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Processo Penal III - Recursos

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Processo Penal III – Recursos
Prof. Larissa
Bibliografia recomendada: Recursos no Processo Penal – Ada Pelegrini Grinover, Antônio Magalhães Gomes Filho e Antônio Scarance Fernandes;
Teoria Geral dos Recursos
Confronto de Princípios
Princípio da Justiça (valor axiológico que se busca em todo o Direito)
Princípio da Certeza Jurídica / Estabilidade Social
* os recursos existem para equilibrar a presença dos dois princípios acima no ordenamento jurídico; um sistema processual adequado é aquele que propicia o direito da pessoa de recorrer de decisão que não lhe agrada, mas também que tal decisão não perdure eternamente sendo revista;
Duplo Grau de Jurisdição:
CF não determina literalmente a revisão das decisões, mas, implicitamente é possível perceber o tratamento do Duplo Grau de Jurisdição, à medida que prevê o escalonamento do Poder Judiciário, a partir de distintos Tribunais;
O Pacto Internacional de São José da Costa Rica prevê expressamente o direito ao Duplo Grau de Jurisdição;
Fundamentos do Duplo Grau de Jurisdição:
Subjetivo: considera a possibilidade de erro humano, que somente poderia ser corrigido a partir do duplo grau de jurisdição;
Político: no Estado Democrático de Direito não pode haver algum ato que não possa ser revisto por outro tomador de decisão;
Limites do Duplo Grau de Jurisdição:
Decisões interlocutórias: dentro do Processo Penal são irrecorríveis;
Competência originária do STF: não há recurso possível;
Vedação de “muttatio libelis” (dar definição jurídica ao fato diversa da acusação): não é possível que haja na decisão de 2º grau;
Conceito de recurso: aspecto inerente ao próprio direito de ação, devendo ser o recorrente a pessoa que esteja envolvida no processo; é endoprocessual; mecanismo utilizado com relação às decisões judiciais, a fim de que sejam revistas, antes do trânsito em julgado;
Características dos Recursos:
Anteriores ao trânsito em julgado;
* havendo instauração de uma nova relação jurídica processual não se trata de recurso (ex.: Mandado de Segurança, Revisão Criminal, Habeas Corpus, etc.);
Voluntários: ninguém é obrigado a recorrer, com algumas exceções;
Tempestivos: devem ser interpostos dentro do prazo;
Taxativos: são recursos apenas aqueles previstos em lei processual penal; de decisões em que não há previsão legal, não é possível recorrer;
Natureza Jurídica: aspecto inerente ao direito de ação e ao direito de defesa, não criando uma nova relação processual; é um desdobramento do direito da ampla defesa e também do direito de punir por parte do Estado;
Efeitos:
Devolutivo: todos os recursos, com exceção dos Embargos de Declaração, são devolvidos para revisão por outro órgão jurisdicional para nova apreciação;
Suspensivo: instrumento que prorroga a eficácia da decisão; em princípio, os recursos no processo penal não possuem efeito suspensivo; (exceções: decisão de pronúncia; decisões que impõem pena privativa de liberdade)
Regressivo: possibilidade de o próprio órgão que tomou a decisão recorrida revê-la, como por exemplo no Recurso em Sentido Estrito, Embargos de Declaração;
Princípios:
Vedação da “reformatio in pejus”: em recurso exclusivo da defesa, é proibido ao Tribunal reformar a decisão em prejuízo do réu; exceção: quando o recurso é da acusação é possível que a decisão possa ser reformada em prejuízo do réu;
Voluntariedade; exceções:
No julgamento de crimes contra a economia popular e contra a saúde pública, em que há recurso de ofício quando o juiz absolver o réu ou arquivar o processo;
O réu também tem capacidade de recorrer, independentemente da vontade de seu defensor; havendo diferença entre réu e defensor sempre prevalecerá a vontade de recorrer; querendo o defensor recorrer em contrariedade ao réu, prevalecerá a vontade de recorrer;
Recurso interposto sobre aspecto objetivo, como a materialidade dos fatos, se procedente, beneficia o co-réu;
Pressupostos:
Cabimento: o recurso deve estar previsto em lei para que caiba; é a admissibilidade de lei de se recorrer de determinada decisão;
Adequação: deve-se entrar com o recurso adequado à situação concreta; é um pressuposto mitigado pelo Princípio da Fungibilidade dos Recursos (não pode ser erro grosseiro e deve estar dentro do prazo);
Interesse: deve haver interesse em recorrer; deve haver alguma utilidade prática na reforma da decisão; em relação a detalhes irrelevantes, não há interesse de revisão da decisão; ex. de irrelevância: decisão reconheceu a prescrição e o acusado quer recorrer pleiteando a mudança da decisão para que reconheça sua inocência;
Legitimação: réu; defensor; ofendido, a partir do assistente de acusação; Ministério Público; e sucessores do réu;
Tempestividade: em regra, o prazo dos recursos criminais é de 5 dias; Promotor, no processo penal, é parte e não possui prazo em dobro para recorrer; Defensor Público ou Nomeado tem prazo em dobro para recorrer;
Súmula 310 STF
Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.
Regularidade: o recurso deve preencher as formalidades legais;
Ausência de Fatos Impeditivos: se, por exemplo, há renúncia do direito de recorrer, ocorrerá o trânsito em julgado para quem renunciou tal direito, configurando um fato impeditivo à proposição do recurso;
Recurso em Sentido Estrito (RSE)
Definição doutrinária: reexame de uma decisão nas matérias especificadas em lei, possibilitando ao juízo recorrido uma nova apreciação da matéria antes da remessa à 2ª instância;
Características:
Taxatividade: apenas é cabível nas hipóteses previstas no art. 581;
Efeito devolutivo: a decisão é devolvida para o Poder Judiciário para nova apreciação;
Efeito regressivo: a matéria é devolvida para o juízo que proferiu a decisão recorrida, tendo este a possibilidade de reformar sua decisão;
Hipóteses de cabimento:
As hipóteses taxativas do art. 581 do CPP são as exceções à regra de que no Processo Penal não é cabível recurso contra decisão interlocutória;
Para se determinar se o recurso é cabível e/ou que recurso é cabível, analisam-se primeiramente as hipóteses do art. 581 para verificar se é caso de Recurso em Sentido Estrito; não encontrando hipótese de recorrer com base neste artigo, não se trata de Recurso em Sentido Estrito; desta forma, se ainda é possível recorrer, o recurso seria o de Apelação, que é residual no Processo Penal;
Hipóteses em que o recurso será recebido com os efeitos normais (Devolutivo / Regressivo):
 Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
 I - que não receber a denúncia ou a queixa;
Em interpretação extensiva deste inciso a jurisprudência admite o recurso contra o não recebimento do aditamento à denúncia ou à queixa;
Com relação ao recebimento da denúncia ou queixa não cabe recurso;
No Juizado Especial Criminal cabe Apelação em relação à decisão que não receber a denúncia ou a queixa;
Lei de Imprensa: admite recurso em sentido estrito contra a decisão que recebeu a denúncia ou queixa;
Obs.: o réu deve ser intimado para apresentar contra-razões ao recurso em sentido estrito contra a decisão que não recebeu a denúncia ou queixa, segundo entendimento jurisprudencial atualmente dominante;
O juiz não pode receber a denúncia ou queixa corrigindo sua tipificação; deve devolver à acusação para aditamento;
 II - que concluir pela incompetência do juízo; 
Por interpretação extensiva é admitido o recurso em sentido estrito contra a decisão do Juiz Presidente do Tribunal do Júri que desclassificou o crime doloso contra a vida;
 III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; 
Cabível em relação às exceções de litispendência e coisa julgada;
 V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisãopreventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; (Redação dada pela Lei nº 7.780, de 22.6.1989)
 VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; 
 IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade;
 X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
 XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;
 XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;
* trata-se de decisão de cunho administrativo; o prazo para entrar com o recurso é de 20 dias;
 XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;
 XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
Hipóteses em que o recurso também será recebido com Efeito Suspensivo:
 Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
 IV – que pronunciar o réu; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
* nesta hipótese o Recurso em Sentido Estrito também tem Efeito Suspensivo, mas apenas em relação à sessão plenária para julgamento; os demais atos processuais podem ser continuados;
 VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
 XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
Hipóteses que não cabe mais o Recurso em Sentido Estrito:
* a Lei de Execução Penal indica que nos casos relacionados ao cumprimento da pena (incisos XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII e XXIV) aplica-se o Agravo de Execução e não mais o Recurso em Sentido Estrito; portanto, tais incisos encontram-se revogados pela Lei Especial;
 Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
 XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;
 XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional;
 XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
 XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado; 
 XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra;
 XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;
 XXII - que revogar a medida de segurança;
 XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação;
 XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.
Prazo: a interposição do recurso ocorre mediante simples termos nos autos requerendo prazo para apresentar suas razões; esta petição deve obedecer o prazo decadencial de 5 dias; o juiz, recebendo o recurso, dará, de acordo com o art. 588, o prazo de 2 dias para que a parte apresente as razões do recurso; tal prazo é impróprio, já que em recurso no Processo Penal, tanto o réu quanto o MP, não podem desistir do mesmo;
 Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco dias.
 Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo será de vinte dias, contado da data da publicação definitiva da lista de jurados.
Processamento:
 Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos:
 I - quando interpostos de oficio;
 II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X;
 III - quando o recurso não prejudicar o andamento do processo.
* não se enquadrando nas hipóteses acima, os agravos sobem por instrumento a parte;
 Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia.
 Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581.
 § 1o Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598.
 § 2o O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento.
 § 3o O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito de perda da metade do seu valor.
 Art. 588. Dentro de dois dias, contados da interposição do recurso, ou do dia em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e, em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo.
 Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado do prazo na pessoa do defensor.
 Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários.
 Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.
Apelação
Recurso interposto da sentença definitiva ou com força de definitiva (ex.: impronúncia; sentença que não julga o mérito do processo), da qual não caiba Recurso em Sentido Estrito, com o fim de que se proceda o reexame da matéria, com a conseqüente modificação parcial ou total da decisão;
A apelação não dá ao juiz a possibilidade de reexaminar a matéria; não tem efeito regressivo;
A apelação é um recurso amplo, em que se pode atacar todos os pontos da decisão do juiz, inclusive as decisões interlocutórias;
Trata-se de um recurso residual; inicialmente verifica-se se é caso de Recurso em Sentido Estrito; não sendo e se tratando de sentença definitiva ou com força de definitiva, o recurso cabível será a apelação;
 Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: 
 I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular; 
 II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior; 
 III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: 
 a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; 
 b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; 
 c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; 
 d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. 
 § 1o Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação. 
 § 2o Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se Ihe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança. 
 § 3o Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação. 
 § 4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra.
Pode ser Plena, Ampla, recorrendo-se em relação a todo o conteúdo da decisão ou ser Limitada, recorrendo-se em relação a pontos específicos da decisão;
A acusação tem que delimitar sobre o que está recorrendo, para que o Tribunal não possa analisar nenhum outro assunto em prejuízo do réu;
O momento do MP limitar seu pedido no recurso de apelação é, para Capez, no momento de interposição do recurso; outra parte da doutrina entende que é no oferecimento de razões do recurso o momento da limitação do mesmo;
Quando a apelação é do réu, mesmo que este tenha apelado apenas em relação a assunto específico, o Tribunal pode, para melhorar sua situação,rever todo o processo;
Legitimidade
MP não tem legitimidade de apelar de sentença absolutória quando se trata de Ação Penal Privada; em favor do réu o MP tem legitimidade;
Assistente de Acusação: tem capacidade de recorrer supletiva, após o MP, no prazo de 5 dias; para parte da doutrina o Assistente pode recorrer com a finalidade de aumento da pena e para outra parte não poderia, entendendo esta última corrente que a pena é de competência do membro do Estado;
Prazo para Assistente de Acusação interpor Apelação
Habilitado nos autos: 5 dias para parte da doutrina e 15 dias para outra parte;
Não habilitado nos autos: 15 dias, conforme art. 598, parágrafo único;
Súmula 448 do STF
O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente após o transcurso do prazo do ministério público
Renúncia do recurso pelo defensor dativo: não é possível; o defensor constituído, com anuência do réu, pode desistir do recurso; o MP não pode desistir do recurso; se o réu quer desistir do recurso e o defensor técnico entende que não seria uma boa solução para o caso, pode continuar com o recurso;
Cabimento
Decisões condenatórias;
Decisões absolutórias;
Decisões de absolvição sumária;
Decisões de impronúncia;
Procedimento do júri:
Nulidade posterior à pronúncia;
Sentença contrária à lei ou à decisão dos jurados;
Erro ou injustiça na aplicação da pena;
Decisão do jurados manifestamente contrária à prova dos autos;
Prazos
Petição: 5 dias;
Razões: 8 dias;
Assistente: 3 dias;
Contra-razões: 8 dias;
Reformatio in pejus (em recurso exclusivo da defesa não pode o Tribunal decidir em prejuízo do réu)
Direta: o Tribunal reforma a decisão piorando a situação do réu;
Indireta: o Tribunal anularia a decisão e o juiz daria, posteriormente, uma decisão mais gravosa para o réu; ex.: ouvir uma testemunha que a defesa disse ser importante para o processo; o juiz ouvirá a testemunha, mas não poderá agravar a situação do réu;
Reformatio in mellius (em recurso da acusação o Tribunal decide melhorando a situação do réu: a doutrina majoritária entende que é possível a reforma em benefício do réu, mesmo que o recurso seja somente da acusação; parte da doutrina entende que não poderia melhorar a situação do réu no recurso exclusivo da acusação;
Protesto por Novo Júri
Era utilizado na hipótese de réu condenado pelo Tribunal do Júri com pena superior a 20 anos de reclusão; garantia a realização de novo júri;
Foi revogado pela Lei 11689/2008;
Aplicação da Lei Penal no tempo: normas de natureza mista (processual e material) sempre são aplicadas em benefício do réu; desta forma, para os crimes ocorridos antes da revogação do recurso ainda os réus nesta condição podem se beneficiar do mesmo; alguns Tribunais não têm reconhecido este direito;
Carta Testemunhável
Recurso que tem por fim provocar o reexame da decisão que denegar o Recurso em Sentido Estrito ou Agravo em Execução;
Prazo: 48 horas da ciência do despacho; consta-se na certidão de intimação o horário da mesma, para que o prazo de 48 horas comece a contar a partir de tal momento; se não certificada a hora da intimação, o prazo será contado a partir do dia seguinte;
Sobe por Instrumento: não precisa de razões, já que o que se almeja com tal recurso é que o Recurso em Sentido Estrito ou o Agravo em Execução sejam enviados para o Tribunal; os requisitos de admissibilidade são novamente verificados pelo Tribunal;
Não tem efeito suspensivo;
Correição Parcial
Trata-se de providência administrativo-judiciária contra despachos do juiz que importem em inversão tumultuária no processo, quando não houver recurso previsto em lei;
Encaminha-se ao Tribunal em caráter Correicional; somente serve para corrigir erros processuais por parte do juiz; com relação ao mérito cabem os recursos próprios;
Se for procedente a correição parcial, o Tribunal anula o ato praticado pelo juiz;
Ex.: o juiz propor suspensão condicional do processo, que é de competência do Ministério Público; o juiz inverter a ordem de oitiva das testemunhas e interrogatório sem a concordância das partes;
O juiz pode receber um Provimento do Tribunal para corrigir sua conduta em relação a novos processos; se não cumprir o determinado, pode responder a Processo Administrativo;
A Correição Parcial é prevista nos Regimentos dos Tribunais;
Prazo: segue o mesmo rito Agravo de Instrumento do Código de Processo Civil: 10 dias;
Não tem efeito suspensivo;
Embargos Infringentes
Recurso oponível contra decisão não unânime de Segunda Instância, desde que desfavorável ao réu; trata-se de recurso exclusivo da defesa; se a decisão foi favorável ao réu, ainda que não unânime, não cabe Embargos Infringentes;
Prazo: 10 dias da publicação do acórdão;
Embargos de Declaração
Interpostos para o mesmo órgão prolator da decisão, no caso de ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão da sentença;
Prazo: 2 dias; interrompe prazo recursal;
É um mecanismo utilizado, muitas vezes, para prequestionar questões que venham a ser objeto de Recurso Especial ou Recurso Extraordinário;
Questiona-se a natureza recursal: parte da doutrina entende que se trata de recurso, já que permite a mudança da decisão; parte da doutrina não entende como recurso, já que é encaminhado para o mesmo órgão prolator da decisão;
Habeas Corpus
Conceito: remédio constitucional que tem por finalidade evitar ou fazer cessar a violência ou coação à liberdade de locomoção decorrente de ilegalidade ou abuso de poder;
Modalidades: 
Liberatório ou Repressivo: quando há efetiva lesão à liberdade do indivíduo;
Preventivo: quando a lesão à liberdade do indivíduo está na iminência de ocorrer;
Legitimidade ativa: qualquer pessoa;
Legitimidade passiva: em regra, a autoridade pública responsável pelo ato de ilegalidade; pode ser impetrado contra ato de particular (ex.: filho que interna o pai em asilo contra a sua vontade; mulher que interna o marido em clínica psiquiátrica); pode ser impetrado contra ato de pessoa jurídica (ex.: hospital que não permite a saída do paciente sem que pague a conta); há divisão jurisprudencial e doutrinária em relação ao HC contra ato de pessoa jurídica;
O HC não obsta a propositura concomitante do recurso competente para a situação em que se encontra o processo;
Só cabe HC quando violada liberdade de locomoção; quando há risco remoto de perda da liberdade também cabe o HC (ex.: contra quebra de sigilo fiscal ou telefônico);
Não cabe HC no caso de punição militar;
Não cabe para analisar valoração de provas; não admite dilação probatória; deve-se demonstrar o direito de forma pré-comprovado;
Cabe nas seguintes situações:
Quando não há justa causa da restrição da liberdade;
Quando o indivíduo está preso por mais tempo que deve;
Quando o indivíduo está preso em função de ordem de autoridade incompetente;
Quando cessado o motivo que autorizou a prisão; ex.: a pessoa foi presa durante o período de instrução penal, para não influenciar na produção de provas;
Em caso de nulidade no processo ou procedimento que determinou a prisão;
Quando houve a extinção de punibilidade do indivíduo;
Questões
1) É cabível a impetração de HC quanto à condenação de pena pecuniária, pela prática de crime que não seja de competência do Juizado Especial Criminal.
É cabível, já que a pena pecuniária é uma pena restritiva de direitos, sujeita a regime mais gravoso em caso de descumprimento, o que poderia culminar em privação da liberdade, sendo esta objeto do HC.
2) Osório, preso em flagrante pelo crime de estelionato, não teve fiança admitida pela autoridade policial. Cabe HC? Impetrado em que juízo?
É cabível o HC, já que se trata de privação da liberdade e o juiz pode conceder a fiança.
O HC deve ser impetrado no juízo de primeiro grau, já que o ato coator é proveniente de autoridade administrativa.
3) Arguida matéria fática em recurso de apelação, nada obsta a impetração de HC versando sobre matéria exclusivamentede direito?
Nada obsta o curso concomitante do recurso de apelação e do HC, desde que este último tenha sido impetrado em consonância com a finalidade do instituto, prevista no art. 5º, inciso LXVIII, da CF.
4) Em processo cuja pena privativa de liberdade já esteja extinta, cabe HC para evitar que, com fundamento na reincidência, o juiz fixe regime mais gravoso ao sentenciado em novo processo penal.
Não é cabível HC quando se trata de processo cuja pena privativa de liberdade já esteja extinta, de acordo com o disposto na Súmula 695 do STF.
5) É cabível HC em favor de beneficiado pela suspensão condicional do processo, visando o trancamento da ação penal.
Verdadeiro, uma vez que a suspensão condicional do processo pode ser revogada e o processo pode resultar em condenação de pena privativa de liberdade, sendo esta o objeto do HC.
6) O HC constitui meio idôneo para discussão de matéria de fato no processo.
Falso. O HC possui um rito processual que não admite dilação probatória, devendo as provas ser pré-constituídas.
7) A condição de autoridade coatora é assumida pelo juiz a partir do momento em que recebe a denúncia.
Falso, pois a condição de autoridade coatora pode se configurar em momento processual anterior, como, por exemplo, quando o juiz homologa a prisão em flagrante.
8) Cabe HC contra decisão condenatória a pena de multa.
Falso. De acordo com o art. 5º, inciso LXVIII, da CF, o HC é cabível apenas quando se trata de coação ou abuso de poder relacionado à liberdade de locomoção, não sendo cabível quando se trata de pena apenas de multa. Tal entendimento encontra respaldo na Súmula 693 do STF.

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