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023 PERICIA EM VÍTIMAS DE ACIDENTE DE CONSUMO

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PERICIA EM VÍTIMAS DE ACIDENTE DE CONSUMO
*Luis Carlos Cavalcante Galvão
Com o advento do Código de Defesa do Consumidor Brasileiro um novo tipo de vítima se apresenta perante o Perito para ser submetida a exame médico legal.
Por definição entende-se como "Acidente de Consumo" toda situação em que ocorre, mesmo que corretamente utilizado, um dano a saúde ou a segurança do consumidor causado por produto ou serviço.
Antigamente o dano estava restrito ao defeito apresentado pelo serviço ou produto utilizado. Hoje o C.D.C. (Código de Defesa do Consumidor) garante direito à indenização por danos físicos e morais.
O Consumidor prejudicado pode acionar o responsável pelo dano no Foro Penal (Delegacia), nos Juizados Especiais Cíveis (antigamente chamados de Juizados de Pequenas Causas) quando a indenização pretendida ou valor da causa seja de até 20 (vinte) salários mínimos, e nestes casos não é necessário, a presença de Advogado para acompanhar a vítima.
Quando os valores indenizatórios são de 21 até 40 salários mínimos, ainda é possível recorrer ao Juizado Especial Cível, mas neste caso a assistência de um Advogado é obrigatória.
Quando as pretensões indenizatórias ultrapassam estes valores pode-se recorrer à ação indenizatória na justiça comum.
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Art. 60 - São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
IX - (Vetado)
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Alguns fatores são facilitadores para o aparecimento de acidentes de consumo; fabricação de produtos fora das normas e especificações; falta de informações corretas quanto ao uso de serviço ou produto, falta de controle colocando produtos defeituosos no mercado, etc.
O fornecedor do serviço ou produto está obrigado a informar ao consumidor os riscos que eventualmente possam oferecer.
Estes acidentes acontecem com freqüência por embalagens inadequadas causando lesões, eletro-eletrônicos provocando choque elétrico e até mesmo explosões, cosméticos e medicamentos sem devido registro em órgão competente do governo, resultando em processos alérgicos de leve a grave, produtos de higiene pessoal provocando patologias de pele e problemas alérgicos, alimentos sem controle sanitário adequado levando a contaminações, infecções e intoxicações, produtos escorregadios no piso de supermercados causando queda com lesões severas em clientes, que poderiam ser evitados com medidas preventivas de segurança, etc.
O CDC foi criado através da Lei N.o 8.078 de 1990 e fornece proteção da saúde, da vida e da segurança contra os riscos produzidos no fornecimento de serviços ou produtos, sendo esta um Direito do Consumidor.
Só existe uma maneira do construtor, produtor, fabricante e importador não serem responsabilizados pelo (s) dano (s) causado (s). Quando conseguirem provar de forma inequívoca que:
A - não colocaram o produto no mercado;
B - mesmo tendo colocado o defeito inexistiu e inexiste.
C - a culpa exclusiva é do consumidor por não obedecer a normas do manual de instruções ou de terceiros não autorizados a manipular ou tentar qualquer tipo de "conserto".
Quem forneceu o serviço ou produto responde solidariamente independentemente de existência de culpa.
Os acidentes de consumo acarretam problemas diversos:
Para o Consumidor: lesões, gastos com tratamentos de saúde e medicamentos, comprometimento da capacidade laborativa, podendo inclusive em alguns casos chegar ao êxito letal.
Para o Poder Público: prejuízos sociais e financeiros, pois estes acidentes na sua grande maioria são atendidos e se amparam na rede pública de saúde, além do comprometimento da cadeia produtiva, pelo absenteísmo dele decorrente.
Para o Fornecedor: gastos com seu departamento jurídico, prejuízo com ações indenizatórias e o comprometimento da empresa, de sua imagem e de seus produtos ou serviços.
Ultimamente tem crescido o número de casos com produtos sem licença legal com casos de alopecia após uso de Shampoo vendido, no sistema porta a porta, produtos ditos naturais para emagrecimento, pomadas e cremes anti- rugas sem licença ou autorização da ANVISA, etc.
O caso do banco trazeiro do carro FOX ocupou as manchetes dos jornais por ter causado lesões e amputações de falanges dos quirodáctilos de seus proprietários ou ocupantes.
Geralmente os Advogados orientam seus clientes a entrarem com ações indenizatórias nos Juizados Especiais ou na Justiça Comum, no foro cível e no foro penal prestando queixa numa delegacia.
Como conseqüência podemos ter três tipos de perícias: cível nas ações indenizatórias, criminal (lesões corporais) nos IMLs, ou ainda uma perícia securitária se o bem ou serviço envolva algum tipo de seguro.
A história do fato, o registro das lesões com localização, dimensões, complicações funcionais, limitações de movimentos, esquemas anatômicos com localização das lesões e fotos.
O Laudo deve ser explicativo, conclusivo, ilustrativo e convincente, baseado sempre em fundamentos científicos encontrados na literatura médica.
PERICIA
As perícias realizadas em vítimas de acidentes de consumo acontecem na sua grande maioria por solicitação de Juizados Especiais Cíveis ou na Justiça comum, através de ações de reparação de danos e/ou indenizatórias onde o Juiz nomeará o seu Perito Médico e os Advogados das partes terão 5 (cinco) dias a partir da nomeação do perito para indicaram Médicos que atuarão como seus Assistentes Técnicos.
No Foro Penal o indivíduo vítima de lesões é encaminhado pela Autoridade competente para ser submetido no IML a exame médico-legal de lesões corporais, ou nos casos de óbito para exame necroscópico.
Geralmente estes exames de lesões corporais são acompanhados de quesitos suplementares de acordo com cada caso, formulados pelo Presidente do inquérito.
O histórico e o seu relacionamento com as lesões encontradas são de utilidade para o estabelecimento do nexo causal, devendo cada caso ser analisado detalhadannente com registro fotográfico das lesões encontradas. Devem ser solicitados todos os exames auxiliares necessários para o correto diagnóstico em cada perícia.
O Presidente do inquérito no Foro Penal ou o Juiz nos casos de ações de reparação de danos e/ou ações indenizatórias devem solicitar perícias em produtos e/ou serviços que produziram danos ou lesões formulando quesitos suplementares segundo a necessidade de cada caso em particular.
O Ministério Público deve estar atento no acompanhamento e na fiscalização das normas e procedimentos jurídicos.Cabe ao Legista conscientizar-se da sua importância neste tipo de perícia buscando sempre seu único compromisso: "o da verdade".

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