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Antecedentes Históricos do Sistema Único de Saúde.

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Antecedentes Históricos do Sistema Único de Saúde 
Breve História da política de saúde no Brasil 
O sistema de saúde brasileiro adquiriu, ao longo de sua evolução, características marcantes que 
acompanharam as tendências políticas e econômicas de cada momento histórico. Alguns 
aspectos que marcaram a história da organização desse sistema: 
 a evolução da política de saúde deu-se em estreita relação com a evolução da 
política econômica e social da sociedade brasileira, obedecendo a ótica do 
capitalismo nacional, por sua vez, influenciado pelo capitalismo internacional; a 
saúde pública não se constituía em prioridade dentro da política do estado 
brasileiro, recebendo maior atenção apenas nos momentos de epidemias ou 
endemias que refletiam na área econômica ou social e ameaçavam o modelo 
capitalista adotado; a assistência à saúde desenvolveu-se a partir da evolução 
da previdência social, com ênfase na medicina curativa e lucrativa a partir da 
contratação de serviços privados; o sistema de saúde estatal consolidou a 
dicotomia entre  ações preventivas e de caráter coletivo (responsabilidade do 
ministério da saúde e das secretarias estaduais e municipais de saúde) e as 
ações curativas e de caráter individual(responsabilidade assumida pela 
previdência Social e pela medicina liberal). 
 
Breve resgate da história da política de saúde no Brasil, abordando períodos históricos e 
relacionando ao contexto econômico e político de cada momento, desvelando-se algumas 
dificuldades e entraves que são estruturais e persistem até os dias de hoje. 
 
Período Colonial/Imperial (1500 a 1989) 
No período de 1500 a 1822, o Brasil, como colônia de Portugal, tinha sua produção econômica 
realizada por meio dos ciclos do açúcar e da mineração, à base do trabalho escravo, com destino 
ao comércio internacional, de acordo com os interesses da coroa Portuguesa. Após 1822, com a 
proclamação da independência, a produção econômica brasileira, também mantida à base do 
trabalho escravo, ainda se destinava à exportação, porém com maior liberdade de comércio com 
outros países, especialmente com a Inglaterra. Nesse período imperial, houve um crescimento 
na produção do café, que embora se destinasse à exportação, dinamizou o comércio interno, 
promovendo mudanças na estrutura social e o aumento do poder da burguesia local, o que 
culminou, em 1889, com a proclamação da república. 
No final desse período, ideias abolicionistas e exigências internacionais contribuíram para a 
progressiva substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado, o que motivou a 
imigração de trabalhadores de origem europeia para a produção cafeeira e as atividades 
industriais emergentes no Brasil. 
O quadro sanitário do Brasil colonial e imperial caracterizava-se pela existência 
de diversas doenças transmissíveis, trazidas inicialmente pelos colonos 
portugueses e, posteriormente, pelos escravos africanos e diversos outros 
estrangeiros que aqui chegavam para fins de comércio ou por imigração. 
Muitas doenças tornaram-se endêmicas e outras, provocavam epidemias 
Política de Saúde: ação ou 
omissão do estado, enquanto 
resposta social diante dos 
problemas de saúde e seus 
determinantes, assim como da 
produção, distribuição e 
regulação de bens, serviços e 
ambientes que afetam a saúde 
dos indivíduos e da 
coletividade. 
Endemia: Ocorrência coletiva de uma determinada doença transmissível 
em uma determinada área geográfica acometendo a população de forma 
permanente e contínua. 
Epidemia: Ocorrência súbita de uma determinada doença transmissível em 
uma determinada área geográfica, acometendo em curto espaço de tempo 
grande número de pessoas. 
 
assustadoras e dizimavam enormes contingentes populacionais. Eram 
frequentes as 
Doenças sexualmente transmissíveis, a lepra 
(hoje conhecida como hanseníase), a tuberculose, 
Febre amarela, a cólera, a malária, a varíola, a 
Leishmaniose, além de doenças provocadas por Desnutrição, acidentes por 
animais peçonhentos e as decorrentes das aglomerações urbanas nas cidades 
e das condições precárias de trabalho nas lavouras. 
Não se pode falar da existência de uma política de saúde no período colonial e imperial. No 
entanto, eram tomadas medidas que visavam minimizar os problemas de saúde pública que 
afetavam a produção econômica e prejudicavam o comércio internacional. Eram medidas que 
incluíam: 
O saneamento dos portos por onde escoavam as mercadorias; 
A urbanização e infraestrutura nos centros urbanos, de maior interesse econômico e que 
eram muito insalubres (Salvador, Recife, Ouro Preto, Rio de janeiro, Cuiabá e São Paulo); e 
Campanhas para debelar as epidemias frequentes e prejudiciais à produção, que afetavam a 
imagem brasileira nos países com os quais o Brasil mantinha o comércio internacional. 
Essas intervenções eram pontuais e logo abandonadas, assim que conseguiam controlar os 
surtos presentes na época. A primeira campanha foi realizada em Recife e Olinda, entre 1685 e 
1694, para debelar uma epidemia de febre amarela que afetava a produção e exportação de 
cana de açúcar. 
A assistência médica limitava-se apenas às classes dominantes, constituídas principalmente 
pelos coronéis do café e era exercida pelos raros médicos que vinham da Europa (medicina 
liberal). Aos demais (índios, negros e brancos pobres), restavam apenas os recursos da medicina 
popular e as sangrias(extração de sangue) que eram praticadas para a cura de algumas doenças. 
Surgem as primeiras casas de misericórdias, que se destinavam ao abrigo dos doentes, 
indigentes e viajantes, sem assistência médica e tratamento aos problemas de saúde. 
Datam desse período: 
A fundação das escolas de Medicina do Rio de janeiro(1813) e da Bahia (1815); 
A criação da Imperial Academia de Medicina em 1829 - Órgão consultivo do imperador para 
as questões de saúde pública; e a organização da inspetoria de saúde dos Portos em 1828. 
Período da Primeira República (1889-1930) 
Após término da monarquia, a sociedade brasileira inicia a organização de seu estado 
moderno, marcado pelo predomínio dos grupos vinculados à exportação do café e à pecuária. 
Inicia-se a primeira república (república velha), em oposição ao período posterior governado 
pelo presidente Getúlio Vargas. 
No campo político, esse período foi marcado pelo domínio das elites agrárias de São Paulo, 
Minas Gerais e Rio de janeiro. A maioria dos presidentes dessa época eram políticos mineiros e 
paulistas que se alternavam no poder e adotavam medidas que favoreciam o setor agrícola, 
principalmente o café(paulista) e da pecuária(mineiro), caracterizando a chamada política do 
café-com-leite. A atuação política era de repúdio à monarquia e visava à consolidação dos 
ideais republicanos e da ideologia liberal. 
No campo econômico, tipicamente agroexportador, houve a hegemonia na produção de café, 
mantida à base do trabalho assalariado. Houve também um crescimento significativo da 
produção industrial, que juntamente com o setor agrário, passou a exigir gradativamente 
aumento de mão de obra, levando os governos brasileiros à adoção de políticas de incentivo à 
imigração europeia. 
A situação de saúde da população apresentava o mesmo panorama do período anterior, com 
predomínio das doenças pestilenciais como cólera, febre amarela, malária, tuberculose tifo, 
peste, varíola, gripe espanhola, e outras. As condições de saneamento básico eram bastante 
precárias e várias epidemias matavam a população e dificultavam o recrutamento de 
trabalhadores da Europa. 
As ações e programas de saúde visavam ao controle das doenças epidêmicas, principalmente 
nas áreas fundamentais para a economia agrária exportadora (área dosportos) e buscavam 
atrais os imigrantes para a lavoura do café e da indústria incipiente. Assim, as ações de 
saneamento básico e infraestrutura eram realizadas, prioritariamente, nos espaços de 
circulação de mercadorias, especialmente, nos portos de Santos e Rio de janeiro. Em 1902, o 
presidente Rodrigues Alves lançou o programa de saneamento do Rio de janeiro e de combate 
à febre amarela em São Paulo. Essas medidas visavam estimular o comércio internacional e 
fomentar a política de imigração – trazendo para as lavouras cafeeiras a mão de obra 
necessária à produção de café. 
Com essa finalidade, o governo de Rodrigues Alves nomeou Oswaldo Cruz, médico e 
pesquisador do instituto Pasteur para a Diretoria Geral da Saúde Pública, o qual elegeu as 
campanhas sanitárias como modelo de intervenção de combate às epidemias rurais e 
urbanas, de conotação militar. Esse modelo de inspiração americana foi trazido de Cuba e 
caracterizava-se pela centralização das estruturas administrativas, pela concentração de poder 
e por um estilo repressivo de intervenção médica nos corpos individual e social. 
Além das campanhas sanitárias e das ações de saneamento básico nas áreas de interesse 
comercial, foi criado o instituto Soroterápico de Manguinhos, no Rio de janeiro, depois de 
denominado Instituto Oswaldo Cruz, com a finalidade de pesquisa e desenvolvimento de 
vacinas. 
Em 1904, houve a imposição legal contra a varíola, desencadeando-se uma revolta popular 
(revolta da vacina) liderada por opositores políticos do governo e médicos contrários à 
vacinação, sendo reprimida após alguns dias, depois da morte de alguns líderes populares. 
 
 
 
 
Revolta da Vacina: Reação popular ocorrida no período de 10 a 16 de novembro de 1904, contra 
a lei da vacinação obrigatória de combate a varíola, aprovada em 31/10/1904. A população estava 
insatisfeita com as medidas autoritárias e policialescas das campanhas sanitárias comandadas por 
Oswaldo Cruz para o combate de várias epidemias. Com a aprovação dessa lei que permitia a 
entrada nas residências de brigadas sanitárias acompanhadas por policiais para a vacinação à força, 
movimentos estudantis e populares iniciam manifestações, sob lideranças de políticos opositores 
do governo e médicos contrários à vacina. O centro da cidade do Rio de janeiro transformou-se em 
campo de guerra e sua contenção deu-se após forte repressão policial que resultou em muitas 
prisões, feridos e mortes. Após o episódio a vacinação tornou-se opcional e passado algum tempo, 
com aceitação dessa medida, a epidemia de varíola foi controlada. 
 
 
Em 1920, Carlos Chagas assumiu o coando do Departamento Nacional de Saúde, inovando o 
modelo campanhista de Oswaldo Cruz, criando alguns programas que introduziam a 
propaganda e a educação sanitária da população como forma de prevenção das doenças. 
Nessa ocasião, foram criados alguns órgãos para controle da tuberculose, da lepra e das 
doenças sexualmente transmissíveis. 
Observa-se nesse período o nascimento da saúde pública, cujo modelo de intervenção 
chamado de sanitarismo campanhista estrutura-se sob a influência dos saberes 
fundamentados pela bacteriologia e pela microbiologia, contrapondo-se à concepção 
tradicional baseada na teoria dos miasmas que era utilizada para explicar o processo saúde-
doença. Por outro lado, surge a Previdência Social que vai incorporar a assistência médica aos 
trabalhadores como uma de suas atribuições a partir de contribuição com Caixas de 
Aposentadorias e Pensões (CAPs). As primeiras CAPs foram instituídas nas empresas 
ferroviárias e, mais tarde, estendidas aos portuários, marítimos e outras áreas, dando início ao 
sistema previdenciário no Brasil, como resposta das empresas e do governo às reivindicações 
operárias. 
 
 
 
Observa-se ainda o crescimento da medicina liberal, que era utilizada pela classe dominante e 
com poder aquisitivo, restando à maioria da população brasileira que não tinha direito às CAPs 
apenas os serviços oferecidos pelos escassos hospitais filantrópicos mantidos pela igreja ou a 
prática popular da medicina. 
Conclui-se que o estado brasileiro, na área da saúde, caracterizou-se ao longo 
desse período por dois aspectos básicos: 
o primeiro refere-se à estreita relação entre a política de saúde estabelecida 
e o modelo econômico vigente e a clara dicotomia entre as ações de saúde 
pública e as ações de assistência médica. Emerge nessa conjuntura a 
estruturação de dois modelos de intervenção nas questões da saúde: O 
sanitarismo campanhista e o curativo-privatista. 
No decorrer dos anos 20, o controle do governo federal passa ser disputado 
por outros grupos sociais que se fortalece econômica e politicamente no 
processo de urbanização e industrialização crescente, surgindo rupturas no 
cenário político. Por outro lado, a crise econômica aprofunda-se no Brasil a 
partir da crise mundial de 1922 a 1929, que trouxe impactos negativos para 
a exportação do café. 
Diante desse panorama, as oligarquias agrárias perdem força política, o que favoreceu a 
revolução de 1930 que foi comandada por Getúlio Vargas e representantes da classe dominante 
vinculada a outras áreas econômicas. Contaram com o apoio da classe média urbana 
(representada por profissionais liberais, intelectuais, militares e tenentes) e das classes 
populares insatisfeitas com as condições de vida e trabalho. Assim, a revolução de 1930 marcou 
As CAPS foram criadas em 1923, pela lei Eloy Chaves e são consideradas como embriões da 
previdência. Eram financiadas com recursos das empresa, do governo e dos empregados e o 
controle era exercido por patrões e empregados. Tinham como finalidade, além dos benefícios 
previdenciários, a assistência médica aos trabalhadores segurados e seus familiares. 
O modelo sanitarismo 
campanhista- que envolve uma 
abordagem coletiva e ambiental 
da doença e caracteriza-se pela 
prática autoritária. 
O modelo clínico curativo- 
privatista- realizada através das 
CAPs e da medicina liberal que 
privilegiam a abordagem 
individual e medicalizante dos 
problemas de saúde e negam a 
relação da doença com as 
condições de vida dos indivíduos 
e coletividade 
o fim da hegemonia política dos grupos ligados ao café e à pecuária, crescendo a influência das 
indústrias mais voltadas para o mercado interno e o aumento do capital. Inicia-se uma nova fase 
política sob o comando de Getúlio Vargas que se mantém no poder por 15 anos. 
 
Período da Segunda República ou Era Vargas (1930-1945) 
 
A partir de 1930, o Brasil esteve sob o comando político do presidente Getúlio Vargas, quando 
foi promovida uma ampla reforma administrativa e política que culminou com a Constituição de 
1934, iniciando-se o governo constitucional até 1937 e a ditadura do estado novo de 1937 a 
1945. Trata-se de uma fase de forte centralização política e participação estatal nas políticas 
públicas, o que, aliado às políticas populistas, atribuiu ao presidente o apelido de “pai dos 
pobres”. 
No período em questão, ocorre um deslocamento do polo dinâmico da economia para os 
centros urbanos, com grande investimento no setor industrial na região centro-sul, 
especialmente nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Esse encaminhamento 
reforça ainda mais a importância econômica e financeira dessa região, agravando os 
desequilíbrios regionais ainda vigentes nos dias atuais. Essa política promove o êxodo rural, 
especialmente da região nordeste para os centros econômicos do país, contribuindo para o 
processo de urbanização precária e desordenada e a proliferação de favelas nas grandes cidades. 
A crescente massa urbana constitui a mão de obra para o setor industrial crescente. Esse, por 
suavez, passa a exigir cada vez mais investimentos em infraestrutura de grande porte. O estado, 
como regulador das relações entre capital e trabalho, estabelece o salário mínimo, o que junto 
a outras medidas, possibilita o acúmulo de capital necessário ao investimento na infraestrutura 
demandada pela industrialização, a exemplo da Siderúrgica de Volta Redonda. 
Para a promoção da expansão do sistema econômico em projeto, foram realizadas mudanças 
na estrutura do estado e uma legislação paralela para a efetivação das mudanças, além da 
criação do ministério do trabalho, da Indústria e Comércio e do Ministério da Educação e Saúde. 
No governo de Vargas, foram promulgadas as leis trabalhistas que estabelecem uma relação 
contratual entre capital e trabalho e, ao mesmo tempo, garantem alguns direitos sociais aos 
trabalhadores. Também se promoveu a vinculação dos sindicatos à estrutura do estado com 
exigência de pagamento de contribuição sindical por parte dos empregados sindicalizados. 
O crescimento acelerado da indústria se dá à custa das condições precárias de trabalho, 
aumentando os riscos e problemas de saúde aos trabalhadores urbanos, piorando as condições 
de vida e saúde dessa população, que não contava com moradia e saneamento adequados. 
Dessa forma, aos problemas antigos (doenças endêmicas e epidêmicas) foram acrescidos outros 
decorrentes da inserção no processo produtivo industrial e das condições precárias no modo de 
viver, tais como: acidentes de trabalho, doenças profissionais, estresse, desnutrição, 
verminoses, entre outros. 
No entanto, as medidas adotadas caminhavam no sentido de manter a força de trabalho em 
condições de produção, valendo-se da assistência médica vinculada à Previdência Social, que a 
partir de 1933 transformou as CAPS em Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs). A gestão 
dos IAPs passou gradativamente para o controle do estado, sendo o seu presidente nomeado 
pela república e os representantes dos trabalhadores e patrões indicados pelos sindicatos 
atrelados ao poder executivo, mudando a prática da escolha por eleição direta. O financiamento 
era de forma tripartite, com participação dos empregados, empregadores e estado, sendo este 
último o centralizador dos recursos financeiros. De acordo com Mendes, a assistência médica 
era prerrogativa fundamental das CAPs, por meio de uma rede própria desenvolvida para esse 
fim, passando a ser um aspecto secundário no período dos IAPs. Esses institutos priorizavam a 
contenção de gastos, tendo em vista a política de acumulação do capital necessário ao 
investimento em outras áreas de interesse do governo. 
 
 
 
A criação do Ministério da Educação e Saúde ocorreu em 1930, com a função de coordenar as 
ações de saúde pública no mesmo modelo de sanitarismo campanhista do período anterior. 
Conforme Roncalli, essa fase corresponde ao auge do sanitarismo campanhista na área de saúde 
pública, com a criação do Serviço Nacional de Febre Amarela, do Serviço de Malária no Nordeste 
e da Fundação Serviço Especial de Saúde Pública (SESP). 
 
 
 
A política de saúde adotada reforça a antiga dicotomia: as ações de caráter coletivo sob a gestão 
do Ministério da Educação e Saúde (modelo sanitarismo campanhista), separadas das ações 
curativas e individuais, vinculadas aos IAPs, reforçando a dualidade do modelo assistencial. 
Destaca-se que a população de maior poder aquisitivo utilizava os serviços privados de saúde 
integrantes da medicina liberal crescente, enquanto a maioria da população não vinculada à 
previdência contava apenas com os escassos serviços públicos e das instituições de caridade, 
além das práticas populares de tratamento. 
Período da Redemocratização ou Desenvolvimentista (1945- 1963) 
O ano de 1945 é marcado pelo final da segunda guerra mundial, com a vitória dos Estados 
Unidos e das forças aliadas sobre o fascismo e o nazismo, com a derrota de Hitler. Nesse 
contexto, os regimes ditatoriais são enfraquecidos e um clima de democratização faz parte do 
cenário mundial. Motivados por esse clima e pela crise econômica brasileira, forças sociais 
lideradas pelos opositores do regime impõem a deposição do presidente Getúlio Vargas em 29 
de outubro de 1945. 
Com a deposição de Vargas, reinicia-se um período de redemocratização do país com eleições 
para presidente e para a Assembleia Constituinte, seguindo-se a consolidação do populismo 
nacionalista, o pluripartidarismo de caráter nacional e maior efervescência social. 
Após eleições populares, deu-se início ao governo de Eurico Gaspar Dutra (1946 – 1951), quando 
a quarta Constituição Federal foi aprovada, mantendo-se o regime presidencialista e os direitos 
trabalhistas estabelecidos no governo de Vargas. Em tempos de guerra fria, Dutra alinha-se à 
política dos Estados Unidos da América em oposição aos países socialistas. No decorrer de seu 
IAPs- Institutos de Aposentadorias e Pensões- criados no governo de Getúlio Vargas, 
vinculados ao Ministério do Trabalho. Foram criados vários institutos, agora não mais por 
empresas e sim por categorias profissionais: dos marítimos(IAPM); dos bancários(IAPB); dos 
comerciários(IAPC); dos Empregados de Transportes e Cargas(IAPTEC); e dos 
Industriais(IAPI) 
A Fundação Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) foi criada em 1942 e financiada por 
americanos interessados na exploração da borracha na Amazônica. Além do combate à 
malária, a Fundação SESP desenvolveu outras ações de saúde pública nas regiões norte e 
nordeste do país e outras áreas de interesse estratégico para a economia. 
mandato, intervém nos sindicatos e partidos, declara ilegal o Partido Comunista Brasileiro, 
governa com um Congresso representante da classe dominante, adota medidas anti-
inflacionárias e congela os salários dos trabalhadores. 
Dutra lançou o Plano Salte (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia) elaborado em 1948 e 
aprovado em 1950, destacando a saúde como uma de suas prioridades, o que não se consolidou 
na prática, uma vez que a maior parte dos recursos do plano foi destinada à área de transporte. 
De acordo com alguns autores, o sanitarismo campanhista, no âmbito da saúde pública, 
revigorou seu caráter centralizador e autoritário. Um debate político se faz presente na 
sociedade com críticas dirigidas à atuação da Fundação SESP e com propostas para a criação de 
um Ministério da Saúde independente. Foi observada uma redução dos casos de tuberculose, 
malária e outras doenças transmitidas por insetos, o que foi atribuído por alguns ao resultado 
das campanhas sanitárias e, por outros, como decorrência do desenvolvimento do período. 
Segue-se o mandato de Getúlio Vargas (1951-1954) que retorna ao poder por meio de eleições 
diretas (1951-1954). Nessa nova fase, retoma seus projetos econômicos, expande a Companhia 
Siderúrgica Nacional, amplia as rodovias, cria as usinas hidrelétricas, a Petrobrás, entre outras 
medidas, para garantir a infraestrutura necessária ao processo de industrialização que deseja 
implementar, numa política de caráter nacionalista. 
No campo político, Vargas sedimentou o populismo, como “modalidade de relação entre 
governantes e governados”. O populismo adotado caracteriza-se, principalmente, pela prática 
de contato direto com as massas populares, sem a intermediação de partido ao qual era filiado( 
o PTB), desqualificando a ideia de democracia representativa, numa perspectiva de vínculo 
emocional com o povo para poder ser eleito e governar. Nessa prática, faz concessões sociais, 
enquanto adquire o apoio popular para as medidas econômicas e políticas adotadas. 
Alguns autores destacam que nesse clima de barganha e pressões, a assistência médica 
expandiu-se em todos os Institutos de Aposentadorias e Pensões(IAPs), generalizando pouco a 
pouco os direitos, que se diferenciam entre os Institutos, conforme a capacidade reivindicativa 
e de organização de cada categoria. No entanto, a implantação de programas e serviços de 
atenção médica tem como marca o clientelismo, favorecido pelo atrelamento dos sindicatos e 
Institutos ao estado. 
Em julho de 1953, foi criado o Ministério da Saúde independente da área da educação, sendo-
lhe destinado apenas um terço dos recursos alocados no antigo Ministério da Educação e Saúde. 
Durante 10 anos, esse Ministério foi dirigido por 14 ministros, caracterizando-se pela 
transitoriedade de seus titulares como resultado da intensa barganha política e prática 
clientelista que envolvia a escolha de seus dirigentes. 
A proposta de separação do Ministério da Saúde do antigo Ministério de Educação e Saúde já 
era debatida havia algum tempo, paralelamente ao tipo de política de saúde defendida para o 
país. Existiam dois grupos de sanitaristas que defendiam propostas distintas: os que defendiam 
a manutenção do tradicional modelo do sanitarismo campanhista e a prática higienista da 
fundação SESP; e os que desenvolviam a corrente de opinião do sanitarismo desenvolvimentista, 
sob o argumento da relação entre o nível de saúde da população e o grau de desenvolvimento 
econômico do país. Esses últimos defendiam uma proposta de articulação das campanhas 
sanitárias à promoção de assistência e de articulação de ações preventivas e curativas, de acordo 
com as necessidades da população, a serem executadas no nível municipal. No entanto, os 
parcos recursos destinados à pasta limitavam a sua atuação, permanecendo-se a pouca 
efetividade nas questões relativas à saúde pública brasileira. 
O mandato de Vargas foi acompanhado de intensos conflitos políticos entre os Nacionalistas 
que defendiam o desenvolvimento do país sem o capital estrangeiro e os Desenvolvimentistas 
que defendiam a entrada do capital estrangeiro para o deslanche industrial no Brasil. Com o 
aumento da oposição ao governo e o envolvimento de sua segurança pessoal ao atentado de 
Calos Lacerda, porta-voz da oposição getulista, a pressão para renúncia de Getúlio Vargas 
aumentou. Diante dessas pressões e sem ver uma saída honrosa, Getúlio suicidou-se em 1954, 
saindo da vida para entrar na história, como mártir do nacionalismo, herói popular e pai dos 
pobres. 
Juscelino Kubitschek que governa o país de 1956 a 1960, através da coligação Nacional-
Desenvolvimentista, promove grandes transformações econômicas com apoio do capital 
estrangeiro e põe em ação o plano de Metas, cuja síntese é a construção de Brasília para sede 
da nova capital. Ao final de seu governo, o país contava com uma estrutura industrial complexa 
e consequente fortalecimento da burguesia industrial. Era evidente a crise econômica com 
crescimento da inflação e da dívida externa brasileira. 
Seu governo caracteriza-se pela ênfase ao desenvolvimento, com a visão das políticas sociais 
como paliativas. Nesse contexto, a saúde pública obtém modestas conquistas, enquanto os IAPs 
fortalecem o modelo de assistência médica curativa aos seus segurados na perspectiva de 
manutenção do trabalhador saudável para a produção. Aqueles que possuíam mais recursos e 
cuja categoria profissional exercia maior poder de pressão constituíam hospitais próprios para 
o atendimento dos segurados. Algumas empresas insatisfeitas com a atuação dos Institutos 
começaram a contratação de serviços médicos particulares, o que mais tarde viria a se constituir 
nas empresas médicas ou medicina de grupo que terá espaço garantido na assistência 
previdenciária nos anos seguintes. Amplia-se assim o modelo médico-assistencial privatista que 
se tornou hegemônico dos anos 60 aos 80. 
Segue-se um período tumultuado na política do país, com a vitória de Jânio Quadros em 1961 e 
sua renúncia no mesmo ano e a condução política de seu vice, João Goulart, com forte oposição 
política da elite nacional, por defender reformas de base e políticas sociais. A partir de uma 
articulação dos militares, da burguesia industrial e da elite nacional, foi planejado o golpe das 
forças armadas que se concretizou no dia 31 de março de 1964, instaurando-se a ditadura 
militar, que perdurou até sua lenta; gradual e pactuada transição para o regime democrático 
em 1985. 
Período do Regime Militar (1964-1984) 
O período de ditadura militar que perdurou por 20 anos foi cortado por conjunturas específicas: 
a primeira fase de 1964 a 1968 – de institucionalização da ditadura; 
 a segunda fase de 1968 a 1974 – de expansão da industrialização com capital internacional 
ou período do milagre brasileiro; 
a terceira fase de 1974 a 1984 – de crise econômica e do regime militar e abertura política. 
Na primeira fase (1964-1968) – de institucionalização da ditadura, os governos militares 
estabeleceram eleições indiretas para presidente, cassaram os mandatos de diversos 
parlamentares federais e estaduais, intervieram nos sindicatos, entre outras medidas 
autoritárias e antidemocráticas. Os partidos políticos foram dissolvidos com a criação do 
bipartidarismo que permitia o funcionamento apenas de dois partidos – a Aliança Renovadora 
Nacional (ARENA) que representava os militares e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) 
de oposição consentida. Com a Constituição de 1967, confirma-se e institucionaliza-se o regime 
militar e suas formas de atuação e o governo segue por meio de Decretos e Atos Institucionais. 
Promoveu-se nesse período o processo de restauração da ordem na sociedade, entendida como 
repressão a qualquer discordância, a modernização da estrutura econômica subordinada aos 
interesses do grande capital nacional e internacional, a reestruturação do aparelho estatal, com 
a expansão de sua tecnoburocracia. Cresce o investimento em infraestrutura para favorecer o 
processo de modernização e industrialização do país e gradativamente são reduzidos a gastos 
sociais, favorecendo a acumulação capitalista. 
Segue-se o período de crise da política econômica (1974-1984), agravada pela crise do petróleo 
e recessão mundial e pela redução de empréstimos internacionais que afetaram a economia 
brasileira, evidenciando-se os sinais de esgotamento do modelo que gerou concentração de 
renda para uma minoria e empobrecimento para grande parcela da população. 
No campo da saúde, implantou-se, de modo gradual e intenso, um sistema de saúde 
caracterizado pelo predomínio financeiro das instituições previdenciárias e por uma burocracia 
técnica que priorizava a mercantilização da saúde. Nessa perspectiva, em 1966, promoveu-se a 
unificação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões(IAPs), com a criação do Instituto 
Nacional de Previdência e Assistência Social (INPS), subordinado ao Ministério do Trabalho e 
Previdência Social, com responsabilidade pelos benefícios previdenciários e pela assistência 
médica aos segurados e seus familiares. A medida uniformiza os benefícios para todas as 
categorias, mas acaba com a gestão tripartite (trabalhadores, empregadores e União) que existia 
até então nos IAPs, passando o INPS a uma gestão centralizada do ponto de vista administrativo 
e financeiro e com fins de capitalização. Destaca-se que até 1964, a assistência médica 
previdenciária era prestada, principalmente, pelos hospitais, ambulatórios e os consultórios 
médicos da rede de serviços próprios dos Institutos, passando-se a partir de então à contratação 
prioritária dos serviços privados de saúde. Assim, o INPS passou a ser o grande comprador dos 
serviços privados de saúde, estimulando-se um padrão de organização da prática médica pela 
lógica do lucro. Além do fortalecimento do setor privado, a previdência mantém a expansão da 
medicinade grupo, modalidade em que as empresas contratavam uma empresa médica para 
assistência aos seus empregados, deixando de contribuir com o INPS. A medicina de grupo, 
também orientada para a comercialização da saúde e pelo lucro, teve grande expansão no 
período e destinava-se principalmente aos trabalhadores com maior poder aquisitivo. 
Ocorreu no período uma expansão da assistência médica da previdência a partir da inclusão dos 
trabalhadores rurais (1971), das empregadas domésticas (1972) e dos trabalhadores autônomos 
(1973). A ampliação da seguridade e da assistência médica a outras categorias traz um grande 
impacto para os gastos da previdência, já elevados, em decorrência do modelo assistencial, da 
forma de contrato com as empresas privadas que favoreciam a lucratividade, além de fraudes e 
corrupção frequentes, com grande ônus aos cofres previdenciários. 
O ministério da Saúde, com a missão de atuação em âmbito coletivo, é relegado ao segundo 
plano, perdendo poder e privilégios políticos. Com recursos limitados, torna-se ineficiente para 
enfrentar os problemas de saúde pública que se agravam no país em decorrência das condições 
precárias de vida impostas à maioria da população. Os sanitaristas perdem espaço político com 
consequente desvalorização do modelo sanitarista campanhista de anos anteriores. As ações de 
saúde pública reduzem-se ao controle e erradicação de algumas endemias comandadas agora 
pela então criada Superintedência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM). 
O sistema previdenciário foi desvinculado do Ministério do Trabalho, passando-se à 
subordinação do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), criado em 1974, o que 
não traz mudanças nas características em curso dos serviços de saúde: o privilegiamento do 
modelo clínico de caráter individual, curativo e especializado em detrimento das ações coletivas 
e de saúde pública; a expansão do complexo médico-assistencial privado composto pelo 
hospital, pela indústria farmacêutica e de equipamentos médico-hospitalares e pela medicina 
de grupo; a lógica lucrativa do setor saúde; a desigualdade de acesso e diferenciação no 
atendimento de acordo com a clientela, além da exclusão de parcela importante da população 
do atendimento à saúde. 
Com a criação do MPAS, também foi criado o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS), 
cujos recursos eram destinados ao financiamento da construção de hospitais. Esse Ministério 
elaborou o Plano de Pronta Ação (PPA) que ampliava a contratação de hospitais e clínicas 
particulares para atendimentos de urgência de qualquer indivíduo, segurado ou não. Essas 
medidas contribuíram para elevar os gastos previdenciários e fortalecer a dicotomia entre 
atenção preventiva e atenção curativa. 
A assistência médica financiada pela Previdência Social alcançou, na década de 70, a maior 
expansão em número de leitos, em cobertura e em volume de recursos arrecadados. A forma 
de contratação e pagamento de empresas privadas para prestação de assistência aos segurados 
favoreceu o processo de corrupção com consequente desfalque para o orçamento 
previdenciário. Fazendo jus a essa política, ocorreu uma expansão de clínicas e hospitais 
privados construídos com recursos da previdência e de faculdades particulares de medicina com 
enfoque na medicina curativa – com ênfase nas especialidades médicas e na sofisticação 
tecnológica, com consequente aumento de consumo de equipamentos médico-hospitalares e 
produtos farmacêuticos. 
Ao final de 70, aprofunda-se a crise do modelo de saúde previdenciária. Crise essa, favorecida: 
pelo alto custo da assistência que é complexa, pouco resolutiva e insuficiente para a demanda; 
pela menor arrecadação financeira em tempos de crise econômica; e pelos desvios dos recursos, 
alimentados pela ânsia de lucro do setor privado. Vive-se um caos nos serviços públicos de 
saúde, há muito sucateados e insuficientes para a demanda existente. 
Como os problemas sociais e de saúde agravam-se e a resolução por parte do Ministério da 
Saúde é lenta e insignificante, cresce a insatisfação da sociedade e um clima propício para o 
surgimento dos movimentos sociais. Esses movimentos sociais denunciam a ineficiência das 
estruturas de saúde pública e previdenciária, reivindicam serviços de saúde e lutam por 
melhores condições de vida à população menos favorecida. 
Em 1975, a crise do setor saúde foi discutida na V Conferência Nacional de Saúde. Foram 
levantados os problemas da insuficiência, má distribuição e falta de coordenação dos serviços 
de saúde, além de sua inadequação e ineficácia. Nessa ocasião, o Governo Federal apresentou 
a proposta de criação de um Sistema Nacional de Saúde através da lei 6.229 que definia as 
atribuições dos diversos ministérios envolvidos com a questão saúde, além das atribuições das 
instâncias federal, estadual e municipal. No entanto, a oposição dos empresários da saúde 
dificulta a regulamentação dessa lei e o governo mantém sua intervenção política em alguns 
programas verticais, tais como: Programa Materno infantil, Programa Nacional de Imunização, 
Programa Nacional de Alimentação e Nutrição (PRONAN), Sistema Nacional e Vigilância 
Epidemiológica etc. 
Em 1977, efetivou-se uma nova reordenação burocrático-administrativa do sistema de saúde 
com a criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SIMPAS). Esse sistema 
é composto pelos órgãos: 
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) – direcionado para o pagamento de benefícios 
aos segurados; o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) – 
encarregado da prestação de assistência médica individual e curativa por meio dos serviços 
privados contratados e conveniados aos trabalhadores urbanos e rurais; a Fundação Legião 
Brasileira de Assistência (LBA) – com a finalidade de prestar assistência à população carente; o 
instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS); a empresa de 
processamento de dados da previdência Social (DATAPREV); a fundação Nacional de Bem-Estar 
do Menor (FUNABEM); e a Central de Medicamentos (CEME). 
A política econômica dos anos do regime militar trouxe como consequências: concentração de 
renda, arrocho salarial, redução do poder de compra do salário mínimo, aumento de preços, 
colapso dos serviços públicos de saúde e transporte e precárias condições de vida para a 
população brasileira. Essa situação reflete-se nas altas taxas de morbidade e mortalidade por 
doenças endêmicas e algumas epidemias ainda persistentes, altas taxas de mortalidade materna 
e infantil, entre outras doenças de massas resultantes e/ou agravadas pelas condições de vida e 
trabalho. No período, também aumentaram as mortes por doenças cardiovasculares e por 
neoplasias. 
A partir as Conferência de Alma Ata, ocorrida em 1978, começa a ser difundida na América Latina 
e no Brasil, com apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da organização Pan-Americana 
de Saúde (OPAS), o conceito de Atenção Primária à saúde e os princípios da medicina 
comunitária que preconizava: a descentralização, o autocuidado de saúde, a atenção primária 
realizada por não profissionais de saúde, a participação da comunidade, entre outros. Assim, 
alguns programas vinculados aos departamentos de medicina preventiva foram implantados na 
perspectiva de formação de estudantes da área de medicina, propiciando novas práticas e novas 
concepções para a organização dos serviços de saúde. Essas práticas permitiram aos 
Departamentos de Medicina Preventiva das Faculdades de Medicina uma consciência crítica dos 
problemas sanitários do país. Uma abundante produção acadêmica passa a apresentar severas 
críticas ao modelo assistencial e fundamentação teóricaquanto à determinação social da saúde-
doença, além de alternativas para reestruturação do sistema de saúde, partindo da concepção 
de saúde como direito de cidadania. 
Tendo como referência as recomendações internacionais e a necessidade de expansão da 
cobertura dos serviços de saúde, foi criado em 1976 o programa de Interiorização das Ações de 
Saúde e Saneamento (PIASS). Esse programa promoveu uma grande expansão da rede 
ambulatorial pública e favoreceu a entrada de técnicos provenientes do movimento sanitário 
nos órgãos de Saúde do Estado e o surgimento de novas experiências no campo da saúde 
pública. 
 PIASS – Programa que foi criado com a finalidade de extensão da cobertura dos 
serviços de saúde prioritariamente nas zonas rurais e pequenas cidades do interior 
do país. Teve sua implantação em algumas comunidades da região nordeste, 
seguindo-se os mesmos princípios preconizados pela atenção primária à saúde. 
A crise do regime militar começa a ganhar evidências e manifesta-se no processo eleitoral de 
1974, quando o partido MDB sai vitorioso das eleições para cargos legislativos e ganha a 
prefeitura na maioria das grandes cidades. Cresce o processo de redemocratização do país, com 
a lei da Anistia em 1977, que concede direito de retorno aos exilados e condenados por crimes 
políticos. 
No que se refere à saúde, todo esse clima favoreceu o fortalecimento do debate e o surgimento 
de propostas para reformulação do setor. Uma dessas propostas gerou o projeto denominado 
PREV-SAÚDE que foi discutido na VII Conferência Nacional de Saúde no governo de João 
Figueiredo. Esse programa, no entanto, não foi implementado por encontrar objeções dos 
dirigentes do INAMPS e pressão dos empresários da saúde. 
 
 
 
 
O movimento social mantém-se articulado e pressiona o governo por mudanças no modelo de 
assistência previdenciário em crise crescente em função da escassez de recursos e do aumento 
dos custos operacionais para sua manutenção. Assim, em 1981, foi criado pelo governo o 
Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (CONASP) ligado ao INAMPS, 
que traz em seu plano a proposta de mudança do modelo assistencial, tendo em vista: a 
melhoria da qualidade da atenção; a ampliação de serviços para as populações urbanas e rurais; 
a descentralização e a hierarquização dos serviços de saúde por nível de complexidade. A partir 
desse plano, vários sanitaristas entraram para áreas estratégicas do INAMPS e iniciaram a 
fiscalização da prestação de contas dos prestadores de serviços credenciados para combate das 
fraudes e passaram a exercer maior influência no processo de reforma do setor saúde, apesar 
das disputas com o setor privado. 
A partir do CONASP, foi possível a criação, em 1983, do programa de Ações Integradas de Saúde. 
Os governos estaduais, através de convênios com o Ministério da Saúde e da Previdência Social, 
recebiam recursos que eram repassados aos municípios, o que possibilitou a expansão da 
cobertura por meio da construção de Unidade Básica de Saúde e a contratação e capacitação de 
recursos humanos para os serviços de atenção básica. Vale destacar que a ampliação dos 
serviços acontecia como resposta das autoridades estaduais e municipais às reivindicações dos 
movimentos sociais e de saúde que foram se fortalecendo por via da organização nos diversos 
espaços (da academia, do sindicalismo, das comunidades e de várias associações). 
 
 
 
 
 
PREV- SAÚDE – Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde – que visava uma 
reorientação do sistema vigente, através de uma integração entre os dois ministérios 
(Saúde e Previdência Social) e as secretarias estaduais e municipais de saúde. Propunha-se 
à extensão da cobertura dos serviços a toda a população, com ênfase na atenção primária 
à saúde e na participação comunitária. 
Ações Integradas de Saúde (AIS) – O programa tinha como objetivo articular todos os 
serviços que prestavam assistência à saúde da população de uma região e integrar as ações 
preventivas e curativas com vistas à integralidade da atenção. Através das AIS, o INAMPS 
repassava 10 % de sua arrecadação para as Secretarias Estaduais de Saúde, propiciando a 
extensão dos serviços de saúde de atenção básica. 
Na cidade de São Paulo a participação do movimento de saúde foi decisiva para conquistas que 
se sucederam na história da saúde pública brasileira nos anos 70 e 80. 
 
 
 
 
Nos últimos anos do regime militar o Brasil estava envolto em uma grande crise econômica 
caracterizada por alta inflação e forte recessão econômica. Enquanto isso, aumenta a 
participação social, fortalecem-se os sindicatos e a oposição política, culminando em 1984 com 
o Movimento das Diretas Já que resultou na Emenda Dante de Oliveira, com garantia de eleições 
diretas para presidente naquele ano. No entanto, a emenda não foi aprovada e em janeiro de 
1985, o colégio Eleitoral escolheu Tancredo Neves que concorreu com Paulo Maluf para 
Presidente da República. 
Com a morte de Tancredo Neves, o seu vice Sarney 
assumiu o poder, iniciando-se o Período da Nova 
República. Na ocasião, novas conquistas foram obtidas 
pelo movimento da Reforma sanitária, com apoio de 
alguns parlamentares, movimentos de saúde, 
trabalhadores da saúde, acadêmicos e entidades como 
CEBES e ABRASCO. Essas entidades tiveram papel 
fundamental na politização, divulgação de 
conhecimentos, críticas e experiências inovadoras na 
érea da saúde e propostas de articulação da sociedade 
para as mudanças na esfera sanitária – fortalecendo a 
proposta da Reforma Sanitária – em construção ao longo 
dos anos 70 e 80. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Movimento de saúde na cidade de São Paulo nasceu na região leste no final dos anos 
70 e espalhou-se para outras regiões de maneira articulada. Era composta por moradores 
das periferias, maioria mulheres, que lutavam pela ampliação e qualidade dos serviços de 
saúde nos seus bairros, por saneamento básico, creches, educação e outras políticas 
públicas, consideradas como direitos de cidadania e dever do estado. Esse movimento 
articulou-se aos demais, reforçando a luta pela Reforma Sanitária Brasileira. 
CEBES – Centro Brasileiro de Estudos da Saúde, 
criado em julho de 1976. Através da Revista Saúde 
em Debate mantinha um espaço de divulgação dos 
problemas de saúde brasileira, de crítica e propostas 
para reformas do sistema de saúde. 
ABRASCO – Associação Brasileira de Pós-Graduação 
em Saúde Coletiva, criada em 1979, atuava na 
formação de profissionais com ênfase na saúde 
coletiva e articulação com a sociedade organizada e 
o poder público para a reorganização das políticas 
públicas de saúde. 
 
Reforma Sanitária 
 A Reforma Sanitária refere-se ao projeto articulado ao longo dos anos 70 e 80 no Brasil, na perspectiva de formulação do sistema de saúde que 
aprofundou no período do regime militar a sua característica de assistência médica curativa fortemente vinculada ao setor privado e lucrativo, 
eminentemente excludente, curativo, pouco resolutivo e dispendioso. O projeto de reforma sanitária preconiza a criação de um sistema único de 
saúde, acabando com o duplo comando do Ministério da Saúde e do INAMPS que executavam ações de saúde em perspectivas antagônicas. A 
defesa desse projeto era encaminhada pelo movimento sanitário que aglutinava sanitaristas comprometidos com as mudanças do sistema de 
saúde e diversos atores sociais, entre os quais, lideranças populares, trabalhadores, sindicatos, parlamentares de esquerda, intelectuais e 
estudantes de saúde e entidades como CEBES e ABRASCO. Todos em luta contra as condições precárias de vida da população, contra as 
iniquidades do sistema de saúde epelo reconhecimento da saúde como direito social a ser garantido pelo estado. Esse projeto, cujo desenho e 
conteúdo consolidaram-se gradativamente ao longo do tempo, preconizava a transformação da relação entre Estado e Sociedade, com clara 
defesa da participação social de forma institucionalizada nos rumos da política de saúde e pela construção da cidadania. Tinha como ambição a 
universalização do direito à saúde, compreendida como qualidade de vida e um modelo de atenção com ênfase na integridade. Nos anos 80, o 
movimento sanitário usou como tática a ocupação dos espaços institucionais e a formulação e implementação de políticas de saúde frente à 
crise do INAMPS, o que propiciou o surgimento de alguns programas de expansão dos serviços e sua descentralização, como as Ações Integradas 
de Saúde – AIS (1983) e Sistema Unificado e Descentralizado da saúde – SUDS (1987). Teve como momento expressivo a realização da VIII 
Conferência Nacional de Saúde em 1986, em cuja oportunidade, a reforma mais completa do setor saúde foi debatida e pactuada para sua 
inscrição na Constituição Federal. Embora a maior parte das propostas discutidas e encaminhadas pelo movimento da Reforma Sanitária tenha 
sido inscrita no capítulo da saúde da nova constituição em 1988, a reforma não se acaba ato, uma vez que encaminhamentos para a devida 
implementação do sistema Único de Saúde(SUS) encontram barreiras estruturais e conjuntura desfavorável no período pós-constituinte. É 
importante destacar que estão sempre presentes na sociedade outros projetos de interesse lucrativo do setor, os quais impõem barreiras à 
consolidação SUS, manifestadas nas dificuldades de financiamento e repasses de recursos para a sua completa universalização e integridade, 
desde o seu nascimento e com persistência nos dias atuais. 
Período da Nova República (1985 – 1988) 
Em março de 1985, José Sarney tomou posse na Presidência da República e, mantendo o 
compromisso assumido por Tancredo Neves, enviou ao Congresso a proposta de convocação 
da Assembleia Nacional Constituinte a ser composta pelos deputados federais e senadores que 
seriam eleitos nas eleições previstas para 1986 e pelos senadores já eleitos em 1982. 
Diante desse cenário de redemocratização da sociedade, diversas entidades e movimentos 
sociais mobilizavam e estimulavam a participação popular em vários estados no processo de 
discussão da nova Carta Constitucional. Desejava-se que a sua elaboração fosse fruto da 
participação dos diversos segmentos sociais e não apenas das elites econômicas e políticas e, 
consequentemente, avançasse no aspecto da democracia e na garantia dos direitos e deveres 
da cidadania. 
Na ocasião, o quadro sanitário evidenciava a redução das doenças imunopreveníveis e da 
mortalidade infantil, a manutenção da mortalidade por doenças cardiovasculares e 
neoplásicas, aumento da mortalidade por causas externas (acidentes, homicídios etc). da 
epidemia da AIDS e surgimento de epidemias de dengue em algumas capitais. Enquanto isso, 
persistem as iniquidades e precariedades do sistema de saúde e os protestos populares pela 
conquista de direitos sociais, inclusive de saúde. 
Esse clima de ebulição participativa e de lutas por ampliação da cidadania foi favorável para se 
colocar a saúde na agenda política e difundir as propostas da Reforma Sanitária. Assim, a 
realização da VIII Conferência Nacional de Saúde em 1986 criou um espaço importante para o 
debate dos problemas do sistema de saúde e de propostas de reorientação da assistência 
médica e de saúde pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Assembleia Nacional Constituinte foi instalada em fevereiro de 1987, sendo eleito Ulisses 
Guimarães para presidir a elaboração da nova constituição brasileira, que teria a participação 
social por meio de instrumentos jurídicos – as emendas populares com propostas a serem 
incorporadas na carta Magna 
Enquanto se elaborava o arcabouço jurídico do SUS no processo constituinte, um decreto da 
União de julho de 1987 transformava as AIS no Sistemas Unificado e Descentralizado de Saúde 
VIII Conferência Nacional de Saúde – Realizada na cidade de Brasília em 1986 com a 
participação de cerca de 5.000 pessoas, representantes dos diversos movimentos 
sociais, movimentos populares de saúde, trabalhadores, usuários, estudantes e 
intelectuais da saúde, parlamentares, sindicatos, entre outros. No evento foram 
debatidos (não sem conflitos e contradições) os princípios e diretrizes da Reforma 
Sanitária, destacando-se: o conceito ampliado de saúde, o reconhecimento da saúde 
como direito de todos e dever do estado, a criação do SUS (através da unificação dos 
serviços do INAMPS e do Ministério da Saúde), e descentralização e hierarquização dos 
serviços, a atenção integral às necessidades de saúde da população e a participação 
popular. A partir dessa conferência, foi instituída uma Comissão Nacional de Reforma 
Sanitária para o encaminhamento das propostas à Assembleia Nacional Constituinte e 
sua inscrição na nova Carta Magna. 
(SUDS) – a ser implantado por meio de convênio entre os governos federal, estadual e 
municipal. O SUDS representou cero avanço na medida em que possibilitou a formação dos 
conselhos estaduais e municipais de saúde, a desconcentração de recursos e poder da esfera 
federal para a estadual, o esvaziamento do INAMPS e o aumento ( mesmo que insuficiente) da 
cobertura de serviços de saúde para a população. Vale ressaltar que a implantação do SUDS 
promoveu uma estadualização do INAMPS, por meio da fusão de suas estruturas às secretarias 
estaduais de saúde. Como resultado, ocorreu uma concentração de poder nas secretarias 
estaduais de saúde, as quais estabeleciam com os municípios uma relação clientelista, 
repassando-se os recursos com mais facilidade, quando o gestor municipal era da mesma 
agremiação partidária ou por outros interesses políticos. 
Finalmente, em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, foi aprovado o Sistema 
Único de Saúde (SUS) que incorporou a maioria das propostas do movimento da Reforma 
Sanitária apresentadas por emenda popular acompanhada da participação dos segmentos 
interessados. Também não se deu de modo consensual, ocorrendo embate e conflitos entre os 
que defendiam os interesses privatistas e os que lutavam pela saúde pública e estatal. 
A aprovação do SUS com os princípios e diretrizes da Reforma Sanitária significou uma grande 
vitória da sociedade. Não obstante, foi criado em um período em que o Brasil se encontrava 
em grande instabilidade econômica, altas taxas de inflação e influências da conjuntura 
internacional neoliberal que, juntamente com o recuo dos movimentos sociais, traz sérias 
dificuldades para a sua regulamentação e implementação de seus princípios e diretrizes e da 
concretização das propostas da Constituição Cidadã. Destaca-se que o início dos aos 90, o 
Governo de Fernando Collor de Malo reduziu em quase metade os recursos para o setor 
saúde, ao mesmo tempo em que os governos estaduais também reduziram sua participação 
orçamentária para a saúde. Essas deliberações contrariam a política pública do SUS que já 
nasce enfrentando o caos em que estavam os serviços de saúde e a descrença popular em 
relação ao estado. 
A reforma sanitária deparou, no período de 1988 a 1992, com dois governos (Fernando Collor 
de Melo e Itamar Franco) que, embora distintos, reforçaram o projeto conservador em saúde, 
com a implantação distorcida do SUS e o apoio ao modelo médico-assistencial privatista 
reciclado de expansão da assistência médica supletiva, entre outros fatos. Nesse sentido, vale 
destacar que se ampliaram no Brasil as diversas modalidades de assistência médica supletiva 
com interesse de lucro na saúde, tais como: medicinade grupo, cooperativas médicas e 
seguro-saúde, evidenciando o florescimento do projeto conservador antagônico à política de 
saúde defendida pela reforma sanitária. 
 
Fonte: livro  SUS – antecedentes, percurso, perspectivas e desafios 
Digitado: moderadora do Instagram: @enfermagemagora

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