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Apostila Resumo Economia Política e Direito

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Economia Política e Direito 
Bruno de Mattos Ávila Nolasco 
Índice do Conteúdo 
Índice do Conteúdo ................................................................................................................................. 1 
Introdução .............................................................................................................................................. 2 
Avaliação ............................................................................................................................................. 2 
Bibliografia e Textos ............................................................................................................................ 2 
O que é Economia? .................................................................................................................................. 2 
Fatores de Produção ............................................................................................................................ 2 
Pressupostos da Economia de Mercado ............................................................................................... 3 
Gráfico de Oferta e Demanda .............................................................................................................. 3 
Problemas Econômicos Básicos............................................................................................................ 4 
Teoria Econômica ................................................................................................................................ 4 
Bens e Necessidade Humana ............................................................................................................... 5 
Custos de Oportunidade ...................................................................................................................... 5 
Elementos da Economia Capitalista ..................................................................................................... 5 
Sociedade Pré-Capitalista x Sociedade de Mercado ................................................................................. 6 
Escolas e Doutrinas Econômicas .............................................................................................................. 6 
Mercantilismo ..................................................................................................................................... 6 
Fisiocratas ........................................................................................................................................... 7 
Escola Clássica ..................................................................................................................................... 7 
Adam Smith (1723-1790) ................................................................................................................. 8 
Jean Baptiste Say (1767-1832) ......................................................................................................... 8 
Davi Ricardo (1772-1823) ................................................................................................................. 8 
John Stuart Mill (1806-1837) ............................................................................................................ 9 
Karl Heinrich Marx ........................................................................................................................... 9 
Escola Neoclássica ............................................................................................................................. 11 
Jeremy Bentham (1748-1832) ........................................................................................................ 12 
Carl Menger (1840-1921) ............................................................................................................... 12 
William Stanley Jevons (1835-1882) ............................................................................................... 12 
Alfred Marshall (1842-1924) .......................................................................................................... 13 
Léon Walras (1834-1910) ............................................................................................................... 13 
Joseph Schumpeter (1883-1950) .................................................................................................... 14 
John Maynard Keynes (1883-1946) ................................................................................................ 15 
Keynesianismo................................................................................................................................... 17 
ANEXO I - Síntese dos Textos Discutidos em Sala de Aula ....................................................................... 17 
Carta de Marcos Arruda à presidente Dilma Roussef.......................................................................... 17 
Entenda a Economia – Volume I: De Onde Viemos? ........................................................................... 18 
Entenda a Economia – Volume II: Três Grandes Economistas ............................................................. 20 
Adam Smith (1723-1790) ............................................................................................................... 20 
Karl Marx (1818-1883) ................................................................................................................... 21 
John Maynard Keynes (1883-1946) ................................................................................................ 22 
A Grande Transformação. As Origens da Nossa Época........................................................................ 22 
O Nascimento das Fábricas ................................................................................................................ 24 
Operário em Construção .................................................................................................................... 24 
Economia Política e Direito 
2 
História do Pensamento Econômico. Uma Perspectiva Crítica ............................................................ 24 
Capítulo 6. O subjetivismo racionalista: a economia de Bentham, Say e Senior .............................. 24 
Capítulo 11. O triunfo do utilitarismo: a economia de Jevons, Menger e Walras............................. 26 
ANEXO II – Quadro Comparativo Entre as Escolas Econômicas ............................................................... 27 
 
14.03.12 
Introdução 
As notas de aula aqui apresentadas são baseadas nas exposições do professor Gabriel, na Universidade 
Federal Fluminense, no 1º período do Curso de Direito, bem como de consultas aos textos relacionados 
abaixo. 
Avaliação 
Duas provas discursivas, sendo a primeira no dia 04.05.12, e a segunda com data ainda a ser marcada. 
Bibliografia e Textos 
Texto 1: ARRUDA, Marcos. Presidente Dilma: no seu governo o Brasil pode virar exemplo para o 
mundo. 
Texto 2: HEILBRONER, Robert. Entenda a Economia. Volumes I e II. 
Texto 3: POLANYI, Karl. A Grande Transformação. 
Texto 4: O Nascimento das Fábricas. 
Texto 5: O Operário em Construção. 
www.ecopoliticauff.blogspot.com.br 
16.03.12 
Aula direcionada à discussão do texto de Marco Arruda, intitulado “Presidente Dilma: no seu governo o 
Brasil pode virar exemplo para o mundo”, que tem sua síntese no Anexo I deste material. 
21.03.12 
O que é Economia? 
Trata-se de uma ciência que estuda a atividade produtiva, ou de produção. Focaliza estritamente os 
problemas referentes ao uso mais eficiente de recursos materiais escassos para a produção de bens, e 
estuda as variações e combinações na alocação dos fatores de produção (terra, capital e trabalho), na 
distribuição de renda, na oferta e procura e nos preços de mercadorias. 
Fatores de Produção 
Fatores de produção são elementos indispensáveis ao processoprodutivo de bens materiais, sendo 
tradicionalmente considerados como: a terra (terras cultiváveis, florestas e minas), trabalho (realizado 
pelo homem) e o capital (máquinas, equipamentos e instalações). Ciência e pesquisa são, por alguns, 
também entendidos como parte desse rol de fatores de produção, por serem capazes de gerar inovação, 
elemento esse com grande impacto no cenário econômico. 
Economia Política e Direito 
3 
 
De modo geral, os fatores de produção são limitados e, por isso, eles se combinam de forma diferente, 
conforme o local e a situação histórica. Exemplo disso é a atual e crescente adoção da agricultura 
intensiva em detrimento da extensiva, uma vez que o fator capital atualmente é superior aos fatores 
trabalho e terra, cenário esse exatamente o oposto quando da adoção da modalidade extensiva de 
agricultara noutros tempos. 
 
A forma como estão distribuídos os fatores de produção tem particular importância na teoria dos 
preços dos fatores (quanto mais abundante o fator, menor o preço, e vice-versa) e na teoria dos custos 
de produção, sendo, portanto, fundamental na produtividade e na rentabilidade da unidade produtiva 
(ou da empresa). 
Pressupostos da Economia de Mercado 
Pontos de vista: Propriedade Privada e Lei da Escassez. 
 
O mercado, em sentido geral, é um termo que designa um grupo de compradores e vendedores que 
estão em contato suficientemente próximo1 para que a troca entre eles afete as condições de compra e 
venda dos demais. Dessa maneira, para que um mercado exista, compradores que pretendem trocar 
dinheiro por bens e serviços devem estar em contato com vendedores desses mesmos bens e serviços. 
Nesse sentido, o mercado pode ser entendido como o local do encontro regular entre compradores e 
vendedores de uma determinada economia. 
 
A formação assim como o desenvolvimento de um mercado pressupõem, ainda, a existência de um 
excedente econômico intercambiável e, portanto, de certo grau de divisão e especialização do 
trabalho. 
 
Historicamente, podemos vislumbrar o nascimento da sociedade de mercado nas cidades europeias no 
final da Idade Média, com o fim dos feudos. Com formação regular de um excedente, a antiga economia 
natural ou de subsistência passou a ser substituída por um mecanismo de mercado que é formado 
basicamente pela oferta de bens e serviços e pela demanda (ou procura) desses bens e serviços. Da 
interação desses elementos surge um sistema de preços que passa a orientar a economia no sentido do 
aumento ou da redução da produção. 
Gráfico de Oferta e Demanda 
Gráfico 1 (ótica da demanda) Gráfico 2 (ótica da oferta) Gráfico 3 (equilíbrio econômico) 
 
P P o P d o 
 
 d PEE 
 
 Q Q Q 
 
Legendas: P = preço; Q = quantidade; d = demanda; o = oferta; PEE = ponto de equilíbrio econômico. 
 
 
1
 A proximidade interfere no preço final a ser cobrado. 
Economia Política e Direito 
4 
Primeiramente, esclarece-se que através desses gráficos não podemos chegar a uma demanda exata, 
mas uma mera expectativa de demanda. Somente depois de devidamente utilizada e aplicada ao mundo 
real que conseguiremos chegar a uma demanda efetiva, que poderá servir de base no cálculo de uma 
nova demanda (ou de uma nova expectativa de demanda). 
 
No primeiro gráfico, podemos analisar que quanto menor o preço, mais o comprador estará disposto a 
consumir. No segundo, a seu turno, quanto menor for o preço, menos o fornecedor estará disposto a 
produzir, visto que seu lucro será menor. Como resolver esse conflito de interesses, então? Para isso, 
utilizamos o ponto de equilíbrio econômico entre oferta e demanda (gráfico 3, junção do 1 e 2), que nos 
orienta sobre qual é o ponto de concordância entre produtores e compradores, isto é, orienta-nos sobre 
qual será a quantidade de produtos que o empresário deverá se dispor a produzir e qual o preço e 
quantidade de produtos que os consumidores estarão dispostos a arcar, o que influencia diretamente 
no preço do produto, que deve ser justo, equilibrado, ou seja, benéfico tanto para produtor (gerando-
lhe lucro) quanto para consumidor (que terá maior acesso a produtos). 
23.03.12 
Problemas Econômicos Básicos 
Os recursos capazes de produzir diferentes mercadorias são limitados, o que impõe escolhas para a 
produção de mercadorias também relativamente escassas. Daí se dizer que a economia é uma ciência 
ligada ao problema da escolha, e ela possui três problemas econômicos básicos: 
• O que e quanto produzir: a problemática consiste em saber quais produtos devem ser 
produzidos e em que quantidades serão colocados no mercado, ou seja, qual quantidade será 
ofertada. 
• Como produzir: quais serão os bens e serviços produzidos, com que recurso e de que maneira 
ou processo técnico. O problema aqui consiste em equilibrar o preço dos três fatores de 
produção (terra, trabalho e capital). 
• Para quem produzir: decidir a quem se destina a produção. 
 
Teoria Econômica 
Para tentar resolver toda a problemática trazida pela economia, utilizamos a teoria econômica, que é 
uma só, mas, a título didático, pode ser divida da seguinte maneira: 
 
• Teoria dos Preços (Microeconomia): estuda a formação dos preços em diversos mercados, a 
partir da ação conjunta da demanda e da oferta. É importante saber o preço porque é ele que 
constitui o sinal para o uso eficiente dos recursos da sociedade, além de funcionar como um 
elemento de exclusão (de acesso a produtor). Aliás, é exatamente desse último aspecto 
(exclusão) que nasce a crítica à presente teoria, visto que ela só analisa os indivíduos que 
possuem renda. 
• Macroeconomia (equilíbrio da renda nacional): estuda as condições de equilíbrio estável entre a 
renda e o dispêndio nacional, equilíbrio esse que, vale dizer, é sempre buscado pelas políticas 
econômicas. 
• Desenvolvimento econômico (crescimento): estuda o processo de acumulação de recursos 
escassos e da geração de tecnologia, possibilitando o aumento da produção de bens e serviços 
para a sociedade. 
Economia Política e Direito 
5 
• Economia Internacional: estuda as condições de equilíbrio do comércio externo (importações e 
exportações), além dos fluxos de capital. 
Bens e Necessidade Humana 
A economia é o estudo da organização social, através do qual os homens satisfazem suas necessidades 
de bens e serviços, sendo certo que bem é tudo aquilo capaz de satisfazer uma necessidade humana. 
 
Os bens, vale a pena dizer, podem ser materiais (aqueles com características físicas de peso, forma, 
dimensão e et cetera) ou imateriais (os de caráter abstrato). 
Custos de Oportunidade 
Como dito anteriormente, a economia é uma ciência ligada ao problema da escolha, pois nem tudo está 
disponível ao mesmo tempo, de acordo com a lei de escassez. O empresário está envolvido, assim, 
sempre num processo de escolha, no qual poderá ganhar ou perder, no qual poderá ter feito uma 
escolha certa ou errada. Para saber isso, está constantemente analisando a atividade por si escolhida 
em relação àquelas que não escolheu. Exemplificando, determinado empresário escolhe a atividade A, 
que tem um ganho de R$1.000,00, mas, ao analisar outra atividade, B, por ele não escolhida, percebe 
que o ganho desta foi de R$2.000,00. Assim, seu custo de oportunidade, que é tudo aquilo que o 
empresário deixou de ganhar por não ter escolhido determinada atividade, foi de dois mil. Dessa 
maneira, a partir da análise dos custos de oportunidade pode o empresário saber se a escolha que 
realizou foi ou não a mais correta ou se vale a pena transferir os recursos de uma atividade para outra. 
 
Ressalta-se que os custos de oportunidade não se tratam da perda ou do ganho do quefoi escolhido, 
mas sim do ganho daquilo que não foi escolhido, e, também, que mesmo se os custos de oportunidade 
forem menores do que os ganhos da atividade escolhida pelo empresário, eles não deixarão de existir, 
mas só serão simplesmente inferiores do que os ganhos do empresário. 
28.03.12 
Elementos da Economia Capitalista 
O capitalismo caracteriza-se por um sistema de organização privada dos meios de produção (bens de 
produção ou de capital) e possui quatro categorias principais: 
• Capital: é o conjunto (estoque) de bens econômicos heterogêneos, tais como máquinas, 
instrumentos, fábricas, matérias-primas (quando estocadas, antes de se tornarem produto 
final), etc, capaz de reproduzir bens e serviços. Seu uso contribui para o aumento da 
produtividade do trabalho. 
• Propriedade Privada: através dela o capitalismo se apropria de parte da renda gerada nas 
atividades econômicas. No capitalismo, são os próprios indivíduos que recebem os juros, lucros, 
alugueis e direito de exploração (royalties) de bens e patentes. 
• Divisão do Trabalho: pode ser observada já no pré-capitalismo, mas através de uma divisão 
meramente social do trabalho. Hoje, porém, no capitalismo, a divisão do trabalho pode ser 
tanto social, como manufatureira e internacional, sendo uma característica disso a 
especialização de funções, que permite a cada pessoa usar, com a máxima vantagem, diferenças 
peculiares em aptidões e recursos, o que possibilita a manutenção dos padrões modernos de 
vida. Isso, porém, cria e acentua diferenças. 
Economia Política e Direito 
6 
• Moeda: ao lado do capital e da especialização, a moeda é um terceiro aspecto da vida 
econômica moderna. Sua importância é ressaltada quando se imagina uma economia de 
escambo, deveras limitada, na qual uma mercadoria é trocada diretamente por outra e deveria, 
para ser realizada a troca, haver dupla coincidência de necessidades. Portanto, é incontroverso 
que a moeda é uma das grandes invenções da humanidade, tendo na economia quatro funções 
básicas: meio de troca (facilitando e dinamizando o negócio), reserva de valor (para que seja 
aceita, deve manter o seu poder de compra e também ser facilmente reconhecida, divisível e 
transportável), unidade de conta (reduzindo sensivelmente o esforço de se reconhecer todos os 
preços relativos entre si, bastando conhecê-los em relação à moeda) e padrão para pagamento 
deferido no tempo (aumentando o acesso a produtos). 
18.04.12 
O início da aula foi direcionado à discussão do texto de Edgar Salvadori de Decca, intitulado “O 
Nascimento das Fábricas”, que tem sua síntese anexada ao presente material (vide Anexo I). 
Sociedade Pré-Capitalista x Sociedade de Mercado 
A transição entre a sociedade pré-capitalista e a sociedade de mercado é fruto de um longo processo 
histórico. Alguns aspectos históricos se destacam, como, por exemplo, as grandes navegações, que 
organizaram uma ótica de comércio antes inexistente e possibilitaram maior acesso aos produtos, e o 
mercantilismo, que será tão logo estudado. 
 
Para saber mais sobre o tema, vide a sínteses dos textos “A Grande Transformação” e “Entenda a 
Economia”, em Anexo I. 
Escolas e Doutrinas Econômicas 
Mercantilismo 
O mercantilismo é uma doutrina econômica que caracteriza o período histórico da Revolução Comercial 
(séculos XVI - XVIII), que foi marcado pela desintegração do feudalismo e pela formação dos Estados 
Nacionais. Por ter mudado a forma do pensamento original, as ideias trazidas pelo mercantilismo são 
consideradas pioneiras. O estado, a partir de então, foi considerado como agente fundamental de 
evolução e crescimento de um determinado local e sociedade. Os princípios mercantilistas são: 
• Incrementação do bem-estar social pelo Estado, ainda que em detrimento de seus vizinhos ou 
colônias. 
• Grande arrecadação de riqueza, sendo valorizado tudo aquilo que beneficiava a riqueza da 
economia nacional, tais como: aumento da população, incremento do volume de metais 
preciosos no país, estimulação do comércio exterior (visto que por meio de uma balança 
comercial favorável era que se aumentava o estoque de metais preciosos) e preponderância do 
comércio e manufatura em detrimento da agricultura (pois tornavam possível a acumulação de 
capital). 
 
Essas concepções levaram a um intenso protecionismo estatal, isto é, a uma ampla intervenção do 
Estado na economia, haja vista que uma forte autoridade central tida como essencial para expansão dos 
mercados e para a proteção dos interesses comerciais. O acúmulo de divisas em metais preciosos pelo 
Estado por meio de um comércio exterior de caráter protecionista era defendido pelos mercantilistas, e 
Economia Política e Direito 
7 
pregavam que a riqueza adquirida deveria ficar no território para não se perder na medida em que 
houvesse contato com outros territórios. 
 
O mercantilismo era constituído de um conjunto de concepções desenvolvidas na prática por ministro, 
administradores e comerciantes, com objetivo não só econômico, mas também político-estratégico. A 
aplicação do mercantilismo, portanto, variava conforme a situação do país, seus recursos e modelo de 
governo vigente. 
Fisiocratas 
Trata-se de um grupo de economistas franceses do século XVIII que combateu as ideias mercantilistas e 
formulou, pela primeira vez, de maneira sistemática e lógica, uma teoria do liberalismo econômico. 
Dessa maneira, defendiam a mais ampla liberdade econômica, devendo o estado intervir na economia 
apenas em caráter excepcional e necessário, pois entendiam que quanto mais o estado interferisse na 
ordem natural dos agentes econômicos menos ele evoluiria. 
 
Criaram a noção de produto líquido, defendendo que a riqueza era gerada somente pela terra (ou 
natureza, que é physis em grego, sendo daí tirado o nome da escola em comento). Ou seja, a 
importância maior estava na agricultura, não fazendo o comércio e a manufatura nada mais que 
transportar ou transformar os produtos da terra. Observa-se exatamente aqui a crítica ao 
mercantilismo, que estimulava essas atividades em detrimento daquela, a agricultura. 
 
Em suma, os fisiocratas entendiam que o Estado deveria assumir o papel somente de guardião da 
propriedade e garantidor da liberdade econômica, e que não era pela circulação, mas pela produção 
agrícola que a economia cresceria. Essas ideias influenciaram Adam Smith, que, porém, entendeu que 
não só a produção agrícola poderia gerar desenvolvimento econômico, mas também todo e qualquer 
outro tipo de produção. 
20.04.12 
Escola Clássica 
As principais figuras da escola clássica são Adam Smith e seu pupilo, o francês Jean Baptiste Say. 
Refutando as duas escolas anteriormente estudadas, a Escola Clássica desenvolve a Teoria do Valor 
Trabalho, afirmando que a riqueza não vem da terra, mas de qualquer atividade que produza bens e 
tenha nela aplicado trabalho. Noutros termos, entendiam que o desenvolvimento da riqueza de um 
país vinha do trabalho, fonte de todo valor. 
 
 A riqueza poderia, portanto, ser elevada com produtividade e, consequentemente, com emprego de 
mais trabalho especializado. Isso porque, o valor da mercadoria era dado pela quantidade de trabalho 
empregado para produzi-la ou para fazê-la circular. A Escola Clássica, portanto, enfatiza a produção, 
relegando ao segundo plano o consumo e a agricultura, de modo que pregavam o investimento, ou 
reinvestimento, nos fatores envolvidos na atividade produtiva: trabalho, terra e capital. 
 
Contrários à intervenção estatal, apoiavam-se no liberalismo econômico e no individualismo e 
firmaram o princípio da livre-concorrência. E acreditavam que a nação mais proeminente seria aquela 
que conseguisse acumular mais riquezas, na forma de acumulação de capital, sendo, por isso mesmo, 
que todos os pensamentos desta escola visavam a esse fim. 
 
Economia Política e Direito8 
Ainda no contexto da Escola Clássica, destaca-se a teoria de Ricardo sobre a renda da terra e a Teoria 
das Vantagens Comparativas, do mesmo autor, as quais serão minuciosamente estudadas em ocasião 
posterior. 
Adam Smith (1723-1790) 
Buscava entender qual mecanismo mais apropriado de organização da sociedade. Entendia ser 
desnecessária a intervenção da mão do Estado na sociedade e economia, pois já existia uma Mão 
Invisível, o próprio mercado, capaz de harmonizar a sociedade e gerar um bem-estar coletivo. Refuta o 
ponto de vista dos fisiocratas, ao entender que não era a terra que era capaz de gerar riqueza, mas sim 
qualquer atividade que produzisse bens e tenha nela aplicado trabalho. Quem determinava o valor de 
troca, pois, não era a demanda, mas o trabalho despedido e do tempo utilizado para produzir 
determinada mercadoria. Dessa maneira, considerava o trabalho como fonte do valor. Na hora da 
distribuição do valor, fundamentado na Lei dos Rendimentos Não Proporcionais, acreditava que cada 
fator produtivo não respondia igualmente, isto é, não era igual o valor investido na terra, no capital e 
no trabalho. Refutava o protecionismo, pois entendia que quanto menos protegido o mercado maior a 
liberdade de comércio com outras economias, defendendo, assim, o liberalismo e o individualismo. 
 
Para saber um pouco mais sobre Adam Smith, vide a síntese do Volume II do texto Entenda a Economia, 
que se encontra em Anexo I. 
25.04.12 
Jean Baptiste Say (1767-1832) 
Divulgador da obra de Adam Smith, Jean Baptiste Say criou a Lei dos Mercados (ou Lei de Say), segundo 
a qual a oferta gera uma demanda de igual valor, ou seja, a produção criaria sua própria demanda, 
gerando um equilíbrio econômico que impossibilitaria uma crise geral de superprodução, visto que a 
soma dos valores de todas as mercadorias produzidas seria sempre equivalente à soma dos valores de 
todas as mercadorias compradas. Dessa maneira, acreditava ser a economia capitalista autorregulável, 
não se fazendo necessária a intervenção estatal. 
 
Ao longo do tempo, porém, observou-se que a referida lei teria aplicação somente numa economia 
baseada no escambo (não monetária), pois, nas condições modernas a intermediação da moeda na 
compra é mais sofisticada, criando, por exemplo, a possibilidade de adiar decisões de compra e de se 
constituir uma reserva de valor, situações que poderiam interromper vendas e causar uma retração da 
demanda, podendo resultar numa crise econômica. 
Davi Ricardo (1772-1823) 
Considerado como o mais legítimo sucessor de Adam Smith, Davi Ricardo, por meio de sua obra 
“Princípios de Economia e Política e Tributação”, deu enorme contribuição à teoria do valor-trabalho e 
da distribuição. Tal qual Smith, localizava no trabalho o valor de troca das mercadorias. 
 
Com medo de a economia chegar a um estágio estacionário, Ricardo desenvolve uma teoria sobre a 
renda da terra. Vamos entendê-la: Para esse autor, a renda relacionava-se diretamente com o aumento 
da população, pois acreditava que uma maior demanda, gerada pelo aumento populacional, exigia o 
cultivo de terras menos férteis por parte dos proprietários rurais. Nessas terras, obviamente, os custos 
de produção eram mais elevados do que nas terras mais férteis, o que gerava também um aumento no 
preço do produto, visto que o preço dos custos de produção deve ser arcado pelo custo de mercado. Os 
Economia Política e Direito 
9 
proprietários de terras mais férteis, por sua vez, disso se beneficiavam, adquirindo uma maior receita, 
pois, embora os custos de sua produção não tivessem se elevado, o preço dos seus produtos 
aumentava, gerando, assim, mais lucro para si. Essa diferença a favor destes (ou o excedente sobre o 
custo de produção), que desencadeava, inevitavelmente, no crescimento de renda, dava aos 
proprietários rurais de terras mais férteis a possibilidade de se apossassem de maior percentual de 
excedente econômico em detrimento dos próprios capitalistas, o que, segundo Ricardo, geraria um 
“estado estacionário”. Ao chegar a determinado limite, inclusive, o lucro seria tão baixo que a 
acumulação de capital simplesmente cessaria, prejudicando o desenvolvimento econômico. Para adiar 
isso, Ricardo propunha a aplicação de um programa econômico liberal, com livre cambismo no comércio 
internacional, acreditando que isso permitiria tirar maior proveito das terras em escalas mundial. 
Formulou, assim, a Teoria das Vantagens Comparativas, com a qual procurou demonstrar a vantagem 
de um país importar determinados produtos, mesmo se pudesse produzi-lo a preço inferior, desde que 
sua vantagem, em comparação com outros produtos, fosse maior, o que evitaria a problemática de se 
produzir em terras menos férteis e do prejuízo que isso poderia gerar ao desenvolvimento econômico. 
John Stuart Mill (1806-1837) 
Em sua obra, “Princípios de Economia”, fez uma síntese de alguns trabalhos clássicos, em especial os de 
Ricardo e de Malthus, além de incorporar novas ideias. Possuidor de ideias libertárias, altruístas e 
socialistas (tendo, inclusive, na prática, defendido o direito das mulheres ao voto e o direito dos 
sindicatos à greve) observou que alguns elementos não eram resolvidos pela “mão invisível” do 
mercado, devendo haver menor dependência das forças naturais do mercado e um maior grau de 
intervenção governamental deliberado para a resolução de problemas econômicos. Uma das situações 
em que a intervenção estatal faria sentido, por exemplo, era quando da concentração industrial, que 
fazia com que um só produtor monopolizasse sua fabricação, ficando o preço do produto em seu poder, 
o que excluiria a livre concorrência e os benefícios por ela concedidos aos consumidores, como a 
existência de preços mais justos. 
 
Em relação à teoria do valor, procurou demonstrar como o preço é determinado pela relação entre 
demanda e oferta, oferecendo visão além daquela de outros autores clássicos, que afirmavam ser a 
quantidade de trabalho envolvida na produção o fator determinante do preço. E, em consonância com a 
ideia da renda da terra de Davi Ricardo, defendia tributação sobre a renda adquirida com a terra. 
27.04.12 
Karl Heinrich Marx 
Karl Marx, eminente teórico do comunismo e que se dedicou a fundamentar teoricamente o socialismo, 
até então denominado pelo pensamento utopista, foi o primeiro dos autores clássicos a fazer uma 
crítica aos trabalhos da economia política, que eram meramente econômicos, incorporando também o 
campo das relações sociais a esse estudo. É considerado um autor clássico porque conserva algumas 
ideias clássicas, como a teoria valor-trabalho de Smith e Ricardo, a qual que serviu como base para 
desenvolver sua teoria da mais-valia, esboçada no livro “Trabalho Assalariado e Capital”. Mas também 
foi o primeiro autor a contestar de fato a análise realizada pela escola clássica, tanto nas suas premissas 
e objetivos quanto em suas conclusões, ao desenvolver a análise do processo capitalista baseado na 
concepção materialista e na luta de classes. 
 
Junto com Engels, Marx escreve “O Manifesto Comunista”, espécie de programa e carta de princípio da 
Liga dos Comunistas, organização revolucionário fundada com a ajuda dos referidos autores e amigos. A 
Economia Política e Direito 
10 
obra apresenta, a partir das concepções do materialismo histórico, uma analisa da sociedade capitalista, 
além de fundamentar a teoria do socialismo científico (ou teoria política marxista, que considera a luta 
de classes o motor da história e que o Estado é sempre um órgão a serviço da classe dominante) e 
apresentar o programa da revolução proletária e a função histórica da ditadura do proletariado 
(cabendo à classe operária se apropriar novamente dos meios de produção e lutar pela conquista do 
Estado, via ditadura do proletariado). 
 
Considera o capitalismo um modo de produção transitório,sujeito a ciclos de crise econômica e que, por 
conta de suas contradições internas, deveria ceder lugar ao modo de produção socialista, mediante 
revolução. 
 
A antes mencionada Teoria da Mais-Valia, por ser conceito fundamental da economia política marxista, 
merece estudo detalhado: Marx, assim como Adam Smith e David Ricardo, considerava que o valor da 
mercadoria era determinado pela quantidade de trabalho necessário para produzi-la. A força de 
trabalho era também uma mercadoria, cujo valor seria determinado pelos meios de vida necessários à 
subsistência do trabalhador (alimentos, roupas, moradia, transporte, etc.). Se a pessoa trabalhasse por 
mais tempo, produziria não apenas o valor correspondente ao de sua força de trabalho (paga pelo 
capitalista na forma de salário), mas também um valor a mais, um valor excedente sem contrapartida, 
denominado por Marx de mais-valia. E é justamente da exploração desse trabalho não pago, ou seja, da 
parcela2 de trabalho não remunerado que seriam tirados os possíveis lucros dos capitalistas (além da 
renda da terra, dos juros, etc.). Diante desse conceito, podemos observar mais uma vez o porquê da 
crença de Marx acerca da luta de classes – o autor acreditava que sem antagonia de classes não haveria 
progresso, visto que o progresso é fruto da acumulação de capital. 
 
Marx entendia que existiam dois tipos de mais-valia, a absoluta e a relativa. A absoluta se dava quando 
a jornada de trabalho e, consequentemente, a produção e o lucro aumentavam, sem que houvesse 
modificação no salário do trabalhador, aumentando, assim, a mais-valia. Já a relativa quando a jornada 
de trabalho era mantida, mas a produtividade era aumentada pela introdução de maquinário mais 
produtivo, de mais maquinário e/ou mediante nova forma de organização da produção, o que também 
aumentava a mais-valia, visto que os lucros do capitalista eram maiores, mas seus gatos com o salário 
do trabalhador não, muito embora seu trabalho contribuísse para a produção de todas as mercadorias. 
 
O trabalho, para Marx, era entendido como o tempo que o trabalhador gastava do seu lazer 
direcionando-o para garantir sua subsistência, através do salário. Acreditava, porém, no que denominou 
de trabalho emancipado, aquele quando a pessoa na atividade cotidiana não busca prioritariamente sua 
subsistência, mas sim a contribuição que poderia advir de seu trabalho, o que poderia gerar um nível de 
desenvolvimento maior do que o trabalho “comum”. 
 
Finalmente, Marx entendia que a sociedade mais rica seria aquela que acumulasse capital através da 
atividade produtiva. Para saber um pouco mais sobre esse autor, vide a síntese do Volume II do texto 
Entenda a Economia, que se encontra em ANEXO I. 
02.05.12 
 
2
 Deve-se atentar que, com exceção do trabalho escravo, todo trabalho era remunerado, de modo que é incorreto 
afirmar que a teoria da mais-valia é o trabalho não pago, sendo mais acertado dizer que se trata da parcela não 
remunerada do trabalho. 
Economia Política e Direito 
11 
Aula direcionada à revisão da matéria para a primeira prova. 
11.05.12 
Escola Neoclássica 
A análise da escola neoclássica caracteriza-se fundamentalmente por ser microeconômica, uma vez que 
se baseava no comportamento dos indivíduos e nas condições do equilíbrio estático. Tinham como 
postulados a concorrência perfeita e a inexistência de crises econômicas3, admitidas apenas como 
acidentes ou consequência de erros, concentrando, assim, sua atenção na análise da formação de 
preços de bens individuais e dos fatores de produção em mercados competitivos. Acreditavam, 
portanto, na ideia de equilíbrio econômico geral (razão pela qual eram chamados de equilibristas), pois 
entendiam que o mecanismo da livre concorrência (ou a interação entre oferta e demanda), explicado 
a partir de um critério subjetivo (de utilidade e disponibilidade do bem), seria a força reguladora da 
atividade econômica, capaz de estabelecer o equilíbrio entre a produção e o consumo. Observa-se, 
assim, que os neoclássicos tinham como princípio norteador a “Lei de Mercados”, desenvolvida pelo 
autor clássico Jean Baptiste Say, segundo a qual toda demanda teria sua oferta, isto é, de que tudo que 
seria ofertado também seria consumido, ressaltando-se que o critério subjetivo com que observavam 
isso, qual seja, a satisfação que determinado produto em determinada circunstância pode conferir. 
 
Por esse motivo, os neoclássicos, além de serem chamados de equilibristas, também eram conhecidos 
como utilitaristas, pois entendiam que os agentes se relacionavam com o mercado de forma racional, 
diante do que desenvolveram os seguintes conceitos: utilidade marginal (o valor do bem está 
relacionado às suas utilidade - princípio do utilitarismo - e capacidade em satisfazer a necessidade 
humana em determinado momento – princípio da saturabilidade -, sendo certa sua ordem decrescente 
na medida em que a necessidade fosse satisfeita ou que a disponibilidade do produto aumentasse) e 
produtividade marginal (entendiam que todos os fatores de produção possuíam atividade decrescente 
e que a disponibilidade dos mesmos era variável, o que fazia com que cada fator de produção fosse 
remunerado de acordo com sua produtividade e disponibilidade, desenvolvendo, assim, uma nova 
teoria distributiva, sendo o fator mais disponível o de menor valor e o menos disponível o de maior 
valor). 
Princípios do utilitarismo e da saturabilidade 
O princípio do utilitarismo, segundo Jeremy Bentham, consiste em que toda felicidade está na obtenção 
do útil, ou seja, no afastar-se da dor e aproximar-se o máximo possível do prazer, da satisfação. Ou seja, 
um bem é útil quando capaz de satisfazer a necessidade humana em dada circunstância. 
Exemplificando, um saco de pipoca vendido em um cinema é mais caro e mais consumido porque 
proporciona maior prazer do que aquele vendido em um mercado, embora este seja mais barato. 
 
O princípio da saturabilidade é aquele segundo o qual a satisfação, ou utilidade, de cada unidade a mais 
consumida de um bem diminui na medida em que o bem é consumido. Exemplificando, um indivíduo 
 
3
 Entretanto, a profunda crise de 1929 e consequente depressão que perdurou até a segunda guerra mundial 
(período chamado de a Grande Depressão de 1929-1933) revelaram a fragilidade das formulações da Escola 
Neoclássica, sendo necessária uma análise mais abrangente do tema, como a desenvolvida por John Maynard 
Keynes, que contestou os princípios da escola neoclássica e desenvolveu uma análise macroeconômica, além de 
introduzir o conceito do equilíbrio do subemprego, adaptando a teoria econômica oficial à problemática 
contemporânea do capitalismo. Assim, o que hoje estudamos são elementos trazidos pelos neoclássicos fundidos 
com trazidos por Keynes. 
Economia Política e Direito 
12 
com sede estará disposto a pagar muito mais caro pela primeira garrafa de água que consumir do que 
pela segunda e terceira. A questão relaciona-se, portanto, com a disponibilidade do bem. 
 
Ao contrário da escola clássica, os neoclássicos desconectavam do trabalho o valor agregado a um 
produto, pois entendiam que o preço do produto correspondia à necessidade e satisfação que o mesmo 
poderia fornecer ao consumidor, negando, assim, a teoria do valor-trabalho e substituindo-a pela teoria 
do valor utilidade, segundo a qual existe uma relação subjetiva entre a pessoa e o bem, de modo que 
um mesmo bem poderia ter diversas relações, dependendo da pessoa e do momento com os quais se 
relacione, sendo importante tanto a maximização de lucros pelo produtor quanto a maximização de 
satisfação pelos consumidores. Com efeito, o valor do bem, embora determinado pelo produtor, estava 
muito mais relacionado à sua relação com o consumidordo que com o trabalho empregado para 
produzi-lo e fazê-lo circular, tampouco com os custos de produção. 
 
Assim como os clássicos, os neoclássicos acreditavam no equilíbrio econômico geral, isto é, na possível 
existência de um conjunto de preços e quantidades que garantiriam a igualdade de oferta e demanda 
em todos os mercados da economia, preservando, assim, a idéia liberalismo econômico daquela escola, 
ao acreditarem que a intervenção estatal seria cabível somente em caráter excepcional e para manter a 
livre concorrência e o equilíbrio econômico. 
 
Por fim, convém destacar que, embora alguns tentem rechaçá-la, a mainstrain (corrente mais adotada) 
nos dias atuais é exatamente a teoria econômica dos neoclássicos, por ser a única capaz de explicar a 
disposição que o consumidor tem de pagar preços elevados (às vezes até exorbitantes) em 
determinados produtos, sem qualquer ligação com os meios de produção, mas especialmente pelo grau 
de utilidade, de satisfação que o produto pode conferir. 
Jeremy Bentham (1748-1832) 
Precursor do utilitarismo, Jeremy Bentham considerava que somente o egoísmo e a busca da felicidade 
motivavam a conduta humana. E alinhava-se, inicialmente, a Adam Smith a favor da liberdade de 
iniciativa econômica do indivíduo, tendo posteriormente modificado sua posição e defendido a 
intervenção governamental, na medida em que harmonizasse os interesses e garantisse a maior 
satisfação possível ao maior número de pessoas possíveis. 
Carl Menger (1840-1921) 
Foi o que melhor explorou a teoria subjetiva do valor (ou teoria da utilidade marginal)4, ligando o valor 
do bem à satisfação dos desejos humanos. Para ele, as trocas ocorriam porque os indivíduos têm 
avaliações subjetivas diferentes de uma mesma mercadoria. Assim, para ele toda a atividade econômica 
resultava simplesmente da conduta dos indivíduos e deveria ser analisada a partir do consumo final. 
18 e 23.05.12 
William Stanley Jevons (1835-1882) 
Destacou-se ao combinar a análise teórica com a estatística, tecendo um olhar mais matemático para 
explicar a economia. Formulou uma teoria mais abrangente de valor, baseada na teoria da utilidade, 
afirmando que a troca e a distribuição do produto influenciam em seu valor. E, embora não tenha 
 
4
 A teoria da utilidade marginal, desenvolvida por Bentham, foi também estudada, na mesma época (1871) e de 
maneira independente, por Jevons, Walras e Menger, mas foram Menger e seus discípulos que melhor a exploram. 
Economia Política e Direito 
13 
apresentado uma teoria subjetiva completa, negou o trabalho como fonte de valor, pois entendia que 
ele só poderia de modo indireto afetar o valor de um produto, visto que é “o custo da produção que 
determina a oferta, que determina o grau final de utilidade, que, por sua vez, determina o valor”. 
 
Diante disso, entendia que um custo de produção alto implicaria numa baixa oferta, que faria com que o 
grau de utilidade de um bem seja maior e, consequentemente, também seja maior o seu valor. Da 
mesma forma aconteceria se fosse o contrário, ou seja, um custo de produção baixo implicaria numa 
alta oferta, que faria com que o grau de utilidade de um bem seja menor e, consequentemente, 
também seja menor seu valor. 
 
Baseando-se na filosofia de Bentham, definiu o que seria utilidade: capacidade que um objeto tem de 
provocar o prazer ou impedir a dor, estando a questão, portanto, ligada à satisfação ou à sua falta. 
Alfred Marshall (1842-1924) 
Transformou vários argumentos dos autores clássicos Ricardo e Mill em posições matemáticas. Analisou 
as relações entre oferta, procura e valor, caracterizando o comportamento econômico humano como 
um delicado equilíbrio entre a busca da satisfação e negação do sacrifício (é o que ele chamava de 
equilíbrio econômico parcial). 
 
Combinando a utilidade marginal com o custo real subjetivo, entendia que o valor era determinado pela 
atuação conjunta das forças que se localizam na procura (que estaria na utilidade marginal, expressa nos 
preços de procura dos compradores) e na oferta (na qual se localizavam o esforço e o sacrifício marginal 
dos produtores, refletidos nos preços de oferta em que eram produzidos os bens). Observa-se, então, 
que Marshall considerava que o valor do produto tinha ligação com os custos de produção. Dessa 
maneira, relacionou todas as categorias econômicas, a saber: os problemas da oferta, da procura e do 
preço dos produtos aos dos fatores de produção, inter-relacionando, assim, a troca, a produção e a 
distribuição. Assim, podemos afirmar que na teoria do equilíbrio do valor estava implícita uma teoria da 
distribuição. 
 
Em relação ao consumidor, entendia que esse deveria observar o quanto preza pelo seu tempo livre e o 
quanto está disposto a abrir mão dele, esforçando-se para obter uma renda, a qual determinaria o 
modelo de seu gasto. Quanto ao capital e o trabalho, Marshall afirmava que, a longo prazo, as 
remunerações desses dois fatores de produção deveria ser igual a seus custos marginais. Então, o juro 
tenderia a ser igual ao sacrifício marginal da poupança, e os salários iguais à desutilidade marginal do 
esforço. Observa-se, assim, que Marshall entendia que tudo estava ligado à desutilidade e à utilidade. 
Léon Walras (1834-1910) 
Foi um dos primeiros economistas a elaborar uma teoria geral abstrata do equilíbrio econômico, porque 
acreditava que, hipoteticamente, poderia ser buscado um equilíbrio econômico geral, no qual em todos 
os mercados a oferta seria igual à demanda, podendo isso ser expresso através de equações funcionais. 
Vale dizer que tal equilíbrio geral supõe uma análise de todas as variáveis relevantes para o problema a 
ser estudado (como, por exemplo, produção e preços de todos os setores industriais) e que um sistema 
econômico poderia ser considerado em equilíbrio quando todas as variáveis permanecessem imutáveis 
num determinado período. 
Equilíbrio Estável ou Instável x Equilíbrio Parcial ou Geral 
O equilíbrio econômico pode ser estável ou instável, parcial ou geral: a) Será estável se houver uma 
tendência para que o equilíbrio original se restaure, mesmo que haja ligeiras perturbações no preço ou 
Economia Política e Direito 
14 
na quantidade produzida; b) será instável se uma perturbação incidental nos preços ou nas quantidades 
produzidas não fizer com que o equilíbrio original se restaure; c) o equilíbrio parcial (estudado por 
Marshall) é aquele que se refere a dados restritos, como, por exemplo, a análise da evolução no preço 
de um só produto, enquanto os outros se mantêm constantes; d) já o equilíbrio geral (estudado por 
Walras) pressupõe a análise de todas as variáveis relevantes para o problema em estudo, como, por 
exemplo, produção e preços de todos os setores industriais. 
 
Para Walras a questão do equilíbrio era fundamental (acreditava, inclusive, que o equilíbrio era estável), 
porque se as condições de oferta e demanda permanecessem inalteradas, os preços também tenderiam 
a permanecer estáveis. 
 
Tal qual Jevons e Menger, Walras entendia que, assim como a utilidade (ou satisfação) do bem, a 
disponibilidade seria determinante para seu valor. Mas por se preocupar, sobretudo, não na questão 
do valor, e sim do equilíbrio via mecanismo de preços, acreditava que o equilíbrio deveria ser obtido a 
partir de um preço no qual oferta e demanda se igualassem. Diante disso, demonstra que, dados certos 
preços, cada indivíduo continuaria trocando mercadorias até que a proporção das utilidades marginais 
fosse igual à proporção da troca, atingindo, assim, certo equilíbrio. 
03 e 05.10.12 
Joseph Schumpeter (1883-1950) 
Schumpeter foi o percussor da teoria do desenvolvimento capitalista, oferecendo grande contribuição à 
economia moderna, particularmente no estudo dos ciclos econômicos (flutuaçãoperiódica e alternada 
de expansão e contração de toda a atividade econômica), contrariando as ideias de ajuste automático 
pela oferta e demanda e de equilíbrio estável da economia. Para ele, a economia oscilava periódica e 
alternadamente, tanto por momentos de expansão quanto de contração, passando por ciclos longos 
(chamados ciclos de Kondratieff, que teriam duração de sessenta anos), médios (chamados de ciclo 
Juglar, de seis a dez anos) e curtos (ciclo Kitchin, de cerca de quarenta meses), atribuindo diferentes 
causas a cada período, dependendo do setor. Afirmava que as depressões econômicas resultariam da 
superposição desses três tipos de ciclos num ponto baixo, como ocorreu na grande depressão de 1929-
1933. Explicava, genericamente, que os ciclos ocorriam sempre que a demanda total de bens e serviços 
fosse menor do que a necessária para manter a produção no seu nível de desenvolvimento, sem que 
houvesse investimento para preencher a insuficiência de demanda, o que resultava na queda da 
produção e do emprego e, consequentemente, no declínio/contração do da economia. 
 
O estudo dos ciclos econômicos, evidentemente, está intimamente ligado ao das crises econômicas, 
motivo pelo qual, atualmente, acredita-se que uma intervenção estatal seria fundamental para o 
investimento na economia e consequente restabelecimento do período de extensão/ascensão, 
conforme veremos ao estudar outro grande economista neoclássico, John Maynard Keynes, infra. 
Certamente, com essa ideia de ciclos econômicos, o autor oferece sempre à teoria econômica uma 
opção heterodoxa, por considerar que a economia não se encontra em estado de equilíbrio. 
 
Afirmava que o estímulo para um novo ciclo de desenvolvimento econômico viria principalmente das 
inovações tecnológicas, introduzidas por empresários empreendedores incentivados para tanto, o que 
ocorria quando a taxa de lucro se tornava atrativa o bastante, gerando audácia nesses empresários, 
ponto esse que se tornou essencial para a economia não se manter numa posição estática (na qual 
seriam nulos o crescimento real e a taxa de investimento) ou até mesmo capaz de fazer a economia 
Economia Política e Direito 
15 
começar um novo ciclo econômico crescente. Tais inovações tecnológicas, que de maneira ideal 
serviriam de grandes catalisadores da economia, consistiam em: 
• Fabricação de um novo bem com taxa de lucratividade elevada; 
• Introdução de um novo método de produção, capaz de aumentar a produção e em 
contrapartida diminuir os custos de produção, elevando, por conseguinte, a margem de lucro; 
• Abertura de um novo mercado, o que geraria aumento de demanda, de produção e de lucro; 
• Conquista de uma nova fonte de matéria-prima capaz de produzir um mesmo bem com preço 
menor, o que também seria capaz de gerar lucro; 
• Realização de uma nova organização econômica ou estabelecimento de uma situação de 
monopólio, diante da qual as empresas enfatizariam menos seus esforços na competição de 
preços e mais em termos de inovação tecnológica e de informação, gerando, assim, mais lucro. 
Ressalta-se, ainda, que, embora não seja a situação de monopólio eterna, o desenvolvimento 
tecnológico alcançado seria capaz perene, fazendo a empresa ser superior a outras, o que 
demonstra mais uma vez o benefício trazido pela situação de monopólio. 
• Pequenas inovações tecnológicas são também capazes estimular o ciclo ascendente, isto é, de 
expansão economia, sendo capaz de tirar de uma posição estática a economia, embora de 
maneira mais gradual e lenta do que as anteriormente citadas. 
 
Finalmente, Schumpeter entendia que o montante investido deve ter um impacto maior na renda do 
que seu próprio valor, e a isso denomina de efeito multiplicador do investimento sobre o produto (ex: 
quando se aumenta a demanda de um setor outro setor por consequência disso também aumenta sua 
demanda). E, embora seja um pretenso adversário do socialismo, Schumpeter, em uma de suas 
principais obras, a “Capitalism, socialism and Democracy” (1942), conclui pelo desaparecimento do 
capitalismo e pelo inevitável triunfo daquele sistema econômico. 
John Maynard Keynes (1883-1946) 
Considerado o pioneiro da macroeconomia, por ter analisado não uma única firma ou um conjunto 
delas (chamado indústria), mas sim todo o mercado, John Maynard Keynes, era inteiramente a favor da 
sustentação e melhora do capitalismo. Apesar de ter sido num primeiro momento discípulo de Alfred 
Marshall, o “papa do Marginalismo”, através dos seus estudos sobre o emprego e o ciclo econômico, 
contestou os conceitos marginalistas e o grupo dogmático neles repousados. Seus estudos também 
abalaram de maneira irremediável as inovações clássicas do liberalismo econômico, contrariando o 
princípio do equilíbrio automático da economia capitalista, ao constatar que a economia 
fatidicamente passava por momentos cíclicos de expansão, contração e, inclusive, de depressão. Para 
Keynes, pois, a economia não estaria isenta de crises econômicas, tampouco funcionava numa 
concorrência perfeita, ou num equilíbrio econômico geral, que somente admitia crises econômicas 
como conseqüência de erros. Ao contrário, considerava que a economia não encontrava “naturalmente” 
seu equilíbrio, sendo necessária a intervenção estatal para restabelecimento dos períodos de ascensão e 
conseqüente melhora da atividade econômica, tendo em vista sua constatação de que, em cenários de 
crise, era possível a preferência pela liquidez (ou entesouramento), o que significaria baixo nível de 
demanda efetiva, isto é, do que era efetivamente gasto com consumo e investimentos. Noutros termos, 
Keynes acreditava que o laissez-faire não era a política adequada para o capitalismo, pelo menos não 
em tempos de depressão. Aliás, exatamente por considerar o ponto de equilíbrio econômico apenas 
uma dentre diversas outras possibilidades, pode-se afirmar que Keynes foi o precursor da ideia de uma 
economia mista (ou heterodoxa). 
 
Economia Política e Direito 
16 
Em contrapartida aos neoclássicos, Keynes foi contrário à “Lei de Mercado”, desenvolvida pelo autor 
clássico Jean Baptiste Say, segundo a qual a oferta geraria uma demanda de igual valor, ou seja, que a 
produção criaria sua própria demanda, gerando um equilíbrio econômico que impossibilitaria uma crise 
geral de superprodução, visto que a soma dos valores de todas as mercadorias produzidas seria sempre 
equivalente à soma dos valores de todas as mercadorias consumidas. Isso porque, Keynes entendia que 
numa economia monetária seria possível receber sem, imediatamente, gastar o dinheiro, tendo em vista 
que, embora qualquer quantia de dinheiro pudesse ser aplicada lucrativamente, em certos casos 
poderia ser mais vantajosa a retenção do dinheiro (ou seu entesouramento), sendo preferível a liquidez, 
situação na qual a demanda real de determinada mercadoria cairia e o número de atividades realizadas 
para produzi-la também diminuiria, o que reduziria o nível de renda. 
 
Por ter vivido a Grande Depressão de 1929-1933, foi capaz de perceber que a economia poderia 
encontrar seu ponto de equilíbrio ao mesmo tempo em que tivesse uma alta taxa de desemprego e 
assim permanecer, desenvolvendo assim o conceito de equilíbrio de subemprego, que só poderia ser 
ultrapassado se o governo interviesse com instrumentos políticos que sustentassem a demanda efetiva, 
ou seja, a proporção da renda que seria gasta efetivamente em consumo e investimentos. E deveria 
fazê-lo com investimentos e incentivos, dinamizando a economia ao manter altos os níveis de renda e 
emprego. Para entendermos melhor como isso funcionaria, vejamos: quando necessário, o governo 
interviria na economia com investimentos e incentivos, aumentando, assim, o consumo e o desejo nos 
empresários de investir para gerarem lucros, o que aumentaria a produção, geraria empregos e elevaria 
o nível de renda. 
 
Um exemplorelacionado de intervenção estatal encontra-se na política monetária de redução de juros, 
que seria capaz, evidentemente, de influenciar o mercado, ao ampliar a quantidade de crédito5 nele 
disponível, aumentando-se, assim, os níveis de consumo e de investimento, o que, por conseqüência, 
manteria altos os níveis de emprego e de renda. 
 
Keynes entendia, portanto, que o nível de emprego numa economia capitalista dependia, em última 
instância, da demanda efetiva. Considerava que quanto maior a renda, maior a necessidade de 
produção e maior o número de empregos gerados para supri-la. Entendia, da mesma forma, que o 
desemprego seria resultado de uma demanda insuficiente de bens e serviços, por ausência ou 
dificuldade de renda, o que diminuiria a necessidade de produção. Segundo Keynes, este quadro só 
poderia ser resolvido por meio de incentivos e investimentos – a que chamou de fator dinâmico da 
economia - por parte do governo, os quais seriam capazes de influenciar a demanda (por sustentar alto 
o nível de renda) e de assegurar o pleno emprego (em razão da maior necessidade de produção 
ocasionada pelo aumento do consumo). Chegou, então, à seguinte fórmula: “Y = C + S →6 I”, segundo a 
qual o nível de renda (Y) é composto pelo nível de consumo (C) mais o de poupança (S) e Investimentos 
(I). 
 
Destaca-se que a autoria esse princípio da demanda efetiva é compartilhada com Michal Kalecki, 
economista polonês que, nesse mesmo período, desenvolveu princípios econômicos nas mesmas bases 
de Keynes. 
 
5
 Keynes acreditava que o aumento de crédito não necessariamente resultaria em aumento da inflação, na medida 
em que o próprio governo absorvesse os recursos ociosos advindos dos seus empréstimos. 
6
 Keynes entendia que tudo aquilo que era poupado seria posteriormente investido. Com efeito, fez a relação 
entre poupança e investimento aparecer em sua fórmula porque entendia que quem determinava o nível de 
poupança eram os investimentos. 
Economia Política e Direito 
17 
 
Para mais sobre Keynes, vide resumo do texto Entenda a Economia. Volume II, que se encontra neste 
material em ANEXO I. 
Keynesianismo 
As idéias keynesianas, embora propostas antes da crise de 1929 e reunidas na “Teoria Geral” em 1936, 
só foram aprendidas e aplicadas pelos países capitalistas no período pós II Guerra Mundial, ou seja, 
cerca de dez anos depois de propostas por Keynes. A partir de então, o pleno emprego tornou-se um 
objetivo explícito e os instrumentos de política do Estado foram postos em ação. Nos EUA, por exemplo, 
foi aprovada a “Lei de Emprego” no ano de 1946, que transformou em obrigação legal do governo a 
manutenção do pleno emprego mediante empréstimos e financiamento de obras públicas. 
 
O keynesianismo adota nada mais que as idéias sugeridas por Keynes, no todo ou em parte, pregando, 
desse modo, a adoção de medidas políticas para solucionar o problema do desemprego através da 
intervenção estatal, desencorajando o entesouramento (ou retenção de dinheiro, que significa baixo 
nível de demanda efetiva, ou seja, baixo nível daquilo que é efetivamente gasto com consumo e 
investimentos) em proveito das despesas produtivas por meio da redução da taxa de juros e do 
incremento dos investimentos públicos. 
 
Observa-se, assim, que a questão principal do governo está em influenciar ou determinar o nível de 
atividade econômica mediante uma política monetária e fiscal propulsora de novos investimentos, 
devendo, para tanto, saber fazer uso de seu poder (agora poder-dever) de cobrar impostos, reduzir 
juros, contrair empréstimos e gastar dinheiro. 
 
Finalmente, as idéias de Keynes também deram azo à criação da teoria do declínio das oportunidades de 
investimento, um trabalho teórico que possibilitou analisar a tendência a longo prazo da economia 
capitalista e a necessidade de a atividade econômica ser influenciada ou determinada pelo governo 
através de investimentos. 
ANEXO I - Síntese dos Textos Discutidos em Sala de Aula 
Carta de Marcos Arruda à presidente Dilma Roussef 
O autor do texto, Marco Arruda, escreve uma carta aberta à presidente eleita Dilma Roussef, na qual 
objetiva uma espécie de diálogo com a mesma. Propõe à presidente (ou presidenta, como prefere ser 
chamada) um grande desafio: unir, de maneira responsável, razão e coração7 na administração do Brasil, 
durante seu mandato, fazendo com que, de fato, a democracia aconteça. 
 
Isso implica em proteger e defender o Brasil, mas não só seu território, mas também e principalmente 
sua gente, valorizando-o, em meio ao contexto de insegurança, tensão social, altos níveis de 
desemprego e endividamento público, entre outros, dos países ricos próximos que negociam com o 
Brasil, além dos problemas existentes nos biomas e ecossistemas, os quais estão sendo destruídos em 
alto ritmo pelos agentes de aquecimento global, num cenário em que a população mundial enxerga os 
bens comuns da natureza como ilimitados, quando na verdade não o são, e que é possível fazer o 
consumo, a produção e o lixo crescerem indefinidamente, quando não o é. 
 
7
 Acrescente, assim, à ideia de Leonardo Boff o aspecto da emoção, transformando o ”carisma do fazer” em 
“carisma do fazer com o coração, e não só com a mente”. 
Economia Política e Direito 
18 
 
Para reverter tal situação, argumenta no sentido de ser necessário trabalho (correlação das forças 
políticas brasileiras) por uma prática democrática de desenvolvimento fundada na integração do 
econômico com o social, do político com o ecológico, da responsabilidade com a solidariedade, visando 
mudar a atual economia, atualmente voltada ao lucro, para primeiramente atender ao ser humano (a 
cada pessoa e à coletividade) e sua necessidade de viver bem e feliz, substituindo o atual clima de 
competição para o de cooperação, o que geraria uma transformação econômica e também cultural, 
deixando o crescimento econômico de ser fim em si, mas meio a serviço do fim maior, o 
desenvolvimento humano, social, solidário e sustentável. Assim, alguns dos desafios para a nova 
presidente propostos pelo autor são: 
• Distribuição de renda e riqueza8, numa tentativa de diminuir a desigualdade social, através de 
efetivas reformas agrária e agrícola; da instituição de uma reforma tributária progressiva, e não 
mais regressiva, que acaba, proporcionalmente, tirando mais de quem tem menos; reforma 
previdenciária, que, segundo estudos, tem sido historicamente superavitária, e não deficitária, 
como, através de maquiagens, condicionam-nos a crer; política de renda mínima9, que dê a 
todos o direito a uma renda igualitária e incondicional, satisfazendo as necessidades básicas dos 
cidadãos. 
• Dívida Pública: diminuição dos altos e insustentáveis juros na política de endividamento interno, 
por ser essa a principal causa de esvaecimento de recursos do orçamento público e, 
consequentemente, os recursos para promover alimentação, saúde e educação de qualidade, 
etc. 
• Economia ecológica, por ser a ecologia incompatível com o crescimento ilimitado e não 
planejado; 
• Emprego e trabalho, que são escassos na realidade da globalização do capital (crescimento sem 
gerar empregos); 
• Integração soberana, democrática e sustentável da América Latina e Caribe, isto é, do Brasil 
com os países vizinhos, objetivando o desenvolvimento socioeconômico regional, através de 
investimentos e financiamentos, além da adoção e fortalecimento de uma unidade monetária 
(Sucre), que permite o comércio na região dispensando o dólar e sua consequente necessidade. 
Entenda a Economia – Volume I: De Onde Viemos? 
HEILBRONER, Robert. 
 
Para entendermos melhor o capitalismo (ou sistema da livre iniciativa), devemos compreender suas 
raízes e história, traçando um olhar sobre a sociedadepré-mercado e a sociedade de mercado, nascida a 
partir do século XVI. 
 
Na fase de pré-mercado, podemos enxergar a existência de diversas sociedades não capitalistas, e, 
assim eram consideradas, justamente por carecerem de aspectos em comum, que, de certa forma, 
impediam o desenvolvimento do sistema capitalista: (i) ausência de instituição legal do direito à 
propriedade privada a todas as pessoas (os fatores de produção de hoje já até existiam, mas não eram 
mercadorias colocadas a venda), (ii) falta de sistema de mercado (o que havia não se comprava à grande 
teia de transações que une nossa economia, sendo ausente a ideia de liberdade econômica, valendo 
aquilo que era segundo as tradições ou as ordens de um senhor), (iii) falta de liberdade do empregado 
 
8
 Vale dizer que a distribuição de renda e riqueza no Brasil, apesar de avanços recentes, continua sendo das mais 
desiguais do mundo. 
9
 Destaca-se que a Lei 10.835, que instituiu a Renda Mínima, aprovada em 2004, ainda carece de regulamentação. 
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em trabalhar ou não (antes eram obrigados), (iv) desvalorização no ato de ganhar dinheiro (a riqueza 
vinha do poder, e não o contrário) e, por fim, e talvez o mais importante, (v) a estabilidade da vida 
econômica (por mais pobre que fosse o servo, ele tinha garantida a sua alimentação). 
 
Quando o domínio da tradição e o comando centralizado começam a ser rompidos e a ordem anterior 
não mais podia suprir as necessidades da sociedade, o que aconteceu através de um longo processo 
histórico, sendo a sociedade feudal a última do pré-capitalismo, cria-se um cenário propício ao 
surgimento de um sistema de mercado, que tem sua produção voltada ao mercado, e não mais à 
subsistência. Nele, homens e mulheres reagem livremente às oportunidades e dificuldades do mercado 
(e não mais às rotinas estabelecidas pela tradição ou aos ditames de algum senhor), mantendo um fluxo 
regular de riqueza para produção. Nesse novo cenário, o trabalho, a terra e o capital, antes dispensados 
ou não contratados, viram peças fundamentais na economia e passam a ser chamados de fatores de 
produção10. 
 
A criação de uma sociedade de mercado também abriu caminho para uma mudança de profundo 
significado para o nascimento da vida econômica moderna: a incorporação da ciência e da tecnologia à 
própria existência quotidiana, muito embora a tecnologia não fosse em si um fenômeno moderno. É, 
antes, antigo, podendo ser observado ainda na fase pré-capitalista, mas por não haver incentivo e 
interesse por parte dos que estavam no poder, não foi inserido na vida quotidiana. 
 
Essa mudança no cenário econômico, consequentemente, alterou a vida dos cidadãos, trazendo, junto 
com ela uma inegável melhora no padrão de vida, um sentimento de insegurança e de individualidade. 
 
Os bens materiais tornaram-se mais acessíveis ao grosso da sociedade, fazendo-se necessário um 
aumento na produtividade, que foi acompanhado de um aumento do aparato industrial e de uma 
expansão da escala social de produção. A tecnologia que forneceria isso mudou a natureza mais básica 
das atividades humanas, o trabalho, decompondo as complicadas tarefas da atividade produtiva em 
subtarefas muito menores, a que se deu o nome de Divisão do Trabalho (que pode ser social, 
internacional ou manufatureira), principal responsável pelo aumento da produtividade do trabalhador 
médio e, também, na alteração da vida social, atingindo gravemente a autossuficiência dos indivíduos. É 
dizer, a tecnologia, apesar de ter libertado os homens e mulheres de muitas carências materiais, 
prendeu-os ao funcionamento do mecanismo de mercado, que visa à cumulação de riquezas e ao lucro. 
 
Cada vez mais, portanto, a maquinaria produtiva surgia como inimiga, e não como aliada, da 
humanidade, abrindo-se, assim, o caminho à Revolução Industrial, primeiro capítulo de uma histórica 
ainda inacabada em que contínuas mudanças revolucionaram tanto as técnicas de produção quanto a 
textura de vida quotidiana. 
 
Outro capítulo importante do capitalismo, além do surgimento do mercado e do desmantelamento das 
barreiras contra as mudanças tecnológicas, vistos acima, foram as correntes políticas de transformação. 
Um exemplo disso foi a ascensão das instituições democráticas ou parlamentares, que, embora 
anteriores ao capitalismo, foram fundamentais para ascensão das classes mercantis, através da luta 
contra os privilégios e as instituições legais do feudalismo europeu. 
 
 
10
 Antes do capitalismo a terra, o capital e o trabalho não eram considerados mercadorias, o que quer dizer que, 
nessa época, não havia fatores de produção. 
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Observa-se, dessa forma, que o capitalismo, desde seu início (nos tempos de Adam Smith), trouxe dois 
ímpetos igualmente fortes, que se tencionam até os dias atuais: (i) o do laissez-faire (ideia de não 
interferência nas ações individuais, que evoluiu para o sentido de deixar o mercado funcionar por si 
mesmo), representando seu impulso econômico, e (ii) o da necessidade de intervenção econômica, 
representando sua orientação política democrática. Isto é, em princípio, o mercado deve funcionar por 
si mesmo, mas, quando necessário, o Estado intervirá na economia, direcionando seu caminho. 
 
Finalmente, o autor observa e conclui que, por tudo que foi acima exposto, o capitalismo, ou os 
aspectos e características dele advindas, não fazem parte da natureza humana, mas de uma evolução 
histórica. 
Entenda a Economia – Volume II: Três Grandes Economistas 
Para nos ajudar a compreender melhor os propósitos básicos da economia, o texto examina a obra de 
três grandes economistas: Adam Smith, Karl Marx e John Maynard Keynes, os quais lançaram um olhar 
sobre o capitalismo e foram produtos de suas épocas, sendo o primeiro a voz do capitalismo nascente e 
otimista, o segundo o porta-voz das vítimas do período mais negro da indústria, e o terceiro produto de 
uma época posterior, a da Grande Depressão. 
Adam Smith (1723-1790) 
Sua obra-prima foi A Riqueza das Nações, publicada em 177611, ano da Declaração de Independência 
americana, que fazia um apelo a uma sociedade dedicada “à Vida, à Liberdade e à busca da Felicidade”, 
buscava explicar como uma sociedade assim funcionava. Em sua obra, Smith apresenta-nos um 
mecanismo central de um sistema de mercado, a concorrência, que, consequentemente, conduz-nos a 
uma segunda função do mercado, igualmente importante, qual seja, a de ser autorregulador, ou seja, a 
própria pressão do mercado era responsável por dirigir as atividades egoístas dos indivíduos e voltar o 
mercado para os caminhos que a sociedade quisesse, sem que ninguém jamais emita qualquer ordem a 
respeito. Todo esse processo era chamado de Mão Invisível, que manteria a sociedade nos trilhos, 
garantindo a produção de bens e serviços necessários. Assim, Smith mostra que um sistema de mercado 
é uma força poderosa que provê ordenamento social, além de ser seu próprio guardião, o que geraria 
um paradoxo: o que seria o ápice da liberdade econômica, o mercado, acaba sendo ele mesmo o mais 
rigoroso dos capatazes econômicos. 
 
Smith opunha-se à intervenção estatal, ao entender que isso atrapalharia os desdobramentos do auto-
interesse e da competição. No entanto, não era contra a intervenção do governo, mas sim cauteloso em 
relação a ela. O laissez-faire, portanto, tornou-se, a sua filosofia fundamental, assim como é para os 
conservadores economistas dos dias atuais. Aliás, Smith era considerado um conservador exatamente 
por crer que o sistema de “liberdade natural” (sistema de mercado voltado para si mesmo), fundado na 
liberdade econômica, acabaria sempre beneficiando o público em geral. 
 
Juntamente com sua visão de um sistemade mercado coerente havia uma outra visão, igualmente nova 
e notável: o sistema de liberdade natural cresceria, da mesma forma a riqueza de uma nação, e esse 
crescimento seria trazido pela sede de lucros, pelo acumulo de capital, isto é, pelo aumento da 
produtividade, tendo nisso a divisão do trabalho papel fundamental, a qual seria aperfeiçoada através 
da organização, o que viria a aumentar com a introdução de maquinário. 
 
11
 1776 também foi o ano da declaração da independência americana, que fazia um apelo a uma sociedade 
dedicada “à Vida, à Liberdade e à busca da Felicidade”. 
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Atualmente, esse mecanismo de mercado nem sempre funciona a contento, e os dois economistas que 
veremos a seguir, Karl Marx e John Maynard Keynes, demonstrarão que o processo de crescimento não 
deixa de ter sérios defeitos. 
Karl Marx (1818-1883) 
Com visão sobre o capitalismo completamente diferente da de Smith, Karl Marx analisou o caráter 
ordenado (ou desordenado) e o progresso (ou declínio) desse sistema econômico, através da sociologia, 
da filosofia e, é claro, da economia. Para melhor entendermos esses grandes autores, seguem abaixo 
suas diferenças de pensamento: 
• História: Smith entendia que a história era uma sucessão de estágios pela qual a humanidade 
viajava, erguendo-se da sociedade “inicial e grosseira” para o estágio final da sociedade 
comercial; Já Marx via a história, em todas suas eras, como uma luta contínua entre classes 
sociais dominantes e dominadas, expressa na disputa por salários e lucros; 
• Sociedade: Para Smith a sociedade comercial geraria uma solução harmoniosa e mutuamente 
aceitável para o problema do interesse individual; Já Marx via tensão e antagonismo como 
resultado da luta de classes; 
• Arranjo Social: Para Smith era perpétuo ou duraria por muito tempo; Para Marx era menos 
permanente, por acreditar que uma sociedade de liberdade perfeita acumularia todo o capital 
de que precisasse e entraria em profundo declínio. 
• Mercado: Smith considerava o mercado autorregulador, sendo seu avanço equilibrado e sem 
sobressaltos. Marx, embora também visse no mercado uma força poderosa de acumulação de 
riqueza, fazia-o de modo completamente diferente de Smith, pois entendia que o crescimento é 
um processo cheio de armadilhas e perigos, no qual a crise e os problemas estão sempre à 
espreita (a tendência do sistema era, pois, gerar crises, e não as evitar), sendo, aliás, o primeiro 
teórico a enfatizar a instabilidade do capitalismo. 
 
Karl Marx entendia que a economia era a base da sociedade12 e que a estrutura política e social era 
apenas uma “superestrutura”, nas quais a energia da economia exercia sua influência. 
 
Na visão de Karl Marx, o lucro estaria essencialmente no trabalho sub-remunerado, isto é, na 
capacidade do capitalista de pagar mal, ou injustamente, pela força de trabalho, visto que o valor real 
que o trabalhador acrescentaria à mercadoria que ajudou a produzir seria maior do que aquele que 
receberia (teoria da mais-valia). Contudo, entendia que esse processo de trabalho era apenas mais um 
lugar em que a acumulação de riqueza poderia ser perturbadora, sendo alguns outros problemas 
também responsáveis por isso, tais como palpite errado de gosto do público, desacordos entre oferta e 
demanda, diminuição do poder de compra da sociedade, etc. 
 
Por acreditar que a supracitada luta de classes seria a principal força da mudança do capitalismo e a 
causa final de seu declínio, Marx diagnosticou uma tendência em direção ao socialismo. 
 
 
12
 Nos dias atuais, é exatamente esse destaque dado ao mercado que fez com que o marxismo perdesse seu 
magnetismo intelectual outrora poderoso, tendo sido redescoberto o poder oculto das crenças políticas e sociais. 
Exemplos disso são a demolição da Iugoslávia, o desmembramento da União Soviética e as ferozes hostilidades 
étnicas da África Central, que demonstram que as paixões políticas e sociais até podem modorrar/adormecer por 
séculos, mas que irromperão com uma força terrível quando uma faísca cair num lugar errado. 
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Atualmente, as ideias de Marx, como qualquer outra, possuem críticos e partidários. Os que criticam, 
argumentam que o capitalismo não desmoronou, que a classe trabalhadora não ficou cada vez mais 
miserável e que diversas previsões feitas por Marx, v.g., sobre tendência ao declínio da taxa de juros, 
não se verificaram. Os partidários, por sua vez, enfatizam que o capitalismo quase desmoronou nos anos 
30, observam que cada vez mais pessoas foram reduzidas à condições de “proletárias”, trabalhando 
para uma empresa capitalista em vez de para si próprios, além de enfatizarem que a previsão de Marx 
acerca da expansão do capitalista foi correta, tendo invadido a Ásia, a América do Sul e a África não 
capitalistas. 
John Maynard Keynes (1883-1946) 
Karl Marx foi o profeta intelectual do capitalismo como um sistema autodestrutivo; John Maynard 
Keynes foi o engenheiro do capitalismo reformado13. 
 
Inteiramente a favor de sustentar e melhorar o sistema capitalista, Keynes é o precursor da ideia de uma 
economia mista, na qual o governo teria um papel fundamental. Para entendermos essa ideia 
seguiremos o seguinte raciocínio: contra o ambiente de desânimo e quase pânico instaurado pela 
Grande Depressão14 surge o grande livro do autor: Teoria Geral do Emprego, no qual Keynes afirma que 
o nível geral de atividade econômica em um sistema capitalista era determinado pela disposição de 
seus empresários em fazer investimentos de capital (Marx e Smith teriam concordado com ele nesse 
aspecto). Fatidicamente, de tempos em tempos essa disposição era bloqueada por considerações que 
tornavam o acumulo de capital difícil ou impossível, podendo, inclusive, o sistema de mercado chegar a 
uma posição de “equilíbrio de subemprego” (espécie de equilíbrio com estagnação), o que demonstra 
que não havia no sistema de mercado uma propriedade autocorretora para manter o capitalismo em 
crescimento. Se não houvesse nada que mantivesse automaticamente a acumulação de capital, pois, 
uma economia em profunda depressão poderia permanecer para sempre estagnada, a menos que se 
encontrasse algum substituto para o investimento de capital das empresas. E é exatamente aí que entra 
o governo, única fonte possível de estímulos desse tipo. A mensagem keynesiana central é, portanto, 
no sentido de que os gastos governamentais podem ser considerados como uma política econômica 
essencial para um capitalismo deprimido tentar recuperar sua vitalidade. 
 
Diante disso, observa-se que Keynes propôs uma filosofia política tão afastada de Marx quanto de 
Smith, visto que, para ele, o laissez-faire não era a política adequada para o capitalismo, pelo menos não 
em tempos de depressão; e tampouco estariam (ou poderiam se tornar) incorretos os prognósticos 
sombrios de Marx a respeito da economia. 
A Grande Transformação. As Origens da Nossa Época 
POLANYI, Karl. 
 
O presente texto busca explicar aspectos históricos de sistemas econômicos e mercados, informando o 
autor (Karl Polanyi) que, apesar de a história conhecer, desde a Idade da Pedra, várias espécies de 
 
13
 Tal afirmação pode ser hoje contestada, pois, para alguns, as doutrinas de Keynes são tão perigosas e 
subversivas quando as de Marx. Além do que todas as atividades governamentais são, na melhor das hipóteses, 
suspeitas e, na pior, nocivas. 
14
 “A Depressão atingiu os Estados Unidos como um furacão. Metade do valor de toda a produção simplesmente 
desapareceu. Um quarto da força de trabalho perdeu o emprego. Mais de um milhão de famílias urbanas tiveram 
seus imóveis hipotecados

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