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I PROCESSO PENAL E SEUS PROCEDIMENTOS

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I - PROCESSO PENAL E SEUS PROCEDIMENTOS 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 Antes de iniciar convém uma rápida recordação de que o Direito Processual Penal está erguido 
sobre o trinômio ação - jurisdição - processo, 
 A ação processual penal é um direito potestativo de acusar (ius ut procedatur), público, 
autônomo, abstrato, mas conexo instrumentalmente ao caso penal. 
 Quanto à jurisdição, reveste do caráter de direito fundamental, ou seja, a garantia da jurisdição. 
 No que tange ao processo, concebemos o processo penal como um conjunto de situações 
processuais dinâmicas pelas quais as partes rumam a uma sentença favorável ou desfavorável, e cujo 
objeto é uma pretensão acusatória definindo que a função do processo penal é a satisfação jurídica 
das pretensões e resistências e, ainda, um complexo de atos, sucessivos e coordenados, tendentes a 
instrumentalizar o exercício da jurisdição. 
 
2- PROCESSO E PROCEDIMENTO 
 
 São conceitos fundamentalmente distintos. O primeiro (processo) remete à existência de uma 
pretensão acusatória deduzida em juízo, frente a um órgão jurisdicional, estabelecendo situações 
jurídico-processuais dinâmicas rumo a uma sentença. Por procedimento entende-se o lado formal da 
atuação judicial, o conjunto de normas reguladoras do processo ou ainda o caminho (iter) ou itinerário 
que percorrem a pretensão acusatória e a resistência defensiva, a fim de que obtenham a satisfação do 
órgão jurisdicional. 
 Especificamente no Processo Penal há uma relação que une a parte que acusa (Autor ou 
acusação) e a parte que se defende (Réu ou defesa), e a parte que julga (Juiz singular ou colegiados). 
Estas partes entram em relação processual quando a petição inicial é aceita e é recebida pelo JUIZ. 
obs: Lembremos: petição inicial no Processo Penal é a denúncia, se escrito pelo MP, ou queixa - se 
escrito pela vítima) 
 Para que esta relação descrita acima (processo), possa chegar ao fim (sentença), precisa passar 
por várias fases (recebimento da denúncia, defesa do RÉU, além das audiências e da apresentação de 
provas). Estas etapas ou atos, vale dizer, a forma como serão ou são realizados, definem o 
procedimento. 
 No processo penal admite-se diversas relações configuráveis entre os atos, fazendo com que o 
processo de conhecimento comporte diferentes ritos, isto, em função da natureza do delito ou mesmo 
em função da pessoa envolvida (prerrogativa de função). 
 Há uma mecânica dos procedimentos, pois, ainda que todos iniciem com uma acusação e 
tenham como epílogo uma sentença, existem variações na ordem ou na forma dos atos que integram 
esse itinerário (iter). 
 
 obs:A regra é que o procedimento tenha um efeito progressivo, sendo o regressivo uma 
 exceção reservada para atender à necessidade de refazer ato realizado com vício ou seja, 
 repetição por defeito processual sanável (veja -se, adiante, o conceito de defeito sanável e 
 insanável). 
 
 Existe ainda um nexo lógico, em que o ato posterior depende da prática de um antecedente, de 
modo que, por exemplo, da acusação depende todo o processo. 
 O processo penal brasileiro, como diz Aury Lopes, é uma colcha de retalhos não só pela 
quantidade de leis especiais que giram em torno do CPP, também senão porque o próprio Código é 
constantemente modificado com meros paliativos, por reformas especificas que só fazem por aumentar 
a inconsistência sistêmica da norma. 
 
 obs: o CPP carece de uma reforma global e completa, a bem da verdade, um novo Código 
 de Processo Penal deve ser lançado, este, regido pelo sistema acusatório e em conformidade 
 com a Constituição. 
 
4- PRINCIPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL 
 
 Literalmente expresso na CF/88, precisamente no artigo 5º, inciso LIV, assim disposto: 
“ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.” 
 O inciso LIV, acima transcrito, vêm dizer que a todo indivíduo é assegurado o direito de não 
ser preso ou de não ter seus bens tomados, sem que se tenha desenvolvido um processo em 
conformidade com que foi estabelecido pela ordem jurídica. 
 Em suma, ninguém sofrerá qualquer tipo de pena ou imposição sem a observância do Devido 
Processo Legal. 
 O Devido Processo Legal, é um princípio que se aplica de forma ampla a todo o tipo de 
resolução de conflitos, em qualquer processo. Independente do ramo do Direito e também 
independente de quem for a parte litigante, obrigatoriamente deverão ser cumpridas todas as regras 
processuais, concretas ou abstratas, que estiverem consagradas na legislação. 
 O Devido Processo Legal é garantia constitucional, onde todos tem o direito de ter assegurado 
um julgamento justo ao fim da lide. A condenação ou absolvição só será legítima se advir de um 
processo que rendeu obediência às formas que princípios e regras processuais determinaram. 
 O Devido Processo Legal se faz com a aplicação regular de todos os procedimentos e atos 
processuais, e isso quer dizer que estarão inclusos todos os atos que, direta ou indiretamente, se 
inserem no contexto processual, sejam eles internos ou externos, antecipatórios ou não ao processo em 
si e, por se tratar de um princípio de cunho processual, acaba por englobar diversos outros que se 
correlacionam, como: ampla defesa, contraditório, juiz natural, motivação, isonomia, imparcialidade, 
legalidade, dentre outros. 
 Note que são todos princípios garantidores e, mesmo que independentes entre si, fundem-se 
estreitamente ao Devido Processo Legal. Na verdade, o Devido Processo Legal é uma coleção de todos 
os inúmeros princípios que se referem a um processo, possuindo um raio de proteção bem expandido. 
 
5- NO CPP TEMOS OS SEGUINTES PROCEDIMENTOS (a partir do Art. 394 do CPP) 
 
Procedimento ou rito comum: 
1. Ordinário: crime cuja pena máxima cominada for igual ou superior a 4 anos e está disciplinado nos 
arts. 395 a 405 do 
CPP. 
2. Sumário: crime cuja pena máxima cominada for inferior a 4 anos (e superior a 2, pois, se a pena 
máxima for inferior a 2 
anos, segue -se o rito sumaríssimo) e está disciplinado nos arts. 531 a 538 do CPP. 
3. Sumaríssimo: crime de menor potencial ofensivo (pena máxima igual ou inferior a 2 anos) está 
previsto no Código de Processo Penal, mas disciplinado na Lei n. 9.099/95, sendo o rito sumaríssimo 
disciplinado nos arts. 77 a 83, além dos institutos da composição dos danos civis, transação penal e 
suspensão condicional do processo respectivamente arts. 74, 76 e 89. 
 
OBS: a Lei n. 11.313/2006 ampliou o conceito de menor potencial ofensivo, 
 
Procedimento ou rito especial: 
1. Dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos: art. 513 a 518 do CPP. 
2. Dos crimes contra a honra: arts. 519 a 523 do CPP. 
3. Dos crimes contra a propriedade imaterial: arts. 524 a 530 -I do CPP e também a Lei n. 9.279/96. 
4. Rito dos crimes da competência do júri: arts. 406 a 497 do CPP. 
 
6- FORA DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
 
1. Crimes falimentares: Lei n. 11.101. 
2. Tóxicos: Lei n. 11.343. 
3. Competência originária dos Tribunais (Lei n. 8.658/93, que remete para a Lei n. 8.038). 
4. Abuso de autoridade (Lei n. 4.898/65). 
5. Crimes Eleitorais (Lei n. 4.737/65). 
6. Lavagem de Dinheiro (Lei n. 9.613) segue o rito ordinário, mas existem algumas peculiaridades 
previstas na referida Lei 
 
7- QUAL PROCEDIMENTO SERÁ REALIZADO?: 
 
Diversos critérios orientam a definição do rito procedimental, entre eles: 
 
• Gravidade do crime: a relação da quantidade de pena aplicada 
• Natureza do delito: partindo da natureza do bem jurídico tutelado, estabelece o processo penal um 
rito especial, por exemplo, para os crimes dolosos contra a vida (tribunal do Jurí); tóxicos (Lei n. 
11.343); honra (arts.519 a 523); entre outros. 
• Qualidade do agente: isso explica o rito especial para os crimes praticados por servidores públicos e 
também aquele desenhado pela Lei n. 8.038 para os que gozam de prerrogativa de função. 
 
 OBS: é imprescindível observar a seguinte regra: o rito comum é subsidiário. Ou seja, 
 primeiro devemos observar se existe um rito especial para aquele tipo de crime, devendo 
 ser adotado em caso de previsão legal. Somente quando não houver rito especial, então, por 
 exclusão, será adotado o comum, que poderá ser ordinário, sumário ou sumaríssimo 
 conforme a pena máxima fixada. 
 
ATENÇÃO 1: A “forma é garantia”, de modo que os procedimentos são indisponíveis e constituem 
uma verdadeira garantia do réu. Daí por que a regra deve ser a nulidade em caso de inobservância do 
procedimento adequado. Contudo, a jurisprudência brasileira tem relativizado (em quase tudo) as 
nulidades. Nessa linha, prevalece o entendimento de que, se for adotado o procedimento ordinário 
(quando mais amplo) em detrimento do especial, não haveria prejuízo para a defesa e nenhuma 
nulidade ocorreria. 
 
ATENÇÃO 2: caso de conexão ou continência, além de modificar a competência, também afeta o rito 
a ser utilizado. Se estivermos diante de um caso em existem crimes cujo julgamento é feito através de 
diferentes ritos, muita cautela deve ser adotada. Em geral, o rito ordinário é mais amplo e pode ser o 
utilizado, pois em nada prejudicaria as partes. Contudo, não pode haver a supressão de atos 
importantes ou mesmo a violação das regras da competência. Por exemplo: se alguém for acusado da 
prática de um crime doloso contra a vida, de competência do Tribunal do Júri, e junto por um crime de 
roubo, por exemplo, o rito a ser adotado não poderá ser o ordinário. Isso porque a competência do 
Tribunal do Júri atrai o julgamento de todos os crimes para aquele rito. 
 
*Lopes Jr., Aury. Direito processual penal / Aury Lopes Jr. – 13. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016. 1. 
Processo penal – Brasil I. Título. 
CDU-343.1(81) 
*Justino, Patricy Barros. Direito processual penal II.Rio de Janeiro: SESES, 2017. 
 
*Lima, Renato Brasileiro de.Manual de processo penal: volume único. 4. ed. rev., ampl. e atual. – 
Salvador: Ed. JusPodivm, 2016.

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