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enquanto aquele que pretender a divisão não o pagar ou depositar, “nenhum uso poderá fazer na parede, muro, vala, cerca ou qualquer outra obra divisória” (art. 1.330). Se antes disso edificar, pode ser compelido a demolir. ■ 16.2.2. Caráter permanente do condomínio necessário O condomínio necessário não se origina, portanto, de uma convenção ou de sucessão hereditária. Decorre de imposição da ordem jurídica, em razão de situações peculiares determinadas pelo direito de vizinhança. O que o caracteriza é a sua natureza permanente, pois perdura enquanto persistir a situação que o determinou, diferentemente do condomínio voluntário, de caráter transitório, suscetível de divisão. A indivisibilidade daquele decorre da própria natureza da coisa. As paredes, cercas, muros e valas tornar-se-iam, com efeito, imprestáveis ao fim a que se destinam se fossem fisicamente divididas. ■ 16.2.3. Compáscuo O Código Civil de 1916 regulava, como caso especial de condomínio, o compáscuo, que é a utilização em comum de grandes áreas de pastagens destinadas a gado, pertencentes a proprietários diversos. O diploma de 2002 não contém norma específica a esse respeito, aplicando-se à hipótese, pois, supletivamente, o regime do condomínio. ■ 16.3. RESUMO DO CONDOMÍNIO GERAL Condomínio voluntário Conceito ■ Quando os direitos elementares do proprietário pertencerem a mais de um titular, existirá o condomínio ou domínio comum de um bem. ■ Disciplinadas no Código Civil a) condomínio geral, que pode ser voluntário (arts. 1.314 e s.) e necessário (arts. 1.327 e s.); Espécies b) condomínio edilício ou em edificações (arts. 1.331 e s.). ■ Quanto à origem a) convencional: origina-se da vontade dos condôminos; b) eventual: resulta da vontade de terceiros (doador ou testador, p. ex.); c) legal ou necessário: é imposto pela lei, como no caso de cercas, p. ex. (art. 1.327). ■ Quanto à forma a) pro diviso ou pro indiviso, conforme os condôminos estejam utilizando parte certa e determinada da coisa, ou não; b) transitório ou permanente. O primeiro é o convencional e o eventual, que podem ser extintos a todo tempo pela vontade de qualquer condômino; o segundo é o legal, que perdura enquanto persistir a situação que o determinou (paredes divisórias, p. ex.). ■ Quanto ao objeto a) universal: quando abrange todos os bens, como na comunhão hereditária; b) singular: é o que incide sobre coisa determinada (muro divisório, p. ex.). Direitos dos condôminos ■ usar da coisa conforme sua destinação, e sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão. Não pode, no entanto, alterar o modo como é tradicionalmente usada, “sem o consenso dos outros” (art. 1.314); ■ reivindicá-la de terceiro. Aplica-se à hipótese o art. 1.827, que autoriza o herdeiro a “demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros”; ■ defender a sua posse contra outrem; ■ alhear a respectiva parte indivisa, respeitando o direito de preferência dos demais condôminos (art. 504); ■ gravar a respectiva parte indivisa, p. ex., dá-la em hipoteca (CC, art. 1.420, § 2º). Deveres dos condôminos ■ O dever de concorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, na proporção de sua parte, bem como a responsabilidade pelas dívidas contraídas em proveito da comunhão, são impostos ao condômino nos arts. 1.316 a 1.318 do CC. Extinção do condomínio ■ Bem divisível: divisão amigável (se todos os condôminos forem maiores e capazes) ou judicial (se divergirem ou se um deles for incapaz (CC, art. 2.016)). ■ Bem indivisível: venda da coisa comum (CC, art. 1.322). Administração do condomínio ■ Os condôminos podem usar a coisa comum pessoalmente. Se não o desejarem ou por desacordo tal não for possível, então resolverão se ela deve ser administrada, vendida ou alugada. Para que ocorra a venda, basta a vontade de um só condômino. Só não será vendida se todos concordarem que se não venda (CC, arts. 1.320 e 1.322). Neste caso, a maioria deliberará sobre a administração ou locação da coisa comum. Se resolverem que deve ser administrada, por maioria escolherão o administrador (art. 1.323). Condomínio necessário ■ Condomínio necessário ou legal é o imposto pela lei, como no caso de paredes, cercas, muros e valas, que se regula pelo disposto nos arts. 1.287 e 1.298, e 1.304 a 1.307 do CC. Nas referidas hipóteses, o “proprietário que tiver direito a estremar um imóvel com paredes, cercas, muros, valas ou valados, tê-lo-á igualmente a adquirir meação na parede, muro, valado ou cerca do vizinho, embolsando-lhe metade do que atualmente valer a obra e o terreno por ela ocupado” (art. 1.328). ■ 17.8. RESUMO O CONDOMÍNIO EDILÍCIO Introdução ■ O CC/2002, apesar de expressa remissão à lei especial, que continua em vigor (Lei n. 4.591/64), contém dispositivos regrando os direitos e deveres dos condôminos, bem como a competência das assembleias e dos síndicos. Nesses assuntos, a Lei n. 4.591/64 aplica-se apenas subsidiariamente. Características ■ Caracteriza-se o condomínio edilício pela apresentação de uma propriedade comum ao lado de uma propriedade privativa. Cada condômino é titular, com exclusividade, da unidade autônoma e titular de partes ideais das áreas comuns (CC, art. 1.331). Natureza jurídica ■ Prevalece o entendimento de que o condomínio não tem personalidade jurídica. Entretanto, está legitimado a atuar em juízo, ativa e passivamente, representado pelo síndico (CPC, art. 75, XI), em situação similar à do espólio e da massa falida. Instituição do condomínio ■ Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento, registrado no Cartório de Registro de Imóveis, devendo conter, além do disposto em lei especial, a individualização de cada unidade, a determinação da fração ideal atribuída a cada uma relativamente ao terreno e partes comuns, e o fim a que se destinam (CC, art. 1.332). Constituição do condomínio ■ A Convenção de Condomínio é o ato de constituição do condomínio edilício (CC, art. 1.333). É um documento escrito (escritura pública ou instrumento particular) no qual se estipulam os direitos e deveres de cada condômino. Deve ser subscrita pelos titulares de, no mínimo, dois terços das frações ideais. A utilização do prédio é por ela regulada. Sujeita todos os titulares de direitos sobre as unidades, atuais ou futuros. Regulamento ■ Também denominado “Regimento Interno”, complementa a Convenção. Geralmente, contém regras minuciosas sobre o uso das coisas comuns. Estrutura interna do condomínio ■ unidade autônoma: pode consistir em apartamentos, escritórios, salas, lojas, abrigos para veículos ou casas em vilas particulares. Não pode ser privada de saída para a via pública. Pode o proprietário alugá-la, cedê-la, gravá-la, sem que necessite de autorização dos outros condôminos, que não têm preferência na aquisição; ■ áreas comuns: são insuscetíveis de divisão e de alienação, separadas da respectiva unidade. Cada consorte pode usá-las “de maneira a não causar incômodo aos demais condôminos ou moradores, nem obstáculo ou embaraço ao bom uso das mesmas partes por todos” (CC, art. 1.331, § 2º; Lei n. 4.591/64, art. 19). Administração do ■ É exercida por um síndico, cujo mandato não pode exceder de dois anos, permitida a reeleição. Compete-lhe, dentre outras atribuições, representar ativa e passivamente o condomínio, em juízo ou fora dele. Pode ser condômino ou pessoa física ou jurídica estranha ao condomínio. O síndico é assessorado por um Conselho condomínio Consultivo, constituído de três condôminos, com mandatos que não podem exceder a dois anos, permitida a reeleição. Deve haver, anualmente, uma assembleia geral ordinária, convocada pelo síndico. A assembleia é o órgão máximo do condomínio, tendo poderes, inclusive, para modificar a própria Convenção.■ 17.9. QUESTÕES 1. (OAB/MT/2005-3) Assinale a alternativa CERTA sobre o condomínio voluntário: a) o condômino pode, sem o consenso dos outros, dar posse da coisa a estranhos. b) o condômino pode reivindicar a coisa de terceiro, bem como utilizá-la conforme sua destinação. c) o condômino que contrair dívida durante a comunhão, em proveito dela, terá que pagá-la, sem direito de regresso contra os demais. d) os condôminos podem acordar que a indivisão da coisa perdure por prazo que livremente fixarem. 2. (TJPA/Juiz de Direito/VUNESP/2014) Considerando unidade autônoma alienada fiduciariamente e havendo despesas de condomínio, assinale a alternativa CORRETA. a) A dívida condominial autoriza ao credor fiduciário a reivindicar o imóvel pela resolução contratual. b) Houve a transferência ao credor fiduciário da propriedade resolúvel e a posse indireta do imóvel, por isso, não a obrigação condominial. c) Dívida de natureza propter rem, cuja responsabilidade recai também, sobre o titular da propriedade, ainda que resolúvel. d) O devedor fiduciário tem a obrigação com as despesas ordinárias, ficando a cargo do credor fiduciário as extraordinárias. e) O devedor fiduciário não ostenta a condição jurídica de condômino, tendo apenas a obrigação de restituir as despesas condominiais ao credor fiduciário. 3. (OAB/XIII Exame de Ordem Unificado/Fundação Getulio Vargas/2014) Ary celebrou contrato de compra e venda de imóvel com Laurindo e, mesmo sem a devida declaração negativa de débitos condominiais, conseguiu registrar o bem em seu nome. Ocorre que, no mês seguinte à sua mudança, Ary foi surpreendido com a cobrança de três meses de cotas condominiais em atraso. Inconformado com a situação, Ary tentou, sem sucesso, entrar em contato com o vendedor, para que este arcasse com os mencionados valores. De acordo com as regras concernentes ao direito obrigacional, assinale a opção CORRETA. a) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois cabe ao vendedor solver todos os débitos que gravem o imóvel até o momento da tradição, entregando-o livre e desembargado. b) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois se trata de obrigação subsidiária, já que o vendedor não foi encontrado, cabendo ação in rem verso, quando este for localizado. de boa-fé. ■ 18.4. RESUMO DA PROPRIEDADE RESOLÚVEL Conceito ■ A propriedade é resolúvel quando o título de aquisição está subordinado a uma condição resolutiva ou ao advento do termo. Nesse caso, deixa de ser plena, assim como quando pesam sobre ela ônus reais, passando a ser limitada. Efeitos ■ ex tunc: se a causa da resolução da propriedade constar do próprio título constitutivo (CC, art. 1.359); ■ ex nunc: se a resolução se der por causa superveniente (art. 1.360). Se alguém, p. ex., receber um imóvel em doação e depois o alienar, o adquirente será considerado proprietário perfeito se, posteriormente, o doador revogar a doação por ingratidão do donatário (art. 557). o bem já tenha sido alienado. A mencionada multa não exclui a responsabilidade do credor fiduciário por perdas e danos (Decreto-Lei n. 911/69, art. 3º, §§ 5º a 7º, com a redação dada pela Lei n. 10.931/2004). A venda pode ser extrajudicial ou judicial (CC, art. 1.364). Preferida esta, aplica-se o disposto no art. 730 do Código de Processo Civil. Se o bem não for encontrado ou não se achar na posse do devedor, o credor poderá requerer a conversão do pedido de busca e apreensão, nos mesmos autos, em ação de depósito (Decreto-Lei n. 911/69, art. 4º). O Superior Tribunal de Justiça, entretanto, não vinha admitindo a prisão do depositário, após a vigência da Constituição de 1988, ao fundamento de que se trata de depósito atípico. O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, no dia 3 de dezembro de 2008, por maioria do Plenário, negou provimento ao RE 466.343-SP, oriundo de uma ação concernente a um contrato de alienação fiduciária. A referida decisão pôs fim à prisão civil do depositário infiel, tanto nas hipóteses de contratos, como os de depósito, de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil ou leasing, por exemplo, como no caso do depositário judicial. Em consequência, o mesmo Tribunal revogou a Súmula 619, que permitia a decretação da prisão deste último no próprio processo em que se constituiu o encargo, independentemente da propositura da ação de depósito. De acordo com a Súmula 20 do extinto Primeiro Tribunal de Alçada Civil, o valor da coisa, para efeito da mais adequada estimação do equivalente em dinheiro, “é o correspondente ao do débito contratual, isto é, ao do saldo devedor em aberto”. Se ocorrer a falência do devedor, e a busca não tiver ainda sido efetivada, o credor fiduciário poderá simplesmente formular pedido de restituição no juízo falimentar, não estando sujeito a habilitação (Lei n. 11.101, de 9-2-2005, que regula a recuperação e a falência do empresário e da sociedade empresária, arts. 49, § 3º, e 85). Se, ao ser decretada a falência, a liminar de busca e apreensão já havia sido cumprida, a ação prosseguirá até o final, no juízo em que foi proposta, passando o administrador a representar o falido612. ■ 19.10. RESUMO DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA Conceito e caracteres ■ Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor (CC, art. 1.361). Na alienação fiduciária em garantia, dá-se a transferência do domínio do bem móvel ao credor (fiduciário), em garantia do pagamento, permanecendo o devedor (fiduciante) com a posse direta da coisa. Regulamentação ■ o contrato deve ter a forma escrita, podendo o instrumento ser público ou particular, e conter: o total da dívida; o prazo ou a época do pagamento; a taxa de juros, se houver; a descrição da coisa objeto da transferência (CC, art. 1.362); ■ a aquisição do domínio exige a tradição, que é ficta, na hipótese; ■ o registro no Cartório de Títulos e Documentos confere existência legal à propriedade fiduciária, gerando oponibilidade a terceiros. Direitos e obrigações do fiduciante ■ ficar com a posse direta da coisa e o direito eventual de reaver a propriedade plena, com o pagamento da dívida; ■ purgar a mora, em caso de lhe ser movida ação de busca e apreensão; ■ receber o saldo apurado na venda do bem efetuada pelo fiduciário para satisfação de seu crédito; ■ responder pelo remanescente da dívida, se a garantia não se mostrar suficiente; ■ não dispor do bem alienado, que pertence ao fiduciário, embora possa ceder o direito eventual de que é titular; ■ entregar o bem, em caso de inadimplemento de sua obrigação, sujeitando-se ao pagamento de perdas e danos, como depositário infiel. Obrigações do credor fiduciário ■ a obrigação principal consiste em proporcionar ao alienante o financiamento a que se obrigou, bem como em respeitar o direito ao uso regular da coisa por parte deste; ■ se o devedor é inadimplente, fica o credor obrigado a vender o bem, aplicando o preço no pagamento de seu crédito e acréscimos, e a entregar o saldo, se houver, ao devedor (CC, art. 1.364). Procedimento ■ pode o credor mover ação de busca e apreensão contra o devedor inadimplente, a qual poderá ser convertida em ação de depósito, caso o bem não seja encontrado; ■ a sentença, de que cabe apelação apenas no efeito devolutivo, em caso de procedência da ação, não impedirá a venda extrajudicial do bem e consolidará a propriedade e a posse plena e exclusiva nas mãos do proprietário fiduciário; ■ a venda pode ser extrajudicial ou judicial (CC, art. 1.364). Preferida esta, aplica-se o disposto no art. 730 do CPC; ■ se o bem não for encontrado, o credor poderá requerer a conversão do pedido de busca e apreensão, nos mesmos autos, em ação de depósito; ■ o STF pôs fim àprisão civil do depositário infiel. ■ 20.5. RESUMO DA SUPERFÍCIE Conceito ■ Trata-se de direito real de fruição ou gozo sobre coisa alheia, de origem romana, pelo qual o proprietário concede a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis (CC, art. 1.369). O CC/2002 aboliu a enfiteuse, substituindo-a pelo direito de superfície gratuito ou oneroso. Regulamentação ■ o superficiário, que tem o direito de construir ou plantar, responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel (CC, art. 1.371); ■ o proprietário (fundieiro) tem a expectativa de receber a coisa com a obra ou plantação (art. 1.375); ■ o direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros; ■ não poderá ser estipulado pelo concedente, a nenhum título, qualquer pagamento pela transferência (art. 1.372, parágrafo único). omitir. “A doutrina dominante manifesta-se no sentido de que o não uso outra coisa não é senão a própria prescrição. Nessas condições, todas as normas gerais peculiares à prescrição se aplicam também ao não uso”644. ■ 21.7.4. Outros modos de extinção das servidões Além das causas de extinção mencionadas e elencadas na lei, as servidões podem extinguir-se: ■ pela destruição do prédio dominante, como a invasão das águas do mar, ou a inundação definitiva em virtude do erguimento de uma barragem; ■ pela destruição do prédio serviente, nos mesmos casos do item anterior; ■ por se ter realizado a condição ou por se ter chegado ao termo convencionado; ■ pela preclusão do direito da servidão, em virtude de atos opostos; ■ por decisão judicial, como na hipótese de desapropriação; e ■ pela resolução do domínio do prédio serviente 645. ■ 21.8. RESUMO DAS SERVIDÕES Conceito de servidão predial ■ Constitui restrição imposta a um imóvel, para uso e utilidade de outro pertencente a dono diverso. Trata-se de direito real instituído em favor de um prédio (dominante) sobre outro (serviente) pertencente a dono diverso (CC, art. 1.378). Características ■ a servidão é uma relação entre dois prédios distintos; ■ os prédios devem pertencer a donos diversos; ■ nas servidões, serve a coisa, e não o dono; ■ a servidão não se presume; ■ a servidão é direito real, acessório, de duração indefinida e indivisível; ■ a servidão é inalienável. ■ Quanto ao modo de exercício, podem ser: contínuas e descontínuas; e quanto à visibilidade: aparentes e não Classificação aparentes. Essas espécies podem combinar-se, dando origem às servidões: a) contínuas e aparentes; b) contínuas e não aparentes; c) descontínuas e aparentes; d) descontínuas e não aparentes. Modos de constituição ■ Ato humano: a) negócio jurídico; b) sentença; c) usucapião; d) destinação do proprietário. ■ Fato humano: servidão de trânsito. Ações que protegem as servidões ■ confessória; ■ negatória; ■ de manutenção e de reintegração de posse; ■ de nunciação de obra nova; ■ de usucapião. Extinção (arts. 1.388 e 1.389) ■ pela renúncia; ■ pela cessação, para o prédio dominante, da utilidade que determinou a constituição da servidão; ■ pelo resgate; ■ pela confusão; ■ pela supressão das respectivas obras; ■ pelo não uso, durante dez anos contínuos. ■ 21.9. QUESTÕES 1. (TJSP/Juiz de Direito/178º Concurso/VUNESP/2006) O assunto aqui é alienação fiduciária. Aponte a única declaração inteiramente CORRETA. a) Vencida e não paga a dívida e, judicial ou extrajudicialmente, vendida a coisa a terceiros, o preço apurado será, desde que bastante e sobejante, inteiramente aplicado no pagamento do crédito e das despesas de cobrança. se destina. Se, no entanto, a coisa foi desapropriada ou se encontrava no seguro, o direito do usufrutuário se sub-roga na indenização recebida (arts. 1.407, 1.408, § 2º, e 1.409). Acontece o mesmo quando a destruição da coisa ocorreu por culpa de terceiro condenado a reparar o dano. ■ Consolidação Extingue-se ainda o usufruto pela consolidação (art. 1.410, VI), quando na mesma pessoa se reúnem as qualidades de usufrutuário e nu-proprietário. Pode tal situação ocorrer, verbi gratia, quando o usufrutuário adquire o domínio do bem, por ato inter vivos ou mortis causa, ou quando o nu-proprietário adquire o usufruto. ■ Culpa do usufrutuário Prevê o Código Civil, em seguida, a extinção do usufruto por culpa do usufrutuário, quando falta ao seu dever de cuidar bem da coisa (art. 1.410, VII). A extinção, nesse caso, depende do reconhecimento da culpa por sentença. Também pode ela ocorrer quando, no usufruto de títulos de crédito, o usufrutuário não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 1.395. ■ Não uso ou não fruição Extingue-se, por fim, o usufruto pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (art. 1.410, VIII). Não tendo o dispositivo em epígrafe mencionado o prazo em que ocorre a aludida extinção, cabe a aplicação, à hipótese, do art. 205 do Código Civil, segundo o qual “a prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor”. ■ 22.8. RESUMO DO USUFRUTO Conceito ■ Usufruto é direito real de fruir as utilidades e frutos de uma coisa, enquanto temporariamente destacado da propriedade. Alguns dos poderes inerentes ao domínio são transferidos ao usufrutuário, que passa a ter, assim, direito de uso e gozo sobre coisa alheia. Características ■ é temporário; ■ é direito real sobre coisa alheia; ■ é inalienável, permitindo-se, porém, a cessão de seu exercício (CC, art. 1.393); ■ é impenhorável. Constituição ■ por determinação legal; ■ por ato de vontade; ■ pela usucapião. Objeto ■ Podem ser objeto de usufruto um ou mais bens, móveis ou imóveis, um patrimônio inteiro ou parte deste (CC, art. 1.390). Usufruto e fideicomisso: distinção ■ o primeiro é direito real sobre coisa alheia, enquanto o fideicomisso constitui espécie de substituição testamentária; ■ naquele, o domínio se desmembra, cabendo a cada titular certos direitos, ao passo que no fideicomisso cada titular tem a propriedade plena; ■ o usufrutuário e o nu-proprietário exercem simultaneamente os seus direitos; já o fiduciário e o fideicomissário exercem-nos sucessivamente; ■ no usufruto, são contempladas pessoas já existentes, enquanto o fideicomisso somente se permite em favor dos não concebidos ao tempo da morte do testador, ou seja, em favor da prole eventual (CC, art. 1.952). Espécies ■ Quanto à origem: a) legal; b) convencional. ■ Quanto à duração: a) temporário; b) vitalício. ■ Quanto ao seu objeto: a) próprio; b) impróprio. ■ Quanto aos titulares: a) simultâneo; b) sucessivo. ■ pela renúncia ou desistência; ■ pela morte do usufrutuário; Extinção (CC, art. 1.410) ■ pelo advento do termo de sua duração; ■ pela extinção da pessoa jurídica; ■ pela cessação do motivo de que se origina; ■ pela destruição da coisa, não sendo fungível; ■ pela consolidação; ■ por culpa do usufrutuário, quando falta ao seu dever de cuidar bem da coisa; ■ pelo não uso da coisa em que o usufruto recai; ■ pelo implemento de condição resolutiva estabelecida pelo instituidor. Nada impede que o ato constitutivo do direito real possa contemplar, mediante acordo de vontades, outras pessoas, além das indicadas. ■ 23.5. MODOS DE EXTINÇÃO DO USO O uso constitui-se do mesmo modo e extingue-se pela mesma forma do usufruto. Assim, pode ocorrer a extinção do uso pelos mesmos modos elencados no art. 1.410 do Código Civil, por exemplo, a renúncia, a destruição da coisa, a consolidação e outros, com exceção apenas do não uso, que não se aplica também ao direito real de habitação670.■ 23.6. RESUMO DO USO Conceito ■ Trata-se de direito real que autoriza uma pessoa a retirar, temporariamente, de coisa alheia, todas as utilidades para atender às suas próprias necessidades e às de sua família. Uso e usufruto (distinção) ■ Embora seja considerado um usufruto restrito, o uso distingue-se deste instituto pelo fato de o usufrutuário auferir o uso e a fruição da coisa, enquanto ao usuário não é concedida senão a utilização restrita aos limites das necessidades suas e de sua família (CC, art. 1.412). estabelecera o direito real de habitação em favor do cônjuge sobrevivente, mas somente se tivesse sido casado sob o regime da comunhão universal e sob a condição de continuar viúvo — condição esta não exigida no dispositivo do novo diploma supratranscrito. O direito real de habitação é concedido sem prejuízo da participação da viúva ou do viúvo na herança. Mesmo que o cônjuge sobrevivente seja herdeiro ou legatário, não perde o direito de habitação. ■ Art. 1.416 do Código Civil Como já mencionado, proclama o art. 1.416 do Código Civil que “são aplicáveis à habitação, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto”. ■ 24.3. RESUMO DA HABITAÇÃO Conceito ■ É direito real temporário de ocupar gratuitamente casa alheia, para morada do titular e de sua família (CC, art. 1.414). É ainda mais restrito do que o uso. Características ■ É direito real temporário, extinguindo-se pelos mesmos modos de extinção do usufruto (CC, art. 1.416). Constituição ■ por lei (CC, art. 1.831); ■ por ato de vontade (contrato e testamento), devendo ser registrado (LRP, art. 167, I, n. 7). ■ 24.4. QUESTÕES 1. (OAB/CESPE/UnB/2008.3) De acordo com o que dispõe o Código Civil a respeito do usufruto, do uso e da habitação, assinale a opção CORRETA. a) O uso é o direito real temporário de ocupação gratuita de casa alheia, para moradia do titular e de sua família. b) A habitação é direito real limitado, personalíssimo, temporário, indivisível, intransmissível e gratuito. c) O usufruto é direito real que, a título gratuito ou oneroso, autoriza uma pessoa a retirar, temporariamente, de coisa alheia todas as utilidades para atender às próprias necessidades e às de sua família. d) Pode-se transferir o usufruto por alienação. 2. (Nossa Caixa/Advogado/Fundação Carlos Chagas/2011) O usufruto
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