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Projetos de Pesquisa em Contextos Específicos - Livro-Texto Unidade II

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PROJETOS DE PESQUISA EM CONTEXTOS ESPECÍFICOS
Unidade II
5 A METODOLOGIA DA PESQUISA
Caros alunos, entraremos agora no caminho prático da pesquisa, no planejamento das 
atividades, na busca da resposta ao objetivo da pesquisa. Como vimos, a metodologia corresponde 
à pergunta: Como tiramos o objetivo de pesquisa do papel? Como responder ao questionamento, 
nossa curiosidade da pesquisa? A resposta a essa indagação está inserida no conjunto de teorias 
e técnicas de construção e planejamento do método. Para facilitar a compreensão, comparamos 
a metodologia ao cérebro no corpo humano: esse órgão é responsável por organizar, captar e 
transmitir comandos para os outros órgãos, ou seja, é o líder – tem a função de planejar os detalhes 
da ação e da tarefa. Por exemplo, a ingestão de alimentos contaminados nos causa diversos 
problemas estomacais. Antes de sentir tal desconforto ou dor, o estômago recebe o alimento 
contaminado e imediatamente manda uma mensagem para o cérebro – “Não consigo fazer o 
meu trabalho”. Assim que recebe a informação, o cérebro tem de planejar (Como fazer isso?), 
escolhendo (Qual o método? Qual a melhor técnica?). Geralmente, a escolha do método são as 
dores, e a técnica é a intensidade – leve ou aguda. Assim que o cérebro escolhe os meios, devolve ao 
estômago os comandos, aguardando uma resposta externa. Esse exemplo simples explica a função 
da metodologia na pesquisa. Agora vamos atentar à parte teórica.
Minayo (2007) entende por metodologia:
O caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade. 
Neste sentido, a metodologia ocupa um lugar central no interior das teorias 
e está sempre referida a elas. Dizia Lênin (1965) que o “método é a alma 
da teoria” (p. 148), distinguindo a forma exterior com que muitas vezes 
é abordado, tal tema (como técnicas e instrumentos) do sentido generoso 
de pensar a metodologia como articulação entre conteúdo, pensamentos e 
existência (MINAYO, 2007, p. 16).
5.1 Delimitação da metodologia da pesquisa
Os procedimentos metodológicos respondem às perguntas:
• Como?
• Com quê?
• Onde?
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A metodologia da pesquisa num planejamento deve ser entendida como o 
conjunto detalhado e sequencial de métodos e técnicas científicas a serem 
executados ao longo da pesquisa, de tal modo que se consiga atingir os 
objetivos inicialmente propostos e, ao mesmo tempo, atender aos critérios 
de menor custo, maior rapidez, maior eficácia e mais confiabilidade de 
informação (BARRETO; HONORATO, 1998, p. 85).
Segundo Ventura (2002, p. 76‑7), “são incontáveis e absolutamente diversas as classificações da 
metodologia que se podem encontrar na literatura especializada”.
A metodologia é responsável pela escolha do caminho estratégico e teórico do planejamento, 
entretanto não podemos reduzi‑la à mera descrição dos procedimentos (métodos e técnicas 
a serem adotados na pesquisa), pois é fruto da seleção teórica do pesquisador para abordar o 
objeto de estudo.
Método de pesquisa abrange procedimentos e técnicas aplicados para coleta de dados. Assim, não 
podemos confundir conteúdo (teoria) com procedimentos (métodos e técnicas) e metodologia. No 
entanto, embora não tenham o mesmo significado, teoria e método são dois termos inseparáveis, 
“devendo ser tratados de maneira integrada e apropriada quando se escolhe um tema, um objeto 
ou um problema de investigação” (MINAYO, 2007, p. 44). Para melhor compreensão, a autora define 
metodologia, de forma abrangente:
[...] a) como a discussão epistemológica sobre o “caminho do 
pensamento” que o tema ou o objeto de investigação requer; b) como 
a apresentação adequada e justificada dos métodos, das técnicas e 
dos instrumentos operativos que devem ser utilizados para as buscas 
relativas às indagações da investigação; c) e como a “criatividade do 
pesquisador”, ou seja, a sua marca pessoal e específica na forma de 
articular teoria, métodos, achados experimentais, observacionais ou de 
qualquer outro tipo específico de resposta às indagações específicas 
(MINAYO, 2007, p. 44).
Podemos definir metodologia como a parte vital da exploração do campo, composta por:
• escolha do grupo de pesquisa,
• estabelecimento dos critérios de amostragem,
• construção de estratégias de coleta de dados, por meio dos instrumentos e procedimentos que 
nortearão, posteriormente, a análise dos dados e, por fim, os resultados obtidos.
Vamos sistematizar em uma imagem como se percebe a estrutura do processo de uma pesquisa em 
suas fases de elaboração.
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PROJETOS DE PESQUISA EM CONTEXTOS ESPECÍFICOS
Abordagem
Qualitativa
Quantitativa
Quantiqualitativa
Procedimentos
Bibliogáfica
Documental
Levantamento
Método de 
procedimento
Histórico
Monográfico
Comparativo
Objetivos
Exploratória
Descritiva
Explicativa
Método de 
abordagem
Dedutivo
Indutivo
Hipotético‑
dedutivo
Instrumentos 
de coleta de 
dados
Questionário 
aberto, 
fechado ou 
misto
Formulários
Entrevistas
Autobiografia 
e biografia
Estudo de 
campo
Estudo de caso
Etnográfico
Estatístico
Histórico de 
vida Depoimento
Dialético
Pesquisa
Figura 10 – Representação do processo de elaboração de uma pesquisa
Para explicar essa figura consultamos Gil (2008). Uma pesquisa, tendo em vista seus objetivos, pode 
ser classificada da seguinte forma:
a) Exploratória: esta pesquisa tem como objetivo proporcionar maior 
familiaridade com o problema, com vistas a torná‑lo mais explícito. 
Pode envolver levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas 
experientes no problema pesquisado. Geralmente, assume a forma de 
pesquisa bibliográfica e estudo de caso.
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b) Descritiva: tem como objetivo primordial a descrição das 
características de determinadas populações ou fenômenos. Uma de 
suas características está na utilização de técnicas padronizadas de 
coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. 
Destacam‑se também na pesquisa descritiva aquelas que visam 
descrever características de grupos (idade, sexo, procedência etc.), 
como também a descrição de um processo numa organização, o estudo 
do nível de atendimento de entidades, levantamento de opiniões, 
atitudes e crenças de uma população, etc. Também são pesquisas 
descritivas aquelas que visam descobrir a existência de associações 
entre variáveis, [...] por exemplo, as pesquisas eleitorais que indicam a 
relação entre o candidato e a escolaridade dos eleitores.
c) Explicativa: a preocupação central é identificar os fatores que 
determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. 
É o tipo que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque 
explica a razão, o porquê das coisas. Por isso, é o tipo mais complexo 
e delicado (GIL, 2008, p. 35‑6).
No que se refere aos procedimentos técnicos, segundo Gil (2008), uma pesquisa pode ser 
classificada da seguinte forma:
a) Bibliográfica: é desenvolvida com base em material já elaborado, 
constituído principalmente de livros e artigos científicos. Não é 
aconselhável que textos retirados da Internet constituam o arcabouço 
teórico do trabalho monográfico.
b) Documental: é muito parecida com a bibliográfica. A diferença está 
na natureza das fontes, pois esta forma vale‑se de materiais que 
não receberam ainda um tratamento analítico, ou queainda podem 
ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Além de 
analisar os documentos de “primeira mão” (documentos de arquivos, 
igrejas, sindicatos, instituições etc.), existem também aqueles que já 
foram processados, mas podem receber outras interpretações, como 
relatórios de empresas, tabelas etc.
c) Experimental: quando se determina um objeto de estudo, 
selecionam‑se as variáveis que seriam capazes de influenciá‑lo, 
definem‑se as formas de controle e de observação dos efeitos que a 
variável produz no objeto.
d) Levantamento: é a interrogação direta das pessoas cujo 
comportamento se deseja conhecer. Procede‑se à solicitação 
de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do 
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problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, 
obterem‑se as conclusões correspondentes aos dados coletados. 
Quando o levantamento recolhe informações de todos os integrantes 
do universo pesquisado, tem‑se um censo.
e) Estudo de campo: procura o aprofundamento de uma realidade 
específica. É basicamente realizada por meio da observação direta 
das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes 
para captar as explicações e interpretações do que ocorre naquela 
realidade. (GIL 2008, p. 37‑8). Para Ventura (2002, p. 79), a pesquisa 
de campo deve merecer grande atenção, pois devem ser indicados os 
critérios de escolha da amostragem (das pessoas que serão escolhidas 
como exemplares de certa situação), a forma pela qual serão coletados 
os dados e os critérios de análise dos dados obtidos.
f) Estudo de caso: consiste no estudo profundo e exaustivo de um 
ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado 
conhecimento. Caracterizado por ser um estudo intensivo. É levada 
em consideração, principalmente, a compreensão, como um todo, 
do assunto investigado. Todos os aspectos do caso são investigados. 
Quando o estudo é intensivo podem até aparecer relações que de 
outra forma não seriam descobertas (FACHIN, 2001, p. 42).
g) Pesquisa‑ação: um tipo de pesquisa com base empírica que é 
concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com 
a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e 
participantes representativos da situação ou do problema estão 
envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1986, 
p.14 apud GIL, 2008)
Em relação ao método da pesquisa, segundo Garcia (1998, p. 44),
[...] representa um procedimento racional e ordenado (forma de pensar), 
constituído por instrumentos básicos, que implica utilizar a reflexão 
e a experimentação, para proceder ao longo do caminho (significado 
etimológico de método) e alcançar os objetivos preestabelecidos no 
planejamento da pesquisa (projeto).
Segundo Lakatos e Marconi (2010, p. 106), os métodos podem ser subdivididos em:
Métodos de abordagem
a) Dedutivo: parte de teorias e leis mais gerais para a ocorrência de 
fenômenos particulares.
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b) Indutivo: o estudo ou abordagem dos fenômenos caminha para 
planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações mais 
particulares às leis e teorias mais gerais.
c) Hipotético‑dedutivo: que se inicia pela percepção de uma lacuna 
nos conhecimentos acerca da qual formula hipóteses e, pelo 
processo dedutivo, testa a ocorrência de fenômenos abrangidos 
pela hipótese.
d) Dialético: que penetra o mundo dos fenômenos através de sua 
ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da mudança 
dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
Métodos de Procedimento
a) Histórico: Parte do princípio de que as atuais formas de vida e de agir 
na vida social, as instituições e os costumes têm origem no passado, 
por isso é importante pesquisar suas raízes para compreender sua 
natureza e função.
b) Monográfico: é um estudo sobre um tema específico ou particular de 
suficiente valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia. 
Investiga determinado assunto não só em profundidade, mas em 
todos os seus ângulos e aspectos, dependendo dos fins a que se 
destina.
c) Comparativo: consiste em investigar coisas ou fatos e explicá‑los 
segundo suas semelhanças e suas diferenças. Geralmente o 
método comparativo aborda duas séries de natureza análoga 
tomadas de meios sociais ou de outra área do saber, a fim de 
detectar o que é comum a ambos. Este método é de grande 
valia e sua aplicação se presta às diversas áreas das ciências, 
principalmente às Ciências Sociais. Esta utilização deve‑se pela 
possibilidade que o estudo oferece de trabalhar com grandes 
grupamentos humanos em universos populacionais diferentes e 
até distanciados pelo espaço geográfico.
d) Etnográfico: estudo e descrição de um povo, sua língua, raça, religião, 
cultura...
e) Estatístico: método que implica números, percentuais, análises 
estatísticas, probabilidades. Quase sempre associado à pesquisa 
quantitativa.
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Quando se trabalha com o método estatístico, alguns cuidados devem ser tomados. Fachin (2001, p. 
46), esclarece que:
este método se fundamenta nos conjuntos de procedimentos apoiados 
na teoria da amostragem e, como tal, é indispensável no estudo de 
certos aspectos da realidade social em que se pretenda medir o grau de 
correlação entre dois ou mais fenômenos. Para o emprego desse método, 
necessariamente o pesquisador deve ter conhecimentos das noções básicas 
de estatística e saber como aplicá‑las. O método estatístico se relaciona com 
dois termos principais: população e universo.
 Lembrete
Se a pesquisa for de campo e/ou envolver o método estatístico, o tipo 
de amostragem também precisará ser explicado.
 Observação
Universo é o conjunto de fenômenos, todos os fatos apresentando uma 
característica comum, e população como um conjunto de números obtidos, 
medindo‑se ou contando‑se certos atributos dos fenômenos ou fatos que 
compõem um universo.
5.2 O campo da pesquisa e o trabalho de campo
Trataremos agora do campo da pesquisa e do trabalho de campo. A respeito desse assunto, leia o 
texto que segue, da autoria de Minayo (2007):
Vários são os obstáculos que podem dificultar ou até mesmo inviabilizar essa etapa da 
pesquisa. Sobre isso, faremos algumas considerações. Em primeiro lugar, devemos buscar 
uma aproximação com as pessoas da área selecionada para o estudo. Essa aproximação 
pode ser facilitada através do conhecimento de moradores ou daqueles que mantêm sólidos 
laços de intercâmbio com os sujeitos a serem estudados. De preferência, deve ser uma 
aproximação gradual, onde cada dia de trabalho seja refletido e avaliado, com base nos 
objetivos preestabelecidos. É fundamental consolidarmos uma relação de respeito efetivo 
pelas pessoas e pelas suas manifestações no interior da comunidade pesquisada.
Em segundo lugar, destacamos como importante a apresentação da proposta de 
estudo aos grupos envolvidos. Trata‑se de estabelecermos uma situação de troca. Os grupos 
devem ser esclarecidos sobre aquilo que pretendemos investigar e as possíveis repercussões 
favoráveis advindas do processo investigativo. É preciso termos em mente que a busca 
das informações que pretendemos obter está inserida num jogo cooperativo, onde cada 
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momento é uma conquista baseada no diálogo e que foge à obrigatoriedade.Com isso, 
queremos afirmar que os grupos envolvidos não são obrigados a uma colaboração sob 
pressão. Se o procedimento se dá [...] dessa forma, trata‑se de um processo de coerção que 
não permite [...] uma efetiva interação.
[...]
Por último, somos da opinião que a opção pelo trabalho de campo pressupõe um 
cuidado teórico‑metodológico com a temática a ser explorada, considerando que o 
mesmo não se explica por si só. [...] Assim, sublinhamos a ideia de que a teoria informa o 
significado dinâmico daquilo que ocorre e que buscamos captar no espaço em estudo.
Fonte: Minayo (2007, p. 54).
Exemplo de aplicação
1. Escolha um campo de pesquisa, como: hospital, centro de saúde, centro de referencia de assistência 
social (Cras) ou instituição. Fique nesse espaço por 30 minutos e observe a estrutura física, bem 
como a movimentação das pessoas e dos profissionais. Anote todos os detalhes, depois leia com 
calma e atenção. Separe as curiosidades e as indagações que surgirem da leitura. Monte um 
problema de pesquisa sobre essas questões da sua observação.
5.3 Abordagem da pesquisa
A pesquisa é a atividade da ciência que possibilita uma aproximação e uma compreensão da realidade 
a investigar, sendo esse um processo permanentemente inacabado.
Processa‑se por meio de aproximações sucessivas da realidade, 
fornecendo‑nos subsídios para uma intervenção no real. A pesquisa 
científica é o resultado de um inquérito ou exame minucioso, realizado 
com o objetivo de resolver um problema, recorrendo a procedimentos 
científicos. Lehfeld (1991) refere‑se à pesquisa como sendo a inquisição, 
o procedimento sistemático e intensivo, que tem por objetivo descobrir e 
interpretar os fatos que estão inseridos em uma determinada realidade 
(GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 31).
A pesquisa engloba dois grupos distintos de abordagens metodológicas, classificadas em quantitativas 
e qualitativas.
5.3.1 Pesquisa quantitativa
O método de pesquisa quantitativa é utilizado para medir opiniões, reações, sensações, hábitos, 
atitudes, quantidades, entre outros. Todos determinados previamente por um universo (público‑alvo), 
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composto de amostras predefinidas, com a função de representar de forma estatística os resultados 
coletados, sendo estes comprovados cientificamente.
Diferentemente da pesquisa qualitativa, os resultados da pesquisa 
quantitativa podem ser quantificados. Como as amostras geralmente são 
grandes e consideradas representativas da população, os resultados são 
tomados como se constituíssem um retrato real de toda a população‑alvo 
da pesquisa. A pesquisa quantitativa se centra na objetividade. Influenciada 
pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida com 
base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos 
padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa recorre à linguagem 
matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações 
entre variáveis etc. A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e [da] 
quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia conseguir 
isoladamente (FONSECA, 2002, p. 20).
A pesquisa quantitativa é reconhecida como pesquisa científica (pesquisa fria), porque prevê a 
mensuração dos dados (mediante números), obtendo resultados palpáveis, fidedignos, concretos, 
comprovados e incontestáveis aos olhos da ciência.
A ciência tem como objetivo fundamental checar a veracidade dos fatos. Nesse sentido, não se 
distingue de outras formas de conhecimento. O que torna, porém, o conhecimento científico distinto 
dos demais é ter como característica fundamental sua veracidade.
Para compreender melhor esse método de pesquisa, a figura a seguir demonstra o procedimento 
geral aplicado na pesquisa quantitativa.
Amostra
Discussão 
dos 
resultados
Planejamento 
do 
questionário
Coleta 
de dados
Estudo 
do 
campo
Análise 
estatística
Figura 11 – Sequência de procedimentos da pesquisa quantitativa
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Para a pesquisa quantitativa, a amostra (delimitação da quantidade a ser pesquisada) é parte 
fundamental da circularidade, tanto para nortear a coleta de dados quanto na análise dos resultados. 
Para isso, torna‑se necessário o pesquisador selecionar os tipos de amostragem para utilizar.
Entende‑se por amostragem:
[...] técnica utilizada quando o universo é muito grande ou é impossível 
contatar a totalidade dos elementos que [a] compõem. A operacionalização 
da população a ser estudada se baseia em alguns critérios que procuram 
minimizar as possibilidades de erro (CHIZZOTTI, 2010, p. 44).
As amostras podem ser classificadas em duas categorias principais: probabilísticas e não probabilísticas.
5.3.1.1 Amostras probabilísticas
A amostragem será probabilística se todos os elementos da população (universo) tiverem probabilidade 
conhecida, ou seja, determinamos e conhecemos nosso universo (público‑alvo) a ser pesquisado, e ele 
é fechado (finito).
A amostragem probabilística implica um sorteio com regras bem‑determinadas, cuja realização só 
será possível se a população for finita e totalmente acessível.
As amostras probabilísticas mais usadas são:
• aleatórias simples: quando procuramos garantir a mesma possibilidade de compor a amostra 
para cada um dos componentes do universo. Fazemos uso de sorteios, com numeração prévia de 
cada elemento componente do universo. Exemplo: no sorteio lotérico, cada um tem a mesma 
chance de ganhar.
• sistemáticas: usadas quando os elementos da população se apresentam ordenados e a retirada 
dos elementos da amostra é feita periodicamente. Por exemplo: queremos ter uma amostra 
de 30% que serão pesquisados em dez em dez. Separamos a totalidade e depois sorteamos as 
primeiras dez, e assim sucessivamente.
• estratificadas: usadas quando a totalidade das pessoas pode ser subdividida em subgrupos ou 
estratos, como faixa etária, renda, religião, profissão, escolaridade ou outros critérios, determinados 
pelo pesquisador. Posteriormente, fazemos um sorteio de uma quantidade de elementos de cada 
estrato que compõe a amostra final, conservando a mesma proporção de pesquisados de cada 
conjunto participante da totalidade.
5.3.1.2 Amostragem não probabilística
As amostras não probabilísticas são mais usadas em pesquisas qualitativas e têm por objetivo em 
captar a diversidade do universo.
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As amostras não probabilísticas podem ser:
• intencionais: quando desejamos, por exemplo, obter a opinião ou conhecer a situação de 
determinadas pessoas ou serviços, por sua especificidade e não representatividade do universo. 
Cabe ao pesquisador escolher os elementos para pertencer à amostra, por julgar representativos. 
O perigo desse tipo de amostragem é obviamente grande, pois o pesquisador pode facilmente se 
equivocar em seu prejulgamento, desprezando elementos importantes.
• típicas: selecionamos para a pesquisa os casos típicos – mais relevantes, que tenham as características 
do universo. Isso exige de nós um razoável conhecimento prévio do problema e do universo.
• cotas: considerando‑se as características dos integrantes do universo, constrói‑se uma maquete, 
um esboço ou um desenho que o represente, com a presença de todos os elementos na amostra, 
na mesma proporção em que aparecem no universo.
A pesquisa quantitativa apoia‑se em instrumentos de coleta de dados adequados aos seus fins de 
mensuração/quantificação,tendo como principais instrumentos:
• questionário fechado (abordaremos no item 6.9 – Coleta de dados);
• entrevista dirigida ou estruturada.
Exemplo de aplicação
1. Formule problemas de pesquisa e identifique o tipo de amostragem mais adequado para sua 
investigação.
2. Procure exemplos em jornais, revistas, livros, documentos e pesquisas. Identifique o tipo de 
amostragem trabalhada no resultado.
5.3.2 Pesquisa qualitativa
A pesquisa qualitativa trabalha com um universo que não pode ser mensurado/quantificado, ou 
seja, estuda o empirismo, a subjetividade, os fenômenos e processos e as relações humanas, elementos 
impossíveis de representar por números.
Os pesquisadores que seguem essa abordagem recusam a posição do caráter da cientificidade em 
ter um único modelo de pesquisa para todas as disciplinas, pois, seguindo esse parâmetro, a área de 
Ciências Sociais perderia sua especificidade e seu campo de pesquisa, uma vez que seu trabalho é 
embasado pela compreensão dos fenômenos sociais, de que todos fazemos parte. “Os pesquisadores 
qualitativos recusam o modelo positivista aplicado ao estudo da vida social, uma vez que o pesquisador 
não pode fazer julgamentos nem permitir que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa” 
(GOLDENBERG, 1997, p. 34).
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Ao contrário da posição positivista, os pesquisadores são parte do estudo, uma vez que interagem e 
estão inseridos no corpo da sociedade.
Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o 
porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam 
os valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois 
os dados analisados são não métricos (suscitados e de interação) e se 
valem de diferentes abordagens. Na pesquisa qualitativa, o cientista é ao 
mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas. O desenvolvimento da 
pesquisa é imprevisível. O conhecimento do pesquisador é parcial e limitado 
(GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 32).
O autor Chizzotti (2010) entende que:
O pesquisador é parte fundamental da pesquisa qualitativa. Ele deve, 
preliminarmente, despojar‑se de preconceitos, predisposições para assumir 
uma atitude aberta a todas as manifestações que observa, sem adiantar 
explicações nem conduzir‑se pelas aparências imediatas [...] dos fenômenos 
(CHIZZOTTI, 2010, p. 83).
Para complementar, conforme Minayo (2000):
[...] existe uma identidade entre sujeito e objeto. A pesquisa nessa área lida 
com seres humanos que, por razões culturais, de classe, de faixa etária, ou por 
qualquer outro motivo, têm substrato comum de identidade com o investigado, 
tornando‑os solidariamente imbricados e comprometidos, como lembra Lévi 
Strauss (1975): “Numa ciência, onde o observador é da mesma natureza que o 
objeto, o observador, ele mesmo é parte de sua observação (MINAYO, 2000, p. 14).
A pesquisa qualitativa preocupa‑se, portanto, com aspectos da realidade que não podem ser 
quantificados, centrando‑se na compreensão e na explicação da dinâmica das relações sociais. Para 
Minayo (2007), a pesquisa qualitativa:
[...] trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, 
valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das 
relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à 
operacionalização de variáveis (MINAYO, 2007, p. 14).
A pesquisa qualitativa tem suas características na objetivação do fenômeno; na realidade, na rotina, 
na hierarquização das ações decorrentes do ato de descrever, compreender, explicar, na observância 
das diferenças entre o mundo social e o mundo natural, fundamentado na teoria e nos dados empíricos.
É necessário afirmar que o objeto das Ciências Sociais é essencialmente 
qualitativo. A realidade social é o próprio dinamismo da vida individual e coletiva 
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PROJETOS DE PESQUISA EM CONTEXTOS ESPECÍFICOS
com toda a riqueza de significados dela transbordante. Essa mesma realidade 
é mais rica que qualquer teoria, qualquer pensamento e qualquer discurso que 
possamos elaborar sobre ela. Portanto, os códigos das ciências que por sua natureza 
são sempre referidos e recortados são incapazes de a conter. As Ciências Sociais, 
no entanto, possuem instrumentos e teorias capazes de fazer uma aproximação 
da suntuosidade que é a vida dos seres humanos em sociedade, ainda que de 
forma incompleta, imperfeita e insatisfatória. Para isso, ela aborda o conjunto de 
expressões humanas constantes nas estruturas, nos processos, nos sujeitos, nos 
significados e nas representações (MINAYO, 2007, p. 15).
Cabe lembrar que o Serviço Social está inserido nas Ciências Sociais Aplicadas, como uma especialidade do 
campo social, portanto entender e compreender a pesquisa qualitativa torna‑se obrigatório para o exercício 
e o aprimoramento da prática profissional. Entender o conhecimento a respeito dos fenômenos sociais e 
participar dele é parte estruturante das profissões que atuam direta e indiretamente com o campo social.
Na pesquisa qualitativa, todas as pessoas que participam da pesquisa 
são reconhecidas como sujeitos que elaboram conhecimento prático de 
senso comum e representação relativamente elaborada que formam uma 
concepção de vida e orientam as suas ações individuais. Isto não significa 
que a vivência diária, a experiência cotidiana e os conhecimentos práticos 
reflitam um conhecimento crítico que relacione esses sabores particulares 
com a totalidade, as experiências individuais como contexto geral da 
sociedade (CHIZZOTTI, 2010, p. 83).
Cabe lembrar ao pesquisador os riscos a que está sujeito em seu papel, tais como:
• a reflexão exaustiva acerca das notas de campo pode representar uma tentativa de dar conta da 
totalidade do objeto estudado, além de controlar a influência do observador sobre o objeto de estudo;
• a falta de detalhes sobre os processos por meio dos quais as conclusões foram alcançadas;
• a sensação de dominar profundamente seu objeto de estudo;
• o envolvimento do pesquisador com a situação pesquisada, impondo sua opinião e seus valores, 
tanto no ato da coleta quanto na interpretação dos dados.
Algumas pesquisas qualitativas não descartam a coleta de dados quantitativos, principalmente na 
etapa exploratória de campo ou nas fases em que esses dados podem mostrar uma relação mais extensa 
entre fenômenos particulares.
A pesquisa qualitativa privilegia algumas técnicas que coadjuvam a 
descoberta de fenômenos latentes, tais como a observação participante, 
história ou relatos de vida, análise de conteúdo, entrevista não diretiva etc., 
que reúnem um corpus qualitativo de informações que, segundo Habermas, 
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se baseia na racionalidade comunicacional. Observando a vida cotidiana em 
seu contexto ecológico, ouvindo as narrativas, lembranças e biografias, e 
analisando documentos, obtém‑se um volume qualitativo de dados originais 
e relevantes, não filtrados por conceitos operacionais, nem por índices 
quantitativos. A pesquisa qualitativa pressupõe que a utilização dessas 
técnicas não deve construir um modelo único, exclusivo e estandardizado. A 
pesquisa é uma criação que mobiliza a acuidade inventiva do pesquisador, 
sua habilidade artesanal e sua perspicácia para elaborar a metodologia 
adequada ao campo de pesquisa, aos problemas que ele enfrenta com as 
pessoas que participam da investigação. O pesquisador deverá, porém, expor 
e validar os meios e técnicas adotadas, demonstrando a cientificidade dos 
dados colhidos e dosconhecimentos produzidos (CHIZZOTTI, 2010, p. 85).
 Observação
A pesquisa qualitativa é um campo pensável para se apreender os 
vínculos entre as pessoas, os objetos e seus significados, tendo como 
resultado um trabalho coletivo, gestado nas dimensões micro e macro.
Exemplo de aplicação
O texto proposto trata da apresentação dos resultados de uma pesquisa quantitativa, entretanto o 
objeto em estudo é qualitativo. Leia com atenção:
Cerca de três mil meninos e meninas com até cinco anos de idade, que vivem em sessenta comunidades 
quilombolas em 22 Estados brasileiros, foram pesados e medidos. O objetivo era conhecer a situação nutricional 
dessas crianças. [...] De acordo com o estudo, 11,6% dos meninos e meninas que vivem nessas comunidades 
estão mais baixos do que deveriam, considerando‑se a sua idade, índice que mede a desnutrição. No Brasil, 
estima‑se uma população de 2 milhões de quilombolas. A escolaridade materna influencia diretamente o 
índice de desnutrição. Segundo a pesquisa, 8,8% dos filhos de mães com mais de quatro anos de estudo estão 
desnutridos. Esse indicador sobe para 13,7% entre as crianças de mães com escolaridade menor que quatro 
anos. A condição econômica também é determinante. Entre as crianças que vivem em famílias da classe E 
(57,5% das avaliadas), a desnutrição chega a 15,6%; e cai para 5,6% no grupo que vive na classe D, na qual 
estão 33,4% do total das pesquisadas. Os resultados serão incorporados à política de nutrição do País. “O 
Ministério de Desenvolvimento Social prevê ainda um estudo semelhante para as crianças indígenas.
Fonte: Bavaresco (2007, p. 4).
Considerando o texto que você acabou de ler, faça o que se pede:
1. Descreva o objeto de estudo de cunho qualitativo presente no texto.
2. Elabore um problema de pesquisa sobre o objeto de estudo qualitativo que você identificou.
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PROJETOS DE PESQUISA EM CONTEXTOS ESPECÍFICOS
5.3.3 Comparações entre as abordagens: quantitativa e qualitativa
Embora uma linha de pesquisa vise ao estudo das relações, dos fenômenos sociais, e a outra seja 
puramente quantificável, fria, ambas se complementam, possibilitando, assim, um estudo aprofundando 
da realidade estudada. Vejamos, a seguir, uma comparação entre as duas abordagens.
Quadro 2 – Diferenciação entre pesquisa quantitativa e 
pesquisa qualitativa quanto aos aspectos
Aspecto Pesquisa quantitativa Pesquisa qualitativa
Enfoque na interpretação do objeto Menor Maior
Importância do contexto do objeto pesquisado Menor Maior
Proximidade do pesquisador em relação aos 
fenômenos estudados Menor Maior
Alcance do estudo no tempo Instantâneo Intervalo maior
Quantidade de fontes de dados Uma Várias
Ponto de vista do pesquisador Externo à organização Interno à organização
Quadro teórico e hipóteses Definidas rigorosamente Menos estruturadas
Fonte: Fonseca (2002, p. 34).
A pesquisa quantitativa, que tem suas origens no pensamento positivista lógico, tende a enfatizar 
o raciocínio dedutivo, as regras da lógica e as características mensuráveis da experiência humana. 
Por outro lado, a pesquisa qualitativa tende a salientar os aspectos dinâmicos, holísticos e individuais 
da experiência humana, para apreender a totalidade no contexto daqueles que estão vivenciando o 
fenômeno (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004, p. 201).
O Quadro 3 apresenta uma comparação entre o método quantitativo e o qualitativo.
Quadro 3 – Diferenciação entre pesquisa quantitativa e 
pesquisa qualitativa quanto ao método
Pesquisa quantitativa Pesquisa qualitativa
Focaliza uma quantidade pequena de conceitos. Tenta compreender a totalidade do fenômeno, mais que focalizar conceitos específicos.
Inicia‑se com ideias preconcebidas sobre o modo pelo 
qual os conceitos estão relacionados. 
Possui poucas ideias preconcebidas e salienta a 
importância das interpretações dos eventos, mais do que 
a interpretação do pesquisador.
Utiliza procedimentos estruturados e instrumentos 
formais para coleta de dados. Coleta dados sem instrumentos formais e estruturados.
Coleta os dados mediante condições de controle. Não tenta controlar o contexto da pesquisa, e sim captar o contexto na totalidade.
Enfatiza a objetividade na coleta e na análise dos 
dados.
Enfatiza o subjetivo como meio de compreender e 
interpretar as experiências.
Analisa os dados numéricos por meio de 
procedimentos estatísticos.
Analisa as informações narradas, de uma forma 
organizada, mas intuitiva.
Fonte: elaborado a partir de Polit, Beck e Hungler (2004).
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Vejamos a seguir como se realiza a coleta de dados em cada uma dessas abordagens:
Quadro 4 – Pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa 
e suas diferenças quanto ao método
Pesquisa quantitativa Pesquisa qualitativa
Predomínio de questões fechadas Questões abertas e exploratórias 
Amostra grande Amostra pequena 
Análise estatística, a partir de 
informações rigorosas e científicas Análise subjetiva e interpretativa
Pesquisa descritiva ou casual Pesquisa exploratória 
Resultados quantificáveis condensados 
em tabelas e gráficos 
Resultado da linha de conduta (opiniões, 
atitudes e expectativas) 
Caráter objetivo Caráter subjetivo 
Mensuração Interpretação 
Uma realidade Múltiplas realidades 
Sistema mecanicista Sistema organicista 
Utiliza instrumentos específicos 
(exemplo: questionário) 
Utiliza a comunicação e a observação 
(exemplo: entrevista) 
Raciocínio lógico e dedutivo Raciocínio dialético e indutivo 
Trabalha com generalizações Trabalha com particularidades 
Fonte: Lakatos; Marconi (2010)
Como visto até aqui, tanto a pesquisa quantitativa quanto a qualitativa apresentam diferenças, com 
pontos fracos e fortes. Contudo, os elementos fortes de uma complementam as fraquezas da outra, o 
que é fundamental para o desenvolvimento da ciência.
 Observação
Cria‑se uma relação de respeito e diálogo entre pesquisador e pesquisado, 
em que este pensa a respeito do problema de pesquisa, principalmente ao 
descrever sua experiência, visando à sua contribuição para o estudo.
Exemplo de aplicação
Leia o texto:
O autismo é considerado atualmente como uma síndrome comportamental com etiologias múltiplas 
em consequência de um distúrbio de desenvolvimento, sendo caracterizado por déficit na interação 
social visualizado pela inabilidade em relacionar‑se com o outro, usualmente combinado com déficits 
de linguagem e alterações de comportamento. No DSM‑IV2 é relatado como quadro iniciado antes 
dos três anos de idade, com prevalência de quatro a cinco crianças em cada 10 mil, com predomínio 
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maior em indivíduos do sexo masculino (3:1 ou 4:1) e decorrente de vasta gama de condições pré, peri 
e pós‑natais.
Fonte: Sprovieri; Assumpção Junior (2001, p. 230).
1. Pesquise na biblioteca ou na internet dados estatísticos sobre a questão do autista e sua família.
2. Pesquise dados qualitativos sobre a dinâmica familiar com a criança autista.
3. Junte as duas pesquisas e, com o olhar de um estudioso do Serviço Social, analise os dados sobre 
a dinâmica da família com a criança autista.
 Observação
O pesquisador é um descobridor de significados e relações presentes nas 
estruturas sociais e nas singularidades dos sujeitos. Não é mero captador 
de dados, mas parte fundamental para a compreensão do estudo. Necessita 
familiarizar‑se com o fenômeno em questão e a dinâmica do campo, além 
de estabelecer uma relaçãocom o pesquisado, mantendo uma conduta 
ética, de respeito à diversidade.
5.4 Tipos de pesquisa
5.4.1 Pesquisa exploratória
Tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, com vistas à formulação 
de problemas mais precisos ou hipóteses. Esse tipo de pesquisa é o que apresenta menor rigidez no planejamento.
A maioria dessas pesquisas envolve:
• levantamentos bibliográfico e documental;
• entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado;
• estudo de caso;
• análise de exemplos que estimulem a compreensão.
Amostragem e coleta de dados quantitativos não são muito utilizadas nesse tipo de pesquisa.
Pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar 
visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este 
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tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é 
pouco explorado e torna‑se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e 
operacionalizáveis. Muitas vezes as pesquisas exploratórias constituem a 
primeira etapa de uma investigação mais ampla. Quando o tema escolhido é 
bastante genérico, tornam‑se necessários seu esclarecimento e delimitação, 
o que exige revisão da literatura, discussão com especialistas e outros 
procedimentos. O produto final deste processo passa a ser um problema 
mais esclarecido, passível de investigação mediante procedimentos mais 
sistematizados (GIL, 2008, p. 45).
5.4.2 Pesquisa descritiva
Tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou 
fenômeno, ou ainda o estabelecimento de relações entre variáveis.
A pesquisa descritiva exige do investigador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar. 
São exemplos de pesquisa descritiva:
• estudos de caso;
• análise documental;
• ex‑post‑facto: esse tipo de pesquisa está no campo experimental, abrangendo casos em 
que o fato e/ou fenômeno já ocorreu sem o controle do pesquisador; apenas são descritos 
os fatos ocorridos, com o intuito de transmitir o entendimento e a explicação do evento 
em estudo.
Dentre as pesquisas descritivas salientam‑se aquelas que têm por objetivo 
estudar as características de um grupo, sua distribuição por idade, sexo, 
procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental etc. 
Outras pesquisas deste tipo são as que se propõem estudar o nível de 
entendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de 
habitação [...], o índice de criminalidade que aí se registra etc. São incluídas 
neste grupo as pesquisas que têm por objetivo levantar as opiniões, 
atitudes e crenças de uma população. Também são pesquisas descritivas 
aquelas que visam descobrir a existência de associações entre variáveis, 
como, por exemplo, as pesquisas eleitorais que indicam a relação entre 
preferência político‑partidária e nível de rendimento ou de escolaridade 
(GIL, 2008, p. 45).
As pesquisas descritivas e exploratórias são as mais utilizadas pelos pesquisadores sociais preocupados 
com a prática, além de serem as mais solicitadas por organizações, instituições, empresas públicas e 
privadas, entre outras.
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5.4.3 Pesquisa explicativa
Esse tipo de pesquisa se preocupa em identificar os fatores que determinam a ocorrência dos 
fenômenos ou que contribuem para tal. Esse é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento 
da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Esse tipo de pesquisa é complexo e delicado, 
porque o risco de cometer erros é concreto e considerável.
Pode‑se dizer que o conhecimento científico está assentado nos resultados 
oferecidos pelos estudos explicativos. Isto não significa, porém, que as 
pesquisas exploratórias e descritivas tenham menos valor, porque quase 
sempre constituem etapa prévia indispensável para que se possam obter 
explicações científicas. Uma pesquisa explicativa pode ser a continuação 
de outra descritiva, posto que a identificação dos fatores que determinam 
um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e detalhado 
(GIL, 2008, 46).
Exemplo de aplicação
1. Levante temas de ordem prática para a realização de pesquisas sobre: religiosidade, agressividade, 
preconceito, discriminação, mídia, entre outros.
2. Analise vários relatórios de pesquisa e classifique‑as em exploratórias, descritivas ou explicativas.
6 PROCEDIMENTOS PARA A PESQUISA
De acordo com Fonseca (2002), a pesquisa possibilita uma aproximação e um entendimento 
da realidade a investigar, como um processo permanentemente inacabado. Ela se processa por 
meio de aproximações sucessivas da realidade, fornecendo subsídios para uma intervenção no 
real.
Para se desenvolver uma pesquisa, é indispensável selecionar o método de pesquisa a utilizar.
De acordo com as características da pesquisa, poderão ser escolhidas diferentes modalidades de 
pesquisa, sendo possível aliar o qualitativo ao quantitativo.
6.1 Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, com base em materiais escritos/gravados, 
mecânica ou eletronicamente, abrange toda a bibliografia já tornada pública (toda a parte 
teórica e aberta à população) e relacionada ao tema de estudo, com informações elaboradas e 
publicadas como:
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Quadro 5
Publicações bibliográficas Publicações periódicas Publicações por meio de comunicação oral
Livros Boletins Rádio
Monografias Jornais Gravações em fita magnética e audiovisuais
Teses Revistas Filmes
Anais de apresentação de trabalhos 
em seminários, congressos ou 
oficinas
Panfletos Programas de televisão
Dicionários Relatórios de simpósios/seminários Páginas de websites
Enciclopédias
A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas 
já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos 
científicos, páginas de websites. Qualquer trabalho científico inicia‑se com uma 
pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou 
sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente 
na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o 
objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a 
respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32).
Para o autor Gil (2008, p. 44), “os exemplos mais característicos desse tipo de pesquisa são sobre investigações 
sobre ideologias ou aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema”.
A autora Minayo (2007, p. 32) destaca que a fase exploratória se alicerça em muitos esforços quanto 
à pesquisa bibliográfica, que deve ser:
• disciplinada, crítica e ampla:
— disciplinada: porque devemos ter uma prática sistemática – os 
fichamentos são um bom procedimento;
— crítica: porque devemos estabelecer um diálogo reflexivo entre a 
teoria e o objeto de investigação por nós escolhido;
— ampla: porque deve dar conta do ‘’estado’’ do conhecimento atual 
sobre o problema;
• de articulação criativa, seja na determinação do objeto de pesquisa, 
seja na aplicação de conceitos;
• de humildade, ou seja, reconhecendo que todo conhecimento 
científico tem sempre um caráter:
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PROJETOS DE PESQUISA EM CONTEXTOS ESPECÍFICOS
— aproximado: isto é, se faz semprea partir de outros conhecimentos 
sobre os quais se questiona, se aprofunda ou se critica;
— provisório: porque a realidade não é estática, mas mutante, ou 
seja, todos os dias surgem conceitos teóricos e conhecimentos 
novos;
— inacessível em relação à totalidade do objeto: isto é, as ideias 
ou explicações que fazemos da realidade estudada são sempre mais 
imprecisas do que a própria realidade;
— vinculado à vida real: a rigor, um problema intelectual surge a 
partir de sua existência na vida real, e não “espontaneamente” 
(MINAYO, 2007, p. 32‑3).
No que se refere a facilitar a organização dos dados, o autor Gil (2008) complementa que é preciso 
atentar para:
a) Exploração das fontes bibliográficas: estas fontes são livros, revistas 
científicas, boletins, teses, relatórios de pesquisa etc. O procedimento 
mais adequado para se conhecer o universo de publicações acerca 
de um assunto é a consulta a bibliotecas especializadas, com o 
manuseio de fichários que estas possuem. Também podem ser obtidas 
importantes informações sobre fontes bibliográficas mediante a 
consulta a especialistas na área. Por fim, os bons livros, artigos 
científicos e teses também podem oferecer ajuda neste sentido, visto 
que geralmente indicam as obras consultadas para sua elaboração.
b) Leitura do material: após a localização das fontes bibliográficas, 
passa‑se à sua leitura, que não deverá ser exaustiva; antes, deverá 
ter um caráter seletivo que possibilite reter o essencial para o 
desenvolvimento da pesquisa.
c) Elaboração das fichas: os aspectos mais importantes das fontes 
bibliográficas que puderem interessar na pesquisa devem ser 
reproduzidos em fichas. Estas poderão conter o resumo de parágrafos, 
capítulos ou de toda a obra.
d) Ordenação e análise das fichas: as fichas devem ser ordenadas 
segundo o seu conteúdo. A seguir, procede‑se à análise dos dados 
contidos, cuidando‑se da avaliação da sua confiabilidade.
e) Conclusões: a partir da análise dos dados, chega‑se às conclusões. 
Para que estas sejam significativas, o pesquisador deverá estar atento 
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aos objetivos definidos no início da investigação. Deverá, ainda, cuidar 
para que as conclusões derivem naturalmente dos dados, sem que 
sejam influenciadas por suas posições pessoais diante do problema 
(destaque nosso) (GIL, 2008, p. 72).
Exemplo de aplicação
1. Pesquise três autores do Serviço Social que conceituem Questão Social;
2. De posse dessas definições, dialogue com os autores, levantando as características e as divergências 
na teorização da Questão Social.
6.2 Pesquisa documental
A pesquisa documental utiliza como fontes de coleta de dados apenas documentos, escritos ou não, 
constituindo o que se denomina de fontes primárias.
A pesquisa documental trilha os mesmos caminhos da pesquisa bibliográfica, 
não sendo fácil, por vezes, distingui‑las. A pesquisa bibliográfica utiliza fontes 
constituídas por material já elaborado, constituído basicamente por livros e 
artigos científicos localizados em bibliotecas. A pesquisa documental recorre 
a fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento analítico, tais como: 
tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais, cartas, 
filmes, fotografias, pinturas, tapeçarias, relatórios de empresas, vídeos de 
programas de televisão etc. (FONSECA, 2002, p. 32).
São fontes de coleta de dados:
• tabelas estatísticas;
• relatórios;
• documentos informativos;
• fotografias;
• correspondências;
• prontuários;
• relatos escritos;
• testemunhos escritos;
• depoimentos escritos;
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PROJETOS DE PESQUISA EM CONTEXTOS ESPECÍFICOS
São todos os documentos não publicados – abertos – de fonte escrita. Esses documentos de estudo 
necessitam de organização, análise e, posteriormente, publicação.
Exemplo de aplicação
1. Procure em jornais e revistas diferentes, assuntos relacionados a violência urbana. Separe as 
características parecidas e compare os relatos.
6.3 Pesquisa de laboratório
A pesquisa de laboratório é um procedimento de investigação que analisa e descreve o que será ou 
ocorrerá em situações controladas – é exata.
Acontece por meio da interferência artificial na produção do fato ou fenômeno, já que os mecanismos 
naturais de observação são insuficientes para a acuidade.
 Observação
Esse tipo de pesquisa é pouco usado pela área de Serviço Social.
6.4 Pesquisa de levantamento
Fonseca (2002) aponta o uso desse tipo de pesquisa em estudos exploratórios e descritivos. Pode ser 
de dois tipos:
• levantamento de uma amostra;
• levantamento de uma população (também designado censo).
Fonseca (2002) ainda esclarece:
O censo populacional constitui a única fonte de informação sobre 
a situação de vida da população nos municípios e localidades. Os 
censos produzem informações imprescindíveis para a definição de 
políticas públicas estaduais e municipais e para a tomada de decisões 
de investimentos, sejam eles provenientes da iniciativa privada ou de 
qualquer nível de governo. Foram recenseados todos os moradores em 
domicílios particulares (permanentes e improvisados) e coletivos, na data 
de referência. Através de pesquisas mensais do comércio, da indústria e 
da agricultura, é possível recolher informações sobre o seu desempenho. 
A coleta de dados realiza‑se em ambos os casos através de questionários 
ou entrevistas (FONSECA, 2002, p. 33).
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Entre as vantagens dos levantamentos, temos o conhecimento direto da realidade, a economia, 
a rapidez e a obtenção de dados agrupados em tabelas que conferem riqueza à análise estatística. O 
levantamento ocorre da seguinte forma:
• coleta dos dados diretamente no grupo;
• seleção da amostra;
• aplicação de questionários;
• aplicação de entrevistas;
• gráficos/tabulação;
• análise de dados estatísticos.
Esse tipo de pesquisa é muito usado com a abordagem quantitativa, pois possibilita a mensuração 
do objeto de estudo. O autor Gil (2008, p. 52) complementa: “Os estudos descritivos são os que mais se 
adéquam aos levantamentos. Exemplos são os estudos de opiniões e atitudes”.
O autor destaca as vantagens de utilizar‑se desse tipo de pesquisa:
a) Conhecimento direto da realidade. À medida que as próprias 
pessoas informam acerca de seu comportamento, crenças e opiniões, 
a investigação torna‑se mais livre de interpretações calcadas no 
subjetivismo dos pesquisadores.
b) Economia e rapidez. Desde que se tenha uma equipe de 
entrevistadores, codificadores e tabuladores devidamente treinados, 
torna‑se possível a obtenção de grande quantidade de dados em 
curto espaço de tempo. Por outro lado, quando os dados são obtidos 
mediante questionários, os custos tornam‑se relativamente baixos.
c) Quantificação. Os dados obtidos mediante levantamentos podem ser 
agrupados em tabelas, possibilitando a sua análise estatística. As variáveis 
em estudo podem ser codificadas, permitindo o uso de correlações e 
outros procedimentos estatísticos. À medida que os levantamentos se 
valem de amostras probabilísticas, torna‑se possível até mesmo conhecer 
a margem de erro dos resultados obtidos (GIL, 2008, p. 77).
Cita também as desvantagens:
a) Ênfase nos aspectos perceptivos. Os levantamentos recolhem dados 
referentes à percepção que as pessoas têm acerca de si mesmas. Ora, 
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PROJETOSDE PESQUISA EM CONTEXTOS ESPECÍFICOS
a percepção é subjetiva, o que pode resultar em dados distorcidos. 
Há muita diferença entre o que as pessoas fazem ou sentem e o 
que elas dizem a esse respeito. É possível, em primeiro lugar, omitir 
as perguntas que sabidamente a maioria das pessoas não sabe ou 
não quer responder. Também se pode, mediante perguntas indiretas, 
controlar as respostas dadas pelo informante. Todavia, estes recursos, 
em muitos dos casos, são insuficientes para sanar os problemas 
considerados.
b) Pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos 
sociais. Mediante levantamentos é possível a obtenção de grande 
quantidade de dados a respeito dos indivíduos. Como, porém, 
os fenômenos sociais são determinados, sobretudo por fatores 
interpessoais e institucionais, os levantamentos mostram‑se pouco 
adequados para a investigação profunda desses fenômenos.
c) Limitada apreensão do processo de mudança. O levantamento, de 
modo geral, proporciona uma visão estática do fenômeno estudado. 
Oferece, por assim dizer, uma espécie de fotografia de determinado 
problema, mas não indica suas tendências à variação e muito menos 
as possíveis mudanças estruturais. Como tentativa de superação 
dessas limitações, vêm sendo desenvolvidos com frequência crescente 
os levantamentos do tipo painel, que consistem na coleta de dados da 
mesma amostra ao longo do tempo. Muitas informações importantes 
têm sido obtidas mediante esses procedimentos, particularmente 
em estudo sobre o nível de renda e desemprego. Entretanto, os 
levantamentos do tipo painel apresentam séria limitação, que é 
a progressiva redução da amostra por causas diversas, tais como 
mudança de residência e fadiga dos respondentes (GIL, 2008, p. 77‑8).
Ponderando as vantagens e desvantagens expostas, podemos dizer que os levantamentos são muito 
mais adequados aos estudos descritivos do que às pesquisas explicativas (GIL, 2008).
6.5 Pesquisa de campo
Pesquisa de campo é aquela em que ocorre relação com o sujeito (entrevistado), com o objetivo 
de colher informações e/ou conhecimentos acerca do problema estudado. Entende‑se campo como o 
espaço em que acontecem os fatos ou fenômenos (lugar natural). Com base em Minayo (2007),
Concebemos campo de pesquisa como o recorte que o pesquisador faz em 
termos de espaço, representando uma realidade empírica a ser estudada a 
partir das concepções teóricas que fundamentam o objeto da investigação. 
A título de exemplo, podemos citar, entre outros, o seguinte recorte: o estudo 
da percepção das condições de vida dos moradores de um determinado 
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bairro ou de uma favela. Para esse estudo, a favela ou bairro escolhido 
corresponde a um campo empiricamente determinado.
Além do recorte especial, em se tratando de pesquisa social, o lugar 
primordial é o ocupado pelas pessoas e grupos convivendo numa dinâmica 
de interação social.
Essas pessoas e esses grupos são sujeitos de uma determinada história a ser 
investigada, sendo necessária uma construção teórica para transformá‑los 
em objetos de estudo. Partindo da construção teórica do objeto de estudo, 
o campo torna‑se um palco de manifestações de intersubjetividade e 
interações entre pesquisador e grupos estudados, propiciando a criação de 
novos conhecimentos (MINAYO, 2007, p. 53).
6.6 Estudo de caso
O estudo de caso é uma pesquisa exploratória utilizada para a análise de situações concretas, nas suas 
particularidades. Seu uso é indicado para investigar a trajetória de vida de um indivíduo, como também 
a natureza de uma instituição ou organização, nos seus aspectos sociais, culturais, educacionais, dentre 
outros.
O estudo de caso requer uma seleção de objeto de estudo restrito, exigindo do pesquisador equilíbrio 
intelectual e capacidade de observação, por serem fatos ou fenômenos isolados.
O estudo de caso é uma caracterização abrangente para designar uma 
diversidade de pesquisas que coletam e registram dados de um caso 
particular ou de vários casos, a fim de organizar um relatório ordenado 
e crítico de uma experiência, ou avaliá‑la analiticamente, objetivando 
tomar decisões a seu respeito ou propor uma ação transformadora. O 
caso é tomado como unidade significativa do todo e, por isso, suficiente 
tanto para fundamentar um julgamento fidedigno quanto [para] propor 
uma intervenção. É considerado também como um marco de referência de 
complexas condições socioculturais que envolvem uma situação e tanto 
retrata uma realidade quanto revela a multiplicidade de aspectos globais 
presente em uma dada situação (CHIZZOTTI, 2010, p. 102).
Para Alves‑Mazzotti (2006, p. 640), os exemplos mais comuns para esse tipo de estudo são os que 
focalizam apenas uma unidade: um indivíduo (como os casos clínicos descritos por Freud), um pequeno 
grupo (como o estudo de Paul Willis sobre um grupo de rapazes da classe trabalhadora inglesa), uma 
instituição (como uma escola, um hospital), um programa (como o Bolsa Família) ou um evento (a 
eleição do diretor de uma escola).
Ainda segundo a autora, podemos ter também estudos de casos múltiplos, nos quais vários 
estudos são conduzidos simultaneamente: vários indivíduos (por exemplo, professores alfabetizadores 
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bem‑sucedidos), várias instituições (por exemplo, diferentes escolas que estão desenvolvendo um 
mesmo projeto).
6.7 Pesquisa‑ação
A pesquisa‑ação investiga a solução de um problema ou de uma necessidade coletiva, envolvendo 
os pesquisadores e os participantes da pesquisa, de forma cooperativa, bem como desenvolvendo a ação 
por parte das pessoas ou grupos envolvidos no problema estudado. Cria uma forma de ação planejada, 
de caráter social, educacional e técnico.
Define Thiollent (1986, p. 14):
A pesquisa‑ação é um tipo de investigação social com base empírica 
que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou 
com a resolução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e os 
participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos 
de modo cooperativo ou participativo.
Para Fonseca (2002, p. 35):
A pesquisa‑ação pressupõe uma participação planejada do pesquisador 
na situação problemática a ser investigada. O processo de pesquisa 
recorre a uma metodologia sistemática, no sentido de transformar as 
realidades observadas, a partir da sua compreensão, conhecimento e 
compromisso para a ação dos elementos envolvidos na pesquisa (p. 34). 
O objeto da pesquisa‑ação é uma situação social situada em conjunto, 
e não um conjunto de variáveis isoladas que se poderiam analisar 
independentemente do resto. Os dados recolhidos no decurso do trabalho 
não têm valor significativo em si, interessando enquanto elementos de 
um processo de mudança social. O investigador abandona o papel de 
observador em proveito de uma atitude participativa e de uma relação 
sujeito a sujeito com os outros parceiros. O pesquisador, quando participa 
na ação, traz consigo uma série de conhecimentos que serão o substrato 
para a realização da sua análise reflexiva sobre a realidade e os elementos 
que a integram. A reflexão sobre a prática implica modificações no 
conhecimento do pesquisador.
O autor Chizzotti (2010, p. 100) complementa:
A pesquisa‑ação se propõe a uma ação deliberada visando a uma mudança 
no mundo real, comprometida com um campo restrito, englobando um 
projeto mais geral e submetendo‑se a uma disciplina para alcançar os 
efeitos do conhecimento.
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Para Gil (2008, p. 55), “a pesquisa‑ação tem sido alvo de controvérsia devido ao envolvimento ativo 
do pesquisador e à ação por parte das pessoas ou grupos envolvidos no problema”. Apesar das críticas, 
essa modalidade de pesquisa tem sido muito usada pelo Serviço Social.
 Saiba mais
Leia os relatos de pesquisa a seguir, com o método de pesquisa‑ação:
GUSTIN, M. B. S. et al. Organização popular em vilas e favelas para 
o desenvolvimento de uma cultura participativa e democrática. In: 
CONGRESSO BRASILEIRO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, 2., 2004, Belo 
Horizonte. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2004. Disponível em: <https://
www.ufmg.br/congrext/Direitos/Direitos39.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2013.
6.8 História de vida
Segundo Spindola e Santos (2003, p. 121), no método de história ou relato de vida, pesquisador 
deve:
ouvir o que o sujeito tem a dizer sobre ele mesmo: “o que ele acredita que 
seja importante sobre sua vida” (GLAT, 1989). Por meio do relato das Histórias 
de Vida individuais, podemos caracterizar a prática social de um grupo. 
Assim, “toda entrevista individual traz à luz direta ou indiretamente uma 
quantidade de valores, definições e atitudes do grupo ao qual o indivíduo 
pertence” (GLAT, 1989). O método de história de vida, portanto, procura 
apreender os elementos gerais contidos nas entrevistas das pessoas.
Já de acordo com Chizzotti (2010, p. 96):
O uso da história de vida como meio de pesquisa tem uma evolução 
crescente. Introduzida pela escola de Chicago, em 1920, e desenvolvida por 
Znaniescki, na Polônia, foi preterida pelas técnicas quantitativas e proscrita 
dos meios de pesquisa. A partir dos anos [19]60, as histórias de vida procuram 
superar o subjetivismo impressionista e formular o estatuto epistemológico, 
estabelecer as estratégias de análise do vivido e constituir‑se em método 
de coleta de dados do homem concreto. No contexto da pesquisa, tendem 
a romper com a ideologia de a biografia modelar de outras vidas para 
trabalhar os trajetos pessoais no contexto das relações pessoais e definir‑se 
como relatos práticos das relações sociais.
História de vida é um relato retrospectivo oral ou escrito da experiência pessoal de um indivíduo, 
relativo a fatos e acontecimentos que foram significativos e constitutivos de sua experiência vivida. 
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Pode ter muitos significados, dependendo dos objetivos ou dos pressupostos teóricos do pesquisador. 
Narra a vida de um indivíduo ou de um grupo, apoiando‑se em variadas fontes de informação – além 
de basear‑se no relato do sujeito –, como documentos, entrevistas ou quaisquer outras fontes que 
contenham informações sobre os fatos, o contexto e a própria pessoa. Os relatos ou “estórias’’ de vida 
designam a história de uma vida contada a outrem, tal como foi experienciada pela pessoa que a viveu, 
tomando o seu ponto de vista como frequência fundamental, tendo como objetivo obter informações 
sobre eventos passados, vividos ou testemunhados pela pessoa e ainda não registrados (CHIZZOTTI, 
2008, p. 100).
O método de história trabalha com instrumentos de coleta de dados específicos. Vejamos a seguir.
6.8.1 Biografia
Há muitas formas literárias de apresentar a história de uma vida. Cada pessoa idealiza uma forma de 
descrever sua experiência vivida, visando perpetuar sua vida ou a de personagens históricos. Biografia 
é a narrativa da vida de uma pessoa feita por outrem que, com base em documentos, hipóteses e 
orientações teóricas, reconstrói a vida do biografado (biografia clássica) (CHIZZOTTI, 2008, p. 103).
 Saiba mais
Para conhecer um exemplo de biografia, leia:
TAHAN, V. B. Cora coragem, Cora poesia. São Paulo: Global, 1989.
6.8.2 Autobiografia
A autobiografia é uma história de vida escrita pela própria pessoa sobre si mesma, ou registrada 
por outrem, concomitante com a vida descrita, na qual o narrador esforça‑se para exprimir o 
conteúdo de sua experiência pessoal. O autor seleciona e analisa fatos, experiências, pessoas e 
estágios relevantes da sua vida, interpretando sua história pessoal, o contexto e as contingências 
do curso da própria vida, criando um texto no qual tem voz privilegiada, imprime uma tônica 
subjetiva aos fatos e às pessoas, transita entre real e ficcional, inscreve‑se, de modo claro ou latente, 
em uma realidade social e constrói‑se como uma individualidade histórica. A autobiografia tem 
infindas variações e modalidades de estilo e forma, dependendo da originalidade e da criatividade 
do autobiógrafo na apresentação de sua história pessoal (CHIZZOTTI, 2008, p. 102‑3). Para coleta 
de dados, conte:
• um pouco da história de sua família;
• suas lembranças da infância, as brincadeiras preferidas;
• os primeiros dias na escola;
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• as pessoas e os fatos que mais marcaram o seu percurso escolar;
• quais foram/são os adultos mais admirados, como eles eram/são;
• quais os aspectos mais marcantes do início de sua adolescência;
• como você se ocupa quando está sozinho(a);
• o que você gosta de fazer no seu tempo livre;
• como você se descreveria hoje;
• quais são seus principais interesses, características e habilidades;
• quais são seus “pontos fortes” e seus “pontos fracos”;
• como você vê o mundo.
 Saiba mais
Para conhecer um exemplo de autobiografia, leia o livro:
BEAUVOIR, S. Memórias de uma moça bem‑comportada. Rio de Janeiro: 
Nova Fronteira, 1991.
Exemplo de aplicação
1. Escolha duas pessoas do seu círculo familiar e entreviste‑as sobre a infância e a juventude delas, 
utilizando o método de história de vida. Junte fotos, cartas e documentos das pessoas entrevistadas 
e da época estudada. Em seguida, analise a história relatada e o material – documental. Por fim, 
junte os dois meios de coleta de dados e faça uma interpretação desses dados.
2. Escreva sua autobiografia, destacando os fatos que marcaram a sua entrada na juventude.
6.8.3 Depoimento
O depoimento é uma técnica utilizada pela história oral para a obtenção de declarações de um 
sujeito sobre algum acontecimento do qual ele tenha tomado parte, ou que ele tenha testemunhado. 
No entanto, quando se faz o registro e a posterior análise do depoimento, devem‑se levar em conta as 
disposições que o entrevistado quis manifestar por intermédio de suas declarações, pois o que emerge 
dos depoimentos não pode ser entendido nem como uma reprodução da realidade, nem como uma 
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PROJETOS DE PESQUISA EM CONTEXTOS ESPECÍFICOS
contrafação dela. Ao contrário, trata‑se de uma construção que cada indivíduo elabora a partir de uma 
realidade cognoscível. Nesse sentido, os depoimentos permitem acesso a uma realidade demarcada 
pelas vivências de cada entrevistado. Tal situação manifesta‑se na seletividade das experiências e dos 
espaços envolvidos nas lembranças narradas, que só podem ser interpretadas se relacionadas à vida do 
indivíduo entrevistado.
Dentre os gêneros autobiográficos recentes, um tipo de narrativa testemunhal 
– o testemunho – assume uma importância: a autoridade relevante no 
esclarecimento de eventos candentes, em que, em um texto narrativo, o 
protagonista ou testemunha de um fato conta na primeira pessoa uma 
experiência significante de vida, tendo em vista denunciar uma situação 
sociopolítica adversa, com a finalidade de mudá‑la ou chamar a atenção para 
uma reivindicação, ou eventos‑limite, sejam eles sublimes, trágicos ou objetos.
A testemunha é o autor, comprometido com a luta contraa opressão 
que denuncia e sem sua fala permaneceria oculta ou ignorada, mas nem 
sempre e o redator único do texto, uma vez que, frequentemente, é relatado 
por pessoas que não podem ou não sabem dar forma redacional ao seu 
testemunho. O testemunho tem um imperativo de denunciar as condições 
opressivas e os opressores, principalmente as torturas, atrocidades, chacinas 
e prisões exercidas contra a vítima ou contra o grupo social de que faz parte 
a testemunha (CHIZZOTTI, 2008, p. 105).
Exemplo de aplicação
1. Pesquise, no seu círculo de amigos, três pessoas que passaram por tentativa de roubo.
2. Colha o depoimento delas sobre a situação e as emoções vivenciadas.
3. Correlacione os dados, levantando as categorias, e analise‑os.
6.9 Coleta de dados
Os dados não são fatores isolados, acontecimentos fixos, captados em um instante de observação. 
Eles se dão em um contexto fluente de relações: são ‘’fenômenos’’ que não se restringem às percepções 
sensíveis e aparentes, mas se manifestam em uma complexidade de oposições, de revelações e de 
ocultamentos. É preciso ultrapassar sua aparência imediata para descobrir sua essência.
Na pesquisa qualitativa, todos os fenômenos são igualmente importantes e preciosos: a constância 
das manifestações e sua ocasionalidade, a frequência e a interrupção, a fala e o silêncio.
É necessário encontrar o significado manifesto e o que permaneceu oculto. Todos os sujeitos são 
igualmente dignos de estudo, todos são iguais, mas permanecem únicos, e todos os pontos de vista 
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são relevantes: o do culto e o do iletrado; o do delinquente e o de seu juiz; o dos que falam e o dos 
que calam; o dos “normais” e o dos “anormais”. Procura‑se compreender a experiência que eles têm, as 
representações que formam e os conceitos que elaboram. Esses conceitos manifestos e as experiências 
relatadas ocupam o centro de referência das análises e interpretações, na pesquisa qualitativa.
O Serviço Social tem como objeto de trabalho as expressões da Questão Social, campo composto 
por fenômenos imensuráveis em sua maioria, portanto utilizamos a pesquisa qualitativa para responder 
à realidade e compreendê‑la. Não desprezamos a pesquisa quantitativa; pelo contrário, os números 
mostram a realidade estática, que é importante para analisar os fenômenos.
A coleta de dados comporta algumas normas que dependem do tipo de pesquisa que se empreende e 
ajustam‑se a este. A definição da técnica varia conforme a pesquisa. Contudo, a escolha do método investigativo 
e a elaboração do instrumento mais adequado não são arbitrárias: estão conexas com as hipóteses que queremos 
comprovar, com os pressupostos que são assumidos e com a análise que faremos do material coligido. Decorrem, 
pois, de decisões que são tomadas no início da pesquisa, com a formulação do problema a ser investigado.
Na pesquisa, em geral, coletamos dados oriundos da observação ou dados que são obtidos suscitando 
respostas e declarações de pessoas capazes de fornecer instrumentos úteis aos objetivos do estudo. As 
técnicas têm instrumentos elaborados para garantir o registro das informações (rol de comportamentos, 
relação de perguntas, questões escritas etc.), bem como o controle e a análise dos dados coligidos.
As pesquisas têm sido caracterizadas, pelo tipo de dados coletados e pela análise que deles será feita, 
da seguinte forma:
• quantitativas: preveem a mensuração de variáveis estabelecidas, procurando verificar e explicar 
sua influência sobre outras, mediante a análise da frequência de incidências e de correlações 
estatísticas. O pesquisador descreve, explica e prediz.
• qualitativas: fundamentam‑se em dados coligidos nas interações interpessoais e na coparticipação 
das situações dos informantes; a análise desses dados é feita a partir da significação que os 
pesquisados dão aos seus atos. O pesquisador participa, compreende e interpreta.
Essas caracterizações por aspectos externos à pesquisa encerram oposições mais complexas, 
representadas por concepções da realidade; pelo modo de acender, legitimar e formalizar o conhecimento; 
e pelas técnicas mais eficazes de declarar verdadeiro um saber.
A coleta de dados compreende o conjunto de operações por meio das quais confrontamos o modelo 
de análise com os dados obtidos. Ao longo dessa etapa, várias informações são, portanto, coletadas, para 
posteriormente serem analisadas.
Para arquitetar essa etapa de coleta de dados, devemos responder a três questões:
• O que coletar? São os dados que queremos levantar, estudar e pesquisar. Correspondem à busca 
da resposta do objeto de pesquisa proposto.
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PROJETOS DE PESQUISA EM CONTEXTOS ESPECÍFICOS
• Com quem coletar? Trata‑se de recortar o campo de pesquisa, definindo:
— um espaço geográfico e social, real e palpável;
— uma amostra a ser estudada, sendo total ou parcial, ou somente uma amostra representativa 
(quantitativamente) ou ilustrativa (qualitativamente);
— o público‑alvo da pesquisa, a população a ser estudada;
— o espaço de tempo a ser utilizado; é necessário “determinar o tempo necessário e mais adequado 
à coleta de dados, a duração prevista, o pessoal necessário para efetuar este trabalho e a tarefa 
específica de cada pessoa, se houver mais de uma” (CHIZZOTTI, 2010, p. 53);
— determinar o local a ser usado para coleta.
• Como coletar? Essa terceira questão refere‑se aos instrumentos de coleta de dados, que comporta 
três operações:
— conceber um instrumento capaz de fornecer informações adequadas e necessárias para testar 
as hipóteses; por exemplo, um questionário ou um roteiro de entrevistas ou de observações;
— testar o instrumento antes de utilizá‑lo sistematicamente para se assegurar de seu grau de 
adequação e de precisão. Segundo Chizzotti (2010, p. 54):
A definição da técnica e dos instrumentos mais adequados à realização de uma 
pesquisa pode ser auxiliada pela pré‑enquete ou projeto‑piloto, que consiste 
em ir a campo e verificar in loco a pertinência dos dados procurados em 
relação às hipóteses, a adequação do instrumento aos objetivos da pesquisa e 
à objetividade das perguntas e dos procedimentos previstos. O projeto‑piloto 
visa testar a qualidade do projeto e a clareza das questões formuladas. 
Permite, ainda: discriminar o número de variáveis, clarificar os objetivos da 
pesquisa, prever as autorizações necessárias, o tempo e o pessoal disponíveis, 
além de programar o cronograma e o custo de pesquisa. Deve‑se rever a 
pré‑pesquisa ou pesquisa‑piloto para uma apreciação in loco dos problemas e 
das circunstâncias que podem interferir na pesquisa, os contatos prévios com 
pessoas e ambiente, a testagem dos instrumentos etc.
— a aplicação do instrumento requer um trabalho planejado para prever os procedimentos que 
serão adotados, bem como as circunstâncias em que deverão ocorrer, a fim de controlar as 
incidências das variáveis.
A coleta de dados é uma etapa da pesquisa que exige um grande volume de tempo e trabalho para 
reunirmos as informações indispensáveis a comprovação da hipótese. Pressupõe a organização criteriosa 
da técnica e a confecção de instrumentos adequados de registro e leitura dos dados colhidos em campo.
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A principal forma de coleta de dados é a leitura (livros, revistas, jornais, sites, CDs etc.), que certamente 
é utilizada para todos os tipos de pesquisa. Essa técnica também é chamada de pesquisa bibliográfica.
Existem, basicamente, dois tipos de dados:
• primários: dados que ainda não sofreram

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