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Artigo HISTÓRIA DA PSICOLOGIA COGNITIVA (1)

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Credenciamento 
 Portaria MEC 3.613, de 08.11.2004 - D.O.U. 09.11.2004 
 1 
 
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA COGNITIVA: 
ANTECEDENTES DA PSICOLOGIA COGNITIVA 
 
History of Cognitive Psychology: 
Cognitive Psychology Background 
 
Historia de la Psicología Cognitiva: 
Antecedentes de la Psicología Cognitiva 
 
 Jorge Luís Cruz de Vasconcellos¹ 
Ricardo Vigolo de Oliveira² 
RESUMO 
O presente artigo faz uma breve síntese dos antecedentes históricos que fomentaram o 
surgimento de uma ciência psicológica a qual desenvolveu sua própria metodologia para 
estudar eventos intrapsíquicos que não poderiam ser diretamente observados, mas 
inferidos de maneira bastante consistente. Em busca de um rigor científico que 
conferisse status de ciência à psicologia, o foco primeiro foi no comportamento, por ser 
observável, mensurável e descritível. Com o surgimento tanto de novas tecnologias em 
pesquisa, assim como a organização das informações em modelos computacionais, a 
psicologia cognitiva ressurge como uma ciência que tem por objeto de estudo o 
funcionamento dos processos mentais. 
Palavras-chave: Cognitivismo – antecedentes - ciência 
________________________ 
¹Prof. MSc. Jorge Luís Cruz de Vasconcellos - Mestre em Psicologia Social e da Personalidade – 
PUCRS- Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha – CESUCA. 
E-mail: vasconcellos.jorge@gmail.com 
 
²Prof. Dr. Ricardo Vigolo de Oliveira - Doutor em Bioquímica – UFRJ - Complexo de Ensino Superior de 
Cachoeirinha - CESUCA 
Credenciamento 
 Portaria MEC 3.613, de 08.11.2004 - D.O.U. 09.11.2004 
 2 
 
 
 
ABSTRACT
This paper is a brief summary of the historical background which encouraged the 
emergence of a psychological science, which has developed its own methodology to 
study intrapsychic events that could not be observed directly, but consistently inferred. 
In search of a scientific rigor that would confer the status of science to psychology, the 
focus was firstly just on the behavior, which was observable, measurable and 
describable. With the emergence of new technologies in both research as well as the 
organization of information in computational modeling, cognitive psychology emerges 
as a science whose object of study the functioning of mental processes. 
Keywords: Cognitivism – history - science 
Antes do século XIX, era inconcebível que o funcionamento das cognições 
humanas fosse suscetível de análise científica. Um dos critérios de validade para todas 
as ciências da época era o da verificabilidade, isto é, para ser considerada verdadeira, 
teria que ser passível de verificação. Assim, o estudo das cognições humanas, enquanto 
atividade científica, distanciou-se de muitas outras ciências devido às dificuldades de se 
estudar o pensamento (Madeira, 1987). 
A data usualmente citada como marcando início da Psicologia como ciência é 
1879, quando Wilhelm Wundt estabeleceu o primeiro laboratório de Psicologia em 
Leipzig, na Alemanha (Schultz & Schultz, 1994). A Psicologia de Wundt poderia ser 
considerada como antecedentes da Psicologia Cognitiva, pois se diferenciava das outras 
grandes correntes teóricas vigentes na época, como o Behaviorismo e a Gestalt. O 
eminente pesquisador alemão estava determinado em pôr em prática um programa de 
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pesquisa designado a estabelecer a Psicologia como uma ciência natural. Os primeiros 
fundamentos dados à Psicologia, enquanto disciplina científica distinta da Filosofia, 
visavam uma “ciência da vida mental”, ao invés de uma “ciência do comportamento”. 
Embora Wundt refira-se a sua posição teórica como Voluntarismo, nos Estados Unidos, 
sua orientação teórica tornou-se conhecida como Estruturalismo, descrevendo eventos 
mentais como tendo implicações estruturais, baseados em uma estrutura implícita, 
subentendida. 
O método de investigação privilegiado por Wundt foi o Introspeccionismo. 
Neste método, a crença básica radicava-se no fato de que o funcionamento da mente 
poderia abrir-se para a auto-observação. Apresentava-se aos sujeitos participantes do 
experimento, altamente treinados e sobre cuidadosas condições de controle, problemas a 
serem resolvidos mentalmente e lhes pedia em seguida para dizer de que maneira eles 
tinham procedido, através do relato do conteúdo de sua consciência. Verificou-se que os 
sujeitos podiam achar a resposta correta para os problemas colocados, porém, não eram 
capazes de dizer como chegaram a tal resposta. Decorreram deste método alguns 
problemas. Em primeiro lugar, a introspecção não tem como atingir os processos que 
não aparecem à consciência. Em segundo lugar, havia a dificuldade de explicar os 
processos mentais através de uma descrição verbal unívoca, pois estas estavam 
submetidas a experiências privadas diferentes, tornando inviável o relato objetivo dos 
conteúdos mentais da consciência, que são o próprio objeto de estudo. Tornava-se 
evidente que a introspecção não era uma metodologia adequada para prescrever o 
funcionamento da mente, pois toda a complexidade da cognição não era acessível à 
experiência consciente (Schultz & Schultz, 1994). 
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Willian James, em sua obra “Princípios de Psicologia”, de 1890, reflete toda a 
tradição funcionalista, e seus trabalhos são relevantes até na atualidade. Mais teórico do 
que experimentador, faz notórias contribuições com os estudos sobre memória e 
atenção, delimitando diferenças entre a memória primária ou presente psicológico e a 
memória secundária ou passado psicológico (Baddeley, 1986). Esta distinção foi 
retomada setenta anos mais tarde, quando os cognitivistas começaram a estudar de 
forma sistemática as memórias de curto e de longo prazo. 
Através de um artigo publicado em 1913 na PsychologicalReviewchamado 
Psychology as thebehavioristviews it (A Psicologia como o behaviorista a vê), de 
Watson, deu-se o mais cabal e abrupto rompimento com a introspecção na Psicologia. 
Seu manifesto foi um ataque arrasador ao sistema vigente de Psicologia, na época dos 
estudos da mente. Os behavioristas, de forte cunho positivista, sustentavam que as 
teorias só se justificavam por meio de uma relação com os fatos observados, e que as 
construções teóricas eram significativas somente se pudessem ser observadas. Esta 
visão, adotada por Watson e Skinner e considerada os arautos da “Psicologia científica”, 
admitia apenas trabalhar com fenômenos observáveis na pesquisa científica em 
Psicologia, rejeitando a utilização de construções mentais hipotéticas (Eysenck& Keane, 
1994). 
Os princípios básicos do behaviorismo eram simples e diretos. Por Watson 
exigir uma Psicologia totalmente objetiva e que se ocupasse unicamente de atos 
observáveis de conduta, palavras como “pensamento”, “mente” e “consciência”, 
enquanto fatores explicativos do comportamento humano perderam a relevância, 
minando assim a metodologia introspeccionista. De uma maneira mais explícita, 
Watson dizia que a Psicologia deveria renunciar a mente como objeto de estudo e adotar 
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aquilo que fosse observável, ou seja, o comportamento (Schultz & Schultz, 1994). O 
Behaviorismo afirmava que todo e qualquer comportamento humano e mesmo animal 
pode ser descrito objetivamente, sem se necessitar recorrer aos conceitos e às 
terminologias mentalistas, subjetivas. Neste sentido, torna-se possível predizer a 
resposta que será dada por um determinado estímulo e, da mesma maneira, predizer que 
estímulo antecedente gera determinada resposta (Schultz & Schultz, 1994).O comportamentalismo apresentava um corpo coerente de ideias científicas e 
explicava boa parte dos problemas colocados. Delimitou clara e operatoriamente seu 
objeto de estudo, e possuía uma metodologia apropriada ao tipo de problema que 
colocava. Seus fundamentos teóricos cumpriam a sua função de edificar princípios, 
embora se mostrasse reducionista e indutivista em consequência do rigor metodológico 
influenciado pelo Positivismo Lógico. O reducionismo condutivista, encadeado com a 
tradição empirista da ciência e com o positivismo lógico, havia enfatizado de maneira 
especial a experiência controlada de laboratório: a conduta pode ser explicada 
exclusivamente com base nos estímulos físicos e nas respostas motoras. O condutivismo 
fez com que se rechaçasse o mentalismo, assim como os processos cognitivos 
superiores (memória, pensamento), os quais haviam sido levados a cabo por Donders e 
Ebbinghaus no século passado, sendo então o estudo desses processos afastado da 
investigação científica e assim desaparecendo do âmbito da investigação acadêmica 
neste período (Marx &Hillix, 1980). Os seguidores do condutivismo sustentavam que as 
teorias só se justificavam por meio de uma relação com fatos observados, e que as 
construções teóricas eram significativas somente se esses fatos e seus corolários 
pudessem ser observados. E esta era a visão dos grandes mestres do behaviorismo 
Watson e Skinner, que fundaram uma Psicologia científica ao admitirem apenas 
fenômenos observáveis, rejeitando a utilização de construções mentais hipotéticas. 
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Skinner foi um dos behavioristas fortemente influenciados pela visão do 
positivismo lógico da ciência. Traçou uma analogia entre os primórdios da física e a 
Psicologia do século XX para ilustrar seus pontos de vista, chamando a atenção para o 
fato de que os gregos primitivos pouco sabiam a respeito da física e da Psicologia. 
Ressaltou que Aristóteles falava sobre as forças físicas sendo como estados hipotéticos 
e antropomórficos, atribuindo características humanas a fenômenos não humanos. Para 
Skinner, a física progrediu e a Psicologia não. Isto ocorreu porque, na física, foi 
substituído o antropomorfismo inobservável por relações matemáticas e porque, cada 
vez mais, tem-se apoiado na observação e na experimentação. Segundo Skinner, a 
Psicologia não progrediu porque não se apoiou na mesma estratégia (Schultz & Schultz, 
1994). 
A abordagem geral do comportamentalismo de Skinner, em muitos e 
importantes aspectos, representa uma renovação do Behaviorismo watsoniano. Skinner 
evita a teoria e prefere praticar um positivismo estrito. Seu ponto de vista é por ele 
mesmo descrito como de nunca haver abordado um problema construindo uma hipótese, 
assim como de nunca deduzir teoremas sem os submeter à verificação experimental. 
Declarava não ter um modelo preconcebido de comportamento e tampouco um modelo 
conceitual. O programa de Skinner não inclui nenhuma referência a supostas entidades 
internas, quer descritas como variáveis intervenientes, quer como processos 
fisiológicos. Seja o que fosse que pudesse ocorrer entre o estímulo e a resposta, não 
representava dados objetivos para um behaviorista skinneriano (Schultz & Schultz, 
1994). 
Skinner dava ênfase ao comportamento operante, em oposição ao respondente. 
Na situação de condicionamento pavloviano, um estímulo conhecido é pareado com 
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uma resposta, sob condições de reforço. A resposta comportamental é suscitada por uma 
situação de estímulo específica e observável, a que Skinner deu o nome de 
comportamento respondente. Já o comportamento operante ocorre sem quaisquer 
estímulos externos observáveis. A resposta do organismo é aparentemente espontânea, 
na medida em que não está relacionada com qualquer estímulo observável conhecido. 
Isto não quer dizer que não exista um estímulo que evoque a resposta, mas sim que 
nenhum estímulo é identificado quando ocorre a resposta. Assim, na perspectiva do 
experimentador, não existe estímulo, porque não aplicou e nem pôde ver nenhum 
(Schultz & Schultz, 1994). 
Apesar de a escola behaviorista ter se estabelecido como o principal enfoque na 
ciência da Psicologia da primeira metade deste século, ela falhou na tarefa de ser uma 
ciência satisfatória do psiquismo humano e começou a ficar insuficiente, sendo forçado 
a buscar outros caminhos. Com a crise do condutivismo, os pesquisadores em 
Psicologia se viram obrigados a buscar outras vias para evitar que seu objeto de estudo 
lhes escapasse das mãos. Por não tratarem de modo científico os problemas relativos 
aos processos psíquicos superiores, havia a necessidade deste enfoque condutivista ser 
substituído por outro. 
A CRISE DO BEHAVIORISMO 
Tanto no introspeccionismo quanto no behaviorismo, vê-se a consciência 
humana “esforçando-se para entender a si própria”. Os introspeccionistas tiveram que 
deixar de acreditar no poder da auto observação. Os behavioristas, temerosos de 
tornarem-se vítimas das falácias subjetivas recusadas em um primeiro momento, já 
pensavam sobre os processos mentais. Não era mais possível acreditar que a ciência 
psicológica fosse simplesmente colecionar fatos observáveis e entendê-los. 
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Havia uma exigência de outros métodos, até mesmo pelo desenvolvimento de 
outras disciplinas. Na física, por exemplo, a teoria da estrutura atômica foi 
desenvolvida, e essa estrutura não podia ser observada diretamente, mas somente 
inferida. Contudo, os behavioristas argumentaram que uma teoria da estrutura interna da 
mente não era necessária para entender o comportamento humano, e em certo sentido 
tinham razão. Entretanto, a teoria das estruturas internas como se verá a seguir, tornaria 
mais fácil o entendimento do psiquismo humano. 
A Psicologia Cognitiva surgiu, em parte, por causa do crescente reconhecimento 
de que entender a psique era algo sensivelmente mais complexo do que se pensava ser 
no comportamentalismo behaviorista. O fato da visão tradicional de ciência ter sido 
minada (Eysenck& Keane, 1994) contribuiu para que a Psicologia Cognitiva começasse 
a formar sua identidade científica. Com o avanço da engenharia eletrônica e da 
informática nos anos 1950 e 1960, surgiram as máquinas capazes de desenvolver 
condutas inteligentes. Houve, a partir dos anos 1960, um considerável desenvolvimento 
de programas que imitavam condutas inteligentes (processos superiores), 
imprescindíveis para o entendimento das condutas humanas. A mente humana e o 
computador são sistemas de processamento de informações (Neisser, 1967). A origem 
dessa analogia está na máquina universal de Turing, em 1936, matemático que 
demonstrou formalmente que a máquina universal pode simular qualquer 
comportamento inteligente humano. Propunha essencialmente que, se na mesma tarefa 
não pudéssemos distinguir entre o comportamento de um computador e o de um 
humano, então a máquina seria inteligente como o ser humano (Eysenck& Keane, 
1994). 
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Os trabalhos de cientistas de outras áreas ofereceram explicações da conduta 
humana com base em conceitos de “abstrato” que exigem a participação dos processos 
superiores. A teoria da informação, por exemplo, foi um campo que ganhou um grande 
impulso durante a segunda guerra mundial, impulsionado por Schannon que, nos seus 
trabalhos sobre a matemática da comunicação, defendia que algo abstrato como a 
mensagem pode ser tratado cientificamenteaté poder ser apresentado de forma 
matemática. Schannon mostrou que a conceituação dos estímulos e respostas em termos 
exclusivos de suas características físicas é inadequado para explicar as condutas 
comunicativas (Schannon, 1948, como citado em Anderson, 1985). 
A teoria da informação postula que um evento traz informação se sua chegada 
elimina a vinda de outros eventos possíveis. O conjunto desses eventos possíveis são 
chamamos de “repertório” (Simon, 1964). Podemos dizer, da mesma maneira, que um 
evento traz informações se ele for tirado de um repertório. Todo processo que seleciona 
um evento num repertório é dito “processo de tratamento da informação”. Chama-se 
assim de “sistema de tratamento de informação” todo sistema que seja a matriz de tais 
processos. Deste ponto de vista, o sistema nervoso poderia então ser considerado como 
o mais complexo dos sistemas de tratamento de informação (Costermans, 1981). Este 
sistema influenciou, significativamente, a nascente Psicologia Cognitiva, fazendo com 
que esta o usasse como um verdadeiro novo paradigma. 
A ciência dos sistemas e a tecnologia dos computadores conduziram os 
neurofisiologistas e os psicólogos a encararem o sistema nervoso de uma nova maneira, 
percebido desde então como um sistema geral permitindo garantir a gestão do 
comportamento humano (Costermans, 1981). 
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Por esta época, outra ciência surgiu: a cibernética. Wiener, em 1948, em sua 
obra Cybernetics, orcontroland communication in the animal andthemachine implanta a 
ideia do organismo como um sistema finalizado, ou seja, um hipersistema composto da 
união de um sistemaregulado com um sistema regulador. Esta noção constituiu um dos 
polos da ciência moderna, permitindo compreender como se formam as estruturas cada 
vez mais complexas. Na perspectiva da cibernética, convém não mais definir o 
comportamento como um conjunto de relações a um conjunto de estímulos, mas como 
um processo pelo qual um sistema vivo se aproxima de um critério (Anderson, 1983). 
Apoiada no conceito de feed-back, a teoria mostra como certas condutas só serão 
explicáveis recorrendo aos processos internos dos sujeitos. 
Enquanto que no condutivismo toda conduta devia ser explicável supondo um 
sujeito passivo entre estímulo e resposta, na cibernética este marco de referência é 
ampliado, introduzindo o conceito de “tomada de decisão” em termos totalmente 
científicos, admitindo um sujeito ativo assim como na conceituação dos elementos 
explicativos por algo mais que suas características físicas observáveis. Esta teoria 
influenciou, enormemente, a nascente Psicologia Cognitiva (Reed, 1982). 
 Os psicólogos que se afastaram do condutivismo se dedicaram então a realizar 
experimentos sob este novo enfoque do processamento de informação, sobre problemas 
tais como a percepção, atenção, memória, formação de conceitos e linguagem 
(Sternberg, 2008). O desenvolvimento da Psicologia Cognitiva já sentia algumas 
influências da nova abordagem dos campos da Engenharia Eletrônica, Teoria da 
Comunicação e Cibernética. Donald Broadbent (1958), da Unidade de Psicologia 
Aplicada, em Cambridge, provavelmente foi o maior influenciador e integrador de 
ideias destes campos, desenvolvendo a abordagem do processamento de informação. 
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 Assim, no início dos anos 60, foram introduzidos no campo da Psicologia os 
estudos da cibernética e da teoria da informação, que considerava que toda a informação 
fluía através de um sistema cognitivo (Costermans, 1981). De acordo com essa teoria, 
as pessoas são seres autônomos e intencionais que interagem com o mundo externo, e a 
mente através da qual eles interagem com o mundo é um sistema de processamento de 
símbolos (informações). A meta da pesquisa em Psicologia Cognitiva é especificar os 
processos simbólicos e representações subjacentes ao desempenho de todas as tarefas 
cognitivas. 
Os processos cognitivos levam tempo pra serem executados. Assim, suposições 
sobre os tempos das reações podem ser feitas ao se presumir que certos processos 
ocorrem em sequencia ou possuem alguma complexidade especificável. A mente é um 
processador que tem limitações tanto de estruturas quanto de recursos e, apesar do 
sistema simbólico depender de um substrato neurológico, este sistema simbólico não 
está inteiramente limitado por este substrato neurológico (Eysenck& Keane, 1994). 
Diretamente relacionado com o enfoque do processamento de informação foi o 
desenvolvimento das ciências da computação, particularmente o desenvolvimento da 
Inteligência Artificial. Allen Newell e Herbert Simon, na Carnegie-MellonUniversity, 
trabalharam aproximadamente 30 anos “educando” os psicólogos cognitivos nas 
implicações da inteligência artificial. Grande parte dos conceitos da Psicologia 
Cognitiva veio da ciência da computação (Anderson, 1983). 
Outro campo de influência na Psicologia Cognitiva foi o da Lingüística. 
Chomsky (1971), linguista de MassacusettsInstituteof Technology, iniciou o 
desenvolvimento de um modo de análise da estrutura da linguagem. Mostrou a 
complexidade desta análise, apontando também que as formulações behavioristas não 
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conseguiram dar conta. Em sua Gramática Gerativa, ele aborda que a conduta da fala 
não pôde ser explicada com base na simples aprendizagem de respostas motoras, mas 
que esta conduta exige “processos internos” ao sujeito, os quais têm de ser 
conceitualizados em um marco de trabalho que não é redutível ao enfoque condutivista. 
No ano de 1956, ocorre A Conferência de Dartmouth, evento onde se reuniram 
grande número de cientistas para discutir acerca das máquinas e sua possibilidade de 
comportar-se de maneira inteligente. Neste momento já existiam desenvolvimentos 
importantes no terreno dos computadores. Allen Newell e Herbert Simon trabalhavam 
em computadores que realizavam operações similares às do ser humano em suas 
atividades de pensamento. Este programa, denominado LogicTheorist (teórico lógico), 
permitia resolver alguns dos teoremas dos Principia Matematica de Witehead e Russell 
(Eysenck& Keane, 1994). 
Um marco foi a publicação do livro de UlricNeisser, CognitivePsychology, em 
1967, que legitimou a Psicologia Cognitiva no campo científico. A partir desta 
publicação, já se tinha a possibilidade de se dar uma definição sucinta da Psicologia dita 
cognitiva, "o estudo experimental dos processos de tratamento de informação pelos 
quais o psiquismo, através da representação psíquica, assegura a gestão do 
comportamento, firmando o estudo dos processos mentais ditos 'superiores' pelas vias 
de experimentação" (Madeira, 1987). 
Nos anos 1970, além do início de um importante jornal intitulado 
CognitivePsychology, vários autores falavam da abordagem do Processamento de 
Informação como novo marco teórico para se estudar a cognição humana. Nessa época, 
muitas linguagens de programação diferentes foram desenvolvidas, o que levou ao 
conhecimento de vários aspectos das linguagens e dos softwares de computador que 
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estavam em uso e que se aplicavam, em maior ou menor grau, à Psicologia Cognitiva. 
Nessa mesma década emerge outro campo mais abrangente de investigação chamado 
“Ciência Cognitiva”, que esforçou-se para integrar Psicologia, Filosofia, Linguística, 
Inteligência Artificial, Antropologia, assim como as Neurociências. Os cientistas 
cognitivos propuseram modelos computadorizados baseados em redessemânticas, 
sistemas de produção e redes conexionistas. Em referência a este novo campo de estudo, 
a Psicologia Cognitiva se tornou uma “sub-ciência”, irmã da Inteligência Artificial, 
surgida na mesma época, e com os mesmos princípios básicos desta. 
A partir dos 1980, essas ciências caminharam em paralelo, porém em interação 
interdisciplinar, sob o arcabouço geral das Ciências Cognitivas (Eysenck& Keane 
1994). Dentro desse contexto, já era total o rechaço ao reducionismo condutivista. Foi 
então amplamente aceito, a partir dos anos 1960 e 1970, que os processos cognitivos 
constituíam uma posição essencial e central na ciência da Psicologia; houve a 
necessidade de contar com um sistema que possuísse a capacidade de elaborar a 
informação do meio, em termos que transcendesse o puramente físico, a fim de alcançar 
níveis psíquicos superiores. Pesquisadores tais como Broadbent (1958); Simon e 
Feigenbaum (1964); Neisser(1967), Normam (1993); Atkinson eShiffrin (1968); Paivio 
(1986); Collins e Quillian (1972) e Costerman (1981), entre outros, voltam aos 
problemas colocados por Wundt, em relação ao estudo dos processos psíquicos 
superiores, que anteriormente não dispunha de ferramentas metodológicas adequadas. 
Do ponto de vista metodológico, na nascente Psicologia Cognitiva, a ferramenta mais 
utilizada foi o experimento controlado, derivado do método hipotético-dedutivo. E, mais 
recentemente, de grande contribuição também foram os avanços nas neurociências. 
Graças a avanços principalmente na neuroimagem funcional, tornou-se possível 
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correlacionar alguns conteúdos específicos do processamento de informações a regiões 
mais ou menos específicas do cérebro (Eysenck& Keane, 1994). 
 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Anderson, J. (1983). The arquiteture of cognition. Harvard: University Press. 
Anderson, J. R. (1985). Cognitive psychology and its implications. New York: W. H. 
Freeman. 
Atkinson, R.C. &Shiffrin, R.M. (1968). Human memory: a proposed system and its 
control processes. In K.W. Spence (ed.), The Psychology of Learning and Motivation: 
Advances in Research and Theory, Vol. 2 (pp. 89–195). New York: Academic Press. 
 
Baddeley, A.D. (1986). Working memory. Oxford: Clarendon Press. 
 
Broadbent, D. E. (1958). Perception and communication. Oxford: Pergamon. 
 
Chomsky, N. (1971). Linguagem e Pensamento. Petrópolis, RJ: Vozes. 
 
Collins, A. M. &Quillian, M. R. (1972). How to make a language user. In E. Tulving& 
W. Donaldson (Eds.), Organization of memory (pp. 309-351). New York: Academic 
Press. 
Costermans, J. (1981). Psycologie Cognitive. Belgique: U.C.L. 
 
Eysenck, M. W. & Keane, M. T. (1994). Psicologia Cognitiva: um manual introdutório. 
Porto Alegre: Artes Médicas. 
 
Madeira, M. (1987). Perspectivas em Psicologia cognitiva contemporânea: os conceitos 
mentais. Psicologia: Reflexão e Crítica. Porto Alegre. (2) pp. 37-46. 
 
Marx, M. H. &Hillix, W. A. (1980). Sistemas e teorias em Psicologia. São Paulo: 
Cultrix. 
 
Neisser, U. (1967). Cognitive psychology. New York: Appleton Century Crofts. 
 
Normam D. A. &Rumelhart, D. E. (1993). Explorations in cognition. San Francisco: 
Freeman. 
Credenciamento 
 Portaria MEC 3.613, de 08.11.2004 - D.O.U. 09.11.2004 
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