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LÚCIO VALENTE (Aula 01) Processo Penal – INTRODUÇÃO e INQUÉRITO POLICIAL Quer mais? Então, acesse: http://www.facebook.com/groups/luciovalente/ Obs.: este material é gratuito. Cite sempre a fonte. Valorize o trabalho do Professor. LEI PROCESSUAL NO TEMPO E NO ESPAÇO 1. Lei Processual no tempo (art. 2º): aplicação do “princípio do efeito imediato” ou do tempus regit actum (ex.: vídeo conferência, art. 185, § 2º). As normas processuais, mesmo maléficas, aplicam-se aos processos em andamento. 2. É diferente de normas penais (materiais) sobre as quais vigora o princípio da extratividade da lei benigna. 3. Normas híbridas (processuais e penais): prevalece o aspecto penal (retroatividade benigna). Ex.: art. 366 – citação por edital. 4. Discussão: Protesto por Novo Júri – duas posições: a. Retroage (aspecto híbrido); b. Não retroage (aspecto processual). 5. Lei Processual no espaço (locus regit actum): aplicação da lei processual pátria nos processos que aqui tramitam, exceto: a. Tratados, convenções e regras de Direito Internacional (ex.: imunidade diplomática – Convenção de Viena e TPI nos crime de guerra e contra a humanidade (art. 5º, § 3º e º4 da CF); b. Prerrogativas por crime de Responsabilidade do Senado Federal; c. Justiça Militar e Eleitoral; d. Lei de imprensa (ADPF nº 130-7 declarou não recepcionada a Lei de Imprensa nº 5.250/67). INQUÉRITO POLICIAL 6. Procedimento administrativo, cautelar (preparatório) e inquisitivo, conduzido pela Autoridade de Polícia Judiciária (Civil e Federal) que tem por finalidade subsidiar o autor da ação penal com elementos mínimos para a persecução criminal. 7. Administrativo: presidido pelo Delegado de Polícia que possui discricionariedade administrativa para a condução do IP. 8. Exceções: investigações em desfavor de Juiz/MP, CPI’s, IMP’s, autoridades com foro por prerrogativa. 9. Investigações presididas pelo MP: a) STJ: MP pode investigar (Informativo nº 506/2012); STF: o STF ainda não se posicionou definitivamente, pois estão pendentes de julgamento as ADINs 2943-6, 3.836, 3.806 e 4.271. -FUNIVERSA: considerou errada a seguinte proposição: “Pode o Ministério Público, como titular da ação penal pública, proceder a investigações e presidir o inquérito policial (Delegado PCDF/2009)”. -CESPE, Polícia Federal 2012 – Não considerou possível MP presidir IP. 10. Cautelar (preparatório): 11. Inquisitivo: não possui direito à defesa ou contraditório (exceção: art. 71 da Lei nº 6.815/80 – expulsão de estrangeiro). 12. Contraditório mitigado no IP: 13. Polícia Judiciária – Civil e Federal – é voltada para a investigação criminal; Polícia Administrativa – PM’s; PRF, PFF (ferroviária federal). Obs.: A PF possui as duas funções – de polícia judiciária, ex.: investigação de crimes federais; - de polícia administrativa, ex.: guarda portos e aeroportos, de fronteiras ( funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras, art. 144, § 1º, III da CF). 14. Notitia criminis: comunicação do fato criminoso à Autoridade Policial. cautelar informativo: é dispensável IP não pode sustentar condenação (STF, RTJ 59/789) Exceção: art. 159, § 5º ) - provas cautelares, irrepetíveis e antecipadas pode sustentar condenação se amparadas por outras elementos de prova vícios do IP: não viciam a ação penal a. Cognição imediata (direta): atividades rotineiras (ex.: ocorrências); b. Cognição mediata (indireta): requerimento (vítimas ) e requisições (Juiz e MP). Obs.: Delatio postulatória (art. 5º, II) – em caso de negativa, cabe recurso ao Chefe de Polícia. c. Noticia Criminis Coercitiva: APF d. Delatio anônima (ou inqualificada), conhecida por “denúncia anônima”: STF (inf. nº 475/07) – não pode fundamentar sozinha início de persecução criminal, salvo quando acompanhada de elementos mínimos demonstrativos da ocorrência do delito. 15. Ao receber a Notitia Criminis, pode a autoridade negar-se a instaurar o IP? R: não, em respeito ao princípio da obrigatoriedade. Exceções: a. Faltar justa causa (ex.: fato atípico); b. O solicitante (MP ou vítima) não fornece dados mínimos que permitam a abertura do procedimento (ex.: crime se sujeita à atribuição da Justiça Federal e a autoridade requisitada é estadual). 16. O disposto no art. 5ª, II (requisição de instauração do IP por Juiz) foi recepcionado? R: sim (STF, RHC 65071/RS). 17. Início do IP: a) De ofício pela Autoridade Policial: em crimes de ação pública incondicionada; b) Requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representa-lo (ação pública ou privada). No caso de negativa da autoridade, cabe recurso ao Chefe de Polícia (no DF, Diretor de Polícia Civil). c) Requisição de Juiz ou Promotor. d) Lavratura de APF Obs.: no caso de crime de ação penal privada ou pública condicionada, o IP não pode ser instaurada sem a provocação do ofendido, no primeiro caso, ou sem a representação, no segundo caso. 18. Diligências investigatórias obrigatórias: Art. 6 o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I- dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; Obs.: A lei 5.970/73, autoriza que a autoridade ou agente policial determine imediata remoção das pessoas que tenham sofrido lesão. II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV - ouvir o ofendido; V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. 19. Reprodução simulada dos fatos (art. 7º) - O suspeito é obrigado a participar? R.: não, pois tem direito ao silêncio e de não produzir provas contra si mesmo. -Pode ser conduzido coercitivamente para tanto? R.: não. -Cabe prisão preventiva se ele se recusar a participar? R.: não. 20. Indiciamento: imputação a alguém da prática do ilícito penal, ante a existência de materialidade e indícios de autoria. a. é ato privativo do delegado (MP não pode requisitar indiciamento); b. o suspeito possui foro por prerrogativa de função: o delegado não pode indiciá-lo, devendo obter autorização do relator do IP (Magistrado responsável); c. curador para menor de 21 anos: a doutrina entende ser inexigível ante ao NCC. d. Cabe HC contra indiciamento. e. O indiciamento não vincula a decisão do MP. 21. Identificação Criminal (lei 12.037/09) a. Regra: O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal (carteira de identidade; carteira de trabalho; carteira profissional; passaporte; carteira de identificação funcional; outrodocumento público que permita a identificação do indiciado). b. Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa; V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais. 22. Encerramento do IP: relatório final: a. Não pode o delegado emitir juízo de valor; b. Na lei de Drogas (Lei 11.343/06, art. 52) deve a autoridade justificar as razões que a levaram à classificação do delito. 23. Prazos: a. CPP: 10 dias preso (improrrogável) e 30 dias solto (este prorrogável); b. Polícia Federal (art. 66 da Lei 5010/96) 15 + 15 preso e 30 dias solto; c. Economia Popular: 10 dias (preso ou solto). d. Drogas (Lei 11.343/06): 30 + 30 preso e 90 solto. e. IMP (art. 20, caput e § 1º do CPPM): 20 dias preso (improrrogável); 40 dias solto (prorrogáveis por mais 20) 24. Contagem da prisão: contagem de acordo com o CPP (art. 798, § 1º) se solto ( inclui o dia do final). Se preso, o prazo é penal (inclui o primeiro dia). 25. Ao receber o IP relatado deverá o Juiz abrir vistas ao MP para: a. Crime de ação pública: 1. Oferecer denúncia 2. Requisitar novas diligências (se solto) 3. Promover o arquivamento 26. Arquivamento: proposto pelo MP e determinado pelo Juiz. Em caso de negativa deste, remete-se ao Procurador Geral que dará a última palavra sobre o arquivamento. Em caso de discordância, poderá propor a ação penal ou determinar que outro Membro o faça (este não pode se negar). 27. Razões para o arquivamento: a. absoluta falta de provas (falta de base para a denúncia); b. atipicidade do fato (inclusive por insignificância); c. quando ocorrer hipótese de extinção de punibilidade (art. 107 do CP) d. inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal (STJ, Súmula 438). Assim, também, não será possível o pedido de arquivamento nesses casos. e. faltar condição genérica ou específica para a ação penal (ex.: falta de representação da vítima). f. a doutrina cita ainda as hipóteses de absolvição sumária do art. 397 do CPP. Contudo o STF não admitiu em caso de excludente de 28. Arquivamento e coisa julgada: a decisão de arquivamento, em regra, não faz coisa julgada. 29. Para o desarquivamento do IP, bem como para início da ação penal, é necessária a existência de novas provas (Súmula 524 do STF), o que não impede a autoridade policial de buscar as novas provas quando delas tiver notícia (art. 18). 30. As novas provas devem ser aquelas que mudam completamente o panorama probatório (provas substancialmente novas). 31. O arquivamento do IP que faz coisa julgada material (impede a reabertura da ação): a. pela atipicidade do fato faz coisa julgada material, impedindo nova ação penal; b. extinção da punibilidade (ex.: prescrição); c. excludente de ilicitude: para o STF não faz coisa julgada (inf. nº 538). 32. Espécies de arquivamento: a. Direto (explícito): MP pede e Juiz acata; b. Implícito: MP deixa de incluir fatos na denúncia (objetivo) ou deixa de incluir co-réu (subjetiva). Não é aceito pelo STF (inf. 562 - Incidência do postulado da indisponibilidade da ação penal pública que decorre do elevado valor dos bens jurídicos que ela tutela. III - Inexiste dispositivo legal que preveja o arquivamento implícito do inquérito policial, devendo ser o pedido formulado expressamente, a teor do disposto no art. 28 do Código Processual Penal. IV - Inaplicabilidade do princípio da indivisibilidade à ação penal pública). c. Indireto: MP deixa de oferecer denúncia por entender que o juiz é incompetente ou quando requer novas diligências desnecessárias, o que acaba por projetar o arquivamento por extinção da punibilidade (ex.: prescrição). Em ambos os casos, deve o juiz proceder na forma do art. 28.
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