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AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica PSICOLOGIA JURÍDICA Aula 14: Lei da adoção AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica 1. Lei da adoção AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade , o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Lei da adoção AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica O abandono ou o sofrimento de uma criança é incompatível com o direito da convivência familiar e comunitária. É fundamental a garantia dos direitos das crianças e adolescentes, definidos como prioridade absoluta no artigo 227 da Constituição Federal, especialmente o direito à convivência familiar, através: de auxílio às famílias carentes; incentivo à adoção e outras formas de colocação em família substituta. AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica A criança, inserida em uma família, terá, por esta mesma família, garantidos todos os direitos elencados na Constituição Federal. Toda criança ou adolescente deve ter uma família, ou seja, deve ter garantido o direito constitucional de convivência familiar. Seja com a família: • biológica (que deve ser assistida e apoiada); • substituta (com adoção ou a guarda). AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica Juridicamente podemos definir a adoção como... Um ato (jurídico) solene e complexo pelo qual se estabelece um vínculo de paternidade e filiação entre adotante e adotado, independentemente de relação natural ou biológica de ambos. Não há filho adotivo, adoção plena ou não: uma vez feita a adoção há SEMPRE pais e filhos. AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica “Podemos entender adoção como sendo um processo afetivo e legal, por meio do qual uma criança e/ou adolescente passa a ser filho de um adulto ou de um casal *...+” (Fernando Freire – Terra dos Homens) “*...+ De forma complementar, é o meio pelo qual um adulto ou casal de adultos passam a ser pais de uma criança gerada por outras pessoas. Adotar é, então, tornar filho, pela lei e pelo afeto, uma criança ou adolescente que perdeu, ou nunca teve, a proteção daqueles que a geraram” (Fernando Freire – Terra dos Homens). Outro conceito AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica O instituto da adoção entrou no Brasil com as Leis Portuguesas – que visavam direito patrimonial e sucessão (herança). A adoção foi sistematizada pela Lei Brasileira no Código Civil de 1916 – visava o interesse dos adotantes maiores de 50 anos e “sem prole legítima ou legitimada” Lei 3133/1957 – finalidade assistencial, permitida para adotantes maiores de 30 anos, não envolvia a sucessão. Lei 4655/1965 – legitimação adotiva. Origem da adoção no Brasil AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica Código de Menores (Lei 6697/1979) – descreve adoção simples e plena como possibilidade de colocação em lar substituto. Constituição de 1988 (artigo 227, §6º) – proibiu qualquer forma de discriminação da filiação biológica ou afetiva – interesse da criança e do adolescente. “ Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.” AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/1990, arts. 39 a 52) – regulamentou a adoção de menores de 18 anos, conforme mandou a Constituição: proteção integral à criança – adotante podia ter 21 anos. Código Civil de 2002 – aboliu de vez a adoção simples, adotante podia ter 18 anos – trouxe a afetividade e o interesse social como valores jurídicos (em contrapartida ao patrimônio). AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica Lei Nacional da Adoção Lei 12.010 de 03 de agosto de 2009 AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica Lei 12.010 de 03 de agosto de 2009 Modificou o ECA, a CLT e o CC, regulamentando totalmente a matéria relativa a adoção. Foram modificados os arts. 39 ao 52 do ECA e foram criados os arts. 52-A a 52-D. Tem como fundamento o aperfeiçoamento da sistemática prevista para garantia do direito à convivência familiar – com preferência à família natural – a todas as crianças e adolescentes. Lei nacional da adoção AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica Fixação de prazo para permanência de criança ou adolescente em abrigo (6 meses – 2 anos). Art. 19. ........................................................................... § 1º Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. § 2º A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. Alguns pontos relevantes: AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica Cadastramento indispensável “Art. 50. .................................................................. § 3o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. § 5º Serão criados e implementados cadastros estaduais e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção. Cadastro Nacional: a lei prevê dois cadastros nacionais de adoção: um de adotantes outro de crianças e adolescentes em condição de serem adotados. AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica Oitiva obrigatória do adotando maior de 12 anos “Art. 28. .......................................... § 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada. § 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido em audiência. AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica e de obter acesso irrestrito ao processo de adoção após completar 18 anos. “Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.” (NR) AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica Maior rigor na adoção internacional Art. 46. ......................................§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias. § 4o O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política de garantia do direito à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida.” (NR) O adotante estrangeiro ou brasileiro residente no exterior precisa realizar estágio de convivência com o adotado de no mínimo 30 dias no Brasil. AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes fora do país, que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadastros estaduais e nacional Art. 50. ...................................................... § 6º Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no § 5º deste artigo. § 10. A adoção internacional somente será deferida se, após consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à adoção, mantido pela Justiça da Infância e da Juventude na comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional referidos no § 5º deste artigo, não for encontrado interessado com residência permanente no Brasil. AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica Casais homoafetivos continuam não podendo adotar crianças na condição de casais, mas não há nenhum impedimento para que um dos dois parceiros realize a adoção como pessoa solteira. Requisitos básicos para adoção: Interesse do adotando (art. 227 da CF/1988) A adoção se caracteriza pela vontade pessoal do adotante, ficando assim vedada pela lei a adoção por procuração. Art. 39. ...................... § 2º É vedada a adoção por procuração.” (NR) – Lei 12.010 Existe jurisprudência que reconhece a união entre homossexuais como possível dentro da entidade familiar, para fins previdenciários e de partilhamento de bens. AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica O adotante deve ser inscrito no cadastro (salvo raras exceções, art. 50, §13º) Consentimento do adotando maior de 12 aos de idade; Consentimento dos pais ou perda do poder familiar; O adotante deve ter mais de 18 anos de idade; Diferença de 16 anos de idade entre adotante e adotando; § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando: I – se tratar de pedido de adoção unilateral; II – for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; III – oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica Cadastro de pretendentes a adoção: Qualificação completa; Dados familiares; Cópias autenticadas de certidão de nascimento ou casamento, ou declaração relativa ao período de união estável; Cópias da cédula de identidade e inscrição no cadastro de pessoas físicas; Comprovante de renda e domicílio; Atestados de sanidade física e mental; Certidão de antecedentes criminais; Certidão negativa de distribuição cível. Estágio de convivência (prazo relativo); regramento exige a tutela ou a guarda legal, não bastando, portanto a “simples guarda” (de fato) da criança ou adolescente para que a autoridade judiciária dispensasse o estágio de convivência. AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica Exceções ao Cadastramento (art. 50, §13º e ECA): Adoção unilateral; Parente, provados vínculos de afinidade e afetividade; Tutor ou Guardião de maior de 03 anos de idade, provados vínculos de afinidade e afetividade; AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica 1. Procurar um ADVOGADO de confiança e/ou grupo de apoio à adoção (GAA). Existem GAAs em vários estados do Brasil. Para localizá-los, acessar o site da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção – ANGAAD, disponível em: www.angaad.org.br 2. Procurar a Vara de Infância e Juventude de sua comarca para HABILITAR-SE para a adoção. Todas as pessoas maiores de dezoito anos podem adotar, independentemente do seu estado civil, orientação sexual, entre outros, desde que a diferença de idade entre adotante e adotado seja, no mínimo, de dezesseis anos. No caso da união estável homoafetiva, ainda não existe lei que autorize a adoção conjunta (dois pais ou duas mães), mas, também, não existe nenhuma lei que a proíba, já existindo vários casos (STJ). Passo a passo da adoção AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica Após a ENTREGA DOS DOCUMENTOS exigidos, passa-se por uma ENTREVISTA, para que a Psicóloga da Vara possa conhecer o pretendente, saber sobre seu estilo de vida, renda financeira, estado emocional etc. Nessa etapa, será preenchido um questionário, em que o pretendente deverá DEFINIR O PERFIL DESEJADO para a(s) criança(s)/adolescente(s) que deseja adotar (sexo, idade, com ou sem irmãos, cor da pele, condições de saúde etc.) e indicar em quais estados brasileiros aceita adotar (de um a todos). Se acharem necessário, enviarão uma assistente social para visitar a casa do pretendente, para avaliar se a moradia está em condições de receber uma criança. Em seguida, o pretendente é chamado a participar de CURSO PREPARATÓRIO, reconhecido pela Vara de Infância de sua comarca. Após vencidas todas essas etapas, será fornecido o CERTIFICADO DE HABILITAÇÃO, válido por dois anos, em todo o território nacional. Passo a passo da adoção AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica 3. Entrar para o Cadastro Nacional de Adoção. Cruzando-se os dados dos pretendentes e dos adotáveis inscritos no CNA busca-se encontrar a família que seja adequada à criança/adolescente. Caso o perfil traçado para a criança/adolescente que se almeja adotar seja muito exigente, dificilmente estará disponível no CNA e o pretendente terá que aguardar, por um tempo indeterminado. Passo a passo da adoção AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica 4. Saber das crianças que esperam por uma família. O pretendente poderá pedir autorização ao Juiz da Vara da Infância, para visitar as instituições de acolhimento e conhecer as crianças reais que lá estão, à espera de adoção. Crianças maiores, grupos de irmãos, crianças com problemas de saúde ou com alguma deficiência, ficam esquecidas nas instituições e sequer chegam a ser conhecidas pelos pretendentes, mas são tão capazes de amar e de serem amadas como todas as outras e de trazer muitas alegrias para seus pais/mães. É importante que os pretendentes sejam devidamente preparados para realizarem “visitas sem danos”, ou seja, visitas planejadas com a equipe técnica da instituição de acolhimento, de modo a não causarem expectativas e sobressaltos às crianças/adolescentes lá acolhido(a)s. Passo a passo da adoção AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica 5. Realizar uma aproximação com a criança/adolescente a ser adotada(o). Sendo identificada alguma possibilidade de adoção, por meio do CNA ou das visitas às instituições, deverá ser iniciada uma fase de aproximação dos pretendentes e da criança/adolescente. Nessa fase, tanto os pretendentes quanto as crianças/adolescentes precisam ser preparados para que o conhecimento entre eles se dê da forma mais natural possível. Após algumas visitas, o pretendente poderá levar a(s) criança(s) para passear, depois, para passar o fim de semana na casa da família etc. 6. Requerer a Guarda Provisória para o Estágio de Convivência. O pretendente fará um requerimento ao Juiz da Vara de Infância, solicitando a guarda da criança/adolescente para o chamado “Estágio de Convivência”. Assistentes sociais e psicólogos da Vara da Infância deverão acompanhar esse período de adaptação para opinar se aquela adoção significa o melhor para a(s) criança/adolescente(s) em questão. Passo a passo da adoção AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica 7. Iniciar o processo jurídico da adoção. O processo é gratuito e culminará com a audiência de adoção, a partir da qual será lavrado o novo registro de nascimento. Nos casos em que o conhecimento entre o pretendente e o adotando tenha acontecido fora desse contexto, como nos casos de adoção consentida ou de crianças/adolescentes que já mantinha(m) vínculos afetivos com o pretendente, o processo já se iniciará nessa etapa jurídica. 8. Apoiar novos pais adotivos, participar de um Grupo de apoio à adoção e viver a maternidade/paternidade adotiva com naturalidade. A adoção é uma forma tão digna e tão bela de se ter um filho, quanto a geração biológica. A convivência, no grupo de apoio à adoção, de pais/mães adotivo(a)s, pretendentes à adoção e profissionais diversos envolvidos na causa, estudando várias temáticas relacionadas à adoção e compartilhando suas experiências, permitem um aprendizado contínuo, em busca de convivência adotiva natural e harmoniosa. Passo a passo da adoção AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica O termo “adoção” não é mencionado no registro de nascimento. Registrar filho de terceiros como próprio é crime. Cônjuge ou concubino podem adotar o filho do outro. Não podem adotar: Os ascendentes; Irmãos do adotando. Artigo 39, §1º: A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica Artigo 39, §1º: A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. Artigo 41: A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. AULA 14: LEI DA ADOÇÃO Psicologia jurídica VAMOS AOS PRÓXIMOS PASSOS? Psicologia e o Direito Penal. AVANCE PARA FINALIZAR A APRESENTAÇÃO.
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