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1 UNIDADE 03 UNIDADE 03 Nas unidades anteriores tivemos a oportunidade de perceber que tudo o que descobrimos ou constatamos agrega-se à nossa “bagagem” de conhecimento. Uma das formas mais comuns de se buscar o conhecimento é por meio da pesquisa. A pesquisa é de suma importância para a nossa vida, até para as coisas mais simples do dia a dia. Uma mulher recém-casada que não sabe sequer fritar um ovo, mas quer agradar o marido e preparar-lhe um delicioso jantar, poderá fazê-lo. A tecnologia é hoje a porta para se fazer qualquer coisa. Essa mulher poderá procurar na internet receitas e até mesmo assistir a vídeos que mostram como preparar um delicioso prato. Não parece, mas esse ato de buscar a receita nada mais é do que pesquisar. Ora, estamos diante de um problema (preparar um prato) e vamos investigar soluções (pesquisar receita e modo de preparo). O jantar pronto será o resultado, o qual poderá não ficar tão bom na primeira vez, mas a repetição da receita lhe permitirá aprimorar-se e alcançar a perfeição. Esta unidade, assim como as outras duas subsequentes (04 e 05), serão dedicadas ao estudo detalhado da pesquisa, desde o seu conceito até o seu planejamento. 1 PESQUISA COMUM E PESQUISA CIENTÍFICA Você já deve ter percebido que toda busca por esclarecimento sobre qualquer tema nada mais é do que pesquisa. A procura por uma receita de bolo, a investigação sobre as prováveis moléstias para sintomas físicos que estamos sentindo, ou a simples consulta do resultado da Megasena: tudo isso é pesquisa. 2 UNIDADE 03 Durante o curso superior, a pesquisa será científica, pois ela fundamentará a nossa prática profissional e é realizada observando-se métodos e técnicas pré- determinados. Ora, para sermos bons profissionais no futuro, não dá para ficar no conhecimento superficial. É necessário aprofundá-lo, e isso se faz por meio da pesquisa. De acordo com JUSTINO (2013, p. 21-22), “a pesquisa pode ser entendida como uma maneira de questionar, investigar a realidade e, por meio das respostas a tais indagações, busca-se construir novos conhecimentos para modificar ou proporcionar melhorias à realidade investigada”. Um outro conceito é proposto por MARCONI e LAKATOS (2001, p. 43): A pesquisa pode ser considerada um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou descobrir verdades parciais. Significa muito mais do que apenas procurar a verdade: é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos. SANTOS, DIAS e MOLINA (2007, p. 125-126) distinguem a pesquisa científica da pesquisa acadêmica, esclarecendo que esta última constitui atividade pedagógica cujo objetivo é despertar no acadêmico o espírito de busca intelectual autônoma, ou seja, é um exercício e preparação para a pesquisa científica. 2 REQUISITOS DA PESQUISA De modo geral, a finalidade da pesquisa é buscar respostas para os nossos questionamentos. No caso da pesquisa científica, a investigação deverá cumprir alguns requisitos: a) planejamento, b) observância de métodos científicos; e c) utilização de normas para a apresentação e divulgação de seus resultados (CASARIN e CASARIN, 2012, p. 9). O primeiro passo para o sucesso de uma pesquisa é o planejamento. No trabalho científico esse planejamento se dá com a elaboração de um projeto de pesquisa, onde serão determinados o tema, o problema de pesquisa, os objetivos, a justificativa do tema, os referenciais teóricos, o cronograma etc. O projeto de 3 UNIDADE 03 pesquisa nada mais é do que um roteiro que deverá ser seguido durante a elaboração da pesquisa, a qual, conforme se verá na próxima unidade, engloba várias fases. Recorrendo novamente à analogia com situações corriqueiras do nosso cotidiano, imaginem que vamos preparar um bolo. A primeira providência a ser tomada é escolher o tipo de bolo. Em seguida teremos de verificar se temos na despensa todos os ingredientes necessários, e, caso falte algum, será necessário ir ao supermercado. Já pensaram se, na hora de bater o bolo, você descobrir que não tem ovos ou farinha? A pesquisa científica, como já amplamente afirmado em nossas aulas, deve também respeitar os métodos científicos, que serão estudados com maior profundidade na próxima unidade. Por fim, a utilização de normas para a apresentação e divulgação de seus resultados significa que a pesquisa deve ser apresentada segundo padrões de formatação determinados pela ABNT e pela instituição de ensino em que o acadêmico está matriculado. As regras de formatação serão estudadas no 2º bimestre desta disciplina. 3 TIPOS DE PESQUISA Não existe consenso entre os teóricos no que tange à classificação dos tipos de pesquisa. Contudo, a classificação mais usada, e também a que se apresenta mais didática, dita que os tipos de pesquisa são divididos de acordo com a sua natureza, com os seus objetivos, com a fonte dos dados e com os procedimentos adotados. 3.1 TIPOS DE PESQUISA SEGUNDO A SUA NATUREZA Quanto à sua natureza ou finalidade, a pesquisa pode ser pura (teórica) ou aplicada (prática). 4 UNIDADE 03 a) Pesquisa pura ou teórica: Neste modelo, a aquisição de conhecimento se dá exclusivamente a partir da análise e/ou reconstrução de teorias já existentes, sem finalidade de aplicação prática. Esse tipo de pesquisa “não está relacionado à intervenção imediata da realidade [...]. Através da reconstrução de teorias, conceitos, ideias etc. procura aprimorar fundamentos teóricos” (JUSTINO, 2013, p. 23). Em outras palavras, a pesquisa pura ou teórica explica algo, mas sem a necessidade de apontar uma utilidade para essa explicação (METRING, 2011, p. 61). Podemos citar, a título de exemplo de pesquisa pura, o trabalho monográfico sobre a responsabilidade civil do médico (para o Curso de Direito), e sobre os tipos sanguíneos (para o Curso de Biomedicina). b) Pesquisa aplicada ou prática: Diferentemente do que ocorre na pesquisa pura ou teórica, na pesquisa aplicada “observa-se o uso dos conhecimentos da ciência pura e da tecnologia (instrumentos, meios e métodos) para se chegar às aplicações práticas, como o próprio nome sugere” (SANTOS, MOLINA e DIAS, 2007, p. 126). Neste modelo, a pesquisa teórica será usada como ponto de partida, mas o objetivo real é “comprovar ou rejeitar hipóteses sugeridas pelos modelos teóricos, e proceder à sua aplicabilidade às diferentes necessidades humanas, visando resolver problemas concretos e imediatos” (METRING, 2011, p. 61). As pesquisas de laboratório são, em sua essência, aplicadas. 3.2 TIPOS DE PESQUISA SEGUNDO OS SEUS OBJETIVOS Quanto aos seus objetivos, a pesquisa se divide em: exploratória, descritiva, e explicativa. a) Pesquisa exploratória: Esse modelo é adotado quando dos estudos preliminares sobre um assunto, com o objetivo de construir e levantar hipóteses que possam levar a novos conhecimentos e descobertas (JUSTINO, 2013, p. 25). Em outras palavras, é a busca por indícios de 5 UNIDADE 03 um problema, “ou variáveis e dimensões mais relevantes a estudar” (BIAGI, 2011, p. 54). A título de exemplo, podemos citar as entrevistas realizadas junto a especialistas sobre o tema pesquisado. Também são comumente usados na pesquisa exploratória as revisões de literatura e os estudos de caso. b) Pesquisa descritiva: Esse modelo é utilizado quando o pesquisador tem o intuito de descrever e caracterizar algum fenômeno. A ferramenta mais usada nesse tipo de pesquisa é a coleta e interpretação de dados, por meio de instrumentos padronizados. Podemos citar como exemplo a pesquisa de mercado, na qual “a empresa desejaconhecer as características dos usuários de um produto (sua idade, sexo, nível profissional, rendas), e talvez conhecer a relação entre esses fatores e os que não usam o produto” (BIAGI, 2011, p. 54). O exemplo acima narrado representa uma pesquisa de campo. c) Pesquisa explicativa: Nesse modelo, pretende-se identificar as causas dos fenômenos, ou seja, “explicar” porque os mesmos acontecem. Trata- se de um modelo mais rigoroso, e é aplicável “quando se avançou muito no conhecimento dessa realidade, tanto teórica quanto empiricamente e se espera obter exatidões acerca dos fenômenos e variáveis que são condição ou que os determinem” (BIAGI, 2011, p. 54). A título de exemplo, podemos citar a pesquisa laboratorial sobre os efeitos de determinado medicamento no sistema nervoso central. 3.3 TIPOS DE PESQUISA SEGUNDO A FONTE DOS DADOS Conforme a fonte dos dados, a pesquisa pode ser: bibliográfica, documental, de campo ou laboratorial: a) Pesquisa bibliográfica: é a realizada em publicações como livros, periódicos, artigos científicos, dentre outros. Segundo METRING (2011, p. 63), “basicamente todos os tipos de pesquisa iniciam-se pela pesquisa 6 UNIDADE 03 bibliográfica e utilizam-se deste procedimento para fundamentar suas conclusões e achados”. b) Pesquisa documental: é parecida com a pesquisa bibliográfica, mas diferencia-se quanto à fonte de dados: enquanto na pesquisa bibliográfica a fonte são dados já analisados, interpretados e publicados, na pesquisa documental a fonte de dados são documentos originais. c) Pesquisa de campo: é aquela na qual a investigação é feita “em ambiente natural, não controlada, e que envolve a observação direta do fenômeno como ocorre” (METRING, 2011, p. 64). Via de regra, o pesquisador escolhe um grupo, que pode ser definido pelo sexo, faixa etária, etc. e investiga, junto à categoria escolhida, dados que serão, futuramente, analisados e interpretados (pesquisa qualitativa1), ou até mesmo, que simplesmente servirão para demonstrar uma estatística (pesquisa quantitativa). d) Pesquisa laboratorial: Como o nome já diz, é a pesquisa desenvolvida no âmbito de laboratórios previamente preparados para “intervir no fenômeno, analisar os resultados da intervenção de forma controlada e manipular variáveis independentes, podendo obter resultados mais exatos e fidedignos que nas outras modalidades” (METRING, 2011, p. 65). 3.4 TIPOS DE PESQUISA SEGUNDO O PROCEDIMENTO DE COLETA Quanto ao procedimento de coleta a pesquisa pode ser: por levantamento, por estudo de caso, por experimentação, ou pesquisa-ação. a) Pesquisa por levantamento: relaciona-se com a investigação direta com as pessoas envolvidas no contexto a ser investigado. A pesquisa de campo é tipicamente de levantamento. 1 A pesquisa qualitativa tem como característica o enfoque interpretativo dos fatos, enquanto que a pesquisa quantitativa visa garantir a precisão dos resultados por meio de levantamento estatístico (JUSTINO, 2013, p. 29) 7 UNIDADE 03 b) Pesquisa por estudo de caso: nesse modelo o pesquisador dedica-se ao estudo de um caso, buscando responder a perguntas do tipo “como” e “por que”. É muito usado na área das ciências biomédicas e da psicologia. c) Pesquisa por experimentação: esse modelo de pesquisa, de modo geral, “obedece aos critérios de tentativa e erro e pode ser realizada em qualquer ambiente, com a principal finalidade de testar hipóteses” (METRING, 2011, p. 67). d) Pesquisa-ação: “a participação do pesquisador acontece em conjunto com os envolvidos na situação a ser estudada, e ambos colaboram e participam integralmente do processo” (JUSTINO, 2013, p. 27). Trata-se da busca por respostas a um problema coletivo, na qual os pesquisadores e participantes atuam e cooperam mutuamente. Dependendo do curso ou da área, um tipo de pesquisa será mais utilizado do que outro. No Curso de Direito, por exemplo, grande parte dos trabalhos solicitados pelos professores versarão sobre temas pré-estabelecidos e utilizarão como fonte de pesquisa a legislação, a doutrina e a jurisprudência. Assim, tais pesquisa podem ser classificadas como: teóricas, exploratórias, bibliográficas e por levantamento. Ao completar esta unidade você deverá ser capaz de identificar quais os tipos de pesquisa envolvem um trabalho, conforme os seus requisitos e características. Nesta unidade aprendemos o que é pesquisa científica, analisando os seus requisitos e os seus mais variados tipos, seguindo uma classificação que divide os tipos de pesquisa segundo a sua natureza, os seus objetivos, as fontes dos dados e os procedimentos de coleta. 8 UNIDADE 03 REFERÊNCIAS BIAGI, Marta Cristina. Pesquisa científica – roteiro prático para desenvolver projetos e teses. 1. ed. 2. reimpr. Curitiba: Juruá, 2011. CASARIN, Helen de Castro Silva; CASARIN, Samuel José. Pesquisa científica: da teoria à prática. Curitiba: InterSaberes, 2012. JUSTINO, Marinice Natal. Pesquisa e recursos didáticos na formação e prática docentes. Curitiba: InterSaberes, 2013. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001. METRING, Roberte Araújo. Pesquisas científicas: planejamento para iniciantes. Curitiba: Juruá, 2011. SANTOS, Gisele do Rocio Cordeiro Mugnol; MOLINA, Nilcemara Leal; DIAS, Vanda Fattori. Orientações e dicas práticas para trabalhos acadêmicos. Curitiba: Ibpex, 2007.
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