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1 2 3 4 5 CARTA AO LEITOR Querido Leitor Este manual veio ao mundo de uma forma totalmente inesperada. Pode-se até pensar em uma “gravidez” de alto risco (estava com 40 anos quando voltei a estudar e ingressei na UNICAMP), Na ocasião a minha orientadora Profª. Dra. Maria José Franklin Moreira sugeriu que usasse o HTP na pesquisa. D HTP não fazia parte da minha prática clínica, e muito animada comecei a me inteirar materiais publicados até então. A princípio senti dificuldade em encontrar em um único livro as várias interpretações fornecidas para a análise do grafismo. Cada autor priorizava uma observação, e foi aí que senti necessidade de reunir esses diversos e ricos apontamentos em um único material. 6 Comecei a fazer uma apostila para uso próprio, para facilitar a consulta durante a confecção da tese. A cada livro consultado, novas visões e novos apontamentos acabavam sendo incorporados. Conforme os testes eram aplicados e avaliados a minha apostila ia crescendo e ficando cada vez mais encorpada. As minhas idéias sobre o tema foram amadurecendo. Este manual é uma reunião dessas várias interpretações (consultar as referências bibliográficas) fornecidas para a análise dos grafismos, feitas pelos autores do teste e por alguns especialistas no assunto. A idéia inicial foi compilar e sintetizar de modo organizado as contribuições dos principais autores, cujo maior objetivo é facilitar a vida do profissional e do estudante de psicologia. Desde então tenho usado o “HTP-F” com quase todos os pacientes, e, em menor frequência o HTP-F cromático. Além disso, tenho pedido para os pacientes desenharem um sol, percebo que cada um “vê o sol de seu jeito especial”. Ao lerem o manual perceberão que ao final de muitas interpretações existem referências a algumas patologias. Algumas patologias salientadas neste manual são pesquisas de outros autores (comum em....), outras são sugestões minhas (sugere....), e não são pesquisas comprovadas. O leitor deve ter consciência de que são apenas sugestões baseadas nas interpretações. E o objetivo dessas sugestões é estimular o leitor para novas pesquisas. Vale ressaltar que o estudante ou o profissional que fizer uso deste manual, ao interpretar o teste, deve olhar primeiro o global, a tendência mais forte de um indício, e, quando este se repetir nos vários desenhos ou quando no inquérito a suspeita se confirmar, só assim poderá pensarem um diagnóstico. No último capítulo fiz referências a várias patologias, sendo o ideal usá- las com muito cuidado, principalmente nos diagnósticos infantis. A idéia de publicação surgiu da dificuldade em encontrar em um único livro as pesquisas e observações de diferentes e consagrados autores, que condensasse de uma forma prática e clara toda a complexidade do teste. Um abraço Flor. 7 Sumário INTRODUÇÃO. 15 2. NORMAS PARA APLICAÇÃO 19 2.1 Material 19 2.2 Instruções 20 3. INQUÉRITO 21 4. ANÁLISE QUALITATIVA 27 4.1, Resistências 27 4.2. Análise sequencial do conjunto dos desenhos 28 4.3. Tempo consumido 28 4.4. Pressão no desenhar 29 4.5. Caracterização do traço 29 4.6. Indicadores de conflitos 30 4.7. Localização no papel 31 4.8. Tamanho das figuras 33 4.9. Detalhes no desenho 34 4.10. Uso da borracha 35 5. CASA 37 5.1. Introdução 38 5.2. Perspectiva e posição da casa 39 5.3, Tipos de casa 40 5.4. Linha representativa do solo ou chão 41 5.5. Paredes 41 5.6. Porta 42 5.7. Janela 43 8 5.8. Telha ou telhado 45 5.9. Chaminé 46- 5.10. Fumaça 48 5.11. Acessórios no desenho da casa 48- 6. ARVORE 51 6.1. Introdução 52 6.2. Impressão da árvore como um todo 53 6.3. Idade atribuída à árvore 55 6.4. Arvore apresentada como morta 55 6.5. Perspectiva ou posição da árvore 56 6.6. Simetria 57 6.7. Raiz 57 6.8. Linha da terra ou do solo 58 6.9. Tronco 60 6.10. Tamanho do tronco 61 6.11. Largura do tronco 61 6.12. Contorno do tronco 62 6.13. Superfície ou tipos de desenhos no tronco 63 6.14. Galhos ou ramos 64 6.15. Tamanho dos galhos ou ramos 67 6.16. Largura dos galhos ou ramos 67 6.17. Direção dos galhos ou ramos 68 6.18. Copa 69 6.19. Tamanho da copa 71 6.20. Direção da copa 72 6.21. Folhas 72 9 6.22. Flores 74 6.23. Frutos 74 6.24. Acessórios no desenho da árvore 75 7. FIGURA HUMANA 77 7.1. Introdução 78 7.2. Figuras inacabadas 81 7.3. Sucessão das partes desenhadas 82 7.4. Ordem das figuras 84 7.5. Visão geral das figuras 85 7.6. Idade das figuras 86 7.7 Posturas das figuras 86 7.8. Simetria dos desenhos 87 7.9. Movimentos nos desenhos 87 710. Transparência nas figuras 89 7.11. Cabeça 90 712. Rosto 91 7.13. Cabelo 92 7.14. Chapéu 93 7.15. Barba e/ou bigode 93 7.16. Olhos 94 7.17. Sobrancelhas 96 7.18. Nariz 96 7.19. Boca 97 7.20. Orelhas 98 7.21. Queixo 99 7.22. Pescoço 99 10 7.23. Colarinho e gravata 100 7.24. Ombros 101 7.25. Tórax 102 7.26. Seios 103 7.2 7. Camisa, paletó, blusa ou camiseta 103 7.28. Cintura 104 7.29. Quadril e nádegas 1O5 7.30. Zona genital 105 7.31, Braços 106 7.32. Mãos 108 7.33. Dedos 109 7.34. Unhas 110 7.35, Anéis nos dedos 110 7.36. Pernas 111 7.37 Calças, saias e cintos 112 7.38. Pés e dedos 113 7.39. Sapatos e meias 114 7.40. Roupas e acessórios 114 7.41. Complementos 115 7.42. Comparação entre as duas figuras 116 8. FAMÍLIA DE ORIGEM E FAMÍLIA IDEAL 119 8.1. Introdução 120 8.2. Normas para aplicação 122 8.3. Observações na avaliação 122 8.4. Posições das figuras 123 8.5. Proporção entre os desenhos 126 11 8.6. Omissões 127 8.7 Figuras parentais 127 9. HTP-F CROMÁTICO 129 9.1. Observações na avaliação do HTP-F cromático 129 9.2. Disposição das cores 131 9.3. Simbolismo das cores 132 10. DESCRIÇÃO DE CASOS CLÍNICOS 135 10.1. Caso n° 1 - Paciente A 135 10.2. Caso n°2 - Paciente B 141 10.3. Caso n°3 - Paciente C 149 11. O SIGNIFICADO DE ALGUMAS DOENÇAS DESTE MANUAL 159 11.1. Transtorno da Personalidade Antissocial 161 11.2. Transtorno de Personalidade Borderline 162 11.3. Transtorno de Personalidade Dependente 164 11.4. Transtorno de Personalidade Esquiva ou Evitativo 165 11.5. Transtorno da Personalidade Esquizoide 166 11.6. Transtorno de Personalidade Esquizotípica 167 11.7. Transtorno de Personalidade Histriônico 167 11.8. Transtorno da Personalidade Masoquista 169 11.9. Transtorno da Personalidade Narcisista 169 11.10. Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo 170 11.11. Transtorno da Personalidade Paranóide 171 11.12. Transtorno da Personalidade Sádica 172 11.13. Trans tono da Aprendizagem 173 11.14. Transtorno da Ansiedade Generalizada 174 11.15. Transtorno de Conduta 775 12 11.16. Transtorno de Despersonalização 177 11.17. Transtorno de Estresse Pós-Traumático 177 11.18. Transtorno de Somatização 178 11.19. Transtorno Depressivo 179 11.20. Transtorno do Pânico 181 11.21. Esquizofrenia 182 11.22. Exibicionismo 184 11.23. Fobia Social 185 11.24. Hipocondria 186 11.25. Homossexualidade 187 11.26. Impulso Sexual Excessivo 188 11.27. Roubo patológico 189 11.28. Voyeurismo 189 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 191 1. INTRODUÇÃO O HTP (House-Tree-Person) é uma técnica projetiva de desenho, que visa penetrarna personalidade do indivíduo. Neste livro estamos incluindo também os desenhos das Famílias (de Origem e Ideal) como um complemento do teste. Uma técnica projetiva é um instrumento que é considerado especialmente sensível a aspectos inconscientes ou velados do comportamento, que permite ou encoraja uma ampla variedade de respostas no sujeito. Hammer (1981) amplia o conceito de projeção de Freud, onde o que é projetado é sempre recalcado, e a define como a “colocação de uma experiência interna ou de uma imagem interna, no mundo exterior”. E completa: “... a projeção é o processo psicológico de se atribuir qualidades, sentimentos, atitudes e anseios próprios, aos objetos do 13 ambiente (pessoas, outros organismos ou coisas). O conteúdo da projeção pode ou não ser conhecido pelo sujeito como parte de si próprio”. Seu criador John N. Buck (1948) percebeu por meio de sua experiência clínica que o tema Casa-Arvore-Pessoa são conceitos familiares mesmo para as crianças bem pequenas; portanto, mais facilmente aceitos para serem desenhados por sujeitos de todas as idades. Estimulam verbalizações mais francas e abertas do que outros temas. Descobriu-se que apesar de casas, árvores e pessoas poderem ser desenhadas em quase uma infinita variedade de modos, um sistema de avaliação quantitativa e qualitativa pode ser esquematizado para extrair informações úteis relativas ao nível da função intelectual e emocional do sujeito. O HTP (neste livro, como estamos incluindo os desenhos da Família de Origem e Ideal, usaremos a abreviação HTP-F) é uma técnica de desenhos basicamente não verbal, que pode ser aplicada tanto em crianças, adolescentes e adultos como também em deficientes mentais, pessoas sem escolaridade, estrangeiros que não dominam plenamente o idioma, mudos, tímidos (retraídos) e nos que são bloqueados emocionalmente na área verbal. O desenho é anterior a linguagem escrita e é considerado uma das mais antigas formas de comunicação do ser humano. Isto é atestado pelos desenhos e pinturas dos homens das cavernas e dos povos primitivos, que fizeram com que chegassem até nós os seus interesses e expressões de aspectos de sua vida. Muito antes de escrever, as crianças aprendem a desenhar e, quando desenham por lazer, geralmente retratam pessoas, casas, árvores, animais, sol, etc. Esses temas são vistos nos trabalhos de crianças de todas as terras e culturas, atestando a universalidade básica da mente humana e dos sentimentos. As crianças pequenas tendem a ignorar ou transformar a realidade em um mundo subjetivo, rico em fantasias. Os desenhos são representações, e não reproduções da realidade. O HTP-F alcança também uma função especial, proporcionando uma introdução minimamente ameaçadora e maximamente prazerosa, principalmente às crianças. Uma das vantagens da introdução dos desenhos destacadas por Di Leo (1987), especialmente com crianças, é que estes permitem “estabelecer um rapport rápido, fácil e agradável com a criança”. 14 Atualmente, os desenhos das crianças são considerados um meio privilegiado para a descoberta do seu mundo interno e da sua psicodinâmica, além de constituírem um modo natural de expressão para as mesmas. Sendo um meio de expressão e de comunicação, revela muito do inconsciente daquele que desenha. O desenho projetivo, hoje em dia, é considerado uma fonte frutífera de informação e compreensão da personalidade, além de econômica e profunda. Sempre que houver alguma barreira para a linguagem, o desenho apresenta um potencial facilitador na expressão da personalidade, servindo também como um meio de descontração, mesmo com uma criança tímida ou um adulto de atitude negativa. Da oportunidade de se observar e analisar um grande número de desenhos, fica claro o surgimento e a elucidação de sentimentos que os pacientes talvez nunca poderiam ser capazes de expressar com palavras, mesmo que estivessem inteiramente conscientes desses estados que os atormentam e os mobilizam. Os sentimentos e conflitos dos pacientes, sejam eles crianças ou adultos, frequentemente infiltram-se em seus desenhos, involuntária e/ou inconscientemente (observar a análise dos desenhos na descrição de casos clínicos). O desenho não constitui uma reprodução fiel da realidade. É antes uma interpretação da realidade, uma maneira de ver as coisas e de se colocar diante delas. Coube à psicanálise desvendar que o inconsciente fala por meio de imagens simbólicas. Dessa forma, os sonhos, mitos, folclore, fantasias e obras de arte estão impregnados de determinismo inconsciente, sendo seu estudo e interpretação uma importante via de acesso ao inconsciente. “O HPT investiga o fluxo da personalidade à medida que ela invade a área da criatividade artística” (Harnmer, 1981). A linguagem do inconsciente é fundamentalmente imaginativa e simbólica e, emerge com bastante facilidade por meio dos desenhos. Tanto a linguagem simbólica quanto o desenho alcançam níveis primitivos da personalidade, permitindo o acesso ao mundo interno. No HTP-F, os desenhos representam um reflexo da personalidade de seu autor e mostram mais sobre o artista do que sobre o objeto retratado. As atividades psicomotoras do sujeito ficam gravadas no papel. O princípio básico da interpretação dos mesmos é que a folha de papel 15 representa o ambiente e o desenho, o próprio sujeito, e é a partir dessa interação simbolizada que são realizadas as interpretações. A página em branco sobre a qual o desenho é executado serve como um fundo no qual o paciente nos oferece um vislumbre de seu mundo interno, de seus traços e atitudes, de suas características comportamentais, das fraquezas e forças de sua personalidade, incluindo o grau em que pode mobilizar seus recursos internos para lidar com seus conflitos psicodinâmicos, tanto interpessoais quanto intrapsíquicos. A linha feita pode ser firme ou tímida, incerta, hesitante ou audaciosa, ou, ainda, pode consistir em um ataque selvagem ao papel. Além disso, a percepção consciente e inconsciente do sujeito em relação a si mesmo e às pessoas significativas do seu ambiente determina o conteúdo de seu desenho. Partindo dessa idéia básica, o trabalho com desenhos segue uma sequencia de avaliação, em que vários traços gráficos são identificados em sua forma específica, segundo critérios próprios. Para interpretar o HTP-F, é necessário que o psicólogo tenha uma vasta experiência clínica, conhecimentos de psicopatologia, psicossomática e psicanálise, estudos sobre movimentos expressivos da personalidade e uma reflexão sobre os mitos e as lendas populares. Da mesma forma saber se as características dos desenhos são comuns ao mesmo grupo etário, sexual, cultural, etc. (em uma criança de 4 anos não se espera o desenho da figura humana completo). A metodologia do examinador precisa, por necessidade, ser tanto intuitiva como analítica, e confiar apenas em detalhes específicos pode ser enganador. Para uma análise substanciosa é importante uma relação dos detalhes com o todo, pois um traço gráfico isolado não significa muita coisa: é apenas um sinal, que adquire uma importância máxima quando existem muitos elementos apontados na mesma direção. Apesar disso, o examinador deve ter bom senso, pois alguns detalhes são mais incomuns e mais significativos que outros, como o retratamento explícito dos órgãos sexuais, a falta de telhado ou a porta em uma casa ou uma árvore de espinhos. Não se trata somente de uma questão de números de detalhes, mas também da qualidade destes. Após a primeira visão global dos desenhos, encaminha-separa a avaliação das partes individuais. As partes individuais são significativas em sua inter-relação com o todo, afetando reciprocamente o contexto 16 global. Um paralelo pode ser feito com o que ocorre no corpo humano: quando uma parte está doente ou danificada, o corpo é afetado globalmente. Porém, o grau desse comprometimento é determinado pelo corpo, considerando- o um organismo que funciona como um todo (Dileo, 1987). O conhecimento do HTP-F permite ao psicólogo clínico realizar um processo de inferência clínica. Esta, no procedimento de exploração da personalidade, vai permitir ao profissional estabelecer uma série de hipóteses dinâmicas e estruturais sobre o indivíduo. Além disso, o HTP-F também tem-se mostrado extremamente útil, tanto no diagnóstico como no prognóstico das avaliações individuais. Sua aplicação durante o decorrer da terapia, em intervalos regulares, indica como o paciente está progredindo no tratamento e a validade das mudanças emocionais e comportamentais. É um instrumento sensível aos fluxos e refluxos das mudanças terapêuticas e menos influenciado pelas lembranças das aplicações anteriores. 2. NORMAS PARA APLICAÇÃO Os desenhos devem ser executados na seguinte ordem: CASA, ÁRVORE, FIGURA HUMANA, FIGURA HUMANA DO SEXO OPOSTO AO DA PRIMEIRA DESENHADA, FAMILIA DE ORIGEM e o desenho da FAMILIA IDEAL. Segundo E. Hammer, a manutenção dessa ordem proporciona uma gradual introdução do examinando na tarefa de desenhar, levando- o gradativamente aos temas mais difíceis do desenho. O examinando é levado do autorretrato mais neutro (CASA) ao de maior implicação afetiva, que é o desenho da FIGURA HUMANA. Para cada desenho se oferece, ao avaliando, uma folha branca, tamanho ofício. Caso ele execute o desenho completo (como, por exemplo, no desenho da FIGURA HUMANA faça somente o rosto), deve recolher-se esse primeiro, oferecer-lhe outra folha e instruí-lo para fazer o desenho de uma pessoa completa. Por uma pessoa completa, às vezes, é necessário informá-lo que esta apresenta cabeça, tronco, braços e pernas. Quando quaisquer dessas áreas estão omitidas, a figura é considerada incompleta, porém, se apenas uma parte de uma área é omitida, como, por exemplo, mãos, pés ou uma das partes do rosto, o desenho deve ser aceito como completo. 17 Caso o examinando peça permissão para usar ou tenta usar qualquer auxílio mecânico (como, por exemplo, uma régua), é necessário instruí- lo que o desenho deve ser feito à mão livre. Depois que a bateria acromática estiver pronta, faz-se o inquérito (ver o capítulo de Inquérito). O examinador recolhe os desenhos e o lápis preto, dando novas folhas e a caixa de lápis de cor. O lápis preto deve ser recolhido, para que o examinando não seja tentado a fazer o contorno com lápis preto, para depois colori-lo. 2.1 — Material 1. Sala privativa, com mesa e cadeiras adequadas e confortáveis. 2. Folhas de papel branco, tamanho oficio. 3. Lápis, de preferência o n° 2. 4. Borracha macia. 5. Caixa de lápis de cor ou crayon. Segundo E. Hammer, a caixa de lápis coloridos ou crayons (Hammer usa um conjunto de crayons marca rayola) deve consistir de oito cores: vermelho, verde, amarelo, azul, marrom, preto, violeta e laranja. 2.2 — Instruções O examinador deve falar ao sujeito: “Por favor, desenhe uma casa, da melhor maneira que puder. Pode levar o tempo que quiser e apagar quando precisa que não conta contra você. O importante é fazer o melhor que conseguir”. Caso o examinando apresente-se tímido ou incapaz de uma boa execução, o examinador deve estimulá-lo e ao mesmo tempo deixar claro que o importante não são os dotes artísticos, e sim as qualidades de seu traçado e a compreensão do que foi pedido. Procede-se da mesma forma em todos os desenhos, No caso da FIGURA HUMANA, pede-se primeiro que desenhe uma pessoa qualquer. Aplica-se o questionário e depois pede-se que desenhe outra figura do sexo oposto ao da primeira desenhada. Para o desenho da CASA e das FAMÍLIAS, o papel deve ser apresentado com o eixo maior na horizontal, e, para os desenhos da FIGURA HUMANA e da ARVORE, o eixo maior deve ser ria vertical. 18 “Depois que a bateria acromática estiver pronta, inicia-se a bateria cromática: ‘Agora, por favor, desenhe uma casa colorida”. E assim deve proceder-se com os demais desenhos. É importante que o examinador tenha o cuidado de não pedir ao examinando para desenhar “outra” casa, ou “outra” árvore, porque a palavra “outra” pode significar que ele não deve repetir o mesmo tipo de desenho feito com o lápis preto. Para que o teste apresente uma maior fidedignidade, o examinando deve ter todas as possibilidades de escolha. Para qualquer dúvida do examinando, como, por exemplo: “Que tipo de casa devo desenhar?” ou “Não sei desenhar muito bem”, etc., o examinador deve calmamente responder: “Como você quiser”, “Como você achar melhor” ou “Como você gostar”. 3. INQUÉRITO O examinador deve observar e anotar todos os movimentos e verbalizações do examinando estimulando-o sempre de forma tranquila e despretensiosa. Qualquer emoção manifestada pelo sujeito enquanto está desenhando ou sendo questionado a respeito de seus desenhos representa uma reação emocional à situação, que, de certa forma, está direta ou simbolicamente representada ou sugerida nos desenhos. É importante que se observe como ele se entrega à tarefa, de forma confiante e confortável ou se expressa dúvidas a respeito de suas habilidades. Quando está realizando os desenhos, o que as suas expressões revelam? ( )Insegurança ( )Ansiedade ( ) Desconfiança ( )Tensão ( )Arrogância ( ) Hostilidade ( ) Negativismo ( ) Cautela ( ) Autocrítica ( )Relaxamento ( )Bom humor ( ) Alegria ( ) Serenidade ( ) Confiança 19 É importante observar a sequencia em que o examinando faz seus desenhos. O examinador deve ficar alerta quando a sequencia é alterada e anotar enquanto o desenho está sendo produzido; caso contrário, esses detalhes ficam perdidos em um global terminado. O global pode parecer muito bom, mas a dificuldade em produzi-lo de uma maneira convencional pode ser o primeiro sinal de problema psicológico. Deve-se lembrar sempre que um sinal isolado não quer dizer muita coisa. É apenas um indicador de problemas e somente quando temos uma gama de sinais apontados em uma mesma direção é que podemos pensar em uma patologia. Após o término dos desenhos, o avaliador deve começar o inquérito relativo a cada um dos desenhos. Nome---------------------------------------------------------------------------------------- ---------------- Idade;----.anos------meses Data de nasc.: ____/____ / Grau de escolaridade--------------------------------------Data: ___/___/___ 1 — Casa Uso da borracha ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) ( ) Não usa 01. Muito bem, vejamos agora se inventamos uma história sobre essa casa como se fosse uma novela ou uma peça de teatro. Por exemplo, de quem é essa casa?----------------------------------------------------------------------- --------------------------------------------- 02. Quantas pessoas moram nela?-------------------------------------------------- ---- 03. Quantos andares tem?------------------------------------------------------------------ 04. Falta alguma coisa nessa casa?-------------------------------------------------- ----- 20 05. Você gostaria de morar nela?---------------------------------------------------- -------- 06. Se você fosse dono (a) dessa casa e pudesse fazer com ela o que bem quisesse, qual o cômodo que você escolheria para você? Por quê? ------------------------------------------------------------------------------------------------ - 07. Quando você olha para a casa, ela parece estar perto ou longe de você?---- ------------------------------------------------------------------------------------------------ ------------- 08. Se você estivesse olhando essa casa, como você a estaria vendo? ( )Na altura dos seus olhos ( ) Abaixo ( ) Acima dos seus olhos 09. Em que essa casa faz você lembrar ou pensar?------------------------------ ------------------------------------------------------------------------------------------------ -------------------------------------- 10. Essa casa é: ( )Feliz ( )Amiga ) ( ) Confiável ( )Triste ( )Agressiva ( ) Barulhenta Por que? -------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------ ------------------------------------- 11. Você acha que a maioria das casas é assim ?--------------------------------- ------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------ ------------------- 12. Alguém ou alguma coisa já machucou essa casa? Por quê?-------------- ------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------ ------------------- 13. De que essa casa necessita mais ------------------------------------------------ ------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------ ---------------- 21 14. Desenhe um sol. Vamos imaginar que esse sol seja alguma coisa ou pessoa que você conhece. Quem seria?-------------------------------------------- ----------------------------------- 2— Árvore Uso da borracha: ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) Não usa 01. Sequencia do desenho: ____________________________________________ 02. Que tipo de árvore é essa que você desenhou? ____ 03. Onde ela poderia estar situada? ________________ 04. Quem a plantou? Por quê? _______________________ 05. Que idade ela tem? ___________________________ ________ 06, Você pensa nela como estando: Viva ( ) Por que você acha que ela está viva? ______ _______________ Morta ( ) Existe alguma parte morta nessa árvore? Por que você acha que morreu? Há quanto tempo morreu?_____________________________________________ 07. Essa árvore para você parece mais um homem ou uma mulher? Por quê? ____ 08. Essa árvore está sozinha ou em um grupo de árvores? _------------- _________________________ 09. Olhando para a árvore, você tem a impressão de que ela está: Acima ( ) Abaixo ( ) No mesmo plano que você 10. Como está o clima nessa figura? _________________________________ 11. Há algum vento soprando nessa figura? _____________ _____ 22 12. Em que essa árvore faz você lembrar ou pensar? ___________________ - - 13. Essa árvore está sadia? _____________________________ 14. Por que você acha que ela está sadia? ___________ 15. Do que essa árvore mais necessita? ________________ ______________ 16. Alguém ou alguma coisa já feriu essa árvore? _________ ________ ________ 3—Pessoa Uso da borracha: ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) Não usa 01. Sequencia do desenho: _________________________________________________ 02. Isso é: ( ) um homem ( ) uma mulher ( ) Um menino ( ) uma menina 03, Quantos anos tem? ____________________ 04. Quem é ele (a)? ______________ ____ 05. O que ele (a) está fazendo? _______________ 06. Ele (a) se dá melhor com o pai ou com a mãe 07. Em que ano está na escola? ________ 08. O que ele(a) quer ser? _______________________________________________ 09. Qual é a parte mais bonita de seu corpo? ____________________ - _______________ 10. E a mais feia? ____________ ______ 11. Como ele (a) se sente? Por quê? ____________ 12. O que mais o(a) preocupa? ___________ 23 13. Tem muitos amigos? ___________________ ______— 14. Mais velhos ou mais novos? ______________ _____ 15. O que ele (a) mais quer da vida? ________________________-____ 16. A melhor qualidade dele (a) é _______________ _____ --____ — 17. A pior é _______________ _____ _______ 18. Do que ele (a) tem medo? _____________ __________ 19. Deque essa pessoa mais precisa? ________ _____ - -- -— 20. Você gostaria de ser como essa pessoa? __________________ -- — 21. O que as pessoas falam dele (a)? _____________________ 22. E os familiares? ______________ 23. Alguém já feriu essa pessoa? Por quê? ________________________________ 24. Imagine que o sol seja uma pessoa que você conhece. Quem seria? 25. Você acha que a maioria das pessoas se sente assim? 26. Qual é o clima nessa figura? — 27. Que tipo de roupa está vestindo? __________ ____ Só Para Adultos 01. Estuda ou trabalha? 02. O que mais quer da vida? __________________ 03. Prefere ficar só ou no meio de outras pessoas? — 04. Namora? ____________________________ 05. Tem vida sexual?__________________________ 06. Se casado (a) - Vive bem com o companheiro (a)? 07. As relações sexuais são gratificantes? _____ 24 4— Família de Origem Uso da borracha: ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) Não usa 01 Sequencia do desenho ------------------------------------------------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------ ------------------------------------- 02. Quem são as pessoas que desenhou?------------------------------------------ ------------------------------------------------------------------------------------------------ ------------------------------------- 03. Aí estão todos os seus familiares?---------------------------------------------- ------------- 04. Quem está faltando?--------------------------------------------------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------ -------------------------------------- 05. Por que não está aí?---------------------------------------------------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------ ------------------------------------ 06. Quem é a pessoa com quem você melhor se relaciona nessa família? Por quê?------------------------------------------------------------------------------------ ------------------------------------- 07. Quem é a pessoa com quem você tem mais dificuldade em se relacionar? Por quê?-------------------------------------------------------------------- ------------------------------------------------ 08. Quem é a pessoa mais feliz desse grupo? Por quê?------------------------ ------------------------------------------------------------------------------------------------ -------------------------------------- 09. Quem é a mais triste ou a menos feliz? Por quê?--------------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------ ------------------------------------ 25 5 — Família Ideal 1. Sequencia do desenho:- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ --------------------------------------- 2. Quem são as pessoas que desenhou?------------------------------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------ --------------------------------------- 3. Em que família você estava pensando quando estava desenhando?---- ------------------------------------------------------------------------------------------------ ------------------------------------- No final de cada desenho é interessante pedir ao examinando que coloque um sol. Presume-se que o sol simbolize a figura de maior autoridade ou de maior calor e/ou aFeto no ambiente. A disparidade de tamanho entre o sol e o total do desenho pode expressar a visão que o examinando tem a respeito de seu relacionamento com a pessoa representada pelo sol. 4. ANÁLISE QUALITATIVA Avaliação do HTP-F, tanto cromático como acromático, precisa ser efetuada com bastante cuidado. A interpretação de um dado só pode ser considerada correta depois ter relacionado esse detalhe à configuração total obtida. É essencial que não se coloque peso demasiado em dados isolados. Na avaliação dos desenhos deve levar-se em conta o princípio básico de que o papel repreta o ambiente, o desenho, o próprio sujeito e que somente a partir dessa interação simbolizada é que são realizadas as interpretações. 26 Uma série de itens faz parte da coleta de dados referentes à maneira como o indivíduo desenhou, na análise qualitativa, devemos considerar todos os desenhos (CASA, ÁRVORE,HUMANA, FIGURA HUMANA DO SEXO OPOSTO AO DA DESENHADA, FAMÍLIA DE ORIGEM e FAMÍLIA IDEAL). Para efetuar uma análise qualitativa, necessitamos observar os seguintes itens: 4.1 — Resistências São casos de rejeição à tarefa proposta em graus diferentes de intensidade, podendo ocorrer, em um extremo, a negação para desenhar e, no outro, a execução adequada dos desenhos. Não apresenta — confiança no desempenho. Negação — intenso sentimento de inferioridade, sensação de ser inadequado para o cumprimento da tarefa, dificuldade em arriscar-se e em receber julgamentos, bloqueios severos ou atitudes de negativismo e oposição em relação ao ambiente (comum em fobia Social, Transtorno de Personalidade de Esquiva ou Transtorno de Personalidade Paranóide). Omissão de algumas partes do desenho — indícios de problemas e conflitos em relação à parte em questão (comum em pacientes com Esquizofrenia, Transtorno Depressivo, Transtorno de Estresse Pós- Traumático, Transtorno de Ansiedade Generalizada ou Hipocondria). 4.2 — Análise sequencial do conjunto dos desenhos Oferece pistas a respeito da quantidade de energia e disposição do avaliando. O avaliador precisa ficar atento tanto ao aumento quanto à diminuição psicomotora e observar se o sujeito deixa levar-se por associações emocionais despertadas pela tarefa. Desenvolvimento normal — boa energia, equilíbrio emocional e mental. Alguns pacientes começam ansiosos, mas logo acalmam-se e trabalham eficientemente, sugerindo apenas uma ansiedade situacional. Decréscimo psicomotor — elevada fatigabilidade e em alguns casos depressão. A depressão caracteriza-se por uma acentuada pobreza de detalhes ou incapacidade para completar os desenhos. Alguns pacientes 27 inicialmente aceitam a tarefa de desenhar sem muito protesto, produzem um desenho razoavelmente bom na primeira tentativa, mas demonstram fadiga óbvia no desenho seguinte. Por exemplo: abandonam a tarefa logo após terem produzido apenas a “cabeça” do desenho da FIGURA HUMANA. Aumento psicomotor — impulsividade, ansiedade excessiva, abertura a estímulos (sugere Transtorno de Personalidade Borderline). 4.3 — Tempo consumido O uso que o avaliando faz do tempo durante a execução fornece pistas valiosas referentes ao significado que os desenhos têm para ele. O avaliador deve relacionar o tempo total consumido com a qualidade dos desenhos. Alguns pacientes desenham e apagam várias vezes, perdendo muito tempo; outros consomem a mesma quantidade de tempo, mas desenham livremente e colocam uma infinidade de detalhes. Tempo de latência inicial — a maioria dos indivíduos bem ajustados começa a desenhar mais ou menos 30 segundos depois que as instruções foram dadas. Pausas durante a realização do desenho — depois de iniciado o desenho, qualquer pausa superior a mais ou menos que cinco segundos sugere conflitos com o que acabou de desenhar ou ainda com o que vai ser desenhado. Quando ocorrem pausas durante os comentários espontâneos do sujeito ou enquanto ele está respondendo ao questionário, é indício de prováveis bloqueios. 4.4 Pressão no desenhar Analisa o nível de energia do indivíduo. O tipo de linha e a pressão do traçado indicam, em extremo, energia, vitalidade, decisão e iniciativa e, no outro, insegurança, falta de confiança em si ou ansiedade. Pressão média — boa energia, equilíbrio e vitalidade. Pouca pressão, traço leve — baixo nível de energia, insegurança, timidez, sentimento de incapacidade, falta de confiança em si mesmo e em alguns casos repressão dos impulsos. (comum em Deprimidos, Esquizofrênicos e sugere também Transtorno de Personalidade Dependente ou sentido artístico e/ou pessoas com personalidade mais sensível). 28 Muita pressão, traços fortes — excesso de energia, vitalidade, iniciativa, decisão, confiança em si mesmo ou medo, tensão, insegurança, agressividade e hostilidade para com o ambiente, aguda consciência da necessidade de autocontrole, falta de adaptação com esforço para manter o equilíbrio da personalidade ou ainda pode ser uma expressão de isolamento com necessidade de proteger-se de pressões externas (comum em Transtorno de Conduta, Transtorno de Personalidade Antissocial, Transtorno de Somatização e sugere também Transtorno de Ansiedade Generalizada). Variação na pressão — flexibilidade, capacidade de adaptação ou labilidade de humor, instabilidade e impulsividade (comum em pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline). 4.5 — Caracterização do traço Pessoas que apresentam o desenvolvimento da técnica do desenho utilizam-se de avanços e recuos no seu traçado. Crianças, de maneira geral, apresentam com mais frequência um traço contínuo, com linhas firmes, grossas e pesadas. Traços com predominância de linhas decisivas, controladas e livres — decisão, rapidez, esforço dirigido, bom tônus muscular e equilíbrio emocional e mental (comum em indivíduos rápidos, decididos, seguros e com perseverança para trabalhar e alcançar os objetivos). Traços longos ou extremamente contínuos — falta de sensibilidade, medo de iniciativas ou humor agressivo (comum em alguns indivíduos inibidos e sugere Fobia Social). Traços com avanços e recuos - emotividade, ansiedade, falta de confiança em si, timidez, insegurança, hesitação ao encontrar novas situações ou sentido artístico, intuição e sensibilidade (comum em pacientes excitáveis e com comportamento mais impulsivo, sugerindo Transtorno de Ansiedade Generalizada). Traços interrompidos, mudando de direção — incerteza, temor, angústia, insegurança, falta de opinião própria e de pontos de vista bem firmados ou dissimulação de problemas, não aceitação do meio ambiente, agressividade controlada e oposição (sugere Transtorno de Ansiedade Generalizada). 29 Traços apagados — dissimulação da agressividade, medo de revelar os problemas, de se expor ou debilidade física, inibição, timidez, sentimentode insignificância, sensação de ser desprovido de valor e sensação de ser incapaz de ser reconhecido como pessoa (sugere Transtorno Depressivo). Traços trêmulos — insegurança, medo, esgotamento nervoso, fadiga extrema e sensibilidade excessiva (comum em Doenças Cerebrais, Alcoolismo, Intoxicação por Drogas, remédios, etc. e sugere Transtorno Depressivo). Traços pontilhados ou denteados — agressividade, hostilidade e dissimulação (sugere Transtorno da Conduta e/ou Transtorno de Personalidade Antissocial). Traços peludos — personalidade primitiva, comum em pessoas que agem mais pelo instinto do que pela razão (sugere Transtorno da Conduta e/ou Transtorno de Personalidade Antissocial). Quando em cada linha há indícios de estresse, falta de objetivos, confusão ou traços estranhos (olhos fora do rosto, mãos e dedos ou estão ligados a lugares errados ou não estão presentes) — sugere Esquizofrenia. 4.6 — Indicadores de conflitos O tratamento diferencial dado a qualquer área do desenho indica, na maioria das vezes, conflitos nessa determinada área. É importante salientar que um sombreado nem sempre é ansiedade, pois pessoas com aptidões para desenhos muitas vezes fazem uso desse recurso. Reforços suaves ou raros -brandura, passividade de temperamento ou expressão auto-afirmativa. Sombreamento não excessivo — tato, sensibilidade, pessoa sonhadora ou que mascara conflitos. Correções e retoques — insatisfação com a produção, incerteza, insegurança, ansiedade, algumas vezes podendo sugerir agressividade e dissimulação (sugere Fobia Social). Rasuras ou borraduras resultantes de correções — insegurança, falta de autoconfiança e desejo de perfeccionismo (sugere Fobia Social e/ou Transtorno de Ansiedade Generalizada). 30 Recobrir uma linha já traçada com riscos mais intensos — ansiedade, insegurança, falta de autoconfiança ao se defrontar com situações novas ou sentimento de perda afetiva e de acobertamento da angústia ou da agressividade (comum em pessoas imaturas sexualmente e em alguns Homossexuais). Sombreamento — ansiedade, conflitos, medo, insegurança ou descontentamento aberto e consciente, Quanto mais extensa a área sombreada, maior é a ansiedade. No caso de efeitos artísticos, pode refletir racionalização da ansiedade. Omissões de braços, pernas, mãos ou traços fisionômicos — conflitos, Deve analisar-se de acordo com a área, pois assumem significados distintos. 4.7 — Localização no papel A folha de papel simboliza o ambiente, e a localização do desenho revela a adaptação do sujeito ao meio e como ele o manipula, assim como a maneira de estar no mundo, suas atitudes ante a vida intelectual, instintiva, etc. Fazendo uma analogia com a figura humana, podemos intuir que os pés simbolizam o contato direto com o chão, com a realidade e com a terra e a cabeça como sendo a fonte das idéias, das fantasias e do intelecto. Meio da página ou centro — comportamento emocional e adaptativo em equilíbrio e segurança. As crianças cujo trabalho não é centralizado tendem a apresentar pouco controle e maior dependência. Quando todos os desenhos são colocados rigidamente no meio da página, podemos pensar também em ansiedade, inflexibilidade ou insegurança. 31 Metade superior — quanto mais para cima o desenho, maior a tendência de buscar satisfação na fantasia, e não na realidade. Alguns pacientes deprimidos fazem seus desenhos bem no alto, como que enfatizando o sentimento de que estão se empenhando bastante para não mostrar a depressão. Adultos inseguros em relação à própria capacidade, que vivem como “flutuando no ar”, sem muito contato com a realidade também costumam fazer seu desenho no alto da página. A metade superior pode simbolizar a vida espiritual, a tendência mística e o mundo do “grande pai”. Metade inferior — quanto mais para baixo o desenho, maior a tendência ao materialismo, a fixação à terra e ao inconsciente. Alguns pacientes deprimidos fazem seus desenhos na beira do papel, e geralmente estes são pouco minuciosos com uma deterioração progressiva tanto da qualidade das linhas quanto da quantidade de detalhes. A metade inferior também simboliza o mundo da mãe terra, a fixação à matéria e a dimensão concreta, 32 Figuras presas à margem do papel — falta de confiança, medo de ações independentes e necessidade de apoio (a interpretação é a mesma de janelas presas à margem das paredes). Em diagonal — perda de equilíbrio e insegurança. 4.8 — Tamanho das figuras Em geral o desenho ocupa de 1/3 a 2/3 da página. O tamanho das figuras fornece um paralelo entre a dinâmica, o ambiente e as figuras parentais. Oferece, também, pistas a respeito da autoestima, auto- expansividade, fantasia de auto-inflação, o grau de adequação e a forma como está reagindo às pressões ambientais. Em um extremo, o paciente pode estar reagindo às pressões ambientais com sentimentos de inadequação e inferioridade e no outro, pode reagir com grande 33 valorização de si mesmo, Crianças inseguras tendem a desenhar figuras pequenas, em contraste com as figuras grandes e ousadas das crianças seguras. Tamanho médio - inteligência, boa autoestima, adequação ao meio, capacidade de abstração e equilíbrio emocional. Figuras grandes — podem indicar tanto expansividade como inibição. Sugerem reação às pressões ambientais, com sentimentos de expansão e agressão, falta de controle ou inibição e idéias de grandeza, para encobrir sentimentos de inadequação. Podem também simbolizar sentimentos de rejeição social e inferioridade a respeito do corpo. (O desenho bem centrado pode indicar ambições e força de expansão do ego, porém preso pelo mundo da fantasia.) Figuras muito grandes que chegam a ultrapassar o limite da folha — sugerem sentimento de constrição por parte do ambiente, com fantasias compensatórias de auto-expansão e evidência de agressividade com possível descarga motora no meio ou controle interno ineficiente (comum em casos orgânicos, Transtorno de Personalidade Paranóide ou crianças com descontrole motor que não percebem o limite da folha ou com tendência ao roubo). Figuras pequenas — sentimento de inferioridade com dificuldade em se colocar no meio, inibição, timidez, repressão da agressividade, comportamento emocionalmente dependente e ansioso. Sugere eventualmente inteligência elevada, mas com problemas emocionais por sentimentos de inadequação, baixa autoestima, insignificância, excesso de autocontrole e reação de maneira não adequada às pressões ambientais (comum em Depressivos e sugere também Transtorno de Personalidade Dependente). Figuras muito pequenas, minúsculas — sentimento de inadequação e rejeição pelo ambiente, tendência ao isolamento; a criança que faz um desenho muito pequeno indica que as relações com o meio são sentidas como esmagadoras (sugere fobia Social, Transtorno de Personalidade Esquiva, Transtorno de Personalidade Esquizoide e/ou Transtorno de Estresse Pós-Traumático). Criança que desenha figuras pequenas e grandes — dificuldade em responder de forma plenamente saudável às experiências, ou percepção tendenciosa de si mesmo e dos outros. 34 Relação das partes do desenho em relação ao todo — quanto maior a disparidade, maior a possibilidade de desajuste. 4.9 — Detalhes no desenho Existem detalhes que são essenciais aos desenhos, como, por exemplo, no desenho da CASA. Esta deve possuir pelo menos uma porta (a não ser que somente o lado da casa esteja desenhado), uma janela, parede e telhado.Atualmente com ouso do aquecimento elétrico, a chaminé não constitui mais um detalhe essencial no desenho da CASA. A ARVORE deve ter pelo menos tronco e copa. A FIGURA HUMANA deve apresentar cabeça, tronco, dois braços e duas pernas, a não ser que seja desenhada de tal maneira que somente um dos membros seja aparente, o que também é significativo. Nas características faciais, deve ter dois olhos, um nariz, uma boca e duas orelhas, a não ser que a posição não permita que todos os elementos apareçam. A ausência de qualquer detalhe essencial é séria e quanto maior o número destas, mais significativas serão as implicações patológicas. Detalhes adequados — inteligência, percepção adequada e ajustamento ao meio. Uso limitado de detalhes não essenciais — bom teste de realidade e relação equilibrada com o ambiente. Detalhes inadequados ou uso mínimo de detalhes essenciais — fuga e/ou conflito na área representada ou simbolizada pelo detalhe, dificuldade de entendimento, insegurança, energia reduzida, sentimento de vazio e retraimento (comum em Depressivos, que geralmente fazem desenhos apagados, com linhas tênues e sem detalhes). Detalhes excessivos — insegurança, sentimento de que o mundo é incerto e/ou perigoso, rigidez, tendência a defender-se contra o caos externo ou interno criando um mundo rigidamente organizado e altamente estruturado (desenhos exatos, com elementos rígidos e repetidos, não existindo nem uma linha fora de lugar, são encontrados com frequência Transtorno de Personalidade Obsessivos-Compulsivos). 35 Detalhes não essenciais — geralmente tendem a enriquecer o desenho, como, por exemplo na CASA, a colocação de cortinas na janela ou material de parede, indicado por desenho minucioso ou sombreado, etc. Na ARVORE, uma folhagem desenhada detalhadamente ou sombreada; na FIGURA HUMANA, cabelo ou roupa extremamente elaborados. Detalhes bizarros — como, por exemplo, órgãos internos vistos por meio da roupa ou pele parede transparente de forma que se observem os objetos dentro da casa, sugerem desordem emocional, porém, em crianças pequenas, não apresentam significado patológico (em adultos sugere Esquizofrenia). 4.10 — Uso da borracha O uso da borracha só tem valor quando o sujeito mostra capacidade de melhorar o seu desempenho. Apagar o desenho sem aperfeiçoá-lo não é bom sinal e quando o toma pior é mais significativo ainda. A constante necessidade de apagar na maioria das vezes significa conflito. Normal — autocrítica. Não usa— falta de crítica ou autoconfiança no desempenho. Uso exagerado — insegurança, excesso de autocrítica, indecisão, insatisfação consigo mesmo, falta de controle e fuga (sugere Fobia Social). - 36 5.1 — Introdução A CASA, como local de moradia, simboliza a cena das relações intrafamiliares, desde as mais satisfatórias até as mais frustrantes. 37 Provoca associações referentes à vida doméstica no passado, presente ou como gostaria que fosse no futuro ou, ainda, uma combinação desses estágios. A CASA também pode simbolizar um autorretrato, fornecendo ao examinador ricas informações sobre as relações do sujeito com a realidade e a fantasia, sobre os contatos que faz com o meio e também sobre a maturidade e o ajustamento psicossexual. E interessante ressaltar que após a observação de inúmeros desenhos percebe-se que a grande maioria dos pacientes (adultos e crianças) faz suas casas com um telhado inclinado e chaminé, em uma representação infantil, Em concordância Di Leu (1987) em seu estudo sobre o desenho da CASA, aplicado em crianças citadinas, percebeu que a grande maioria desenhou casas que são típicas da vida campestre (com telhado inclinado e chaminés), em vez dos complexos apartamentos, tipo colmeia, em que a maioria delas realmente vive. O desenho da CASA fornece dados sobre as relações familiares, pois simboliza o lugar onde são buscados os afetos, a segurança e as necessidades básicas que encontram preenchimento na vida familiar. A criança antes da idade escolar ao representar uma CASA desenha o que sabe que deve estar lá, ignorando como ou se realmente está visível. A realidade interna dará lugar, gradualmente, a uma realidade exterior mais prosaica desprovida da fantasia, quando a criança amadurece. A passagem da subjetividade para a objetividade não é abrupta, ambas as formas de “ver” podem coexistir até bem depois dos 7 anos de idade. Quando solicitadas a desenhar uma CASA, as crianças invariavelmente desenharão o exterior. Se a casa é percebida como um lar, com todas as suas conotações de calor, proteção, segurança e amor, poderão vitalizá- la com as pessoas significativas em suas vidas, flores, árvores ou sol. Nos adultos, quando casados, o desenho da CASA também reflete a situação doméstica em relação ao cônjuge. Simbolicamente a CASA pode, também, representar a imagem corporal. Pessoas com problemas em áreas fálicas (preocupação a respeito de questões sexuais com necessidade de demonstrar virilidade) frequentemente projetarão tais problemas desenhando uma chaminé bem grande. Os dados psicológicos levantados são obtidos pelo significado funcional dos elementos do desenho, pelo seu formato e por meio do aspecto 38 simbólico ligado a cada detalhe. É importante observar a habilidade com que o sujeito organiza seus detalhes em um todo significativo. O telhado, a parede, a porta e a(s) janela(s) são detalhes considerados essenciais no desenho da Casa. Habitualmente as pessoas desenham na seguinte sequencia: Telhado, parede, porta e janela(s) ou uma linha de base, parede, telhado, porta e janela. Uma sequencia de detalhes oscilantes indica, na melhor das hipóteses, indecisão. A casa geralmente é desenhada de pé, intacta, Qualquer movimento, como telhado paredes caindo, pode expressar um colapso do ego sob os ataques do ambiente ou das relações interpessoais. 5.2— Perspectiva e posição da casa Fornece-nos dados da reação afetiva sobre a vida familiar. Casa como um todo adequado e substancial, na altura do observador — harmonia nas relações familiares e adequação na imagem corporal. Casa desenhada como se fosse vista de cima — rejeição e distanciamento da situação familiar e dos valores pertinentes, com sentimento compensatório de superioridade (o sentimento de superioridade em relação ao ambiente familiar pode tratar-se de uma atitude defensiva). Casa desenhada como se fosse vista de baixo — sensação de rejeição, perda de valor, baixa autoestima e inferioridade na situação doméstica; a felicidade na situação familiar é considerada como algo dificilmente atingível (comum em pacientes com desajustamento familiar e deprimidos). Casa de longe como se estivesse distante do observador — isolamento afetivo, retraimento, inacessibilidade, sensação de que as boas relações com os familiares são inatingíveis ou incapacidade para enfrentar a situação doméstica (comum em pacientes com dificuldades para lidar, com as situações referentes à família e deprimidos). Casa em perfil parcial — bom nível intelectual e tendência a um comportamento mais flexível. 39 Casa do tipo “perfil absoluto” ou desenho em que a porta ou a entrada não são visíveis — retraimento, isolamento, inibição, dificuldade nos contatos sociais, tendência à fuga e oposição oumáscara social (comum em pacientes com Transtorno de Personalidade Paranóide e sugere também Fobia Social). Casa desenhada como vista pelos fundos ou por trás-retraimento, isolamento e dificuldade nos contatos sociais, porém com sentido mais patológico (comum em Esquizofrênicos, Transtorno de Personalidade Paranóide e sugere também Fobia Social). Desenhos de fachada (isto é, só uma parede é mostrada e não oferece sugestão de profundidade) —tendência a usar uma máscara social (comum em pacientes com comportamento rígido que escondem sentimentos de inadequação e insegurança). Casa desenhada de modo que uma das margens laterais do papel sirva como parede — insegurança extrema (sugere Transtorno do Pânico). Uso da margem inferior da página como base ou linha do solo - sentimento de inadequação e insegurança (comum em alguns casos de depressão). 5.3 — Tipos de Casa Ao analisar a Casa como um todo, observa-se que, além de o sujeito mostrar como se relaciona com o meio, pode por meio do desenho expor todos os seus sonhos e fantasias de realização, assim como a precariedade de sua vida. Choupana — desejo de isolamento, de descansar em paz, de romper com o mundo e/ou sentimento de perda amorosa, econômica ou social. Forma imatura de reagir aos estímulos ambientais (sugere Transtorno Depressivo, Transtorno de Personalidade de Esquiva e/ou Transtorno de Personalidade Esquizoide). Igreja- culpa sensação de não ser bom o bastante, pensamentos ruins ou sublimação dos impulsos sexuais. Hospital — medo ou fixação de doença (comum em Hipocondríacos). Escola — dificuldades intelectuais, medo de não ser bom o bastante, problemas ou fixação na escola ou ambição e supervalorização intelectual (sugere Transtorno de Aprendizagem). 40 Prisão — culpa necessidade de liberdade e conflitos (comum em pessoas que se veem aprisionadas em uma situação doméstica). Casa de aparência irreal, como em contos de fada — dificuldade para encarar a realidade com imersão na fantasia (sugere Transtorno de Personalidade Esquizotípica). Castelos — imersão na fantasia e/ou sentimentos de inferioridade. Prédios — sensação de falta de espaço, prisão, necessidade de liberdade ou acolhimento ou sensação de fazer parte de um todo. Casa de dois andares com apartamentos — cerceamento, aprisionamento ou desejo de contato sexual (comum em Deprimidos). Casa de dois andares ou mansão — aspirações, vontade de ser reconhecido, notado e necessidade de status social ou fortes sentimentos de inferioridade (sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). 5.4-Linha representativa do solo ou chão O chão simboliza o contato com a realidade. O solo pode ser firme, claro ou tênue, adquirindo aspecto importante para o diagnóstico. Pacientes mais comprometidos emocionalmente invariavelmente apresentam dificuldade em desenhar a CASA com um contato firme com a realidade, geralmente não traçam a linha representativa, fazendo com que o desenho flutue no ar, sem tocar qualquer ponto. Linha firme e clara — bom contato com a realidade objetiva. Linha de base como o primeiro detalhe a ser desenhado, com ênfase por reforçamento ou negrito —insegurança e necessidade de amarrar o desenho em alguma coisa substancial na página (comum em Deprimidos). Linha do solo distante do desenho ou desenho que flutua no ar sem tocar em qualquer ponto — suspeita de rompimento com a realidade objetiva e refúgio na fantasia (sugere Transtorno de Personalidade Esquizotípica). 41 Chão tipo arco, com a maior elevação no centro da página — suspeita de sentimentos de dependência (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Linha representada pela borda do papel — é comum em crianças, mas em adultos sugere insegurança, ansiedade e fixação na infância. 5.5- Paredes As paredes simbolizam a capacidade de auto-sustentação, integração e controle dos impulsos. Representam por hipótese o ego do sujeito indicando sua força, fraqueza ou deterioração. O material das paredes é menos frequentemente desenhado em relação a outras partes do desenho. Paredes com traços firmes e adequados — personalidade estável, bom ajustamento e controle do ego. Paredes menores que o teto ou corpo da casa pequeno e teto grande — tendência a buscar satisfação na fantasia e na atividade imaginativa. Paredes maiores que o teto ou corpo da casa grande e teto pequeno — menor valorização da fantasia, tendência à objetividade, maior controle racional sobre a vida instintiva, com comportamento mais prático e voltado para a realidade concreta. Paredes desconjuntadas ou que estão desabando — franca desintegração do ego (comum em pacientes que estão empregando um esforço consciente, hipervigilante, constante e intenso para manter o ego intacto). Reforço nos contornos da parede — esforço e vigilância para manter a integridade do ego e aumento das defesas. Paredes frágeis, com traço fraco, tênue e/ou inadequado — sentimento de colapso, de fraco controle do ego, de ruptura emocional iminente sem o emprego de defesas compensatórias a sentimentos de inadequação, insegurança e necessidade de apoio (comum em pacientes mais adaptados à própria patologia, que aceitaram derrota como inevitável e pararam de lutar, ao contrário dos que reforçam as 42 linhas da parede, estes apresentam uma atitude mais passiva de submissão às forças desintegradoras que os ameaçam e sugere Transtorno Depressivo). Paredes com apoios ou tijolos aparentes — desgaste emocional, ameaça de destruição, com sofrimento do ego e sensação de desintegração (sugere Transtorno stress Pós -Traumático). Paredes transparentes, permitindo a visão de objetos no interior da casa — no adulto sugere violação das regras da realidade, imaturidade e diminuição da percepção da realidade (comum em Transtorno de Aprendizagem e em Esquizofrênicos). Em crianças pequenas, apenas indicam a sua imaturidade em termos de capacidade conceitual, permitindo-se uma grande liberalidade quanto à representação da realidade. Calhas para escoamento de água — atitude defensiva e de suspeita, com um esforço concomitante de canalizar estímulos desagradáveis. 5.6 — Porta A porta indica o local de passagem entre dois estados, entre dois mundos, entre o conhecido e o desconhecido, entre o interior e o exterior e simboliza o contato, o relacionamento a interação com o meio ambiente. Obs.: Após o desenho da casa é interessante perguntar ao examinando se a porta está fechada ou aberta; crianças muitas vezes desenham a porta fechada, mas a imaginam aberta. Porta aberta e um caminho à vista — pessoa equilibrada ou que procura novos caminhos. Porta muito pequena em relação às janelas e à casa em geral — relutância em estabelecer contato com o ambiente, afastamento das trocas interpessoais, timidez e receio nas relações com os outros (sugere Transtorno de Personalidade de Esquiva e/ou Transtorno de Personalidade Esquizoide). Porta excessivamente grande — excessiva dependência em relação ao meio ou às pessoas em geral e necessidade de interação; quanto maior a porta, maior a dependência do meio externo (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). 43 Porta fechada — autodefesa e/ou defesa para com o mundo. Porta fechada com fechaduras, dobradiças ou olho mágico — medo hiperdefensivo do perigo externo, de contato, sensibilidade e defesa ou problema sexual e/ou desejo de contato sexual (comum em Transtorno de Personalidade Paranóide e sugere também Transtorno do Pânico). Ênfase na maçaneta — preocupação com o contato (funçãoda porta). Porta aberta — necessidade interna de receber calor emocional do exterior e de expressar acessibilidade (quando existem pessoas morando na casa). Quando a casa é vazia (não existe ninguém morando), a porta aberta indica sentimento de extrema vulnerabilidade, carência afetiva, necessidade de reforço emocional de fora e falta de adequação das defesas do ego (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Porta entreaberta — equilíbrio e/ou necessidade de contato. Porta bem acima da linha que representa o chão da casa, sem que apareçam degraus — isolamento do meio e tentativa de se conservar inacessível nas relações interpessoais; os contatos são unicamente segundo as próprias conveniências (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide). Porta acima do solo e com degraus — tentativa de se manter inacessível, comum em pessoas que só estabelecem contatos com os outros nos seus próprios termos. 5.7 —Janela É o meio secundário de interação com o ambiente. Representa uma maneira de comunicação menos direta e menos imediata com o mesmo. Enquanto abertura para o ar e para a luz, a janela simboliza a receptividade. Janela no lugar normal, simples, aberta e sem ênfase — equilíbrio e calma no contato social. 44 Janela com florzinhas — otimismo, interesse pela aparência, preocupação com o exterior, vaidade (sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). Pessoa na janela — família bem equilibrada, harmonia e em alguns casos ansiedade. Janelas nuas, sem cortinas ou persianas— tendência a relacionamentos e contatos sociais diretos, falta de tato ou oposição. Reforço no contorno das janelas (quando não aparece em outras partes do desenho)—fixações orais, gula ou tendência ao tabagismo. Janela com grades, vidraças fechadas e/ou fechadas com trinco — medo defensivo do perigo externo, desejo de proteção e/ou defesa contra os impulsos ou estímulos externos, isolamento, barreiras nos contatos sociais, insegurança ou sentimento de estar cercado (a), sensação de o lar ser uma prisão em vez de algo confortável (comum em Transtorno de Personalidade Paranóide), Janelas decoradas com persianas ou cortinas — atitudes de interação controlada com o meio, certa ansiedade nas relações interpessoais e ou dissimulação. Pode também mostrar a visão da vida por meio das cortinas ou exibicionismo e narcisismo (comum em pessoas com Transtorno de Somatização). Janelas fechadas com persianas ou cortinas — retraimento, cautela nas trocas interpessoais e relutância em interagir com os outros (sugere Transtorno de Personalidade de Esquiva). Cortinas ou persianas nas janelas abertas ou parcialmente abertas — interação controlada com o ambiente ou a certa ansiedade nas relações interpessoais. Várias janelas sem persianas ou cortinas — tendência a se comportar de forma abrupta e às vezes direta, sem necessidade de mascarar sentimentos. Várias janelas com persianas ou cortinas — preocupação a respeito da interação com o ambiente. Distorção no tamanho das janelas — quando a janela da sala é maior que a do banheiro, é normal; caso contrário, dá indícios de um possível treinamento severo nos hábitos de higiene ou sentimentos de culpa por 45 masturbação excessiva (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo). Janelas da frente em altura diferente das janelas do lado — sugerindo que a altura do chão não é a mesma - dificuldade de organização (comum em formas precoces de Esquizofrenia). Janelas centrais maiores que as outras- desejo de contato Janela junto ao teto ou telhado- tendência a viver mais no mundo da fantasia do que no da realidade ou necessidade de fuga (comum em pessoas com transtorno de somatização e em adultos com dificuldade inter-relação ou de contato sexual). Janela no telhado ( sótão) – dificuldade de contorno direto,contato vivido mais na base da fantasia e na imaginação,riqueza de vivencia interior e tato por meio de um meio mais intelectualizado (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide). Janela junto ao canto da parede — necessidade de apoio, medo de ações independentes e falta de autoconfiança (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Janela fechada e porta aberta — dificuldade de se mostrar no contato interpessoal, conflitos e medo de rejeição (sugere Fobia Social). Janela fechada e porta fechada — isolamento emocional e afastamento do contato interpessoal (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide). Janela aberta e porta fechada ou pequena — timidez ou receio no contato afetivo e interação mais controlada com os outros. Janela aberta e porta aberta — extroversão, necessidade de contato afetivo (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). 5.8 — Telha ou telhado Simboliza a área ocupada pela fantasia e pensamentos, os impulsos e as tentativas de controle. Os extremos no tamanho do telhado tendem a refletir o grau em que o sujeito devota seu tempo à fantasia e em que medida ele se volta para esta área a fim de obter satisfação. 46 O material do telhado é indicado por traços que variam desde o desenho meticuloso de cada telha até riscos esparsos ou o vazio. Telhado de tamanho adequado — equilíbrio entre a fantasia e a realidade, interação equilibrada com o ambiente. Telhado exageradamente grande e o resto da casa pequeno — grande imersão com ênfase exagerada na fantasia, afastamento dos contatos interpessoais (pouco contato manifesto) e ambição maior que a capacidade de realização. Casa representada só por teto ou telhado — ego dominado pela fantasia (comum em esquizofrênicos-geralmente eles desenham um telhado e depois colocam a porta e as janelas de forma que a casa seja toda telhado.,São pessoas que vivem no mundo predominantemente de fantasia). Lajes — bloqueios, repressão da vida de fantasia, da imaginação e orientação para o concreto (comum em pessoas estéreis afetivamente). Ausência de telhado ou telhado representado por uma única linha — dificuldade em fantasiar ou devanear, tendência para o pensamento mais concreto (comum em personalidades reprimidas ou de pouca inteligência e sugere também Transtorno de Aprendizagem). Telhado reforçado por uma linha forte e grossa (quando isso não ocorre nas outras áreas do desenho da casa) — tentativa de defesa da ameaça de perda do controle pela fantasia, temor que os impulsos atualmente expressos pela fantasia se expandam para o comportamento manifesto ou distorçam a percepção da realidade, receio de perder o controle sobre a vida imaginativa (comum em Transtorno de Ansiedade Generalizada e sugere também Transtorno de Personalidade Esquizotípica). Telhado ligeiramente afastado ou deslocado da parede, sombreado ou com buraco— ansiedade, dificuldade de aprendizagem e idéias de fuga do ambiente (comum em pessoas com Transtorno de Somatização e sugere também Transtorno de Aprendizagem). Telhado muito elaborado (com telhas ou vários riscos) — capacidade de enfrentar problemas e controle da fantasia ou minuciosidade, preocupação com detalhes, (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). 47 Telhado terminado em pontas — simbolismo sexual (comum na puberdade e adolescência). Telhado vazio sem telhas — senso prático, orientado para o essencial ou diminuição da fantasia. 5.9 — Chaminé Em pessoas bem ajustadas, a chaminé via de regra representa apenas um detalhe à representação da casa. Detalhe este que atualmente não é essencial no nosso meio devido à propagação do aquecimento elétrico, ao clima tropical e de poucas casas possuíremlareira. As crianças na sua grande maioria desenham a chaminé num ângulo reto ao plano do telhado. Se for um telhado inclinado ficará oblíqua. É necessário certa maturação para que a chaminé seja desenhada verticalmente, ignorando a inclinação do teto. Esta correção expressa um avanço no nível do pensamento, depende de uma operação mental que não é ainda acessível à criança pequena. Para alguns adultos a chaminé pode representar um símbolo fálico ou indicar o nível de maturidade sensual (emerge do corpo da casa) embora isso não seja obrigatório em todos os desenhos, pois também simboliza afeto, tensão interior ou no lar. (Da observação de inúmeros desenhos, percebe-se que a grande maioria dos pacientes desenha suas casas com um telhado inclinado e chaminé, numa representação infantil Dileo, 1987). Chaminé proporcional à casa — calor no lar, bom ajustamento familiar e pessoal, Ausência de chaminé - atualmente não é considerada importante, mas pode simbolizar falta de calor e afeto no lar ou, em alguns adultos, dificuldades de ajustamento sexual. Dificuldade em desenhar a chaminé — em crianças - tensão interior e/ou na família. Em adultos - indícios de mal ajustamento sexual, temores quanto à dificuldade para lidar com protuberâncias que saem do próprio corpo e dúvidas sobre a capacidade fálica. Chaminé exageradamente grande — em crianças - necessidade de chamar atenção e de ser visto, notado. Em adultos - preocupação a 48 respeito das questões sexuais com necessidade de demonstrar virilidade, tendências exibicionistas e sentimentos compensatórios para inadequação fálica (comum em Transtorno de Personalidade Antissocial). Chaminé superenfatizada, completamente exposta, saindo da linha de base em adolescentes e adultos — tendências exibicionistas no sentido da sexualidade. Chaminé quase completamente escondida — em crianças sugere relutância em lidar com estímulos que provocam emoção. Em adultos pode simbolizar angústia em relação às vivências fálicas ou à dificuldade de expressar a turbulência emocional e repressão. Várias chaminés na mesma casa, chaminé tombando ou em formato fálico em desenhos de adolescentes e adultos.— sentimento de inferioridade e compensação por sentimentos de adequação fálica, sob uma capa de esforço viril (comum em Impulso Sexual Excessivo e Transtorno de Personalidade Antissocial). Chaminé transparente ou visível por meio de uma parede transparente — negação de aspectos sexuais, sensação de impotência, sentimento de fraqueza em relação ao pênis ou medo de castração ou tendências exibicionistas ou expressão de que o sujeito sente que a sua preocupação fálica deve ser óbvia para os outros. (comum em Impulso Sexual Excessivo e Transtorno de Personalidade Antissocial). Chaminé perpendicular à inclinação do telhado — comum em crianças e adultos sugere angústia em relação às vivências fálicas e/ou a dificuldade de expressar a turbulência emocional. Antenas ou outros símbolos fálicos — indícios de fantasias sexuais ou necessidade de comunicação com o mundo externo. 5.10 — Fumaça Simboliza a respiração e, portanto a expressão da vida dentro da casa. Chaminé emitindo uma fumaça abundante — expressão de calor e afeto dentro da casa (comum em desenho de crianças). Fumaça dirigida para um lado como sob efeito de forte vento -(a força da pressão do vento é indicada pelo grau de desvio da fumaça, e o 49 sentimento é revelado pela quantidade de fumaça) — sentimento de forte pressão ambiental (comum em crianças com dificuldade escolar e/ou pressionadas pelos pais e em adolescentes constritos pela realização acadêmica). Fumaça em novelo — conflitos internos e externos ou esforço para extravasar energia intelectual (comum em pessoas que veem o lar como um lugar de conflitos, turbulência e inquietação). Fumaça em negrito, densa e/ou exagerada — grande tensão interna, conflitos e turbulência no lar ou ambos (denota sintomas mais graves). 5.11 — Acessórios no desenho da casa Quando aparecem acessórios no desenho da CASA, estes devem ser analisados de acordo com o conjunto dos desenhos. Detalhes bem organizados na maioria das vezes indicam boa relação com o meio e maior possibilidade de a ansiedade ser bem canalizada e controlada. Por outro lado, alguns pacientes revelam diretamente a sua falta de segurança ao circundar ou apoiar sua CASA com arbustos, árvores e outros detalhes que não estão relacionados com a instrução dada. Indica que quanto maior a quantidade desses detalhes, mais intenso é o sentimento de insegurança ou a falta de proteção. Caminho bem feito e proporcionado, conduzindo a porta — controle e tato no contato com os outros e equilíbrio na procura de novos caminhos. Caminho longo e sinuoso — reserva nas relações interpessoais (comum em pessoas que inicialmente se mostram cautelosas em fazer amizades, mas, quando a relação se desenvolve, tende a ser profunda). Caminho excessivamente largo na extremidade voltada para o observador, mas que diminui, de modo a ficar mais estreito que a porta — tentativa de encobrir o desejo de manter-se distante, empregando uma afabilidade superficial (comum em pessoas seletivas em seus contatos e sugere também Fobia Social). Caminhos bifurcados — indecisão e imaturidade afetiva. Caminho pedregoso-vivências traumatizantes e dificuldade de contato com o mundo (sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático). 50 Calçada reta na frente ou caminho que acaba em montanha — falta de energia para vencer os problemas ou dificuldade no contato com as pessoas (sugere Transtorno depressivo). Casa com árvores, vegetais, arbustos e/ou grande e vasto jardim — insegurança, necessidade de proteção e de erguer barreiras defensivas para fazer contato formal com os outros (em alguns adultos pode simbolizar desejo e/ou repressão da sexualidade). Casa com escadas — dificuldade em mostrar-se, em ser autêntico (a) e em ter relacionamentos íntimos. Demonstra ser necessário galgar os degraus para chegar ao interior da pessoa. Casa Com varanda ou com sombra e água fresca — necessidade de relaxar; comodismo mecanismo de compensação ou problema de relação social. Árvores desenhadas ao redor da casa — frequentemente representam pessoas, e o examinador pode induzir o sujeito a identificá-las, O tipo e o tamanho da árvore, particularmente sua colocação em relação à CASA, podem revelar muito a respeito da percepção que o indivíduo tem da sua constelação familiar. Montanhas aparecendo no desenho da casa — atitudes defensivas e/ou necessidade de independência, frequentemente independência maternal (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Cercas desenhadas em torno da casa — necessidade de proteção, comportamento defensivo e insegurança (sugere Transtorno de Personalidade Dependente ou Trans- torno de Personalidade Paranóide). Florzinha, patinho, etc., — imaturidade afetiva ou ambição desejo de conquistar algo. Nuvem — ansiedade, pressão ambiental ou expressão de pais repressores. Nuvem escura — ansiedade, pressão ambiental e ameaça a distância. Nuvens, neve e/ou chuva caindo — ambiente opressivo (comum em Deprimidos). Sombras — situações de conflitos e ansiedade em nível mais consciente. 51 (Sol—(na maioria das vezes simboliza a figura de maior autoridade ou de maior valência emocional (positiva ou negativa) no ambiente do sujeito tomo Depressivo) Sol brilhando sobre o lado esquerdo — lado materno, bom relacionamento com a mãe. Sol brilhando sobre o lado direito — lado paterno, bom relacionamento com
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