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Planejamento e Gestão do Espaço Turístico

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Aula 10 – Planejamento, Organização e Produção do Espaço Turístico
Introdução
A atividade turística é composta por uma combinação de produtos e serviços ofertados para satisfazer as expectativas dos visitantes durante sua experiência turística.
Zoneamento e a Gestão do Turismo
Tomando como referência a análise feita por Dóris Ruschmann (2002) sobre a gestão do turismo sustentável, reforçamos o que ela afirma quanto à fragilidade dos ecossistemas naturais e a singularidade cultural das populações receptoras. Citando Bound e Bovy (1977), ela aconselha uma distinção entre os recursos que precisam ser protegidos e aqueles que permitem vários graus e intensidades de aproveitamento turístico.
Recursos protegidos: áreas com restrições de acesso, desprovidas de instalações turísticas e que priorizam a conservação dos núcleos turísticos. Exemplos: parques nacionais e regionais, áreas naturais de interesse científico, sítios e monumentos de valor arqueológico.
Recursos prioritários: áreas em que o turismo poderá ser a atividade principal, observando uma legislação específica de proteção aos recursos contra a especulação imobiliária, o fatiamento dos lotes, a proliferação desenfreada de edificações desarmonizadas do meio ambiente e a degradação geral.
Recursos de grande interesse turístico: áreas nas quais poderão se desenvolver outras atividades em paralelo ao turismo. A sua visitação poderá ser livre ou limitada pela cobrança de taxas com ou sem o controle de carga turística. Exemplo: cidades históricas, monumentos de áreas urbanas.
Recursos de interesse turístico secundário: a liberação destas áreas para o turismo depende do desenvolvimento de outras atividades econômicas ou aproveitadas em outra ocasião. Nos planos de organização turística, os recursos destas áreas poderão ser considerados uma categoria secundária. Exemplo: áreas de controle ambiental.
Existem outros critérios de zoneamento, e na América Latina parece prevalecer um sistema de distribuição baseado em subdivisões de áreas naturais, originando sete zonas de manejo.
Gestão de Espaços Turísticos
A gestão dos espaços turísticos e a seleção das prioridades para a sua ampliação apresentam muitos problemas e variáveis, destacando-se:  
→ Os recursos destinados para a atividade turística são mobilizados apenas em casos excepcionais para contribuir para a gestão das paisagens e dos meios naturais. O usufruto é de todos, mas a sua conservação é uma atribuição da coletividade.
→ Os turistas não respeitam fronteiras municipais, observando-se que diversos atrativos naturais e culturais de uma área são explorados por visitantes que se hospedam em outros municípios vizinhos, desprovidos de responsabilidades com o turismo.
→ A satisfação ecológica dos cidadãos urbanos deve ser preservada por meio de medidas iniciadas nos núcleos receptores que precisam reverter os lucros em medidas que visem à proteção da paisagem natural.
→ Quanto aos equipamentos e às instalações, devem ser focados os benefícios que serão produzidos nos indivíduos e não as instalações em si que normalmente imortalizam o arquiteto.
→ Os atrativos e equipamentos turísticos deveriam ser capazes de se autofinanciar com cobrança de ingressos e, em troca, os usuários teriam guardas, áreas de recreação, banheiros conservados e serviços de informação eficazes.
Conceitos essenciais relacionados ao Espaço Turístico
 
Município turístico – suas conotações devem-se a delimitação administrativa do espaço com seus limites coincidindo com os limites municipais e definindo os limites de competência das entidades locais nas suas atuações em matéria de políticas turísticas. Ex.: Angra dos Reis, Curitiba, Londres.
Destino turístico - concentração de instalações e serviços planejados para satisfazer as necessidades dos turistas. Lugar de recepção aos visitantes onde se deve deslocar a demanda para consumir o produto turístico. Ex.: Valle Nevado (Chile), Disneyworld (EUA).
Por conta destes efeitos, o mercado não atribui corretamente os recursos disponíveis, uma vez que os fatores externos levam a produzir uma quantidade superior de serviços integrados e o equilíbrio do mercado é alcançado com níveis inferiores aos almejados. A solução está na intervenção pública que pode melhorar a atribuição dos recursos, utilizando os instrumentos que estejam ao seu alcance. A OMT (2001, p. 153) sugere:
O estabelecimento de uma taxa ou multa sobre uma ação contaminante pode reduzir a produção ao aumentar os preços finais dos bens ou serviços. Assim, eles podem introduzir os custos sociais que ocasionam a atividade privada.
Os subsídios financeiros podem contribuir para aprimorar um espaço turístico, recompensando comportamentos de reverência para com o meio ambiente. Contudo, o uso exagerado desse instrumento deve ser avaliado, pois a experiência nos ensina que não ajudar a reduzir a poluição depois de um nível verificado.
O setor público pode escolher também o caminho da regularização do uso ou da atividade turística que pode variar bastante: pode incluir a obrigatoriedade de fazer câmbio de divisas, concessão de licenças para abertura de estabelecimentos, elaboração de uma classificação oficial dos alojamentos, culminando por uma declaração de determinada área como parque natural. 
O setor público pode ainda assumir a propriedade pública dos bens com a intenção de evitar o uso inadequado por parte da iniciativa privada – rios, bosques, águas do subsolo.
Tendências para o Desenvolvimento de Espaços Turísticos
Em primeiro lugar, algumas informações e projeções devem ser comentadas. Segundo o Barômetro da Organização Mundial do Turismo (UNWTO), o fluxo internacional cresceu 4,0% em 2012, atingindo 1.035 milhão, consolidando a recuperação, após a retração registrada em 2009, causada pela crise financeira internacional. As economias emergentes, com uma taxa de crescimento de 4,1%, contribuíram com os principais resultados positivos e as economias avançadas anotaram um crescimento de 3,6%. A convergência de crescimento deverá continuar, mas levemente abaixo do nível de 2012, entre 3,0% a 4,0%.
Um dos aspectos importantes do relatório é que o setor de turismo vem apresentando um viés de recuperação, especialmente no período pós-crise, numa escala maior do que a economia mundial, que cresceu de 3,2% a 5,2%, entre 2010 e 2012. O fluxo de viagens cresceu no mesmo período de 3,8% a 6,5%, devendo continuar assim nos próximos anos. 
 
Quanto aos investimentos previstos, o Boletim de Desenvolvimento Econômico da OMT previa que, para o segundo trimestre de 2013, 81% do mercado do turismo planejavam fazê-lo numa soma correspondente a 14,5% do faturamento total das atividades turísticas.
Documento Referencial Turismo no Brasil 2011-2014
Este documento foi elaborado pelas instituições do turismo para proporcionar uma análise do setor econômico turístico e se adequar aos desafios da iniciativa pública e privada em função dos megaeventos. Estimava que os desembarques domésticos saltariam dos 56 milhões (2009) para 73 milhões (2014). Projetava também a geração de dois milhões de empregos 2010 a 2014. A entrada de divisas internacionais cresceria 55% no período, subindo de R$ 6,3 bilhões para R$ 8,9 bilhões em 2014. Esta curva vem se cumprindo.
Programa de Desenvolvimento do Turismo - Prodetur 
 
O Prodetur procura organizar intervenções públicas focadas no crescimento da atividade turística, através do planejamento dos polos turísticos, às quais visam transformar o turismo em alternativa econômica geradora de emprego e renda para os locais. Os investimentos são operados pelo Minc que orienta tecnicamente as propostas estaduais e municipais, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e com a Corporação Andina de Fomento (CAF) - financiadores internacionais.  
 
O Plano Nacional de Turismo (PNT) lançado em 2003 e, atualizado em 2007, definiu as diretrizes do planejamento da atividade, destacando a sua relevância na geração de divisas, emprego, renda e inclusão social.Os megaeventos esportivos possuem uma grande influência na atividade turística e exercem uma influência decisiva para uma nova linha de ação para o setor público, em termos de cooperação institucional. Algumas tendências:  
 
• cooperação entre poder público e iniciativa privada para a realização dos megaeventos;
• manutenção e aceleração dos programas de investimentos em infraestrutura;
• estímulo à participação e descentralização das políticas públicas de turismo; 
• fortalecimento das instâncias de governança;
• fortalecimento político-institucional da gestão pública do Turismo;  
• maior apoio do Congresso Nacional ao Setor de Turismo;
• implementação efetiva da Lei Geral do Turismo.
A estabilidade econômica das regras é fundamental para a ampliação dos investimentos privados no turismo brasileiro. Para o quadriênio 2011/2014, foram previstas as tendências:
 
• adequação e ampliação das linhas de financiamento para o turismo; 
• ampliação dos investimentos em hotelaria, por grupos nacionais e internacionais;
• ampliação da capacidade de investimento nas empresas aéreas nacionais, com o aumento da participação do capital estrangeiro;
• ampliação dos investimentos privados nos destinos turísticos;
• qualificação dos tomadores de crédito.
A principal limitação para o desenvolvimento do turismo brasileiro se relaciona às questões de acesso e mobilidade urbana. São necessárias a regulamentação ou melhoria do transporte aéreo internacional e doméstico no Brasil, crescimento dos voos internacionais, maior integração da malha aeroviária e das vias de acesso terrestres e aquaviárias. Em relação à infraestrutura, os investimentos relacionados à mobilidade urbana e à acessibilidade aérea, terrestre e aquaviária serão realizados para a realização dos eventos internacionais. Para essa dimensão, foram avaliadas as tendências:  
• execução do PAC da mobilidade urbana para os grandes eventos internacionais; 
• ampliação e melhoria da infraestrutura aeroportuária e da capacidade de atendimento dos principais terminais aéreos do país;
• ampliação do número de voos internacionais para o Brasil;
• ampliação da oferta de assentos e destinos pelo transporte aéreo doméstico;
• melhoria da integração da malha aeroviária doméstica;
• maior capacidade das empresas aéreas brasileiras em atender à demanda futura;
• fortalecimento da aviação regional;
• melhoria das vias de acesso (terrestre e aquaviário) aos destinos turísticos;
• melhoria da sinalização turística urbana e rodoviária;
• gestão estratégica da informação relativa à logística de transportes para o turismo.
Turismo Internacional
 
Os países desenvolvidos ainda sofrerão com os impactos da crise econômica, elevação do desemprego e da dificuldade de crédito. Isso afeta as viagens de americanos e europeus ao Brasil, pela distância e custo ainda elevado. O turismo internacional deve se intensificar entre os BRICS (China e Índia) estimulados por interesses comerciais. O Brasil terá um reforço espontâneo de exposição na mídia e incentivará o aumento das viagens vindas da América do Sul. Para o quadriênio 2011/2014, foram projetadas as seguintes tendências: 
 
• visibilidade ampliada do Brasil na mídia internacional; 
• flexibilização dos acordos bilaterais com relação à entrada dos estrangeiros no país;
• facilitação dos processos de emissão de vistos;
• modelo operacional verticalizado para operadoras internacionais sem atores locais;
• maior participação dos países em desenvolvimento no mercado global de turismo;
• consolidação do Mercosul como principal mercado para o Brasil;
• fortalecimento da estratégia de promoção do Brasil no exterior;
• consolidação do Brasil como destino para eventos internacionais.
O mercado turístico doméstico tem crescido sustentando a demanda quando a conjuntura externa apresenta-se adversa. Esse mercado consumidor vem ganhando relevância, alvo de ações comerciais da iniciativa privada e de políticas públicas. Algumas tendências:   
 
• inclusão de novos mercados consumidores para o setor de turismo;
• maior participação do turismo na cesta de consumo das famílias;
• aumento do número de viagens domésticas;
• melhoria da qualidade dos produtos e destinos turísticos;
• consolidação dos produtos turísticos regionais.

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