Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Leishmaniose Importância Segundo a OMS (1990), a prevalência das diferentes formas de leishmaniose (tegumentar e visceral) ultrapassou 12 milhões de casos, e 350 milhões de pessoas encontram-se em áreas de risco. Dos 88 países onde a doença ocorre, 76 são países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento; Urbanização da Leishmaniose – associada a êxodo rural, desemprego, favelas, guerras, etc. Ciclo Formas do parasito Formas flageladas promastigotas – encontradas no trato digestivo dos hospedeiros invertebrados, flebótomos; Formas paramastigotas – formas paramastigotas encontradas aderidas ao epitélio do trato digestivo do vetor pelo flagelo; Formas arredondadas Amastigotas - parasito intracelular obrigatório do sistema fagocítico mononuclear da derme e das mucosas do hospedeiro vertebrado (monócitos, histiócitos e macrófagos); Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) Agente Etiológico (Brasil): - Leishmania (Viannia) braziliensis - Leishmania (Viannia) guyanensis - Leishmania (Viannia) lainsoni - Leishmania (Viannia) shawi - Leishmania (Viannia) naiffi - Leishmania (Viannia) amazonensis Hospedeiros: Invertebrados- insetos flebótomos fêmeas dos gêneros Lutzomyia e Psychodopygus; Vertebrados – mamíferos (roedores, tatu, tamanduá, preguiça, gambá, canídeos e primatas, incluindo o homem). A grande variedade de hospedeiros vertebrados é de suma importância para a existência de “reservatório”, e conseqüente dispersão da doença. Mecanismo de transmissão: Através da picada de insetos hematófagos (flebotomíneos)- conhecidos como birigui, mosquito-palha, tatuquira, etc. Patogenia: A lesão inicial é manifestada por um infiltrado inflamatório composto principalmente de linfócitos e de macrófagos (abarrotados de parasitas) na derme. O tempo decorrido entre a picada do inseto até o aparecimento de lesão inicial, varia entre duas semanas a três meses. Patogenia: As lesões iniciais podem regredir, permanecer estacionária ou evoluir para um nódulo dérmico chamado “histiocitoma” que pode evoluir para uma úlcera de configuração circular, bordos altos, vermelha intensa e purulenta; Formas Clínicas: Intimamente ligada ao estado imunológico do paciente e às espécies de Leishmania; A multiplicidade de espécies de Leishmania, flebótomos vetores e reservatórios vertebrados em diferentes ambientes geográficos propicia a existência de distintas apresentações clínicas da LTA, que vão desde formas inaparentes até lesões disseminadas, atingindo a pele e as mucosas. Fatores relacionados ao hospedeiro possam contribuir decisivamente para a definição do processo de doença ou de resolução da infecção; Formas Clínicas: 1.Leishmaniose cutânea: Agentes: Leishmania (V.) amazonensis, Leishmania (V.) braziliensis. Caracterizada pela formação de úlceras únicas ou múltiplas confinadas na derme, com a epiderme ulcerada. A densidade de parasitos nos bordos da úlcera formada é grande nas fases iniciais da infecção, com tendência à escassez nas úlceras crônicas. Úlcera típica de leishmaniose cutânea: indolor, em geral única, poucas vezes múltipla e raramente acima de 10 lesões. Forma habitualmente arredondada ou ovóide, tamanho variável de alguns milímetros até alguns centímetros, base infiltrada e firme, bordas bem delimitadas, elevadas e eritematosas, fundo granuloso e avermelhado. Pode ser notado exsudato, que, quando amarelado, é resultado de infecção bacteriana associada, a qual, posteriormente, desseca-se, formando crostas pardo- enegrecidas. 2. Leishmaniose cutaneomucosa (LCM): Conhecida como espúndia e nariz de tapir ou de anta. Agente etiológico: Leishmania (V.) braziliensis. Escassez parasitária. Geralmente ocorre anos após a cicatrização de uma lesão cutânea localizada. Acredita-se que, no período de atividade da lesão cutânea, haja disseminação de parasitos para a mucosa nasal, os quais permanecem latentes (provavelmente, pela menor atividade microbicida dos macrófagos na mucosa nasal) até a quebra do equilíbrio parasito-hospedeiro. Ocorrem lesões destrutivas secundárias envolvendo mucosas e cartilagens (nariz, faringe, boca, laringe); Mutilações criam ao paciente dificuldade de respirar, falar e se alimentar. São freqüentes, nesta fase, complicações respiratórias por infecções secundárias, podendo levar o paciente ao óbito; 3. Leishmaniose cutânea difusa (LCD): Agente etiológico: Leishmania (V.) amazonensis, no Brasil. Paciente imunossuprimido; Paciente não-reator na intrademoreação; Lesões difusas não ulceradas por toda a pele, contendo grande quantidade de amastigotas. Numerosas erupções papulares ou nodulares não ulceradas. Epidemiologia: Na América, a LTA é endêmica no México, na maior parte da América Central e em todos os países da América do Sul, com exceção do México, Uruguai e do Chile ; No Brasil ocorre em todos os estados, com maior incidência no norte; 2003- 32.000 casos notificados - 45% - Região Norte; 26% Região Nordeste (principalmente no Maranhão, Bahia e Ceará) ; a 15% Região Centro-Oeste (com maior freqüência em Mato Grosso); 11% Região Sudeste (predominantemente em Minas Gerais); 3,0% Região Sul (destacando-se o Paraná). Epidemiologia: A LTA é mais comum em áreas rurais do que urbanas; A disseminação da LTA é devido a devastação de florestas e invasão por parte dos vetores do ambiente peridoméstico; Diagnóstico: Pesquisa do parasito: - Exame direto de esfregaços corados – busca formas amastigotas do parasito; - Exame histopatológico – busca amastigotas e infiltrado inflamatório característico; Coleta do material de lesão cutânea, feita com lâmina de bisturi. A coleta deve ser sempre realizada na borda da lesão, a qual deve estar limpa, sem infecção bacteriana associada. Diagnóstico: Pesquisa do parasito: - Cultura; - Inóculo em animais (hamster); - Pesquisa do DNA do parasito; Diagnóstico: Métodos Imunológicos: - Teste de Montenegro (IRM) – inoculação intradérmica de 0,1 ml do antígeno (promastigotas mortas) . A leitura deve ser realizada após 48/72h e depois regride (avalia resposta imune celular); Considerado positivo quando a enduração for maior ou igual a 5 mm. OBS: Alguns indivíduos tratados podem ser positivos durante muitos anos; -Reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e ELISA pesquisa de anticorpos – indivíduos tratados ou imunizados podem ser positivos; Tratamento: Antimoniais pentavalentes - drogas de primeira escolha, estando disponibilizadas comercialmente duas formulações: o antimoniato-N-metil-glucamina (antimoniato de meglumina) e o estibogluconato de sódio. No Brasil, o Ministério da Saúde distribui gratuitamente o antimoniato N-metilglucamina (Glucantime®) na rede pública de saúde - Bons resultados – Contra-indicação: pacientes cardíacos, com hepatopatias e grávidas Nos pacientes nefropatas, bem como emgestantes, a anfotericina B é a droga de primeira escolha para a realização do tratamento. Tratamento: Todas as reações adversas graves ou potencialmente graves ( problemas cardíacos, hepáticos, renais e pancreáticos) ocorridas durante o tratamento devem ser notificadas às secretarias municipais e estaduais de saúde, bem como à SVS e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); Critérios de Cura - recomenda-se acompanhar o paciente por três meses consecutivos. Após a cura clínica, ele deve ser acompanhado até que se completem 12 meses do término do tratamento e, se possível, deve passar por uma nova reavaliação após 24 meses. Imunoterapia: ( Leishvacin - associada ao tratamento quimioterápico ou com BCG - ativação do sistema imune que está deprimido (AIDS) e em seguida entrar com a quimioterapia convencional (glucantime) regressão da doença com cicatrização das úlceras Leishmaniose Visceral Americana (LVA) ou Calazar Agente Etiológico (Brasil): - Leishmania (Leishmania) chagasi - Leishmania (Leishmania) donovani - Leishmania (Leishmania) infantum Hospedeiros: Invertebrados- Lutzomyia longipalpis ou Lutzomyia cruzi; Vertebrados – mamíferos (cão, raposas, marsupiais e o homem). Formas do parasita: Amastigotas – células do SMF (sistema mononuclear fagocitário), medula óssea, baço, fígado, linfonodos; Promastigotas e paramastigotas – lúmen do trato digestivo do vetor; Mecanismos de transmissão: Transmissão pelo vetor; Transmissão por transfusão sanguínea; Acidentes de laboratório; Epidemiologia: Principal vetor - L. longipalpis maior taxa de infecção na estação chuvosa, hábitos noturnos; No Brasil ocorre em todos os estados costeiros (do Pará ao Paraná) e estados centrais MG (Vale do Jequitinhonha, Rio Doce e São Franscisco), GO, MTS; A LVA é uma doença rural que vêm cada dia mais se urbanizando; Cães e raposas Fonte de infecção e reservatório; Cão é o principal elo na cadeia de transmissão do Calazar, ele tem parasitismo cutâneo; A atividade do flebotomíneo é crepuscular e noturna. Prolifera em períodos chuvosos. No intra e peridomicílio, é encontrado principalmente, próxima a uma fonte de alimento. Patogenia: O período de incubação pode variar de 2 a 7 meses; A lesão inicial é a formação de um nódulo transitório (leishmanioma) que não se ulcera; Viscerização - Migração das amastigotas (liberadas dos macrófagos) através do sangue ou linfa principalmente para os órgãos linfóides (medula óssea, linfonodos, baço) e órgãos ricos em células do SMF (fígado); Patogenia no homem: Período inicial – fase “aguda” da doença- -febre com duração inferior a quatro semanas; - palidez cutâneo-mucosa e hepatoesplenomegalia. Período de estado – caracteriza-se por: -febre irregular, geralmente associada a emagrecimento progressivo, palidez cutâneo-mucosa e aumento da hepatoesplenomegalia. Patogenia no homem: Período final – caso não seja feito o diagnóstico e tratamento, a doença evolui progressivamente para o período final, com febre contínua e comprometimento mais intenso do estado geral. Instala-se a desnutrição (cabelos quebradiços, cílios alongados e pele seca) e edema dos membros inferiores, que pode evoluir para anasarca. Outras manifestações importantes incluem hemorragias (epistaxe, gengivorragia e petéquias), icterícia e ascite. Debilitação geral do paciente facilita infecções secundárias e oportunistas Pacientes não-tratados - 90% de mortalidade por infecções bacterianas e/ou sangramentos. Patogenia no homem: Principais Alterações: - Baço esplenomegalia; - Fígado hepatomegalia, severa disproteinemia (edema dos membros inferiores) icterícia, ascite e edema generalizado; - Tecido hematopoiético diminuição da eritropoiese e granulopoiese, anemia, leucopenia, hemorragia (diminuição de plaquetas); - Rim glomerulonefrite, albuminúria, aumento de creatinina e uréia na urina; - Pulmão pneumonite (tosse seca); Patogenia nos cães: Emagrecimento progressivo, caquexia, alopecia, ulcerações crostosas (orelha e focinho), paresia do trem posterior crescimento anormal das unhas, diarréia; Diagnóstico parasitológico: Pesquisa do parasito: Encontro de formas amastigotas do parasito em material biológico obtido preferencialmente da medula óssea, por ser um procedimento mais seguro, do linfonodo ou do baço; no caso deste último, deve ser realizado em ambiente hospitalar e em condições cirúrgicas. Diagnóstico imunológico: Pesquisa de anticorpos: RIFI e ELISA – títulos variáveis dos exames sorológicos podem persistir positivos por longo período, mesmo após o tratamento. Assim, o resultado de um teste positivo, na ausência de manifestações clínicas, não autoriza a instituição de terapêutica. IDRM – a intradermorreação de Montenegro é geralmente negativo durante o período de estado da doença, não sendo assim, utilizado para o diagnóstico. Na maioria dos pacientes, torna-se positivo após a cura clínica em um período de seis meses a três anos após o término do tratamento. Caso humano confirmado: - Critério clínico-laboratorial – a confirmação dos casos clinicamente suspeitos deverá preencher, no mínimo, um dos seguintes critérios: - encontro do parasito nos exames parasitológicos direto e/ou cultura; - imunofluorescência reativa com título de 1:80 ou mais, desde que excluídos outros diagnósticos diferenciais. - Critério clínico-epidemiológico – paciente de área com transmissão de Leishmaniose Visceral, com suspeita clínica sem confirmação laboratorial, mas com resposta favorável ao teste terapêutico. Caso canino confirmado: - Critério laboratorial – cão com manifestações clínicas compatíveis de LVC e que apresente teste sorológico reagente e/ou exame parasitológico positivo; - Critério clínico-epidemiológico – cão proveniente de áreas endêmicas ou onde esteja ocorrendo surto e que apresente quadro clínico compatível de LVC sem a confirmação do diagnóstico laboratorial. Cão infectado: todo cão assintomático com sorologia reagente e/ou parasitológico positivo em município com transmissão confirmada. Tratamento: Humano: Glucantine (antimoniato de N- metil-glucamina). Em casos de resistência à medicação - Fungison (anfotericina B); Contra-indicação – gestantes, pacientes com idade acima dos 50 anos, portadores de cardiopatias, nefropatias, hepatopatias e doença de Chagas. Se for necessário tratar – avaliação rigorosa das funções renal (dosagem de uréia e creatinina) e hepática (dosagem das transaminases, bilirrubinas e fosfatase alcalina) e leucograma. Tratamento: Canino: As tentativas de tratamento dos cães, utilizando as drogas que tem efeito no homem, melhoram o estado geral e os sintomas (cura a doença), mas o parasitismo permanece. Existe uma portaria do Ministério da Saúde e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento oficializada em 2008 que coloca que os medicamentos usados no tratamento humano não devem ser usados nos cães a fim de evitar o desenvolvimento de cepas resistentes (crime).Entretanto, no Brasil não existem remédios veterinários para o tratamento da doença...... Critérios de cura homem: São essencialmente clínicos. O desaparecimento da febre; redução da hepatoesplenomegalia; melhora dos parâmetros hematológicos (hemoglobina e leucócitos); O ganho ponderal do paciente é visível, com retorno do apetite e melhora do estado geral. O paciente tratado deve ser avaliado aos 3, 6 e 12 meses após o tratamento e na última avaliação, se permanecer estável, é considerado curado. Vacina Canina: Leishmune – UFRJ/ Pfizer - protege de 95% a 99% dos cães vacinados, com eficácia de 76% a 80%. Já obteve licença definitiva pelo Ministério da saúde. Leish-tec- UFMG/HERTAPE CALIER SAÚDE ANIMAL- A vacina teve seu registro aprovado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, Brasília/DF), ainda em 2007. Após um longo período de testes, deu-se a comprovação de sua eficácia em janeiro de 2013, por meio da aprovação conjunta com o Ministério da Saúde que passou a recomendar a Leish-TEC como medida de proteção individual para cães contra Leishmaniose Visceral. Vacina Humana: Leish-tec- UFMG/GlaxoSmithKline- os resultados são altamente promissores, mostrando que a vacina induz à proteção. Além disso, testes em macacos demonstraram a eliminação do parasita nos órgãos dos animais testados. É possível que dentro de alguns anos tenhamos uma vacina para humanos contra a leishmaniose Profilaxia: Medidas de prevenção e de controle estão diretamente relacionadas com: Diagnóstico precoce; Tratamento adequado dos pacientes; Redução do contato homem-vetor, com medidas de proteção individual, controle de reservatórios e aplicação de inseticida, quando indicados; Medidas dirigidas à população canina: - controle da população canina errante; - doação de animais: fazer exame sorológico prévio; - uso de telas em canis individuais ou coletivos; - coleiras impregnadas com deltametrina a 4%. - Tratamento dos cães ? Envolve controvérsias.....Autorizado pela Justiça. Ações de educação para a saúde Imunização preventiva- futuro próximo... Material sobre Doença de Chagas e Leishmaniose: Guia de Vigilância Epidemiológica – 7ª. Edição - 2009 Ministério da saúde ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/ZOO/lept o_gve7ed_atual.pdf
Compartilhar