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Preparatório para Concursos em Biblioteconomia Módulo 2 - Aula 05 Prof. Thalita Gama A Ciência da Informação pode ser definida como a área que estuda a teoria, os métodos e as práticas da produção, organização, armazenamento, recuperação, disseminação e promoção do uso da informação (sendo o uso uma das atividades mais pesquisadas na área), processos esses compreendidos no âmbito dos fluxos comunicacionais, e a informação abordada enquanto unidade operacionalizável do conhecimento. Segundo Saracevic (1995), há três características importantes na área: interdisciplinaridade, forte ligação com a tecnologia e participação ativa na evolução da sociedade da informação. A relação e definição das áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação é algo polêmico. Elas se relacionam, porém, muitas vezes as bancas tentam confundir o candidato dizendo que a Ciência da Informação é uma evolução da documentação dentre outras semelhantes. A Biblioteconomia e a Ciência da Informação têm um objeto de trabalho em comum, que a informação, mas possuem objetivos distintos. ATENÇÃO nas pegadinhas desse tipo! A ciência da Informação é: Interdisciplinar e que se deriva e se associa a outras disciplinas como a matemática, a lógica, a linguística, a psicologia, a informática, a pesquisa operacional, a análise de sistemas, as artes gráficas, as comunicações, a biblioteconomia, a administração etc. (ROBREDO, 2005, p. 3). Desempenha o papel de uma ‘metaciência’, que realiza pesquisas e desenvolve teorias sobre os produtos documentários de outras disciplinas e atividades (ROBREDO, 2005, p. 5). É um campo científico recente, e, portanto, ainda em construção. Cada disciplina científica possui conceitos e teorias consistentes, reconhecidas e partilhadas por sua comunidade. (OLIVEIRA, 2005, p. 15). Desde o seu surgimento, padece de dificuldade para isolar e descrever seu objeto de pesquisa, a informação (OLIVEIRA, 2005, p. 17) Tem seu paradigma composto de um grupo de ideias relativas ao processo que envolve o movimento da informação em um sistema de comunicação humana (OLIVEIRA, 2005, p. 23). Se num primeiro momento a ênfase era no armazenamento da informação e sua disseminação para grupos específicos, como, por exemplo, os cientistas, hoje, o desafio passa a ser a distribuição de informações que seriam, ou não, úteis para a sociedade em geral. Seguindo as pistas de uma visão social da informação, Freire (2004) pressupõe algumas condições básicas para a sua existência, tais como: • Ambiente social - Contexto que possibilita a comunicação de informação. Esse ambiente se caracteriza sempre pela existência de uma possibilidade de comunicação. Ele decorre do impulso primeiro, arquétipico que nos levou como espécie à necessidade de materializar o pensamento em uma mensagem dirigida a um semelhante, um movimento primordial de transmissão da informação; • Agentes - No processo de comunicação, os agentes são o emissor, aquele que produz a informação, e o receptor, o que recebe a FUNDAMENTOS DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Preparatório para Concursos em Biblioteconomia Módulo 2 - Aula 05 Prof. Thalita Gama informação. Os agentes emissores são responsáveis pela existência dos estoques de informação, em um processo contínuo em que as funções produção e transferência se alternam, ou seja, o receptor de hoje poderá ser um produtor da informação amanhã; • Canais - Os canais estão relacionados aos meios por onde as informações circulam. Os agentes produtores de informação escolhem os canais mais adequados para circulação da sua informação, que podem utilizar-se de meios impressos, como jornais, revistas, periódicos científicos, livros, além de rádio, televisão, Internet, congressos, feiras e outros tipos de eventos científicos e comerciais. (FREIRE, 2004, p. 20-21) HISTÓRICO DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Nascida formalmente em 1962, em uma reunião do Georgia Institute of Technology, a C.I foi definida como: “A ciência que investiga as propriedades e o comportamento da informação, as forças que governam o fluxo da informação e os meios de processamento da informação para acessibilidade e usabilidade ótimas” (SHERA, 1977). Segundo Oliveira (2005) a Ciência da Informação tem sua gênese no cenário da revolução científica e técnica, que ocorre logo após a Segunda Guerra Mundial, tendo sofrido grandes influências da Documentação e da recuperação da informação. A influência da Recuperação da informação surge pelo boom informacional da Segunda Guerra, o interesse dos países em atividades de ciência e tecnologia, ocasionou um aumento considerável na geração e nas buscas de conhecimento, dando origem ao fenômeno denominado por Vannevat Bush de Explosão da Informação (também conhecido como explosão informacional ou explosão bibliográfica). Ainda com o objetivo de explicar o desenvolvimento da C.I, Meadows (1991) indica um outro evento importante: a descrição da Teoria Matemática da Informação, por Claude Shannon e Waren Weaver, na década de 1940. Entendendo o processo de comunicação com a transmissão de uma mensagem entre uma fontes (emissor) e um destino (receptor), utilizando um canal, estabeleceram uma analogia com a transmissão de sinais elétricos por meio de canais mecânicos de comunicação. Como vimos, o processo de formação da C.I ganha impulso durante a II Guerra Mundial. Nesse período, o mundo passava por um momento de grandes conflitos e os chamados países aliados notadamente os EUA, URSS e Grã-Bretanha, empregaram um grande número de pessoas que passaram a trabalhar em processos de coleta, seleção, processamento e disseminação de informações que fossem relevantes para o esforço de ganhar a guerra. Encontramos as raízes européias da ciência da informação no Instituto Internacional de Bibliografia, que veio a transformar-se em Federação Internacional de Documentação – FID -, e nos Estados Unidos, onde os indícios, também antigos, se concretizam em 1937, com a criação do American Documentation Institute – ADI -, motivado pelos novos métodos de reprodução de documentos, destacando-se a microfilmagem de documentos. Outros indícios de que a atividade de informação científica tornava-se socialmente relevante são a publicação do Journal of Documentation, lançado na Grã Bretanha (ainda em circulação), e do artigo As we may think, do americano Vannevar Bush, ambos em 1945; a Conferência de Informação Científica da Royal Society, realizada em Londres, com quase 500 participantes, em 1948; a publicação do American Documentation, nos Estados Unidos, e do Nachrichten für Dokumentation, na Alemanha, ambos em 1950 e até hoje relevantes periódicos da área. Na URSS, o principal indício é a criação, em 1952, do VINITI – Vserossiisky Institut Nauchnoi i Preparatório para Concursos em Biblioteconomia Módulo 2 - Aula 05 Prof. Thalita Gama Tekhnicheskoi Informatsii (All-Union Institute for Scientific and Technical Information), vinculado à Academia de Ciências da Rússia, com a missão de prover informação para cientistas e especialistas nas ciências técnicas e naturais. Considera-se que o registro oficial da denominação ciência da informação data do início da década de 1960, a partir de eventos promovidos pelo Georgia Institute of Technology, nos Estados Unidos, do qual participaram também cientistas, escritores e filósofos estrangeiros e onde foi discutida a criação de novas tecnologias de informação,conseqüência natural do crescimento da produção científica e que redundara na multiplicação dos periódicos científicos. Apesar da ênfase na educação e treinamento profissionalizantes, a realização de debates teóricos permitiu que se chegasse a uma primeira definição do que seria a ciência da informação e mostra a percepção da área pelos americanos. No Brasil, a C.I foi introduzida no início da década de 1970, com a implantação do curso de mestrado em C.I, pelo Instituto Brasileiro de Bibliografia (IBBD), que a partir de 1976 passa a se denominar Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), com vínculo ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Outro fato relevante para a área no país, foi a publicação, a partir de 1972 da revista ciência da informação, diretamente associada às atividades acadêmicas do curso de mestrado. A sociedade científica que congrega os pesquisadores da área de C.I no Brasil, é a Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Ciência da Informação e Biblioteconomia (Ancib). Criada, em junho de 1989, tem como um de seus objetivos a promoção do desenvolvimento da pesquisa, do intercâmbio e da cooperação entre seus associados. Realiza periodicamente o Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (Enancib). Os primeiros periódicos científicos surgiram, em 1665, na França – o Journal de Savants – e na Inglaterra – O Philosophical Transactions of the Royal Society, porém com objetivos diferentes. O primeiro se voltava para registros de informações sobre os livros publicados na Europa, a descrição de invenções, o registro dos dados meteorológicos e a citação das primeiras decisões das cortes civil e religiosa. O segundo se dedicava somente ao registro de experimentos científicos em todas as áreas, relatados em cartas à sociedade por cientistas europeus. Bons estudos! Preparatório para Concursos em Biblioteconomia Módulo 2 - Aula 05 Prof. Thalita Gama Referências: BARRETO, Aldo de Albuquerque. Uma quase história da Ciência da informação. DataGramaZero, Rio de Janeiro, v. 9, n. 2, abr. 2008. Disponível em: <http://www.dgz.org.br/abr08/Art_01.htm>. Acesso em: 1 ago. 2016. COUZINET, Viviane; SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muszkat. A ciência da informação na França e no Brasil. DataGramaZero, Rio de Janeiro, v. 8, n. 6, dez. 2007. Disponível em: <http://www.dgz.org.br/dez07/Art_03.htm>. Acesso em: 1 ago. 2016. FREIRE, G. H. de A. Comunicação da informação em redes virtuais de aprendizagem. 2004. Tese (Doutorado em Ciência da Informação). Convênio CNPq/ IBICT – UFRJ/ECO, 2004. FREIRE, G. H. de A. Ciência da informação: temática, histórias e fundamentos. Perspect. ciênc. inf., Belo Horizonte, v.11 n.1, p. 6-19, jan./abr. 2006. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/pci/v11n1/v11n1a02> Acesso em: 4 ago.2016 OLIVEIRA, Marlene. Origens e evolução da ciência da informação. In: CENDÓN, Beatriz Valadares (Org.). Ciência da informação e biblioteconomia: novos conteúdos e espaços de atuação. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005. p. 9-28. ORTEGA, Cristina Dotta. Relações históricas entre Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação. DataGramaZero, Rio de Janeiro, v. 5, n. 5, out. 2004. Disponível em:<http://www.dgz.org.br/out04/Art_03.htm>. Acesso em: 1 ago. 2016 ROBREDO, Jaime. Documentação de hoje e de amanhã. 4.ed., ver. e ampl. Brasília: Edição do Autor, 2005. RUSSO, Mariza. Fundamentos de biblioteconomia e ciência da informação. Rio de Janeiro: E-papers Serviço Editoriais, 2010. SARACEVIC, T. Interdisciplinarity nature of Information Science. Ciência da Informação, Brasília, v.24, n.1, p.36- 41, 1995. SHERA, Jesse H. Epistemologia Social e Biblioteconomia. Ciência da Informação, v.6. n.1, p. 9-12, 1977. SIQUEIRA, Jessica Câmara. Biblioteconomia, documentação e ciência da informação: história, sociedade, tecnologia e pós modernidade. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 15, n. 3, p. 52-66, set./dez. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pci/v15n3/04.pdf>. Acesso em: 1 ago. 2016.
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