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Princípios Constitucionais do Processo

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Introdução
 
            Princípios podem ser definidos como a verdade básica imutável de uma ciência, funcionando como pilares fundamentais da construção de todo o estudo doutrinário.
            Existem princípios onivalentes, assim chamados porque se aplicam a todas as ciências. São exemplos de princípios onivalentes o princípio da identidade (A é A), e o da não-contradição (A não pode ser não-A). Já outros princípios são de aplicação restrita a uma determinada ciência, como os "Princípios Gerais do Direito". A professora Lúcia Figueiredo, explica serem os Princípios Gerais do Direito "o conjunto de normas gerais, abstratas, não necessariamente positivadas expressamente, porém às quais todo ordenamento jurídico que se construa, com a finalidade de ser um Estado Democrático de Direito deve respeito".
            Dentre estes Princípios Gerais, o objeto de análise do presente trabalho será o Devido Processo Legal. É lícito conceituar, preliminarmente, este princípio a partir do pensamento do jurista Paulo Henrique dos Santos Lucon: "(...) a igualdade interage com o devido processo legal, pois o exercício do poder estatal só se legitima através de resultados justos e conformes com o ordenamento jurídico, por meio da plena observância da ordem estabelecida, com as oportunidades e garantias que assegurem o respeito ao tratamento paritário das partes. Tal é o direito ao processo justo, ou seja, o direito á efetividade das normas e garantias que as leis do processo e de direito material oferecem. A real consecução do acesso á justiça e do direito ao processo exige o respeito às normas processuais portadoras de garantias de tratamento isonômico dos sujeitos parciais do processo. Ao estabelecer a ordem de atos a serem praticados lógica e cronologicamente, com a observância de todos os requisitos inerentes a cada um deles e a exigência da realização de todos a lei pretende atingir um resultado de modo a tutelar quem tem razão. Isso significa atingir a ordem jurídica justa, que tem estreita relação com o devido processo legal, pois igualmente pode ser vista como meio e fim; se de um lado é a própria abertura de caminhos para a obtenção de uma solução justa, de outro constitui a própria solução justa que se espera – justa porque conforme com os padrões éticos e sociais eleitos pela nação. Daí porque o devido processo legal é uma cláusula de abertura do sistema na busca por resultados formal e substancialmente justos. Tal é a amplitude que se espera dessa garantia de meio e de resultado, que desenha o perfil democrático do processo brasileiro na obtenção da justiça substancial."
            A partir da explicação do jurista é possível extrair que o devido processo legal possui duas acepções: a) uma processual, pela qual o exercício da jurisdição deve ser efetuado por órgão competente, previamente estabelecido e com a observância de procedimentos formais, a fim de dar um tratamento justo às partes. b) e uma substancial, que nada mais é uma garantia de limitação do arbítrio estatal na construção e aplicação das leis, autorizando ao julgador questionar a razoabilidade e proporcionalidade de determinada lei.
 
Direito Processual e o Devido Processo Legal
 
            Em uma sociedade evoluída, com o estabelecimento de normas gerais de conduta, cuja observância é imposta a todos os cidadãos, inaceitável é a solução de conflitos por meio da sujeição do mais fraco pelo mais forte. Tal forma de composição de litígios era largamente aplicada em épocas em que o Estado se encontrava ausente, ou sem autoridade suficiente para se impor aos particulares, sendo substituída pela função estatal jurisdicional no decorrer da História.
            Entretanto, ao delegar aos agentes políticos a atividade jurisdicional, como forma de garantir a paz e a estabilidade social, a sociedade exige soluções para seus conflitos através da aplicação de um instrumento com regras previamente definidas pela lei, que regulem a relação jurídica que surgirá entre o Estado e aqueles que o procuram para resolver suas lides. Trata-se do Processo que, como foi dito, é o instrumento colocado à disposição dos cidadãos para a solução de seus conflitos de interesses e pelo qual o Estado exerce a jurisdição.
            Diz a professora Ada Pellegrini Grinover em sua obra sobre Teoria Geral do Processo: “No desempenho de sua função jurídica o Estado regula as relações intersubjetivas através de duas ordens de atividades, distintas, mas intimamente relacionadas. Com a primeira, que é a legislação, estabelece as normas que, segundo a consciência dominante, devem reger as mais variadas relações, dizendo o que é lícito e o que é ilícito, atribuindo direitos, poderes, faculdades, obrigações; são normas de caráter genérico e abstrato, ditadas aprioristicamente, sem destinação particular a nenhuma pessoa e a nenhuma situação concreta; são verdadeiros tipos, ou modelos de conduta (desejada ou reprovada), acompanhados ordinariamente dos efeitos que seguirão à ocorrência de fatos que se adaptem às previsões. Com a segunda ordem de atividades jurídicas, consistente na jurisdição, cuida o Estado de buscar a realização prática daquelas normas em caso de conflito entre pessoas declarando, segundo o modelo contido nelas, qual é o preceito pertinente ao caso concreto (processo de conhecimento) e desenvolvendo medidas para que esse preceito seja realmente efetivado (processo de execução). Nesse quadro, a jurisdição é considerada uma longa manus da legislação, no sentido de que ela tem, entre outras finalidades, a de assegurar a prevalência do direito positivo do país”. (p.44)
            Desprende-se a partir desse conceito que o escopo magno da função estatal (particularmente da Jurisdição) e, por conseqüência, de todo o sistema processual é a pacificação social.
            É o Direito Processual, portanto, o conjunto de normas e princípios que estuda essa atividade substitutiva do Estado e a relação jurídica que irá desenvolver-se entre as partes litigantes e o agente político (juiz) que exerce a função jurisdicional e não um mero estudo dos procedimentos do processo.
            A convergência e interligação harmônica dos princípios do Direito Processual dão origem ao objeto em análise deste trabalho, o Devido Processo Legal, visto que têm como escopo a efetiva aplicação da função jurisdicional, oferecendo às partes uma solução justa (dentro dos padrões esperados e exigidos pela sociedade), na medida em que oferece aos litigantes oportunidades equivalentes a fim de buscarem a satisfação de suas pretensões. Ou seja, a conjugação destes princípios culminará em um processo justo, em um “devido processo”. Os princípios fundamentais são:
 
Princípio da Isonomia 
 
            De acordo com esse princípio constitucional, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5.º, caput, da Constituição Federal). Portanto, os iguais são tratados conforme seus pares e os desiguais conforme os seus, cada qual na medida de suas desigualdades.
 
Princípio do juiz natural (CF, art. 5º, XXXVII e LIII)
 
            Princípio derivado da garantia da imparcialidade do juiz. A imparcialidade do juiz é uma garantia de justiça para as partes. Assim de acordo com o Princípio do Juiz Natural, os litígios serão apreciados pelo juiz que integra o Poder Judiciário, investido de jurisdição (art. 5º, LIII, da Constituição Federal) e por tribunal formado anteriormente ao fato a ser apreciado (art. 5º, XXXVII, da Constituição Federal afirma que não haverá tribunal de exceção).
 
Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional (CF, art. 5º, XXXV)
 
            É o princípio expresso no artigo 5.º, inc. XXXV, da Constituição, que garante a todos o acesso ao Poder Judiciário, não podendo este deixar de atender a quem busque solução para uma pretensão fundada no direito.
 
Princípiosdo contraditório e da ampla defesa (CF, art. 5º, LV)
 
            Pelo princípio do contraditório o órgão judicante não pode decidir uma questão ou pretensão sem que seja ouvida a parte contra a qual foi proposta, resguardando, dessa forma, a paridade dos litigantes nos atos processuais. Já o princípio da ampla defesa assegura a todos que estão implicados no processo que, conforme o contraditório, possam produzir provas de maneira ampla, por todos os meios lícitos conhecidos.
            Em decorrência destes princípios, é obrigatório que se dê ciência a cada litigante dos atos praticados pelo juiz e pelo adversário, para garantir a efetiva participação no processo, inclusive com possibilidade de influir na decisão do juiz.
 
Princípio da ação ou da demanda
 
            É a vontade da parte que instaura o processo, movimentando a máquina judiciária para apreciar determinado caso concreto. É relativo à propositura da ação. O princípio da demanda tem como decorrência o fato do juiz não poder agir de ofício, devendo aguardar a provocação das partes.
Exceção:
-execução trabalhista - Art. 878, CLT (pode ser iniciada ex officio)
 
Princípio do impulso oficial
 
            Uma vez instaurada a relação processual, cabe ao juiz mover o procedimento de fase em fase, visando a rápida solução das causas.
 
Princípios da disponibilidade e da indisponibilidade
 
            No processo civil, é das partes o ônus de iniciar, determinar o objeto, produzir provas e impulsionar o processo, podendo dele dispor (desistir). No processo criminal, via de regra, não há disponibilidade. Tratando-se de direitos disponíveis prevalecerá a verdade formal (a verdade de acordo com as provas apresentadas no processo), já no caso de direitos indisponíveis deverá prevalecer a verdade real (o juiz deverá buscar a verdade além do que foi apresentado no processo se assim for necessário).
 
Princípio dispositivo e princípio da livre investigação das provas
 
            Na instrução da causa, o juiz depende da iniciativa das partes quanto às provas e às alegações em que se fundamentará a decisão. Não é nem função e nem ônus do juiz a produção de provas não requeridas pelas partes. É a regra da iniciativa probatória da parte.
 
Princípio da proibição da prova ilícita (CF, art. 5º, LVI)
 
            São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.
 
Princípio da persuasão racional do juiz
 
            O juiz forma livremente a sua convicção pela análise, apreciação e avaliação das provas produzidas nos autos. Porém, o convencimento deve ser motivado.
 
Motivação das decisões judiciais ou livre convencimento motivado
 
            De acordo com tal princípio, todas as decisões precisam ser fundamentadas sob pena de nulidade. A fundamentação é indispensável para que a parte tenha elementos para recorrer, para que a parte possa ter ciência do motivo da decisão e para garantir a observância do princípio da legalidade.
 
Princípio da publicidade dos atos processuais (CF, art. 5º, LX, e art. 93, IX)
 
            O princípio da publicidade é, sem dúvida, uma das maiores garantias do indivíduo no exercício da jurisdição. Visa assegurar a fiscalização popular sob o trabalho dos juízes, advogados e promotores públicos, tendo em vista a livre consulta dos autos por todos, bem como a presença pública em audiências. Obviamente que o princípio possui exceções, como por exemplo, nos casos em que o interesse social ou mesmo particular venham a exigir discrição e anonimato.
 
Princípio da lealdade processual, da probidade ou da moralidade processual
 
            É dever das partes que integram a relação processual agir com lealdade, boa-fé e urbanidade. 
 
Princípio do duplo grau de jurisdição
 
            O princípio do duplo grau de jurisdição tem por objetivo possibilitar a reapreciação ou revisão da decisão judicial por outro órgão, de superior hierarquia, do Poder Judiciário, em grau de recurso, visando evitar decisões injustas e equivocadas do juízo de primeiro grau.
 
Princípio da economia processual e instrumentalidade das formas
 
            É dever dos juízes e das partes buscar a rápida solução da lide, com a prática do menor número de atos processuais possíveis, afastando-se as diligências inúteis e protelatórias.
 
Identidade física do juiz
 
            O mesmo julgador que inicie a instrução em audiência, deve concluí-la para julgar o caso concreto.
 
Celeridade processual (CF, art. 5º, LXXVIII)
 
            A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
 
 
Histórico do Devido Processo Legal
 
            A garantia do devido processo legal surgiu na Inglaterra do século XIII, sob o reinado de João I, conhecido como João sem terra. O rei foi obrigado a aceitar uma declaração de direitos imposta pelos barões ingleses, que ficou conhecida como Magna Carta (1215). O devido processo legal vem traduzido no parágrafo trinta e nove do documento:
 
            "Nenhum homem livre será detido ou sujeito a prisão, ou privado dos seus direitos ou seus bens, ou declarado fora da lei, ou exilado, ou reduzido em seu status de qualquer outra forma, nem procederemos nem mandaremos proceder contra ele senão mediante um julgamento legal pelos seus pares ou pelo costume da terra".
 
            No Direito norte-americano este princípio tem seu nascedouro graças aos ingleses protestantes que fugiram das perseguições religiosas, trazendo consigo os princípios do Common Law. O Devido Processo aparece já na Declaração de Direitos da Virgínia de 1776 em seu décimo artigo:
 
            “Em todos os processos por crimes capitais ou outros, todo indivíduo tem o direito de indagar da causa e da natureza da acusação que lhe é intentada, tem de ser acareado com os seus acusadores e com as testemunhas; de apresentar ou requerer a apresentação de testemunhas e de tudo que for a seu favor, de exigir processo rápido por um júri imparcial e de sua circunvizinhança, sem o consentimento unânime do qual ele não poderá ser declarado culpado. Não pode ser forçado a produzir provas contra si próprio; e nenhum indivíduo pode ser privado de sua liberdade, a não ser pôr um julgamento dos seus pares, em virtude da lei do país”.
 
            E novamente aparece na 5ª Emenda à Constituição Americana, proposta em 1791:
 
            “No person shall be held to answer for a capital, or otherwise infamous crime, unless on a presentment or indictment of a Grand Jury, except in cases arising in the land or naval forces, or in the Militia, when in actual service in time of War or public danger; nor shall any person be subject for the same offense to be twice put in jeopardy of life or limb; nor shall be compelled in any criminal case to be a witness against himself, nor be deprived of life, liberty, or property, without due process of law; nor shall private property be taken for public use, without just compensation”.
 
            Através dessa emenda foi introduzido no mundo jurídico o termo “Due Process of Law”, estabelecendo que "nenhuma pessoa pode ser privada da vida, liberdade ou propriedade, sem o devido processo legal". Entretanto essa cláusula só se referia, no momento em que foi criada, ao processo na acepção procedimental (Procedural Due Process). Só em 1890, graças às construções jurisprudências da Suprema Corte Americana, foi incorporado a esta cláusula o sentido substancial, com o escopo de proteger os direitos assegurados pela Bill of Rights. Protegendo assim os direitos fundamentais contra ações arbitrárias do Estado.
 
            Citando outro exemplo de forma mais sucinta, é possível também observar o Devido Processo na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão em seus artigos sétimo e oitavo:
 
            Art. 7.º Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescrita. Os que solicitam,expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência.
            Art. 8.º A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada.
            No Brasil, o princípio do Devido Processo aparece vagamente na área criminal e na forma procedimental já na Constituição de 1824:
 
            Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Imperio, pela maneira seguinte.
       
            VIII. Ninguem poderá ser preso sem culpa formada, excepto nos casos declarados na Lei; e nestes dentro de vinte e quatro horas contadas da entrada na prisão, sendo em Cidades, Villas, ou outras Povoações proximas aos logares da residencia do Juiz; e nos logares remotos dentro de um prazo razoavel, que a Lei marcará, attenta a extensão do territorio, o Juiz por uma Nota, por elle assignada, fará constar ao Réo o motivo da prisão, os nomes do seu accusador, e os das testermunhas, havendo-as. 
 
            Após a Proclamação da República veio a Constituição de 1891, com clara inspiração na Constituição Americana. Da mesma forma que a Constituição anterior, a de 1891 não trouxe de maneira expressa o Devido Processo Legal, mas já trazia a garantia da ampla defesa:
 
            Art. 72 A Constituição assegura a brazileiros e a estrangeiros residentes no paíz a inviolabilidade dos direitos concernentes á liberdade, á segurança individual e á propriedade nos termos seguintes:
 
            § 16 – Aos accusados se assegurará na lei a mais plena defesa, com todos os recursos e meios essenciaes a ella, desde a nota de culpa, entregue em vinte e quatro horas ao preso e assignada pela autoridade competente, com os nomes do accusador e das testemunhas."
 
Na Constituição de 1934:
 
            Art. 113 A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no paiz a inviolabilidade dos direitos concernentes á liberdade, á subsistencia, á segurança individual e á propriedade, nos termos seguintes:
 
            24) A lei assegurará aos accusados ampla defesa, com meio e recursos essenciaes a esta.
 
Na Constituição de 1937:
 
            Art. 122 A Constituição assegura aos brasileiros, estrangeiros residentes no país o direitos à liberdade, à segurança individual e á propriedade, nos termos seguintes:
 
            11) À exceção do flagrante delito, a prisão não poderá efetuar-se senão depois de pronúncia do indiciado, salvo os casos determinados em lei e mediante ordem escrita da autoridade competente. Ninguém poderá ser conservado em prisão sem culpa formada, senão pela autoridade competente, em virtude de lei e na forma por ela regulada; a instrução criminal será contraditória, asseguradas, antes e depois da formação da culpa, as necessárias garantias de defesa.
 
            A Constituição de 1946, elaborada com bases democráticas trouxe em seu texto:
 
            Art. 141 A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos têrmos seguintes:
 
            § 4º - A lei não poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão de direito individual.
 
            § 25 – É assegurada aos acusados plena defesa, com todos os meio e recursos essenciais a ela, desde a nota de culpa, que, assinada, pela autoridade competente, com os nomes do acusador e das testemunhas, será entregue ao preso dentro de vinte e quatro horas. A instrução criminal será contraditória.
 
            A Constituição de 1967 por estar inserida em um contexto ditatorial e repressor trouxe em seu texto as garantias fundamentais, entretanto, estas obviamente não foram respeitadas.
 
            Art. 150 A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos têrmos seguintes:
 
            § 15 – A lei assegurará aos acusados amplos defesa, com os recursos a ela inerentes. Não haverá fôro privilegiado nem tribunais de exceção.
 
            Finalmente, a Constituição de 1988, também chamada de Constituição Cidadã que pela primeira vez trouxe, de forma expressa, em seu texto o princípio do Devido Processo Legal em seu artigo quinto.
 
            Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
 
            XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
 
            LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
 
            LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
 
 
Jurisprudência
 
            Por mais absurdo que possa parecer, em um Estado Democrático de Direito ainda ocorrem afrontas ao princípio do Devido Processo Legal como é possível observar nos seguintes acórdãos:
 
RECURSO ORDINARIO TRABALHISTA: RO 94900312009506 PE 0094900-31.2009.5.06.0013 
PROBATÓRIO DO AUTOR. PROVA TESTEMUNHAL. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. Deve o julgador, ao analisar as provas... colhidas nos autos, valer-se do princípio do ônus da prova, bem como do princípio do livre convencimento motivado... constantes dos autos, indicando os motivos que lhe formaram o convencimento. Inteligência do art. 818 da CLT e dos artigos 333 e 131 do Código de Processo Civil .... 
6.10. Princípio da oralidade
Da mesma forma que o anterior, este princípio, também, apresenta ligação indissolúvel com o procedimento, devendo o juiz observar a mesma forma de conduzir o processo.
O princípio propicia a garantia de permitir a documentação mínima dos atos processuais, sendo registrados apenas aqueles atos tidos como essenciais. É um princípio que se faz presente no artigo 13 da Lei 9099/95.
ConclusãoPROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
 
DOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Diversos autores estipulam os mais variados princípios do processo administrativo fiscal. Conforme se observa, alguns príncípios são comuns a todos os doutrinadores, como legalidade, verdade material... NO entanto, é nas linhas de Marcos Vinicius Neder e Maria Teresa Martínez López que se encontra definição mais didática para o estudo. Assim, de acordo com o observado na Lei 9.784/99 e no Decreto 70.235/72, são dividos os princípios do processo administrativo fiscal em 3 categorias: 
I - PRINCÍPIOS PROCESSUAIS NA CONSTITUIÇÃO
II - PRINCÍPIOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
III - PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL 
 
I - DOS PRINCÍPIOS PROCESSUAIS CONSTITUCIONAIS 
De acordo com o autor Marcus Vinícius Neder, "toda compreensão do Direito Processual, em especial do Proceso Administrativo Fiscal, depende dos exames acurados dos princípios constitucionais (implícitos e explícitos), já que estes é que conferem estruturas e coesões ao ordenamento jurídico". 
Princípio do Devido Processo Legal - previsto no art. 5º, inciso LIV, este princípio é considerado o princípio fundamental do processo por ser base o qual os outros se sustentam. No âmbito do processo administrativo, esse princípio decorre do art. 5º, inciso LIV. Assim, esse princípio consiste na garantia aos contribuintes de obter a utilização de todos os colorários do processo, como por exemplo, contraditório e ampla defesa. 
Princípio do Contraditório- este princípio tem íntima ligação om o da igualdade das partes e se traduza de duas formas: por um lado, pela necessidade de se dar conhecimento da existência da ação e de todos os ayos do processo às partes, e de outro, pela possibilidade das partes reagiren aos atos que lhe forem desafavoráveis. 
Princípio da ampla defesa - consiste na possibilidade de rebater acusações , alegações, argumentos, intrpretações de fatos, interpretações jurídicas . No processos administrativo, há previsão para a observância do contraditório e da ampla defesa na lei 9784/99, em seu artio 18, § 7º. 
Direito de petição - este direito no processo administrativo está assegurado no artigo 5º, XXXIV da Constituição Federal. A garantia do direito de petição há de ser entendida como o direito de obter do Poder Público a manifestação sobre o que lhe for solicitado, abrange a manifestação. 
Princípio da Isonomia - a aplicação deste pricnípio visa proteger a sociedade primordialmente contra o arbítrio administrativo, impedidno a prática de atos administrativos com fundamento em pareciações de natureza meramente subjetiva, assegurando critérios objetivos no exercício do poder discricionário conferido as autoridades administrativas de modo que sejam adotadas as mesmas medidas e as mesmas condições a todos os particulares, ou seja no campo processual, os litigantes devem receber tratamento imparcial. 
Princípio da publicidade - decorre do art. 5º, inciso LX da Constituição Federal e danecessidade de transparência e visibilidade da atuação administrativa. No processo adminsitrativo fiscal, este princípio deve ser aplicado com cautela, em face do sigilo que a Administração deve guardar a respeito da vida do contribuinte. 
Princípio da motivação das decisões - os atos administrativos deverão ser motivados de modo explícito, claro e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos anteriores e com a indicação dos fundamentos e fatos jurídicos que o embasaram. 
Jurisprudência:
E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO - EXIGÊNCIA LEGAL DE PRÉVIO DEPÓSITO DO VALOR DA MULTA COMO CONDIÇÃO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ADMINISTRATIVO - OCORRÊNCIA DE TRANSGRESSÃO AO ART. 5º, LV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - NOVA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL FIRMADA PELO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - RECURSO DE AGRAVO PROVIDO. - A exigência legal de prévio depósito do valor da multa, como pressuposto de admissibilidade de recurso de caráter meramente administrativo, transgride o art. 5º, LV, da Constituição da República. Revisão da jurisprudência: RE 390.513/SP (Pleno). 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL TRIBUTÁRIO. RECURSO ADMINISTRATIVO DESTINADO À DISCUSSÃO DA VALIDADE DE DÍVIDA ATIVA DA FAZENDA PÚBLICA. PREJUDICIALIDADE EM RAZÃO DO AJUIZAMENTO DE AÇÃO QUE TAMBÉM TENHA POR OBJETIVO DISCUTIR A VALIDADE DO MESMO CRÉDITO. ART. 38, PAR. ÚN., DA LEI 6.830/1980. O direito constitucional de petição e o princípio da legalidade não implicam a necessidade de esgotamento da via administrativa para discussão judicial da validade de crédito inscrito em Dívida Ativa da Fazenda Pública. É constitucional o art. 38, par. ún., da Lei 6.830/1980 (Lei da Execução Fiscal - LEF), que dispõe que "a propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo [ações destinadas à discussão judicial da validade de crédito inscrito em dívida ativa] importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto". Recurso extraordinário conhecido, mas ao qual se nega provimento. 
II - DOS PRINCÍPIOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Principio da legalidade - princípio basilar do Estado Democrático de Direito que vincula a atividade da administração à lei. Deste modo, temos que a conduta da administração tem que tirar seu fundamento inexoravelmente do conteúdo legal, sendo vedado qualquer atuação fora, contra ou em inobservância da lei. Em crasso modo, podemos dizer que a administração só pode atuar na medida em que a lei preveja essa sua atuação (atividade vinculada da administração). Em outra instância - sede tributária - temos a preocupação em inviabilizar a arbitrariedade do Estado na majoração dos tributos de maneira injustificada - artigo 150, inciso I CTN. 
Princípio da moralidade - Consiste em uma regra geral do direito no qual se exige uma conduta ética, de boa fé e leal da Administração Pública, desde o lançamento do crédito tributário até o trâmite final do processo administrativo. Não é difícil a percepção de que tais valores são mutáveis na medida em que a própria sociedade propõe sua mudanca, entretanto, temos a obrigatoriedade da sua observância porquanto a sociedade considerá-las válida. Ademais, vale mencionar que este princípio fundamenta-se na idéia de um interesse público em detrimento de um interesse particular. Por fim, e a título de curiosidade, temos que praticamente todas as alterações em âmbito administrativo tiveram como ratio a coibição de abusos por parte da Administração. 
Princípio da Segurança Jurídica – neste momento temos que o ideal configura-se na estabilidade das relações jurídicas, por onde a administração tem o dever de observá-la em prol do contribuinte. Nada obstante, temos que a imutabilidade das relações jurídicas não deve ser dotada de proteção absoluta tendo em vista que a sua “demasia conduz inexoravelmente à complicação e ao formalismo” (Ricardo Lobo Torres). Portanto, o que se pretende com este princípio é a proteção do contribuinte contra a arbitrariedade do Estado, devendo-se primar pela imutabilidade das relações jurídicas somente na medida em que se esteja protegendo o primeiro contra os abusos do segundo. 
Princípio da eficiência – consiste em um princípio fundamental da administração tendo em vista que sua “credibilidade está intimamente relacionada com a eficiência de seus serviços e qualificações de seus servidores”. Deste modo, cabe a Administração zelar pelo seu aperfeiçoamento para que assim consiga manter coerência com sua ratio essendi. Nada obstante, temos que a mais importante forma de instrumentalização deste princípio, em âmbito tributário, se perfaz na duração razoável do processo - que, diga-se, pode ser solicitada ao judiciário. 
O princípio da razoável duração do processo aplicado ao PAF
III - DOS PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
            Os princípios específicos do processo administrativo fiscal são: I - Princípio da verdade material,        II - Princípio do informalismo moderado, III - Princípio da oficialidade, IV - Princípio da preclusão.
 I - DO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL
O processo fiscal tem por finalidade garantir a legalidade da apuração da ocorrência do fator gerador e a constituição do crédito tributário. Deve, portanto, o julgador, exaustivamente, pesquisar se, de fato, ocorreu a hipótese abstratamente prevista na norma e, em caso de impugnação do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade, independente do alegado e provado. Dessa forma o administrador é obrigado a buscar não só a verdade posta no processo como também a verdade de todas as formas possiveis. A própria administração  produz provas a favor do contribuinte, não podendo ficar restrirto somente ao que consta no processo.
Neste sentido, em decorrência do princípio da legalidade, a autoridade administrativa tem o dever de buscar a verdade material.
A verdade material é um princípio específico do processo administrativo, contrapondo-se ao princípio do dispositivo, próprio do processo civil.
 
1-  PROCESSO CIVIL    X    PROCESSO ADMINISTRATIVO : 
    verdade formal       X     verdade material
a) Processo Civil
Como bem aponta Marcos Neder e Maria Teresa Martínez, o processo desenvolvido no judiciário busca a verdade formal, que é obtida apenas no exame dos fatos e provas trazidas aos autos pelas partes (art. 128 do CPC).
Nele, a regra geral é ojuiz se manter neutro na pesquisa da verdade, devendo ater-se ao alegado pelas partes no devido tempo, uma vez que elas têm o ônus da prova. Não se pretendeatingir a verdade absoluta, uma vez que é quase sempre inatingível. Obtém-se apenas um juízo de verossimilhança ou probabilidade da ocorrência dos fatos, valendo-se da discussão travada de forma dialética no processo.
As partes trazem suas provas e o julgador as examina, podendo requerer outras se julgar necessário.
As regras processuais vêm no sentido de auxiliar o julgador na condução do processo e na obtenção de um grau de certeza que lhe permita solucionar o litígio. São regras de fixação formal da prova.
 
b) Processo Administrativo
No processo admninistrativo, há uma maior liberdade na busca das provas necessárias a formação da convicção do julgador sobre o sfatos alegados no processo. Importante ressaltar que esta busca, no entanto, não pode transformá-lo num inquisidor sob pena de prejudicar a imparcialidade. O poder instrutório do julgador é definido pelos limites da lide formada nos autos. Essa maior liberdade no processo administrativo decorre do próprio fim visado como controle administrativo da legalidade, uma vez que, não havendo interesse subjetivo da Administração na solução do litígio, é possível o cancelamento do lançamento baseado e, evidências trazidas aos autos após a inicial. O processo administrativo significa uma autotutela, porque a própria administração revê os atos que ela mesmo praticou. 
Obs. PROCESSO X PROCEDIMENTO.
Existem  várias discussões a respeito da importancia do PAF. Se a própria  administração tem interesse em verificar a legalidade existe lide? Existe lide no PAF? Essa  discussão é interminável porque o próprio decreto fala em processo, litígio. Nao ha resposta fechada para essa questão. Ha quem diga que é processo,porque no momento em que o contribuinte apresenta está havendo contestação. Por outro lado, ha quem diga que o contribuinte está  respondendo, visto que a fazenda está revendo seus próprios atos e por isso não existe contraposição de interesses. Nãocontrapões o contribuinte e sim  busca a verdade. 
é importante essa discussão porque caso a  fazenda tenha interesse, ela vai ter que buscar a verdade material, não pode apenas se conformar com a verdade somente do processo. Tem a necessidade de realizar a  diligência mesmo que o contribuinte não solicite. 
2 - MAS O QUE É O PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL?
Nas linhas de Odete Medauar, "o princípio da verdade material ou verdade real, vinculado ao princípio da oficialidade, exprime que a Administração deve tomar decisões com base nos fatos tais como se apresentam na realidade, não se satisfazendo  com a versão oferecida pelos sujeitos. Para tanto, tem o direito e o dever de carrear para o expediente todos os dados, informações, documentos a respeito da matéria tratada, sem estar jungida aos aspectos considerados pelos sujeitos".
Neste sentido, como bem assinala Alberto Xavier, a lei concede ao órgão fiscal meios instrutórios amplos para que venha formar sua livre convicção sobre os verdadeiros fatos praticados pelo contribuinte.  E seguindo sua ótica, pode-se dizer que é lícito ao órgão fiscal agir com vistas a corrigir os fatos inveridicamente postos ou suprir lacunas na matéria de fato, podendo ser obtidas novas provas. Estas últimas poderão ser obtidas por meio de diligências e perícias.
Tendo em vista o exposto à cima, no que toca o processo administrativo, bem como a definição do princípio da  verdade material dentro do mesmo processo, imprescindível faz-se observar o disposto no artigo 36 da Lei 9.784/99, quando assinala a obrigatoriedade de fornecimento de documentos pela Fazenda, o que configura importante contribuição para aplicação do princípio da verdade material.
artigo 36, Lei 9.784/99:  "Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, a obtenção dos documentos documentos ou das respectivas cópias".
 
II - DO PRINCÍPIO DO INFORMALISMO MODERADO
Como informa Carlos Alberto Álvaro de Oliveira, o formalismo, em sentido amplo, compreende a totalidade formal do processo, abrangendo não só as formalidades, mas especialmente a delimitação de poderes, faculdades e deveres dos sujeitos processuais, coordenação de sua atividade, ordenação de procedimento e organização do processo, com vistas a que sejam atendidas as suas finalidades primordiais. 
Conforme expõe Marcos Neder e Maria Teresa Martínez, o Direito brasileiro, com exceção dos juizados especiais, inclinam-se peo rigor formal. A exigência de uma forma predeterminada tem, como escopo, restringir o arbítrio judicial e organizar os atos processuais de modo a promover a igualdade das partes e emprestar maior eficiência ao processo. Assim, o desenvolvimento do processo e os atos processuais são previamente estabelecidos em lei (art.2º, 2ª parte, CPC).
Em paralelo ao formalismo tradicional do processo civil, está o processo administrativo fical, revelando pequenas incorreções de forma, de modo a possibilitar o acesso do administrado ao processo da maneira mais simples possível, uma vez que não há necessidade do constribuinte ser representado por advogado.
E é esta a orientação do artigo 2º, inciso IX da Lei 9.784/99:
"...adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado graus de certeza e respeito aos direitos dos administrados".
Trata-se da informalidade moderada, que é a mais adequada ao autocontrole da legalidade pela Administração Pública e mais aberta à busca da verdade material (base de todo sistema), desde que preserve as garantias fundamentais do administrado.
Bem ensina Hely Lopes Meirelles, quando enfatiza que "o princípio do informalismo dispensa ritos sacramentais e formas rígidas para o processoa dministrativo, principalmente para os atos a cargos do particular. Bastam formalidades estritamente necessárias à obtenção da certeza jurídica e à segurança procedimental". Lembra ele que de acordo com Garrido, "este princípio é de ser aplicado com espírito de benignidade e sempre em benefício do administrado, para que, por defeito de forma, não se rejeitem atos de defesae recursos mal qualificados." Realmente - continua Hely Lopes -, o processo administrativo deve ser simples, despido de exigências formais excessivas, tanto mais que a defesa pode ficar a cargo do próprio administrado, nem sempre familiarizado com os meandros processuais"'. 
No entanto, não há como aceitar uma informalidade absoluta. O direito à prova não é ilimitado. Existem ritos e formas inerentes a todos os procedimentos. Se de um lado, o formalismo exagerado tem o incoveniente de restringir a possibilidade de defesa do contribuinte, tendo em vista a dificuldade da apresentação de todas as alegações e provas no início do processo, podendo a exclusão de alegçaões e pleitos, ocorrer sem culpa da parte; do outro lado, o informalismo absoluto, não só impossibilitaria a garantia o andamento do procedimento até à decisão, tendo em vista a possibilidade de protelação injustificada que poderia ser gerada, como também, não conseguiria dar garantias ao contribuinte perante o Estado, uma vez que os atos processuais e suas formas são determinados em lei justamente para isso.
Deste modo, como lembra Paulo Bonilha, "o processo administrativo deve observar a forma e os requisitos mínimos indisénsáveis à regular constituição e à segurança jurídica dos atos que compõem o processo". Neste contexto, a concentração dos atos em moemtnos processuais oportunos tem a finalidade de proteger o Estado contra a protelação injustificada do processo.
Conforme aponta Marcos Neder, a realidade dos últimos anos do processo administrativo fiscal é que o órgão fiscal vem se defrontando com um acúmulo significativo de processos.  O que tem levado a modificações da legislação processual para introduzir limites ao direito à prova, estabelecendo assim, a preclusão dos meios de defesa processual. E neste sentido, ressalte-se as regras de preclusão probatória estabelecidas no artigo 16, do Decreto70.235/72.
Para concluir, Marcos Neder e Maria Teresa defendem que, deste modo,  o informalismo deve ser uma valor a informar o processo administrativo fiscal, desvendo ser observada a sitematização necessária à sua condução eficiente. O mínimo indispensável não deve prevalescer.
 
III - DO PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE
Este princípio informa que compete à própria Administração impulsionar o processo até seu ato-fim, qual seja, a decisão. E neste sentido informa o artigo 2º, inciso XII da Lei 9.784/99, quando prevê a "impulsão de ofício do processo administrativo, sem prejuízo da atuação de interessados". No mesmo sentido, dipõe o Decreto 70.235/72, em seu artigo 18, quando prescreve que a autoridade pode determinar,de ofício, a realização de diligências ou perícias, quando as entender necessárias.
Para Hely Lopes Meirelles, "o princípio da oficialidade atribui sempre a movimentação do processo administrativo à Administração, anda que instaurado por provocação do particular: uma vez iniciadopassa a pertencer ao Poder Público, a quem compete o seu impulsionamento, até a decisão final. Se a administração o retarda, ou dele se desinteressa, infringe o princípio da oficialidade, e seu agentes podem ser res ponsabilizados pela omissão. Outra consequência deste princípio é a de que a instância não perime, nem o processo se extingue pelo decurso do tempo, senão quando a lei expressamente o estabelecer".
 São apontadas ainda algumas decorrências de tal princípio pela professora Odete Medauar, tais quais: 
" i - a atuação da Administração no processo tem caráter abrangente, não se limitando aos aspectos suscitados pelos sujeitos; 
ii - a obtenção de provas e dados para esclarecimento de fatos e situações deve também ser efetuada de ofício, além do pedido dos sujeitos; 
iii - a inércia dos sujeitos (particulares, servidores e órgãos públicos interessados) não acarreta paralisação do processo aministrativo".
 
IV - DO PRINCÍPIO DA PRECLUSÃO
 O princípio da preclusão está ligado ao princípio do impulso processual. 
De acordo com Ada Pellegrini, "consiste em um fato impeditivo a garantir o avanço progressivo da relação processual e a obstar o recuo às fases anteriores do procedmiento. Por força deste princípio, anula-se uma faculdade ou o exercício de algum poder ou direito processual".
No processo fiscal, como bem apontam Marcos Neder e Maria Teresa Martínez, a inicial e a impugnação fixam os limites da controvérsia, integrando o objeto da defesa às afirmações contidas na petição inicial e na documentação que a acompanha. Se o contribuinte não contesta alguma exigência feita pelo FISCO, na fase da impugnação, não poderá mais  contentá-la no recurso voluntário. 
A preclusão ocorre com relação à pretensão de impugnar ou recorrer à instância superior.
De acordo com Neder e Maria Teresa, na sistemática do processo administrativo fiscal, as discordãncias recursais não devem ser opostas contra o lançamento em si, mas contra as questões processuais e de mérito decididas em primeiro grau.
Como no processo civil, no processo administrativo fiscal, como se observa nas regras do Drecreto 70.235/72, há previsão da concentração dos atos processuais preestabelecidos:
artigo 16 do Decreto 70.235/72: "A impugnação mencionará: III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância, as razões e provas que possuir".
Seguindo esse mesmo raciocínio, o artigo 17 do PAF considera não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante; pois, de acordo com este dispositivo, não é lícito inovar na postulação recursal para incluir questão diversa daquela que foi originariamente deduzida quando da impugnação do lançamento na instância a quo, como enfatizam Neder e Maria Teresa. Segundo eles, apenas os fatos ainda não ocorridos na fase impugnatória ou os de que o contribuinte não tinha conhecimento é que podem ser suscitados no recurso ou durante o seu processamento.
Importante informar que este tratamento não tem sido levado às últimas conseqüências pela Fazenda nos casos de inovação de prova, mediante juntada nos autos de elementos não submetidos à apreciação da autoridade competente. Nesta hipótese, por força do princípio da verdade material, impõe-se o exame dos fatos. Sobretudo, se os documentos alteram, substancialmente, a prova do fato constitutivo. 
Assim, acentua Neder, que o direito da parte à produção de provas comporta graduação a critério da autoidade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca de sua utilidade e necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade desejável e a segurança indispensável na realização da Justiça. 
Como ensina Moacyr Amaral Santos, "o que a lei visa, precipuamente, quando traça normas para apresentação de documentos, é vedar a ocultação deles na fase de integração da lide, quer dizer, na fase da formação da questão sujeita a debate das partes e sobre a qual deverá decidir o órgão judicial. O a lei visa é afastar ou, ao menos, reduzir a possibilidade de ficarem o Juiz e as partes à mercê de surpresas consistentes no aparecimento de documentos de que a parte, premeditadamente, guarde segredo para, ocasião propícia, quando não haja mais oportunidade para discussões e mais provas, oferecê-los em juízo".
Como se pode observar, o artigo 38 da Lei 9.784/99 flexibiliza o rigor do artigo 16 do Drecreto 70.235/72, permitindo que requerimentos probatórios possam ser feitos até a tomada da decisão administrativa.
E neste mesmo sentido, está o artigo 63, parágrafo 2º da Lei 9.784/99, que admitea revisão pela Administração do ato ilegal mesmo não tendo sido conhecido o recuso desde que não operada a preclusão administrativa.  Do mesmo modo, está o parágrafo único do artigo 65 da Lei 9.784/99, quando diz que poderão ser revistos, a qualquer tempi, os processos administrativos de que resultem sanções quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes sucetíveis de justificar a indequação da sanção aplicada.
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 Caso Gerador - Aula 13:
Inicialmente, cabe aqui salientar a importância da via administrativa como primeira instância para discussão sobre determinado crédito tributário, pois sem ela o contribuinte estaria sujeito direta e definitivamente à esfera judicial, abstendo-se de uma dupla oportunidade de resolução. 
Posto isso, passamos ao caso proposto, no qual tem-se o envio de um Auto de Infração por parte da Administração Pública, referente a um crédito tributário que não foi devidamente quitado pelo contribuinte. 
Fato é que tal Auto de infração se trata de um ato isolado da Administração Pública para cobrança dos valores devidos em decorrência de créditos tributários. Em raciocínio a contrário sensu, um procedimento administrativo só tem início a partir da impugnação do contribuinte, pois caso o contribuinte não impugne a atuação, não há procedimento algum, vez que um procedimento se trata de uma seqüência de atos. No Processo Administrativo Fiscal o Estado não está imputando um débito a qualquer custo ao contribuinte, e sim buscando a verdade, saber se houve a prática do fato gerador. Sendo assim, não se trata de processo, mas sim de procedimento, pois não há lide, ambos os pólos estão em busca da verdade. 
Todos os entes têm competência para legislar sobre o Processo Administrativo Fiscal; cada ente da Federação deverá produzir uma norma sobre o assunto. Na ausência de legislação aplica-se a lei federal, qual seja o decreto 70.235/72, que foi recepcionado com status de lei. 
Já os princípios são as diretrizes do ordenamento jurídico e a partir de seu elevado grau de abstração indicam o objetivo a ser alcançado, ou seja, são as normas nucleares que propagam o espírito normativo a ser seguido por todo o sistema. Tais princípios se dividem em duas classes: os Princípios Constitucionais e os Princípios Especiais do Processo Administrativo Fiscal. 
A partir de então, deverá ser feita análise do caso proposto quanto ao respeito a tais princípios. 
Em observância ao Princípiodo Devido Processo Legal, pelo qual qualquer indivíduo tem direito ao contraditório, a utilizar todos os meios possíveis para se defender, o procedimento deve ser instaurado para o individuo ser expropriado, pois caso contrário, se o contribuinte tiver acesso negado a outras instancias, tal princípio estará sendo ferido. Assim sendo, com o recebimento do Auto de Infração, tendo o contribuinte apresentado sua defesa, está respeitado o Principio do Contraditório, que é a possibilidade de manifestação das partes diante de novos fatos, ou seja, o direito de se manifestar sempre que a outra parte se manifestar; tal como o Princípio da Ampla Defesa - direito de utilizar os recursos para se defender – uma vez que a apresentação de provas foi aceita e tais provas foram recebidas pela Administração. 
No Processo Administrativo Fiscal existe a regra da indispensabilidade do advogado, que exclui a necessidade de representação, determinada pelo Princípio do Informalismo Moderado, princípio específico do Processo Administrativo – este princípio objetiva o desapego às formalidades excessivas dos ritos processuais, pois o processo administrativo deve ser o mais simples possível (Artigo 2º § único, incisos VIII e IX, da Lei 9.784/99). Dessa forma, o Princípio da Publicidade – pelo qual todos os atos devem ser publicados, ou levados pessoalmente ao conhecimento do contribuinte – ocorre, em regra, por intimação pessoal, diferentemente do Processo Judicial onde há necessidade da publicação em Diário Oficial. 
Entretanto, a decisão em primeira instância, que mantém a alegação do não pagamento de créditos tributários pelo contribuinte, aparentemente, desrespeita o Princípio da Motivação das Decisões – que é aplicado tanto no processo judicial, quanto nos processos administrativos. Isso porque, tendo o contribuinte comprovado o pagamento dos valores devidos, a decisão que mantém a denúncia da autuação parece não ser devidamente fundamentada, vez que a alegação de pagamento irregular decorre de um erro meramente formal, que foi o preenchimento da guia de recolhimento errada. Tendo o pagamento sido efetuado, e devidamente comprovado pelo contriuinte, a autuação tem teor dotado de incoerência, cujos argumentos não são fáticos para fundamentar a decisão. Dessa forma, sem motivação, a decisão é nula. 
O presente trabalho referiu-se aos princípios do Direito Processual. O Direito Processual integra o Direito Público, sendo o ramo jurídico que se ocupa do processo. E Princípios, segundo os filólogos, é origem, fonte, causa primaria, germe. Assim, os princípios do Direito Processual dizem respeito às bases estruturais desse ramo do Direito.
Direito Processual é o ramo do direito público que contém o repositório de princípios e normas legais que regulamentam os procedimentos jurisdicionais, tendo como objetivo administrar o direito.
Tal ramo estrutura os órgãos de justiça de modo a disciplinar a forma que devem ter os processos judiciais para serem processados pelo sistema judiciário. O direito processual dá, em outras palavras as diretrizes, as instruções sobre como pedir em juízo a satisfação de um determinado direito. E é assim, por meio do processo, com seu conjunto ordenado de etapas, indo desde a petição inicial até a sentença transitada em julgado que se aplica o direito positivo.
A importância e a garantia fundamental que integram os princípios no processo, estabelecem que eles devem ser respeitados na elaboração das normas infraconstitucionais e na aplicação do Direito Processual, isto é, no cotidiano das lides forenses, sob pena de afronta direta à Constituição Federal e correspondente nulidade do ato praticado.
Conforme demonstrado ao longo deste trabalho, os princípios processuais encontram-se inseridos na Carta Magna sancionada em 1988 e em vigor até os dias atuais. No entanto, não é pacífico entre os doutrinadores o seu significado e o seu alcance.
Na atualidade, se está em um processo de compreensão da sistemática processual, em que os temas afetos aos princípios fundamentais e estruturantes do processo, precisam ser analisados de forma plena, permitindo assim, que se concretizem os direitos defendidos no ordenamento jurídico brasileiro.
Dessa feita, toda e qualquer norma processual que venha a ser criada ou em seu momento de aplicação, deve passar pelo crivo dos princípios fundamentais do processo, para que essa norma esteja em consonância com a estrutura processual adotada no sistema jurídico nacional.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL 
DOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Diversos autores estipulam os mais variados princípios do processo administrativo fiscal. Conforme se observa, alguns príncípios são comuns a todos os doutrinadores, como legalidade, verdade material... NO entanto, é nas linhas de Marcos Vinicius Neder e Maria Teresa Martínez López que se encontra definição mais didática para o estudo. Assim, de acordo com o observado na Lei 9.784/99 e no Decreto 70.235/72, são dividos os princípios do processo administrativo fiscal em 3 categorias: 
I - PRINCÍPIOS PROCESSUAIS NA CONSTITUIÇÃO
II - PRINCÍPIOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
III - PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL 
 
I - DOS PRINCÍPIOS PROCESSUAIS CONSTITUCIONAIS 
De acordo com o autor Marcus Vinícius Neder, "toda compreensão do Direito Processual, em especial do Proceso Administrativo Fiscal, depende dos exames acurados dos princípios constitucionais (implícitos e explícitos), já que estes é que conferem estruturas e coesões ao ordenamento jurídico". 
Princípio do Devido Processo Legal - previsto no art. 5º, inciso LIV, este princípio é considerado o princípio fundamental do processo por ser base o qual os outros se sustentam. No âmbito do processo administrativo, esse princípio decorre do art. 5º, inciso LIV. Assim, esse princípio consiste na garantia aos contribuintes de obter a utilização de todos os colorários do processo, como por exemplo, contraditório e ampla defesa. 
Princípio do Contraditório - este princípio tem íntima ligação om o da igualdade das partes e se traduza de duas formas: por um lado, pela necessidade de se dar conhecimento da existência da ação e de todos os ayos do processo às partes, e de outro, pela possibilidade das partes reagiren aos atos que lhe forem desafavoráveis. 
Princípio da ampla defesa - consiste na possibilidade de rebater acusações , alegações, argumentos, intrpretações de fatos, interpretações jurídicas . No processos administrativo, há previsão para a observância do contraditório e da ampla defesa na lei 9784/99, em seu artio 18, § 7º. 
Direito de petição - este direito no processo administrativo está assegurado no artigo 5º, XXXIV da Constituição Federal. A garantia do direito de petição há de ser entendida como o direito de obter do Poder Público a manifestação sobre o que lhe for solicitado, abrange a manifestação. 
Princípio da Isonomia - a aplicação deste pricnípio visa proteger a sociedade primordialmente contra o arbítrio administrativo, impedidno a prática de atos administrativos com fundamento em pareciações de natureza meramente subjetiva, assegurando critérios objetivos no exercício do poder discricionário conferido as autoridades administrativas de modo que sejam adotadas as mesmas medidas e as mesmas condições a todos os particulares, ou seja no campo processual, os litigantes devem receber tratamento imparcial. 
Princípio da publicidade - decorre do art. 5º, inciso LX da Constituição Federal e danecessidade de transparência e visibilidade da atuação administrativa. No processo adminsitrativo fiscal, este princípio deve ser aplicado com cautela, em face do sigilo que a Administração deve guardar a respeito da vida do contribuinte. 
Princípio da motivação das decisões - os atos administrativos deverão ser motivados de modo explícito, claro e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos anteriores e com a indicação dos fundamentos e fatos jurídicos que o embasaram. 
Jurisprudência:E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO - EXIGÊNCIA LEGAL DE PRÉVIO DEPÓSITO DO VALOR DA MULTA COMO CONDIÇÃO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ADMINISTRATIVO - OCORRÊNCIA DE TRANSGRESSÃO AO ART. 5º, LV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - NOVA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL FIRMADA PELO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - RECURSO DE AGRAVO PROVIDO. - A exigência legal de prévio depósito do valor da multa, como pressuposto de admissibilidade de recurso de caráter meramente administrativo, transgride o art. 5º, LV, da Constituição da República. Revisão da jurisprudência: RE 390.513/SP (Pleno). 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL TRIBUTÁRIO. RECURSO ADMINISTRATIVO DESTINADO À DISCUSSÃO DA VALIDADE DE DÍVIDA ATIVA DA FAZENDA PÚBLICA. PREJUDICIALIDADE EM RAZÃO DO AJUIZAMENTO DE AÇÃO QUE TAMBÉM TENHA POR OBJETIVO DISCUTIR A VALIDADE DO MESMO CRÉDITO. ART. 38, PAR. ÚN., DA LEI 6.830/1980. O direito constitucional de petição e o princípio da legalidade não implicam a necessidade de esgotamento da via administrativa para discussão judicial da validade de crédito inscrito em Dívida Ativa da Fazenda Pública. É constitucional o art. 38, par. ún., da Lei 6.830/1980 (Lei da Execução Fiscal - LEF), que dispõe que "a propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo [ações destinadas à discussão judicial da validade de crédito inscrito em dívida ativa] importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto". Recurso extraordinário conhecido, mas ao qual se nega provimento. 
II - DOS PRINCÍPIOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Principio da legalidade - princípio basilar do Estado Democrático de Direito que vincula a atividade da administração à lei. Deste modo, temos que a conduta da administração tem que tirar seu fundamento inexoravelmente do conteúdo legal, sendo vedado qualquer atuação fora, contra ou em inobservância da lei. Em crasso modo, podemos dizer que a administração só pode atuar na medida em que a lei preveja essa sua atuação (atividade vinculada da administração). Em outra instância - sede tributária - temos a preocupação em inviabilizar a arbitrariedade do Estado na majoração dos tributos de maneira injustificada - artigo 150, inciso I CTN. 
Princípio da moralidade - Consiste em uma regra geral do direito no qual se exige uma conduta ética, de boa fé e leal da Administração Pública, desde o lançamento do crédito tributário até o trâmite final do processo administrativo. Não é difícil a percepção de que tais valores são mutáveis na medida em que a própria sociedade propõe sua mudanca, entretanto, temos a obrigatoriedade da sua observância porquanto a sociedade considerá-las válida. Ademais, vale mencionar que este princípio fundamenta-se na idéia de um interesse público em detrimento de um interesse particular. Por fim, e a título de curiosidade, temos que praticamente todas as alterações em âmbito administrativo tiveram como ratio a coibição de abusos por parte da Administração. 
Princípio da Segurança Jurídica – neste momento temos que o ideal configura-se na estabilidade das relações jurídicas, por onde a administração tem o dever de observá-la em prol do contribuinte. Nada obstante, temos que a imutabilidade das relações jurídicas não deve ser dotada de proteção absoluta tendo em vista que a sua “demasia conduz inexoravelmente à complicação e ao formalismo” (Ricardo Lobo Torres). Portanto, o que se pretende com este princípio é a proteção do contribuinte contra a arbitrariedade do Estado, devendo-se primar pela imutabilidade das relações jurídicas somente na medida em que se esteja protegendo o primeiro contra os abusos do segundo. 
Princípio da eficiência – consiste em um princípio fundamental da administração tendo em vista que sua “credibilidade está intimamente relacionada com a eficiência de seus serviços e qualificações de seus servidores”. Deste modo, cabe a Administração zelar pelo seu aperfeiçoamento para que assim consiga manter coerência com sua ratio essendi. Nada obstante, temos que a mais importante forma de instrumentalização deste princípio, em âmbito tributário, se perfaz na duração razoável do processo - que, diga-se, pode ser solicitada ao judiciário. 
O princípio da razoável duração do processo aplicado ao PAF
III - DOS PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
            Os princípios específicos do processo administrativo fiscal são: I - Princípio da verdade material,        II - Princípio do informalismo moderado, III - Princípio da oficialidade, IV - Princípio da preclusão.
 I - DO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL
O processo fiscal tem por finalidade garantir a legalidade da apuração da ocorrência do fator gerador e a constituição do crédito tributário. Deve, portanto, o julgador, exaustivamente, pesquisar se, de fato, ocorreu a hipótese abstratamente prevista na norma e, em caso de impugnação do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade, independente do alegado e provado. Dessa forma o administrador é obrigado a buscar não só a verdade posta no processo como também a verdade de todas as formas possiveis. A própria administração  produz provas a favor do contribuinte, não podendo ficar restrirto somente ao que consta no processo.
Neste sentido, em decorrência do princípio da legalidade, a autoridade administrativa tem o dever de buscar a verdade material.
A verdade material é um princípio específico do processo administrativo, contrapondo-se ao princípio do dispositivo, próprio do processo civil.
 
1-  PROCESSO CIVIL    X    PROCESSO ADMINISTRATIVO : 
    verdade formal       X     verdade material
a) Processo Civil
Como bem aponta Marcos Neder e Maria Teresa Martínez, o processo desenvolvido no judiciário busca a verdade formal, que é obtida apenas no exame dos fatos e provas trazidas aos autos pelas partes (art. 128 do CPC).
Nele, a regra geral é ojuiz se manter neutro na pesquisa da verdade, devendo ater-se ao alegado pelas partes no devido tempo, uma vez que elas têm o ônus da prova. Não se pretende atingir a verdade absoluta, uma vez que é quase sempre inatingível. Obtém-se apenas um juízo de verossimilhança ou probabilidade da ocorrência dos fatos, valendo-se da discussão travada de forma dialética no processo.
As partes trazem suas provas e o julgador as examina, podendo requerer outras se julgar necessário.
As regras processuais vêm no sentido de auxiliar o julgador na condução do processo e na obtenção de um grau de certeza que lhe permita solucionar o litígio. São regras de fixação formal da prova. 
b) Processo Administrativo
No processo admninistrativo, há uma maior liberdade na busca das provas necessárias a formação da convicção do julgador sobre o sfatos alegados no processo. Importante ressaltar que esta busca, no entanto, não pode transformá-lo num inquisidor sob pena de prejudicar a imparcialidade. O poder instrutório do julgador é definido pelos limites da lide formada nos autos. Essa maior liberdade no processo administrativo decorre do próprio fim visado como controle administrativo da legalidade, uma vez que, não havendo interesse subjetivo da Administração na solução do litígio, é possível o cancelamento do lançamento baseado e, evidências trazidas aos autos após a inicial. O processo administrativo significa uma autotutela, porque a própria administração revê os atos que ela mesmo praticou. 
Obs. PROCESSO X PROCEDIMENTO.
Existem  várias discussões a respeito da importancia do PAF. Se a própria  administração tem interesse em verificar a legalidade existe lide? Existe lide no PAF? Essa  discussão é interminável porque o próprio decreto fala em processo, litígio. Nao ha resposta fechada para essa questão. Ha quem diga que é processo,porque no momento em que o contribuinte apresenta está havendo contestação. Por outro lado, ha quem diga que o contribuinte está  respondendo, visto que a fazenda está revendo seus próprios atos e por isso não existe contraposição de interesses. Nãocontrapões o contribuinte e sim  busca a verdade. 
é importante essa discussãoporque caso a  fazenda tenha interesse, ela vai ter que buscar a verdade material, não pode apenas se conformar com a verdade somente do processo. Tem a necessidade de realizar a  diligência mesmo que o contribuinte não solicite. 
2 - MAS O QUE É O PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL?
Nas linhas de Odete Medauar, "o princípio da verdade material ou verdade real, vinculado ao princípio da oficialidade, exprime que a Administração deve tomar decisões com base nos fatos tais como se apresentam na realidade, não se satisfazendo  com a versão oferecida pelos sujeitos. Para tanto, tem o direito e o dever de carrear para o expediente todos os dados, informações, documentos a respeito da matéria tratada, sem estar jungida aos aspectos considerados pelos sujeitos".
Neste sentido, como bem assinala Alberto Xavier, a lei concede ao órgão fiscal meios instrutórios amplos para que venha formar sua livre convicção sobre os verdadeiros fatos praticados pelo contribuinte.  E seguindo sua ótica, pode-se dizer que é lícito ao órgão fiscal agir com vistas a corrigir os fatos inveridicamente postos ou suprir lacunas na matéria de fato, podendo ser obtidas novas provas. Estas últimas poderão ser obtidas por meio de diligências e perícias.
Tendo em vista o exposto à cima, no que toca o processo administrativo, bem como a definição do princípio da  verdade material dentro do mesmo processo, imprescindível faz-se observar o disposto no artigo 36 da Lei 9.784/99, quando assinala a obrigatoriedade de fornecimento de documentos pela Fazenda, o que configura importante contribuição para aplicação do princípio da verdade material.
artigo 36, Lei 9.784/99:  "Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, a obtenção dos documentos documentos ou das respectivas cópias".
II - DO PRINCÍPIO DO INFORMALISMO MODERADO
Como informa Carlos Alberto Álvaro de Oliveira, o formalismo, em sentido amplo, compreende a totalidade formal do processo, abrangendo não só as formalidades, mas especialmente a delimitação de poderes, faculdades e deveres dos sujeitos processuais, coordenação de sua atividade, ordenação de procedimento e organização do processo, com vistas a que sejam atendidas as suas finalidades primordiais. 
Conforme expõe Marcos Neder e Maria Teresa Martínez, o Direito brasileiro, com exceção dos juizados especiais, inclinam-se peo rigor formal. A exigência de uma forma predeterminada tem, como escopo, restringir o arbítrio judicial e organizar os atos processuais de modo a promover a igualdade das partes e emprestar maior eficiência ao processo. Assim, o desenvolvimento do processo e os atos processuais são previamente estabelecidos em lei (art.2º, 2ª parte, CPC).
Em paralelo ao formalismo tradicional do processo civil, está o processo administrativo fical, revelando pequenas incorreções de forma, de modo a possibilitar o acesso do administrado ao processo da maneira mais simples possível, uma vez que não há necessidade do constribuinte ser representado por advogado.
E é esta a orientação do artigo 2º, inciso IX da Lei 9.784/99:
"...adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado graus de certeza e respeito aos direitos dos administrados".
Trata-se da informalidade moderada, que é a mais adequada ao autocontrole da legalidade pela Administração Pública e mais aberta à busca da verdade material (base de todo sistema), desde que preserve as garantias fundamentais do administrado.
Bem ensina Hely Lopes Meirelles, quando enfatiza que "o princípio do informalismo dispensa ritos sacramentais e formas rígidas para o processoa dministrativo, principalmente para os atos a cargos do particular. Bastam formalidades estritamente necessárias à obtenção da certeza jurídica e à segurança procedimental". Lembra ele que de acordo com Garrido, "este princípio é de ser aplicado com espírito de benignidade e sempre em benefício do administrado, para que, por defeito de forma, não se rejeitem atos de defesae recursos mal qualificados." Realmente - continua Hely Lopes -, o processo administrativo deve ser simples, despido de exigências formais excessivas, tanto mais que a defesa pode ficar a cargo do próprio administrado, nem sempre familiarizado com os meandros processuais"'. 
No entanto, não há como aceitar uma informalidade absoluta. O direito à prova não é ilimitado. Existem ritos e formas inerentes a todos os procedimentos. Se de um lado, o formalismo exagerado tem o incoveniente de restringir a possibilidade de defesa do contribuinte, tendo em vista a dificuldade da apresentação de todas as alegações e provas no início do processo, podendo a exclusão de alegçaões e pleitos, ocorrer sem culpa da parte; do outro lado, o informalismo absoluto, não só impossibilitaria a garantia o andamento do procedimento até à decisão, tendo em vista a possibilidade de protelação injustificada que poderia ser gerada, como também, não conseguiria dar garantias ao contribuinte perante o Estado, uma vez que os atos processuais e suas formas são determinados em lei justamente para isso.
Deste modo, como lembra Paulo Bonilha, "o processo administrativo deve observar a forma e os requisitos mínimos indisénsáveis à regular constituição e à segurança jurídica dos atos que compõem o processo". Neste contexto, a concentração dos atos em moemtnos processuais oportunos tem a finalidade de proteger o Estado contra a protelação injustificada do processo.
Conforme aponta Marcos Neder, a realidade dos últimos anos do processo administrativo fiscal é que o órgão fiscal vem se defrontando com um acúmulo significativo de processos.  O que tem levado a modificações da legislação processual para introduzir limites ao direito à prova, estabelecendo assim, a preclusão dos meios de defesa processual. E neste sentido, ressalte-se as regras de preclusão probatória estabelecidas no artigo 16, do Decreto 70.235/72.
Para concluir, Marcos Neder e Maria Teresa defendem que, deste modo,  o informalismo deve ser uma valor a informar o processo administrativo fiscal, desvendo ser observada a sitematização necessária à sua condução eficiente. O mínimo indispensável não deve prevalescer.
III - DO PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE
Este princípio informa que compete à própria Administração impulsionar o processo até seu ato-fim, qual seja, a decisão. E neste sentido informa o artigo 2º, inciso XII da Lei 9.784/99, quando prevê a "impulsão de ofício do processo administrativo, sem prejuízo da atuação de interessados". No mesmo sentido, dipõe o Decreto 70.235/72, em seu artigo 18, quando prescreve que a autoridade pode determinar,de ofício, a realização de diligências ou perícias, quando as entender necessárias.
Para Hely Lopes Meirelles, "o princípio da oficialidade atribui sempre a movimentação do processo administrativo à Administração, anda que instaurado por provocação do particular: uma vez iniciadopassa a pertencer ao Poder Público, a quem compete o seu impulsionamento, até a decisão final. Se a administração o retarda, ou dele se desinteressa, infringe o princípio da oficialidade, e seu agentes podem ser res ponsabilizados pela omissão. Outra consequência deste princípio é a de que a instância não perime, nem o processo se extingue pelo decurso do tempo, senão quando a lei expressamente o estabelecer".
 São apontadas ainda algumas decorrências de tal princípio pela professora Odete Medauar, tais quais: 
" i - a atuação da Administração no processo tem caráter abrangente, não se limitando aos aspectos suscitados pelos sujeitos; 
ii - a obtenção de provas e dados para esclarecimento de fatos e situações deve também ser efetuada de ofício, além do pedido dos sujeitos; 
iii - a inércia dos sujeitos (particulares, servidores e órgãos públicos interessados) não acarreta paralisação do processo aministrativo".
IV - DO PRINCÍPIO DA PRECLUSÃO
 O princípio da preclusão está ligado ao princípio doimpulso processual. 
De acordo com Ada Pellegrini, "consiste em um fato impeditivo a garantir o avanço progressivo da relação processual e a obstar o recuo às fases anteriores do procedmiento. Por força deste princípio, anula-se uma faculdade ou o exercício de algum poder ou direito processual".
No processo fiscal, como bem apontam Marcos Neder e Maria Teresa Martínez, a inicial e a impugnação fixam os limites da controvérsia, integrando o objeto da defesa às afirmações contidas na petição inicial e na documentação que a acompanha. Se o contribuinte não contesta alguma exigência feita pelo FISCO, na fase da impugnação, não poderá mais  contentá-la no recurso voluntário. 
A preclusão ocorre com relação à pretensão de impugnar ou recorrer à instância superior.
De acordo com Neder e Maria Teresa, na sistemática do processo administrativo fiscal, as discordãncias recursais não devem ser opostas contra o lançamento em si, mas contra as questões processuais e de mérito decididas em primeiro grau.
Como no processo civil, no processo administrativo fiscal, como se observa nas regras do Drecreto 70.235/72, há previsão da concentração dos atos processuais preestabelecidos:
artigo 16 do Decreto 70.235/72: "A impugnação mencionará: III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância, as razões e provas que possuir".
Seguindo esse mesmo raciocínio, o artigo 17 do PAF considera não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante; pois, de acordo com este dispositivo, não é lícito inovar na postulação recursal para incluir questão diversa daquela que foi originariamente deduzida quando da impugnação do lançamento na instância a quo, como enfatizam Neder e Maria Teresa. Segundo eles, apenas os fatos ainda não ocorridos na fase impugnatória ou os de que o contribuinte não tinha conhecimento é que podem ser suscitados no recurso ou durante o seu processamento.
Importante informar que este tratamento não tem sido levado às últimas conseqüências pela Fazenda nos casos de inovação de prova, mediante juntada nos autos de elementos não submetidos à apreciação da autoridade competente. Nesta hipótese, por força do princípio da verdade material, impõe-se o exame dos fatos. Sobretudo, se os documentos alteram, substancialmente, a prova do fato constitutivo. 
Assim, acentua Neder, que o direito da parte à produção de provas comporta graduação a critério da autoidade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca de sua utilidade e necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade desejável e a segurança indispensável na realização da Justiça. 
Como ensina Moacyr Amaral Santos, "o que a lei visa, precipuamente, quando traça normas para apresentação de documentos, é vedar a ocultação deles na fase de integração da lide, quer dizer, na fase da formação da questão sujeita a debate das partes e sobre a qual deverá decidir o órgão judicial. O a lei visa é afastar ou, ao menos, reduzir a possibilidade de ficarem o Juiz e as partes à mercê de surpresas consistentes no aparecimento de documentos de que a parte, premeditadamente, guarde segredo para, ocasião propícia, quando não haja mais oportunidade para discussões e mais provas, oferecê-los em juízo".
Como se pode observar, o artigo 38 da Lei 9.784/99 flexibiliza o rigor do artigo 16 do Drecreto 70.235/72, permitindo que requerimentos probatórios possam ser feitos até a tomada da decisão administrativa.
E neste mesmo sentido, está o artigo 63, parágrafo 2º da Lei 9.784/99, que admitea revisão pela Administração do ato ilegal mesmo não tendo sido conhecido o recuso desde que não operada a preclusão administrativa.  Do mesmo modo, está o parágrafo único do artigo 65 da Lei 9.784/99, quando diz que poderão ser revistos, a qualquer tempi, os processos administrativos de que resultem sanções quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes sucetíveis de justificar a indequação da sanção aplicada.
 Caso Gerador - Aula 13:
Inicialmente, cabe aqui salientar a importância da via administrativa como primeira instância para discussão sobre determinado crédito tributário, pois sem ela o contribuinte estaria sujeito direta e definitivamente à esfera judicial, abstendo-se de uma dupla oportunidade de resolução. 
Posto isso, passamos ao caso proposto, no qual tem-se o envio de um Auto de Infração por parte da Administração Pública, referente a um crédito tributário que não foi devidamente quitado pelo contribuinte. 
Fato é que tal Auto de infração se trata de um ato isolado da Administração Pública para cobrança dos valores devidos em decorrência de créditos tributários. Em raciocínio a contrário sensu, um procedimento administrativo só tem início a partir da impugnação do contribuinte, pois caso o contribuinte não impugne a atuação, não há procedimento algum, vez que um procedimento se trata de uma seqüência de atos. No Processo Administrativo Fiscal o Estado não está imputando um débito a qualquer custo ao contribuinte, e sim buscando a verdade, saber se houve a prática do fato gerador. Sendo assim, não se trata de processo, mas sim de procedimento, pois não há lide, ambos os pólos estão em busca da verdade. 
Todos os entes têm competência para legislar sobre o Processo Administrativo Fiscal; cada ente da Federação deverá produzir uma norma sobre o assunto. Na ausência de legislação aplica-se a lei federal, qual seja o decreto 70.235/72, que foi recepcionado com status de lei. 
Já os princípios são as diretrizes do ordenamento jurídico e a partir de seu elevado grau de abstração indicam o objetivo a ser alcançado, ou seja, são as normas nucleares que propagam o espírito normativo a ser seguido por todo o sistema. Tais princípios se dividem em duas classes: os Princípios Constitucionais e os Princípios Especiais do Processo Administrativo Fiscal. 
A partir de então, deverá ser feita análise do caso proposto quanto ao respeito a tais princípios. 
Em observância ao Princípio do Devido Processo Legal, pelo qual qualquer indivíduo tem direito ao contraditório, a utilizar todos os meios possíveis para se defender, o procedimento deve ser instaurado para o individuo ser expropriado, pois caso contrário, se o contribuinte tiver acesso negado a outras instancias, tal princípio estará sendo ferido. Assim sendo, com o recebimento do Auto de Infração, tendo o contribuinte apresentado sua defesa, está respeitado o Principio do Contraditório, que é a possibilidade de manifestação das partes diante de novos fatos, ou seja, o direito de se manifestar sempre que a outra parte se manifestar; tal como o Princípio da Ampla Defesa - direito de utilizar os recursos para se defender – uma vez que a apresentação de provas foi aceita e tais provas foram recebidas pela Administração. 
No Processo Administrativo Fiscal existe a regra da indispensabilidade do advogado, que exclui a necessidade de representação, determinada pelo Princípio do Informalismo Moderado, princípio específico do Processo Administrativo – este princípio objetiva o desapego às formalidades excessivas dos ritos processuais, pois o processo administrativo deve ser o mais simples possível (Artigo 2º § único, incisos VIII e IX, da Lei 9.784/99). Dessa forma, o Princípio da Publicidade – pelo qual todos os atos devem ser publicados, ou levados pessoalmente ao conhecimento do contribuinte – ocorre, em regra, por intimação pessoal, diferentemente do Processo Judicial onde há necessidade da publicação em Diário Oficial. 
Entretanto, a decisão em primeira instância, que mantém a alegação do não pagamento de créditos tributários pelo contribuinte, aparentemente, desrespeita o Princípio da Motivação das Decisões – que é aplicado tanto no processo judicial, quanto nos processos administrativos. Isso porque, tendo o contribuinte comprovado o pagamento dos valores devidos, a decisão que mantém a denúncia da autuação parece não ser devidamente fundamentada, vez que a alegação de pagamento irregular decorre de um erro meramente formal,

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