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Inquérito Policial

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LÚCIO VALENTE 
(Aula 01) Processo Penal – INTRODUÇÃO e INQUÉRITO POLICIAL 
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Professor. 
 
LEI PROCESSUAL NO TEMPO E NO ESPAÇO 
 
1. Lei Processual no tempo (art. 2º): aplicação do “princípio do 
efeito imediato” ou do tempus regit actum (ex.: vídeo conferência, art. 185, § 
2º). As normas processuais, mesmo maléficas, aplicam-se aos processos em 
andamento. 
2. É diferente de normas penais (materiais) sobre as quais vigora o 
princípio da extratividade da lei benigna. 
3. Normas híbridas (processuais e penais): prevalece o aspecto 
penal (retroatividade benigna). Ex.: art. 366 – citação por edital. 
4. Discussão: Protesto por Novo Júri – duas posições: 
a. Retroage (aspecto híbrido); 
b. Não retroage (aspecto processual). 
5. Lei Processual no espaço (locus regit actum): aplicação da lei 
processual pátria nos processos que aqui tramitam, exceto: 
a. Tratados, convenções e regras de Direito Internacional (ex.: 
imunidade diplomática – Convenção de Viena e TPI nos crime de guerra e 
contra a humanidade (art. 5º, § 3º e º4 da CF); 
b. Prerrogativas por crime de Responsabilidade do Senado 
Federal; 
c. Justiça Militar e Eleitoral; 
d. Lei de imprensa (ADPF nº 130-7 declarou não recepcionada a Lei 
de Imprensa nº 5.250/67). 
 
INQUÉRITO POLICIAL 
6. Procedimento administrativo, cautelar (preparatório) e 
inquisitivo, conduzido pela Autoridade de Polícia Judiciária (Civil e Federal) 
que tem por finalidade subsidiar o autor da ação penal com elementos 
mínimos para a persecução criminal. 
 
 
7. Administrativo: presidido pelo Delegado de Polícia que possui 
discricionariedade administrativa para a condução do IP. 
8. Exceções: investigações em desfavor de Juiz/MP, CPI’s, IMP’s, 
autoridades com foro por prerrogativa. 
9. Investigações presididas pelo MP: a) STJ: MP pode investigar 
(Informativo nº 506/2012); STF: o STF ainda não se posicionou 
definitivamente, pois estão pendentes de julgamento as ADINs 2943-6, 3.836, 
3.806 e 4.271. 
-FUNIVERSA: considerou errada a seguinte proposição: “Pode o 
Ministério Público, como titular da ação penal pública, proceder a 
investigações e presidir o inquérito policial (Delegado PCDF/2009)”. 
 
-CESPE, Polícia Federal 2012 – Não considerou possível MP presidir IP. 
10. Cautelar (preparatório): 
 
 
 
11. Inquisitivo: não possui direito à defesa ou contraditório 
(exceção: art. 71 da Lei nº 6.815/80 – expulsão de estrangeiro). 
12. Contraditório mitigado no IP: 
13. Polícia Judiciária – Civil e Federal – é voltada para a 
investigação criminal; Polícia Administrativa – PM’s; PRF, PFF (ferroviária 
federal). Obs.: A PF possui as duas funções – de polícia judiciária, ex.: 
investigação de crimes federais; - de polícia administrativa, ex.: guarda 
portos e aeroportos, de fronteiras ( funções de polícia marítima, 
aeroportuária e de fronteiras, art. 144, § 1º, III da CF). 
14. Notitia criminis: comunicação do fato criminoso à 
Autoridade Policial. 
cautelar 
informativo: é 
dispensável 
IP não pode 
sustentar 
condenação (STF, 
RTJ 59/789) 
Exceção: art. 159, 
§ 
5º ) - provas cautelares, 
irrepetíveis e antecipadas
 
pode sustentar 
condenação se 
amparadas por 
outras elementos 
de prova 
vícios do IP: não 
viciam a ação 
penal 
 
 
a. Cognição imediata (direta): atividades rotineiras (ex.: 
ocorrências); 
b. Cognição mediata (indireta): requerimento (vítimas ) e 
requisições (Juiz e MP). 
Obs.: Delatio postulatória (art. 5º, II) – em caso de negativa, cabe 
recurso ao Chefe de Polícia. 
c. Noticia Criminis Coercitiva: APF 
d. Delatio anônima (ou inqualificada), conhecida por “denúncia 
anônima”: STF (inf. nº 475/07) – não pode fundamentar sozinha início de 
persecução criminal, salvo quando acompanhada de elementos mínimos 
demonstrativos da ocorrência do delito. 
15. Ao receber a Notitia Criminis, pode a autoridade negar-se 
a instaurar o IP? R: não, em respeito ao princípio da obrigatoriedade. 
Exceções: 
a. Faltar justa causa (ex.: fato atípico); 
b. O solicitante (MP ou vítima) não fornece dados mínimos que 
permitam a abertura do procedimento (ex.: crime se sujeita à atribuição da 
Justiça Federal e a autoridade requisitada é estadual). 
16. O disposto no art. 5ª, II (requisição de instauração do IP 
por Juiz) foi recepcionado? R: sim (STF, RHC 65071/RS). 
17. Início do IP: 
a) De ofício pela Autoridade Policial: em crimes de ação pública 
incondicionada; 
b) Requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para 
representa-lo (ação pública ou privada). No caso de negativa da autoridade, 
cabe recurso ao Chefe de Polícia (no DF, Diretor de Polícia Civil). 
c) Requisição de Juiz ou Promotor. 
d) Lavratura de APF 
Obs.: no caso de crime de ação penal privada ou pública 
condicionada, o IP não pode ser instaurada sem a provocação do ofendido, 
no primeiro caso, ou sem a representação, no segundo caso. 
18. Diligências investigatórias obrigatórias: 
 Art. 6
o
 Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, 
a autoridade policial deverá: 
I- dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o 
estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
Obs.: A lei 5.970/73, autoriza que a autoridade ou agente policial 
determine imediata remoção das pessoas que tenham sofrido 
lesão. 
 II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após 
liberados pelos peritos criminais; 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do 
fato e suas circunstâncias; 
 
 
 IV - ouvir o ofendido; 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do 
disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo 
ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; 
 VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a 
acareações; 
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de 
delito e a quaisquer outras perícias; 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo 
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de 
antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista 
individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado 
de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros 
elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e 
caráter. 
 
19. Reprodução simulada dos fatos (art. 7º) 
- O suspeito é obrigado a participar? R.: não, pois tem direito ao 
silêncio e de não produzir provas contra si mesmo. 
-Pode ser conduzido coercitivamente para tanto? R.: não. 
-Cabe prisão preventiva se ele se recusar a participar? R.: não. 
20. Indiciamento: imputação a alguém da prática do ilícito 
penal, ante a existência de materialidade e indícios de autoria. 
a. é ato privativo do delegado (MP não pode requisitar 
indiciamento); 
b. o suspeito possui foro por prerrogativa de função: o delegado 
não pode indiciá-lo, devendo obter autorização do relator do IP (Magistrado 
responsável); 
c. curador para menor de 21 anos: a doutrina entende ser 
inexigível ante ao NCC. 
d. Cabe HC contra indiciamento. 
e. O indiciamento não vincula a decisão do MP. 
21. Identificação Criminal (lei 12.037/09) 
a. Regra: O civilmente identificado não será submetido a 
identificação criminal (carteira de identidade; carteira de trabalho; carteira 
profissional; passaporte; carteira de identificação funcional; outrodocumento público que permita a identificação do indiciado). 
b. Embora apresentado documento de identificação, poderá 
ocorrer identificação criminal quando: 
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; 
 
 
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar 
cabalmente o indiciado; 
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com 
informações conflitantes entre si; 
IV – a identificação criminal for essencial às investigações 
policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que 
decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do 
Ministério Público ou da defesa; 
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou 
diferentes qualificações; 
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da 
localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa 
identificação dos caracteres essenciais. 
22. Encerramento do IP: relatório final: 
a. Não pode o delegado emitir juízo de valor; 
b. Na lei de Drogas (Lei 11.343/06, art. 52) deve a autoridade 
justificar as razões que a levaram à classificação do delito. 
23. Prazos: 
a. CPP: 10 dias preso (improrrogável) e 30 dias solto (este 
prorrogável); 
b. Polícia Federal (art. 66 da Lei 5010/96) 15 + 15 preso e 30 dias 
solto; 
c. Economia Popular: 10 dias (preso ou solto). 
d. Drogas (Lei 11.343/06): 30 + 30 preso e 90 solto. 
e. IMP (art. 20, caput e § 1º do CPPM): 20 dias preso 
(improrrogável); 40 dias solto (prorrogáveis por mais 20) 
24. Contagem da prisão: contagem de acordo com o CPP (art. 
798, § 1º) se solto ( inclui o dia do final). Se preso, o prazo é penal (inclui o 
primeiro dia). 
25. Ao receber o IP relatado deverá o Juiz abrir vistas ao MP 
para: 
a. Crime de ação pública: 
1. Oferecer denúncia 
2. Requisitar novas diligências (se solto) 
3. Promover o arquivamento 
 
26. Arquivamento: proposto pelo MP e determinado pelo Juiz. 
Em caso de negativa deste, remete-se ao Procurador Geral que dará a última 
 
 
palavra sobre o arquivamento. Em caso de discordância, poderá propor a 
ação penal ou determinar que outro Membro o faça (este não pode se negar). 
 
27. Razões para o arquivamento: 
a. absoluta falta de provas (falta de base para a denúncia); 
b. atipicidade do fato (inclusive por insignificância); 
c. quando ocorrer hipótese de extinção de punibilidade (art. 107 
do CP) 
d. inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da 
pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente 
da existência ou sorte do processo penal (STJ, Súmula 438). Assim, também, 
não será possível o pedido de arquivamento nesses casos. 
e. faltar condição genérica ou específica para a ação penal (ex.: 
falta de representação da vítima). 
f. a doutrina cita ainda as hipóteses de absolvição sumária do art. 
397 do CPP. Contudo o STF não admitiu em caso de excludente de 
 
28. Arquivamento e coisa julgada: a decisão de 
arquivamento, em regra, não faz coisa julgada. 
29. Para o desarquivamento do IP, bem como para início da 
ação penal, é necessária a existência de novas provas (Súmula 524 do STF), 
o que não impede a autoridade policial de buscar as novas provas quando 
delas tiver notícia (art. 18). 
30. As novas provas devem ser aquelas que mudam 
completamente o panorama probatório (provas substancialmente novas). 
31. O arquivamento do IP que faz coisa julgada material 
(impede a reabertura da ação): 
a. pela atipicidade do fato faz coisa julgada material, impedindo 
nova ação penal; 
b. extinção da punibilidade (ex.: prescrição); 
c. excludente de ilicitude: para o STF não faz coisa julgada (inf. nº 
538). 
32. Espécies de arquivamento: 
a. Direto (explícito): MP pede e Juiz acata; 
b. Implícito: MP deixa de incluir fatos na denúncia (objetivo) ou 
deixa de incluir co-réu (subjetiva). Não é aceito pelo STF (inf. 562 - 
Incidência do postulado da indisponibilidade da ação penal pública que 
decorre do elevado valor dos bens jurídicos que ela tutela. III - Inexiste 
dispositivo legal que preveja o arquivamento implícito do inquérito policial, 
devendo ser o pedido formulado expressamente, a teor do disposto no art. 28 
do Código Processual Penal. IV - Inaplicabilidade do princípio da 
indivisibilidade à ação penal pública). 
 
 
c. Indireto: MP deixa de oferecer denúncia por entender que o juiz 
é incompetente ou quando requer novas diligências desnecessárias, o que 
acaba por projetar o arquivamento por extinção da punibilidade (ex.: 
prescrição). Em ambos os casos, deve o juiz proceder na forma do art. 28.

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