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Aula 06 Direito Empresarial Completo

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DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 1 
Aula 5 – Direito Empresarial 
Prof. Antonio Nóbrega 
 
 
 
Prezado candidato, prosseguindo em nosso caminho pelos institutos do 
Direito Empresarial, estudaremos a falência e a recuperação de empresas. 
O candidato não deve dispensar a leitura da própria legislação. Na aula de 
hoje, teremos uma facilidade, tendo em vista que toda a matéria concentra-se na 
L. 11.101/2005. 
 
 
 
ROTEIRO DA AULA – TÓPICOS 
1. Introdução ao Direito Falimentar e Recuperacional 
 1.1. Princípios do Direito Falimentar e Recuperacional 
2. Disposições comuns à recuperação judicial e à falência 
 2.1. Da verificação e da habilitação dos créditos 
 2.2. Do administrador judicial e do comitê de credores 
 2.3. Da assembleia geral de credores 
3. Falência 
 3.1. Teoria do Direito Falimentar 
 3.2. Natureza jurídica do Direito Falimentar 
 3.3. Disposições gerais do processo falimentar 
 3.4. Insolvência 
 3.5. Do processo e dos procedimentos para a decretação da falência 
 3.6. Dos efeitos da decretação da falência 
 3.7. Apuração do ativo e liquidação 
 3.8. Do encerramento da falência e da extinção das obrigações do falido 
4. Recuperação judicial 
 4.1. Do pedido e do plano de recuperação judicial 
 4.2. Da análise e da concessão do plano de recuperação judicial 
 4.3. Do cumprimento e do encerramento da recuperação judicial 
 4.4. Da convolação da recuperação judicial em falência 
 4.5. Da recuperação judicial especial 
5. Recuperação extrajudicial 
6. Exercícios. 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 2 
 
 
1. Introdução ao Direito Falimentar e Recuperacional 
 
 Prezado candidato, a falência é a execução concursal do devedor 
empresário insolvente, ou seja, nada mais é do que uma organização legal e 
processual de defesa coletiva dos credores em face da impossibilidade de poder 
o devedor comum saldar seus compromissos. 
É um procedimento disciplinado pela Lei nº 11.101/05 (doravante, LRE — 
Lei de Recuperação de Empresas) e que garante a execução coletiva dos bens 
do devedor empresário. Com efeito, deflagra-se um processo no qual 
concorrem todos os credores para arrecadar o patrimônio disponível, verificar 
os créditos e saldar o passivo em rateio, observadas as preferências legais. 
 Por meio do processo de falência é possível garantir que todos os credores 
do devedor falido terão as mesmas chances para satisfazer seus respectivos 
créditos. 
 Para simplificar, imagine que a empresa A não possua condição de pagar 
todos seus credores e tenha a sua falência decretada. Será neste processo 
falimentar que todos seus credores (eventuais empregados, o Estado, 
fornecedores, etc.) terão seus créditos satisfeitos, de acordo com determinadas 
regras positivadas pela Lei nº 11.101/05. 
 A falência é, ao mesmo tempo, um estado no qual poderá encontrar-
se o empresário insolvente, e um processo judicial de execução do 
patrimônio do devedor empresário. Já os pessoas naturais não empresárias 
e as sociedades simples não sofrem execução falimentar e sim um processo 
denominado insolvência civil, disciplinado pelo Código de Processo Civil. 
 Para que se instaure o processo de falência, é necessária a existência de 
três pressupostos: 
 
Devedor sociedade empresária 
Insolvência 
Sentença declaratória de falência 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 3 
 Iremos discutir mais sobre eles adiante. 
 É importante sabermos que a LRE (a lei, e não o instituto jurídico da 
falência), não se aplica às seguintes pessoas jurídicas, conforme art. 2º: 
 
1. Empresa pública. 
2. Sociedade de economia mista. 
3. Instituição financeira pública ou privada. 
4. Cooperativa de crédito. 
5. Consórcio. 
6. Entidade de previdência complementar. 
7. Sociedade operadora de plano de assistência à saúde. 
8. Sociedade seguradora. 
9. Sociedade de capitalização. 
10. Outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. 
 
Quanto à recuperação judicial, esta é um instrumento que o empresário 
com dificuldades em solver suas dívidas pode utilizar para pagá-las e não ver 
sua falência decretada. Ela guarda íntima relação com o Direito Falimentar, pois: 
i) a recuperação judicial pode ser requerida como resposta a um pedido de 
falência; ii) uma recuperação judicial pode transformar-se em falência — 
chama-se convolar — caso o recuperando não consiga cumprir as obrigações 
pactuadas em seu plano recuperacional. 
Ademais, os dois institutos possuem uma principiologia semelhante, como 
veremos a seguir. 
 
1.1. Princípios do Direito Falimentar e Recuperacional 
 
O mais fundamental princípio destas disciplinas jurídicas é o chamado 
pars condicio creditorum (as vezes, erroneamente escrito conditio). 
Literalmente, significa condição paritária dos credores. Feita esta tradução, o 
prezado candidato já deve imaginar o que significa: os credores devem ser 
tratados isonomicamente, isto é, de forma igual. 
Esta é, inclusive, a razão da falência, ou seja, da execução concursal. Se 
não fosse assim, o credor mais célere em cobrar sua dívida teria vantagem 
sobre os demais. Deste modo, a cobrança seria uma corrida injusta. 
DIREITO EMPRESARIAL 
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Por isso, este princípio deve ser observado em todos os momentos, não só 
da falência, mas também da recuperação de empresas, pois nesta, nenhum 
credor poderá ser lesado pelo plano recuperacional. 
Porém, esta isonomia é relativa: credores em categoria iguais devem ser 
tratados igualmente; credores em categorias diferentes devem ser tratados de 
forma diferente. Desta forma, iremos apresentar a chamada classificação dos 
créditos neste momento, juntamente com o princípio pars condicio creditorum, 
visto a íntima relação que este possui com aquela. 
A principal classificação dá-se com relação à ordem de pagamento: quais 
credores serão pagos primeiro. A isto, chama-se classificação dos créditos, que 
está disposta no art. 83 da LRE: 
 
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: 
I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e 
cinqüenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de 
trabalho; 
II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; 
III – créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de 
constituição, excetuadas as multas tributárias; 
IV – créditos com privilégio especial, a saber: 
a) os previstos no art. 964 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002; 
b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária 
desta Lei; 
c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada 
em garantia; 
V – créditos com privilégio geral, a saber: 
a) os previstos no art. 965 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002; 
b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei; 
c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária 
desta Lei; 
VI – créditos quirografários, a saber: 
a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo; 
b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens 
vinculados ao seu pagamento; 
c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o 
limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo; 
VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis 
penais ou administrativas, inclusiveas multas tributárias; 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
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VIII – créditos subordinados, a saber: 
a) os assim previstos em lei ou em contrato; 
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício. 
Fora estes, há ainda os créditos extraconcursais, que, como o próprio 
nome diz, não entram no concurso de credores e são pagos prioritariamente. 
Tendo conhecimento disto, podemos descrever cada categoria de forma 
minuciosa. 
 
 A - Créditos Extraconcursais: 
 
Os créditos extraconcursais estão elencados no art. 84 da Lei nº 
11.101/05. São as dívidas da massa falida. 
 
Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com 
precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os 
relativos a: 
I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos 
derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho 
relativos a serviços prestados após a decretação da falência; 
II – quantias fornecidas à massa pelos credores; 
III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição 
do seu produto, bem como custas do processo de falência; 
IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha 
sido vencida; 
V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a 
recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da 
falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da 
falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. 
 
 Repare, candidato, que os tributos relativos a fatos geradores ocorridos 
após a decretação de falência também são extraconcursais. 
 
B – Créditos por acidentes de trabalho e créditos trabalhistas (art. 83,I): 
 
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 Frise-se que no próprio inciso I do art. 83 há o limite de 150 salários 
mínimos para os créditos derivados da legislação de trabalho. 
 É oportuno registrar que o art. 151 da Lei nº 11.101/05 prevê que “os 
créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) 
meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-
mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa”. 
Todo crédito trabalhista que exceder a 150 salários-mínimos será considerado 
crédito quirografário. 
 
C – Créditos com garantia real, até o limite do bem gravado: 
 
 A garantia real é aquela que recai sobre determinada coisa para o 
pagamento de uma dívida. Assim, se uma dívida de R$ 100.000,00 (cem mil 
reais) está garantida por um bem que vale, na realidade, somente R$ 70.000,00 
(setenta mil reais), somente este último valor se enquadra na hipótese do inciso 
II do art. 83 da Lei de Falências. 
 
D – Créditos tributários, exceto as multas tributárias: 
 
 Incluem-se nesta categoria os chamados créditos parafiscais, que são 
aquelas contribuições para entidades privadas que desempenham serviço de 
interesse social, como o SESI e SENAC. 
 
E – Créditos com privilégio especial: 
 
 De acordo com o inciso IV do art. 83 da Lei nº 11.101/05, podemos citar o 
exemplo do autor da obra, pelos direitos do contrato de edição, nos termos do 
inciso VII, do art. 964 do Código Civil. 
 
F – Créditos com privilégio geral: 
 
 Os créditos com privilégio geral são aqueles previstos no inciso V do art. 
83 da Lei nº 11.101/05. 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
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G – Créditos quirografários: 
 
 Pode-se afirmar que os credores quirografários constituem a grande parte 
das obrigações das sociedades falidas. São aqueles que não têm nenhum 
privilégio especial, tais como os portadores de títulos de crédito (um cheque, por 
exemplo) ou aqueles que tem direito a um crédito em virtude de um contrato. 
H – multas contratuais e penas pecuniárias por infração à legislação penal 
ou administrativa, incluindo as tributárias. 
 
I – Créditos subordinados: 
 
 As duas espécies de créditos subordinados (também chamados de créditos 
subquirografários) são os créditos dos sócios ou administradores sem vínculo 
empregatício e o crédito por debêntures subordinadas emitidas pela sociedade 
anônima falida (art. 58, parágrafo 4º da Lei nº 6.404/76). 
 
 Com base nesta classificação, a LRE cria distinções entre os credores em 
duas outras situações: i) composição da assembléia geral; ii) formação do 
conselho de credores. 
 
Art. 41. A assembléia-geral será composta pelas seguintes classes de credores: 
I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de 
acidentes de trabalho; 
II – titulares de créditos com garantia real; 
III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio 
geral ou subordinados. 
 
Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das 
classes de credores na assembléia-geral e terá a seguinte composição: 
I – 1 (um) representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 
(dois) suplentes; 
II – 1 (um) representante indicado pela classe de credores com direitos reais de 
garantia ou privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes; 
III – 1 (um) representante indicado pela classe de credores quirografários e com 
privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes. 
DIREITO EMPRESARIAL 
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 Além deste princípio fundamental, há também outros dois que devem ser 
observados na falência, sendo que o último também deverá não só guiar a 
recuperação de empresas, mas é uma das razões de sua existência: i) 
princípio da maximização do ativo; ii) princípio da preservação da 
empresa. 
 
 O primeiro implica que a falência deverá sempre ser administrada de 
modo que o patrimônio do empresário seja gerido e liquidado de forma a 
sempre realizar o maior ativo possível, o que possibilitará satisfazer o maior 
número de credores. 
O segundo princípio informa que, sempre que possível, a empresa deverá 
continuar (a empresa, não necessariamente o empresário). Na falência, isto 
implica que o trespasse do empreendimento terá prioridade sobre a alienação 
individual dos bens do empresário. Já na recuperação, isto está na raiz de sua 
existência. Se o empresário puder se recuperar, isto deverá ser permitido e a 
convolação em falência só ocorrerá nos casos previstos em lei. 
 
2. Disposições comuns à recuperação judicial e à falência 
 
 Nos termos do capítulo II da Lei nº 11.101/05, são apresentadas algumas 
regras que se aplicam à recuperação judicial e à falência. Nas linhas adiante, 
vamos tratar destes temas. 
 Uma das características do procedimento falimentar (falência) é a 
suspensão de todas as ações e execuções contra o falido – ressalte-se que é um 
dos efeitos da sentença declaratória de falência, conforme será visto nas 
páginas seguintes. Por ser a falência uma execução concursal, serão pagos 
todos os credores, não havendo mais motivo para se manter ações e execuções 
independentes (art. 6º). 
 Ademais, o Juízo de Falência é chamado de Juízo Universal, atrai para si 
todas as ações e execuções envolvendo o falido. Tem a chamada vis attractiva. 
E o juízo competente, como determina o art. 3º da LRE, é “o juízo do local do 
principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede 
fora do Brasil”. 
DIREITO EMPRESARIAL 
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 A doutrina que este principal estabelecimento não é uma mera definição 
formal — aquele que o estatuto ou contrato social indicar —, mas onde houver 
o maior volume de negócios do falido ou recuperando. 
 Ressalte-se que haverá um único processo de Falência para o mesmo 
devedor, o que, além de evitar repetição de atos (economia processual) e 
decisões contraditórias, confere tratamento isonômico aos credores que venham 
a ostentar a mesma condição jurídica em relação aos bens que compõem a 
massa, assegurando maior celeridade e eficiência ao processo falimentar. 
 De fato, um dos pilares que sustentam o regime falimentar é a busca pela 
isonomia no pagamento dos credores da massa. Ou seja, deve-se garantir que 
aqueles que se encontram na mesma situação jurídica vão receber no mesmo 
momento, sem que haja preferências para um credor específico. 
 Repare, candidato, que uma das exceções ao Juízo Universal da Falência 
são os créditos trabalhistas (Ações Trabalhistas). Por ser a Justiça do Trabalho 
especializada, o processo trabalhista continua tramitando no respectivo órgão 
judiciário até que se apure o valor final da condenação. Todavia, apurado este 
valor, a execução do valor apurado não será realizada na própria Justiça do 
Trabalho, mas no Juízo Falimentar. 
 
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da 
recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e 
execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do 
sócio solidário. 
§ 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que 
demandar quantia ilíquida. 
§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão 
ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de 
natureza TRABALHISTA, inclusive as impugnações a que se refere o art. 
8o desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a 
apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de 
credores pelo valor determinado em sentença. 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras 
determinações: 
V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, 
ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1º e 2º do art. 6º desta Lei [...]. 
 
 Ponto fundamental a ser tratado, são as obrigações que não são 
exigíveis do devedor na falência, vejamos: 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 10 
 
Art. 5º Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência: 
I – as obrigações a título gratuito; 
II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação 
judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o 
devedor 
 
 Como exemplo de obrigações a título gratuito, podemos citar uma doação 
ou uma promessa de determinado favor. De fato, não seria pertinente que tais 
obrigações fossem demandas no juízo falimentar. 
2.1. Da verificação e da habilitação dos créditos 
 
 E em relação às obrigações que podem ser exigidas, como são analisados 
os créditos no processo de falência e de recuperação de empresas? 
 Na recuperação judicial, conforme o art. 51, III, o requerente deverá 
instruir seu pedido com a relação completa de credores. 
Na falência, quando decretada, o juiz ordenará que o falido, em cinco dias, 
apresente também a relação completa dos credores (art. 99, III). Além disso, em 
ambos os casos, ordenará a publicação de edital, contendo a decisão da falência 
ou o pedido de recuperação, conforme o caso, e a relação dos credores: 
 
Art. 52 [...] § 1o O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no 
órgão oficial, que conterá: 
I – o resumo do pedido do devedor e da decisão que defere o 
processamento da recuperação judicial; 
II – a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado e 
a classificação de cada crédito; 
III – a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na forma 
do art. 7o, § 1o, desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao plano de 
recuperação judicial apresentado pelo devedor nos termos do art. 55 desta Lei. 
 
Art. 99 [...] Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo a 
íntegra da decisão que decreta a falência e a relação de credores. 
 
 Em ambos os casos, o responsável pela verificação dos créditos será o 
administrador judicial — que estudaremos com mais profundidade no 
DIREITO EMPRESARIAL 
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próximo tópico. Além disso, como seria injusto excluir credores que porventura 
não figurem no edital, será aberto prazo para a habilitação de créditos. 
 
Art. 7º A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, 
com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e 
nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar 
com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas. 
§ 1o Publicado o edital previsto no art. 52, § 1o, ou no parágrafo único do art. 
99 desta Lei, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao 
administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos 
relacionados. 
 Nos termos do §2º do art. supra, o administrador judicial terá o prazo de 
45 dias para elaborar um segundo edital, contendo os créditos verificados, tanto 
os arrolados pelo devedor quanto os habilitados. Todos estes créditos, em 
ambos os casos, obviamente — em razão do princípio da ampla defesa —, 
poderão ser impugnados. 
 
Art. 8º No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no 
art. 7º, § 2º, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o 
Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de 
credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a 
legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado. 
 
 Julgadas as impugnações, caberá ao administrador judicial elaborar o 
quadro-geral de credores, que deverá ser homologado pelo juiz (art. 18). 
 Aqueles que não habilitarem seus créditos no prazo do art. 7º, §1º, ainda 
poderão ter seus créditos habilitados. Isto poderá ser realizado de duas formas, 
dependendo do momento processual da falência ou recuperação judicial: i) se 
realizados entre o fim do prazo supra e a homologação do quando-geral de 
credores, a habilitação será retardatária e processar-se-á como impugnação; ii) 
após a homologação do quadro-geral de credores, o credor retardatário devera 
propor ação própria de retificação do quadro geral de credores. Os retardatários 
sofrerão as limitações infra: 
 
Art. 10. Não observado o prazo estipulado no art. 7o, § 1o, desta Lei, as 
habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias. 
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 § 1º Na recuperação judicial, os titulares de créditos retardatários, 
excetuados os titulares de créditos derivados da relação de trabalho, não terão 
direito a voto nas deliberações da assembléia-geral de credores. 
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo ao processo de falência, salvo se, 
na data da realização da assembléia-geral, já houver sido homologado o quadro-
geral de credores contendo o crédito retardatário. 
§ 3º Na falência, os créditos retardatários perderão o direito a rateios 
eventualmente realizados e ficarão sujeitos ao pagamento de custas, não se 
computando os acessórios compreendidos entre o término do prazo e a data do 
pedido de habilitação. 
§ 4º Nahipótese prevista no § 3º deste artigo, o credor poderá requerer a 
reserva de valor para satisfação de seu crédito. 
§ 5º As habilitações de crédito retardatárias, se apresentadas antes da 
homologação do quadro-geral de credores, serão recebidas como 
impugnação e processadas na forma dos arts. 13 a 15 desta Lei. 
§ 6º Após a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não 
habilitaram seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento 
ordinário previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou 
da recuperação judicial a retificação do quadro-geral para inclusão do 
respectivo crédito. 
 
Art. 19. O administrador judicial, o Comitê, qualquer credor ou o representante 
do Ministério Público poderá, até o encerramento da recuperação judicial ou da 
falência, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código 
de Processo Civil, pedir a exclusão, outra classificação ou a retificação de 
qualquer crédito, nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude, 
erro essencial ou, ainda, documentos ignorados na época do julgamento do 
crédito ou da inclusão no quadro-geral de credores. 
 
 Com estas informações, podemos perceber que o credor poderá ter seu 
crédito habilitado em quatro situações distintas, conforme a tabela abaixo: 
 
Momento processual Forma de habilitação 
Arrolamento pelo devedor. Nenhuma ação necessária. 
Prazo do art. 7º, §1º. Habilitação de crédito stricto sensu. 
Entre o fim do prazo do art. 7º, 
§1º, e a homologação do quadro-
geral de credores. 
Habilitação de crédito retardatária, 
recebida como impugnação. 
DIREITO EMPRESARIAL 
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Após a homologação do quadro-
geral de credores. 
Habilitação de crédito retardatária na 
forma de ação autônoma de retificação 
do quadro-geral de credores. 
 
2.2. Do Administrador Judicial e do Comitê de Credores 
 
 Nas linhas a seguir vamos tratar de duas importantes figuras no processo 
de falência e recuperação judicial: o administrador judicial e o comitê de 
credores. 
 O administrador judicial é um auxiliar do juiz e atua sob sua supervisão. 
Tem como escopo o desempenho de certas tarefas relacionadas exclusivamente 
com a administração da falência. Ademais, representa a comunhão de 
interesses dos credores. 
 O art. 21 da lei de falências define que o administrador judicial será: 
profissional idôneo, sendo preferencialmente advogado, economista, 
administrador de empresa ou contador, ou ainda Pessoa Jurídica especializada. 
Ainda, se o administrador for pessoa jurídica, deverá constar o nome do 
profissional, empregado ou sócio, que ficará responsável, perante o juiz, os 
credores e o devedor, pela condução do processo de falência. 
 Apesar de exercer uma função indelegável, o administrador judicial pode 
contratar profissionais para auxiliá-lo, solicitando a aprovação do juiz para tal 
providência. 
 O juiz pode destituir o administrador judicial e nomear substituto no caso de: 
não atendimento ao prazo legal de até o décimo dia do mês seguinte ao vencido, 
não apresentação da conta demonstrativa da administração, que especifique com 
clareza a receita e a despesa, ou ainda, descumprimento das atribuições as quais 
está submetido. Desta feita, o administrador judicial deverá ser intimado, em 
cartório, a fim de corrigir a falha, no prazo de cinco dias, sob pena de, não o 
fazendo, incorrer no crime de desobediência, segundo previsão do caput do art. 23 
da lei de falência. No caso de destituição, o administrador não poderá mais ser 
escolhido para a mesma função nos cinco anos seguintes (art. 30). 
 A substituição é diferente da destituição e não é considerada uma 
punição. Trata-se de uma medida prevista em lei para determinadas hipóteses, 
tais como a renúncia motivada, morte, incapacidade civil ou falência. 
 Já o Comitê de Credores terá atribuições comuns à recuperação judicial e 
à falência, além daquelas somente de competência da recuperação judicial. 
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 Tal órgão será composto por um representante dos credores trabalhistas, 
um dos titulares de direitos reais e garantia e privilégios especiais e um dos 
demais eleitos pela assembleia. 
 As atribuições do Comitê de Credores são as seguintes: 
 
Art. 27. O Comitê de Credores terá as seguintes atribuições, além de outras 
previstas nesta Lei: 
I – na recuperação judicial e na falência: 
a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial; 
b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei; 
c) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos 
interesses dos credores; 
d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados; 
e) requerer ao juiz a convocação da Assembleia Geral de credores; 
f) manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei; 
II – na recuperação judicial: 
a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 
30 (trinta) dias, relatório de sua situação; 
b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial; 
c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor 
nas hipóteses previstas nesta Lei, a alienação de bens do ativo permanente, a 
constituição de ônus reais e outras garantias, bem como atos de 
endividamento necessários à continuação da atividade empresarial durante o 
período que antecede a aprovação do plano de recuperação judicial. 
§ 1o As decisões do Comitê, tomadas por maioria, serão consignadas em livro 
de atas, rubricado pelo juízo, que ficará à disposição do administrador judicial, 
dos credores e do devedor. 
§ 2o Caso não seja possível a obtenção de maioria em deliberação do Comitê, 
o impasse será resolvido pelo administrador judicial ou, na incompatibilidade 
deste, pelo juiz. 
 
Ressalte-se que, não havendo comitê de credores, caberá ao 
administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas 
atribuições. Além disso, os membros do comitê não terão sua remuneração 
custeada pelo devedor ou pela massa falida, mas seus gastos, quando 
comprovados, serão ressarcidos atendendo às disponibilidades de caixa. 
 
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2.3. Da Assembleia Geral de Credores 
 
 Na falência, a Assembleia Geral de credores — órgão integrado por todos 
os credores da massa falida — terá por atribuições deliberar sobre a 
constituição do Comitê de Credores, a adoção de outras modalidades de 
realização de ativo e qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos 
credores (art. 35, inciso II). 
 A Assembleia Geral de credores se instala em 1ª convocação com a 
presença de mais da metade dos créditos de cada classe e, em segunda 
convocação, com qualquer número (art. 37, § 2º), devendo se realizar, no 
mínimo, 05 dias após a data designada para primeira (art. 36, I). Para participar 
da assembleia, o credor deve assinar a lista de presença antes da sua instalação 
(art. 37, § 3º). 
 Para a aprovação do plano de recuperação judicial, mais da metade dos 
credores da classe I, por cabeça, devem aprovar o plano (art. 45, § 2º). Quanto 
aos credores das classes II e III, há necessidade de voto da maioria, por 
cabeça, dos credores, bem como da maioria dos créditos em cada classe (art. 
45, § 1º). 
 
Art. 42. Considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de 
credores que representem mais da metade do valor total dos créditos 
presentes à Assembleia Geral, exceto nas deliberações sobre o plano de 
recuperação judicial nos termosda alínea a do inciso I do caput do art. 35 desta 
Lei, a composição do Comitê de Credores ou forma alternativa de realização do 
ativo nos termos do art. 145 desta Lei. 
Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as 
classes de credores referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta. 
§ 1o Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta Lei, 
a proposta deverá ser aprovada por credores que representem mais da 
metade do valor total dos créditos presentes à assembleia e, 
cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes. 
§ 2o Na classe prevista no inciso I do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser 
aprovada pela maioria simples dos credores presentes, 
independentemente do valor de seu crédito. 
 
3. Falência 
 
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3.1. Teoria do Direito Falimentar 
 
 Antes de nos aprofundarmos nos tópicos da Lei 11.101/05 atinentes à 
matéria de falência, é importante tratarmos um pouco sobre a doutrina do 
Direito Falimentar. 
 O conceito de falência, na visão do jurista Carlos Alberto da Purificação, 
“está associado à inadimplência ou à falta de pagamento em prazo certo de uma 
determinada obrigação previamente contratada”. Prosseguindo, duas são as 
razões que poderão ocasionar o não pagamento das citadas obrigações: 
1. Falta de capacidade financeira para honrar os compromissos de 
curto prazo, resultando na “quebra fortuita”. 
2. Utilização da fraude contra credores, resultando na “quebra 
fraudulenta”. 
 
3.2. Natureza Juridica do direito falimentar 
 
 O renomado jurista Rubens Requião afirma que existem duas correntes para 
determinar o real escopo do direito falimentar. A primeira considera que, por meio 
do estabelecimento de regras próprias, pretende-se assegurar perfeita igualdade 
entre os credores da mesma classe, uma vez que o patrimônio do devedor é 
garantia geral de seus credores – é o que se entende por pars condicio creditorum. 
Por outro lado, existe a corrente que afirma que o objetivo principal da falência é a 
atuação do Estado na eliminação das empresas financeiramente arruinadas, em 
virtude do perigo que podem ocasionar ao mercado. 
 Como vimos, quando tratamos das questões principiológicas, a primeira 
corrente é mais adequada ao Direito Brasileiro, pois a doutrina majoritária 
considera o princípio da pars condicio creditorum como basilar do Direito 
Falimentar, assim como do Recuperacional. Além disso, tendo como um dos 
princípios a preservação da empresa, a mera eliminação da empresas 
ineficientes não pode ser considerada causa da existência do Direito Falimentar. 
O próprio mercado encarregar-se-ia de eliminar as empresas ineficientes, sem a 
necessidade deste instituto específico. 
 
3.3. Disposições gerais do processo falimentar 
 
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 Segundo o art. 75 da LRE, o processo de falência deve observar os 
princípios da celeridade e da economia processual. Assim como em todo 
processo judicial, os prazos deverão ser respeitados e o rito será realizado em 
observância às regras aplicáveis ao Direito Material e Processual. 
 O primeiro normativo específico do direito falimentar, disposto na lei, 
assevera que os devedores serão afastados de suas atividades, para que se 
preservem os bens ativos e os recursos produtivos, inclusive os intangíveis da 
empresa. 
 Portanto, não são apenas os bens materiais como carros, imóveis e 
máquinas que serão preservados, mas também o nome da empresa, sua marca. 
Afastam-se, assim, os administradores e sócios, os quais não podem mais gerir 
o patrimônio da sociedade. 
 Repise-se que o juízo da falência é indivisível, exceto nas causas 
trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas na lei de falência em que o falido 
figurar como autor ou litisconsorte ativo. Dessa forma, não há pluralidade de 
juízos falenciais, e sim juízo único. 
 Ademais, a distribuição de pedido de falência previne a jurisdição para 
qualquer outro da mesma natureza, relativo ao mesmo devedor. Com efeito, 
caso vários devedores proponham requerimentos de falência em face do 
mesmo devedor, o juízo ao qual foi distribuído o primeiro desses pedidos será 
o responsável pela condução do processo de falência. 
 Um dos efeitos da falência é o vencimento antecipado das dívidas do falido. 
Isso para que os credores com dívidas vincendas possam ficar no mesmo 
patamar dos credores com dívidas já vencidas (busca de isonomia de 
tratamento). De fato, não seria razoável que, por exemplo, um credor de uma 
empresa com falência já decretada aguardasse o vencimento de seu título para 
só então satisfazer sua pretensão. Nesta hipótese, seria até possível que quando 
seu título vencesse não houvesse mais bens na massa para quitar a dívida. 
 
Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das 
dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, 
com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os créditos em 
moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, 
para todos os efeitos desta Lei. 
 
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 Outro ponto que merece destaque é relativo à prescrição. Destarte, o 
prazo prescricional da ação de responsabilização pessoal do administrador, 
controlador e dos sócios de sociedade falida é de 2 ANOS. 
 Note, candidato, que o prazo prescricional começa a correr do momento 
do trânsito em julgado da sentença de encerramento da falência. 
 
Art. 82. A responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, dos 
controladores e dos administradores da sociedade falida, estabelecida nas 
respectivas leis, será apurada no próprio juízo da falência, independentemente 
da realização do ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo, 
observado o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil. 
§ 1o Prescreverá em 2 (dois) ANOS, contados do trânsito em julgado da 
sentença de encerramento da falência, a ação de responsabilização prevista no 
caput deste artigo. 
 
 
 
 
3.4. Insolvência 
 
 A insolvência de facto ocorre quando o devedor possui ativo inferior ao 
passivo. Porém, nosso Direito não adota a teoria da insolvência real, mas a da 
insolvência presumida. A insolvência, para fins de falência, ocorre em casos 
que a lei tipifica, havendo presunção jure et de jure da insolvência do devedor. 
 Para que seja declarada a falência de determinado empresário é 
necessária a demonstração de certos requisitos previstos na LRE. Neste passo, é 
imperativa a transcrição do art. 94 do aludido diploma legal, que apresenta 
justamente tais requisitos: 
 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida 
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o 
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; 
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não 
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 
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III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de 
recuperação judicial: 
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso 
ou fraudulento para realizar pagamentos; 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com oobjetivo de retardar 
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da 
totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de 
todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de 
burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar 
com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes 
para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu 
domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de 
recuperação judicial. 
 
 Assim, ainda que uma empresa esteja com passivo extremamente 
elevado, é necessária a comprovação da prática de alguns dos atos acima 
descritos para que seja declarada sua falência. 
 Por outro lado, uma empresa pode estar perfeitamente solvente e ter sua 
falência decretada, caso incorra em alguns dos casos tipificados do art. supra. 
 Podemos dividir os fatos que geram a falência do empresário em três: 
impontualidade injustificada de obrigação ilíquida (inciso I), incorrer em 
execução frustrada (inciso II) e prática de atos de falência (inciso III). Tais fatos 
geram a presunção legal de que o empresário está insolvente. 
 Nos dois primeiros casos, ocorre o que vimos anteriormente, chamado de 
quebra fortuita. Nos casos dos atos de falência, há a chamada quebra 
fraudulenta. Mas isto é uma mera presunção. Não necessariamente o credor 
pode ter a intenção de fraudar os credores quando realiza tais atos, porém, eles 
são considerados atos suspeitos que permitem a decretação da falência. 
 Se houve fraude, realmente, isto será um assunto da seara penal, que, 
embora esteja previsto na LRE, não será assunto de nossa aula, pois, por sua 
especificidade constitui um tema específico: o Direito Penal Falimentar. 
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 Em relação à impontualidade injustificada, frise-se que a obrigação deve 
ser líquida, ou seja, deve estar representada por um título executivo, judicial ou 
extrajudicial. 
 Além disso, é relevante fazer alusão ao art. 96 da LRE. Naquele dispositivo 
são apresentadas algumas hipóteses de impontualidade justificada, situações 
nas quais a legislação admite o atraso no pagamento do título: 
 
I – falsidade de título; 
II – prescrição; 
III – nulidade de obrigação ou de título; 
IV – pagamento da dívida; 
V – qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a 
cobrança de título; 
VI – vício em protesto ou em seu instrumento; 
VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, 
observados os requisitos do art. 51 desta Lei; 
VIII – cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do 
pedido de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de 
Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato 
registrado. 
 
 Nestes casos, a falência não será decretada, caso o demandado oponha 
estas exceções como matéria de defesa e elas sejam comprovadas. 
No caso do inciso I, insta-se ressaltar que o título deve ser protestado, 
mesmo nos casos em que o demandado é devedor principal de um título de 
crédito. A maioria da doutrina considera que deve ser realizado um protesto 
especial para fins de falência. 
No tocante à hipótese prevista no inciso II do art. 94 da LRE, tal situação 
caracteriza-se com a inexistência de pagamento, depósito ou nomeação de bens 
à penhora por parte do empresário, quando é ele executado por algum credor. 
Insta salientar que, neste caso, o valor do título pode ser inferior a 40 salários 
mínimos, diferentemente da hipótese legal do inciso I do mesmo dispositivo 
normativo. 
Como se vê, a insolvência presumida pode permitir que uma ação de 
pedido de falência possa ser utilizada como uma ação de cobrança. Embora 
repudiado por alguns juristas, isto ficará claro quando virmos o tópico seguinte. 
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 Por fim, é necessário atentar que os atos previstos no inciso III do art. 94 
da Lei de Falência não são suficientes para caracterizar a insolvência do 
empresário caso sejam praticados durante a recuperação judicial. 
 
3.5. Do processo e dos procedimentos para a decretação da falência 
 
A priori, qualquer credor pode requerer a falência do devedor empresário. 
É importante salientar que não é necessário ser comerciante para fazer o pedido 
de falência, um civil pode fazê-lo. Entretanto, no pólo passivo, a lei falimentar 
brasileira, conforme ventilado anteriormente, não se aplica ao devedor civil, só 
atingindo os empresários. 
 É interessante notar que a lei permite que o próprio devedor requeira sua 
falência. Na realidade, trata-se de um dever legal imposto ao devedor quando 
não atender às condições para obter a recuperação judicial, nos termos do art. 
105 da LRE. É a chamada autofalência. 
A autofalência também pode ser requerida pelo sócio ou acionista, pelo 
cônjuge sobrevivente, pelos herdeiros do devedor ou pelo inventariante (art. 9º 
I e II, LF). 
No tocante ao pedido feito pelo credor, a lei determina que, em se 
tratando de empresário, este deve comprovar sua condição, nos termos do 
parágrafo primeiro do art. 97. 
O pedido de falência da sociedade empresária deve estar acompanhado do 
respectivo título que comprova a existência da dívida, nos casos dos incisos I e 
II do art. 94. 
O trâmite que será seguido ira depender do autor do pedido de falência. 
Quando se tratar de autofalência, o rito que será observado é aquele previsto 
nos arts. 105 a 107 da LRE, enquanto nos demais casos será aquele consignado 
no art. 98 do mesmo diploma legal. 
É recomendável chamar a atenção para algumas regras que devem ser 
observadas quando o pedido for feito por terceiros. Destarte, perceba candidato, 
que o empresário terá o prazo de dez dias para responder. 
Quando o pedido de falência tem como fundamento a impontualidade 
injustificada ou execução frustrada, o devedor poderá elidi-lo com o depósito 
em juízo do respectivo valor acrescido de correção monetária, juros e 
honorários advocatícios. Isto se chama elisão da falência. 
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Isto que possibilita a utilização do pedido de falência como uma ação de 
cobrança. O credor propõe a falência e o devedor elide-a. O credor fica satisfeito 
e o devedor não quebra. Porém, alguns juristas irão considerar isto uma 
perversão do instituto de falência. Ocorre que a lei permite isto e, caso não 
fizesse, teria que adotar a teoria da falência real, o que dificultaria este processo. 
 Se o empresário somente contestar o pedido de falência, sem depositar o 
valor, o juiz pode acolher as razões de defesa e proferir a sentença denegatória 
de falência. Caso o magistrado entenda que a defesa não foi suficiente para 
afastar a presunção de insolvência do empresário, deve proferir a sentença 
declaratória de falência. Caso haja o depósito, ao invés de declarar a falência da 
sociedade, o juiz determina o levantamento do valor em favor do requerente e 
imputa ao requerido os ônus da sucumbência. 
É interessante ressaltar que pode o empresário somente efetuar o 
depósito, sem que seja apresentada uma peça defensiva. Nesta hipótese, odepósito tem o mesmo efeito do reconhecimento da dívida. Assim, ao 
empresário requerido serão impostos os ônus da sucumbência e o depósito será 
levantado em favor do requerente. Porém, a falência não será decretada. 
Para concluir, se o empresário requerido deixa transcorrer o prazo sem 
contestar ou depositas, o juiz deverá proferir a sentença declaratória de falência. 
 No tocante à sentença que decreta a falência, enfatize-se que tal ato 
judicial inaugura o regime jurídico-falimentar. Assim, tem caráter constitutivo, 
fazendo com que a pessoa, os bens, os atos jurídicos e os credores da 
sociedade falida sejam submetidos a um regime jurídico específico. 
 O art. 99 da Lei nº 11.101/05 apresenta as seguintes regras acerca da 
sentença que decretar a falência do empresário (para facilitar a memorização, 
foram sublinhados os dispositivos mais importantes): 
 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras 
determinações: 
I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem 
a esse tempo seus administradores; 
II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 
(noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou 
do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, 
os protestos que tenham sido cancelados; 
III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação 
nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos 
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respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de 
desobediência; 
IV – explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no § 
1o do art. 7o desta Lei; 
V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, 
ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o desta Lei; 
VI – proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido, 
submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, 
ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se 
autorizada a continuação provisória nos termos do inciso XI do caput deste artigo; 
VII – determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das 
partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus 
administradores quando requerida com fundamento em provas da prática de crime 
definido nesta Lei; 
VIII – ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da 
falência no registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da 
decretação da falência e a inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei; 
IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma 
do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do 
inciso II do caput do art. 35 desta Lei; 
X – determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras 
entidades para que informem a existência de bens e direitos do falido; 
XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido 
com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o 
disposto no art. 109 desta Lei; 
XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da Assembleia 
Geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda 
autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na 
recuperação judicial quando da decretação da falência; 
XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às 
Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor 
tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência. 
 Em relação ao termo legal da falência, ele representa um ponto no tempo 
no qual, em tese, ocorreu a falência. Isto é, o termo legal é um lapso temporal 
que antecede a Falência. Tem que ser fixado pelo Juiz porque os atos praticados 
dentro deste intervalo de tempo serão investigados e se o devedor praticar 
qualquer ato elencado no art. 129, estes serão declarados ineficazes. 
 Note, candidato, que a retroação máxima no tempo é de apenas 90 
DIAS, contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 
1o (primeiro) protesto por falta de pagamento. 
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 Questão recorrente em prova diz respeito aos recursos cabíveis no 
processo falimentar. Veja o que dispõe o art. 100 da Lei 11.101/05: “Da decisão 
que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência 
do pedido cabe apelação". 
 
• Decisão que decreta Falência – AGRAVO 
• Sentença de improcedência do pedido de Falência – APELAÇÃO 
 
Vale enfatizar que ambos os recursos seguirão o trâmite previsto na 
legislação processual civil, a qual escapa ao escopo de nossa aula. 
Por fim, o art. 101 determina que “quem por dolo requerer a falência de 
outrem será condenado, na sentença que julgar improcedente o pedido, a 
indenizar o devedor, apurando-se as perdas e danos em liquidação de 
sentença”. 
 Desta forma, o juiz, ao julgar improcedente o pedido de falência, deve 
examinar o comportamento daquele que apresentou o pedido de falência. Caso 
haja dolo, o juiz, na própria sentença denegatória de falência, deve condenar o 
requerente. 
 Ponto relevante a ser notado é que somente será condenado a indenizar 
por pedido de falência improcedente se o pedido foi operado com DOLO, não 
cabendo na hipótese de CULPA. 
 Ademais, as perdas e danos serão apuradas por simples liquidação de 
sentença e não por ação própria. 
 
 
 
3.6 Dos efeitos da decretação da falência 
 
 A decretação da falência possui inúmeros efeitos que podem ser 
classificados em: i) em relação à pessoa e aos bens do devedor; ii) em 
relação às obrigações do devedor e aos credores do falido; e iii) em relação 
aos atos do falido. 
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 Muitos destes efeitos já foram comentados nesta aula e, no tópico 
anterior, pudemos ver um rol de efeitos que ocorrem com a decretação da 
falência. Agora estudaremos estes efeitos de forma minuciosa. 
 
 I – Em relação à pessoa e aos bens do devedor: 
 
Um primeiro efeito visível ocorre com a sentença que decreta a falência é 
a categorização do devedor como falido. Como visto na seção anterior, no art. 
99, VIII, o nome empresarial do empresário passará a conter a expressão 
falido. 
Além disso, com relação aos sócios das sociedades empresarias de 
responsabilidade ilimitada, esta sentença acarreta também a falência destes 
(art. 81). Os sócios das sociedades de responsabilidade limitada não irão falir, 
mas terão suas responsabilidades apuradas (art. 82). 
 Ademais, é possível asseverar que o falido sofre uma restrição na sua 
capacidade jurídica em relação ao direito de propriedade quando a falência é 
decretada. A partir daquele momento, o devedor não tem mais o direito de 
administrar e dispor de seu patrimônio. A administração de seus bens passa a 
competir aos órgãos da falência. 
O processo de inabilitação do falido dispõe que este não poderá exercer 
qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência até a sentença 
que extinguir as suas obrigações, de acordo com a regra positivada no art. 102 
da LRE. 
 Estando impossibilitado de exercer atividades empresariais, o falido deve 
aguardar que ocorra o encerramento da falência para poder pleitear sua 
reabilitação. E quandoisso acontecerá? Somente após ter havido a alienação 
dos bens promovida pelo administrador judicial e depois de terem sido 
realizados os pagamentos das obrigações apresentadas no quadro-geral de 
credores. 
Apesar de perder o direito de administrar seus bens e deles dispor, o 
devedor poderá fiscalizar a administração da falência, solicitar providências para 
a conservação de seus direitos, bem como intervir naqueles processos em que a 
massa falida for parte ou interessada, nos termos da redação do parágrafo 
único do art. 103. 
 Vejamos abaixo quais são os deveres impostos ao falido. Para isso é 
necessária a transcrição do art. 104 da LRE: 
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Art. 104. A decretação da falência impõe ao falido os seguintes deveres: 
I – assinar nos autos, desde que intimado da decisão, termo de comparecimento, 
com a indicação do nome, nacionalidade, estado civil, endereço completo do 
domicílio, devendo ainda declarar, para constar do dito termo: 
a) as causas determinantes da sua falência, quando requerida pelos credores; 
b) tratando-se de sociedade, os nomes e endereços de todos os sócios, acionistas 
controladores, diretores ou administradores, apresentando o contrato ou estatuto 
social e a prova do respectivo registro, bem como suas alterações; 
c) o nome do contador encarregado da escrituração dos livros obrigatórios; 
d) os mandatos que porventura tenha outorgado, indicando seu objeto, nome e 
endereço do mandatário; 
e) seus bens imóveis e os móveis que não se encontram no estabelecimento; 
f) se faz parte de outras sociedades, exibindo respectivo contrato; 
g) suas contas bancárias, aplicações, títulos em cobrança e processos em 
andamento em que for autor ou réu; 
II – depositar em cartório, no ato de assinatura do termo de comparecimento, os 
seus livros obrigatórios, a fim de serem entregues ao administrador judicial, depois 
de encerrados por termos assinados pelo juiz; 
III – não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo justo e 
comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, sob as penas 
cominadas na lei; 
IV – comparecer a todos os atos da falência, podendo ser representado por 
procurador, quando não for indispensável sua presença; 
V – entregar, sem demora, todos os bens, livros, papéis e documentos ao 
administrador judicial, indicando-lhe, para serem arrecadados, os bens que 
porventura tenha em poder de terceiros; 
VI – prestar as informações reclamadas pelo juiz, administrador judicial, credor ou 
Ministério Público sobre circunstâncias e fatos que interessem à falência; 
VII – auxiliar o administrador judicial com zelo e presteza; 
VIII – examinar as habilitações de crédito apresentadas; 
IX – assistir ao levantamento, à verificação do balanço e ao exame dos livros; 
X – manifestar-se sempre que for determinado pelo juiz; 
XI – apresentar, no prazo fixado pelo juiz, a relação de seus credores; 
XII – examinar e dar parecer sobre as contas do administrador judicial. 
Parágrafo único. Faltando ao cumprimento de quaisquer dos deveres que esta Lei 
lhe impõe, após intimado pelo juiz a fazê-lo, responderá o falido por crime de 
desobediência. 
 Percebe-se uma extensa relação de obrigações que a sentença de falência 
impõe ao falido (sócios) e aos seus ex-administradores (presidente, gerente, 
diretor). Em linhas gerais, essa relação visa disponibilizar ao administrador 
judicial informações necessárias de modo a garantir o bom desempenho das 
suas funções. 
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 E caso o falido não cumpra essas obrigações, o que acontece? A resposta 
pode ser encontrada no parágrafo único do art. 104: responderá por crime de 
desobediência, capitulado no art. 330 do Código Penal. 
 É relevante registrar que não há impedimento para que o falido pratique os 
atos da vida civil que não tem consequências patrimoniais, tais como o casamento. 
 Para concluir esta etapa, enfatize-se que os bens do falido serão objeto de 
arrecadação, que consiste num ato determinado pelo juiz para constrição do 
patrimônio do devedor falido. Tal constrição atinge mesmo os bens que não se 
encontram na posse do falido, tais como os objetos de locação. 
 É certo, contudo, que é possível que certos bens estejam na posse 
do falido, mas não sejam de propriedade deste. Neste caso, deverão ser 
observadas as regras previstas nos arts. 85 a 93 da Lei de Falências, na seção 
Do Pedido de Restituição. 
A regra fundamental deste pedido está estampada no art. 85: 
 
Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se 
encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir 
sua restituição. 
Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a 
crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento 
de sua falência, se ainda não alienada. 
 
Isto significa que, caso um terceiro possua bem em posse do falido, 
poderá realizar o pedido de restituição. Este será feito na forma de petição ao 
juízo reclamado, fundamentando — ou seja, provando — a sua propriedade do 
bem e descrevendo-o. 
 
Art. 87. O pedido de restituição deverá ser fundamentado e descreverá a coisa 
reclamada. 
§ 1º O juiz mandará autuar em separado o requerimento com os documentos 
que o instruírem e determinará a intimação do falido, do Comitê, dos credores e 
do administrador judicial para que, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, se 
manifestem, valendo como contestação a manifestação contrária à restituição. 
§ 2º Contestado o pedido e deferidas as provas porventura requeridas, o juiz 
designará audiência de instrução e julgamento, se necessária. 
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§ 3º Não havendo provas a realizar, os autos serão conclusos para sentença. 
 
 A sentença que reconhecer o pedido determinará a entre do bem em 48 
horas (art. 88). Negando-o, conforme o caso, incluirá o requerente no quadro-
geral de credores (art. 89). Desta sentença, caberá apelação sem efeito 
suspensivo (art. 90). 
 O pedido indisponibiliza o bem até o seu trânsito em julgado (art. 87) e, 
além dos casos próprios de valores monetários, proceder-se-á à restituição em 
dinheiro se a coisa não mais existir ao tempo do pedido de restituição (art. 86 e 
incisos). 
Por último, temos a regra do art. 93, que determina, “nos casos em que 
não couber pedido de restituição, fica resguardado o direito dos credores de 
propor embargos de terceiros, observada a legislação processual civil”. 
 
II – Em relação às obrigações do devedor e aos credores do falido 
 
É importante sabermos quais são os efeitos da decretação da falência 
sobre as obrigações do devedor. Na realidade, os contratos do empresário falido 
submetem-se a regime diverso, sendo necessário observar as regras positivadas 
na Lei nº 11.101/05. 
Inicialmente, não há resolução automática dos contratos pactuados pelo 
falido com a decretação da falência. 
 
Art. 117. Os contratos bilaterais NÃO se resolvem pela falência e podem 
ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o 
aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e 
preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê. 
 
Para melhor compreender o dispositivo, recorde-se que são bilaterais, para 
fins de falência, aqueles contratos que nenhuma das partes deu início, ainda, ao 
cumprimento das obrigações assumidas. Se o contrato já foi iniciado, tal como na 
hipótese da entrega de determinadobens por parte de um fornecedor, ainda que 
seja considerado bilateral pelo direito obrigacional comum, não adquirirá tal 
status pelo direito falimentar. No caso mencionado, o fornecedor deverá se 
habilitar e concorrer com os outros credores na massa falida. 
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Adiante, o art. 118 possibilita que o contrato unilateral seja cumprido, 
desde que reduza ou evita “o aumento do passivo da massa falida ou for 
necessário à manutenção e preservação de seus ativos, realizando o pagamento 
da prestação pela qual está obrigada”. 
Assim, podemos afirmar que nos contratos do falido, caso este ou o outro 
contratante já tenham dado início à execução do contrato, a decretação de 
falência não poderá gerar a resolução do ajuste, sendo necessário que as partes 
cumpram com suas obrigações. 
O art. 119 apresenta algumas regras específicas em relação a certos tipos 
de contrato. Para facilitar a memorização daquela norma, segue o aludido legal: 
 
Art. 119. Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as 
seguintes regras: 
I – o vendedor não pode obstar a entrega das coisas expedidas ao devedor e 
ainda em trânsito, se o comprador, antes do requerimento da falência, as tiver 
revendido, sem fraude, à vista das faturas e conhecimentos de transporte, 
entregues ou remetidos pelo vendedor; 
II – se o devedor vendeu coisas compostas e o administrador judicial resolver 
não continuar a execução do contrato, poderá o comprador pôr à disposição da 
massa falida as coisas já recebidas, pedindo perdas e danos; 
III – não tendo o devedor entregue coisa móvel ou prestado serviço que vendera 
ou contratara a prestações, e resolvendo o administrador judicial não executar o 
contrato, o crédito relativo ao valor pago será habilitado na classe própria; 
IV – o administrador judicial, ouvido o Comitê, restituirá a coisa móvel comprada 
pelo devedor com reserva de domínio do vendedor se resolver não continuar a 
execução do contrato, exigindo a devolução, nos termos do contrato, dos valores 
pagos; 
V – tratando-se de coisas vendidas a termo, que tenham cotação em bolsa ou 
mercado, e não se executando o contrato pela efetiva entrega daquelas e 
pagamento do preço, prestar-se-á a diferença entre a cotação do dia do contrato 
e a da época da liquidação em bolsa ou mercado; 
VI – na promessa de compra e venda de imóveis, aplicar-se-á a legislação 
respectiva; 
VII – a falência do locador não resolve o contrato de locação e, na falência do 
locatário, o administrador judicial pode, a qualquer tempo, denunciar o contrato; 
VIII – caso haja acordo para compensação e liquidação de obrigações no âmbito 
do sistema financeiro nacional, nos termos da legislação vigente, a parte não 
falida poderá considerar o contrato vencido antecipadamente, hipótese em que 
será liquidado na forma estabelecida em regulamento, admitindo-se a 
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compensação de eventual crédito que venha a ser apurado em favor do falido 
com créditos detidos pelo contratante; 
IX – os patrimônios de afetação, constituídos para cumprimento de destinação 
específica, obedecerão ao disposto na legislação respectiva, permanecendo seus 
bens, direitos e obrigações separados dos do falido até o advento do respectivo 
termo ou até o cumprimento de sua finalidade, ocasião em que o administrador 
judicial arrecadará o saldo a favor da massa falida ou inscreverá na classe 
própria o crédito que contra ela remanescer. 
 
 Insta frisar que a falência não é suficiente para gerar a resolução dos 
contratos do empresário falido. Tal medida decorre de decisão do administrador 
judicial, com a devida autorização do comitê, com o escopo de favorecer a 
massa falida, reduzindo ou não aumentando o passivo e preservando ou 
mantendo o ativo. 
 É oportuno fazer alusão, igualmente, ao art. 124, que determina que “não 
são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em lei ou 
em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores 
subordinados”. Perceba, candidato, que “excetuam-se desta disposição os juros 
das debêntures e dos créditos com garantia real, mas por eles responde, 
exclusivamente, o produto dos bens que constituem a garantia”. 
 Desta forma, é importante notar que é possível o pagamento dos juros 
vencidos após a decretação da falência, mas somente na rara hipótese do ativo 
bastar para o pagamento dos credores subordinados, os quais, como veremos 
adiante, são os últimos do rol de credores a receber. 
 O art. 126 da Lei de Falências permite certa margem de discricionariedade 
ao juiz ao tratar de situações não reguladas pelo referido diploma legal. Para 
tanto, o magistrado deve buscar atender à “unidade, à universalidade do 
concurso e à igualdade de tratamento dos credores”. 
 Quanto à estes, fora os aspectos já vistos — que afetam tanto o falido 
quanto os credores — como o vencimento antecipado de dívidas, etc., o 
principal efeito da decretação da falência em relação aos credores é a formação 
da massa falida subjetiva (corpus creditorum). Esta distingue-se da massa 
falida objetiva, que é o conjunto de bens arrecadados do falido. O art. 126, 
supra, visa, justamente, proteger esta massa falida subjetiva, que é formada 
pelo processo de habilitação de créditos, visto anteriormente. 
 III – Em relação aos atos do falido 
 
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O objetivo da falência é proteger os ativos do falido no interesse dos 
credores. Assim, a Lei nº 11.101/05 previu hipóteses de revogação e de 
ineficácia de atos praticados antes da decretação da falência. Dessa forma, o 
art. 129 dispõe que são ineficazes em relação à massa falida: 
 
I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo 
legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto 
do próprio título; 
II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, 
por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato; 
III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do 
termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados em 
hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a parte que 
devia caber ao credor da hipoteca revogada; 
 IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação 
da falência; 
V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da 
falência; 
VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento 
expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não 
tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no 
prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem 
devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e 
documentos; 
VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, 
por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após 
a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior. 
 
 É preciso ressaltar que o instituto da retroação da decretação da falência, 
já visto anteriormente, está intimamente ligado aos efeitos da decretação da 
falência em relação aos atos do falido. A partir da data, definida pelo juiz, do 
início da falência, todos os atos considerados como prejudiciais à massa falida 
subjetiva e a qualquer credor individual poderá ser invalidado. 
A ineficácia poderá ser declarada de ofíciopelo juiz, alegada em defesa ou 
pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo. 
Destarte, os atos dispostos nos incisos do art. 129, acaso configurados, e 
que resultarem em prejuízo para a massa falida, serão anulados com a ressalva 
prevista no caput do citado artigo, qual seja: “tenha o contratante conhecimento 
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ou não do estado falimentar do devedor, haja ou não intenção de fraudar 
credores”. 
São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores, 
provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele 
contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida, consoante previsão legal 
do art. 130. Trata-se da ineficácia subjetiva do ato. Nesse caso, a Lei nº 11.101/05 
autoriza o juiz a determinar a revogação total do ato. 
 Quem tem atribuição para provocar o juiz para revogar ou declarar a 
ineficácia do ato? O art. 132 soluciona essa questão quando prevê uma 
modalidade de ação específica, chamada de revocatória e que deverá ser proposta 
pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público no prazo 
de 3 (três) anos contados da decretação da falência. 
 Esses são proponentes da ação, mas quem poderá ser réu na ação 
revogatória? O art. 133 elenca aqueles que poderão responder pela ação, verbis: 
 
Art. 133. A ação revocatória pode ser promovida: 
I – contra todos os que figuraram no ato ou que por efeito dele foram pagos, 
garantidos ou beneficiados; 
II – contra os terceiros adquirentes, se tiveram conhecimento, ao se criar o direito, 
da intenção do devedor de prejudicar os credores; 
III – contra os herdeiros ou legatários das pessoas indicadas nos incisos I e II 
do caput deste artigo. 
 
 A competência para julgar a ação revocatória é a do juiz da falência, sendo 
que a sentença que julgar procedente a ação revocatória determinará o retorno 
dos bens à massa falida em espécie, com todos os acessórios, ou o valor de 
mercado, acrescidos das perdas e danos. 
 Reconhecida a ineficácia ou julgada procedente a ação revocatória, as partes 
retornarão ao estado anterior, e o contratante de boa-fé terá direito à restituição dos 
bens ou valores entregues ao devedor. Essa é previsão do art. 136 da lei de falência. 
Ressalte-se que existe uma medida cautelar para preservar os bens da 
massa falida, em função de depreciação acelerada pelo uso inadequado, desgaste 
acima do normal devido à falta de cuidados, além de outras razões, que é o 
sequestro dos bens retirados do patrimônio do devedor que estejam em poder de 
terceiros, na forma da lei processual civil. 
 
 
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3.7. Apuração do ativo e liquidação 
 
 Após a sentença declaratória da falência inicia-se a execução coletiva do 
falido. Por meio de certos atos e medidas adotadas pela autoridade judicial, 
buscar-se-á definir o passivo e o ativo do devedor. 
 O ativo será definido por atos como o de arrecadação de todos os bens na 
posse do falido, bem como com a análise da documentação relativa aos 
negócios da empresa. Tais documentos, em conjunto com as habilitações e 
impugnações de crédito, irão indicar qual o real passivo da empresa. 
Os créditos deverão ser verificados. Tal missão caberá ao administrador 
judicial, o qual analisará a documentação apresentada pelo credor. O rito 
encontra-se lapidado nos arts. 7º a 20 da Lei de Falências e diz respeito às 
habilitações de crédito e à consolidação do quadro geral de credores, o que já 
foi visto anteriormente. 
 Após as respectivas divergências e impugnações apresentadas pelos 
credores que discordarem do conteúdo constante no quadro-geral de credores, 
o processo tem continuidade 
 A liquidação no processo falimentar tem o escopo de realizar o ativo, com 
a venda dos bens arrecadados, e de satisfazer os credores admitidos, com o 
pagamento do passivo. 
 A alienação será efetuada da seguinte forma: 
 
Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, 
observada a seguinte ordem de preferência: 
I – alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco; 
II – alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas 
isoladamente; 
III – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos 
do devedor; 
IV – alienação dos bens individualmente considerados. 
 § 1o Se convier à realização do ativo, ou em razão de oportunidade, podem ser 
adotadas mais de uma forma de alienação. 
 § 2o A realização do ativo terá início independentemente da formação do 
quadro-geral de credores. 
 § 3o A alienação da empresa terá por objeto o conjunto de determinados bens 
necessários à operação rentável da unidade de produção, que poderá 
compreender a transferência de contratos específicos. 
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 § 4o Nas transmissões de bens alienados na forma deste artigo que dependam 
de registro público, a este servirá como título aquisitivo suficiente o mandado 
judicial respectivo. 
 Como se pode ver, as regras de alienação seguem o princípio da 
preservação da empresa. A preferência será pela manutenção do 
estabelecimento o mais intacto possível e, somente em último caso, os bens são 
alienados individualmente. 
 Os meios de alienação são semelhantes a um misto do que ocorre em 
execuções judiciais comuns e licitações: i) leilão, por lances orais; ii) propostas 
fechadas; e iii) pregão (art. 142). Contudo, há a possibilidade de meios 
alternativos de alienação, que podem ser autorizados pelo juiz (arts. 144 e 145). 
 Todos os credores, observada a ordem de preferência da classificação dos 
créditos, sub-rogam-se no produto da realização do ativo (art. 140, I) e as 
quantias recebidas a qualquer título serão imediatamente depositadas em conta 
remunerada de instituição financeira, atendidos os requisitos da lei ou das 
normas de organização judiciária (art. 147). 
Além disso, é importante ressaltar que, ao contrário de um contrato de 
trespasse ordinário, o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não 
haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de 
natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de 
acidentes de trabalho (art. 141, II). Ademais, a massa falida é dispensada de 
apresentar certidões negativas (art. 146). 
 Por fim, como determina o art. 148, “o administrador judicial fará constar 
do relatório de que trata a alínea p do inciso III do art. 22 os valores 
eventualmente recebidos no mês vencido, explicitando a forma de distribuição 
dos recursos entre os credores, observado o disposto no art. 149 desta Lei”. 
 
3.8. Do encerramento da falência e da extinção das obrigações do falido 
 
 Concluída a realização de todo o ativo, e distribuído o produto entre os 
credores – na esteira das regras aventadas acima -, o administrador judicial 
apresentará suas contas ao juiz da causa. As contas, acompanhadas dos 
documentos comprobatórios, serão prestadas em autos separados que, ao final, 
serão apensados aos autos da falência (art. 154). 
O juiz intimará o Ministério Público para manifestação, findo o qual o 
administrador judicial será ouvido se houver impugnação ou parecer contrário 
do Ministério Público. 
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 Após essas etapas, a sentença que rejeitar as contas do administrador 
judicial fixará suas responsabilidades, poderá determinar

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