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Prática de Ensino em Gestão Educacional Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Julia de Cassia Pereira do Nascimento Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites A Prática de Ensino e o Estágio na Gestão Educacional: o Coordenador Pedagógico e o Supervisor de Ensino • Introdução • A atuação do coordenador pedagógico • O supervisor de ensino • Considerações finais · Organizar informações e produzir saberes a partir da observação em campo de estágio, os quais possibilitem a crítica e as discussões na disciplina Prática de Ensino na Gestão Educacional, com foco na atuação do coordenador pedagógico e do supervisor de ensino. OBJETIVO DE APRENDIZADO Ademais, perceba que a Disciplina em ensino a distância pode ser realizada em qualquer lugar que você tenha acesso à Internet e em qualquer horário. Dessa forma, normalmente com a correria do dia a dia não nos organizamos e deixamos para o último momento o acesso ao estudo, o que implicará no não aprofundamento do material trabalhado, ou ainda, na perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o “momento do estudo”. No material de cada unidade há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, assim como realize as atividades de sistematização, essas que lhe ajudarão a verificar o quanto absorveu do conteúdo: são questões objetivas que lhe pedirão resoluções coerentes ao apresentado no material da respectiva Unidade para, então, prepará-lo(a) à realização das respectivas avaliações. Tratando-se de atividades avaliativas, se houver dúvidas sobre a correta resposta, volte a consultar as videoaulas e leituras indicadas para sanar tais incertezas. ORIENTAÇÕES A Prática de Ensino e o Estágio na Gestão Educacional: o Coordenador Pedagógico e o Supervisor de Ensino UNIDADE A prática de ensino e o estágio na Gestão Educacional: o coordenador pedagógico e o supervisor de ensino Contextualização O trabalho do diretor na escola, atualmente chamado de gestor escolar, não é tarefa fácil e não pode ser solitária. Dentre todos os profissionais envolvidos no processo educacional, dois se destacam no trabalho conjunto com esse gestor no desenvolvimento e na atuação em diferentes áreas da gestão, em especial a pedagógica. Você sabe quem são esses profissionais? Conheça então o coordenador pedagógico e o supervisor escolar. 6 7 Introdução O mundo atual vem consolidando mudanças sociais, culturais, políticas e econômicas. É compreensível, e até esperado, que essas transformações sejam vistas também no cenário educacional. Frente a essa reflexão, gestores, coordenadores e supervisores se deparam com problemas que precisam ser solucionados, colocando em questão valores enraizados. Já vimos as diversas formas de atuação do gestor escolar. Contudo, além desse importante profissional, o processo de gestão inclui a participação ativa da coordenação pedagógica e do supervisor de ensino, com o objetivo de garantir a qualidade do ensino e aprendizagem no espaço escolar. O coordenador pedagógico é o profissional que orienta o trabalho desenvolvido pelos professores no contexto educacional, assumindo uma liderança frente à formação continuada, na construção coletiva do Projeto Político Pedagógico – PPP –, e buscando articular os saberes com as práticas. A esse respeito, Garrido (2005, p.09) enfatiza: O trabalho do professor-coordenador é fundamentalmente um trabalho de formação continuada em serviço. Ao subsidiar e organizar a reflexão dos professores sobre as razões que justificam suas opções pedagógicas e sobre as dificuldades que encontram para desenvolver seu trabalho, o professor-coordenador está favorecendo a tomada de consciência dos professores sobre suas ações e o conhecimento sobre o contexto escolar em que atuam. No que tange a algumas características do coordenador pedagógico, Líbaneo (2004, p.215) elenca: A coordenação é um aspecto da direção, significando a articulação e a convergência do esforço de cada integrante de um grupo visando a atingir os objetivos. Quem coordena tem a responsabilidade de integrar, reunir esforços, liderar, concatenar o trabalho de diversas pessoas. O supervisor de ensino atua como um articulador nas escolas e redes escolares. Dessa forma, deve acompanhar, orientar e avaliar os processos escolares, bem como mediar as políticas públicas e as propostas pedagógicas em cada uma das escolas particulares e públicas. Esse profissional deve romper com a complexidade burocrática e técnica e apropriar-se de sua atuação política, levando em consideração a função social das escolas, viabilizando a qualidade no processo de ensino e aprendizagem. 7 UNIDADE A prática de ensino e o estágio na Gestão Educacional: o coordenador pedagógico e o supervisor de ensino Zieger (2009, p.9) salienta que: Para que o espaço da supervisão se constitua, os supervisores necessitam desenvolver conhecimentos cada vez mais abrangentes, relativos aos fundamentos sócio-pedagógicos e políticos de sua prática, e, ao mesmo tempo, conhecimentos específicos, relativos às competências próprias da função. Os conhecimentos necessários à supervisão associam-se às suas condições de perceber, de modo crítico e fundamentado, as múltiplas alternativas e possibilidades que se representam no horizonte de suas funções, sempre com atenção às práticas cotidianas da escola e às relações orientadas por princípios de dignidade, qualificação e respeito humano. As discussões já propiciadas na disciplina prepararam, portanto, a abordagem sobre a atuação do coordenador pedagógico e do supervisor de ensino e como esses profissionais têm desempenhado os seus papéis na prática educacional, considerando as constantes modificações no mundo atual globalizado. A atuação do Coordenador Pedagógico A literatura aponta que a principal atuação do coordenador pedagógico é a de impulsionar os diversos saberes dos profissionais envolvidos em direção à concretização de práticas pedagógicas enriquecidas. A Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, prevê que o profissional que assume esse compromisso deve ser formado em nível superior por meio do curso de Pedagogia ou de Pós- graduação na área: Art. 64 – A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. (BRASIL, 1996). Observamos, assim, que há uma discrepância entre a teoria e a prática do coordenador pedagógico, ou seja, no campo teórico, houve grandes avanços e passamos do simples ato de fiscalizar para o de articular uma práxis pedagógica. A tarefa de concretização do trabalho é complexa. Como consequência, o cargo de coordenador pedagógico precisa ter criatividade, organização, muito estudo, ser leitor e ouvinte, estar sempre aberto aos novos conhecimentos e inovações e ter uma boa relação interpessoal no cotidiano do universo escolar. A formação para tal função não pode se resumir a títulos acumulados; o profissional precisa ter um olhar reflexivo e crítico sobre a prática pedagógica. Assim, partindo desse princípio, o curso de Pedagogia precisa ter uma preocupação diferenciada 89 para a formação desse profissional, investindo na formação, por se tratar de uma função complexa e essencial no campo educativo, que não pode ser limitada somente p elo aprender do que é visto na prática. Nesse sentido, é preciso que, desde a formação, os futuros profissionais desenvolvam capacidades e habilidades múltiplas de acordo com a educação atual. Fora isso, a formação continuada é importante e necessária pela necessidade de renovação do aprendizado, de se transformar constantemente – desejos presentes na própria natureza do saber humano, que sempre está em busca de novos conhecimentos. A realidade muda, o saber que construímos sobre ela precisa ser revisto e ampliado, sempre dessa forma um programa de educação continuada se faz necessário para atualizar nossos conhecimentos, principalmente para as mudanças que ocorre em nossa prática, bem como para atribuirmos direção esperada a essa mudança. (CHRISTOV, 2003, p. 9) Está implícito na legislação que a atuação do coordenador pedagógico está relacionada ao processo pedagógico-educacional; todavia, esse profissional acaba também gerenciando conflitos e indisciplinas, atividades administrativas que, certamente, comprometem as questões pedagógicas. Caímos, mais uma vez, nas armadilhas da indefinição, não só dessa função, mas fundamentalmente no modo de exercê-la, pois se for por um lado, nega-se a dizer como fazer, por outro, corre-se o risco de ser uma orientadora que apresenta uma ação neutra, descomprometida, vazia de significado. (PIERINI E SADALA, 2008, p.84). Nesse contexto, é preciso estar atento para que o desvio da função do coordenador pedagógico não o desqualifique a ponto de afastá-lo da sua real identidade no ambiente escolar. Nessa linha, Pires ressalta que: A função primeira do coordenador pedagógico é planejar e acompanhar a execução de todo o processo didático-pedagógico da instituição, tarefa de importância primordial e de inegável responsabilidade e que encerra todas as possibilidades como também os limites da atuação desse profissional. Quanto mais esse profissional se voltar para as ações que justificam e configuram a sua especificidade, maior também será o seu espaço de atuação. Em contrapartida, o distanciamento dessas atribuições, seja por qual motivo for, irá aumentar a discordância e desconhecimento quanto às suas funções e ao seu papel na instituição escolar. (PIRES, 2004, p. 182) Para Libâneo (2004), o coordenador pedagógico é o profissional que atua diretamente com os professores, viabilizando todo o trabalho docente, atribuindo assistência didática, para, assim, certamente construir situações didáticas capazes de transformar a prática existente conforme as necessidades de seus alunos. O autor também elenca algumas atribuições que são responsabilidade desse profissional: 9 UNIDADE A prática de ensino e o estágio na Gestão Educacional: o coordenador pedagógico e o supervisor de ensino Responder por todas as atividades pedagógico-didáticas e curriculares da escola e pelo acompanhamento das atividades de sala de aula, visando a níveis satisfatórios de qualidade cognitivas e operativas do processo de ensino e aprendizagem; Supervisionar a elaboração de diagnósticos e projetos para a elaboração do projeto pedagógico-curricular da escola; Propor para discussão, junto ao corpo docente, projeto pedagógico-curricular da unidade escolar; Orientar a organização curricular e o desenvolvimento do currículo incluindo a assistência direta aos professores na elaboração dos planos de ensino, escolha de livros didáticos, práticas de avaliação da aprendizagem; Prestar assistência pedagógico-didática direta aos professores, acompanhar e supervisionar suas atividades tais como: desenvolvimento dos planos de ensino, adequação de conteúdos, desenvolvimento de competências metodológicas, práticas avaliativas, gestão de classe, orientação da aprendizagem, diagnósticos de dificuldades, etc; Coordenar reuniões pedagógicas e entrevistas com professores visando promover inter-relação horizontal e vertical entre disciplinas, estimular a realização de projetos conjuntos entre os professores, diagnosticar problemas de ensino e aprendizagem e adotar medidas pedagógicas preventivas, adequar conteúdos, metodologias e práticas avaliativas. Organizar as turmas de alunos, designar professores para as turmas, elaborar o horário escolar, planejar e coordenar o conselho de classe; Propor e coordenar at iv idades de formação cont inuada e de desenvolvimento profissional dos professores; Elaborar e executar programas e atividades com pais e comunidade, especialmente de cunho científico e cultural; Acompanhar o processo de avaliação da aprendizagem (procedimentos, resultados, formas de superação de problemas, etc.); Cuidar da avaliação processual do corpo docente; Acompanhar e avaliar o desenvolvimento do plano pedagógico- curricular e dos planos de ensino e outras formas de avaliação institucional (LIBÂNEO, 2004, p. 219- 221). O autor entende, ainda, que o coordenador pedagógico também deve coordenar e estimular as ações coletivas dentro da unidade escolar. Essas ações devem estar atreladas ao trabalho pedagógico desenvolvido na unidade escolar; portanto, cabe ao profissional ser o articulador na elaboração do PPP. Compete, portanto, ao Coordenador Pedagógico: [...] em seu papel formador, oferecer condições ao professor para que aprofunde sua área específica e trabalhe bem com ela, ou seja, transforme seu conhecimento específico em ensino. Importa então destacar dois dos principais compromissos do CP: com uma formação que represente o projeto escolar [...] e com a promoção do desenvolvimento dos professores. Imbricados no papel formativo, estão os papéis de articulador e transformador. (PLACCO; ALMEIDA; SOUZA, 2011, p. 230) 10 11 Ainda tratando desse assunto, para Franco (2008, p. 128): Essa tarefa de coordenar o pedagógico não é uma tarefa fácil. É muito complexa porque envolve clareza de posicionamentos políticos, pedagógicos, pessoais e administrativos. Como toda ação pedagógica, esta é uma ação política, ética e comprometida, que somente pode frutificar em um ambiente coletivamente engajado com os pressupostos pedagógicos assumidos. O coordenador pedagógico deve apoiar constantemente os alunos com dificuldades de aprendizagem, organizando atendimentos individuais e em horários diferenciados, a fim de prover meios para a melhoria do rendimento na área de maior fragilidade. Esse apoio pedagógico é primordial, pois essa parceria possibilitará segurança para os professores e a certeza de que não estão sozinhos nessa caminhada incessante rumo à aprendizagem. Outra atribuição do coordenador pedagógico é a de estabelecer o estreitamento de relações da escola com os pais, a partir de projetos de integração. De acordo com Orsolon (2003), algumas atitudes do coordenador pedagógico são essenciais e capazes de provocar mudanças no contexto escolar. São elas: · Proporcionar um trabalho pedagógico de coordenação em junção com a gestão escolar, de forma participativa e democrática, tendo em mente que a integração é o caminho para a transformação; · Promover o trabalho pedagógico coletivamente, pois o caminho para a mudança só acontece se todos se unirem em prol de um objetivo; · Articular a competência docente, levando em consideração os diversos saberes, vivências e o modo de atuação dos estudantes. Criando assim condições para intervir com excelência; · Pleitear a sincronicidade do professor, criando situações que levem a torná-lo reflexivo, capaz de criticar a dimensão cultural, econômica e política de sua atuação; · Investir no processo de formação continuada do professor, de maneira reflexiva, transformando-a sob o norte do PPP da escola; · Fomentar práticas inovadoras, apresentandoaos professores novas possibilidades nas práticas curriculares, conduzindo-as para o ensinar e aprender; · Assegurar parceria com o aluno, incluindo-o no processo de construção do trabalho pedagógico, a fim de proporcionar oportunidades para que os alunos participem com sugestões e críticas; · Estabelecer oportunidades para o professor compartilhar suas vivências em relação ao cotidiano escolar; · Compreender as necessidades e os anseios de todos os envolvidos na dinâmica escolar. O coordenador precisa estar em sintonia com o âmbito social, cultural e educacional da escola, propiciando a tomada de decisões; · Proporcionar situações para que provoque a reflexão rumo à transformação educacional. 11 UNIDADE A prática de ensino e o estágio na Gestão Educacional: o coordenador pedagógico e o supervisor de ensino Essas atitudes mencionadas acima estão atreladas ao trabalho coletivo, ao processo de formação continuada, rumo ao exercício de democracia que possa transformar a gestão escolar em participativa e democrática. O coordenador pedagógico tem o desafio de construir um novo perfil profissional e traçar seu espaço de atuação, mas antes precisa resgatar sua identidade e solidificar um trabalho que vai muito além da dimensão pedagógica. Nessa perspectiva, Fonseca (2001) considera que, para resgatar uma ação mais efetiva, o papel do coordenador pedagógico deve ser pautado na ressignificação de sua atuação. Precisa ser um agente na transformação da realidade, resgatar a coletividade e a esperança em busca de um objetivo comum, gerar trabalho em equipe, superar a fragmentação das práticas educativas, proporcionar a racionalização em termos de recursos, superar as práticas autoritárias e, por fim, aumentar a satisfação profissional. Franco (2008, p. 120) destaca que: Para trabalhar com a dinâmica dos processos de coordenação pedagógica na escola, um profissional precisa ter, antes de tudo, a convicção de qualquer situação educativa é complexa, permeada por conflitos de valores e perspectivas, carregando um forte componente axiológico e ético, o que demanda um trabalho integrado, integrador, com clareza de objetivos e propósitos e com um espaço construído de autonomia profissional. Diante do exposto, compreendemos que é da competência do coordenador pedagógico: · Proporcionar um ensino de qualidade; · Conduzir ações, tomando como ponto de partida o processo de formação continuada dos professores; · Buscar soluções para os problemas que lhe são apresentados; · Sincronicidade com os docentes: a partir da sincronicidade, haverá mudanças significativas no âmbito escolar, capazes de sanar as principais dificuldades e anseios vividos no cotiando. De fato, o coordenador pedagógico não possui respostas prontas para todas as situações problemáticas, pois são grandes os desafios do cotidiano escolar; porém, direciona da maneira mais viável possível para o desenvolvimento de uma prática emancipadora, tendo como recorrência: O conhecimento e a experiência pedagógica dos professores; O princípio da “construção coletiva”, sem mascarar as diferenças e tensões existentes entre todos aqueles que convivem na instituição, considerando que as situações vividas nela se inscrevem num tempo de longa duração bem como as histórias de vida de cada professor; Uma metodologia de trabalho que possibilite aos professores e aos coordenadores atuarem como protagonistas, sujeitos ativos no processo de identificação, análise e reflexão dos problemas existentes na instituição e na elaboração de propostas para sua superação. (LIMA; SANTOS, 2007, p. 87). 12 13 O Supervisor de Ensino No Brasil, a função de supervisão de ensino já se fez presente em 1549 no Plano Geral dos Jesuítas, conforme evidencia Saviani (2010): A função supervisora é destacada das demais funções educativas e representada na mente como uma tarefa específica para a qual, em consequência, é destinado um agente, também específico, distinto do reitor e dos professores, denominado prefeito de estudos. Esse destaque da função supervisora com a explicitação da ideia de supervisão educacional é indício da organicidade do plano pedagógico dos Jesuítas, o que permite falar, ainda que de forma aproximada, que se tratava de um sistema educacional propriamente dito. (SAVIANI, 2010, p. 56) Inicialmente, o papel do supervisor de ensino era o de inspecionar. Na contemporaneidade, é um profissional da Educação, cuja função designa nos órgãos do sistema de ensino. A sua atuação é regulamentada nas políticas educacionais, nas secretarias da Educação e diretorias de ensino. Alonso (2004) considera que o supervisor pedagógico perpassa o técnico- pedagógico, tornando-o político, importando-se com a ação-reflexão que suscita resultados imediatos. Diante disso, o supervisor deve superar essa visão técnica e adquirir uma vasta visão. Há variação na nomenclatura dos órgãos que compõem o sistema educacional. Ainda segundo a autora, a denominação supervisão de ensino adquiriu significados específicos nos diversos sistemas de ensino. No estado de São Paulo, a expressão esteve sempre atrelada ao cargo de “supervisor”, alocado nas delegacias de ensino (Lei complementar número 836, de dezembro de 1997). Nos demais estados, não existe o cargo, mas a função. (ALONSO, 2004, p. 89) A supervisão de ensino educacional deve se conduzir para o seu papel social, para refletir coletivamente a partir do contexto de cada escola, em busca de soluções que transformem a escola em um local de democracia e participação. Na atual conjuntura, o grande desafio dos supervisores de ensino se refere à ampliação do diálogo e a promoção de discussões acerca das situações-problemas, para que coletivamente encontrem respostas. Nessa linha, Silva Jr. (1986, p. 17) salienta que: [...] a esperança que permanece é a de que a emergência de teorias educacionais críticas não-reprodutivistas venha a favorecer a elaboração de concepções e propostas de supervisão escolar que signifiquem a transformação da prática existente e o seu direcionamento bem como o direcionamento dos sistemas em que se inserem, aos anseios e às necessidades da classe dominada. 13 UNIDADE A prática de ensino e o estágio na Gestão Educacional: o coordenador pedagógico e o supervisor de ensino Medina (2005) elaborou um quadro no qual elenca de maneira coerente as mudanças essenciais para que a atuação da supervisão de ensino se torne mais alinhada às novas demandas educacionais. Quadro 1 Tradicional Renovada Ter como objetivo a harmonia do grupo. Explicitar as contradições, trabalhando o conflito com o objetivo de estabelecer relações de trabalho no grupo da escola. Buscar a igualdade num processo de mascaramento da realidade. Trabalhar as diferenças. Trabalhar, tendo como base seu próprio desejo. Trabalhar, buscando criar demandas. Ter a mesma leitura para todas as escolas. Fazer a leitura da escola considerando sua singularidade. Produzir modelos de conhecimento. Criar formas próprias de conhecimento. Enfatizar procedimentos linearizados. Enfatizar a produção do professor no interior da escola, num movimento de ensinar e aprender. Ser um facilitador. Ser um problematizador. Ter o conhecimento como um dado absoluto. Ter o conhecimento como dado relativo. Ver na proposta pedagógica mais uma forma de modismo. Ver na proposta pedagógica a possibilidade de reconstrução da escola. Ter comportamento de neutralidade. Ter comportamento expresso com clareza. Trabalhar tendo em vista um tipo ideal de homem. Trabalhar tendo em vista o sentido da vida humana. Fonte: (MEDINA, 2005, p. 27) Espera-se, portanto, que a ação supervisora priorize os saberes pedagógicos, a participação, a autonomia, tendo como resultado desse processo uma educação transformadora ede qualidade com equidade. 14 15 Considerações fi nais Esta unidade buscou apresentar aspectos conceituais relacionados à atuação da coordenação pedagógica e da supervisão de ensino. Vimos que o coordenador pedagógico é o profissional que atua diretamente com os professores, viabilizando todo o trabalho docente, atribuindo assistência didática para, assim, certamente construir situações pedagógicas capazes de transformar a prática existente conforme as necessidades de seus alunos, preparando os professores para a atuação em uma democracia na qual devem coexistir pessoas com opiniões diferentes. Vimos ainda que o supervisor de ensino é o profissional da educação cuja função designa nos órgãos do sistema de ensino. O seu papel é buscar soluções para transformar a escola em um lócus de democracia e participação. O coordenador pedagógico e o supervisor de ensino devem atuar em conjunto com o diretor/gestor da escola na constituição do que se denomina Trio Gestor. Consideramos, portanto, que esses profissionais devem garantir um ambiente democrático, de modo a provocar inquietações naqueles que se empenham na dinâmica educacional. Todavia, é necessário que esses profissionais estejam atentos aos desafios da sociedade contemporânea, visando a um caminho rumo à transformação. 15 UNIDADE A prática de ensino e o estágio na Gestão Educacional: o coordenador pedagógico e o supervisor de ensino Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites ALVAREZ, Luciana. Os 4 principais desafios do coordenador pedagógico. Revista Educação, n. 216. Disponível em: http://goo.gl/Xa2zgj. Acesso em mar.2016 SERPA, Dagmar. Coordenador pedagógico: o que fazer e o que não fazer. Revista Nova Escola, jun. 2011 Disponível em: http://goo.gl/7ITQKc Acesso em mar.2016 ALMEIDA, Fernando José. Conheça a trindade pedagógica: diretor, coordenador pedagógico e supervisor de ensino. Revista Nova Escola, n. 229, jan./fev. 2010. Disponível em: http://goo.gl/K8Vi3y Acesso em mar.2016. ROCHA, Erimar Pereira. O perfil do supervisor de ensino na atualidade. 2013. Disponível em: http://goo.gl/rYifuD Acesso em mar.2016 16 17 Referências ALONSO, Myrtes. A supervisão e o desenvolvimento profissional do professor. In: SILVA JR., C. A. S.; ARENA, D. B.; LEITE, Y. U. F. (org.). Pedagogia cidadã e gestão do trabalho na escola. São Paulo: UNESP, pró-reitoria de graduação, 2004. BRASIL. Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional: Lei 9394/96, apresentação Carlos Roberto Jamil Cury. 9. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. CHRISTOV, Luiza Helena da Silva. Educação continuada: função essencial do coordenador pedagógico. In: GUIMARÃES, Ana Archangelo et al. (org.). O coordenador pedagógico e a educação continuada. 6. ed. São Paulo: Loyola, 2003. p. 9-12. FONSECA, J. P. Projeto pedagógico: processo e produto na construção coletiva do sucesso escolar. Jornal da APASE, Secretaria de Educação, São Paulo, ASE SP, ano II, n. 3. 2001. FRANCO, Maria Amélia Santoro. Coordenação pedagógica: uma práxis em busca da sua identidade. Revista Múltiplas Leituras, v. 1, n. 1, p. 137-131, jan. 2008. GARRIDO, E. Espaço de formação continuada para professor coordenador. In: BRUNO, E. B. G.; ALMEIDA, L. R.; CHRISTOV, L. H. D. S. (org.). O coordenador pedagógico e a formação docente. 6. ed. São Paulo: Loyola, 2005. LIBÂNEO, José C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. Revista e ampliada. Goiânia: Alternativa, 2004. LIMA, Paulo Gomes; SANTOS, Sandra Mendes dos. O coordenador pedagógico na educação básica: desafios e perspectivas. 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São Paulo: Abril, 2011. Disponível em: http://www.fvc. org.br/pdf/livro2-04- coordenador.pdf Acesso em 18/01/2016. 17 UNIDADE A prática de ensino e o estágio na Gestão Educacional: o coordenador pedagógico e o supervisor de ensino ORSOLON, Luzia Angelina Marino. O coordenador/formador como um dos agentes de transformação da/na escola. In: ALMEIDA, Laurinda Ramalho de; PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza (orgs). O Coordenador Pedagógico e o Espaço de Mudança. São Paulo: Loyola, 2003. SAVIANI, D. A Supervisão Educacional em perspectiva histórica: da função à profissão pela mediação da ideia. In: CARAPETTO, N. S. (org.) Supervisão educacional para uma escola de qualidade. São Paulo: Editora Cortez, 2010. SILVA JUNIOR, Celestino Alves da. Supervisão da educação: do autoritarismo ingênuo à vontade coletiva. São Paulo: Loyola, 1984. ZIEGER, L. Os saberes fazeres da supervisão educacional: perspectivas teóricas- práticas. In: RANGEL, M. Supervisão e gestão na escola: conceitos e práticas de mediação. 2. ed. Campinas, SP: Papirus, 2009. p. 07-95. 18
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