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PROCEDIMENTO CRIMINAL DA LEI DE DROGAS - Andreucci

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PROCEDIMENTO CRIMINAL DA LEI DE DROGAS
- PROCEDIMENTO EM CASO DE POSSE PARA CONSUMO PESSOAL
Em caso de crime previsto no art. 28 da Lei de Drogas, não havendo concurso com os crimes previstos nos arts. 33 a 37, o agente será processado e julgado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei n. 9099/95, que dispõe sobre o Juizado Especial Criminal.
Assim, pode-se ter o seguinte roteiro:
Interrupção da atividade criminosa, através da intervenção estatal (polícia civil ou militar): visa fazer com que cesse o delito, não significando a prisão em flagrante do usuário de drogas, vedada pela lei. Nada impede, entretanto, a condução coercitiva do agente ao JECRIM ou ao distrito policial.
Definição, pela autoridade policial, da tipificação da conduta: a autoridade policial deve, de início, tão logo lhe seja apresentada a ocorrência, definir se o agente é usuário (possuindo a droga para consumo pessoal) ou se é traficante (possuindo a droga para entrega a consumo de terceiros), considerando os critérios do art. 28, § 2º, da lei. No presente roteiro, deve a conduta ser tipificada como no art. 28 da lei.
Lavratura do Termo Circunstanciado pela autoridade policial.
Encaminhamento do autor do fato ao JECRIM, ou, na falta deste, lavratura de termo de compromisso de a ele comparecer.
Requisição dos exames e perícias necessários: constatação da substancia entorpecente, perícia em eventuais petrechos apreendidos, exame de corpo de delito etc.
No JECRIM, apresentação imediata ao juiz de direito.
Realização da audiência preliminar: presente o autor do fato e seu defensor, poderá o Ministério Público propor a transação, que deverá restringir-se à aplicação de advertência, prestação de serviços à comunidade ou comparecimento à programa ou curso educativo. Não propondo o Ministério Público a transação, dissentindo o juiz, não poderá ele propô-la, devendo suspender a audiência e encaminhar os autos ao Procurador-Geral de Justiça, por aplicação analógica do disposto no art. 28 do Código de Processo Penal.
Aceita a proposta de transação pelo autor do fato e seu defensor, segue-se a homologação do juiz e a imposição da pena.
Não aceita a proposta de transação pelo autor do fato ou seu defensor, o Ministério Público oferecerá denúncia oral, observando-se o rito dos arts. 77 e seguintes da Lei n. 9099/95.
- PROCEDIMENTO EM CASO DE TRÁFICO DE DROGAS
No caso de tráfico de drogas, o procedimento a ser seguido obedece ao disposto nos arts. 50 a 59 da lei. Entretanto, com as recentes alterações nos procedimentos comuns ordinário e sumário do Código de Processo Penal, feitas pela Lei n. 11719/2008, algumas considerações precisam ser feitas.
O art. 394 do Código de Processo Penal, com a alteração, dispôs, em seu § 4º, que “as disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código”. Ou seja, de acordo com este dispositivo, parte do novo procedimento comum deve ser aplicado inclusive aos procedimentos especiais, não regulados pelo Código de Processo Penal.
Nem se argumente que o § 2º do referido artigo determinou a aplicação a todos os processos do procedimento comum, “salvo disposições em contrário deste Código ou de lei especial”, razão pela qual estaria o rito da Lei de Drogas e dos demais diplomas especiais preservado.
Da análise conjunta dos §§ 2º e 4º do art. 394 do Código de Processo Penal, dessume-se que o procedimento da Lei de Drogas fica mantido, com as alterações impostas pelos arts. 395 a 398 daquele estatuto processual.
Assim, preserva-se, no rito híbrido da Lei de Drogas, a defesa prévia ou preliminar antes do recebimento da denúncia, uma vez que tal providencia é mais garantista e preserva o direito do acusado de apresentar suas objeções à acusação antes da análise, pelo juiz, acerca do recebimento ou da rejeição da denúncia.
Apresentada a defesa prévia e recebendo o juiz a denúncia, mandará citar o acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias, oportunidade em que poderá ele arguir preliminares, e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas.
Apresentada a resposta do acusado, o juiz poderá absolve-lo sumariamente, presentes uma ou mais das hipóteses do art. 397 do Código de Processo Penal.
Cabe ressaltar que não há unanimidade no meio forense nacional quanto ao rito a ser aplicado à lei de drogas. Em muitos juízos criminais continua sendo aplicado o rito antigo da lei, com a única restrição de proceder ao interrogatório do réu após a oitiva das testemunhas de acusação e defesa. Em outros juízos, é aplicado o rito comum ordinário, previsto no Código de Processo Penal, afastando-se o rito especial. E, por fim, em outros juízos, é aplicado o rito híbrido, que Andreucci julga mais adequado e garantista.
O rito híbrido da Lei de Drogas, excetuados o crime do art. 28 e os demais a que se aplique o procedimento da Lei n. 9099/95, será o seguinte:
Prisão em flagrante: com a condução do agente ao distrito policial e a lavratura do respectivo auto.
Comunicação da prisão ao juiz competente, em 24 horas: esse prazo já era previsto no art. 306, § 1º, do Código de Processo Penal. Recebendo a comunicação da prisão em flagrante, o juiz dará vista do auto ao órgão do Ministério Público, para análise da legalidade do ato.
Elaboração do laudo de constatação: para estabelecer a materialidade do delito, verificando-se a natureza e a quantidade da droga, permitindo a lavratura do auto de prisão em flagrante. Esse laudo será firmado por um perito oficial (de acordo com a redação do art. 159 do Código de Processo Penal, dada pela Lei n. 11.690/2008) ou, na falta deste, por pessoa idônea. Ressaltou a lei que o perito que subscrever o laudo de constatação não ficará impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.
Conclusão do inquérito policial: estando o indiciado preso, o prazo é de 30 (trinta) dias, e, 90 (noventa) dias, se o indiciado estiver solto. Esses prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.
Remessa dos autos de inquérito policial ao juízo: findo o inquérito policial, a autoridade policial fará relatório sumário das circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente. Caso não haja condições para a elaboração do relatório final, poderá a autoridade policial requerer a devolução dos autos de inquérito para a realização de diligências necessárias. Os autos de inquérito policial, com o relatório, serão encaminhados a juízo sem prejuízo da realização de diligências complementares (art. 52, § único), cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 dias da audiência de instrução e julgamento.
Em juízo, dos autos de inquérito policial será dada vista ao Ministério Público para:
Oferecer denúncia, no prazo de 10 (dez) dias, estando preso ou solto o indiciado;
Requerer arquivamento;
Requisitar as diligências que entender necessárias.
Denúncia do Ministério Público: no prazo de 10 (dez) dias, estando preso ou solto o indiciado. Nessa oportunidade, poderá o Ministério Público arrolar até 5 testemunhas e requerer as demais provas que entender pertinentes.
Notificação do acusado para ofertar defesa prévia ou preliminar, por escrito, no prazo de 10 dias: trata-se de procedimento já previsto pela Lei n. 11.343/2006, que não foi suprimido pela Lei n. 11.719/2008, conforme salientado anteriormente, tratando-se de providência garantista que visa permitir ao acusado contraditar a imputação que lhe é feita, antes do recebimento da denúncia. Antes de receber a denúncia, portanto, o juiz deve notificar o acusado para oferecer defesa prévia ou preliminar.Defesa prévia ou preliminar: consiste em defesa preliminar e eventuais exceções (de incompetência, de coisa julgada etc., que serão processadas em apartado), podendo o acusado arguir preliminares e invocar todas as razões de defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas que pretende produzir e arrolar testemunhas, até o número de 5.
Defesa prévia ou preliminar obrigatória: se, notificado o acusado, a defesa prévia ou preliminar não for apresentada no prazo de 10 dias, o juiz nomeará defensor para oferece-la em 10 dias, concedendo-lhe vista dos autos no ato da nomeação.
Decisão do juiz em 5 dias: apresentada a defesa prévia ou preliminar, o juiz poderá:
Receber a denúncia;
Rejeitar a denúncia;
Determinar a apresentação do preso, a realização de diligências, exames, perícias, desde que entenda imprescindíveis tais providencias, no prazo máximo de 10 dias.
Recebimento da denúncia e citação para apresentação de respostas: recebendo a denúncia, o juiz mandará citar o acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 dias, oportunidade em que poderá ele arguir preliminares, e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas.
Resposta à acusação: obrigatória em 10 dias.
Absolvição sumária: apresentada a resposta do acusado (que é obrigatória), o juiz poderá absolve-lo sumariamente, presentes uma ou mais das hipóteses do art. 397 do Código de Processo Penal.
Tendo já recebido a denúncia e não sendo o caso de absolvição sumária, o juiz:
Designará dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, que deverá realizar-se dentro dos 30 dias seguintes do recebimento da denúncia. Caso seja determinada a realização de avaliação para atestar dependência de drogas, a audiência se realizará em 90 dias;
Ordenará a intimação pessoal do acusado e a intimação de seu defensor;
Requisitará os laudos periciais.
Afastamento cautelar do denunciado de suas atividades: ao receber a denúncia, além das providencias elencadas no item acima, poderá o juiz decretar o afastamento cautelar do denunciado de suas atividades, se for funcionário público, comunicando tal providência ao órgão respectivo.
Realização de audiência de instrução e julgamento: nessa oportunidade, os atos processuais seguirão a ordem seguinte:
Interrogatório do acusado: após o interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes, se entender pertinente e relevante. Deve ser ressaltado que, no rito da Lei de Drogas, fica preservado o interrogatório do réu como primeiro ato da audiência de instrução e julgamento, não se aplicando, portanto, a ordem disposta no art. 531 do Código de Processo Penal.
Inquirição das testemunhas de acusação e defesa;
Sustentação oral do Ministério Público: o prazo será de 20 minutos, prorrogável por mais 10, a critério do juiz;
Sustentação oral da defesa: o prazo será de 20 minutos, prorrogável por mais 10, a critério do juiz;
Sentença: poderá ser proferida de imediato ou no prazo de 10 dias. Nessa oportunidade, não tendo havido controvérsias no curso do processo sobre a natureza ou quantidade da substância ou do produto, ou sobre a regularidade do respectivo auto, determinará o juiz que se proceda à destruição da droga, preservando-se, para eventual contraprova, a fração que determinar. Deve o juiz, ainda, decidir sobre o perdimento do produto, bem ou valor apreendido, sequestrado ou declarado indisponível.

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