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Direito Civil II - Aula III (27_02)

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Direito Civil II 
Aline Sayuri Kazari 
USJT - Direito 
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Direito Civil II 
Aula III – 27/02/2015 
Professor: Fábio Figueiredo 
 
Elementos laterais da obrigação 
 
Os elementos laterais da obrigação, também denominados deveres laterais, deveres 
acessórios, deveres anexos etc., são decorrentes da visão do Direito Privado de autonomia 
privada de contratação, da isonomia substancial e do solidarismo constitucional. 
Os deveres laterais da obrigação estão presentes nos arts. 113 (boa-fé e usos do lugar 
de costume) e 422 (probidade) do CC, que devem respeitar a existência digna do ser humano, 
de forma a ser implementada a solidariedade na relação obrigacional. A boa-fé na relação 
obrigacional deve ser sempre respeitada, de forma a ser um imperativo de ordem pública. 
Os deveres laterais, não sendo observados na relação obrigacional, podem vir a gerar 
consequências jurídicas. 
Conforme as palavras de Clóvis Couto e Silva, “a obrigação deve ser analisada como 
um processo: a obrigação nasce, se desenvolve e se extingue”, contemplando deveres 
nucleares e acessórios. Assim, a obrigação não é cumprida somente pelo simples fato de dar, 
fazer ou não fazer, este é somente o elemento central da obrigação incorrendo em 
inadimplemento a sua falta. Porém, ainda que cumpridos, não agindo na relação com 
probidade e eticidade, o devedor estará faltando com um elemento lateral, quais sejam: 
I. Dignidade da pessoa humana: O princípio da dignidade da pessoa humana 
está contigo no art. 11 do CC que determina que “com exceção dos casos 
previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e 
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. No 
direito das obrigações, o princípio da dignidade da pessoa humana versa sobre 
a celebração de contratos que submetem os direitos da personalidade. Assim, 
um contrato celebrado sem tal observância, ainda que voluntariamente por 
parte daquela que submete os seus direitos da personalidade, tornam-se 
nulos; 
II. Isonomia substancial: Inicialmente, a igualdade das partes no campo 
privatístico, partia do pressuposto de que, em relação aquele ato civil que 
praticavam, estavam no mesmo patamar na relação contratual. 
Com o passar dos tempos, as relações negociais perderam seu caráter de 
pessoalidade, ocupando os produtores uma posição de supermacia em relação 
ao consumidor. Tem-se, dessa forma, uma situação de desigualdade, haja vista 
que é o produtor quem estabelece as regras do contrato, determinando os 
preços e a qualidade dos produtos fabricados. 
Assim, a qualidade que antes era formal, passou a ser material: tratar 
igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida e proporção da 
sua desigualdade; 
Direito Civil II 
Aline Sayuri Kazari 
USJT - Direito 
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III. Solidarismo constitucional: A solidariedade constitucional redimensional a 
função do contrato, passando de uma feição essencialmente econômica para 
uma visão social. A relação contratual deixa de ser a realização egoísta das 
partes e passa ser concebida como grande instrumento de justiça social: “A 
solidariedade não é só um valor inserido na Constituição, sem papel definido 
no plano da regra. Consiste na mútua cooperação em torno da execução da 
obrigação. O início da relação obrigacional desloca-se então, da vontade para a 
efetivação da obrigação em respeito à dignidade das partes.”; 
IV. Intencionalidade: Pelo princípio da intencionalidade “nas declarações de 
vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido 
literal da linguagem”, conforme disposto no art. 112 do CC. 
Ainda que não previsto no contrato, a intenção das partes sobrepõe-se ao que 
foi acordado; 
V. Boa-fé: Com o princípio da boa-fé vigente em nosso CCC, objetivamente, cada 
pessoa deve ajustar a sua conduta ao arquétipo de conduta social vigente. Nas 
palavras de Paulo Brasil Dill Soares “boa-fé objetiva é um ‘stand’ um 
parâmetro genérico de conduta. Boa-fé objetiva significa, portanto, uma 
atuação ‘refletida’, pensando no outro, no parceiro atual, respeitando seus 
interesses legítimos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com 
lealdade, sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem 
excessiva, gerando para atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento 
objetivo contratual e a realização de interesse das partes.”; 
VI. Interpretação restritiva dos negócios benéficos e atos de renúncia: Dispõe o 
art. 114 do CC “os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se 
estritamente.”. 
O negócio jurídico benéfico é gratuito; apenas uma das partes aufere efetiva 
vantagem. É nessa medida que, por critério de justiça, tais negócios devem ser 
interpretados de maneira restritiva. Do mesmo modo, devem ser 
interpretados de maneira restritiva os atos de renúncia (ex.: renúncia quanto 
credor, de doação, herança, benefício, solidariedade etc.); 
VII. Função social do contrato: Trata-se de claro freio à liberdade ampla e irrestrita 
de contratação. É a forma de equanimização contratual, na medida em que 
impõe o voluntarismo desenfreado e situações de desvantagem desmesuradas 
pela mais forte à mais fraca na relação contratual, seja ela qual for, do mesmo 
tempo que cuida para que o contrato não seja socialmente catastrófico fora 
dos limites da relação; 
VIII. Probidade: A probidade, mencionada no art. 422 do CC, nada mais é senão um 
dos aspectos objetivos do princípio da boa-fé, podendo ser entendida como a 
honestidade de proceder ou a maneira criteriosa de cumprir todos os deveres, 
que são atribuídos ou cometidos à pessoa; 
IX. Abuso de direito: Por abuso de direito, compreende o exercício irregular de 
um direito subjetivo, que, sob o pretexto de realizá-lo com base na lei, deva 
ser afastada por contrariar os princípios e valores que compõem o 
ordenamento jurídico contendo em seu interior práticas que contratriam o 
Direito Civil II 
Aline Sayuri Kazari 
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bom senso e a equidade, não estando apto, portanto, à produção dos efeitos 
visados por seu agente.

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