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IPHAN, UNESCO e Patrimônios Culturais

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Aula 2 – IPHAN, UNESCO e os critérios para reconhecimento de bens patrimoniais
Introdução
O século XX foi marcado por grandes conflitos armamentistas mundiais. Em meio a tanta destruição, cidadãos se levantaram a fim de tentar proteger determinados bens (patrimônios) – resquício de uma proposta de cidadania da Revolução Francesa. Nesse contexto, surgiram o Iphan e, mais tarde, a Unesco (ambas instituições que desenvolveram legislações e outras formas de preservação, proteção e manutenção patrimoniais). No Brasil, por seu turno, dezenove bens foram considerados patrimônios da humanidade. Nesse sentido, importa-nos conhecê-los, no intuito de inseri-los na rota de atuação do Turismo.
No fim da aula anterior, vimos que as nações iniciaram um processo de unificação e conseguinte exacerbação de seus nacionalismos (muito associados ao imperialismo). Assim, a ênfase dada ao patrimônio nacional atingiu seu ápice no período entre 1914 e 1945, época em que duas grandes guerras mundiais eclodiram impulsionadas pelo afã nacionalista.
Na tentativa de se controlar conflitos das proporções da Primeira Guerra Mundial, os países vencedores do referido embate se reuniram em Versailles, França, em 1919, e criaram a Sociedade das Nações (também conhecida como Liga das Nações). O principal objetivo do grupo, pois, era firmar um tratado de paz. Entretanto, a década de 1930 representou o início do desmantelamento desse grupo.
A partir de 1930, Japão e Alemanha começaram uma corrida armamentista, o que representou uma evidência de que as nações não se submetiam aos ideais da Sociedade. Isso se tornou um prenúncio da Segunda Guerra Mundial, que eclodiu em setembro de 1939. Assim, já que a Sociedade das Nações havia falhado em seu objetivo maior (a manutenção da paz), seus representantes anunciaram o seu fim em 1946.
Antes, porém, em 1937, os representantes da Sociedade das Nações se reuniram na Conferência de Atenas e defenderam a salvaguarda do patrimônio cultural da humanidade. Mais tarde, em 24 de outubro de 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) deu início às suas atividades, tornando-se sucessora da Sociedade das Nações no tocante à manutenção da paz mundial.
No Brasil da década de 1930, por sua vez, o governo de Getúlio Vargas veio a criar o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan. Esse órgão fora legitimado pela Lei nº 378, de 13 de janeiro de 1937. Sua criação fora confiada a intelectuais e artistas brasileiros ligados ao movimento modernista. Tratava-se da realização de uma vontade que se anunciara no século XVII no âmbito da proteção dos monumentos históricos.
Governo Vargas
À primeira vista, pode parecer um paradoxo o fato de um governo ditatorial e repressor das liberdades (como o de Vargas) ter criado um órgão preservacionista da memória nacional. Com mais informação, costuma-se configurar maior criticidade. No entanto, a presença da censura cerceava o amplo questionamento popular à ideologia vigente.
A versão oficial apregoava, pois, os ideais nacionalistas do período, ou seja, uma visão enaltecedora de um Brasil idealizado. Esse fenômeno não era exclusivo de nosso país, o que pode ser ratificado se observarmos todos os governos totalitaristas da época, a saber: Perón, Mussolini, Franco, Hitler, entre outros.
Além disso, ainda sobre a manutenção do patrimônio nacional, a Constituição brasileira também determinou que caberia ao poder público, em consonância com a ajuda da sociedade, a proteção, a preservação e a gestão do patrimônio histórico e artístico do país.
Cabe ressaltar que, apesar de a Carta Magna aludir à necessidade de preservação do patrimônio nacional, ainda se mantém vigente o Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937. Esse foi um dos primeiros atos do Estado Novo que, à época, propôs-se a organizar a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, estabelecendo critérios e procedimentos para o processo de tombamento.
Tombamento se configura em um ato administrativo com vistas à preservação de bens que a população considere que sejam de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e afetivo. O tombamento garante proteção especial de determinados bens nas três esferas do poder: federal, estadual e municipal.
Livros de registro
Os livros de registro estão divididos em quatro categorias:
- Formas de expressão: manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas.
- Celebrações: Rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social.
- Lugares: Mercados, feiras, santuários, praças e demais espaços onde se concentram e reproduzem práticas culturais coletivas.
- Saberes: Conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades.
A natureza do registro é preservar o patrimônio imaterial, pois este não pode ser tombado. Deve-se, no entanto, estabelecer critérios de acompanhamento de suas manifestações. O Decreto-lei nº 3.551/2000 institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial. Esse tipo de proteção tem por objetivo viabilizar projetos que ajudem a manter vivo o patrimônio cultural por meio de parcerias com instituições públicas e privadas que deverão desenvolver pesquisas para dar suporte à continuidade dos bens registrados.
Tombamento
Quanto ao tombamento de um móvel ou imóvel, convém esclarecer que o direito à propriedade é inalienável, cabendo, ao proprietário, a preservação do referido bem. Se houver necessidade de reforma ou de restauração de um imóvel tombado, quaisquer procedimentos devem ser, antes, aprovados pelo órgão que efetuou o tombamento.
Caso o dono decida estipular novo uso a um imóvel tombado, deverá ser avaliado previamente se poderá haver prejuízo ao bem, ou à harmonia da edificação. Como se torna oneroso conservar ou restaurar um móvel ou imóvel tombados, o proprietário pode-se candidatar a verbas disponíveis pelas leis de incentivo à cultura, ou a descontos de impostos prediais ou territoriais, como o IPTU, por exemplo.
Qualquer pessoa pode solicitar, aos órgãos responsáveis pela preservação, a abertura de um estudo de tombamento de um determinado bem. Esse pedido será avaliado por um corpo técnico que o analisará calcado nos valores histórico ou arquitetônico, cultural, ambiental ou afetivo para a população.
Enquanto a decisão final de tombamento não é anuída, o imóvel fica protegido legalmente contra destruição ou descaracterizações. Concluído o processo, haverá a inscrição no Livro Tombo respectivo.
A legislação ambiental e sua atuação
No âmbito mundial, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) representou uma agência especializada da ONU para atuar nas áreas de Educação, Cultura, Ciências Humanas, Naturais e Sociais, Comunicação e Informação. Por esse motivo, a Unesco ficou associada às questões mundiais de ordem patrimonial.
Menos de um mês depois da criação da ONU, a Unesco foi criada em 16 de novembro de 1945, em um encontro realizado em Londres. Na ocasião, a Constituição da Unesco foi assinada por representantes de 37 países. Embora o encontro tenha acontecido em Londres, a sede da Unesco foi inaugurada em Paris, em 1959.
No ano de 1964, o governo brasileiro precisou assinar acordos de cooperação técnica com a Unesco. Como consequência, foi a partir desse ano que a Unesco passou a atuar no Brasil. Com o passar dos anos, a instituição foi responsável por importantes contribuições ao questionamento sobre preservação no país, dentre as quais destacamos a criação da Convenção para a Proteção do Patrimônio Cultural e Natural, em 1976 (desdobramento das decisões de 1972, em Estocolmo).
Hoje em dia, a Unesco dá suporte a inúmeros programas em suas áreas de atuação. Além disso, volta suas ações para questões relacionadas ao cumprimento dos Objetivos do Milênio, acompanhando o desenvolvimento mundial e colaborando na busca de soluções dos problemas enfrentados pelos 193 Estados Membros da agência, e pelos 6 Estados Membros Associados.
A Unescoé responsável por instituir os Patrimônios Mundiais da Humanidade. Essa determinação caracteriza a universalidade de um patrimônio, pois deixa de ser exclusivamente de um Estado Membro e passa a pertencer a todos os povos do mundo, independentemente de sua localização geográfica. Os países em que estão localizados os patrimônios reconhecem a legitimidade da nova categorização de seu bem, sem, no entanto, ferir as soberanias nacionais. Atualmente, há 963 patrimônios mundiais, sendo 745 culturais, 188 naturais e 29 mistos, localizados em 153 Estados.

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