Buscar

PROCESSO DO TRABALHO RESUMO AV1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

1 
 
DIREITO DO TRABALHO – AV1 
 
1. Introdução ao Processo do Trabalho 
O Direito Processual do Trabalho é o ramo autônomo do Direito, composto de normas e 
princípios que estuda a solução extrajudicial e judicial dos conflitos trabalhistas. 
É um ramo autônomo com legislação própria (CLT), princípios próprios e doutrina própria. 
Usa o NCPC subsidiariamente (como auxílio) - art. 769/CLT e art. 15/NCPC 
O uso subsidiário deve ser usado quando há omissão na CLT (lacuna) e não contrariando as 
normas do Processo do trabalho. 
 
PETIÇÃO INICIAL 
 
ART. 840 § 1º CLT ART. 319 NCPC 
Designação de juízo Juízo a que é dirigida 
Qualificação das partes Qualificação do autor/réu 
Breve exposição dos fatos Fato e fundamento jurídico 
Pedido Pedido 
Data Valor da Causa 
Assinatura Provas 
 Opção do autor pela realização de conciliação 
 Opção do autor pela realização de mediação 
 
 
2. Princípios do Direito do Trabalho 
Princípio da Subsidiariedade (art. 769/CLT; art. 15/NCPC) - A subsidiariedade significa a 
possibilidade de as normas do Direito Processual comum serem aplicadas ao processo do 
trabalho, como forma de suprir as lacunas do sistema processual 2 Page 3 trabalhista e melhorar 
a efetividade do processo trabalhista. 
Princípio da Proteção ao Empregado (proteção temperada) - O princípio da proteção é a 
direção que norteia todo o sentido da criação do Direito do Trabalho, no sentido de proteger a 
parte mais frágil na relação jurídica – o trabalhador – que até o surgimento de normas 
trabalhistas, em especial desta especializada, se via desprotegido face a altivez do empregador. 
Princípio da Conciliação - O princípio da conciliação está esculpido no art. 764, caput, da 
CLT, que prevê: “Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do 
Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação”. Segundo o art. 852-E da CLT, a conciliação 
poderá ocorrer em qualquer fase da audiência. 
 
 
2 
 
Princípio Expositivo - O juiz só prestará a tutela jurisdicional quando provocado. Exceção na 
CLT no art. 856: Dissídio coletivo → a instância poderá ser instaurada pelo próprio presidente do 
tribunal, de ofício, nos casos de dissídio coletivo de greve (razão histórica, para que o presidente 
do tribunal, em caso de paralisação do trabalho, suscite de ofício o dissídio coletivo de greve). 
Outra exceção: art. 39 da CLT Art. 39 - Verificando-se que as alegações feitas pelo reclamado 
versam sobre a não existência de relação de emprego ou sendo impossível verificar essa 
condição pelos meios administrativos, será o processo encaminhado à Justiça do Trabalho 
ficando, nesse caso, sobrestado o julgamento do auto de infração que houver sido lavrado. O 
próprio ministério do trabalho poderia encaminhar o caso direto para justiça trabalhista. 
Princípio Inquisitório ou Inquisitivo - Uma vez provocado, o juiz tem o poder-dever de 
prestar a jurisdição e solucionar o mais rápido possível aquele conflito de forma justa e 
equânime, se utilizando de todos os meios e diligências processuais possíveis e necessárias. 
Fundamentos jurídicos: Art. 765 da CLT, Art. 4º da Lei 5.584/70 (nos dissídios de alçada, cujo 
valor da causa não ultrapasse 2 salários mínimos, caso as partes não estejam acompanhadas de 
advogado, deve o juiz impulsionar o processo), Art. 852-D da CLT (no procedimento 
sumaríssimo, de valor da causa de no máximo 40 salários mínimos, o juiz deverá livrar o 
processo das provas meramente procrastinatórias), Art. 878 da CLT (execução trabalhista pode 
ser iniciada ex officio pelo juiz; é uma característica específica da execução trabalhista). 
Princípio da Concentração dos Atos Processuais - O juiz deve tentar concentrar a maior 
parte dos atos processuais em uma única audiência, para que a sentença seja prolatada o mais 
rápido possível. Art. 849 da CLT: A audiência será contínua (hoje, é quase impraticável a 
audiência "una", e, portanto, quase todos os magistrados do trabalho costumam partilhar a 
audiência em três sessões: audiência de conciliação (inaugural), audiência de instrução e 
audiência de julgamento. No entanto, segundo o art. 852-C, as demandas que seguem o 
procedimento sumaríssimo deverão ser de fato unas). 
Princípio da Oralidade - Importância ainda maior no processo do trabalho é a prática dos 
atos processuais por meio verbal. 
Materialização do Princípio: 
Art. 846 da CLT: Primeira tentativa de conciliação logo após a abertura da primeira sessão. 
Art. 850: Segunda proposta de conciliação, após a prática de todos os atos. 
Art. 847 da CLT: Possibilidade da apresentação da defesa de maneira verbal no prazo de vinte 
minutos (não é muito comum). A contestação, exceção e reconvenção poderão ser apresentadas 
de maneira oral. 
Art. 848 da CLT: Se refere ao depoimento pessoal das partes, dos quais o magistrado pode 
extrair a confissão. 
Art. 795 da CLT: Protesto em audiência, muito comum em face de decisões interlocutórias, das 
quais não cabe recurso. 
Princípio da Identidade Física do Juiz - O juiz que instruiu o processo deve ser o que vai 
proferir a sentença. A súmula 136 do TST estabelecia que o princípio da identidade física do juiz 
não se aplicava ao processo do trabalho. No entanto, desde 2012 a referida súmula foi 
cancelada pelo TST. Portanto, o princípio da identidade física do juiz passou ser aplicado na 
seara laboral. 
 
 
3 
 
 
Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa - Princípio constitucional, Art. 5º, LV da CF/88. 
Também incide no âmbito trabalhista, segundo o texto do próprio inciso. as partes no processo do 
trabalho devem ser tratadas de maneira igualitária, pois ambas possuem direitos e obrigações iguais. 
Assim sendo, podemos dizer que o princípio do contraditório é bilateral, ou seja, aplica-se tanto ao 
autor (reclamante) como ao réu (reclamado). Alexandre de Moraes, sobre o princípio do 
contraditório, salienta que “a todo ato produzido pela acusação caberá igual direito da defesa de se 
opor ou de dar-lhe a versão que melhor lhe apresente, ou, ainda, de fornecer uma interpretação 
jurídica diversa daquela feita pelo autor. O princípio da ampla defesa, também esculpido no art. 5º, 
LV, da CF, como visto acima, é um desdobramento do princípio do contraditório. Diferente do 
princípio anterior, o princípio da ampla defesa é direcionado ao réu, sendo assim, regra geral, 
unilateral (exceto nos casos de reconvenção, quando o princípio da ampla defesa será aplicado 
também ao autor da ação). Consiste este princípio em proporcionar ao réu as condições necessárias 
ao esclarecimento da verdade.O princípio em questão permite ao réu que o mesmo se omita ou se 
cale perante o juízo, se assim lhe convir. 
Princípio da Imediatidade ou Imediação - Permite um contato mais próximo entre o 
magistrado, partes e testemunhas. O juiz é o destinatário da prova, e por isso o depoimento pessoal 
e as provas devem ser apresentados perante o juiz, é preciso haver um contato próximo para o juiz 
exercer a tutela jurisdicional com mais eficiência. Art. 342, 440 e 446, II do CPC Art. 820 da CLT: as 
partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz Ex: Juiz pode até mesmo comparecer em diligência 
com as partes para ver quem está falando a verdade. 
Princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias - Art. 893, §1º da CLT. 
Súmula 214 do TST. É um princípio próprio do processo do trabalho. Não significa que não caiba 
recurso contra as decisões interlocutórias, mas sim que não cabe de imediato, só quando for 
recorrer da sentença. No entanto, se a decisão interlocutória trouxer uma nulidade, esta deve ser 
arguida imediatamente em que tiver que falar nos autos ou em audiência, sob pena depreclusão 
(art. 794 da CLT). 
Princípio da Imparcialidade do Juiz - A pessoa tem o direito de ser julgada por um juiz 
imparcial, que não tenha interesse nas partes ou no objeto do litígio. Art. 10 da Declaração Universal 
dos Direitos do Homem A constituição traz garantias e vedações aos magistrados na tentativa de 
evitar parcialidade: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios (Art. 95 da CF/88). 
Princípio da Conciliação - Art. 764 da CLT: Os dissídios individuais e coletivos submetidos a 
justiça do trabalho serão SEMPRE sujeitos à conciliação. Busca incansável do magistrado em alcançar 
uma solução conciliatória. A primeira coisa que o juiz pergunta numa audiência é se há possibilidade 
de acordo. Art. 846 e 850: momentos da conciliação. Art. 852-E (procedimento sumaríssimo): O juiz 
deve esclarecer às partes as vantagens da conciliação. Art. 831, parágrafo único: estabelece que, 
homologado o acordo de conciliação, este passa a ser uma decisão irrecorrível para as partes. 
Súmula 100, item 5, do TST: O acordo transita em julgado no momento da homologação. Somente 
por ação rescisória as partes poderão tentar impugnar o acordo homologado. Só não transita para a 
União, que defendendo o interesse social, pode recorrer para fins de previdência (INSS). 
Princípio do “jus postulandi” da Parte - A própria parte pode postular em juízo, sem a 
presença de advogado. Art. 791 e 839, a da CLT O TST tem reduzido o alcance do “jus postulandi”, 
através da Súmula 425: o “jus postulandi” limita-se às varas do trabalho, aos TRTs, não sendo 
aplicável aos recursos ao TST e outros casos. 
4 
 
 
 
Princípio do Duplo Grau de Jurisdição - Não está expresso na CF/88. A CF não assegurou o 
princípio do duplo grau de jurisdição obrigatório. Entretanto, é um princípio implícito em virtude de 
Convenções Internacionais assinadas pelo Brasil. A Súmula 303 do TST regulamenta a aplicação 
deste princípio na Justiça do Trabalho.” 
Princípio da Proteção - Possível tanto no Direito do Trabalho quanto no direito processual 
do trabalho. Art. 844: reclamante falta na audiência, ação é arquivada, mas o trabalhador poderá 
ajuizar nova reclamação trabalhista. Súmula 212 do TST: Inversão do ônus da prova. Art. 651 da CLT: 
competência territorial: reclamação deverá ser proposta na localidade de prestação de serviços, em 
regra. 
Princípio da Busca da Verdade Real - O que o juiz busca no processo é a verdade dos fatos, e 
não a verdade meramente formal ou documental (semelhança com o princípio da primazia da 
realidade). Está consubstanciado no Art. 765 da CLT 
Princípio da Normatização Coletiva - Possibilidade de a justiça do trabalho estabelecer o seu 
poder normativo, de proferir a chamada sentença normativa de cunho obrigatório para os sindicatos 
dos trabalhadores e sindicatos patronais, caso não haja o acordo entre eles. Art. 114, §1º da CF/88. 
Princípio da Extrapetição - O magistrado pode condenar o reclamado em pedidos que não 
constaram no rol da inicial (Ex.: condenação em juros e correção monetária). Art. 137, §§1º e 2º da 
CLT (juiz pode determinar as férias do trabalhador e ao mesmo tempo pode condenar o empregador 
a uma multa). Art. 467 da CLT: As parcelas incontroversas devem ser pagas em audiência, sob pena 
de acréscimo de 50% pelo juiz. Art. 496 e 497 da CLT: Na ação de reintegração, quando esta se 
tornar desaconselhável, o juiz poderá converter a reintegração em indenização, mesmo que a parte 
não peça. Portanto, o juiz pode condenar além da inicial, sem que se configure uma sentença extra 
ou ultra-petita. 
 
 
3. Modos de Resolução de Conflitos Trabalhistas 
A) autotutela - O empregador tem o poder de tutelar, por ato unilateral, o seu interesse, 
impondo ao empregado determinados resultados fático-jurídicos. Se o empregado não comparece 
ao trabalho, o empregador desconta seu salário; se atrasa, mesma coisa. Se o empregado age de 
modo que não atenda à expectativa do empregador este, mesmo que o direito, em tese, não lhe 
permita fazê-lo, multa, adverte e até dispensa o empregado. O empregador, portanto, não precisa 
da tutela do Estado para a satisfação de seu interesse. O mesmo, no entanto, não ocorre com o 
empregado, que diante da supressão de seus direitos, por ato do empregador, precisa, geralmente, 
se socorrer da via processual. Se os direitos trabalhistas são essencialmente direitos dos 
trabalhadores e se o processo serve à efetivação desses direitos, resta evidenciado que o processo 
do trabalho é muito mais facilmente visualizado como um instrumento a serviço da classe 
trabalhadora. Trata-se de um instrumento pelo qual os trabalhadores tentam fazer valer os direitos 
que entendem tenham sido suprimidos pelo empregador. 
 
 
5 
 
B) autocomposição - Forma de solucionar um conflito a partir do consentimento em 
sacrificar o interesse próprio, em todo ou em parte, em favor do interesse de outrem buscando a 
resolução de um conflito. A autocomposição é a negociação direita entre as partes interessadas sem 
a intervenção de um terceiro. “Este é, realmente, o melhor meio de solução dos conflitos, pois 
ninguém melhor do que as próprias partes para solucionar suas pendências, porque conhecem os 
problemas existentes em suas categorias.”[6] Pode-se dividir a autocomposição em “unilateral e 
bilateral,” esta ocorre quando cada uma das partes faz concessões recíprocas, o que se denomina de 
transação, enquanto aquela, é caracterizada pela renúncia de uma das partes a sua pretensão. 
C) heterocomposição - É o meio utilizado para solucionar os conflitos decorrentes da 
relação de trabalho em que as partes se utilizando de suas próprias forças não conseguem dirimi-lo, 
e utiliza-se, para resolução dos mesmos, de um órgão ou um agente externo e desinteressado a lide 
que irá solucioná-lo e sua decisão será imposta às partes de forma coercitiva. Utiliza-se para o bom 
entendimento sobre heterocomposição a divisão didática apontada por Sérgio Pinto Martins, como 
sendo subdividida em mediação, arbitragem e jurisdição. Somente a presença de um agente externo 
à relação do conflito não caracteriza heterocomposição. Este tem que ser impositivo, deve impor sua 
posição influenciando na solução do conflito. 
D) mediação - Também é forma de autocomposição que visa aproximar a conciliação por 
meio de um mediador, mas não é conciliação pela diferença apresentada na ação do agente externo. 
É o meio pelo qual as partes almejam uma solução na resolução de seus conflitos trabalhistas sem a 
necessidade de recorrerem à justiça do trabalho, utilizando-se de mediador para encontrar um 
denominador comum e assim, dando fim ao litígio de um modo informal. Trata-se de um processo 
eficaz onde busca-se o entendimento e solução das divergências de forma mais rápida e amistosa, 
mesmo que para isso seja necessário utilizar-se de um medidor, como já explanado, um terceiro 
alheio à causa e interesses debatidos, sem poder de decisão, com a única e exclusiva missão de 
sintonizar os interesses das partes. O mediador busca o diálogo entre as partes, aproxima-os para 
que por meio da conversa e da discussão sobre determinado assunto cheguem a um consenso. Para 
tanto, o mediador ouve, interpreta, alude e sugere soluções, sempre buscando que diálogo entre as 
partes o façam um mero facilitador, onde as ideias ou soluções possam em sua maioria surgir das 
próprias partes. 
 
4. Estrutura da Justiça do Trabalho 
a) Varas do Trabalho - “a jurisdição da vara do trabalho abrange um ou mais municípios, 
cada vara compõe-se de um juiz do trabalho titular e um juiz do trabalho substituto. Compete às 
Varas do trabalho conciliar e julgar, em linhas gerais, os dissídios individuais oriundos das 
relações de trabalho.Os juízes do trabalho ingressam na magistratura como juízes substitutos 
(art. 654 da CLT) após aprovação em concurso público de provas e títulos realizado pelo Tribunal 
Regional do Trabalho da região respectiva. Art. 112 da CF – redação nova EC 45/2004 dispõe que 
a “lei criará varas da justiça do trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua 
jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do 
Trabalho”. Juízes de Direito: Nas comarcas não abrangidas pela jurisdição da Vara do Trabalho, 
será atribuída competência à Juízes de Direito, com recurso ao TRT. 
 
 
6 
 
b) Tribunal Regional do Trabalho - Os Tribunais Regionais do Trabalho estão divididos por 
regiões. O Estado de Santa Catarina, com sede em Florianópolis pertence a 12ª. Região. Os 
Magistrados dos tribunais serão juízes do trabalho escolhidos e nomeados pelo Presidente da 
República por promoção, alternadamente, por antiguidade e merecimento. Composição: No 
mínimo de 7 juízes (quando possível na respectiva região) dentre brasileiros com mais de 30 
(trinta) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos. Um quinto dentre os Advogados com mais de 10 
anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 
10 (dez) de exercício. (leitura dos artigos 94 e 115 da CF). 
c) Tribunal Superior do Trabalho - Sede na Capital da República e jurisdição em todo o 
território nacional é a instância superior da Justiça do Trabalho. Composição: 27 ministros, 
escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 anos e menos de 65, nomeados pelo Presidente da 
República, após aprovação por maioria absoluta do Senado Federal, sendo: Um quinto dentre 
Advogados com mais de 10 anos de carreira profissional e membros do Ministério Público do 
Trabalho com mais de 10 anos de exercício. Os demais serão Juízes dos Tribunais Regionais do 
Trabalho oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior do 
Trabalho. Funcionarão junto ao TST: Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de 
Magistrados do Trabalho; o Conselho Superior da Justiça do Trabalho. 
OBS: Nas localidades onde não houver VT, a parte irá buscar a tutela jurisdicional em uma 
localidade próxima. Se não houver VT em nenhuma cidade próxima, o juiz de direito, investido de 
jurisdição trabalhista, decidirá a questão (art. 668/CLT e art. 112/CF). 
Mesmo que a questão seja decidida pelo juiz de direito, o recurso será analisado pelo TRT, 
uma vez que todo o país se encontra divididos em regiões, ligados a um TRT. 
 
5. Competência dos Órgãos da Justiça do Trabalho 
A) Vara Trabalhista - Ação de reconhecimento de vínculo, pagamento de verbas, reversão de 
justa causa, reintegração ao emprego, dano moral, consignação em pagamento, inquérito para 
apuração de falta grave, homologação de acordo extrajudicial. 
B) Tribunal Regional do Trabalho - São divididos por turmas: 
B.1) Competência Originária: Julgar os desidios coletivos, as reversões das sentenças 
normativas, os mandados de segurança, as ações rescisórias, os conflitos de competência entre VT 
de um mesmo tribunal. 
B.2) Competência Recursal: Julgar os recursos ordinários das sentenças das Varas 
Trabalhistas, os agravos de instrumentos para destrancar recursos, os agravos de petição das 
decisões de juízes na fase de execução. 
C) Tribunal Superior do Trabalho - São divididos em turmas e tribunal pleno: 
C.1) Competência Originária: Decidir sobre a invalidade da lei frente à CF, julgar os desidios 
coletivos que ultrapassem os limites territoriais de um TRT, estabelecer e mudar súmulas, julgar 
conflitos de competência entre os TRT’s. 
C.2) Competência Recursal: Julgar os recursos ordinários das decisões do TRT, em 
competência originária; julgar os embargos de declaração contra seus acórdãos. 
 
7 
 
6. Jurisdição e Competência da Justiça do Trabalho 
Jurisdição é o poder que o juiz tem de dizer o direito nos casos concretos a ele submetidos, 
pois está investido desse poder pelo Estado. “Insta salientar que para o Direito a jurisdição é una e 
indivisível, entretanto esse poder decisório que o magistrado tem deve ser repartido em 
competências para maior agilidade e funcionamento do Judiciário Brasileiro. Destarte, para imprimir 
eficiência e especialização da prestação jurisdicional foram criadas a Jurisdição Especial formada 
pela Justiça Trabalhista, Militar e Eleitoral; a Jurisdição Comum composta pela Justiça Civil e Penal; a 
Jurisdição Superior integrada pelos tribunais e a Inferior pelos órgãos de primeiro grau. Assim, 
competência é parte da jurisdição que é conferida ao juiz pela Carta Magna ou mediante lei, afim de 
que sejam dirimidas controvérsias em casos concretos. Ao Juiz do Trabalho, por exemplo, é dada a 
competência para solucionar causas trabalhistas conforme dispõe o art. 114 da Constituição Federal. 
Já à Justiça Eleitoral compete regular todo o processo de eleições no país, que inclui alistamento 
eleitoral, cassação de registro de candidatos entre outros deveres. Nota-se que a Constituição 
Federal ao atribuir a Justiça do Trabalho a competência para julgar e processar os dissídios 
provenientes de relação de trabalho abrangeu tanto os vínculos privados quanto os vínculos 
públicos de emprego o que gerou uma incerteza quanto aos casos que seriam decididos pelos 
órgãos tipicamente trabalhistas. 
Ora, o que se observa é que ao adotar o gênero relação de trabalho invés de utilizar a 
espécie emprego, o dispositivo constitucional fez questão de frisar a situação daqueles 
trabalhadores que apesar de terem contratos de trabalho não prestam atividade contínua e não são 
subordinados aos empregadores, como é o caso do trabalhador temporário e trabalhador autônomo 
respectivamente. Porém, este implemento serviu para regular também a situação dos denominados 
empregados públicos, que apesar de prestarem serviços ao Estado, não são concursados, mas 
apenas contratados pela Administração Pública para executar tais serviços. Nestes casos o 
funcionário público tem relação estritamente trabalhista com o órgão ou entidade da Administração 
Pública. 
A Competência da Justiça Trabalhista foi repartida em razão das pessoas, da matéria, do 
lugar e da função. A competência da Justiça Trabalhista em razão das pessoas se configura no 
julgamento de controvérsias existentes entre trabalhadores e empregadores. Já a competência em 
razão da matéria compreende questões suscitadas no âmbito trabalhista, excluídas relações de 
consumo, comerciais. Contudo, a competência em razão do lugar institui a uma determinada Vara a 
apreciação de litígios trabalhistas de acordo com o espaço geográfico pertinente. Por fim, a 
competência funcional diz respeito ao exercício de tarefas específicas de cada juiz. 
 
6.1 - Competência em Razão das Pessoas 
A Justiça do Trabalho tem competência para dirimir conflitos entre trabalhadores e 
empregadores, que farão parte, respectivamente, do pólo ativo e passivo da reclamação trabalhista. 
Desta forma, toda matéria trabalhista e decorrente de emprego será processada e julgada perante a 
Justiça Laboral. Para fins legais trabalhador é toda a pessoa natural que prestar serviços a tomador. 
Como a relação de emprego é espécie da relação de trabalho, todas as questões levadas a juízo pelo 
empregado referente às condições laborais e verbas rescisórias devidas pelo empregador serão 
julgadas pelas varas trabalhistas. Quanto aos empregados estão abrangidos não só os urbanos como 
também os rurícolas que tem seus direitos disciplinados na Lei nº 5.889/73. Os trabalhadores 
domésticos também terão seus direitos assegurados pela Justiça do Trabalho conforme dispõe o 
8 
 
decreto nº 71.885/73. Ostrabalhadores temporários que são contratados por empresa para prestar 
serviços à cliente por até três meses também poderão pleitear por seus direitos face à Jurisdição 
Trabalhista. Todavia, os conflitos entre a empresa de trabalho temporário e o cliente deverão ser 
dirimidos na Justiça Comum. 
Apesar dos avulsos não possuírem vínculo empregatício pela inexistência de subordinação 
desses trabalhadores com o sindicato ou órgão de gestão de mão de obra e muito menos com a 
empresa tomadora de serviços, estes são definidos como trabalhadores, visto que realizam atividade 
física ou intelectual em favor de outrem. Assim, é competente a Justiça do Trabalho também nesses 
casos. 
Já quanto aos trabalhadores contratados por tempo determinado para atender necessidade 
temporária de excepcional interesse público, a Justiça Trabalhista é incompetente para julgar esses 
casos, pois seus contratos são de cunho administrativo, regidos por leis especiais e dispensam o 
dever de licitar. No entanto, os empregados de entidades paraestatais tais como empresas públicas, 
sociedades de economia mista e de suas subsidiárias resolverão suas questões perante o Juiz do 
Trabalho, enquanto não for criado regime jurídico próprio dessas empresas privadas dispondo sobre 
obrigações e direitos trabalhistas. (Vide art. 173 da Constituição Federal). 
A Súmula 158 do Tribunal Federal de Recursos discorre da mesma maneira: “Compete à 
Justiça do Trabalho processar e julgar reclamação contra empresa privada, contratada para a 
prestação de serviços a administração pública.”. Com relação aos funcionários de fundações e 
autarquias de direito público estadual ou municipal será de competência da Justiça do Trabalho 
solucionar suas reclamações, mas somente se adotarem o regime celetista (configurado pelo 
estabelecimento de contrato de trabalho, ausentes o concurso público e a estabilidade proveniente 
de cargo público). 
Também estará apto o Juiz Trabalhista para julgar reclamação de empregado que teve o 
direito quanto ao quadro de carreira controvertido. Porém, não caberá à apreciação da Jurisdição 
Especializada, os casos decorrentes de direitos e vantagens estatutários no exercício de cargo em 
comissão. 
Nas hipóteses em que os servidores públicos lato sensu são os sujeitos ativos da reclamação 
trabalhista, há de se observar se estes correspondem a funcionários públicos ou empregados 
públicos. Essa distinção é necessária porque, via de regra, a expressão “servidor público” representa 
ambas as classes, sendo que funcionário público é ocupante de cargo público, por conta de 
aprovação em concurso público de provas ou provas e títulos e regido por lei estatutária, não por 
contrato. Em contraposição, empregado público é aquele que presta serviços à Administração 
Pública mediante contrato de trabalho. Portanto, os empregados públicos serão acolhidos pela 
Justiça do Trabalho diferentemente dos funcionários públicos. 
A Lei 8.112/90 instituiu o regime jurídico único (estatutário) para os servidores públicos, 
nesse caso os funcionários públicos que foram nomeados depois da vigência dessa lei não vão ter 
seus dissídios dirimidos pela Justiça Trabalhista, porém quanto aos servidores que pleiteavam 
judicialmente por vantagens trabalhistas, anteriores à instituição dessa lei, estes terão seus 
processos julgados no devido órgão, jurisdicional trabalhista (Vide Súmula 97 STJ). 
Quanto à situação dos Cartórios Extrajudiciais que executam serviços notariais e de registro 
prevê a Constituição Federal que são atividades exercidas em caráter privado e delegadas pelo 
Poder Público. 
9 
 
Concomitantemente o art. 20 da Lei 8935/94 prevê que: “Os notários e os oficiais de registro 
poderão, para o desempenho de suas funções, contratar escreventes, dentre eles escolhendo os 
substitutos, e auxiliares como empregados, com remuneração livremente ajustada e sob o regime da 
legislação do trabalho”. 
Dito isso, não resta dúvida que a competência para processar e julgar controvérsias entre 
funcionários dos cartórios e seus titulares será da Justiça do Trabalho. 
Por último, à Justiça Laboral também caberá a resolução de conflitos trabalhistas 
concernentes a atletas desportivos e seu respectivo time, tendo como requisitos para tanto, o 
esgotamento de tentativas pela via administrativa e a ausência de decisão após 60 dias. 
 
6.2 - Competência em razão da matéria 
Só cabe à Justiça do Trabalho solucionar as causas de cunho trabalhistas que envolvam 
relação de trabalho. (Vide art. 114 da Constituição Federal, Rideel 2009). De acordo com Sergio Pinto 
Martins por relação de trabalho entende-se: “... a relação jurídica entre o trabalhador e o tomador 
de serviços, que pode ser física ou intelectual, com ou sem remuneração” 
Anteriormente não competia a Justiça Laboral decidir sobre causas decorrentes de relação 
de trabalho, mas de vínculos empregatícios, de tal forma que só seriam avaliados os processos se 
constatados os elementos: pessoalidade, não eventualidade, subordinação e onerosidade. A 
Emenda Constitucional nº 45/2004 ampliou a competência do Juiz do Trabalho. 
Desta forma, nos termos do dispositivo constitucional, compete a Justiça Trabalhista, no 
âmbito material, processar e julgar: as ações que envolvam exercício do direito de greve; as ações 
sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e 
empregadores; os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data quando o ato questionado 
envolver matéria de sua jurisdição; os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição 
trabalhista, ressalvado os conflitos de competência entre os tribunais superiores e qualquer outro 
tribunal; as ações de indenização por dano moral ou patrimonial decorrentes da relação de trabalho; 
as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de 
fiscalização das relações de trabalho; a execução de ofício, das contribuições sociais arrecadadas 
pelos empregadores sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho, bem como das 
contribuições dos segurados para custeio da Seguridade Social; outras controvérsias decorrentes da 
relação de trabalho na forma da lei. 
 É importante ressaltar que quanto às contribuições sociais, a Justiça do Trabalho somente 
será competente para ordenar sua retenção, não podendo executá-las de fato. Percebe-se, também, 
que não há como considerar esse rol taxativo, visto que o final do artigo supracitado alarga a 
possibilidade de discussão de outras matérias provenientes da relação de trabalho. As Súmulas 389 e 
300 do Tribunal Superior do Trabalho, por exemplo, atribuem a Justiça Laboral a competência para 
julgar demandas referentes à indenização pelo não fornecimento de guias de seguro desemprego, 
assim como, ao não cadastramento do empregado no PIS. 
Outrossim, a Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal prevê que a Justiça do 
Trabalho é competente para julgar ações de indenização por danos morais e patrimoniais que 
decorram de relação de trabalho, inclusas as questões que ainda não tinham sido julgadas quando a 
Emenda Constitucional 45/2004 fora promulgada. 
10 
 
 
Vale dizer que a Justiça Laboral é responsável por julgar processos relativos a danos morais e 
patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho, que poderão ser ajuizados pelo empregado ou 
pelos seus sucessores em face do empregador. Por fim, cumpre destacar que a incompetência em 
razão da matéria é absoluta, sendo possível a sua arguição de ofício ou mediante requerimento das 
partes, a qualquer tempo.” 
 
6.3 - Em razão da Função 
A competência funcional diz respeito à função que exerce cada juiz trabalhista. Na Justiça do 
Trabalho sãodistribuídos encargos aos diferentes órgãos, essas atribuições são previstas pela 
Constituição Federal, pela Consolidação das Leis Trabalhistas (lei complementar) e pelos regimentos 
internos de cada respectivo Tribunal. 
Essa modalidade de competência faz referência às funções típicas dos órgãos trabalhistas 
especializados para solucionar controvérsias de caráter estritamente trabalhista. 
Os órgãos trabalhistas são compostos pelo juiz titular ou substituto das varas, tribunais 
regionais, tribunal superior do trabalho, ministério público do trabalho, ministro corregedor do 
Tribunal Superior do Trabalho. Ao juiz titular ou substituto, por exemplo, compete à execução das 
sentenças proferidas na vara, o despacho dos recursos interpostos pelas partes, a concessão de 
liminar em reclamação trabalhista nas hipóteses do art. 659 da Consolidação das Leis do Trabalho. Já 
aos Juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho cabe a apreciação originária de ação rescisória, 
mandado de segurança, matéria administrativa e conflitos de competência entre juízes ligados ao 
Tribunal Regional. 
Por sua vez, o Tribunal Superior do Trabalho é competente para julgar os recursos de revista 
interpostos de decisões dos Tribunais Regionais do Trabalho, os agravos de instrumento interpostos 
em razão de decisão do Presidente de Tribunal Regional que negue seguimento a recurso de revista, 
os agravos regimentais e embargos de declaração opostos a seus julgados. 
O Ministério Público do Trabalho poderá manifestar-se em qualquer fase do processo 
trabalhista, quando houver interesse público que justifique sua intervenção, propor ações 
necessárias para a defesa de menores, incapazes ou índios nas relações trabalhistas, participar de 
instrução e conciliação em dissídios decorrentes de paralisação de serviços e recorrer quando as 
decisões acarretarem violação da lei ou constituição, atuar como árbitro nos dissídios trabalhistas, 
quando convocado pelas partes. 
O Ministro Corregedor do Tribunal Superior do Trabalho terá como atribuições inspecionar e 
apurar possíveis irregularidades cometidas no âmbito dos Tribunais Regionais do Trabalho e decidir 
sobre atos praticados por Regionais e seus Presidentes que atentarem a boa ordem processual. 
 
6.4 - Em Razão do Lugar 
A competência em razão do lugar é relativa, devendo ser arguida pelas partes de plano 
através de exceção de incompetência, caso contrário o juízo se tornará competente para dirimir o 
litígio trabalhista. A competência em razão do lugar é delimitada com base no espaço geográfico em 
que atua o órgão jurisdicional. Quase sempre essa competência é instituída aos órgãos de primeira 
11 
 
instância da justiça do trabalho designados de Varas do Trabalho, porém há certos casos em que o 
município não possui vara especializada para dirimir conflitos trabalhistas, dessa forma a lei atribui 
essa árdua tarefa aos juízes comuns. 
Para facilitar o entendimento sobre competência territorial foram instituídas algumas regras 
que visam à proteção do trabalhador quanto ao ajuizamento de reclamação trabalhista. O art. 651 
da Consolidação das Leis Trabalhistas traz a regra geral a ser aplicada para definir a competência 
territorial, de acordo com esse dispositivo a reclamação trabalhista deve ser proposta no último 
local de prestação de serviços, mesmo que o empregado tenha sido contratado em outro local ou no 
exterior. O principal intuito da norma é impedir que o empregado tenha gastos desnecessários com 
a demanda, bem como tenha condições de colher as melhores provas no local onde por último 
trabalhou. 
No entanto, essa regra disposta na constituição para privilegiar a parte hipossuficiente da 
relação, o empregado, comporta três exceções, a saber: quando o empregado for agente ou viajante 
comercial; quando o empregado brasileiro estiver trabalhando no estrangeiro e quando o 
empregador promove realização de atividade fora do lugar do contrato. 
Entende-se por viajante comercial, o empregado que presta serviço de vendas em mais de 
um local, agindo em nome do empregador, sem se fixar em um local. Nessa hipótese, terá 
competência para resolver a lide, a vara da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e, na 
falta será competente a Vara da localidade em que o empregado tenha domicílio ou a localidade 
mais próxima. 
De acordo com o § 2º do art. 651 da Consolidação das Leis Trabalhistas a competência das 
varas trabalhistas brasileiras estende-se nas situações onde ocorram dissídios em agência ou filial no 
estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja tratado internacional dispondo o 
contrário. Todavia, segundo a súmula 207 do Tribunal Superior do Trabalho, mesmo tendo a vara 
trabalhista competência para solucionar o conflito, será aplicada a legislação do país onde foi 
prestado o serviço. 
A grande discussão que gira em torno dessa exceção à regra geral é a existência da lei nº 
7.064/82 que também regula a contratação e transferência de trabalhadores para prestar serviços 
no exterior. Essa legislação prevê que o empregado que foi contratado por empresa com sede no 
Brasil para trabalhar no estrangeiro em seu favor e os transferidos por empresa brasileira terão 
direito a legislação material mais favorável. Nesses casos resta evidenciado o conflito de normas 
brasileiras. Questiona-se qual a norma a se aplicar quando o empregado brasileiro é contratado para 
trabalhar no exterior? 
O ideal que a empresa tenha sede ou filial no Brasil para que se opere a aplicação da 
legislação mais favorável, no caso a brasileira, pois se a empresa estrangeira não tiver agência ou 
filial no Brasil, a citação terá de ser feita por Carta Rogatória o que inviabilizará a propositura da 
reclamação, afinal a empresa internacional não vai querer se submeter à decisão brasileira. 
Por último, as empresas que promovem atividades fora do lugar do contrato estão sujeitas 
ao ajuizamento, pelos empregados, de reclamações trabalhistas no foro da celebração do contrato 
ou no da prestação dos respectivos serviços. (Art. 651, §3º, Consolidação das Leis do Trabalho). Um 
exemplo que se encaixa perfeitamente nessa situação é a do motorista de ônibus que é contratado 
em Salvador, para fazer a linha Salvador – Aracaju. 
"Não se Admite o foro de Eleição no Processo do Trabalho." 
12 
 
7. Conflitos de Competência 
Conflitos de competência ocorrem quando dois ou mais magistrados se declaram 
competentes ou incompetentes para dirimir questão, no primeiro caso temos um conflito 
positivo, no segundo um conflito negativo. Segundo a redação do art. 805 da legislação 
complementar trabalhista, tanto o juiz, as partes, como o Ministério Público poderão arguir o 
conflito. 
Os conflitos de competência poderão ocorrer entre Varas do Trabalho e Juízes Comuns 
incumbidos de jurisdição trabalhista. Nesses casos os conflitos serão resolvidos pelo Tribunal 
Regional do Trabalho da região. Quando o conflito é entre duas varas de trabalho da mesma 
região os conflitos serão solucionados pelo tribunal hierarquicamente superior, no caso em tela 
o Tribunal Regional do Trabalho será competente. 
Quando o conflito decorrer entre duas Varas do Trabalho de diferentes Regiões e entre 
Tribunais Regionais do Trabalho será competente o Tribunal Superior do Trabalho. Nas hipóteses 
de conflitos entre tribunais superiores ou entre estes e quaisquer tribunais a competência para 
sanar tal situação será do Supremo Tribunal Federal. No entanto, os conflitos de competência 
entre juiz do trabalho e juiz federal serão dirimidos pelo Superior Tribunal de Justiça. 
O Supremo Tribunal Federal se declarou competente para julgar conflitos de competência 
entre qualquer tribunal superior e magistrados que não estejamvinculados a ele. Como rol 
exemplificativo, há o conflito entre Tribunais Superiores do Trabalho e Juízes de Direito ou Juízes 
Federais. A Suprema Corte também será competente para resolver conflitos entre o Superior 
Tribunal de Justiça e o Tribunal Superior do Trabalho, por serem tribunais superiores. 
Quanto aos conflitos entre Tribunais Regionais do Trabalho, Tribunais Regionais Federais ou 
Tribunais de Justiça, estes terão resolução pelo Superior Tribunal de Justiça. Contudo, os 
conflitos entre juízes de um mesmo tribunal serão solucionados por este, mediante o pleno ou 
órgão especial. 
Entende-se que não há existência de conflito entre Tribunal Regional do Trabalho e Vara do 
Trabalho; Tribunal Regional do Trabalho e Tribunal Superior do Trabalho, pois preexiste uma 
hierarquia entre esses órgãos, coexistindo o dever de subordinação. (Súmula 420 do Tribunal 
Superior do Trabalho). 
 
8. Partes e Procuradores 
8.1) Capacidade para ser parte, capacidade processual e capacidade postulatória 
 
A) Capacidade para se parte: relacionada à personalidade civil, à aquisição de direitos e 
obrigações. 
 
B) Capacidade processual: relacionada à capacidade civil, ou seja, à possibilidade de realizar 
atos na órbita civil e, por óbvio, em processos judiciais. Capacidade postulatória: 
intimamente relacionada à atuação do Advogado (art. 133 da CRFB/88), ou seja, somente o 
Advogado possui tal espécie de capacidade. 
 
C) “Jus postulandi”: regra geral, o Advogado não é necessário na Justiça do Trabalho, já que o 
art. 791 da CLT, recepcionado pela CRFB/88, sustenta a existência do “jus postulandi”, ou 
seja, do direito das partes postularem em juízo, tanto reclamante quanto reclamado sem a 
13 
 
presença de um advogado. Tal direito sofreu nítida restrição com a edição da SÚMULA Nº 
425 DO TST, ao afirmar que: “O Jus postulandi” aplica-se nas varas de trabalho e nos TRTs. 
Ele não se aplica se tratar de recursos para o TST, ou nos casos de ação rescisória, ação 
cautelar e mandado de segurança no processo do trabalho”. 
 
8.2) Assistência Judiciária Gratuita 
No processo do trabalho, a Assistência Judiciária Gratuita é prestada pelo SINDICATO 
ao trabalhador, independentemente de ser filiado ou não. Nos termos da Lei nº 5584/70, 
que regulamenta a matéria, dois são os requisitos para a concessão do benefício: 
 Estar assistido pelo sindicato (ou seja, pelo Advogado daquele ente); 
 Receber até 2 (dois) salários mínimos ou, recebendo quantia superior, declarar não 
ter condições de arcar com os custos do processo. Na hipótese de assistência judiciária 
gratuita, serão devidos ao sindicato, caso a pretensão do reclamante seja aceita, os 
honorários advocatícios de sucumbência, conforme Súmula nº 219 do TST. 
 ATENÇÃO: a regra geral acerca dos honorários de sucumbência na Justiça do 
Trabalho não é a mera sucumbência, como no processo civil. A condenação, regra geral, ao 
pagamento da parcela, somente surge quando presentes, ao mesmo tempo, os seguintes 
requisitos: 
Condenação do reclamado; Assistência judiciária gratuita. 
ATENÇÃO: Na relação de emprego, a contratação de advogado particular excluiu a 
condenação ao pagamento de honorários advocatícios de sucumbência, por ser necessária 
a atuação do sindicato, o que não ocorre na relação de trabalho, já que a Súmula nº 219 
do TST afirma que, nessa última hipótese, a regra é a mera sucumbência. 
 
9. Partes do Processo 
9.1) Litigância de Má Fé 
Essa litigância de má fé tem efeitos diretos nos litigantes. O próprio CPC no artigo 81 
prevê consequências para a litigância de má fé. Uma delas é a multa superior a 1% e inferior 
a 10%, calculada sobre o valor do pedido. Isso é tanto para o processo civil como para o 
processo do trabalho. Aplica-se uma multa de valor fixo e caráter punitivo, visando a punir 
uma litigância de má de uma das partes, A grande questão que se coloca em sede de direito 
processual do trabalho, consiste em saber o seguinte: o reclamante geralmente é 
hipossuficiente, pessoa desprovida de recursos. A pergunta é: cabe a aplicação da litigância 
de má fé em desfavor do reclamante? A doutrina é uníssona no sentido de afirmar a 
aplicação de tais medidas ao reclamante, desde que o juiz dose o valor em favor da 
realidade econômica do reclamante. 
Questão mais complicada, embora seja definida do ponto de vista legal, diz respeito 
a litigância de má fé do advogado. Infelizmente, muitas vezes, a litigância de má fé do 
empregado é motivada pelo advogado. Então surgem nessas situações a possibilidade de se 
aplicar a litigância de má fé ao advogado, e não ao próprio reclamante, ou ao menos 
responder o advogado de forma solidária pela litigância de má fé. O estatuto da OAB é 
expresso em dizer que os excessos do advogado serão objeto de ressarcimento em ação 
própria. Não se pode imputar ao advogado a litigância de má fé. Esse é o entendimento 
prevalecente no âmbito jurisprudencial. 
 
 
 
 
14 
 
9.2) Procuradores na Justiça do Trabalho 
No que tange à contratação de um advogado no processo do trabalho, a parte tem o dever 
de juntar procuração nesse processo. Porém, mesmo sem a juntada da procuração, a 
representação estará regularizada, quando o advogado acompanhar a parte em audiência e 
requerer verbalmente que se consigne em ata a sua constituição como procurador da parte. O 
juiz deve requerer a anuência da parte representada. Precisa desses 3 requisitos para um 
advogado sem procuração regularizar sua representação. É a chamada procuração “apud acta”, 
ou mandato tácito no processo do trabalho. 
10. Honorários Advocatícios (súmulas nº 219 e 329 do TST) 
A grande diferença reside na situação concernente aos honorários advocatícios, porque em 
relação a eles no processo do trabalho nós temos uma regulamentação diferente da do processo 
civil. No processo civil, o juiz ao finalizar a demanda condenará a parte vencida a pagar os 
honorários de advogado em favor da parte vencedora entre 10% e 20% do valor da condenação. 
Se houver a sucumbência recíproca, nesse caso os honorários serão rateados. O autor vai ser 
condenado em razão do que perdeu e o réu em razão do que foi condenado. 
No processo do trabalho, como a assistência é facultativa, não há condenação em 
honorários advocatícios. Há apenas uma única situação prevista na nossa legislação, por 
intermédio da lei 5584/70, é quando o reclamante é assistido por sindicato de classe. Não se 
trata da substituição, mas da assistência jurídica prestada pelo sindicato.

Outros materiais