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Os Direitos Fundamentais de Solidariedade

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Aula 9
Os Direitos Fundamentais de Solidariedade
Em 1979, movido pelos princípios da Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade), Karel Vasak foi o primeiro a propor uma divisão dos direitos humanos em gerações. Há reservas quanto à aceitação do termo "geração de direitos", por supostamente nos transportar a uma compreensão equivocada de que os direitos fundamentais são substituídos ao longo do tempo. O termo "dimensão de direitos" seria mais adequado. Tal divisão em gerações ou dimensões teria a seguinte classificação:
→ Liberdade: enfocado no indivíduo visando diminuir a influência do Estado na vida particular. Esta dimensão ou geração é representada pelo Estado Liberal surgido na Revolução Francesa. Resume-se aos direitos de defesa diante do Estado, delimitando um campo no qual o Estado não poderia intervir diante da autonomia individual.
→ Igualdade: no século XIX, após constatar-se que o Estado precisava interferir no meio social para regulá-lo, foi tolerado certo grau de intervenção, desde que aplicados e respeitados os direitos humanos, fundamentais e sociais. Assim, surgiu o conceito de Estado Social e Democrático, buscando categorizar algumas prestações sociais por parte do Estado, como assistência social, saúde, educação, trabalho, e que se reportam ao indivíduo.
→ Fraternidade (Solidariedade): com a Segunda Guerra Mundial e dotados de alto teor de universalidade e humanismo, os direitos da solidariedade se consolidaram como direitos do gênero humano, ao invés de se relacionar aos direitos do indivíduo ou de um determinado Estado. Trata-se de reivindicações decorrentes do impacto das novas tecnologias, do trauma das guerras e dos conflitos étnicos do processo de descolonização pós-guerra. O direito ao desenvolvimento passa a ser exercido em função dos Estados e dos indivíduos, preservando a estes o direito ao trabalho, à saúde e à alimentação adequada.
Existiria uma quarta dimensão dos direitos fundamentais, mesmo que não seja aceita de forma oficial no plano do direito internacional ou esteja refletida nos textos constitucionais dos países. Como produto da globalização dos direitos fundamentais, e tendo como base uma provável universalização destes direitos, este estágio (ou dimensão) corresponderia à definitiva institucionalização do Estado Social.
Que direitos seriam esses?
• Direito à democracia
• Direito à informação
• Direito ao pluralismo
Deles depende a concretização da sociedade aberta ao futuro, em sua dimensão de máxima universalidade para a qual parece o mundo inclinar-se no plano de todas as relações de convivência. Trata-se de direitos em processo de formação.
Mabel Morais em artigo na revista Jus Navigandi (2003) chama a atenção para os ensinamentos do professor Paulo Bonavides, quando ele afirma que os direitos da primeira geração (direitos individuais), os da segunda, (direitos sociais) e os da terceira (direitos ao desenvolvimento, ao meio ambiente, à paz e à fraternidade) continuam eficazes, mas são infraestruturais, isto é, ajudam a construir a pirâmide cujo auge é o direito à democracia. 
Os direitos da quarta geração sintetizariam o futuro da cidadania e da liberdade de todos os povos, uma vez que somente com eles seria possível a globalização política.
Fonte dos Direitos de Solidariedade
Os direitos de solidariedade são expressos como direito internacional desde que foram anunciados nas reuniões da ONU e da Unesco, após a Segunda Guerra Mundial. Contudo, poucos textos constitucionais dos diversos países os reconhecem, com exceção da Carta Africana de 1981 e da carta de Paris para uma nova Europa de 1990. Segundo o site do Fórum de Estudos CFSD, os principais direitos de solidariedade são os seguintes:
1. Direito à paz
O direito à paz é um princípio inspirado pelo Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, adotado pela ONU em 1966. Alusões ao direito à paz podem ser encontradas na Carta Africana, prevendo entre outras coisas que uma pessoa asilada não exerça atividade subversiva contra outros países e proibindo o uso de seu território para atividades subversivas. A constituição do Brasil, de 1988 inclui a defesa da paz no art. 4º, VI.
2. O direito ao desenvolvimento
Ratificada na ONU em 1986, a Declaração Sobre o Direito ao Desenvolvimento reafirma que este direito humano é inalienável em virtude do qual toda pessoa humana e todos os povos estão habilitados a participar do desenvolvimento econômico, social, cultural e político, a partir do qual se pode desfrutar os direitos humanos e liberdades fundamentais.
3. O direito ao patrimônio comum da humanidade
Refere-se ao fundo do mar e ao subsolo. Visa impedir a livre exploração dos recursos naturais. Previsto pela ONU em 1974.
4. O direito à comunicação
A evolução da liberdade de expressão de pensamento fica evidenciada por este princípio legal que subdividiu em liberdade de imprensa e liberdade de informação. Liberdade de imprensa é a capacidade de um indivíduo publicar e acessar informação (usualmente na forma de notícia), através de meios de comunicação em massa, sem interferência do estado. Direito à liberdade de expressão significa a garantia de qualquer indivíduo poder se manifestar, buscar e receber ideias e informações de todos os tipos, com ou sem a intervenção de terceiros.
5. O direito de autodeterminação dos povos
É o direito de cada povo dispor de seu destino. Trata-se de um desdobramento do direito de nacionalidade surgido à época da revolução francesa, no final do século XIX. Após a Primeira Guerra Mundial, de 1914-18, países como Polônia e Tchecoslováquia foram criados com base neste princípio. Pelo Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos de 1966 todos os povos têm assegurado o direito à autodeterminação, ao seu estatuto político e à determinação do seu desenvolvimento econômico, social e cultural. Timor Leste e Iugoslávia o mencionam em suas cartas constitucionais.
6. O direito ao meio ambiente
A declaração de Estocolmo de 1972 articulou o início deste direito. A declaração do Rio de 1992 ratificou e ampliou o conceito defendendo a harmonia com a natureza. Países como Grécia, Portugal e Espanha dão ao assunto um tratamento prioritário.
A Titularidade dos Direitos de Solidariedade
O caráter coletivo dos direitos de solidariedade não exclui a identificação, em alguns casos, das titularidades individuais. O direito à paz, a autodeterminação dos povos e ao patrimônio comum da humanidade, partem de premissas coletivas (povo, nação, etnia), mas em casos específicos, como no direito ao desenvolvimento, ao meio ambiente e à comunicação, os titulares podem ser pessoas físicas.
A Proteção dos Direitos Fundamentais
É de certa forma unânime a percepção de que atualmente a principal questão em relação aos direitos do homem não é justificá-los, mas protegê-los. Nesse sentido, temos um problema de ordem política, e não tanto de natureza filosófica.  
Ao invés de explicações sobre a fundamentação dos direitos, questão discutida e superada desde o início do século XX, o objeto das discussões é a elucidação dos motivos pelos quais devem continuar sendo preservados.
O Limite Conceitual entre Direitos Fundamentais e Direitos Humanos
Partimos do princípio de que os direitos fundamentais são o conjunto de direitos e liberdades do ser humano institucionalmente percebido e homologado no âmbito do direito constitucional de determinado Estado. Os direitos humanos estão abarcados pelo direito internacional, porquanto extensivos a todos os seres humanos, independentemente de sua vinculação à determinada constituição de um país, equivalendo a uma certificação universal de caráter supranacional.
Identificamos que, desde o final do século XVIII, as preocupações com a defesa de certas liberdades do ser humano foram acentuadas e, na tentativa de assegurar uma representação cada vez mais legítima na defesa destes direitos, as eleições de emissários para integrarem assembleias populares destinadas a discutir os temas de relevância para a coletividadee decidir a respeito deles, passou a constituir uma prática padrão.
As constituições internas de vários países passaram a constituir, no âmbito dos direitos fundamentais, os instrumentos legais para a inclusão de tais liberdades, ainda que sua efetivação não tenha sido uma conquista plena de todos os Estados que formalmente prometeram afiançar estes direitos.  
Os Limites de Interferência dos Organismos Internacionais
O desafio atual é fazer com que os mecanismos de esfera internacional existentes para tornarem efetivos os direitos fundamentais possam ter condições de interferir quando violações forem cometidas. Isso equivale a dizer que os organismos internacionais mediadores precisam ter seu status supranacional (superposto aos Estados) e o seu poder de intervenção reconhecidos formalmente.
Trata-se, portanto, de descobrir como evitar que o Estado, a despeito de solenes proclamações, enverede contra o direito do cidadão ou, quando já o tenha feito, de descobrir mecanismos para fazê-lo voltar ao terreno da adequada observância dos direitos proclamados.
Diferentes organismos internacionais têm desenvolvido variadas atividades orientadas pelo propósito de assegurar a observância aos direitos fundamentais da pessoa humana: 
 
Constituição Europeia - documento cogitado para servir como lei essencial para todos os países-membros da União Europeia. Assinado em 2004, em Roma, este arcabouço necessitava de ratificação dos componentes, mas foi rejeitado pelos franceses e holandeses que em plebiscito abdicaram da sua implementação, sendo necessária a sua reformulação.
Corte Internacional de Justiça – com sede em Haia (Holanda) é o principal órgão judiciário da ONU, de caráter permanente. Sua função é resolver conflitos jurídicos a ela submetidos pelos Estados e emitir pareceres sobre questões jurídicas apresentadas pela Assembléia Geral das Nações Unidas, pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas ou por órgãos e agências especializadas homologadas pela Assembleia da ONU. 
Tribunal Penal Internacional - resultado de um processo histórico em que se procurou punir os responsáveis pelos maiores crimes contra a humanidade, seus primórdios remontam ao Tribunal de Nuremberg e aos Tribunais Ad hoc da ONU. Seu objetivo é promover o direito internacional, e sua incumbência é julgar os indivíduos e não os Estados. Ele possui jurisdição para apreciar quatro tipos de crimes: crimes contra a humanidade, crimes de genocídio, crimes de guerra e crimes de agressão.
Citando Norberto Bobbio (1992), os autores Paulo Cruz e Pedro Decomain (2005) confirmam que estes organismos internacionais desempenham suas funções em três dimensões: promoção, controle e garantia. 
Por atividades de promoção, entende-se o conjunto de ações orientadas para dois objetivos:
1) Induzir os Estados que não têm uma disciplina específica para a tutela dos direitos do homem a introduzi-la.
2) Induzir os que já a têm a aperfeiçoá-la, seja com relação ao direito substancial (número e qualidade dos direitos a tutelar), seja com relação aos procedimentos (número e qualidade dos controles jurisdicionais).
Por atividades de controle, compreende-se o conjunto de medidas que os vários organismos internacionais põem em movimento para verificar se e em que grau as recomendações foram acolhidas e em que grau as convenções foram respeitadas.
Na questão da garantia (em sentido estrito), a preocupação é com o aparelhamento de uma tutela jurisdicional de nível internacional que substitua a nacional cujo âmbito é restrito ao Estado.

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