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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM DIABETES E HIPERTENSÃO modulo3

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AN02FREV001 
102 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM 
DIABETES E HIPERTENSÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 AN02FREV001 
103 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM 
DIABETES E HIPERTENSÃO 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001 
104 
 
MÓDULO III 
 
 
24 DIABETES MELLITUS 
 
 
Conceituada pela Sociedade Brasileira de Diabetes como uma síndrome de 
múltipla etiologia, que resulta da falta de insulina e/ou da incapacidade da insulina 
em exercer de maneira adequada os seus efeitos. É caracterizada pela 
hiperglicemia (aumento da quantidade de glicose no sangue), juntamente com 
distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas. As principais 
consequências desta patologia incluem os danos, disfunções e falência de vários 
órgãos, essencialmente os rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos. 
Segundo o Ministério da Saúde (2006) o diabetes é um grupo de doenças 
metabólicas caracterizada pela hiperglicemia e associada a complicações, 
disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, 
cérebro, coração e vasos sanguíneos; podendo resultar de defeitos de secreção de 
insulina ou defeitos na ação da insulina, envolvendo processos patogênicos 
específicos, como por exemplo, destruição das células beta do pâncreas, resistência 
a ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros. 
Conforme Brunner & Suddarth (1998), o Diabetes Mellitus defini-se como um 
grupo de distúrbios heterogêneos caracterizado por níveis elevados de glicose no 
sangue. Em uma pessoa normal certa quantidade de glicose circula no sangue, 
sendo formada no fígado a partir de alimentos ingeridos; a insulina, um hormônio 
produzido pelo pâncreas, é responsável pelo controle do nível de glicose no sangue 
regulando a produção e armazenamento de glicose. 
No diabetes, a capacidade do corpo de responder à insulina pode diminuir, 
ou o pâncreas pode parar totalmente de produzir insulina, levando a uma 
hiperglicemia, podendo resultar em complicações metabólicas agudas e em longo 
prazo contribuir para complicações crônicas, estando associado a um aumento da 
ocorrência de doenças macrovasculares, incluindo infarto agudo do miocárdio, 
derrames e doença vascular periférica. 
 
 AN02FREV001 
105 
Para entender melhor o mecanismo do Diabetes no organismo, bem como 
da insulina e ação da glicose é necessário relembrar a anatomia e fisiologia do 
pâncreas humano, que é responsável pela produção dos hormônios reguladores dos 
níveis de glicose no organismo, conforme consta a seguir. 
 
 
25 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO PÂNCREAS 
 
 
O pâncreas é um órgão relativamente pequeno que pesa no adulto cerca de 
100 gramas e mede cerca de 15 cm. Situa-se em condições normais na porção 
superior do abdômen, abaixo do estômago e é interligado por um canal ao duodeno; 
é dividido em partes denominadas: cabeça, corpo e cauda. Este órgão é classificado 
como uma glândula anfícrina, por possuir uma porção exócrina e outra endócrina, 
que fazem parte do sistema digestório humano. 
A porção do pâncreas que exerce função exócrina é responsável pela 
síntese do suco pancreático, que contém enzimas que atuam na digestão de 
carboidratos (amilase pancreático), lipídios (lípase pancreática) e proteínas 
(proteases: quimiotripsina e carboxipeptidase). 
 
 
FIGURA 19 – PÂNCREAS HUMANO EM CORTE LONGITUDINAL 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.mdsaude.com>. Acesso em: 6 jun. 2009. 
 
 AN02FREV001 
106 
A porção do pâncreas que desempenha uma função hormonal ou endócrina 
é formada pelas Ilhotas de Langerhans, que se constituem por dois tipos de células: 
as betas, responsáveis pela produção de insulina, e as células alfa, que produzem o 
glucagon. Ambos os hormônios são responsáveis pela manutenção de níveis ideais 
de glicose no sangue, ambos com efeitos contrários, diminuindo e aumentando 
respectivamente os valores da glicose no sangue. 
O controle glicêmico no sangue se faz da seguinte maneira: após a 
alimentação os níveis de glicose aumentam, neste momento o pâncreas secreta a 
insulina para manter os níveis de glicose ideais; a insulina desloca a glicose do 
sangue para os tecidos das células que compõem o corpo humano ou armazenam a 
glicose nas células alvo do fígado na forma de glicogênio, baixando com isso a 
glicemia. 
Por outro lado, quando se permanece muito tempo sem comer os níveis de 
glicose do sangue ficam baixos, menos que o aceitável, desta forma o pâncreas em 
condições normais passa a produzir e secretar glucagon estimulando a glicogênese 
(quebra do glicogênio, aumentando a taxa de glicemia) e transportando glicose no 
sangue. Quaisquer situações anormais na secreção da insulina nos efeitos da 
insulina no organismo provocam a hiperglicemia, índices maiores que os permitidos 
de glicose no sangue circulante, constituindo-se na Diabetes Mellitus. 
 
 
26 FUNÇÃO DA INSULINA NO CORPO 
 
 
A insulina exerce efeitos muito pronunciados sobre o metabolismo da maior 
parte dos diferentes tipos de alimentos – carboidratos, gorduras e proteínas. Sem 
insulina um animal ou um ser humano não consegue crescer, em parte por não 
poder utilizar mais que parte bem pequena do carboidrato que ingere, mas também 
por suas células serem incapazes de sintetizar proteínas. 
Também, na falta da insulina, as células utilizam quantidades grandes de 
gorduras, o que provoca condições de debilidade extrema, tais como perda de peso, 
acidose, e até mesmo coma. Mas diante destas informações, por que a insulina e 
seus efeitos são tão importantes? Vamos analisar abaixo como a insulina atua nos 
 
 AN02FREV001 
107 
alimentos para compreender esta importância. O mais importante efeito da insulina é 
o de promover o transporte de glicose para o interior de quase todas as células 
musculares, as células gordurosas e as células hepáticas. O mecanismo de ação da 
insulina é mostrado na figura abaixo. 
A glicose combina-se com uma substância carreadora na membrana celular 
e, em seguida, difunde-se para o interior da membrana, onde é liberada no 
citoplasma. O carreador é utilizado repetidamente para o transporte de quantidades 
adicionais de glicose. Esse tipo de transporte chama-se difusão facilitada. Isso 
significa que a combinação da glicose com o carreador torna mais fácil a difusão da 
glicose por meio da membrana, entretanto esse transporte jamais fará com que a 
concentração de glicose no interior da célula fique maior que o exterior. 
O efeito da insulina sobre o transporte de glicose é o de ativar o mecanismo 
de difusão facilitada. Dentro de período de segundos a minutos após a combinação 
da insulina com a membrana celular, a intensidade da difusão da glicose para o 
interior celular aumenta de 15 a 20 vezes, o que sugere uma ação direta da insulina, 
seja sobre a própria membrana celular ou sobre o sistema de transporte da glicose. 
O transporte de glicose para o interior das células hepáticas depende de 
mecanismo diferente. A membrana celular do fígado é tão permeável que a glicosepode, com toda a facilidade, difundir-se por meio dela, mesmo na ausência da 
difusão facilitada. Contudo, a glicose pode difundir-se nos dois sentidos, tanto para 
dentro como para fora das células. Mas, na presença de insulina, várias enzimas 
das células hepáticas são ativadas, o que promove o encarceramento da glicose no 
interior dessas células. 
Essas enzimas são as glicoquinase, que faz com que a glicose reaja com o 
íon fosfato, e o glicogênio sintetase, que faz com que grande número de moléculas 
de glicose reaja entre si para formar o glicogênio, o polímero da glicose de alto peso 
molecular. Na falta da insulina esse mecanismo de encarceramento cessa e outra 
enzima, a fosforilase, fica ativada e despolimeriza o glicogênio de volta à glicose, o 
que permite sua saída da célula. 
Quando a concentração de glicose fica acima do normal, o pâncreas secreta 
quantidades maiores de insulina que, por sua vez, promove o transporte rápido de 
glicose para o interior das células e a torna disponível para as funções celulares. 
Portanto, um dos efeitos óbvios da insulina é a de provocar a rápida utilização da 
 
 AN02FREV001 
108 
glicose para energia, pela maioria das células do corpo. Após uma refeição, quando 
existe excesso de glicose e insulina, a glicose é muitas vezes transportada para o 
interior das células hepáticas e musculares em quantidades muito maiores que as 
que podem ser utilizadas para energia. 
Como resultado, uma grande parte dessa glicose fica armazenada sob a 
forma de glicogênio: a concentração do glicogênio nas células hepáticas pode, por 
vezes, atingir até 5 a 6% e, nas células musculares, mais de 1%. Durante os 
períodos de intervalos durante as refeições, as células musculares reconvertem o 
glicogênio de volta à glicose, usando-a para energia. Por outro lado, nas células 
hepáticas a enzima fosforilase fica ativada e despolimeriza o glicogênio de volta a 
glicose, liberando essa glicose para o sangue circulante, por onde é levada a todas 
as regiões do corpo onde for necessária. Desse modo, o fígado é um dos depósitos 
temporários de glicose de maior importância. 
Após os depósitos hepático e muscular de glicose terem sido preenchidos, 
toda a glicose remanescente que ainda não pode ser usada de forma imediata é 
armazenada como gordura, nos depósitos de gordura. Cerca de nove décimos 
dessa gordura são sintetizados no fígado a partir do grande excesso de glicose que 
é transportada para essas células, sob a influência da insulina. Em seguida, essa 
gordura é liberada para o sangue, sob a forma de lipoproteínas e transportadas para 
as células gordurosas (adiposas) no tecido gorduroso. 
Além disso, outro décimo dessa gordura de depósito é sintetizado nas 
próprias células gordurosas. A insulina promove o transporte de glicose para essas 
células de modo idêntico ao das outras células do corpo. Em resumo, o efeito da 
insulina sobre o metabolismo da glicose é o de aumentar sua utilização para energia 
ou o de fazer com que a glicose fique armazenada sob a forma de glicogênio ou sob 
a forma de gordura. 
Em presença de grandes quantidades de insulina, o rápido transporte de 
insulina para o interior das células em todo o corpo diminui sua concentração 
sanguínea. De modo inverso, a falta de insulina faz com que a glicose fique retida no 
sangue, ao invés de penetrar nas células. A falta completa de insulina, usualmente 
produz um aumento da concentração sanguínea de glicose, desde o valor maior 90 
mg para cada 100 ml, até valores da ordem de 350 mg para 100 ml. Por outro lado, 
 
 AN02FREV001 
109 
um aumento acentuado da insulina pode reduzir a glicose sanguínea até cerca de 25 
mg por 100 ml, isto é, um quarto do normal. 
O efeito da insulina sobre o metabolismo das gorduras é quase que 
exatamente o oposto do que exerce sobre o metabolismo da glicose. Isto é, insulina 
inibe de modo acentuado, quase em todos os aspectos o metabolismo da glicose, 
como foi descrito acima. A insulina dificulta o metabolismo das gorduras por dois 
meios: 
 
 Primeiro, quando a glicose está presente em excesso no interior das 
células, essas células demonstram preferência para a utilização da glicose em lugar 
da gordura para o metabolismo, devido à natureza dos sistemas enzimáticos 
intracelulares. Como resultado, a intensidade da degradação dos ácidos graxos fica 
muito diminuída. 
 Segundo, antes que a gordura que foi depositada nas células 
gordurosas possa ser utilizada para energia, deve ser liberada das células. O 
mecanismo dessa liberação é para que uma enzima, presente nas próprias células 
gordurosas, chamada de lípase hormônio-sensível, desdobre os ácidos graxos das 
gorduras armazenadas que difundem para o sangue. 
Contudo, a insulina inibe a lípase hormônio-sensível, de modo que, uma vez 
que a gordura tenha sido depositada nas células gordurosas, ela não será liberada 
enquanto existir insulina em quantidades suficientes para inibir a lípase hormônio- 
sensível. Dessa forma, em presença de insulina, a gordura fica relativamente 
impossível de ser utilizada para o metabolismo, enquanto que a disponibilidade de 
glicose fica muito aumentada. 
Na falta de insulina, em termos essenciais, todas as fases do metabolismo 
das gorduras ficam muito aceleradas. Primeiro, a lípase hormônio sensível das 
células gordurosas fica fortemente ativada e grandes quantidades de ácidos graxos 
são liberadas para o sangue. Segundo, esses ácidos graxos ficam facilmente 
disponíveis para as células de todo o corpo, e muitos deles são usados, de modo 
quase que imediato, para energia, em especial, pelas células musculares. Terceiro, 
grande proporção de ácidos graxos é transportada para o fígado, onde são 
convertidos em triglicerídeos, fosfolipídeos e colesterol. 
 
 AN02FREV001 
110 
Quarto, o metabolismo muito rápido dos ácidos graxos no fígado provoca a 
formação de quantidades muito grandes de ácidos acetoacético, que é liberado, logo 
em seguida, para o sangue. Boa parte desse ácido é utilizada pelas células para 
energia, mas parte permanece no sangue e pode ocasionar acidose generalizada 
grave, muitas vezes levando ao coma acidótico e até a morte, que são os efeitos 
mais penosos do diabetes. 
Há um aumento rápido dos ácidos graxos no sangue, quando ocorrer falta 
abrupta de insulina, como que ocorre por remoção do pâncreas. Deve, também, ser 
notado o aumento progressivo do ácido acetoacético sanguíneo, resultado de um 
metabolismo de gorduras excessivo e prolongado, além do acúmulo muito 
acentuado da glicose sanguínea, devido a não utilização celular de glicídios. 
A insulina é quase tão potente como o hormônio do crescimento em fazer 
com que ocorra deposição de proteínas nas células. Isso resulta de seus efeitos, 
tanto diretos como indiretos, sobre o metabolismo das proteínas. Os efeitos diretos 
da insulina sobre o metabolismo das proteínas são de três tipos: 
 
1. A insulina aumenta a intensidade do transporte da maioria dos 
aminoácidos por meio da membrana celular, o que aumenta as 
quantidades disponíveis de aminoácidos para a síntese celular de 
proteínas. 
2. A insulina aumenta a formação de ARN nas células; 
3. A insulina aumenta a formação de proteínas pelos ribossomos; 
 
Desse modo, a insulina exerce um potente efeito direto sobre a promoção da 
síntese de proteínas em todas ou na maioria das células. O efeito indireto da insulina 
sobre o metabolismo das proteínas é resultado da utilização da glicose pelas 
células. Quando a glicose está disponível para o uso energético ocorre o efeito 
poupador de proteína, pois os carboidratos são usados preferencialmente à insulina. 
Por outro lado, na ausência da insulina, esse efeitonão existe, de modo que são 
utilizadas grandes quantidades de proteína, como também de gordura, em lugar dos 
carboidratos, para energia. 
Dado que a insulina promove a formação de proteínas, bem como torna 
disponíveis grandes quantidades de energia dos carboidratos, esse hormônio exerce 
 
 AN02FREV001 
111 
efeito muito potente sobre o crescimento. Na verdade, sua falta, em um animal, 
produz retardo do crescimento na mesma intensidade em que ocorre com falta do 
hormônio do crescimento da hipófise anterior. Quando o teor da glicose sanguínea 
fica elevado, o pâncreas começa a secretar insulina dentro de poucos minutos. Isso 
é causado por efeito direto da glicose sobre as células beta das ilhotas pancreáticas, 
fazendo com que secretem quantidades muito acentuadas de insulina. 
Essa insulina, por sua vez, faz com que a glicose em excesso seja 
transportada para o interior das células, onde poderá ser usada para energia, 
armazenada como glicogênio ou convertida em gordura. Assim, o mecanismo da 
insulina é um modo de feedback para o controle da concentração da glicose no 
sangue e nos líquidos extracelulares. Isto é, um teor muito elevado de glicose 
provoca a secreção de insulina, que ocasiona maior utilização da glicose e retorno 
de suas concentrações aos valores normais. 
De modo inverso, quando o valor sanguíneo da glicose fica muito baixo, 
ocorre redução da secreção de insulina e a glicose passa a ser conservada nos 
líquidos orgânicos, até que sua concentração volte ao normal. O hormônio glucagon 
também participa no controle da concentração sanguínea da glicose. 
 
 
27 EFEITOS DO GLUCAGON NO ORGANISMO 
 
 
As células alfa das ilhotas de Langerhans secretam um hormônio chamado 
glucagon. Muitas das funções do glucagon são opostas às da insulina, embora 
outras complementem suas ações. O glucagon aumenta o teor sanguíneo de 
glicose; a insulina o diminui. Por outro lado, tanto a insulina quanto o glucagon 
aumentam a disponibilidade de glicose para a utilização celular. 
O glucagon realiza isso por mobilizar a glicose do fígado; a insulina o faz por 
aumentar o transporte de glicose para o interior da célula. Por exemplo, durante o 
exercício intenso, os dois hormônios atuam em conjunto, para que ocorra maior 
utilização de glicose pelos músculos. O glucagon aumenta a concentração 
sanguínea de glicose por dois mecanismos. Primeiro, aumenta a degradação do 
 
 AN02FREV001 
112 
glicogênio hepático em glicose, tornando-a disponível para ser transportada para o 
sangue. 
O glucagon exerce esse efeito pela ativação da enzima adenilciclase nas 
membranas das células hepáticas, o que aumenta o teor de AMP cíclico nas células 
hepáticas. Esse AMP cíclico, então, ativa a enzima fosforilase, que promove a 
glicogenólise (degradação do glicogênio hepático em glicose). Segundo, o glucagon, 
aumenta a glicogênese (conversão de proteína em glicose) pelo fígado. Exerce esse 
efeito, em sua maior parte, pela ativação do sistema enzimático das células 
hepáticas responsáveis por esse processo. 
A concentração sanguínea da glicose pode aumentar de até 20% dentro de 
alguns minutos após a injeção do glucagon. A secreção de glucagon é controlada de 
modo quase exatamente oposto ao da insulina. Isto é, quando a concentração 
sanguínea de glicose cai abaixo do normal, o pâncreas começa a secretar maiores 
quantidades de glucagon para o sangue. 
Em verdade quando a secreção sanguínea de glicose cai até 60 mg por 100 
ml de sangue (mais ou menos 30% abaixo do normal), o pâncreas, em termos 
literais, joga glucagon para o sangue. Esse efeito do baixo teor de glicose sobre a 
secreção de glucagon provoca a liberação quase imediata de glicose pelo fígado, o 
que, de forma muito rápida, aumenta de novo o teor de sangue até de volta ao 
normal, de 90 mg por 100 ml. 
Desse modo, o mecanismo do glucagon, como o mecanismo da insulina, 
participa da regulação da concentração sanguínea de glicose, mas com uma 
diferença: o mecanismo do glucagon é especialmente ativado durante o exercício 
intenso e os períodos de destruição, pois ambos agem no sentido de baixar a 
glicose sanguínea. Uma função especialmente importante do glucagon é a de 
manter a concentração de glicose alta o suficiente para o funcionamento normal dos 
neurônios cerebrais e, portanto, para impedir as convulsões e o coma 
hiperglicêmico. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001 
113 
28 EFEITOS FISIOPATOLÓGICOS DO DIABETES MELLITUS 
 
 
A anormalidade primária do diabetes é a incapacidade de utilizar 
quantidades adequadas de glicose para energia, empregando pelo contrário 
quantidades excessivas de gorduras. Isso faz com que o teor sanguíneo da glicose 
fique muito aumentado, por vezes chegando até o triplo do normal e em raros casos 
até dez vezes o valor normal. 
Grandes quantidades de glicose são perdidas na urina, visto que os túbulos 
renais não conseguem reabsorver toda a glicose que chega ao filtrado glomerular 
por minuto. A glicose tubular em excesso também provoca pressão osmótica 
extremamente aumentada nos túbulos, o que reduz a absorção de água. Como 
resultado a pessoa diabética perde grandes quantidades de glicose e água na urina. 
Em casos extremos o volume excessivo de urina pode causar a desidratação 
extracelular, o que, por si só pode ser lesivo. 
A incapacidade da pessoa diabética em utilizar a glicose para energia priva-
a de parte importante de energia de seu alimento. Ela torna-se uma pessoa 
enfraquecida devido ao consumo aumentado de gorduras e proteínas. Como 
resultado da deficiência nutricional do diabetes, o indivíduo diabético sente 
habitualmente muita fome, de modo que come, na maioria das vezes com grande 
voracidade, muito embora a fração de carboidratos do que ingere pouco contribua 
para a nutrição. 
O diabetes prolongado causa o desenvolvimento precoce da aterosclerose, 
o que, subsequentemente, pode provocar ataques cardíacos, lesões renais, 
acidentes vasculares cerebrais e outros distúrbios circulatórios. A razão para esse 
desenvolvimento da aterosclerose é que, mesmo com o melhor tratamento do 
diabetes, o metabolismo da glicose nunca pode ser mantido em nível 
suficientemente alto para impedir o metabolismo excessivo das gorduras e o 
depósito do colesterol nas paredes dos vasos sanguíneos é sempre um 
acompanhamento indesejável do metabolismo rápido das gorduras. 
Devido a isso, a pessoa que apresenta diabetes em fase muito jovem de sua 
vida tem, em geral, sobrevida reduzida, não importando quão bem seja tratado. O 
hiperinsulinismo pode ocorrer, na maioria das vezes, como resultado do tratamento 
 
 AN02FREV001 
114 
exagerado de pessoa diabética com insulina ou de secreção muito aumentada de 
insulina por tumor de ilhota pancreática. Nos dois casos, a consequência é uma 
concentração sanguínea muito baixa de glicose. Por sua vez, isso causa, 
inicialmente, hiperexcitabilidade cerebral, e depois coma. Os neurônios cerebrais 
exigem um suprimento constante de glicose por não poderem utilizar quantidades 
significativas de gorduras ou de proteínas para a energia. 
Ainda mais, a intensidade da captação de glicose pelos neurônios, 
diferentemente do que acontece com as outras células, é dependente, em sua maior 
parte, da concentração sanguínea de glicose, e não no teor disponível de insulina. 
Sempre que há excesso de insulina, a glicose sanguínea fica muito diminuída e os 
neurônios não recebem mais a quantidade de glicose necessária ao seu 
metabolismo. Isso faz com que fiquem primeiro, muito excitados, e, em seguida, 
deprimidos. 
Na fase de excitação podem ocorrer convulsões, mas na fase de depressão, 
a pessoa entra em coma, muito semelhanteà que ocorre no diabetes não tratado. 
Na verdade, por vezes, é muito difícil o diagnóstico da causa do coma em um 
diabético. Pode ser o resultado da secreção insuficiente de insulina, como acontece 
no coma diabético, ou do tratamento com insulina em demasia, quando a causa do 
coma passa a ser hiperinsulinismo. 
 
 
29 CETOSE E COMA DIABÉTICO 
 
 
O metabolismo extraordinariamente rápido das gorduras no diabetes pode, 
por vezes, aumentar a quantidade de cetoácidos nos líquidos extracelulares até 
cerca de 10 mEq/litro, o que é 10 vezes maior que o normal. Em certas situações 
isso é suficiente para fazer com que o pH dos líquidos orgânicos caia de seu valor 
normal de 7,4 para tão baixo quanto 7,0, ou – em condições muito raras – até de 
6,9. Esse grau de acidose é incompatível com a vida por mais de algumas horas. 
A pessoa nesta situação respira extremamente rápido e profundo, para 
eliminação do gás carbônico, o que ajuda a compensar a acidose metabólica, mas 
apesar disso, a acidose, muitas vezes chega a uma intensidade suficiente para 
 
 AN02FREV001 
115 
causar coma. A não ser que seja tratada, a pessoa, na grande maioria dos casos, 
morre em 24 horas. O tratamento consiste na pronta administração de insulina em 
grandes doses. Algumas vezes é administrada glicose juntamente com a insulina, 
para favorecer a troca do metabolismo das gorduras pelo dos carboidratos; a 
administração venosa de soluções alcalinas também pode ser muito benéfica na 
neutralização da acidose. 
 
 
30 TIPOS DE DIABETES 
 
 
30.1 DIABETES TIPO 1 
 
 
O Diabetes Tipo 1 ocorre quando o organismo humano deixa de produzir 
insulina ou produz em pequena quantidade devido à destruição das células beta do 
pâncreas; essa destruição se dá porque o organismo começa a produzir anticorpos, 
interpretando as células beta como corpos estranhos. Segundo o Ministério da 
Saúde (2006), a destruição das células beta do pâncreas é causada geralmente por 
processo autoimune, que pode ser detectado por autoanticorpos circulantes 
antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD), anti-ilhotas e anti-insulina, e em 
algumas situações pode estar associado a doenças autoimunes como, por exemplo, 
a Tireoidite de Hashimoto, doença de Addison e a miastenia gravis, sendo que em 
menor proporção as causas da destruição das células beta são desconhecidas. 
Segundo Brunner & Suddarth (1998), a Diabetes tipo 1 é caracterizada pela 
incapacidade em produzir insulina porque as células betapancreáticas foram 
destruídas por um processo autoimune. A hiperglicemia de jejum ocorre como 
resultado de uma produção não controlada de glicose pelo fígado. Além disso, a 
glicose derivada dos alimentos não pode ser estocada no fígado, mas permanece na 
corrente sanguínea e contribui para a glicemia pós-prandial (após refeições). 
Ocorre degradação de gordura, resultando em um aumento de produção dos 
corpos cetônicos, que são subprodutos da degradação de gorduras. Os corpos 
cetônicos são ácidos que perturbam o equilíbrio ácido-básico do corpo quando se 
 
 AN02FREV001 
116 
acumulam em quantidades excessivas. A resultante Cetoacidose Diabética (CAD) 
pode causar sintomas tais como dor abdominal, náuseas, vômitos, hiperventilação, 
odor de frutas no hálito e, se não tratada, nível alterado de consciência, como e 
morte. O início do tratamento com insulina, juntamente com líquidos e eletrólitos 
necessários, melhora rapidamente as anomalias metabólicas e resolve os sintomas 
de hiperglicemia e CAD, juntamente a isso é importante dieta, exercícios frequentes 
e a monitorização dos níveis de glicose. 
As causas do Diabetes Tipo 1 ainda são desconhecidas, algumas pesquisas 
identificaram a presença de um gene que poderiam predispor a pessoa à doença, 
entretanto, em algumas pessoas portadoras do Diabetes Tipo 1 este mesmo gene 
não foi encontrado; estuda-se ainda a possibilidade de ser uma causa própria do 
organismo ou causa externa. A maioria de pessoas acometidas por este tipo de 
Diabetes possui menos de 35 anos de idade. Esses pacientes necessitam receber 
insulina continuamente para auxiliar o metabolismo dos açucares no organismo, 
permitindo a formação de energia. 
Sintomas identificados neste no Diabetes Tipo 1: 
• Vontade de urinar diversas vezes 
• Fome frequente 
• Sede constante 
• Perda de Peso 
• Fraqueza 
• Fadiga 
• Nervosismo 
• Mudanças de Humor 
• Náuseas 
• Vômitos 
 
 
30.2 DIABETES TIPO 2 
 
 
No Diabetes Tipo 2 existe a produção contínua da insulina pelo pâncreas, o 
problema reside na incapacidade de absorção das células musculares e adiposas, 
 
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117 
que por alguma razão não conseguem metabolizar a glicose suficiente da corrente 
sanguínea, esta anomalia denomina-se de Resistência Insulínica. Segundo Brunner 
& Suddarth (1998), no Diabetes Tipo II existem dois problemas principais 
relacionados à insulina: resistência à insulina e secreção prejudicada de insulina. A 
resistência à insulina refere-se a uma sensibilidade diminuída dos tecidos a ela, que 
se torna menos efetiva na estimulação da captação de glicose pelos tecidos. 
Na secreção prejudicada de insulina, que é característica do Diabetes tipo 2, 
há suficiente insulina presente para evitar a degradação de gorduras e subsequente 
produção de corpos cetônicos. Portanto, a CAD não ocorre no Diabetes Tipo 2, 
entretanto, um diabetes tipo 2 alterado e descontrolado pode levar a outro problema 
agudo chamado hiperglicemia hiperosmolar não cetótica. 
O Ministério da Saúde (2006) define o Diabetes Tipo 2 como um termo 
usado para designar uma deficiência relativa de insulina. A administração de insulina 
nesses casos, quando efetuada, não visa evitar cetoacidose, mas alcançar controle 
do quadro hiperglicêmico. A cetoacidose é rara e, quando presente, é acompanhada 
de infecção ou estresse muito grave. 
O Diabetes Tipo 2 está mais associado ao fator hereditário do que o 
Diabetes Tipo 1, e existe uma grande relação entre o sedentarismo e a obesidade e 
o aparecimento da doença. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, 60 a 90% 
de pacientes com Diabetes Tipo 2 são obesos. Ocorre mais frequentemente nas 
pessoas acima de 40 anos de idade. O tratamento dos pacientes com Diabetes Tipo 
2 é a ingestão de antiglicêmicos por via oral e posteriormente nos casos necessários 
à associação destes com a insulina. 
 
Sintomas Diabetes Tipo 2: 
• Infecções Frequentes 
• Alteração Visual (Visão Embaçada) 
• Dificuldade na cicatrização de feridas 
• Formigamento nos pés 
• Furunculose 
 
 
 
 
 AN02FREV001 
118 
30.3 DIABETES NA GRAVIDEZ 
 
 
 A mulher pode passar por duas situações diferentes etiologicamente 
referentes à diabetes durante o período da gestação. Uma mulher pode ser diabética 
e engravidar, ou adquirir durante o período gestacional o chamado Diabetes 
Gestacional. As mulheres que têm diabetes diagnosticadas antes da gestação 
devem ser aconselhadas quanto ao tratamento da doença durante a gestação. Um 
controle precário do diabetes (hiperglicemia) na concepção tem sido associado à 
ocorrência de malformações congênitas. Por este motivo, as mulheres com diabetes 
devem ter um excelente controle deste distúrbio antes da concepção e durante a 
gravidez. 
A Sociedade Brasileira de Diabetes instrui que todas as mulheres diabéticas 
devem seguir com rigor o controle sobre os níveis glicêmicos, principalmente 
pensando que um dia poderão engravidar, evitando assim ao máximo as 
complicações da hiperglicemia na gestação. Sendo este controle contínuo, antes e 
durante a gravidez, já que o controle glicêmico rigoroso durante a gestação diminui a 
probabilidade dea criança nascer diabética. 
Diante disso, a programação da gravidez seria o melhor caminho para a 
mulher diabética, uma vez que ao decidir por engravidar, preventivamente já inicia 
um acompanhamento sobre as complicações já existentes e possíveis repercussões 
durante a gravidez. Uma gravidez não planejada não é motivo de desespero, mas 
sim de acompanhamento e controles rigorosos com a ajuda dos profissionais de 
saúde. 
O Diabetes Gestacional é a alteração nos níveis de glicose durante o 
período da gestação, podendo ou não persistir após o parto. É a hiperglicemia 
diagnosticada na gravidez, de intensidade variada, geralmente se resolvendo no 
período pós-parto, mas retornando anos depois em grande parte dos casos. Seu 
diagnóstico é controverso. A OMS recomenda detectá-lo com os mesmos 
procedimentos diagnósticos empregados fora da gravidez, considerando como 
diabetes gestacional valores referidos fora da gravidez como indicativos de diabetes 
ou de tolerância à glicose diminuída (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). 
 
 AN02FREV001 
119 
O diabetes gestacional ocorre em mulheres que não tinham diabetes antes 
da gestação. Desenvolve-se hiperglicemia durante a gestação devido à secreção de 
hormônios placentários. Todas as mulheres grávidas devem ser triadas quanto ao 
diabetes antes da 24º e 27º semanas gestantes. O tratamento inicial inclui 
modificações dietéticas e monitoramento de glicose. Caso a hiperglicemia persista é 
prescrito insulina. Os agentes hipoglicemiantes não devem ser usados durante a 
gestação (BRUNNER & SUDDARTH, 1998). 
Após o parto da criança, os níveis de glicose sanguínea na mulher com 
diabetes gestacional retornam ao normal. Entretanto, muitas que tiveram diabetes 
gestacional desenvolvem diabetes tipo 2 na vida adulta. Portanto, todas as mulheres 
que tiveram diabetes gestacional devem ser aconselhadas a manter seu peso 
corpóreo ideal e a se exercitarem regularmente para tentar evitar o início do diabetes 
tipo II. 
 
 
30.4 OUTROS TIPOS DE DIABETES 
 
 
Existem outras formas de Diabetes que ocorrem com menor frequência, são 
elas: 
1. Diabetes Secundário ao Aumento da Função das Glândulas Endócrinas: 
algumas doenças glandulares, devido ao aumento da função, podem 
prejudicar a ação da insulina e em pessoas predispostas aparecer o diabetes. 
Algumas das doenças são: hipertireoidismo, doença de Cushing, acromegalia 
ou gigantismo, feocromocitoma, glucagonoma. 
2. Diabetes Secundário a Doenças Pancreáticas: o diabetes pode ocorrer em 
decorrência de alguma doença pancreática, geralmente em pessoas 
possuidoras da doença e com predispostas ao diabetes tipo II, são elas: 
retirada cirúrgica do pâncreas de até 75%, pancreatite crônica e destruição 
pancreática por hemocromatose (acúmulo de ferro no fígado). 
3. Resistência Congênita ou Adquirida à Insulina: a ação da insulina é ineficiente 
devido a defeitos nos encaixes da insulina nos tecidos (receptores de 
insulina) e formação antirreceptores. 
 
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120 
4. Diabetes associado à Poliendocrinopatias Autoimunes: nesses casos existem 
anticorpos de células das ilhotas pancreáticas. 
5. Diabetes associado à Desnutrição e Fibrocalculoso: é devido à baixa ingestão 
proteica e consumo de alimentos com cianeto que, em conjunto, causam 
destruição das células pancreáticas e consequente diminuição da produção 
de insulina. 
6. Diabetes relacionada à anormalidade de insulina (insulinopatias): nestes 
casos há produção de insulina, entretanto, sua estrutura está alterada e com 
isso sua ação é ineficiente, o tratamento é feito com a insulinoterapia. 
7. Diabetes Tipo LADA (Latent Autoimmune Diabetes in Adults): conceitua-se 
como o surgimento tardio do Diabetes Tipo 2, sendo que a maior incidência 
está na faixa dos pacientes entre 35 e 60 anos, magros e com cetoacidose. 
Também é denominado como Diabetes 1.5 e costuma ser confundido com o 
Diabetes Tipo 2. 
 
 
31 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA 
 
 
A presença de níveis elevados de glicose no sangue é o principal critério 
para o diagnóstico do diabetes. Entretanto, pode-se dizer que o diagnóstico do 
diabetes é feito por meio da investigação clínica de sinais e sintomas e juntamente a 
esses, por meio da verificação por exames laboratoriais. Os principais sintomas de 
Diabetes são os denominados “4 Ps”: 
• Poliúria: corresponde ao aumento do volume urinário (acima de 2.500 
ml/24 horas) podendo ou não ser acompanhado de aumento na 
frequência urinária; 
• Polidipsia: sede excessiva; 
• Polifagia: ou hiperfagia corresponde à fome excessiva e aumento 
exagerado da ingestão alimentos sólidos; 
• Perda involuntária de peso. 
 
 
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121 
Outros sintomas que podem ser indicativos do diabetes são: fadiga, 
fraqueza, letargia, prurido cutâneo e vulvar, balanopostite (uma inflamação conjunta 
da glande e do prepúcio) e infecções de repetição. Quando a doença já causou 
complicações maiores pode ser diagnosticada por meio da retinopatia, neuropatia ou 
doença cardiovascular aterosclerótica. 
Vale ressaltar que existem casos de pacientes com Diabetes tipo II que são 
assintomáticos, desta forma o não aparecimento de sinais e sintomas não deve em 
nenhum momento ser critério de exclusão ao diagnóstico da doença, em todos os 
casos os fatores de risco devem ser avaliados em conjunto com os exames 
laboratoriais. Os principais exames laboratoriais que são utilizados na investigação 
diagnóstica do Diabetes são: 
 
• Glicemia de Jejum: a glicemia de jejum é realizada pela análise da 
quantidade de glicose presente no sangue venoso após 8 a 12 horas 
de jejum. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes e Associação 
Americana de Diabetes (2005), quando o resultado da glicemia de 
jejum estiver entre 70 a 99 mg/dl e 140 mg/dl após a sobrecarga de 
glicose, o exame é considerado normal; já nos casos em que o 
resultado do exame estiver entre 100 a 125 mg/dl o paciente é portador 
de uma glicemia inapropriada e é necessária a realização do TTG; nos 
resultados iguais ou acima de 126 mg/dl em dois exames consecutivos 
já existe o diagnóstico do diabetes e valores acima de 200 mg/dl em 
qualquer hora do dia o paciente também é diagnosticado com diabetes. 
Resumidamente: 
- Exame Normal: 70 a 99 mg/dl 
- Intolerância à Glicose: 100 a 125 mg/dl 
- Diabetes: iguais ou superiores a 126 mg/dl em jejum ou 200 mg/dl em 
qualquer horário do dia 
 
• Teste Oral de Tolerância a Glicose (TTG-75g): este exame consiste na 
administração por via oral pelo paciente em 75 g de glicose diluída em 
água em laboratório, após duas horas da ingestão pelo paciente é 
realizada a coleta do sangue venoso e feita a análise dos níveis de 
 
 AN02FREV001 
122 
glicose no sangue. O resultado igual ou superior a 200 mg/dl indica o 
diagnóstico de diabetes enquanto que se o resultado for entre os 
valores de 140 a 199 mg/dl o diagnóstico é de pré-diabetes e/ou 
intolerância à glicose. 
 
Segundo o Ministério da Saúde (2006) pessoas cuja glicemia de jejum situa-
se entre 110 e 125 mg/dL (glicemia de jejum alterada), por apresentarem alta 
probabilidade de ter diabetes, podem requerer avaliação por TTG-75g em 2h. 
Mesmo quando a glicemia de jejum for normal (< 110 mg/dL), pacientes com alto 
risco para diabetes ou doença cardiovascular podem merecer avaliação por TTG. 
 
 
32 FATORES DE RISCO 
 
 
No diabetes tipo I acredita-se que uma combinação de fatores genéticos, 
imunológicos e possivelmente ambientais (por exemplo, virais) contribua para a 
destruição das células beta. As pessoas não herdam o diabetes tipo 1 em si. O que 
elas herdam é uma predisposição genética, ou tendências para desenvolver estetipo de diabetes. 
Neste tipo de diabetes há a evidência de uma resposta autoimune, ou seja, 
uma resposta anormal na qual os anticorpos são dirigidos contra os tecidos normais 
do corpo, respondendo a esses tecidos como se eles fossem exógenos. Algumas 
pesquisas demonstram que alguns vírus ou toxinas podem estar relacionados à 
existência do diabetes tipo 1, sendo que estes vírus ou toxinas são vistos 
supostamente como precipitantes do processo autoimune, que leva à destruição das 
células beta. 
Os mecanismos que levam à resistência à insulina e a sua secreção 
prejudicada no Diabetes tipo 2 é desconhecido. Os fatores genéticos são 
considerados como tendo certo papel no desenvolvimento da resistência à insulina. 
Além disso, existem alguns fatores de risco que são conhecidos como estando 
associados ao desenvolvimento de Diabetes tipo 2, são eles: 
 
 
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123 
• Idade maior de 45 anos; 
• Obesidade (inclusive a obesidade infantil): índice de massa corporal 
igual ou acima de 25; 
• Obesidade Central: cintura abdominal maior que 102 cm para homens 
e maiores que 88 cm para mulheres; 
• História familiar: antecedentes familiares (pai ou mãe com diabetes); 
• Hipertensão: 140/90 mmHg; 
• Nível alto de colesterol e triglicerídeos: colesterol HDL de 35 mg/dl e/ou 
triglicerídeos 150 mg/dl 
• História de macrossomia ou diabetes gestacional; 
• Diagnóstico prévio de síndrome dos ovários policísticos; 
• Doença cardiovascular, cerebrovascular ou vascular periférica definida; 
• Estresse emocional; 
• Sedentarismo; 
• Mulheres que geram filhos com mais de 4 Kg; 
• Uso frequente de medicamentos como corticosteroides e/ou diuréticos. 
 
 
33 TRATAMENTO 
 
 
O tratamento do Diabetes é definido primeiramente a partir de sua etiologia, 
ou seja, dependendo do tipo de Diabetes que o paciente possui como também a 
causa, quando identificada. Em todos os casos, ao ser diagnosticado um paciente 
com diabetes todas as metas devem ser no sentido de manter a glicose sanguínea 
em níveis aceitáveis e prevenir as complicações que esta patologia pode causar. 
Desta forma, é importante que o profissional de enfermagem possua 
embasamento sobre as mudanças no estilo de vida do paciente, como forma de 
prevenir as intercorrências e sequelas que o Diabetes poderá ocasionar. Na maioria 
das vezes há indicação dos medicamentos por via oral ou a insulinoterapia, que em 
conjunto a hábitos de vida saudáveis leva a uma considerável redução dos níveis de 
complicações. 
 
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124 
O tratamento para diabetes tem forte influência sobre a qualidade de vida. O 
controle dos sintomas causado pela hiperglicemia impõe restrições ao paciente, 
envolvendo uma rotina prescrita para reeducação alimentar, atividade física, 
medicação e automonitoramento do sangue (Garrat et al., 2002). Além disso, quase 
sempre está acompanhada ao longo da vida por outras doenças crônicas, possuindo 
prognósticos incertos e que, apesar de contínuos tratamentos, podem causar 
sintomas e complicações agudas. 
Nos casos dos pacientes diagnosticados como pré-diabéticos, são 
essenciais as mudanças no estilo de vida, como caminho para que o paciente não 
venha a ser um futuro diabético. Alguns estudos demonstram que o 
acompanhamento do paciente pré-diabético e a educação continuada na mudança 
do estilo de vida diminui as chances do paciente ser diabético. É importante ter em 
mente que existe uma diferença entre o tratamento aplicado ao paciente com 
Diabetes Tipo 1 e Diabetes Tipo 2, mais no aspecto medicamentoso, já que as 
mudanças no estilo de vida dos pacientes equivale a todos os tipos de Diabetes. 
Os principais objetivos do tratamento do paciente com Diabetes Tipo 1 são: 
- promover o controle metabólico; 
- permitir desenvolvimento e crescimento adequado (geralmente por ser 
diagnosticado em pessoas jovens ou crianças); 
- promover o bem-estar físico e psíquico do paciente; 
- evitar as complicações crônicas. 
 
O tratamento da Diabetes Tipo 1 consiste: 
- terapia nutricional; 
- atividade física; 
- insulinoterapia. 
 
Os principais objetivos no tratamento do paciente com Diabetes Tipo 2 são: 
- controle metabólico; 
- manutenção da qualidade de vida; 
- não desenvolver complicações. 
 
 
 
 AN02FREV001 
125 
O tratamento do Diabetes tipo 2 consiste: 
- terapia nutricional; 
- atividades físicas; 
- antidiabéticos orais; 
- insulinoterapia (quando necessário); 
- manutenção de uma pressão arterial estável; 
- redução da dislipidemia. 
 
Diante disso abordaremos o tratamento farmacológico e não farmacológico 
para estudo, sendo que um não exclui o outro, e será competência do profissional 
médico realizar a orientação frente aos fármacos administrados e a necessidade da 
utilização da insulinoterapia para cada paciente diante do diagnóstico. 
 
Tratamento não farmacológico: consiste em ações e mudanças no estilo de 
vida do paciente e inclui: 
 
1. Terapia nutricional adequada: a dieta e o controle de peso constituem-
se na base do tratamento do paciente diabético. O tratamento do paciente diabético 
visa às seguintes metas: fornecimento de todos os alimentos essenciais, atingir e 
manter um peso razoável, atender as necessidades energéticas, evitar grandes 
flutuações diárias nos níveis de glicose sanguínea, mantendo os níveis os mais 
próximos do normal e diminuir os níveis de lipídios no sangue. 
 
Segundo o Ministério da Saúde (2006), as principais instruções na terapia 
nutricional do paciente diabético são: 
• A quantidade energética ingerida deve ser adequada à atividade física 
e ser fracionada em cinco a seis refeições/lanches diários; 
• A ingestão diária deve conter de 50 a 60% de carboidratos, a maior 
parte em forma complexa. Para tanto, os pacientes devem ser 
encorajados a comer alimentos ricos em fibras, como frutas, verduras, 
legumes, feijões e cereais integrais; 
 
 AN02FREV001 
126 
• A ingestão diária deve conter no máximo 30% de gorduras, sendo não 
mais de um terço sob a forma de ácidos graxos saturados; não exceder 
a 300 mg/dia de colesterol; 
• Alimentos que contêm sacarose (açúcar comum) devem ser evitados 
para prevenir oscilações acentuadas da glicemia. Quando consumidos, 
o limite é de 20 a 30g por dia de açúcar de forma fracionada e 
substituindo outro carboidrato para evitar o aumento calórico. A 
recomendação não é encorajá-los a comer doces, mas, auxiliá-los a, 
quando usar esses alimentos, fazê-lo de modo que não os prejudique; 
• A ingestão de álcool, quando consumido, deve ser moderada e de 
preferência com as refeições. O limite diário é de uma a duas doses, 
isto é, 10-20g de álcool/dia. Um copo (90 ml) de vinho contém 1,1 
doses, uma lata de cerveja (350 ml) 1,7 doses, e uma dose (35 ml) de 
destilados 2 doses de álcool. Pacientes com hipertrigliceridemia ou 
mau controle metabólico não devem ingerir bebidas alcoólicas; 
• O uso moderado de adoçantes não calóricos (ciclamato, sucralose, 
sacarina, aspartame, acesulfame, e stévia) é seguro quando 
consumido em quantidades adequadas. Os alimentos dietéticos podem 
ser recomendados, mas, é preciso ficar atento sobre seu conteúdo 
calórico e de nutrientes. Alimentos diet são isentos de sacarose, 
quando destinados a indivíduos diabéticos, mas, podem ter valor 
calórico elevado, por seu teor de gorduras ou outros componentes. 
Alimentos light são de valor calórico reduzido em relação aos alimentos 
convencionais. Os refrigerantes e as gelatinas dietéticas têm valor 
calórico próximo de zero e podem ser consumidos. Por outro lado, 
chocolate, sorvete, alimentos com glúten (pão, macarrão, biscoitos), 
mesmo quando diet, são calóricos eseu uso não deve ser encorajado. 
Adoçantes calóricos como a frutose (p. ex., o mel), devem ser usados 
com restrição, respeitando as limitações indicadas na orientação 
dietética. 
 
 
 
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127 
Mesmo diante destas orientações gerais para o paciente diabético é 
importante que cada paciente seja assistido individualmente e, neste contexto, o 
profissional que melhor irá trabalhar e orientar a dieta é o nutricionista, já que além 
da avaliação nutricional realiza inquérito com o paciente e estipula uma dieta de 
acordo com as necessidades nutricionais e econômicas do mesmo. 
Cabe à enfermagem estimular o paciente diabético a seguir adequadamente 
a dieta prescrita pelo nutricionista, bem como verificar as dúvidas do paciente frente 
à alimentação. O cuidado também deve estar voltado para o controle do peso 
corporal, isto tanto na população saudável, como nos pacientes já diabéticos, desta 
forma torna-se necessário o acompanhamento regular do peso do paciente e altura 
para mensuração da IMC. 
 
2. Exercícios Físicos: os exercícios são extremamente importantes no 
tratamento do paciente diabético devido aos seus efeitos na diminuição da glicose 
sanguínea e na redução dos fatores de risco cardiovasculares. Eles diminuem a 
glicose sanguínea, aumentando a captação de glicose pelos músculos do corpo e 
melhorando o uso da insulina, a circulação e o tônus muscular. Os exercícios de 
resistência podem aumentar a massa muscular magra, elevando, portanto, a taxa 
metabólica de repouso. Estes efeitos são úteis no diabetes em relação à perda de 
peso, diminuição do estresse e manutenção de uma sensação de bem-estar. Os 
exercícios também alteram os lipídios do sangue e diminuem os índices de 
colesterol total e triglicerídeos. 
 
Segundo o Ministério da Saúde (2006), as principais orientações no 
desenvolvimento de atividades físicas no paciente diabético são: 
• O exercício deve ser iniciado de forma gradual, como caminhadas por cinco 
a 10 minutos em terreno plano, aumentando semanalmente até alcançar 30 
a 60 minutos diários, cinco a sete dias por semana. Nesse processo, 
qualquer aumento de atividade física deve ser valorizado como um ganho de 
saúde e não como uma meta final não alcançada; 
• Os calçados devem ser confortáveis, evitando bolhas e calosidades; 
• A intensidade de atividade física deve ser aumentada progressivamente, 
tendo como objetivo atingir intensidade moderada (60 e 80% da frequência 
 
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128 
cardíaca máxima). Na prática, a mudança progressiva da intensidade pode 
ser orientada pelo teste da fala da seguinte maneira: a intensidade é leve 
quando ainda é possível cantar, moderada quando ainda é possível conversar 
confortavelmente, e intensa quando a pessoa fica ofegante, limitando a 
conversação; 
• Indivíduos com perda significativa de sensibilidade nos pés devem evitar 
caminhar em esteiras ou ao ar livre, correr, etc. Nesses casos, os exercícios 
mais recomendados são natação, ciclismo, remo e exercícios realizados na 
posição sentada. Casos com retinopatia proliferativa não tratada ou tratada 
recentemente devem evitar exercícios que aumentam a pressão intra-
abdominal, que têm efeito semelhante à manobra de Valsalva, que englobam 
movimentos rápidos da cabeça ou que envolvem risco de traumatismo ocular; 
• Antes de iniciar um exercício vigoroso é necessário afastar complicações 
como retinopatia proliferativa, neuropatia autonômica e doença cardíaca 
importante. Indivíduos com risco cardiovascular >10% em 10 anos ou com 
sintomas de neuropatia autonômica que desejam praticar exercício vigoroso, 
se eram anteriormente sedentários, devem ser encaminhados ao 
cardiologista para orientação; 
• As atividades ao gosto do paciente, como caminhar e dançar, devem ser 
incentivadas, especialmente quando programas estruturados não estão 
disponíveis; 
• Evitar aplicar insulina em local que será muito exercitado (p. ex., quando faz 
trabalho de fortalecimento de quadríceps, caminhada e corrida evitar 
aplicação na perna, fazendo-a no abdômen), pois pode afetar sua velocidade 
de absorção; 
• Se possível, realizar controle metabólico (glicemia capilar) antes da atividade. 
Postergar o início do exercício com glicemia > 250 mg/dL no tipo 1; 
• Ingerir um alimento contendo carboidrato se a glicemia for inferior a 100 
mg/dL; 
• Ingerir carboidratos de fácil digestão antes, durante e depois de exercício 
prolongado; 
• Diminuir a dose de insulina ou aumentar a ingesta de carboidrato (para cada 
30 minutos de exercício, 10 a 15g) quando for praticar exercício; 
 
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• Evitar exercitar-se no pico de ação da insulina; 
• Evitar exercícios de intensidade elevada e de longa duração (mais que 60 
minutos); 
• Carregar consigo um alimento contendo carboidrato para ser usado em 
eventual hipoglicemia; 
• Estar alerta para sintomas de hipoglicemia durante e após o exercício. 
 
3. Tratamento Farmacológico: consiste na administração de hipoglicemiantes 
por via oral e/ou uso da insulinoterapia, conforme avaliação e prescrição médica. O 
paciente é avaliado rotineiramente para detectar os sinais de ação eficiente ou não 
dos medicamentos utilizados. Os principais medicamentos orais utilizados no 
tratamento do paciente com diabetes tipo 2 são a Metformina e as Sulfonureias 
(Glibenclamida e Glicazida). A Metformina é um medicamento de escolha para a 
maioria dos pacientes diabéticos tipo 2, pois está associada a um menor número de 
complicações vasculares, não contribui para o aumento de peso e possui menor 
probabilidade de levar à hipoglicemia, entretanto, seu uso isolado nem sempre 
produz níveis de glicose controlados, necessitando por meio da avaliação médica a 
combinação com uma sulfonureia. 
 
As contraindicações no uso da Metformina são: 
- Diabetes tipo 1 
- Insuficiência Renal 
- Gravidez 
- Doenças hepáticas 
- Insuficiência cardíaca 
 
As contraindicações no uso das Sulfonureias são: 
- Diabetes tipo 1 
- gravidez 
- grandes cirurgias 
- infecções severas 
- estresse ou trauma 
- predisposição à hipoglicemia severa 
 
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- diminuição da função hepática ou renal 
- acidose ou estado pré-acidótico 
 
4. Insulinoterapia: constitui-se no uso da insulina para o tratamento do 
paciente diabético e é uma das escolhas médicas conforme o diagnóstico, etiologia 
e controle da doença. As principais indicações e uso clínico são: no Diabetes Tipo 1, 
no Diabetes Tipo 2 sem controle, Diabetes Gestacional e no Tratamento da 
Cetoacidose Diabética. 
Diante dos diversos tipos de insulina que existem no mercado atualmente, 
será mencionada pela classificação de ação os nomes e propriedades de cada tipo 
de insulina que pode ser prescrita ao paciente. A prescrição é de responsabilidade 
do médico, entretanto, cabe à enfermagem ter conhecimento frente à ação da 
insulina e aplicação, uma vez que está em contato direto com o paciente e 
desenvolve tais técnicas. 
Quanto à origem das insulinas elas podem ser classificadas como: Animal, 
suínas (obtidas do pâncreas do porco, bovinas - do pâncreas do gado - e mistas 
(obtidas do pâncreas do porco e do gado) e humanas, obtidas por intermédio da 
recombinação do DNA. A insulina pode ser classificada como: Ultrarrápida, Rápida, 
Intermediária e Lenta, conforme o tempo de início da ação no organismo do 
paciente. 
A insulina ultrarrápida - LISPRO possui o início da ação cinco a 15 minutos 
após a injeção subcutânea, seu pico de ação se faz em uma hora após a aplicação e 
sua duração total é de três horas; as vias utilizadas para administração são 
subcutânea, intramuscular ou endovenosa, sendo as últimas na maioria dasvezes 
indicada nos casos de Cetoacidose Diabética. 
A Insulina Rápida – REGULAR também conhecida como Insulina Cristalina 
possui seu início de ação 30 a 60 minutos após a administração, seu pico de ação 
ocorre em duas ou quatro horas após a injeção e a duração total gira em torno de 
seis a oito horas. Pode ser administrada por via endovenosa, intramuscular ou 
subcutânea, sendo que seu pico máximo de ação na administração endovenosa 
ocorre em 30 minutos após a aplicação. 
Por possuir um PH neutro a Insulina Rápida – REGULAR tem maior 
estabilidade em temperatura ambiente (cerca de duas a três semanas). Constitui-se 
 
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131 
em uma das insulinas de escolha no diabetes descompensado em associação com 
situações como infecções, choques, trauma cirúrgico e cetoacidose (via 
endovenosa); pode ser prescrita endovenosa por bomba de infusão nas terapêuticas 
de tratamento intensivo do diabetes mellitus. 
A Insulina de ação Intermediária – NPH (Neutral Protamine Hagedorn 
Insulin) possui uma ação mais lenta que as demais citadas anteriormente, pois é 
conjugada à protamina – que retarda a absorção da insulina pelo tecido subcutâneo. 
O início de sua ação ocorre uma a duas horas após a aplicação, tendo pico máximo 
de ação oito a 12 horas e duração total de 22 a 28 horas. É usada geralmente em 
combinação com a insulina lispro ou de ação regular. Não é indicada em situações 
de emergência e sua via de administração é subcutânea. 
A Insulina de Ação Lenta possui o início de ação em um a três horas após a 
aplicação, seu pico máximo de oito a 12 horas e duração de 20 a 24 horas; resulta 
da combinação de 70% de insulina ultralenta e 30% de insulina semilenta. A insulina 
de ação prolongada (Glargina, Detemir) possui ação após duas a quatro horas da 
administração e duração de 18 a 24 horas. No tratamento do paciente com insulina 
alguns fatores podem interferir a absorção da insulina como, por exemplo: local de 
administração, fluxo sanguíneo alterado por massagens ou banhos quentes, volume 
e concentração da insulina injetada e presença de anticorpos anti-insulina 
circulantes. 
 
 
33.1 CONSERVAÇÃO DA E TRANSPORTE DA INSULINA 
 
 
O uso da insulina como tratamento no paciente diabético inclui a educação 
deste e/ou dos familiares sobre o correto armazenamento e aplicação da terapia, já 
que na maioria das vezes este medicamento é utilizado diariamente pelo paciente 
em casa. Assim, é importante que o técnico de enfermagem, em conjunto com a 
equipe de saúde, realize um acompanhamento sobre a eficiência do tratamento em 
domicílio, bem como a orientação continuada sobre a administração da insulina pelo 
paciente. 
 
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132 
A insulina é um hormônio, e como tal é necessário que seja armazenada e 
conservada de forma adequada para que não perca suas propriedades 
farmacológicas. Desta forma, alguns princípios para a conservação da insulina 
devem ser seguidos, são eles: 
- os frascos de insulina não devem ser congelados e nem mantidos em 
temperatura inferior a 2º C; 
- devido à degradação que pode sofrer, não é recomendado que a insulina 
seja exposta ao sol; 
- as insulinas devem ser guardadas na geladeira, preferencialmente na 
gaveta dos legumes ou na prateleira mais próxima a esta, à porta não é indicada por 
apresentar maior variação de temperatura e mobilidade dos frascos a cada abertura. 
A temperatura para armazenamento é de 2 a 8ºC. A insulina armazenada na 
geladeira também deve ser retirada 10 a 20 minutos antes da aplicação, pois 
insulina gelada causa irritação local e dor no paciente; 
- a insulina que estiver em uso pode ser mantida em temperatura ambiente 
(15 a 30º). Após aberta tem duração máxima de até 30 dias, após este período 
perde a ação. Nestes casos, orientar o paciente que deixe o frasco de insulina no 
local mais fresco da casa; 
- antes de utilizar a insulina é importante conferir o prazo de validade no 
frasco; 
- antes de abrir o frasco de insulina colocar um rótulo com a data de abertura 
para controle de validade; 
- a insulina não pode ser exposta a temperaturas maiores que 30ºC e nem à 
luz solar; 
- quando a insulina é guardada em temperaturas erradas, ou quando é 
sacudida demasiadamente pode apresentar grumos, cristais ou agregados, isto 
indica que ela está desnaturada e não é mais aconselhável para uso; 
- a insulina regular tem aspecto límpido e transparente, enquanto a NPH 
possui aspecto leitoso. Qualquer alteração nestas características não administrar a 
insulina; 
- nos casos de pacientes que precisam viajar e levar a insulina, é necessário 
uma bolsa térmica ou de isopor sem gelo, no caso de não haver, o paciente pode 
levar em bolsa normal, mas sem expor ao calor ou sol, ao chegar ao destino colocar 
 
 AN02FREV001 
133 
na geladeira. Em caso de viagem de avião, não despachar com a bagagem, pois o 
compartimento de cargas tem temperatura muito baixa, podendo congelar a insulina. 
 
 
33.2 APLICAÇÃO DA INSULINA 
 
 
A aplicação da insulina no paciente pode ser feita por via endovenosa, nos 
casos de terapia intensiva ou tratamento específico de cetoacidose diabética, 
intramuscular ou subcutânea, conforme descrito anteriormente sobre os tipos de 
insulina, entretanto, a forma mais utilizada e que o paciente utiliza em casa é a 
administração da insulina subcutânea. Os instrumentos para administração da 
insulina subcutânea são: 
- Seringas de Insulina: que possuem escalas das unidades conforme a 
concentração. As seringas de insulina podem ter agulha fixa ou agulha removível. As 
seringas com agulha fixa apresentam-se em 30 UI, 50 UI e 100 UI, sendo que a 
graduação da escala nas seringas de 30UI e 50 UI é de 1 em 1, enquanto que na de 
100 UI é de 2 em duas, conforme a figura abaixo: 
 
 
FIGURA 20 - SERINGAS PARA APLICAÇÃO DE INSULINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.bd.com>. Acesso em: 28 jun. 2009. 
 
 
 
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134 
- Seringas: As seringas com agulhas removíveis são aquelas que não 
possuem a seringa fixa ao corpo da agulha. Neste tipo de seringa há retenção de até 
5 UI de insulina, denominado espaço morto, que não é calculada na dosagem da 
insulina e nem na administração ao paciente. Neste caso, quando existe uma 
prescrição de dois tipos de insulina, não é conveniente utilizá-las em mistura, uma 
vez que poderá ocorrer um erro de dosagem ou uma superdosagem de um dos tipos 
de insulina administrado em conjunto (GROSSI, 2004). 
A capacidade de volume de cada seringa é medida em centímetros cúbicos 
(cc), ou seja, um centímetro cúbico é equivalente a 1 ml, que equivale a 100 UI de 
insulina. Por exemplo, 0,5 cc = 0,5 ml = 50 UI. A graduação da seringa pode ser 
dupla ou simples, na dupla cada traço da seringa corresponde a duas unidades, 
enquanto que na simples cada traço refere-se a uma unidade de insulina. 
As agulhas removíveis apresentam-se no tamanho de 13 x 0,45 mm, 
enquanto as agulhas fixas aumentam as opções para os tamanhos 12,7 x 0,33 mm e 
8 x 0,30 mm. A escolha pelo tamanho da agulha depende da apresentação física do 
paciente. Para pacientes obesos ou acima do peso indica-se o uso da agulha 12,7 x 
0,33 mm, encontradas tanto para uso em seringas como para uso em canetas. Os 
adultos com tipo físico normal ou magros podem utilizar a agulha 8 x 0,30 mm das 
seringas ou 5 mm para as canetas. 
Pessoas obesas ou acima do peso, mas com pouco tecido subcutâneo nos 
braços e coxas, podem usar as agulhas 8 e 5 mm nestas regiões ou 12 para o 
abdômen. Segundo a Associação Americana de Diabetes (1998), quanto menor o 
comprimento e diâmetro da agulha, menor a dor durante aaplicação. No entanto, as 
agulhas curtas não são indicadas para pessoas obesas devido à variabilidade da 
absorção da insulina. 
- Canetas Injetoras: as canetas injetoras são outra possibilidade de 
instrumento utilizado na administração da insulina subcutânea. No Brasil existem 
atualmente canetas injetoras descartáveis e reutilizáveis. Está indicada 
principalmente nos casos de pacientes que fazem uso de múltiplas doses diárias de 
insulina e associada por alguns estudos, devido à praticidade, ao melhor controle 
glicêmico do diabete. 
 
 
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135 
Cada caneta possui um local onde é colocado o refil de insulina, atualmente 
existindo refil de até 30 ml ou 300 UI de insulina. O paciente, antes da aplicação, faz 
a seleção da dose de insulina prescrita por rotação de um botão e após aciona a 
aplicação, em ângulo de 90º, sem necessidade de prega cutânea. As opções de 
tamanho de agulha para caneta são: 12,7 x 0,33 mm, 8 x 0,25 mm, 6 x 0,30 mm e 
de 5 x 0,25 mm. 
Segundo Almeida (1998) e Oliveira (1999), as canetas injetoras apresentam 
vantagens para quem realiza múltiplas aplicações diárias de insulina. Entretanto, o 
custo na aquisição deste instrumental dificulta sua utilização pela maioria dos 
portadores de diabetes. 
 
 
FIGURA 21 - CANETA PARA APLICAÇÃO DE INSULINA 
 
Fonte: Disponível em: <http://www.farmadelivery.com>. Acesso em: 28 jun. 2009. 
 
 
A conservação dos refis de insulina, quando armazenados, devem ser 
mantidos na geladeira em temperatura de 2 a 8ºC conforme os frascos de insulina, 
entretanto, depois de inseridos nas canetas para uso, segundo alguns dos 
fabricantes Lilly e Novo Nordisk, as canetas devem ser mantidas em temperatura 
ambiente, sem exposição à luz, nem temperaturas agressivas, tendo validade de 30 
dias o refil. 
 
 
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136 
- Bombas de Infusão de Insulina: As bombas de infusão de insulina consistem em 
microcomputadores, ou seja, pequeno reservatório de insulina, portátil, com peso em 
torno de 250g, fixado no exterior do corpo. Por intermédio de um pequeno cateter de 
plástico fica ligado a uma agulha inserida na pele. O microcomputador injeta 
continuamente no organismo cerca de 1U de insulina por hora e libera uma 
quantidade programada de insulina em forma de pulso durante as refeições, 
conforme as necessidades dos portadores de diabetes. 
Segundo Brunner & Suddarth (1998), uma das desvantagens das bombas 
de insulina é que podem ocorrer interrupções inesperadas no fluxo de insulina caso 
o tubo ou a agulha fiquem ocluídos, se o suprimento de insulina for interrompido ou 
a bateria descarregar. Outra desvantagem é o potencial de infecção nos locais de 
inserção da agulha, e também a hipoglicemia é mais provável na terapia de insulina 
por bomba, isso associado ao rígido controle dietético em conjunto com a bomba de 
insulina. 
 
 
FIGURA 22 - BOMBA DE INFUSÃO DE INSULINA 
 
Fonte: Disponível em: <http://www.forumpcs.com.br>. Acesso em: 28 jun. 2009. 
 
 
Mesmo diante de todos os instrumentos disponíveis no mercado para 
administração da insulina, ainda no Brasil o uso mais frequente recai sobre as 
seringas, isto porque possui um custo mais acessível e alguns programas de saúde 
 
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137 
pública distribuem o instrumento para o paciente gratuitamente. De qualquer forma, 
o profissional de saúde na sua atividade deve possuir conhecimento frente aos 
diferentes modos de administração da insulinoterapia para que o paciente em 
conjunto com o médico opte pelo melhor, obtendo uma relação de custo-benefício. 
Sobre o estudo dos instrumentos utilizados na administração da insulina é 
importante que sempre o profissional de enfermagem busque informações 
específicas com os fabricantes, uma vez que devido a gama de possibilidades 
algumas informações diferem de uma bibliografia para outra. 
Aplicação de Insulina: a técnica de aplicação da insulina deve ser 
adequada para propiciar uma correta absorção da insulina e consequentemente um 
tratamento eficiente e eficaz ao paciente. Desta forma, é importante que o 
profissional de enfermagem detenha os conhecimentos para ensinar o paciente 
quando este estiver realizando a aplicação em domicílio e também nos casos de 
pacientes hospitalizados, onde esta técnica é feita inicialmente pelos próprios 
profissionais de enfermagem. 
A aplicação de insulina, na maioria das vezes, é realizada em tecido 
subcutâneo, podendo, entretanto, ser administrada por outras vias, como descrito 
anteriormente, dependendo da indicação médica. A insulinoterapia realizada pelo 
paciente em casa necessariamente é em tecido subcutâneo. 
 
 
FIGURA 23 - TECIDO SUBCUTÂNEO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.linda.m.sites.uol.com.br>. Acesso em: 29 jun. 2009. 
 
 
 
 
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138 
Primeiramente serão abordados os locais indicados para aplicação de 
insulina, que segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes são os seguintes: 
Abdômen (região lateral direita e esquerda, cerca de quatro a seis centímetros 
afastados da cicatriz umbilical), Coxas (face anterior e posterior externas: nos 
pacientes adultos esta região é delimitada em 12 a 15 cm abaixo do grande 
trocanter, nove a 12 cm acima do joelho, numa faixa de sete a 10 cm de largura, 
sendo que em crianças a mesma região é utilizada tendo o cuidado para a 
proporcionalidade do corpo), Braços (face posterior) e Nádegas (quadrante posterior 
externo da região ilíaca). 
 
 
FIGURA 24 - LOCAIS DE APLICAÇÃO DA INSULINA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.portaldodiabetes.com.br>. Acesso em: 29 jun. 2009. 
 
 
É muito importante que seja realizado o rodízio dos locais a cada aplicação 
para evitar as complicações decorrentes da administração de insulina em um mesmo 
local, desta forma, conforme preconizam as orientações da Associação Americana 
de Diabetes (2007), é necessário esgotar as possibilidades de aplicações 
subsequentes em uma mesma região, distanciando-se aproximadamente em dois 
centímetros de um local para o outro. 
Também é importante salientar que cada local de aplicação da insulina 
possui um potencial de absorção diferente, o que poderá alterar os resultados da 
glicemia do paciente, assim, o local considerado como de maior absorção é o 
abdômen, após os braços, coxas e nádegas. Segundo Brunner & Suddarth (1998), o 
 
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139 
rodízio sistemático dos locais de injeção dentro da área anatômica é recomendada 
para evitar alterações localizadas no tecido gorduroso (lipodistrofia). Além disso, 
para promover consistência na absorção de insulina os pacientes devem ser 
estimulados a usar todos os locais disponíveis de injeção dentro de uma área e não 
circular aleatoriamente de uma área para outra. 
Alguns princípios que podem ser usados na aplicação do rodízio são: os 
pacientes não devem tentar o mesmo local mais que uma vez em duas a três 
semanas. Além disso, se o paciente estiver planejando se exercitar, a insulina não 
deve ser injetada no membro que vai ser exercitado, pois ela é absorvida mais 
rápida, podendo resultar em hipoglicemia. 
Conforme instruções do Ministério da Saúde (2006) deve-se evitar aplicar a 
insulina subcutânea próximos das articulações, na área da virilha, no umbigo e na 
linha média do abdômen. Sendo que o rodízio de áreas para aplicação de insulina é 
importante para não ocorrer complicações como hipertrofia ou atrofia local. Ao 
orientar o paciente diabético sobre a aplicação de insulina é importante que sejam 
estipulados juntamente com o paciente os rodízios que serão feitos na administração 
do medicamento, levando em consideração as atividades cotidianas do paciente, 
bem como as necessidadesde aplicação. 
 
 
33.3 TÉCNICA DE ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA COM SERINGA 
 
 
Material Necessário: Seringa e Agulha, algodão, álcool 70% e medicamento 
(insulina conforme a prescrição médica) 
Procedimento: 
- Lavar as mãos; 
- Explicar o procedimento ao paciente; 
- Retirar o frasco de insulina da geladeira 10 a 20 minutos antes da 
aplicação; 
- Rolar o frasco entre as mãos sem agitar com no mínimo 20 movimentos; 
- Realizar a assepsia do frasco com algodão embebido em álcool 70%; 
- Aspirar a quantidade de ar na seringa; 
 
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140 
- Injetar o ar dentro do frasco para melhor retirada da insulina; 
- Virar o frasco e a seringa para baixo, aspirando a quantidade de unidades 
conforme a prescrição médica; 
- Retirar o ar que esteja presente na seringa; 
- Selecionar a área de aplicação, tendo os cuidados mencionados 
anteriormente no rodízio de áreas para aplicação; 
- Fazer assepsia da área com algodão; 
- Fazer prega na pele e introduzir a seringa em ângulo de 90º e após soltar a 
prega; 
- Administrar a quantidade de insulina que consta na seringa; 
- Retirar a seringa e após fazer uma leve compressão com algodão e álcool 
70%; 
- Organizar o material utilizado; 
- Lavar as mãos e registrar no prontuário. 
 
 
33.4 NOTAS COMPLEMENTARES 
 
 
1 - Ao encontrar presença de sangue na aplicação da insulina, seguir o seguinte: 
sangue em pequena quantidade, continuar a administração, sangue em grande 
quantidade, interromper a administração e preparar nova dose de insulina (Ministério 
da Saúde). 
2 - O tamanho da agulha é avaliado pelo profissional segundo o tipo físico do 
paciente. 
3 - A prega cutânea deve ser feita antes da introdução da agulha e soltando antes 
da introdução da insulina. 
4 - O ângulo de aplicação deverá ser de 90°C, entretanto caso a agulha seja maior 
que a indicada em alguns pacientes magros e crianças é necessário uma avaliação 
e utilização de ângulos de 45 ou 60°C (Associação Americana dos Diabéticos, 
2004). 
5 - A aspiração após a introdução da agulha não é necessária quando se está 
utilizando os instrumentos corretos (Associação Americana dos Diabéticos, 2004). 
 
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141 
6 - O reuso das agulhas e seringas em serviços hospitalares públicos e privados é 
proibido pela Divisão de Medicamentos no Brasil (DIMED), por meio da Portaria nº 3 
de 07/02/86, incluindo a utilização do material no mesmo paciente. 
8 - O reuso das agulhas e seringas pelos pacientes diabéticos que fazem 
insulinoterapia em casa é controverso na literatura, uma vez que alguns autores 
trazem a reutilização como uma forma de complicação que pode ocasionar lesão 
local por infecção, sendo isso para um diabético um problema relevante. Por outro 
lado, o Ministério da Saúde (2006) considera como adequada a reutilização por até 
oito aplicações sempre pela mesma pessoa, mantendo-se os seguintes cuidados: a 
seringa deve ser retampada e guardada em temperatura ambiente ou sob 
refrigeração (gaveta ou porta da geladeira), ainda considerar que o paciente deve 
estar com ausência de feridas abertas nas mãos e livre de infecções de pele nos 
locais da aplicação; o diabético deve ter destreza manual, ausência de tremores e 
boa acuidade visual, sendo capaz de reencapar a agulha com segurança. A limpeza 
da agulha não deve ser feita com álcool, porque é capaz de remover o silicone que a 
reveste, tornando a aplicação mais dolorosa. As seringas reutilizadas devem ser 
descartadas quando a agulha se torna romba, curva ou entra em contato com 
alguma superfície diferente da pele e logo que a aplicação se torne muito mais 
dolorosa. É importante salientar que esta reutilização é empregada apenas aos 
pacientes que fazem uso de insulina domiciliar, nunca em hospitais. 
9 - O paciente deve sempre ser orientado sobre o descarte do material 
perfurocortante em recipiente apropriado. 
10 - Algumas insulinas podem ser prescritas e administradas conjuntamente no 
paciente, entretanto, é importante que o profissional de enfermagem tenha 
conhecimento de quais podem ser misturadas para a aplicação na mesma seringa, 
conforme consta abaixo: 
 
- Mistura de NPH + Regular: pode ser feita e utilizada imediatamente ou armazenada 
em refrigerador para uso em 30 dias. 
- Mistura de NPH + Ultrarrápida: pode ser feita e deverá ser utilizada imediatamente 
após o preparo. 
- Mistura de Regular + Lenta: não tem indicação. 
 
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142 
- Glargina ou Detemir + qualquer tipo de insulina: não pode ser misturada devido ao 
Ph baixo do diluente. 
Nos casos em que houver a mistura das insulinas seguindo as orientações 
anteriores, a técnica é a mesma da citada na administração da insulina, incluindo: 
- Primeiramente aspira-se a quantidade de ar que consiste as unidades de 
insulina NPH e injeta-se o ar dentro de frasco de insulina NPH; 
- Após o mesmo procedimento com a insulina regular, já aspirando a 
quantidade de insulina para a seringa; 
- Por último aspira-se a quantidade de insulina NPH, sendo que o ar já foi 
injetado anteriormente. 
Na hipótese de se aspirar quantidades superiores às prescritas, de forma 
alguma recolocar as insulinas nos frascos. Desprezar e realizar o procedimento 
novamente. 
 
 
33.5 COMPLICAÇÕES NA APLICAÇÃO DE INSULINA 
 
 
A aplicação de insulina está associada a algumas complicações, 
principalmente nos pacientes que fazem uso diário deste hormônio. As complicações 
podem estar ligadas a vários fatores; é de suma importância que o profissional de 
enfermagem realize este acompanhamento de reações cutâneas no paciente, já que 
isto pode ser indício de que uma das etapas do processo de conservação, preparo e 
aplicação está falho. 
Segundo Camata (2003), para a aplicação de insulina são imprescindíveis 
alguns cuidados como: a escolha de um instrumental adequado à quantidade de 
insulina, bem como ao estado físico do paciente, o domínio sobre a técnica de 
aplicação da insulina e os rodízios dos locais de aplicação na pele, entre outros. 
Davidson (2001) e Costa (1988) afirmam ser comum o portador de diabetes e 
usuário de insulinoterapia domiciliar apresentar complicações cutâneas ou reações 
como lipodistrofia insulínica, lipo-hipertrofia, nódulos endurecidos, equimose, 
ardência e prurido. 
 
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Segundo Navarro et al. (1995), as reações alérgicas durante a 
insulinoterapia geralmente ocasionam sintomas como rush, seguido de prurido e 
enduração. Os hematomas podem estar relacionados à técnica inadequada de 
aplicação ou à redução do número de células adiposas no local da aplicação. O 
aparecimento da hipertrofia está conexo à aplicação prolongada do hormônio 
insulínico em um mesmo local, resultando em sua absorção e controle glicêmico 
errático (MATHEUS e AHMED, 1999). 
As principais complicações com o uso da insulina são: 
 
- Reações Alérgicas: caracteriza-se por uma reação alérgica local em forma 
de vermelhidão, inchaço, sensibilidade e enduração ou círculo de dois a quatro 
centímetros, podendo aparecer no local uma a duas horas após a aplicação da 
injeção. Geralmente estas reações ocorrem no início da terapia. 
- Reações Alérgicas Sistêmicas: são raras. Há uma reação cutânea local 
imediata que logo se espalha em forma de uma urticária generalizada. O tratamento 
é a dessensibilização, com pequenas doses de insulina administradas em 
quantidades gradualmente crescentes. Estas reações raras são ocasionalmente 
associadas a edema generalizado ou anafilaxia. 
- Lipodistrofia de Insulina: refere-se a uma perturbação localizada do 
metabolismo de gorduras, sob a forma ou de lipoartrofia, ocorrendo no local das 
injeções

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