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Crimes Empresariais 
Abordaremos agora os crimes empresariais previstos em nosso ordenamento jurídico, nas esferas civil, tributária e administrativa. 
O Dr. Paulo Eduardo Bueno, Procurador Geral da República, em seu artigo intitulado “Crimes Empresariais” [1], assevera que: os chamados “crimes empresariais” (corporatio crime) são estudados pelo “Direito Penal da Empresa” ou “Direito Penal Empresarial”, que é o ramo do Direito Penal Econômico diretamente vinculado à atividade empresarial. Quanto à questão da conceituação de empresa, embora se trate de expressão bastante vaga que pode ter vários significados, parece-nos aceitável a definição econômica proposta por SÁNCHEZ CALERO de “organização de capital e de trabalho destinada à produção ou à mediação de bens ou serviços para o mercado”. 
Não esgotando a lista e trazendo os crimes mais relevantes no estágio atual do nosso ordenamento jurídico, consideramos como pertencentes ao Direito Penal Empresarial os crimes:
Contra a Fazenda Pública – tributários ou fiscais, entre os quais devem ser incluído o de apropriação indébita das contribuições previdenciárias (Lei 8.137/90);
Contra as relações trabalhistas;
Contra as relações de consumo (Lei 8.137/90);
Contra o Meio Ambiente (Lei 9.605/98);
Contra a ordem econômica (Lei 8.984/94);
Contra o sistema financeiro (Lei 7.492/86);
Falimentares (Lei 11.101/05);
Contra a propriedade industrial (Lei 9.279/96);
Societários. 
Lembre-se que a Carta Maior de 1988 tornou possível a incriminação de atos das pessoas jurídicas (art. 173 & 5º). 
Art. 173 – Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou à relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. 
§ 5º - A Lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a as punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
Crimes contra a ordem tributária
Os crimes contra a ordem tributária ou práticas fraudulentas estão delimitados nos artigos 1º e 2º da Lei 8.137, de 27 de Dezembro de 1990, visam reduzir, retardar ou suprimir a cobrança dos tributos. Essa lei 8.137/90 define os crimes contra a ordem tributária, contra a ordem econômica e contra as relações de consumo. 
A lei 9.080/95 em seu art. 2º acrescenta parágrafo único ao artigo 16 da lei 8.137/90, criando uma espécie de delação premiada. 
A lei 9.249/95 prevê em seu artigo 34 uma causa de extinção da punibilidade em relação aos crimes de sonegação fiscal. 
A lei 9.430/96, em seu artigo 83, regulamenta a representação fiscal para fins penais. 
A lei 9.964/2000 instituiu o programa de Recuperação Fiscal – REFIS, destinado a promover a regularização de créditos da União, decorrentes de débitos de pessoas jurídicas, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal e pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS. 
A lei 10.684/2003 alterou a legislação sobre o REFIS, ampliando a proteção legal em seu artigo 9º; 
Os artigos 168 – A (apropriação indébita previdenciária) e 337 – A (sonegação de contribuição previdenciária) do Código Penal e Portaria da Secretaria da Receita Federal nº 326, de 15/03/2005, estabelecem procedimentos a serem observados na comunicação ao Ministério Público Federal de fatos que configurem lícitos penais contra a ordem tributária, contra a Administração Pública Federal ou em detrimento da Fazenda Nacional, relacionados com as atividades da SRF.
A lei 8.137/90 reproduziu quase que fielmente as figuras penais previstas na Lei 4.729/65, já que, além de manter as figuras típicas constantes da lei anterior, criou outras, antes inexistentes. Ficou mantido o artigo 5º que substituiu os §§ 1º e 2º, do artigo 334 do CP, que tipifica o crime de contrabando e descaminho, inatingido pela lei revogadora. Obviamente que a Lei 4.729/65 deve ser aplicada somente aos fatos cometidos antes da Lei 8.137/90, que, por ser mais gravosa, é irretroativa. 
Crimes contra a ordem Econômica
 Os ilícitos contra a ordem econômica ou abuso do poder econômico, estão definidas na lei 8.984/94 (LIOE – Lei de Infrações à Ordem Econômica), mais especificamente nos artigos 20e 21, sendo que o artigo 20 estabelece o objetivo ou efeitos possíveis da prática empresarial ilícita, e o artigo 21 enumera diversas hipóteses em que a infração pode ocorrer.
Algumas práticas empresariais tipificadas como crimes contra a ordem econômica podem ser encontradas nos artigos 4º a 6º da Lei 8.137/90.
Repressão à concorrência 
 A repressão à concorrência desleal é feita no âmbito do Direito Penal e do Direito Civil. No Direito Penal, tal repressão está prevista no artigo 195 da LPI (Lei da Propriedade Industrial – 9.279/96).
No âmbito civil, a repressão pode ser contratual (descumprimento de um contrato ou cláusula contratual) ou extracontratual (cometer infração prevista no artigo 195 da LPI).
O Direito Comercial proíbe o exercício da empresa àqueles que foram condenados pela prática de crime cuja pena vede o acesso à atividade empresarial. É o que decorre do disposto no artigo 35, II da LRE (Lei do Registro de Empresas – 8.934/94).
Crimes de sonegação fiscal 
A legislação referente aos crimes de sonegação fiscal, notadamente a Lei 4.729, de 14 de Julho de 1965, contém dispositivos que violam o princípio da hierarquia normativa juntamente com o princípio da legalidade, segundo o qual o contribuinte somente pode ser punido por fato concreto e tipificado na lei ordinária. 
E desse modo a jurisprudência se posiciona no sentido de “não demonstrada a prática de irregularidades tributárias com o escopo de auferir vantagens ilícitas em prejuízo da arrecadação tributária, descabe a acusação de crime de sonegação fiscal”. [2]
Crime societário 
É uma espécie de infração penal praticada “por pessoas físicas em nome de uma sociedade, de uma pessoa jurídica constituída originariamente para fins lícitos.” [3]
Nesse sentido, oportunos são os ensinamentos do Professor Hugo de Brito Machado: “Admitir-se a denúncia na qual alguém é acusado pelo simples fato de ser gerente, ou diretor, ou até simplesmente sócio ou acionista de uma sociedade, como se tem visto, é admitir não apenas a responsabilidade objetiva, mas a responsabilidade por fato de outrem, o que indiscutivelmente contraria os princípios do Direito Penal de todo o mundo civilizado”.
Nesse diapasão: “Ser acionista ou membro do conselho consultivo da empresa não é crime. Logo, a invocação dessa condição, sem a descrição de condutas específicas que vinculem cada diretor ao evento criminoso, não basta para viabilizar a denúncia.” [4]
Essa garantia já era prevista no artigo 9º da Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, promulgada em 26 de Agosto de 1789: “Todo acusado se presume inocente até ser declarado culpado”.
Conclusão
Enfim, eis a legislação que define os crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90), os crimes de lavagem de dinheiro (Lei 9.613/98) e os crimes contra o sistema financeiro (Lei 7.492/86).
A existência da referida legislação que tipifica os crimes empresariais (no caso em questão, os crimes tributários, financeiros e de lavagem de dinheiro), impõe a implantação nos dias atuais de um acurado planejamento fiscal que deve, antes, passar pelo crivo das legislações criminais acima referidas, sob pena de o empresário estar assumindo desapercebidamente um grande risco de quedar na marginalidade.
A criminalização em excesso, - segundo o citado Procurador da República, Dr. Paulo Eduardo Bueno, - que vai à contramão da moderna tendência da política criminal nos marcos de um Estado de Direito evoluído e civilizado, mesmo porque todas as formas de punição já se revelaram inúteis e irracionais, no mais das vezes decorre da demagogia e da incapacidade do Estado em resolver os conflitos sociais com os instrumentosapropriados. Aliás, o fenômeno da inflação criminológica que com muita propriedade o Prof. Ferrajoli denomina de “elefantíase” do Direito penal está no centro das discussões atuais jurídico-penais. Foi justamente essa hipercriminalização ocorrida nos últimos 50 anos que desfigurou e descodificou o Direito Penal, reduzindo sua capacidade de controle da violência e da criminalidade. 
Referências bibliográficas e webgráficas:
[1] HTTP://utjurisnet.tripod.com/artigos/0190.html
[2] (Ac. Nº. 107-2686, DOU 22.01.1997, p. 1232, Rel. Cons. Jonas Francisco de Oliveira). Habeas Corpus. Omissão na declaração de rendimentos. Lei 8.137/90 (art. 2º, I). 
[3] (Leib Soibelman. Enciclopédia do Advogado. 5ª Edição. Thex Editora LTDA. Pág. 103). 
[4] (STF. RT 715/526. Relator Ministro Assis Toledo).

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