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5ª Aula - MPS IV

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Medicina Preventiva e Social IV
Planejamento em Saúde
Betim, 05 de setembro de 2014
Profa. Adriana Diniz de Deus
Planejamento em Saúde
Esta aula:
Por que Planejar em Saúde?
Histórico do Planejamento em Saúde na América Latina e no Brasil 
Planejamento Normativo e Estratégico
Planejamento Estratégico Situacional
Construindo o Planejamento Estratégico de uma UBS
Hierarquia das necessidades humanas de Maslow
 Auto- realização
Auto-Estima
Pertencimento e amor
Segurança e Proteção
Comida, água e moradia
Planejamento: oportunidade para quem participa
Momento de arte criativa, de sonhar.
Momento de transformar sonhos em realidade
POR QUE PLANEJAR?
Planejar é a arte de elaborar um plano para que ocorra uma mudança.
Gerenciar sem planejar é aparentemente possível quando apenas se administra o cotidiano. 
É como um barco que navega sem afundar, mas se leva á deriva impulsionado pelo vento, sem rumo
POR QUE PLANEJAR?
Mesmo no dia a dia se planeja. Para alcançar um objetivo é necessário pensar previamente: o que fazer e como fazer.
Planejar permite melhor aproveitamento dos recursos e do tempo para alcançar os objetivos da melhor maneira possível (eficácia e eficiência)
Ao acampar, ir a uma festa, preparar uma aula, organizar um processo eleitoral...
Planejamento em Saúde
 A origem do planejamento 
na ex- União Soviética
utilizado para substituir o mercado como procedimento de alocação de recursos e distribuição de produtos. 
os problemas principais eram referentes ao uso eficiente dos recursos. 
enfrentado de forma eficaz com base na teoria dos sistemas, cujo equivalente é o Planejamento Normativo (PAIM, 2002). 
Planejamento em Saúde na América Latina
A experiência soviética, e depois a de reconstrução europeia e do Japão no pós- guerra, convenceu muitos intelectuais latino-americanos de que o planejamento poderia ser útil para a transformação do atraso e da pobreza.
Planejamento em Saúde na América Latina
Momentos históricos do Planejamento
1º) 1960-1965 – Correspondeu ao surgimento do movimento ideológico da planificação na AL e à “elaboração” da técnica CENDES/OPAS, construído pelo Centro de Estudos para o Desenvolvimento (CENDES) da Universidade Central da Venezuela, em conjunto com a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), considerado um marco no desenvolvimento de um pensamento próprio sobre a especificidade do Planejamento em Saúde. Tendo como objetivo central a racionalização de recursos escassos, imaginava o planejamento nacional como um somatório dos planejamentos locais por “áreas programáticas” (com enfoque normativo, a partir da microeconomia). 
2º) 1966-1970 – Foi o momento da “difusão e autocrítica”, quando foram realizados cursos e publicados diversos documentos sobre o tema, mas também formuladas as primeiras autocríticas sobre os limites do planejamento. 
Planejamento em Saúde na América Latina
3º) 1971-1974 – Representou um momento de “revisão” dos enfoques, conceitos e metodologias, realizada pelos próprios técnicos da OPAS, quando se aprofundaram as críticas, “diante dos fracassos identificados nos países da América Latina”. “Propôs-se, então, a agilização do sistema de informações e a modernização das estruturas administrativas das instituições” (PAIM, 2002:32). 
4º) 1975-1980 – Momento de “reatualização”, marcado que foi pela publicação do documento “Formulación de las políticas de salud” pelo Centro Pan- Americano em Saúde (CPPS), que desloca o planejamento da micro-economia para a macro-política, permitindo, assim, tematizar o Poder e suas configurações no setor saúde e lançar um olhar sobre o sistema de saúde, compreendido como unidade complexa (vários níveis e componentes). 
Planejamento em Saúde na América Latina
5º) “Primeira metade da década de 1980” – Foi o momento da “produção teórica”, através da crítica ao planejamento normativo (Matus, C. Política y Plan. IVEPLAN 2ª Edicion. Caracas, 1982, 186 p.) e da emergência do planejamento estratégico em saúde (Testa, M. Planificación estratégica em el sector salud. CENDES/UCV, 1981, 48 p.). 
6º) “Segunda metade da referida década” – Foi o momento da “produção metodológica”, marcado pelo desenvolvimento de três vertentes do planejamento estratégico em saúde: o Planejamento Estratégico-Situacional de Carlos Matus na Venezuela, o Pensamento Estratégico de Mário Testa (Planificación estratégica em el sector salud. CENDES/UCV, 1981, 48 p.), na Argentina, e o Enfoque Estratégico da Planificação em Saúde, desenvolvido na Escola de Medellin, na Colômbia. 
7º) “Anos noventa” – O sétimo momento teria se caracterizado pela “produção tecnológica”, quando se avançou na experimentação e operacionalização das propostas teórico-metodológicas de M. Testa e C. Matus. 
Planejamento em Saúde na América Latina
Principal mal-entendido consistiu em procurar utilizar a ferramenta do Planejamento Normativo, que se revelou útil e eficaz em situações de poder concentrado,(antiga União Soviética) para decidir problemas econômicos de apropriação de recursos e de distribuição de produtos em situações de poder compartilhado (países democráticos)
 
O Planejamento, assim como o Monitoramento, precisa ser valorizado como uma função essencial da Administração Pública. 
Planejamento em Saúde no Brasil
No Brasil, as origens da ideologia e da prática do planejamento ocorreu entre 1930 e 1945 (Estado Novo), quando se desenvolvia uma política econômica nacionalista, embora de forma desigual e fragmentária.
Segundo Paim, entretanto, “somente no governo Kubitscheck (1956-60) é que, através do Programa de Metas, se realiza uma política econômica relativamente planificada”.
Quanto aos setores sociais, só apareceram no âmbito do planejamento federal após 1964, no regime autoritário que passou a dirigir o Estado brasileiro, em parte, como resposta às preocupações políticas dos governantes norte- americanos e latino-americanos, em face da revolução socialista em Cuba 
Um Planejamento social autoritário é que vai caracterizar os planos da ditadura. 
Somente com o esgotamento do ‘milagre’ e com a crise de legitimidade evidenciada pela derrota do governo nas eleições de 1974 – que teve um caráter plebiscitário –, foi proposto o II PND [Plano Nacional de Desenvolvimento] acenando para ‘políticas redistributiva.
 ( PAIM, 2002)
Planejamento em Saúde no Brasil 
Mesmo no pós-74, as políticas públicas de saúde mantinham seu caráter autoritário e nitidamente vertical, realizando-se através de campanhas sanitárias e programas especiais do Ministério da Saúde (MS) e, mais, portarias e ordens de serviço do Ministério da Assistência e Previdência Social
Exemplo disto foi o PREV-SAÚDE (Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde), que se constituiu na mais exuberante das iniciativas malogradas de planejamento autoritário de saúde no Brasil
É no contexto histórico da redemocratização que surgem momentos de produção teórico-metodológica no campo disciplinar da planificação em saúde e aparecem oportunidades para sua utilização. 
Todavia, passados mais de vinte e cinco anos da promulgação da Constituição Federal de 1988, pode-se dizer que a institucionalização do planejamento nas organizações de saúde permanece como um desafio à teoria da planificação e à gestão dos sistemas e serviços de saúde no Brasil 
 (PAIM, 2002)
Planejamento em Saúde na América Latina
O Método CENDES – OPS
Contexto histórico de emergência
Aspectos conceituais e metodológicos:
Objeto: necessidades de saúde/doenças e óbitos
Sujeito: unidades de saúde
Processo de programação: 
-Diagnóstico/prognóstico do “nível de saúde”
-Programação/normatização das ações de saúde
-Organização do processo de programação por níveis (base territorial): local,regional,nacional (ascendente)
Formulação de Políticas de Saúde CPPS/OPS
Contexto histórico de emergência
Aspectos conceituais e metodológicos
Objeto: necessidades sociais/demandas políticas
Sujeito: sistema de serviços de saúde
Processo de formulação de políticas:
-Análise da situação de saúde: riscos/grupos
-Formulação e análise de proposições;
-Formalização de políticas (leis, decretos, normas)
-Organização do processo por níveis do sistema: político, tecnico-administrativo e operacional (descendente)
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A planificação supõe um objeto e um sujeito independentes (eu - realidade)
A planificação procura conhecer a realidade através do diagnóstico (único diagnóstico)
A realidade é objetiva, apresenta comportamentos previsíveis e estáveis
Viés economicista; o político é um dado exógeno ou uma mera restrição
O enfoque trabalha com sistemas de final fechado (única chegada, única trajetória)
O sujeito que planeja está dentro da realidade (histórica) e coexiste com outros atores;
Há diferentes explicações, situações ou diagnósticos condicionados pelo lugar que os atores ocupam nessa realidade;
A realidade não é objetal; a conduta é um processo criativo, pouco estruturado; a previsão supõe um cálculo estratégico; 
 A normatividade econômica não é única; a viabilidade política define o pode ser da norma;
O enfoque trabalha com sistemas de final aberto (probabilístico)
Características do enfoque estratégico
Características do enfoque normativo
Planejamento em Saúde na América Latina
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Planejamento Estratégico Situacional
Na América Latina, a grande corrente do pensamento gerada em consequência da crítica ao Planejamento Normativo pode ser englobada sob a denominação genérica de Planejamento Estratégico e está representado principalmente pelos pensamentos de Carlos Matus e Mario Testa. 
A característica definidora desta tendência é sua explícita incorporação do político, não como marco referencial, mas como parte de seu objeto específico de trabalho. 
Planejamento Estratégico Situacional
Estratégia:
Estratego- Generais que comandavam as guerras na Grécia antiga
Associado a conflitos e disputas
Diante de uma situação existem diversos atores sociais com diferentes visões, propósitos , interesses e compromissos (uma das diferenças do normativo)
É necessário raciocinar estrategicamente para que os objetivos planejados sejam alcançados.
 Mudanças conjunturais (mudanças de tecnologias, epidemiológicas, governo e mundo globalizado)
Estratégia é uma maneira de construir a viabilidade para o plano elaborado, visando alcançar seus objetivos
Exemplo: legalização do aborto
Planejamento Estratégico Situacional
Situação:
Expressa a condição a partir da qual os indivíduos ou grupos interpretam e explicam uma realidade (uma das diferenças com o normativo)
É fundamental que sejam devidamente consideradas as interpretações da realidade formuladas por outros atores sociais , o que pode exigir a formulação de estratégias para superar os conflitos.
Implantação de uma indústria poluidora: 
Ambientalistas, profissionais da saúde, desempregados, prefeito (arrecadação), empresário que quer isenção dos impostos
Planejamento Estratégico Situacional
Capacidade de Governo
 habilidades, teorias e métodos 
de direção que uma equipe de trabalho dispõe
Governabilidade
relação entre as variáveis
 que controla e que não controla
Projeto/propósito de governo
 alcançar seus objetivos 
Planejamento possibilita ampliar todos os vértices do triângulo
Triangulo de Governo ou de Gestão
Nem sempre ocorre o equilíbrio entre estas 3 dimensões
Em sempre ocorre o equilíbrio entre estas 3 dimensões: equipe de baixa governabilidade mas tem muita capacidade e um bom projeto ou equipe com governabilidade mas baixa capacidade etc
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Planejamento Estratégico Situacional
O planejamento deve resolver, segundo Matus, quatro questões cujo enfrentamento corresponde a momentos de um processo contínuo 
“Momento” é uma instância pela qual passa um processo encadeado e contínuo, que não tem princípio nem fim. Esse conceito não traduz uma característica meramente cronológica, mas indica instância, ocasião, circunstância ou conjuntura.
 Matus enfatiza que a passagem do processo por um momento determinado é apenas o domínio transitório desse momento sobre os outros.
Planejamento Estratégico Situacional
Pergunta
Momento
Qual é a nossa “situação”
Quais são os problemase por quê ocorrem?
Momento Explicativo:
como foi, como é, como tende a ser?
Para onde queremos ir? Quais objetivos? Quais as metas a atingir? O que devo fazer?
Momento Normativo:
como deve ser?
Qual é a viabilidade do nosso Plano?
Quaissão os obstáculos? Como superá-los?
Momento Estratégico:
o que pode ser feito?
Caracteriza-se pelofazer. Quando a ação se realiza na complexidade da realidade, requerendo ajustes, flexibilidades, monitoramentos e avaliações.
Momento Tático / Operacional:
o que fazer?
Planejamento Estratégico Situacional
Momento Explicativo: 
Passos:
1- Definir os problemas
2-Priorizar os problemas
3- Descrição dos problemas
4- Explicar os problemas (causas)
5- Seleção dos nós críticos ( causas que quando solucionadas impactam sobre os problemas principais )
Problema: discrepância entre uma situação real e uma situação ideal ou desejada
Exemplo da UBS:
Um dos nós críticos: Falta de Integralidade do Cuidado
Planejamento Estratégico Situacional
UBS Anápolis
Um dos “Nós Críticos” encontrados: Falta de um Programa de cuidado integral da gestante
Planejamento Estratégico Situacional
Momento Normativo: 
Passos:
1- Definição dos objetivos
2- Desenho das operações/ atividades. Soluções para o enfrentamento dos problemas.
3- Tarefas: como desenvolver as atividades
4- Recursos críticos
5- Responsáveis
6- Definição de prazos
Planilha Operacional
Planejamento da UBS Anápolis
 
ObjetivoEstratégico - Falta de um programa de cuidado integral da gestante
Meta 1– Implantar100% doprograma de cuidado integral da gestante na UBS até março de 2015
Indicador 1 – nº de atividades implantadas do programa até março de 2015/nº de atividade planejadas para o programa X 100
Atividades
(o que )
Tarefas
(como )
Responsável
(quem)
Cronograma
(quando)
Recursos
Necessários
Fonte de custeio
Mapeamento das gestantes do território.
-Dividir as áreas por equipes e agentes
-Recadastraras gestantes e completar com visitas
-Elaborar mapa virtual e impresso
-Atualizar o mapa de 2 em 2 meses
Vincular as gestantescom suas ESF
Acolhimentoda gestante na UBS
Protocolode atendimento clínico
Projetosterapeuticosde casos mais complexos
Organizar o fluxo da gestantena rede de saúde
Busca Ativa
Educação em Saúde
Monitorar
Reorganizar
Planejamento Estratégico Situacional
Momento Estratégico: Estudo da Viabilidade
Atividades Planejadas no momento anterior
Estudo de Viabilidade
AçãoEstratégica
Mapeamento das gestantes do território
-Gerente(favorável)
-Agentesde Saúde (contrária)
-Enfermeiros (favorável)
-Reunir com as Agentesde Saúde para mostrar importância do trabalho
-Gratificação por desempenho
Considerar : 
1- Quais são os atores que controlam os recursos críticos 
das atividades do plano
2- Qual a motivação destes atores em relação aos objetivos pretendidos
Motivação favorável, indiferente, contrária
Planejamento Estratégico Situacional
Momento Tático / Operacional
Gerenciar o Plano:
1- Coordenar sua implantação
2- Acompanhar (monitorar) a execução das atividades
3- Indicar a correção de rumo, quando necessário.
 
Bibliografia
Leitura obrigatória:
1-Campos, GW et al. Tratado de Saúde Coletiva. Capítulo 23: Avaliação de Programas e Serviços de Saúde. Hucitec, São Paulo, 2012
2- Campos, GWS et al. Tratado em saúde Coletiva. Capítulo 25: Planejamento em saúde para os não especialistas. Hucitec. São Paulo, 20
Bibliografia
Leitura complementar:
PAIM J. Saúde, Política e Reforma Sanitária.
Salvador, UFBA, 2002. 
RIVERA F J U e ARTMANN E. Planejamento e Gestão em Saúde. Rio de Janeiro, FIOCRUZ, 2012
CARDOSO A J C . Curso de Planejamento e Avaliação em Saúde. Planejamento em Saúde Módulo I. Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). 2013
Campos, FC; Faria, H P, Santos, M A. Planejamento e Avaliação das ações em saúde. 2ª ed.- Belo Horizonte: Nescon/UFMG, Coopmed, 2010

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