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Aula 8 – Educação das relações étnico-raciais e o ensino da história e cultura afro-brasileira
Introdução
Atualmente presenciamos um cenário mundial quase sem fronteiras. Isso significa que tanto as barreiras físicas como as ideológicas estão sendo transpostas. Alguns autores defendem que as características mais conservadoras estão sendo mescladas ou substituídas por uma programação mais “pasteurizada” das crenças, valores, da arte, enfim da cultura em geral.
Turismo, Globalização e Cultura
Em primeiro lugar, o que é globalização? De modo geral, globalização pode ser compreendida como um conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial manifestadas desde o século XX.  
Alguns costumam definir como um processo de aprofundamento da integração econômica, social, cultural e política, que tornou o mundo interligado, mesclando-se ao conceito de “aldeia global”, de Herbert McLuhan.
A globalização pode ser definida também como a ação de interatividade entre as pessoas, as empresas e os governos. Neste sentido, acaba sendo uma técnica promovida pelo comércio internacional para conectar as movimentações do capital e tem profundo impacto nas tecnologias de informação e comunicação. 
Um de seus aspectos mais significativos é o choque que costuma causar nos sistemas ambientais, culturais e políticos, assim como no nível de desenvolvimento e da prosperidade da sociedade moderna.
Turismo e Globalização
Avalia-se que dois fatores contribuíram para o impulso da globalização: a gradual eliminação das barreiras à mobilidade de pessoas e os produtos e capitais, por conta da redução dos custos de transporte e da eficácia dos novos modelos de comunicação. 
Sob o ponto de vista da dimensão turística, a globalização tem colaborado de forma significativa para o incremento do turismo internacional. Não há dúvida que para isso colaboraram não somente o desenvolvimento dos transportes, mas em paralelo o aumento do rendimento disponível e do tempo livre. Ou seja, em termos positivos, a globalização contribui, sem dúvida, para a melhoria dos níveis de conforto das populações.
Se por um lado a globalização funciona como um forte estímulo à indústria do turismo, por outro lado, há riscos de desequilíbrio na base de sustentação da diversidade cultural e social encontrada em cada um dos destinos. Sem dúvida, o acesso aos bens e serviços e à difusão da informação são aspectos positivos inerentes à globalização. 
Como desvantagens, são apontados o domínio das culturas mais frágeis pelas culturas mais fortes e a percepção de que esta melhoria observada não é igual para todas as populações.
Muitos pesquisadores defendem a ideia de que há uma transformação de destinos locais em resorts dos países mais ricos, como é o caso da América Central e do Caribe. 
Estaria em curso um domínio da cultura local pelos padrões culturais estrangeiros, especialmente pela cultura norte-americana. Exagero? O que pode ser ressaltado na relação entre educação das relações étnicas, turismo e globalização?
• Entrada de marcas internacionais (não somente norte-americanas) nos territórios nacionais, sobretudo no setor de hospedagem, como um sinal de confiança para os turistas;
• Criação de “guetos turísticos” onde as etnias locais são relegadas para segundo plano, sendo privilegiada a estadia, à custa do uso e do abuso dos recursos locais;
• Certa “folclorização” da cultura local, com atividades programadas despojadas de qualquer essência não criando laços afetivos com a(s) etnia(s) do destino;
• Incerteza quanto à permanência das marcas internacionais nos destinos, devido à instabilidade financeira dos ciclos globais da economia;
• Escolha do visitante feita segundo “afinidades” e não por categorias de “motivações”.
Por conta deste suposto déficit étnico e sociocultural, há quem defenda que as especificidades locais, se devidamente trabalhadas nos mercados, podem ser a garantia do sucesso, contrariando a oferta padronizada, predefinida e previsível das grandes marcas.
Na opinião destes analistas, com uma procura turística cada vez mais sofisticada e responsável informada nas redes sociais, os negócios locais serão priorizados, motivando as corporações internacionais a reavaliar a estratégia de expansão e implantação nos territórios, assumindo uma política de responsabilidade social e de compromisso com o bem-estar das populações, fomentando o desenvolvimento horizontal e não vertical.
Isso nos coloca na discussão entre cultura e turismo e de quão intrusivo o turismo pode ser neste campo. Será necessário observar o quanto a valorização do outro pode ajudar na própria identidade de uma sociedade e nos caminhos que o turismo pode trilhar a partir desta valorização da cultura local.
Diante do contexto local que se confronta diretamente com o contexto global, nos deparamos com uma pergunta que não se cala: “Como pensar a História e a cultura local como atrativo turístico?”
Para o turismo, a interpretação da História e da cultura é algo muitas vezes circunscrito àqueles pacotes em “cidades históricas”, mas o produto do Turismo Histórico e Cultural não se dá apenas por meio das visitações aleatórias aos monumentos: igrejas, teatros e museus. Parte de um conjunto que engloba o passado e o presente vivido pelos moradores locais complementado pela sua cultura, que deve ser respeitada como tal e merece ser estudada nos mínimos critérios. 
Mas afinal, se estamos pensando a história e a cultura local, o que é cultura mesmo?
Genericamente a cultura é aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem não somente em família, como também na sociedade já que é um membro dela.
A cultura é um conceito que está sempre em desenvolvimento, pois com o passar do tempo ela é influenciada por novas maneiras de pensar inerentes ao desenvolvimento do ser humano e isso nos confronta diretamente com evolução das diferenças étnicas.
Um dos conceitos que mais aproxima o turismo de cultura é a “cultura popular”, porque é o produto por excelência a ser vendido. Embora um termo bastante impreciso, a maioria dos cientistas sociais defende que a cultura popular não é determinada e sim espontânea e acompanhada de dois importantes itens: naturalidade e informalidade.
Quando se analisa a cultura popular aliada ao turismo, pode-se perceber um novo horizonte a ser discutido. Há quem defenda a ideia de que, a partir do momento que a cultura popular espontânea passa a ser utilizada com fins lucrativos, ela deixa sua espontaneidade e passa para um novo panorama, todavia não deixando de ser “cultura popular”.
A manifestação da cultura popular quando voltada ao atendimento do turista recebe novos valores, diferentes de sua “originalidade”, que podem interferir no seu contexto histórico e étnico, mas também revigorar valores esquecidos no tempo. Isto nos remete novamente à globalização, uma vez que esta é um fenômeno alimentado pela padronização e circula mesclada de símbolos culturais transnacionais. 
Em que grau uma cultura tem que perder seus sentidos originais para se tornar um produto turístico internacional e empacotado?
Muitos dirão que quase nada, desde que permaneça envelopada como entretenimento. Será? Mesmo o espetáculo étnico se transformando em “rituais de entretenimento", o turismo pode motivar a população local a manter vivas suas tradições culturais, pois o turismo e o folclore devem caminhar juntos, embora respeitando suas particularidades. Onde o turismo ajuda a manter vivas as manifestações étnicas e culturais sem causar um grande impacto na cultura popular?
A cultura popular deve se utilizar do turismo como uma ferramenta de auxílio para não se perder no tempo, dando-se o devido respeito de manter vivas suas raízes e tradições, para evitar que o turista não perca interesse em conhecê-las, pois, uma vez descaracterizadas, seriam iguais em qualquer lugar.
Outro cuidado é evitar a vulgarização histórico-cultural do local, agindo como instrumentode exclusão da etnia local, provocando a “monumentalização” e a “musealização”, onde os atrativos se mostram como objetos sem vida e sem significados.
Trazendo este cenário para o Brasil, o ensino da história e da cultura afro-brasileira pode contribuir com o turismo nesta empreitada de preservação da memória e da identidade?
Ensino da História e da Cultura Afro-brasileira
A história cultural do Brasil marca uma trajetória de percepções que misturam elementos das mais diferentes vertentes culturais entre negros, brancos, índios e asiáticos. O Brasil tem 47% de sua população de origem afrodescendente, atrás apenas da Nigéria, segundo o MEC. 
Em vista disso, desde 2003, a lei nº 10.639 passou a exigir que as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio incluíssem no currículo o ensino da história e da cultura afro-brasileira. Esta exigência veio acompanhada de polêmicas quanto ao fato de que o ensino da cultura afro-brasileira tenha ganhado um espaço específico. Mas, e os outros povos que contribuíram para a formação da identidade nacional?
Uma das justificativas é de que o Brasil tem a maior população de origem africana fora da África e, por isso, a cultura desse continente exerce grande influência, especialmente no Nordeste e no Rio de Janeiro. A cultura afro-brasileira é resultado também das influências dos portugueses e dos indígenas, que se manifestam na música, na religião e na culinária.
A História da África está ligada à própria História do Brasil. O tráfico de escravos, entre os séculos XVI e XIX permitiu certa influência na cultura brasileira construída na matriz portuguesa, com seus costumes, rituais religiosos, culinária, danças e muito mais. 
No início do século XIX, as manifestações e os rituais e costumes africanos eram proibidos, não faziam parte do universo cultural europeu e não representavam sua prosperidade, sendo percebidas como cultura atrasada. O movimento abolicionista ganhou importância no final do século XIX e com a Lei Áurea (1888), os escravos ganharam a liberdade oficialmente. Alguns argumentam que a lei deu a liberdade, mas não resultou em igualdade, fenômeno constatado também em outros países da América Latina e no sul dos EUA, anos antes. 
No século XX, algumas expressões artísticas africanas foram incluídas no calendário nacional. Assim, estabelecer e reconhecer perspectivas educacionais para uma compreensão do papel do tráfico, da escravidão e da diáspora africana como elementos formadores da configuração do mundo contemporâneo constituem pressupostos básicos para traçar um novo perfil do papel das culturas negras na formação do Brasil. Os traços que unem a África ao Brasil estão presentes em vários segmentos da arte e da cultura:
Música
A principal influência da música africana no Brasil é, sem dúvida, o samba. O estilo hoje é o cartão--postal musical do país, está envolvido na maioria das ações culturais e dita o ritmo da maior festa popular brasileira, o Carnaval. Além do samba, a influência negra na cultura musical brasileira vai do Maracatu à Congada, à Cavalhada e ao Moçambique.
Capoeira
Como meio de defesa, a capoeira era ensinada aos negros cativos por escravos que eram capturados e voltavam aos engenhos. Os movimentos de luta foram adaptados às cantorias africanas e ficaram mais parecidos com uma dança, permitindo assim que treinassem nos engenhos sem levantar suspeitas dos capatazes. A liberação da prática de capoeira aconteceu nos anos 1930, sob o governo de Getúlio Vargas que usou o “mulato” como símbolo de unidade nacional.
Religião
Os negros trazidos da África eram batizados e se tornavam católicos nominais, mas as religiões de origem africana continuaram a ser praticadas secretamente nas florestas e nos quilombos. Apesar da fragmentação da estrutura do culto africano ligada aos clãs familiares, os negros criaram uma unidade e partilharam cultos e rituais de sua religião e cultura. Deste modo, o Candomblé originou--se na Bahia e tem sido sinônimo de tradições religiosas afro-brasileiras, assim como a Umbanda, que, agrupando práticas de vários credos, entre eles o catolicismo, originou-se no Rio de Janeiro, no início do século XX.
Culinária
Pratos como vatapá, acarajé, caruru, mungunzá, sarapatel, baba de moça, cocada e bala de coco são iguarias da cozinha brasileira das quais, a mais popular é a feijoada. Originada das senzalas, era feita das sobras de carnes que os senhores de engenhos não comiam. As orelhas, os pés e outras partes dos porcos eram misturadas com feijão preto e cozidas em um grande caldeirão. No século XX começou a ser degustada como prato da culinária nacional. 
A lei n°10639/03 visa fazer um resgate histórico para que se conheça a história do Brasil. Ela prevê trabalhar o conhecimento da história e da cultura da África a partir do processo de escravidão e dos conceitos sócio-político-históricos surgidos em temáticas diversas desde a filosofia, até a medicina e a matemática. Para atenuar os preconceitos em sala de aula, propõe-se que não sejam abordados nas escolas certos temas como: raça, racismo, etnia, etnocentrismo e discriminação racial.
Consciência Negra
Uma parte significativa da conscientização da influência da cultura negra nas tradições brasileiras é estimulada por um arcabouço jurídico moderno que designa obrigatória ou voluntariamente um espaço de estudo e discussão para a África. 
Sobre a lei n°10639 (ver EM DESTAQUE) nesta seção, muitas críticas surgiram em função de certo desprestígio com o estudo de outras culturas igualmente importantes, uma vez que a identidade cultural brasileira é formada por contribuições de vários povos. Não é raro assistir no ambiente acadêmico o debate sobre o risco de aumentar ainda mais a segregação.
Apesar de concordar que outras culturas mereçam destaque igual ao que é dado à cultura negra com aplicação da lei, alguns pedagogos destacam que os riscos são minimizados quando a História e a cultura africanas são inseridas no currículo da disciplina.
Ademais, alguns antropólogos salientam que a história da relação entre Brasil e África vai muito além do período colonial e do tráfico de escravos, ressaltando ainda a forma secundária como a história da África está vinculada nos meios acadêmicos. A ideia de que a África é um continente marcado apenas por guerras, fome, epidemias, miséria, sem nenhum contexto histórico-cultural e reduzida aos estereótipos, ainda é muito forte.
Por isso ganhou corpo o conceito de multiculturalismo, essencial aqui para nos fazer compreender os caminhos destes novos cruzamentos multiculturais, a industrialização do simbólico e a apropriação do turismo deste novo momento em benefício próprio.
Multiculturalismo e Implicações no Turismo
Como vimos nas duas seções anteriores, nossa matriz de conhecimento é basicamente eurocêntrica e anglo-saxônica. De fato, estudamos nas escolas de forma prioritária a trajetória europeia e americana reproduzindo os valores ocidentais. 
Não é surpresa que uma das vertentes mais poderosas do turismo no século XX tenha sido seu esforço em construir uma narrativa de como a Europa e os EUA percebiam a cultura do Terceiro Mundo e de que maneira poderiam interagir e se divertir com isso. Isso está mudando?
O que é Multiculturalismo 
Mais um tema explorado no ENADE. Uma forma de definir “Multiculturalismo” é a coexistência de culturas numa mesma região. Uma política multiculturalista tem aversão à homogeneidade cultural e à submissão de outras culturas. Por outro lado, esta diversidade de culturas também é vista como ameaça à identidade de um país, provoca intolerância, desprezo e indiferença. Ainda assim, há novas oportunidades no turismo e é vista como uma fonte de abertura de novas possibilidades.
Observando a definição de multiculturalismo (veja FIQUE POR DENTRO), podemos admitir que algumas características e conceitos possam ser destacados para nos auxiliar na análise de como o turismo se apropria das interseções multiculturais:
Nos conflitos étnicos internacionais temos territórios que reforçamo caráter sólido das identidades e exigem lealdades absolutas, como os islâmicos da Faixa de Gaza. Contudo, temos também regiões islâmicas cosmopolitas, como Istambul, na Turquia ou Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que são produtoras de turismo.
As artes plásticas, a literatura e o folclore ainda permanecem como fontes da nacionalidade, mas a criação e a difusão da arte se realizam cada vez mais de forma transnacional. 
Exemplo: Jorge Amado continua sendo um mito da literatura brasileira, mas o que é sucesso no mercado é a FLIP – Feira de Literatura de Paraty, que reúne os escritores globais com suas temáticas universais e atrai milhares de turistas.
As indústrias culturais e a massificação urbana articulam-se para preservar culturas e, ao mesmo tempo, fomentar maior abertura e transnacionalização dessas culturas. 
Evidente que uma cidade como o Rio de Janeiro não pode ser narrada exclusivamente como símbolo do estilo de vida carioca, mas se observada de dentro, vemos fragmentos de uma cidade dilacerada, como num videoclipe. Sintetiza a América Latina na Rocinha, reproduz Miami na Barra ou espelha o estilo de vida do Mediterrâneo, no Leblon. É desses símbolos transnacionais que o turismo se vale.
Hoje estamos experimentando o deslocamento das identidades nacionais para o multiculturalismo global. Por exemplo, além de ser “brasileiro” pode-se ser “mochileiro” ou “ecologicamente correto”. Uma excursão a Machu Pichu (Peru) pode reunir mochileiros da América do Sul, agrupados pelas redes sociais, mas não necessariamente brasileiros.
Outro exemplo: torcedores do Flamengo admiram ou acompanham também o Manchester e o campeonato inglês. Não é surpresa que excursões turísticas que levam “torcedores mundiais” aos jogos do Manchester alimentam o turismo na Inglaterra, assim como turistas colombianos podem se deslocar para “torcer pelo Brasil” na Copa do Mundo.  
Como reflexão final destas discussões, podemos convidar o escritor CANCLINI (2006) para nos ajudar. Ele salienta que com este deslocamento das identidades nacionais e étnicas para um multiculturalismo globalizante, surge a tentativa de envelopar as diferenças étnicas e culturais em termos guarda-chuvas, até para sobreviver como produto cultural.
Por exemplo, congelamos o termo “latino-americano” e o descrevemos como patrimônio regional e simbólico que supostamente diferencia o continente dos demais. Assim, violência nas favelas, revitalização de espaços decadentes ou expressões artísticas da periferia, são símbolos de todo o território, independentemente das características exclusivas destes fenômenos no Peru, na Colômbia ou no Brasil.

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