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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS - DCEA CAMPUS DE CAICÓ EPITÁCIO MONTEIRO DE FARIA NETO ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA DA PETROBRAS Caicó/RN 2015 EPITÁCIO MONTEIRO DE FARIA NETO ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA DA PETROBRAS Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Exatas e Aplicadas do Centro de Ensino Superior do Seridó, Campus de Caicó, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Esp. Ney Fernandes de Araújo. Caicó/RN 2015 EPITÁCIO MONTEIRO DE FARIA NETO ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA DA PETROBRAS Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Exatas e Aplicadas do Centro de Ensino Superior do Seridó, Campus de Caicó, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________ Prof. Esp. Ney Fernandes de Araújo – UFRN – CERES Orientador ________________________________________________________ Prof. Esp. Clara Monise Silva – UFRN – CERES Examinadora ________________________________________________________ Prof. Esp. Sócrates Dantas Lopes – UFRN - CERES Examinador Caicó – RN 2015 Dedico este trabalho a Epitácio Monteiro de Faria Filho e Marlene Quinino de Medeiros Faria, pais queridos. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela minha vida e por ter me guiado até onde cheguei. Aos meus pais, Epitácio Monteiro de Faria Filho e Marlene Quinino de Medeiros Faria pelo amor, cuidado, educação, apoio a mim dedicados. Agradeço a minha namorada, Maria Eugênia Álvares de Faria, por todo amor e grandioso incentivo. Aos meus familiares, em especial as minhas tias Maria de Fátima (agradecimento póstumo), Alice e “Melada”, pelo estímulo e generosidade. Aos meus professores, em especial ao meu orientador Prof. Ney Fernandes de Araújo, pela dedicação, contribuição e ensinamentos. Aos colegas do trabalho, em especial a Cláudia Maria, e aos de sala, pelo companheirismo ao longo desses cinco anos. Enfim, agradeço a todos que me fizeram crescer! “É graça divina começar bem. Graça maior é persistir na caminhada certa. Mas graças das graças é não desistir nunca”. Dom Hélder Câmara. RESUMO A análise das demonstrações contábeis é uma importante ferramenta da contabilidade, onde através de dados coletados nas demonstrações de uma entidade, obtêm-se informações relevantes sobre sua situação econômico- financeira. O presente trabalho tem por objetivo realizar uma análise econômico- financeira das demonstrações contábeis, no período de 2012 a 2014, a fim de verificar situação patrimonial, liquidez, endividamento; e como essas perdas, ocasionadas por ações fraudulentas, afetaram a Petrobras. A empresa foi escolhida pela sua importância no cenário econômico brasileiro e porque vem sendo alvo de investigações criminais pelas autoridades brasileiras (Operação Lava Jato). O estudo foi desenvolvido através de uma pesquisa básica, qualitativa e quantitativa, de forma explicativa, onde realizou-se um estudo de caso na entidade, através dos cálculos dos indicadores, onde constatou-se que a situação patrimonial apresenta um grande fator de risco, com predominância de capital de terceiros financiando seus investimentos. Com relação à situação de liquidez, os recursos monetários se mostram insuficiente para liquidação de suas obrigações de curto prazo, porém, a companhia apresenta capacidade de solvência. Os indicadores econômicos demonstram que a rentabilidade vem caindo, com um impacto negativo no retorno sobre o capital investido. Palavras-chave: Indicadores – Perdas – Análises. ABSTRACT Analysis of the financial statements is an important accounting tool, which through data collected in the statements of an entity, we obtain relevant information on their economic and financial situation. This study aims to carry out an economic- financial analysis of the financial statements in the period 2012-2014 in order to verify financial position, liquidity, indebtedness; and how those losses, caused by fraudulent actions, affected Petrobras. The company was chosen for its importance in the Brazilian economic scenario and why has been the target criminal investigations by Brazilian authorities (Operation Lava Jet). The study was developed through a basic, qualitative and quantitative research, an explanatory way, where we carried out a case study on the entity, through the calculation of indicators, where it was found that the equity situation presents a major risk factor, with a predominance of debt financing their investments. Regarding the liquidity situation, the monetary resources are shown insufficient to settle its short-term obligations, however, the company has creditworthiness. Economic indicators show that profitability has been falling, with a negative impact on the return on capital invested. Keywords: Indicators - Losses - Analyses. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BMFBOVESPA – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo. CFC - Conselho Federal de Contabilidade. CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis. IAS - International Accounting Standard. IASB - International Accounting Standards Board. IFRS - International Financial Reporting Standard. NBC TG - Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas Gerais. DRE – Demonstração de Resultados do Exercício. DFC – Demonstração dos Fluxos de Caixa. ROI - Return On Investment. ROE - Return On Equity. CNP – Conselho Nacional do Petróleo. ANP – Agência Nacional do Petróleo. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11 1.1 Contextualização e Problemática do Tema ....................................................... 11 1.2 Justificativa ........................................................................................................ 12 1.3 Objetivos da Pesquisa ....................................................................................... 13 1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 13 1.3.2 Objetivo Específico ........................................................................................ 13 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 14 2.1 Aspectos da Análise Econômico-Financeira ................................................. 14 2.2. Demonstrações Financeiras Úteis para Análise ........................................... 16 2.2.1. Balanço Patrimonial ....................................................................................... 18 2.2.2. Demonstração de Resultado do Exercício ....................................................21 2.2.3. Demonstração do Fluxo de Caixa ................................................................. 24 2.2.4. Demonstração do Valor Adicionado .............................................................. 27 2.3. Indicadores Econômico-Financeiros ............................................................. 30 2.3.1. Instrumentos preliminares de análise ............................................................ 30 2.3.2. Estrutura Patrimonial ..................................................................................... 32 2.3.2.1. Endividamento Geral ................................................................................ 32 2.3.2.2. Composição do Endividamento ................................................................ 33 2.3.2.3. Imobilização do Capital Próprio ................................................................ 34 2.3.2.4. Imobilização de Recursos Permanentes .................................................. 34 2.3.2.5. Garantia do Capital Próprio ao Capital de Terceiros ................................ 35 2.3.3. Liquidez ......................................................................................................... 35 2.3.3.1. Liquidez Imediata ..................................................................................... 36 2.3.3.2. Liquidez Corrente ..................................................................................... 36 2.3.3.3. Liquidez Seca ........................................................................................... 37 2.3.3.4. Liquidez Geral .......................................................................................... 37 2.3.4. Situação Econômica ...................................................................................... 38 2.3.4.1. Return On Investment (ROI) ..................................................................... 38 2.3.4.2. Return On Equity (ROE) ........................................................................... 39 2.3.4.3. Giro dos Ativos ......................................................................................... 39 2.3.4.4. Margem Bruta ........................................................................................... 40 2.3.4.5. Margem Operacional ................................................................................ 40 2.3.4.6. Margem Líquida ........................................................................................ 41 2.3.4.7. Potencial do Ativo em Gerar Riqueza ....................................................... 41 3. METODOLOGIA .................................................................................................. 43 3.1 Abordagem Teórico-Metodológica da Pesquisa ................................................ 43 3.2 O Contexto da Pesquisa: Espaço e Sujeitos da Investigação ........................... 45 3.3 Instrumentos de Coleta e Seleção dos Dados .................................................. 45 3.4 Procedimentos de Análise e Interpretação dos Dados ...................................... 45 4. ESTUDO DE CASO: Análise Econômico-Financeira da PETROBRAS .......... 46 4.1. A empresa Petrobras ...................................................................................... 46 4.2. Análises preliminares ..................................................................................... 49 4.2.1. Análise Horizontal .......................................................................................... 49 4.2.2. Análise Vertical .............................................................................................. 53 4.3. Índices de Estrutura Patrimonial .................................................................... 56 4.4. Índices de Liquidez ......................................................................................... 57 4.5. Índices de Rentabilidade ................................................................................ 58 4.6 PARECER FINAL .............................................................................................. 60 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 63 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 65 7. ANEXOS .............................................................................................................. 68 11 1. INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMÁTICA DO TEMA O Brasil atualmente passa por um processo de “limpeza”, onde instituições de investigação e combate a fraudes, com destaque para a Polícia Federal do Brasil, têm empreendido esforços para encontrar, combater e eliminar atividades fraudulentas, e dentre essas operações está a Operação Lava Jato, que visa apurar práticas de lavagem de dinheiro por organizações criminosas em diversos estados brasileiros. Ao longo de 2014, o Ministério Público Federal concentrou parte de suas investigações em irregularidades envolvendo empreiteiras e fornecedores da Petrobras e descobriu um amplo esquema de pagamentos indevidos, que envolvia um grande número de participantes, incluindo ex-empregados da Petrobras. Este referido esquema, envolvia um conjunto de 27 empresas que, entre 2004 e abril de 2012, se organizaram em cartel para obter contratos com a Petrobras, impondo gastos adicionais nestes contratos e utilizando estes valores adicionais para financiar pagamentos indevidos a partidos políticos, políticos eleitos ou outros agentes políticos, empregados de empreiteiras e fornecedores, ex-empregados da Petrobras e outros envolvidos no esquema de pagamentos indevidos. Este esquema, sistematicamente impôs gastos adicionais nas compras de ativos imobilizados pela companhia. Diante dessa realidade, realizou-se um estudo de caso na Petróleo Brasileiro S.A (Petrobras), analisando o econômico-financeiro, com base nas demonstrações contábeis dos anos de 2012, 2013 e 2014. No ano de 2014 foram reconhecidas as perdas decorrentes das ações fraudulentas na companhia (conforme consta nas notas explicativas do balanço patrimonial, 2014). Assim, o presente trabalho sobre a análise econômico-financeira desta empresa, através dos indicadores de estrutura de capital, indicadores de liquidez e rentabilidade, procura verificar: qual a situação da empresa (situação patrimonial, liquidez, endividamento) frente a todos esses gastos adicionais impostos a companhia por ações fraudulentas? Ou seja, demonstrar o impacto dessas ações nas demonstrações contábeis publicadas, e por consequência, mostrar o desempenho apresentado nos indicadores. 12 1.2 JUSTIFICATIVA As análises desenvolvidas no presente trabalho foram motivadas devido à importância da Petrobras no cenário econômico nacional, visto que é a maior distribuidora de combustíveis no Brasil, e uma empresa estatal de economia mista, cujo acionista majoritário é o Governo brasileiro (União) e as recentes citações da empresa nas investigações promovidas pela Policia Federal do Brasil no âmbito da Operação Lava Jato. Mesmo não possuindo mais o monopólio da exploração do petróleo e distribuição de seus derivados no Brasil, a empresa é a maior de todas que atuam no segmento nacional, desta forma, é inevitável que qualquer ação que a empresa execute com relação a preços de combustíveis ou gás, venha afetar economicamente a vida de milhões de brasileiros. Por ser uma empresa estatal, é relevante que se visualize a que rumo às decisões tomadasestão direcionando a companhia. 13 1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA 1.3.1 Geral Analisar a situação econômico-financeira da Petrobras, com base nas informações das demonstrações contábeis, compreendidos no período de 2012 a 2014, através dos indicadores: patrimonial, liquidez e endividamento. 1.3.2 Específicos Realizar um estudo bibliográfico, na busca de adquirir o maior conhecimento sobre o assunto; Calcular os indicadores, comparando os diversos índices e cruzando as informações ao longo dos três anos; Analisar e interpretar todos resultados obtidos, para responder a problemática da pesquisa. 14 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Sendo as demonstrações contábeis a base da análise econômico-financeira, pode-se afirmar que tal atividade é tão antiga quanto à própria Contabilidade. Se nos reportarmos para o início da Contabilidade (4000 a.C.), em sua forma primitiva, encontraremos os primeiros inventários de rebanhos (o homem que voltava sua atenção para a principal atividade econômica: o pastoreio) e a preocupação da variação de sua riqueza, a variação do rebanho (MARION, 2010). Como no início exigia-se apenas o Balanço Patrimonial para a análise, introduziu-se a expressão Análise de Balanços para a atividade que visa observar as variações e índices das demonstrações contábeis, visando um parecer quanto às características econômicas e financeiras de uma empresa. A análise de forma mais sólida e consistente remonta ao final do século XIX, onde os banqueiros americanos solicitavam as demonstrações contábeis das empresas que desejavam contrair empréstimos. A medida ganhou aceitação ampla quando, em 9 de fevereiro de 1895, o Conselho Executivo da Associação dos Bancos no Estado de New York resolveu recomendar aos seus membros que solicitassem aos tomadores de empréstimos declarações escritas de seus ativos e passivos, mas foi Alexander Wall que apresentou em 1919, um modelo de análise de balanço através de índices, e demonstrou a necessidade de considerar outras relações, além de Ativo Circulante contra o Passivo Circulante. No Brasil, até 1968, a Análise de Balanços era ainda um instrumento pouco utilizado na prática, e nesse mesmo ano foi criado a SERASA, empresa que passou a operar como central de Análise de Balanços de bancos comerciais (MATARAZZO, 2010). 2.1 Aspectos da Análise Econômico-Financeira O processo de análise econômico-financeiro é direcionado conforme o interesse do usuário na informação contábil e financeira, ou seja, sob a ótica da empresa, os usuários das demonstrações contábeis são divididos em dois grupos: usuários internos e externos. O usuário interno é a administração da empresa, ou 15 seja, os gestores responsáveis pelo processo decisório da organização, já os usuários externos, podem ser os credores, fornecedores de mercadorias, instituições financeiras, concorrentes, consumidores, empregados, entre outros. A abertura do capital por parte das empresas (Corporation-S.A), possibilitando a participação de pequenos ou grandes investidores como acionistas, leva-os à escolha de empresas mais bem sucedidas (MARION, 2010), desta forma a Análise Econômico-Financeira apresenta-se como um direcionador na tomada de decisão. A análise econômico-financeira objetiva extrair informações das demonstrações contábeis dos últimos anos de uma empresa, a fim de interpretar o efeito das decisões tomadas na mesma. Quando se analisa uma empresa em seus atributos econômicos e financeiros, é possível verificar através de índices (resultado entre comparação de grandezas) seu desempenho quanto à competitividade no segmento em que atua, bem como sua capacidade de pagar suas obrigações. Quanto a performance de uma empresa, deve-se sempre compará-la com as demais participantes de seu setor econômico. Não se pode analisar uma empresa observando somente um único índice, pois tal atitude pode proporcionar uma conclusão oposta da realidade da organização. O relatório de análise não deve se basear em um ou outro índice, mas sim num conjunto deles, relacionados entre si, para que se possa entender o que vem ocorrendo com a empresa (CARVALHO, COSTA, GONÇALVES & LIMEIRA, 2010). Através das demonstrações contábeis, pode-se constatar a posição econômico-financeira da empresa, as causas que determinaram a evolução apresentada e as tendências futuras. A análise das demonstrações contábeis é uma arte, pois, apesar das técnicas desenvolvidas, não há nenhum critério ou metodologia formal de análise válido para diferentes situações e aceitos unanimemente pelos analistas, dessa maneira é impossível sugerir-se uma sequencia metodológica ou um instrumento científico capazes de fornecer diagnósticos sempre precisos das empresas (ASSAF NETO, 2010), assim é preciso que se delimite o objetivo da análise, para definir quais indicadores e índices utilizar. A partir dos índices pode-se desenvolver a análise da empresa, destacando o desempenho econômico-financeiro dos últimos anos, desempenho que pode ser afetado pelas tendências das vendas nos últimos anos, investimentos em expansão e modernização, financiamentos de planos de expansão (recursos próprios e recursos pleiteados), compatibilidade das fontes de recursos e investimentos. 16 Conforme conceitua Matarazzo (2010), a análise das demonstrações contábeis, deve entre outras informações, demonstrar a situação financeira, econômica e desempenho da empresa, onde se aplica o raciocínio científico de forma a extrair os índices das demonstrações financeiras, comparar os índices com os padrões, ponderar as diferentes informações e chegar a um diagnóstico ou conclusão, e por fim tomar a decisão. Escolha de Indicadores Comparação com padrões Diagnóstico ou conclusões Decisões ANÁLISE Figura 1 – Processo de tomada de decisão. Fonte: MATARAZZO, 2010. Quando a sequencia apresentada não é seguida, a análise das demonstrações contábeis pode ficar prejudicada devido à falta de padrões, ou por falta de conhecimento, deixa-se de fazer as comparações (MATARAZZO, 2010). 2.2 Demonstrações Financeiras Úteis para Análise A contabilidade brasileira vem passando pelo processo de convergência aos padrões Internacionais de Contabilidade (IFRS), começado a partir de 1º de janeiro de 2008, com a edição da Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que alterou a lei 6.404/76 (lei das sociedades por ações), tais mudanças, visam dar maior credibilidade as demonstrações contábeis frente ao mundo cada vez mais globalizado, onde a confiabilidade das informações é de suma importância, e sobre esse assunto Marion conceitua: Com a chegada da Lei nº 11.638/07 observamos a ênfase num modelo internacional de lei societária. As perspectivas para a profissão contábil, no contexto desta lei, num, mundo globalizado, levam a um reposicionamento das práticas e comportamentos tradicionais dos profissionais de Contabilidade. Uma nova estrutura de balanço foi apresentada com modificações introduzidas pela lei (2010, p. 49). 17 Acompanhando a evolução do sistema contábil brasileiro em direção aos padrões IFRS, o Conselho Federal de Contabilidade editou a Resolução CFC nº 1.185/09, que aprovou a NBC TG 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis, onde descrimina a relação das demonstrações obrigatórias. Segundo a NBC TG 26, Item 9, as demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. O objetivo das demonstrações contábeisé o de proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da administração, em face de seus deveres e responsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe foram confiados. Para satisfazer a esse objetivo, as demonstrações contábeis proporcionam informação da entidade acerca dos ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas, alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e distribuições a eles, e fluxos de caixa. Essas informações, juntamente com outras informações constantes das notas explicativas, ajudam os usuários das demonstrações contábeis na previsão dos futuros fluxos de caixa da entidade e, em particular, a época e o grau de certeza de sua geração. O conjunto completo das Demonstrações Contábeis inclui: (a) Balanço patrimonial ao final do período; (b) Demonstração do resultado do período; (c) Demonstração do resultado abrangente do período; (d) Demonstração das mutações do patrimônio líquido do período; (e) Demonstração dos fluxos de caixa do período; (f) Demonstração do valor adicionado do período, conforme NBC TG 09 – Demonstração do Valor Adicionado, se exigido legalmente ou por algum órgão regulador ou mesmo se apresentada voluntariamente; (g) Notas explicativas, compreendendo as políticas contábeis significativas e outras informações elucidativas; (h) Informações comparativas com o período anterior, conforme especificado nos itens 38 e 38A; 18 Conforme a normatização redigida na NBC TG 26, observa-se uma tendência forte de convergência com os padrões Internacionais de Contabilidade, chamado de International Financial Reporting Standards (IFRS) e dos International Accounting Standards (IAS) (MARION, 2010). Conforme conceitua Matarazzo (2010), é preciso que se proceda à escolha dos índices que se pretende utilizar na análise econômico- financeira, e seguindo os objetivos do presente trabalho, será apresentada a conceituação das Demonstrações Contábeis uteis para a análise econômico- financeira que será apresentada. 2.2.1 Balanço Patrimonial Geralmente é a primeira demonstração a ser analisada, e reflete a posição monetária de todos os bens e direitos da empresa em determinada data. O balanço patrimonial compõe-se de três partes essências: ativos, passivos e patrimônio líquido. O conceito de balanço origina-se do equilíbrio destas partes, onde o ativo é igual à soma do passivo com o patrimônio líquido (MATARAZZO, 2010). Anthony (1981), afirma que o balanço mostra as fontes de onde provieram os recursos utilizados para a empresa operar, ou seja, Passivo e Patrimônio Líquido, e também os bens e direitos em que esses recursos se acham investidos. Tal definição segundo Matarazzo (2010), põe em evidência os termos fontes e investimentos de recursos, o que é altamente desejável do ângulo da Análise de Balanço, visto que tal atividade é em grande parte, avaliar a adequação entre as diversas fontes e os investimentos efetuados. Segundo a NBC TG 26, o balanço patrimonial deve apresentar respeitada a legislação, as seguintes contas: (a) Caixa e equivalentes de caixa; (b) Clientes e outros recebíveis; (c) Estoques; (d) Ativos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas “a”, “b” e “g”); (e) Total de ativos classificados como disponíveis para venda (NBC TG 38) e ativos à disposição para venda de acordo com a NBC TG 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada; (f) Ativos biológicos dentro do alcance da NBC TG 29; 19 (g) Investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial; (h) Propriedades para investimento; (i) Imobilizado; (j) Intangível; (k) Contas a pagar comerciais e outras; (l) Provisões; (m)Obrigações financeiras (exceto as referidas nas alíneas “k” e “l”); (n) Obrigações e ativos relativos à tributação corrente, conforme definido na NBC TG 32 – Tributos sobre o Lucro; (o) Impostos diferidos ativos e passivos, como definido na NBC TG 32; (p) Obrigações associadas a ativos à disposição para venda de acordo com a NBC TG 31; (q) Participação de não controladores apresentada de forma destacada dentro do patrimônio líquido; e capital integralizado e reservas e outras contas atribuíveis aos proprietários da entidade. A entidade deve apresentar os ativos em circulantes e não circulantes, e da mesma forma os passivos, ambos como grupos de contas separados no balanço patrimonial, exceto quando uma apresentação baseada na liquidez proporcionar informação confiável e mais relevante. Quando essa exceção for aplicável, todos os ativos e passivos devem ser apresentados por ordem de liquidez, e sobre esse assunto Neto conceitua: Cada uma dessas partes apresenta suas diversas contas classificadas em grupos, os quais por sua vez, são dispostos em ordem decrescente de grau de liquidez para o ativo, e em ordem decrescente de exigibilidade para o passivo (2010, p. 48). Conforme a NBC TG 26, o ativo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios: (a) Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade; (b) Está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; (c) Espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou (d) É caixa ou equivalente de caixa (conforme definido na NBC TG 03), a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo se encontre vedada durante 20 pelo menos doze meses após a data do balanço. Todos os demais ativos devem ser classificados como não circulante, e o mesmo deve ser subdividido em realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. Com relação aos passivos, devem ser classificados como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios: (a) Espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade; (b) Está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado; (c) Deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço; ou (d) A entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço. (e) A entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço (ver item 73). Os termos de um passivo que podem, à opção da contraparte, resultar na sua liquidação por meio da emissão de instrumentos patrimoniais não devem afetar a sua classificação. Todos os outros passivos devem ser classificados como não circulantes. Com relação ao patrimônio líquido, o mesmo representa a diferença entre o total do ativo e o passivo, ou seja, são os volumes de recursos próprios da empresa pertencentes aos acionistas. De acordo com a Lei nº 11.638/07, MP nº 449/08 e Resolução CFC nº 1.121/08, a nova estrutura do Balanço Patrimonial passa a ser a seguinte: ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante Realizável a Longo Prazo Investimento PATRIMÔNIO LÍQUIDO Imobilizado Capital Social Intangível (-) Gastos com Emissão de Ações Reservas de Capital Opções Outorgadas Reconhecidas Reservas de Lucros (-) Ações em Tesouraria Ajustes de Avaliação Patrimonial Ajustes Acumulados de Conversão Prejuízos Acumulados Figura 2 – Nova estrutura do balanço patrimonialFonte: portalcfc.org.br, 2015. 21 O patrimônio líquido deve apresentar o capital social, as reservas de capital, os ajustes de avaliação patrimonial, as reservas de lucros, as ações ou quotas em tesouraria, os prejuízos acumulados, se legalmente admitidos os lucros acumulados e as demais contas exigidas pelas normas emitidas pelo CFC. 2.2.2 Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) A demonstração de resultado do exercício, comumente é a segunda demonstração a ser analisada, e os indicadores obtidos através dela, refletem a posição econômica da empresa. O objetivo da DRE é a organização das informações sobre o lucro e prejuízo de uma empresa, de forma que o usuário da informação seja capaz de avaliar a atuação da empresa e visualizar a sua operação futura. A NBC TG 26, em seu item 82, lista as rubricas que devem ser apresentadas na DRE, obedecidas também as determinações legais, são elas: (a) Receitas; (b) Ganhos e perdas decorrentes de baixa de ativos financeiros mensurados pelo custo amortizado; (c) Custos de financiamento; (d) Parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método da equivalência patrimonial; (e) Tributos sobre o lucro; (f) Um único valor para o total de operações descontinuadas; (g) Em atendimento à legislação societária brasileira vigente na data da emissão desta Norma, a demonstração do resultado deve incluir ainda as seguintes rubricas: a. Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos; b. Lucro bruto; c. Despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas operacionais; d. Resultado antes das receitas e despesas financeiras; e. Resultado antes dos tributos sobre o lucro; 22 f. Resultado líquido do período. Ainda como alocação da DRE, a empresa precisa apresentar o resultado do período atribuível à participação dos não controladores, e sócios da controladora. De forma esquematizada, a demonstração do resultado do exercício apresenta as vendas brutas, impostos sobre as vendas, custos das vendas, despesas comerciais, despesas administrativas, despesas financeiras, receitas financeiras, resultado de equivalência patrimonial, outras receitas e despesas operacionais, provisão de impostos de renda e contribuição social, definindo claramente no seu final o resultado líquido obtido pela empresa em determinado exercício social (CARVALHO, COSTA, GONÇALVES & LIMEIRA, 2010). Por apresentar as características econômicas da empresa, e não necessariamente as entradas e saídas monetárias na organização, a DRE é muitas vezes incorretamente interpretada, e sobre isso Matarazzo explica: A Demonstração do Resultado retrata apenas o fluxo econômico e não o fluxo monetário (fluxo de dinheiro). Para a Demonstração do Resultado não importa (em princípio) se uma receita ou despesa tem reflexos em dinheiro, basta apenas que afete o patrimônio líquido. Por exemplo, a depreciação é uma despesa não desembolsada; a receita de equivalência patrimonial (em controladas e coligadas) é uma receita devida ao aumento dos investimentos (e do Patrimônio Líquido), sem necessariamente, entrada de recursos em caixa (2010, p. 30). Seguindo a sequência de apresentação dos vários elementos da Demonstração do Resultado do Exercício para efeitos de publicação, apresenta-se a estrutura da DRE baseada nas Normas Brasileiras de Contabilidade, normalmente adotada pelas empresas. 23 JCS Materiais para Construção S.A Demonstração do Resultado do Exercício 31 de Dezembro de 2014 (Valores expressos em reais - R$) 31/12/2014 Receita operacional Receita líquida de vendas 213.627.412 Custos das vendas (139.072.928) Lucro Bruto 74.554.483 Despesas / Receitas Operacionais Com pessoal (30.953.022) Com vendas (13.554.888) Gerais e administrativas (18.360.581) Depreciação e amortização (1.934.213) Tributárias (1.100.316) Outros ganhos e perdas 1.667.086 Lucro operacional antes do resultado financeiro 10.318.550 Resultado Financeiro Receitas financeiras 3.097.508 Despesas financeiras (9.975.588) Lucro (prejuízo) antes dos impostos 3.440.469 Impostos Imposto de renda (505.778) Contribuição Social (186.400) Lucro líquido (Prejuízo) do exercício 2.748.292 Lucro atribuível a: Proprietários da Companhia 2.198.634 Participações não Controladoras 549.658 Lucro por ação Básico 1,83 Diluído 1,30 Figura 3 – Estrutura da Demonstração de Resultado do Exercício Fonte: NBC TG 30 (2012). De acordo com a NBC TG 30 (2012), em seu item 8, para fins de divulgação na demonstração do resultado, a receita inclui somente os ingressos brutos de benefícios econômicos recebidos e a receber pela entidade, quando originários de suas próprias atividades. As quantias cobradas por conta de terceiros – tais como tributos sobre vendas, tributos sobre bens e serviços, e tributos sobre valor adicionado, não são benefícios econômicos que fluam para a entidade e não resultam em aumento do patrimônio líquido, portanto, são excluídos da receita. É devido a essa normatização, que a Demonstração do Resultado do Exercício começa com os valores de Receitas Líquidas, conforme demonstrado na figura 3, e 24 os valores de receitas brutas e suas deduções são apresentadas em notas explicativas, conforme figura abaixo. RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 31/12/2014 Receita Bruta Receita com vendas de mercadorias 262.732.693 ( - ) Impostos sobre vendas (29.511.787) ( - ) Devoluções e abatimentos (19.593.494) Receita líquida de vendas 213.627.412 Figura 4 – Receita Operacional Líquida Fonte: NBC TG 30 (2012). 2.2.3 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) A Demonstração dos Fluxos de Caixa é uma demonstração de caráter financeiro que evidencia as modificações ocorridas no saldo de caixa e equivalente de caixa das empresas em um determinado período, através de fluxos de recebimentos e pagamentos. A DFC substituiu a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) a partir do advento da Lei nº 11.638/07. Segundo Marion (2010), embora a DOAR seja mais rica em termos de informação, os conceitos nela contidos, como por exemplo, a variação do capital circulante líquido não são facilmente apreendidos. A DFC, ao contrário, por ser de uma linguagem e conceitos mais simples, possui melhor comunicação com a maioria dos usuários das Demonstrações Contábeis. A Demonstração dos Fluxos de Caixa permite que se analise principalmente, a capacidade da empresa em honrar seus compromissos financeiros, gerar resultados de caixa futuros, sua liquidez e solvência financeira (ASSAF NETO, 2010). Com relação à Demonstração de Fluxo de Caixa Matarazzo conceitua, fazendo a relação da mesma com o Balanço Patrimonial: O Balanço Patrimonial apresenta, em determinado momento (esteticamente), de um lado (PASSIVO), a origem dos recursos utilizados pela empresa e, de outro as aplicações. A peça contábil-financeira que vai mostrar o que isso representa em termos de dinheiro movimentado no exercícioé a Demonstração de Fluxos de Caixa (DFC) que monstra as fontes e aplicações que resultam afinal na variação do saldo de caixa (2010, p.33). 25 A DFC é normatizada pelo Conselho Federal de Contabilidade através da NBC TG 03 (2013), e segundo esta norma, informações sobre o fluxo de caixa de uma entidade são úteis para proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade da entidade em gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como as necessidades da entidade de utilização desses fluxos de caixa. As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários exigem avaliação da capacidade da entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como da época de sua ocorrência e do grau de certeza de sua geração. Os usuários das demonstrações contábeis de uma entidade estão interessados em saber como a entidade gera e utiliza caixa e equivalentes de caixa. Esse é o ponto, independentemente da natureza das atividades da entidade, e ainda que o caixa seja considerado como produto da entidade, como pode ser o caso de instituição financeira. As entidades necessitam de caixa essencialmente pelas mesmas razões, por mais diferentes que sejam as suas principais atividades geradoras de receita. Elas precisam de caixa para levar a efeito suas operações, pagar suas obrigações e proporcionar um retorno para seus investidores. Assim sendo, a NBC TG 03 (2010) requer que todas as entidades apresentem demonstração dos fluxos de caixa. Com relação à apresentação da DFC, a NBC TG 03 (2010) determina que deve-se apresentar os fluxos de caixa do período classificados por atividades operacionais, de investimento, e de financiamento. Fluxos de caixa: são as entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa. Atividades operacionais: são as principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades que não são de investimento e tão pouco de financiamento. Atividades de investimento: são as referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo, e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa. Atividades de financiamento: são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio, e no capital de terceiros da entidade. Conforme conceituado na norma contábil e explicado por Assaf Neto (2010), a DFC pode ser elaborada tanto pelo Método Direto como pelo Método Indireto. As 26 companhias brasileiras são incentivadas a adotarem o método indireto. O método indireto parte do lucro líquido do exercício para se conciliar com o caixa gerado pelas operações. O Método Direto destaca as movimentações financeiras explicando as entradas e saídas de recursos de cada componente da atividade operacional, como recebimento de vendas, pagamentos de juros, impostos, entre outros. A estrutura da DFC pelo Método Direto e Indireto é apresentada a seguir: DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA PELO MÉTODO DIRETO Fluxos de caixa das atividades operacionais 20X2 Recebimentos de clientes 30.150 Pagamentos a fornecedores e empregados -27.600 Caixa gerado pelas operações 2.550 Juros pagos -270 Imposto de renda e contribuição social pagos -800 Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos -100 Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais $ 1.380 Fluxos de caixa das atividades de investimento Aquisição da controlada X, líquido do caixa obtido na aquisição (Nota A) -550 Compra de ativo imobilizado (Nota B) -350 Recebimento pela venda de equipamento 20 Juros recebidos 200 Dividendos recebidos 200 Caixa líquido consumido pelas atividades de investimento $ (480) Fluxos de caixa das atividades de financiamento Recebimento pela emissão de ações 250 Recebimento por empréstimo a longo prazo 250 Pagamento de passivo por arrendamento -90 Dividendos pagos (a) -1.200 Caixa líquido consumido pelas atividades de financiamento $ (790) Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa $ 110 Caixa e equivalentes de caixa no início do período (Nota C) $ 120 Caixa e equivalentes de caixa no fim do período (Nota C) $ 230 (a) Esse valor também poderia ser apresentado no fluxo de caixa das atividades operacionais. Figura 5 – DFC Método Direto Fonte: NBC TG 03 (2010). 27 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA PELO MÉTODO INDIRETO 20X2 Fluxos de caixa das atividades operacionais Lucro líquido antes do IR e CSLL 3.350 Ajustes por: Depreciação 450 Perda cambial 40 Resultado de equivalência patrimonial -500 Despesas de juros 400 3.740 Aumento nas contas a receber de clientes e outros -500 Diminuição nos estoques 1.050 Diminuição nas contas a pagar – fornecedores -1.740 Caixa gerado pelas operações 2.550 Juros pagos -270 Imposto de renda e contribuição social pagos -800 Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos -100 Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais $ 1.380 Fluxos de caixa das atividades de investimento Aquisição da controlada X, líquido do caixa obtido na aquisição (Nota A) -550 Compra de ativo imobilizado (Nota B) -350 Recebimento pela venda de equipamento 20 Juros recebidos 200 Dividendos recebidos 200 Caixa líquido consumido pelas atividades de investimento $ (480) Fluxos de caixa das atividades de financiamento Recebimento pela emissão de ações 250 Recebimento por empréstimos a longo prazo 250 Pagamento de passivo por arrendamento -90 Dividendos pagos (a) -1.200 Caixa líquido consumido pelas atividades de financiamento $ (790) Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa $ 110 Caixa e equivalentes de caixa no início do período (Nota C) $ 120 Caixa e equivalentes de caixa no fim do período (Nota C) $ 230 (a) Esse valor também poderia ser apresentado no fluxo de caixa das atividades operacionais. Figura 6 – DFC Método Indireto Fonte: NBC TG 03 (2010). 2.2.4 Demonstração do Valor Adicionado (DVA) A Demonstração do Valor Adicionado evidencia quanto de valor a empresa agrega no seu processo produtivo. A Lei 11.638/07 introduziu a obrigatoriedade de 28 elaboração da DVA para todas as companhias de capital aberto, e sobre isso a NBC TG 09 (2011) conceitua: A entidade, sob a forma jurídica de sociedade por ações, com capital aberto, e outras entidades que a lei assim estabelecer, devem elaborar a DVA e apresentá-la como parte das demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada exercício social. É recomendado, entretanto, a sua elaboração por todas as entidades que divulgam demonstrações contábeis (Item 3, 2011). A Demonstração do Valor Adicionado surgiu na Europa, principalmente por influência da Inglaterra, da França e da Alemanha, e tem tido cada vez mais demanda no âmbito internacional, inclusive de expressa recomendação da ONU (MARION, 2010). A DVA é construída a partir dos dados da DRE, na qual se destaca o valor adicionado pela empresa e a distribuição desse valor, indicando quanto à empresa contribui para o governo, por meio de impostos, taxas e contribuições; para os empregados, por meio dos salários e contribuições; para os financiamentos, por meio dos juros; para os proprietários de imóveis, pormeio dos aluguéis; para os acionistas, por meio dos dividendos e juros sobre o capital próprio. Segundo Marion (2010), a DVA é uma demonstração bastante útil, inclusive do ponto de vista macroeconômico, uma vez que, conceitualmente, o somatório dos valores adicionados (ou valores agregados) de um país representa, na verdade, seu Produto Interno Bruto (PIB). Essa informação é tão importante que, além de sua utilização pelos países europeus, alguns países emergentes só aceitam a instalação e a manutenção de uma empresa transnacional, se ela demonstrar qual será o valor adicionado que irá produzir. Para os investidores e outros usuários, essa demonstração proporciona o conhecimento de informações de natureza econômica e social, e oferece a possibilidade de melhor avaliação das atividades da entidade dentro da sociedade na qual está inserida. A decisão de recebimento por uma comunidade (Município, Estado e a própria Federação) de investimento pode ter nessa demonstração um instrumento de extrema utilidade e com informações que, por exemplo, a demonstração de resultado, por si só, não é capaz de oferecer. 29 A seguir apresenta-se um exemplo da Demonstração do Valor Adicionado, segundo a NBC TG 09: Demonstração do Valor Adicionado – EMPRESAS EM GERAL DESCRIÇÃO Em Milhões 20X1 1 – RECEITAS 1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços 1.2) Outras receitas 1.3) Receitas relativas à construção de ativos próprios 1.4) Provisão para créditos de liquidação duvidosa – Reversão / (Constituição) 2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI, PIS e COFINS) 2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos 2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros 2.3) Perda / Recuperação de valores ativos 2.4) Outras (especificar) 3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2) 4 – DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO 5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4) 6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA 6.1) Resultado de equivalência patrimonial 6.2) Receitas financeiras 6.3) Outras 7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6) 8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*) 8.1) Pessoal 8.1.1 – Remuneração direta 8.1.2 – Benefícios 8.1.3 – F.G.T.S 8.2) Impostos, taxas e contribuições 8.2.1 – Federais 8.2.2 – Estaduais 8.2.3 – Municipais 8.3) Remuneração de capitais de terceiros 8.3.1 – Juros 8.3.2 – Aluguéis 8.3.3 – Outras 8.4) Remuneração de capitais próprios 8.4.1 – Juros sobre o capital próprio 8.4.2 – Dividendos 8.4.3 – Lucros retidos / Prejuízo do exercício 8.4.4 – Participação dos não-controladores nos lucros retidos (só p/ consolidação) Figura 7 – Demonstração do Valor Adicionado Fonte: NBC TG 09 (2011). 30 Segundo a NBC TG 09 (2011), em seu item 10, a DVA está fundamentada em conceitos macroeconômicos, buscando apresentar, eliminados os valores que representam dupla-contagem, a parcela de contribuição que a entidade tem na formação do Produto Interno Bruto (PIB). Essa demonstração apresenta o quanto a entidade agrega de valor aos insumos adquiridos de terceiros e que são vendidos ou consumidos durante determinado período. Existem, todavia, diferenças temporais entre os modelos contábil e econômico no cálculo do valor adicionado. A ciência econômica, para cálculo do PIB, baseia-se na produção, enquanto a contabilidade utiliza o conceito contábil da realização da receita, isto é, baseia-se no regime contábil de competência. Como os momentos de realização da produção e das vendas são normalmente diferentes, os valores calculados para o PIB por meio dos conceitos oriundos da Economia e os da Contabilidade são naturalmente diferentes em cada período. Essas diferenças serão menores, quanto menor forem as diferenças entre os estoques inicial e final para o período considerado. Em outras palavras, admitindo-se a inexistência de estoques inicial e final, os valores encontrados com a utilização de conceitos econômicos e contábeis convergirão. 2.3 Indicadores Econômico-Financeiros O principal instrumento utilizado para a análise econômico-financeira de uma empresa é o índice, ou seja, o resultado da comparação entre grandezas. Os índices estabelecem uma relação entre contas e grupos de contas dos Demonstrativos Financeiros, visando evidenciar determinado aspecto da situação econômico- financeira de uma empresa, servindo assim, como um termômetro na avaliação da saúde financeira dela. 2.3.1 Instrumentos preliminares de análise Para Assaf Neto (2010), o montante de uma conta ou de um grupo patrimonial, quando tratado isoladamente, não retrata adequadamente a importância do valor apresentado e muito menos, seu comportamento ao longo do tempo, desta 31 forma, a comparação dos valores entre si e com outros de diferentes períodos, oferecerá um aspecto mais dinâmico e elucidativo a posição estática das demonstrações contábeis. Esse processo de comparação, indispensável ao conhecimento da situação de uma empresa, é representado pela Análise Horizontal e pela Análise Vertical. A análise horizontal das demonstrações financeiras corresponde ao estudo comparativo, em períodos de tempo consecutivos, da evolução das contas que compõem as demonstrações financeiras em análise. As variações, ocorridas ao longo dos anos, permitem que o analista avalie as estratégias adotadas pela empresa no passado. É feita com base em números-índices, em que se considera o valor de 100 na data-base para a conta em análise e, por meio de uma simples regra de três, apura-se o valor da conta no período seguinte, conforme apresentado na figura a seguir: Ano 1 Ano 2 Duplicatas a Receber 74.493 55.678 Ajuste Horizontal (AH) 100 x = 55.678 x 100 = 74 75.493 ANÁLISE HORIZONTAL DA CONTA DUPLICATAS A RECEBER Figura 8 – Análise Horizontal Fonte: FGV Management (2011). Pode-se concluir pela análise horizontal que a conta de duplicatas a receber sofreu uma queda de 26% (74-100). A informação básica extraída da análise horizontal é a evolução individual de cada conta em relação à evolução de uma conta-padrão. Com relação à Análise Vertical, a mesma trata-se da metodologia de análise que mostra a participação percentual de cada um dos itens das demonstrações financeiras em relação ao somatório do seu grupo. A análise vertical das demonstrações financeiras tem como objetivo verificar a evolução ao longo do tempo, da composição percentual das principais contas do balanço patrimonial e da demonstração de resultados do exercício. O procedimento para fazer a análise vertical, consiste em colocar em sentido vertical as contas do ativo e do passivo (no caso do balanço patrimonial), nos exercícios em análise. Em seguida, fazendo igual a 100 o total do ativo e do passivo 32 em cada exercício, calcula-se o percentual de cada conta em relação ao total do ativo e do passivo. As análises, horizontal e vertical, não são excludentes, ou seja, ao se processar um estudo comparativo das demonstrações contábeis de uma empresa, é importante que sejam utilizadas tanto a análise horizontal como a vertical, a fim de melhor identificar as várias mutações sofridas por seus elementos contábeis (ASSAF NETO, 2010). 2.3.2 Estrutura Patrimonial Os índices de estrutura patrimonial avaliam a segurança que uma empresa oferece aos capitais alheios e revelam sua política de obtenção de recursos e de alocação dos mesmos nos diversos itens doativo. O ativo de uma empresa é financiado pelo capital próprio (patrimônio líquido) e por capitais de terceiros (obrigações). Quanto maior for à participação de capitais de terceiros nos negócios de uma empresa, maior será o risco. Os índices de estrutura patrimonial são extraídos do balanço patrimonial, por meio da comparação de itens do ativo com itens do passivo. O passivo representa a estrutura de financiamentos, isto é, são recursos que a empresa vem captando (próprios e de terceiros) para financiar sua atividade. A seleção dos fundos que financiam os investimentos deve ser realizada levando-se em conta os seus custos e a capacidade de geração de caixa da empresa. Os índices de estrutura patrimonial são os relacionados com a composição dos financiamentos, e aqueles que medem o grau de imobilização de recursos próprios e permanentes (CARVALHO, COSTA, GONÇALVES & LIMEIRA, 2010). 2.3.2.1 Endividamento Geral É a percentagem de participação de recursos de terceiros (curto e longo prazo de vencimento) no financiamento das aplicações totais realizadas pela empresa, ou seja, o ativo total. 33 PC + PNC Ativo Total X 100Endividamento Geral Fonte: (CARVALHO, COSTA, GONÇALVES & LIMEIRA, 2010). Quanto maior o nível de endividamento da empresa, maior o risco, porém não se pode tirar essa conclusão observando somente esse índice, pois ele simplesmente compara as dívidas com o ativo total (CARVALHO, COSTA, GONÇALVES & LIMEIRA, 2010). A empresa não liquidará seus ativos para pagamento das dívidas, a não ser em caso de falência, assim, é preciso considerar alguns pontos como: Qual é a participação da dívida com bancos no passivo circulante. Qual o cronograma de amortização da dívida de longo prazo. Quais são as taxas de juros reais para cada um dos financiamentos de longo prazo. Qual a capacidade de geração de caixa operacional da empresa, pois as dívidas serão pagas por meio de sua capacidade de gerar recursos. 2.3.2.2 Composição do Endividamento Corresponde à percentagem de participação de recursos de terceiros de curto prazo com o endividamento total. PC PC + PNC X 100Composição do Endividamento Fonte: (CARVALHO, COSTA, GONÇALVES & LIMEIRA, 2010). Esse índice é uma medida da qualidade do passivo em termos de prazo, ou seja, quanto mais curto o vencimento das parcelas exigíveis, maior será o risco oferecido pela empresa. Endividamento concentrado no longo prazo, principalmente decorrente de investimento efetuado, oferece uma situação mais tranquila no curto prazo (CARVALHO, COSTA, GONÇALVES & LIMEIRA, 2010). 34 2.3.2.3 Imobilização do Capital Próprio O índice exprime o quanto do ativo permanente (investimento, imobilizado e intangível) da empresa, é financiado pelo seu patrimônio líquido, evidenciando assim, a maior ou menor dependência de aporte de recursos de terceiros para manutenção de seus negócios. Em princípio, os componentes do ativo permanente devem ser financiados por recursos próprios e, quando forem insuficientes, devem ser complementados por recursos de terceiros, desde que amortizáveis ao longo prazo (CARVALHO, COSTA, GONÇALVES & LIMEIRA, 2010). AP PL X 100Imobilização do Capital Próprio Fonte: (CARVALHO, COSTA, GONÇALVES & LIMEIRA, 2010). O aumento do ativo permanente pode ser considerado normal em uma fase de implantação, expansão da capacidade produtiva do empreendimento ou quando a empresa faz investimentos em modernização para reduzir custos, porém é importante que a parcela dos investimentos que não seja financiada por recursos próprios, seja por recursos de terceiros de longo prazo, evitando assim, os de curto prazo, pois a empresa precisa de tempo para elevar a geração de caixa, e desta forma, conseguir pagar os juros e amortizar o principal. Assim, o prazo de amortização tem que ser compatível com a capacidade de geração de caixa. 2.3.2.4 Imobilização de Recursos Permanentes Esse indicador demonstra qual o percentual de recursos não correntes (exigível em longo prazo e patrimônio líquido) que foram revertidos para aplicação no ativo permanente. Esse índice tem papel fundamental quando o capital próprio (patrimônio líquido) demonstra-se insuficiente para cobrir o investimento efetuado no ativo permanente, fazendo com que a empresa necessite captar recursos de terceiros ao longo prazo para financiar tal aplicação. Quanto maior for a imobilização de recursos permanentes, menor será a parcela dos recursos permanentes 35 destinados a financiar o giro dos negócios (CARVALHO, COSTA, GONÇALVES & LIMEIRA, 2010). AP PL + PNC X 100 Imobilização de Recursos Permanentes Fonte: (CARVALHO, COSTA, GONÇALVES & LIMEIRA, 2010). Empresas que giram rapidamente os seus estoques e contas a receber podem trabalhar com um índice maior de imobilização de recursos permanentes, por outro lado, empresas que levem mais tempo para renovar seus estoques e contas a receber, deveriam ter uma menor imobilização de recursos permanentes e, consequentemente, maiores parcelas de recursos permanentes destinados ao giro dos negócios. 2.3.2.5 Garantia do Capital Próprio ao Capital de Terceiros Segundo Matarazzo (2010), esse índice revela o quanto do capital próprio é dado como garantia a cada R$ 1,00 (um real) investido na empresa por terceiros, ou seja, é a divisão do patrimônio líquido com o exigível total (passivos circulantes e passivos não circulantes). PL PC + PNC Garantia do Capital Próprio ao Capital de Terceiros Fonte: Matarazzo (2010). 2.3.3 Liquidez Os índices de liquidez são medidas de avaliação da capacidade financeira da empresa em honrar os compromissos com terceiros, pois evidenciam quanto a empresa dispõe de bens e direitos em relação às obrigações assumidas no mesmo período. No contexto geral, presume-se que quanto maior a liquidez, melhor será a situação financeira da empresa, porém, nem sempre um alto índice de liquidez representa, necessariamente, boa saúde financeira. Assim, uma empresa que possui altos índices de liquidez, mas mantém mercadorias estocadas por períodos elevados, recebe com atraso suas vendas a prazo ou mantém duplicatas incobráveis 36 na conta Clientes, poderá ter problemas de liquidez, ou seja, poderá ter dificuldade para honrar seus compromissos nos vencimentos. O cumprimento das obrigações nas datas previstas depende de uma adequada administração dos prazos de recebimento e de pagamento. Para Marion (2010), os índices de liquidez são utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação para ver se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos, e essa capacidade de pagamento pode ser avaliada considerando: longo prazo, curto prazo ou prazo imediato. 2.3.3.1 Liquidez Imediata Esse índice mede a capacidade financeira da empresa em pagar imediatamente seus compromissos, avaliando o poder de pagar de uma só vez todas as suas obrigações com vencimentos ao longo do exercício seguinte. Disponível PC Liquidez Imediata Fonte: Iudícibus (2009). Segundo Assaf Neto (2010), o índice é normalmente baixo pelo pouco interesse das empresas em manter recursos monetários em caixa, ativo operacionalmente de reduzida rentabilidade. 2.3.3.2 Liquidez Corrente O índice de liquidez corrente é um dos mais conhecidos e utilizados na análise econômica financeira. Conforme Assaf Neto (2010, p.164), “esse índice avaliao quanto existe de ativo circulante para cada R$ 1,00 (um real) de passivo circulante em um determinado momento”. Ou seja, empresas com índice maior que 1,00 trabalham com capital de giro (ativo circulante menos passivo circulante) positivo, e empresas com índice de liquidez corrente menor do que 1,00 trabalham com capital de giro negativo. 37 AC PC Liquidez Corrente Fonte: Silva (2005). Se: Denota: Liquidez Corrente > 1,0 Capital Circulante Líquido positivo Liquidez Corrente = 1,0 Capital Circulante Líquido nulo Liquidez Corrente < 1,0 Capital Circulante Líquido negativo Figura 11 – Liquidez Corrente Fonte: Assaf Neto (2010). Deve-se tomar cuidado ao analisar isoladamente o índice de liquidez corrente, pois este não compara os prazos de pagamento das dívidas operacionais com os prazos de renovação dos ativos operacionais. 2.3.3.3 Liquidez Seca O índice de liquidez seca é uma medida mais rigorosa para a avaliação da liquidez da empresa, e indica o quanto ela poderá dispor de recursos circulantes, sem vender seus estoques, para fazer frente a suas obrigações de curto prazo. (AC - Estoques) PC Liquidez Seca Fonte: Marion (2012). Este índice procura analisar a situação financeira a partir da premissa de que os estoques não se realizam, simplesmente se renovam, e por isso devem ser desconsiderados do numerador. Conforme Assaf Neto (2010), o índice de liquidez seca, determina a capacidade de curto prazo de pagamento da empresa, mediante a utilização das contas do disponível e valores a receber. 2.3.3.4 Liquidez Geral O índice de liquidez geral é uma medida de capacidade de pagamento de todo o passivo exigível da empresa. Conforme Assaf Neto (2010), esse indicador 38 revela a liquidez tanto a curto, como a longo prazo. De cada R$ 1,00 que a empresa mantém de dívida, o quanto existe de direitos e haveres no ativo circulante e no realizável a longo prazo. AC + ANC PC + PNC Liquidez Geral Fonte: Silva (2005). A liquidez geral é utilizada também como uma medida de segurança financeira da empresa a longo prazo, revelando sua capacidade de saldar todos seus compromissos. 2.3.4 Situação Econômica A situação econômica da empresa é fundamentalmente apresentada na demonstração de resultados, e a partir dessa demonstração é possível calcular os índices de rentabilidade, que tem por objetivo avaliar o desempenho final da empresa, sendo a rentabilidade o reflexo das políticas e das decisões adotadas pelos seus administradores, expressando objetivamente o nível de eficiência e o grau do êxito econômico-financeiro atingido, desta forma, todos os índices de rentabilidade quanto maior melhor, e conforme Marion (2010), na análise econômica da empresa, a atenção se volta para a sua rentabilidade, para seu potencial de vendas, para sua habilidade de gerar resultados, para a evolução das suas despesas, e os demais fatores econômicos inerentes ao negócio de sua atuação. 2.3.4.1 Return On Investment (ROI) Em inglês, Return On Investment significa Retorno sobre o Investimento. Esse índice reflete o quanto a empresa está obtendo de resultado em relação aos seus investimentos totais, e através desse indicador, pode-se também prever qual o tempo necessário para se recuperar os investimentos efetuados na empresa. 39 Lucro Líquido Ativo Total Return on Investment - ROI Fonte: Marion (2010). Segundo Marion (2010), a rentabilidade é medida em função dos investimentos. As fontes de financiamento do ativo são Capital Próprio e Capital de Terceiros, assim, a administração adequada do ativo proporcionará maior retorno a empresa. 2.3.4.2 Return On Equity (ROE) O indicador Return On Equity, significa Retorno sobre o Capital Investido pelos proprietários/acionistas. Segundo Marion (2010), mede a remuneração do capital próprio investido na empresa, ou seja, o quanto foi acrescentado em determinado período ao patrimônio dos acionistas. Do ponto de vista dos capitais investidos, esse é o índice mais importante a ser analisado, pois além de avaliar a remuneração do capital próprio, permite analisar se esse rendimento é compatível com outras alternativas de aplicações, como caderneta de poupança, aluguéis e ações de outras empresas concorrentes. Lucro Líquido PL Return On Equity - ROE Fonte: Marion (2010). Esse tipo de análise resulta na avaliação do custo de oportunidade do investidor, ou seja, entende-se por custo de oportunidade a remuneração que se deixa de auferir em função de oportunidade de investimento descartada. 2.3.4.3 Giro dos Ativos Embora não seja um índice essencialmente de rentabilidade, o estudo da rotação dos ativos ou giro dos ativos, constitui-se um aspecto importante para o entendimento da rentabilidade do investimento. 40 Vendas Líquidas Ativo Total Giro do Ativo Fonte: Silva (2013). Este índice indica quantas vezes o ativo girou durante o período, ou seja, comparando o faturamento do período com o investimento total, indicando quantas vezes a empresa conseguiu vender o seu ativo, demonstrando o volume de vendas em relação ao investimento total. Mede o quanto o ativo contribui para o faturamento da empresa (SILVA, 2013). 2.3.4.4 Margem Bruta A margem bruta representa uma medida de lucratividade sobre o produto, mercadoria ou serviço comercializado pela empresa. Segundo Braga (2009, p. 178), a margem bruta “mede a rentabilidade das vendas, logo após a dedução do custo dos produtos vendidos (ou custo das mercadorias vendidas)”. Esse indicador revela o percentual remanescente da receita líquida, após dedução do custo das mercadorias vendidas. Lucro Bruto Vendas Líquidas Margem Bruta Fonte: Bruni (2011). A margem bruta é consequência tanto da margem de contribuição unitária (preço menos custo variável unitário), quando da quantidade vendida de cada produto. 2.3.4.5 Margem Operacional A margem operacional é uma medida de lucratividade das vendas, e avalia o ganho operacional da empresa (resultado antes das receitas e despesas não operacionais e financeiras), em relação ao seu faturamento. 41 Lucro Op. Vendas Líquidas Margem Operacional Fonte: Bruni (2011). Conforme Ferreira (2010, p. 14) “a margem operacional (ou taxa de retorno operacional) sobre as Vendas Líquidas (ou sobre a receita operacional líquida) indica o percentual de lucro operacional líquido embutido no valor das vendas líquidas do período”. A margem operacional representa a capacidade da empresa em gerar resultados com suas vendas, identificando, desta forma, o desempenho operacional da empresa, medido exclusivamente em função das suas operações normais. 2.3.4.6 Margem Líquida Esse índice representa a percentagem de cada real de venda que restou, após a empresa ter deduzido todas as suas despesas, inclusive financeiras, resultado de equivalência patrimonial, despesas e receitas não operacionais, e imposto de renda. Lucro Líquido Vendas Líquidas Margem Líquida Fonte: Bruni (2011). Segundo Matarazzo (2010), quanto maior, melhor, pois indica quanto a empresa obtém de lucro para cada $ 1,00 vendido. 2.3.4.7 Potencial do Ativo em Gerar Riqueza Esse índice mede o quanto cada real investido no ativo gera de riqueza (valor adicionado), a ser transferido para vários setores que se relacionam com a empresa (MARION, 2010).42 Valor Adicionado Ativo Potencial do Ativo em Gerar Riqueza Fonte: Marion (2010). O ativo financiado por capital próprio e por capital de terceiros é quem gera receita, a qual, por sua vez, gera riqueza para a empresa. 43 3. METODOLOGIA A palavra metodologia tem diferentes sentidos, mas sempre está relacionada ao método e aos procedimentos (BEUREN, 2003, p.53). Sendo assim, este capítulo tem por objetivo descrever os métodos utilizados para a realização do presente trabalho. 3.1 ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA DA PESQUISA Quanto ao ponto de vista da sua natureza, ela é considerada básica, pois objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista, onde é feita para aumentar o conhecimento sobre algum assunto, sem que se tenha na pesquisa uma aplicação imediata. Segundo a ANPEI (1993, p.8): A pesquisa compreende o trabalho criativo com a finalidade de aumentar o estoque de conhecimentos científicos e tecnológicos, a fim de solucionar os problemas práticos. Sendo a pesquisa básica o trabalho teórico ou experimental empreendido primordialmente para compreender fenômenos e fatos da natureza, sem nenhuma preocupação com possíveis aplicações práticas ou ganhos econômicos a curto prazo. Quanto a sua abordagem, a pesquisa é quantitativa e qualitativa; pois além da sua representatividade numérica e seus diversos cálculos, ela analisa e interpreta dados, para que se possam ter informações sobre a situação econômico-financeiro da companhia estudada. Segundo Oliveira (2007, p. 59), “a pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como sendo uma tentativa de se explicar em profundidade o significado e as características do resultado das informações obtidas [...]”. De acordo com Fonseca (2002, p. 20): Diferentemente da pesquisa qualitativa, os resultados da pesquisa quantitativa podem ser quantificados. Como as amostras geralmente são grandes e consideradas representativas da população, os resultados são tomados como se constituíssem um retrato real de toda a popula- ção alvo da pesquisa. A pesquisa quantitativa se centra na objetividade. Influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis, etc. A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa 44 permite recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente. Do ponto de vista dos meios e fins do estudo é uma pesquisa predominantemente explicativa, de acordo com Lakatos e Marconi (2011, p. 54): A pesquisa explicativa registra fatos, analisa-os, interpreta-os e identifica suas causas. Essa prática visa ampliar generalizações, definir leis mais amplas, estruturar e definir modelos teóricos, relacionar hipóteses em uma visão mais unitária do universo ou âmbito produtivo em geral e gerar hipóteses ou ideias por força de dedução lógica. No que diz respeito ao procedimento utilizado, a pesquisa é documental, segundo Gil (2010, pag.30): A pesquisa documental é utilizada em praticamente todas as ciências sociais e constitui um dos delineamentos mais importante no campo da história e da economia. Como delineamento, apresenta muitos pontos de semelhança com a pesquisa bibliográfica, posto que nas duas modalidades utilizam-se dados já existentes. A diferença está na natureza das fontes. A pesquisa bibliográfica fundamenta-se em material elaborado por autores com o propósito específico de ser lida por públicos específicos. Já a pesquisa documental vale-se de toda sorte de documentos, elaborado com finalidades diversas, tais como assentamento, autorização, comunicação, etc [...]. Para a fundamentação das teorias defendidas, foi utilizado o estudo de caso, onde realizou-se a análise econômico-financeira da Petrobras com base em suas demonstrações contábeis encerradas em 31 de dezembro de 2014. Segundo FONSECA (2002, p. 33): Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade social. Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico. O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser estudado, mas revelá-lo tal como ele o percebe. O estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva interpretativa, que procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma perspectiva pragmática, que visa simplesmente apresentar uma perspectiva global, tanto quanto possível completa e coerente, do objeto de estudo do ponto de vista do investigador. Assim, o estudo de caso da empresa estudada visa conhecer o porquê da sua atual situação. 45 3.2 O CONTEXTO DA PESQUISA: ESPAÇO E SUJEITOS DA INVESTIGAÇÃO O contexto da pesquisa se deu na Petróleo Brasileiro S.A (Petrobras), através de informações extraídas das Demonstrações Contábeis publicadas na BM&FBOVESPA no período de 2012 a 2014. 3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA E SELEÇÃO DOS DADOS Os dados foram coletados das demonstrações contábeis da Petrobras para serem analisados e interpretados no período de 2012 a 2014. 3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Vários procedimentos de análise dos dados coletados foram feitos, como: análise vertical, análise horizontal, índices de liquidez, de endividamento e de rentabilidade, entre outros. Os resultados obtidos com os cálculos foram comparados e confrontados, gerando informações para que fossem interpretadas. 46 4. ESTUDO DE CASO: Análise Econômico-financeira da PETROBRAS. Devido à importância da Petrobras no cenário econômico brasileiro, visto que é a maior distribuidora de combustíveis no Brasil. Realizou-se o presente estudo de caso, onde se buscou conhecer a situação econômico-financeira da companhia, através dos cálculos dos indicadores, a partir das informações publicadas nas demonstrações contábeis encerradas em 31 de dezembro de 2014. Os indicadores deram suporte para a elaboração do relatório de análise, onde se apresentam a estrutura patrimonial, a situação econômica e de liquidez da companhia, face os efeitos das decisões tomadas na empresa ao longo dos três últimos anos, e das ações fraudulentas descobertas nas investigações criminais pelas autoridades brasileiras (Operação Lava Jato), que se tornaram públicos a partir do ano de 2014, em que altos executivos da companhia entraram em conluio com empreiteiras, fornecedores e outros envolvidos, para estabelecer um cartel que impôs gastos adicionais à companhia. 4.1 A empresa Petrobras A Lei nº 2004, de 03 de outubro de 1953, instituiu a Petrobras e foi sancionada pelo então presidente da República Getúlio Vargas. Ela dispunha sobre a política nacional do petróleo, definindo as atribuições do Conselho Nacional do Petróleo (CNP), estabelecendo o monopólio estatal do petróleo e a criação da Petrobras. A história da criação da Petrobras esta ligada a Campanha do Petróleo, patrocinada pelo Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e promovida por
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