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1/3 Importância do crédito Devemos considerar que as empresas e/ou pessoas físicas podem tornar-se extremamente endividadas, o que pode resultar em uma elevação do nível de inadimplência. Por outro lado, um forte estímulo ao consumo pode também resultar num alimentador do processo inflacionário. Assim, os governos devem monitorar e controlar o volume de crédito disponibilizado, de forma que medidas possam ser tomadas para evitar que o mercado aquecido estimule o crescimento da inflação. Apresentamos abaixo gráfico contendo a evolução do volume de crédito do sistema financeiro medida pelo percentual do PIB. Note que de dezembro/2008 a dezembro/2009 houve um aumento consistente e contínuo do volume de crédito disponibilizado às empresas e pessoas físicas. Segundo a opinião de diversos economistas de renome, essa elevação no volume de crédito é um dos principais motivos do crescimento do consumo. O Banco Central do Brasil monitora o volume de crédito disponibilizado no sistema financeiro e adota as ferramentas que entende necessárias ao controle da inflação. Uma das medidas que podem ser tomadas pela autoridade monetária para reduzir ou inibir o crédito é a elevação da taxa básica de juros (chamada pelo mercado de Taxa Selic), que resulta no aumento dos juros praticados pelos bancos junto a seus clientes. Fonte: Banco Central do Brasil 2/3 Maiores informações sobre as operações de crédito no Brasil podem e devem ser obtidas no site do Banco Central do Brasil (www.bcb.gov.br), link “Economia e finanças”, “Notas econômico-financeiras para a imprensa”. Maximizar o lucro é o mais importante? Segundo alguns economistas, a maximização do lucro pelas empresas conduz a uma eficiente alocação de recursos, resultando em bem-estar social para todos. Por outro lado, verificamos que, numa instituição financeira, uma política que valorize prioritariamente a maximização dos lucros pode trazer resultados negativos. Para entender melhor o assunto, vamos nos valer de um exemplo hipotético. Suponhamos que um banco tenha que optar por conceder um empréstimo entre dois clientes, João e José. João está disposto a pagar pelo empréstimo uma taxa de juros de 6%, enquanto José pode pagar até 7%. À primeira vista, o banco dará preferência para emprestar a José, que pagará a maior taxa, maximizando seu lucro. Introduzimos, então, um novo elemento a ser considerado em nosso caso, o percentual de empréstimos incobráveis. Esclarecemos que os empréstimos são considerados incobráveis quando se esgotaram os mecanismos para cobrança amigável dos recursos emprestados. Os bancos analisam seus clientes e suas carteiras de crédito, de forma a classificar em qual percentual de incobráveis se enquadra determinada empresa. Em nosso exemplo hipotético, o banco tem duas faixas de clientes, X e Y, com percentual de incobráveis de respectivamente, 1,0% e 2,0%. Vamos supor que João se enquadre na faixa X e José, na Y. Ou seja, a probabilidade de recebimento do empréstimo concedido ao João é de 99%, enquanto a de José é de 98%. Logo, apesar de João pagar uma taxa de juros menor, há mais possibilidade de recebimento do empréstimo concedido a ele do que a José. Isso se reflete no valor esperado do empréstimo de cada um deles, como demonstrado a seguir: João Principal: R$ 10.000,00 Juros: R$ 600,00 3/3 Total: R$ 10.600,00 Probabilidade de recebimento: 99% Valor esperado: R$ 10.600,00 x 99% = R$ 10.494,00 José Principal: R$ 10.000,00 Juros: R$ 700,00 Total: R$ 10.700,00 Probabilidade de recebimento: 98% Valor esperado: R$ 10.700,00 x 98% = R$ 10.486,00 Então, podemos observar que a decisão de emprestar a José apresenta o menor valor esperado. Vemos que maximizar o lucro sem considerar o risco do não recebimento pode nos levar a conclusões erradas e trazer prejuízos. Muita cautela em nome da qualidade poderá reduzir a rentabilidade, visto que ativos mais seguros tendem a oferecer menor remuneração, por não haver necessidade de compensar o risco. Já emprestar, visando apenas o máximo que o empréstimo possa gerar de rentabilidade, sem se preocupar com o recebimento dos recursos, pode levar a uma insolvência. Verificamos, portanto, que as instituições financeiras devem buscar um ponto de equilíbrio entre a probabilidade de recebimento e a rentabilidade possível esperada.
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