado: o título era tão justo que se conseguiu registrar no cartório competente, por mais que tenha sido cancelado posteriormente tal registro; o cancelamento ocorreu posteriormente aos 5 anos;
Função social da posse: residência ou investimentos produtivos;
Usucapião Tabular
Prevista no art. 214, § 5º da Lei 6015/1973 (Lei de Registros Públicos):
 § 5o A nulidade não será decretada se atingir terceiro de boa-fé que já tiver preenchido as condições de usucapião do imóvel.
Utiliza essa espécie para manter a propriedade, não para adquirir a propriedade;
Usucapião Especial Constitucional Urbana
Previsto constitucionalmente a partir da CF/1988;
CF Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
 § 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. 
 § 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 
 § 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
Nessa espécie o prazo será de 5 anos em razão da alta carga social;
Requisitos Cumulativos:
Pessoalidade da posse: não admite posse indireta;
Moradia: a pessoa tem que residir no local; não poderá ter finalidade comercial; quando a pessoa tem estabelecimento comercial e também reside no local (figura híbrida), é possível a usucapião;
Apenas pessoa natural pode usucapir nesta modalidade;
Não cabe cessão de posse;
Enunciado 317 do CJF
Art. 1.243: A accessio possessionis de que trata o art. 1.243, primeira parte, do Código Civil não encontra aplicabilidade relativamente aos arts. 1.239 e 1.240 do mesmo diploma legal, em face da normatividade do usucapião constitucional urbano e rural, arts. 183 e 191, respectivamente.
Área de até 250 m2: se a pessoa tem invadida área de quantidade superior ao limite e entra com ação para ter direito em relação aos 250 m2, não alcançará tal direito, já que esta situação configura um abuso de direito; se esta pessoa, ao ter invadido a área delimitou o seu espaço de apenas 250 m2, é possível usucapir esta área;
Enunciado 313 do CJF
Arts. 1.239 e 1.240: Quando a posse ocorre sobre área superior aos limites legais, não é possível a aquisição pela via da usucapião especial, ainda que o pedido restrinja a dimensão do que se quer usucapir.
Observação: o fato de o invasor construir um imóvel de grande valor nos 250 m2 não impediria o direito de usucapir; casal não poderá requerer a divisão da área para usucapir, já que os 250 m2 são destinados à moradia familiar;
Observação: no caso de sucessão de posse poderá contar prazo do período que o falecido permaneceu no imóvel invadido em favor do sucessor;
Observação: se a pessoa possui qualquer imóvel ou herde algum, perde o direito de usucapir;
Observação: se alguém herdar um imóvel que não oferece as mínimas condições de moradia, é possível manter o direito de usucapir;
Observação: também é possível usucapir apartamento, desde que a área útil deste seja de até 250 m2; tal possibilidade é prevista no art. 9 da Lei 10257/2001 (Estatuto da Cidade)
Enunciado 314 do CJF
Art. 1.240: Para os efeitos do art. 1.240, não se deve computar, para fins de limite de metragem máxima, a extensão compreendida pela fração ideal correspondente à área comum.
Usucapião Urbana Coletiva
Prevista no art. 10 do Estatuto da Cidade;
Grande número de pessoas de Baixa Renda (jurisprudência tem entendido família que possui renda de até 3 salários mínimos) invade área urbana;
É possível a cessão de posse;
Ajuizamento da ação: deve ser pólo ativo a associação dos moradores; se alguém entrar individualmente com a ação, esta será improcedente;
Sentença: destinará uma fração ideal a cada família, formando-se um condomínio;
Não cabe usucapião coletiva de bem público;
A MP 2220/2001 criou um novo direito real, a Concessão Real de Uso, exigindo-se o preenchimento dos mesmos requisitos da Usucapião Especial; a perda do direito de uso pode ocorrer apenas pelo desvio de finalidade social de uso do bem ou pela aquisição de imóvel; a pessoa somente faz jus a este direito apenas uma vez na vida;
Usucapião Especial Rural Constitucional
CF Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-aprodutiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
 Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Prevista no texto constitucional desde a CF de 1934;
Os aspectos procedimentais desta usucapião são previstos na Lei 6969/1981;
Requisitos:
Moradia + produção;
Imóvel localizado em área rural; o critério é geográfico, importando a localidade e não se há produção no imóvel;
Usucapião em Favor do Cônjuge ou Companheiro
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
Definição: trata-se de aquisição por meio de usucapião da meação que cabe àquele que abandonou o lar de maneira que o cônjuge ou companheiro inocente ficará com 100% do imóvel;
Esse novo tipo de usucapião só caberá nos casos em que o imóvel for de propriedade comum do casal;
O abandono do lar deve ser caracterizado segundo o art. 1566, II do CC (violação do dever de coabitação);
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
[...]
II - vida em comum, no domicílio conjugal; [...]
Requisitos:
2 anos ininterruptos e sem oposição;
Posse direta e exclusiva;
Imóvel urbano de até 250 m2; tal medida refere-se ao terreno e não à construção existente em tal terreno;
Propriedade com o ex-cônjuge ou ex-companheiro;
Para moradia da família;
Única propriedade;
Deve-se conseguir primeiramente a declaração do descumprimento do dever de coabitação (ação de divórcio / reconhecimento e dissolução da união estável); posteriormente, em ação autônoma, requer a usucapião;
Acessão
Art. 1.248. A acessão pode dar-se:
I - por formação de ilhas;
II - por aluvião;
III - por avulsão;
IV - por abandono de álveo;
V - por plantações ou construções.
Definição: é o direito em razão do qual o proprietário de um bem imóvel passa a adquirir o domínio de tudo aquilo que a ele se adere;
Regra geral: todo acessório segue o principal; ex.: a casa é acessório do terreno; a construção em terreno alheio, de má-fé, perde o direito sobre a construção;
Acessão Natural
Quando ocorre a união ou a incorporação por um acontecimento natural;
Pode ocorrer por: Formação de Ilhas; Aluvião; Avulsão; Abandono de Álveo;
Formação de Ilhas
Constitui acessão natural em razão de movimentos sísmicos, depósito paulatino de areia, cascalho ou fragmentos de terra; a ilha agregará ao imóvel principal;
Propriedade das ilhas formadas: será dos ribeirinhos;
Em caso de águas públicas: pertencerá ao domínio público;
Aluvião
Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.
Tem-se aluvião quando houver acréscimo paulatino de terrenos às margens de um rio mediante lentos, sucessivos e imperceptíveis depósitos ou aterros naturais; 
Não dá direito de indenização;
Aluvião próprio: pelo depósito às margens;
Aluvião impróprio: afastamento das águas;
Avulsão
Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.
Se dá pelo repentino deslocamento de uma porção de terra por força natural violenta;
Há direito de indenização no prazo decadencial de 1 ano;
Álveo Abandonado
Acontece quando um rio seca ou desvia em razão da natureza;
A área passa a pertencer aos ribeirinhos;
Acessão Artificial
Construções e plantações;
Resultado do trabalho do homem;
Enunciado 81 do CJF
81 – Art. 1.219: O direito de retenção previsto no art. 1.219 do Código Civil, decorrente da realização de benfeitorias necessárias e úteis, também se aplica às acessões (construções e plantações) nas mesmas circunstâncias.
Possuidor de boa-fé terá direito à retenção enquanto não for indenizado; há decisões do STJ mantendo o possuidor na posse do bem por um tempo suficiente a restituição do valor da construção, utilizando-se de um valor arbitrado de aluguel que se pagaria por este imóvel até o alcance da soma do valor total da construção; 
Possuidor de má-fé: perde a construção ou plantações em terreno alheio;
Acessão Inversa
Nesta acessão a regra se inverte, sendo que o principal passa a seguir o acessório; neste caso, aquele que construiu indenizará o proprietário do terreno;
Em homenagem ao Princípio da Função Social da Posse, o legislador permite a inversão: Art 1255, Parágrafo Único; construção de boa-fé; construção de considerável valor superior ao valor do terreno (valor social também é considerado; ex.: construção de um hospital);
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.
Mini desapropriação do interesse privado
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.
Construção parcial em solo alheio;
Não exceder 1/20 avos do terreno alheio e a construção deve ter sido de boa-fé;
A pessoa que construiu deverá indenizar o proprietário do terreno pelo valor da parte utilizada do terreno (5%) e pela desvalorização da área remanescente;
Parágrafo Único: na má-fé também é possível que o construtor indenize o proprietário do terreno, mas deve pagar 10X o valor da área utilizada; se o proprietário do terreno pleitear, poderá caber a demolição;
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.

Outros materiais