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2. Lei de drogas

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LEI DE DROGAS
Lei 11.343/06
Droga: nova terminologia, utilizada pela Organização Mundial de Saúde, em substituição de “substâncias entorpecentes” da Lei 6.368/76. 
Conceito de drogas
Art. 1º, parágrafo único: “Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União”.
Art. 66. “Para fins do disposto no parágrafo único do art. 1o desta Lei, até que seja atualizada a terminologia da lista mencionada no preceito, denominam-se drogas substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio de 1998”.
LISTA - F
LISTA DAS SUBSTÂNCIAS DE USO PROSCRITO NO BRASIL
LISTA F1 - SUBSTÂNCIAS ENTORPECENTES
Cocaína
Heroína
Cloreto de etila (lança perfume)
Lisergida – LSD
THC (tetraidrocanabinol) – Maconha
PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL
Art. 28.  Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
Norma penal em branco – Portaria ANVISA
Tipo misto alternativo: cinco verbos-núcleos.
O uso é atípico: não há o verbo “usar”. Não se pune o uso pretérito.
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: a coletividade 
Elemento subjetivo: dolo específico “para consumo próprio”.
Elemento normativo: expressão “sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.
Objeto material: droga
Objeto jurídico: saúde pública
Crime permanente nas modalidades guardar, ter em depósito, transportar e trazer consigo.
Crime de ínfimo potencial ofensivo (sem pena privativa de liberdade) – Guilherme de Souza Nucci.
Das penas
Penas restritivas de direitos
Podem se aplicadas isolada ou cumulativamente (art. 27)
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
Designado audiência para a advertência
II - prestação de serviços à comunidade;
Serviços em programas comunitários, entidades educacionais, assistenciais, hospitais etc., preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas (§ 5º).
Prazo máximo de 5 meses (§ 3º)
Reincidência: prazo máximo de 10 meses (§ 4º)
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
Prazo máximo de 5 meses (§ 3º)
Reincidência: prazo máximo de 10 meses (§ 4º)
Medidas de garantia das penas
Quando o agente se recusar injustificadamente ao cumprimento das medidas educativas o juiz poderá submetê-lo, sucessivamente a:
I – admoestação verbal;
Censura oral em audiência admonitória
II – multa.
Multa de característica extrapenal – multa coercitiva – não substitui a pena imposta
Fixada em quantidade não inferior a 40 e nem superior a 100 dias multa (art. 29)
Cada dia multa: 1/30 a 3 vezes o salário mínimo
Creditadas ao Fundo Nacional Antidrogas
CULTIVO PARA CONSUMO PESSOAL
§ 1o  Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
Prescrição
Prescrevem em 2 anos a imposição e a execução das penas (art. 30).
Questões relevantes:
Distinção entre porte para consumo próprio e tráfico
§ 2o  Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
Ex.: forma de embalagem, local ponto de distribuição, valores em dinheiro etc.
Inconstitucionalidade x constitucionalidade
Inconstitucionalidade
Violação ao direito à intimidade (art. 5º X, CF): autodeterminação - sem perigo a terceiros.
Não pode ser punida a autolesão – princípio da alteridade
Constitucionalidade
O bem jurídico protegido é a saúde pública (coletividade) e não a saúde individual do usuário.
STF, RE 635660 SP, Relator Min. Ayres Britto, julgamento em 22/03/2011
Princípio da insignificância ou crime de bagatela
Fundamento a favor: quantidade ínfima da droga.
Fundamento contrário: a pequena quantidade é da essência do tipo penal e a sanção (sem PPL) é proporcional.
No STF há decisão a favor (0,6g de maconha) e contra (0,5g de cocaína).
TRÁFICO DE DROGAS
Art. 33.  Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
Tipo misto alternativo: dezoito verbos-núcleos.
Princípio da alternatividade: praticada mais de uma conduta no mesmo contexto fático, responde por um só crime. Ex.: trazer consigo e vender.
Observações sobre algumas condutas nucleares:
Remeter: enviar – consumação ainda que não chegue ao destino.
Ter em depósito: retenção provisória e possibilidade de deslocamento de um lugar para outro.
Guardar: ocultar a droga.
Transportar: meio de locomoção não pessoal. Se for pessoal configura o verbo trazer consigo.
Prescrever: receitar.
Ministrar: inocular, introduzir no corpo de alguém.
Entregar e fornecer: entrega traz a ideia de tradição única e fornecimento de continuidade no tempo.
Sujeito ativo: qualquer pessoa. Exceção: prescrever é crime próprio a profissionais que podem receitar drogas, como médicos e dentistas.
Sujeito passivo: a coletividade. 
Elemento subjetivo: dolo genérico.
Tentativa: é possível (crime plurissubsistente), mas difícil de configurar.
Elemento normativo: expressão “sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.
Objeto material: droga
Objeto jurídico: saúde pública
Crime permanente nas modalidades guardar, ter em depósito, transportar e trazer consigo, expor a venda, entre outras.
CONDUTAS EQUIPARADAS
Conduta de comercialização de matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas.
§ 1o  Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;
Matéria-prima: substância principal da qual se extrai a droga.
Insumo: utilizado na produção da droga ao ser agregado à matéria-prima. Ex.: bicarbonato de sódio somado aos restos da cocaína dá origem ao crack. Outros insumos: ácido clorídrico, ácido sulfúrico, cloreto de etila, éter etílico etc. (Lista D2 do Anexo I da Portaria SVS/MS 344/98).
Produto químico: destinado à produção da droga, sem se agregar à matéria-prima. Ex.: acetona para o refino da cocaína.
Ponto relevante: guarda de semente de Cannabis sativa.
Constatação da presença do THC (tetrahidrocanabinol): art. 33, caput.
Sem a presença do THC: art. 33, § 1º, I (STJ, HC 100437/SP, j. 18.12.2008).
Não configura crime, pois a planta é a matéria-prima (TJRS, Embargos infringentes 70019927193, j 03.08.2007).
Cultivo
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
Utilização de local e bem para o tráfico
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordocom determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 
Sujeito ativo: não é necessário ser o proprietário. Ex.: administrador, guarda e vigilância.
Exemplo: locador que permite que o locatário utilize o imóvel para a venda de drogas.
Se a cessão do local ou bem for para “consumo pessoal” e não “tráfico ilícito”, configura o art. 33, § 2º. 
AUXÍLIO AO USO
§ 2o  Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
Verbos-núcleos:
Induzir: incutir na mente do agente o desejo pelo uso de droga (auxílio moral).
Instigar: reforçar ideia preexistente do uso de droga (auxílio moral).
Auxiliar: assistência material para o uso de droga. Ex.: emprestar dinheiro ou veículo para o agente comprar a droga.
Consumação: somente quando o destinatário fizer uso da droga (crime material).
Na Lei 6.368/76 (anterior Lei de Tóxicos) era considerada tráfico de drogas.
Na Lei 11.343/06 não é considerada tráfico de drogas, não incidindo a Lei dos Crimes Hediondos (Lei 8.072/90).
É possível o benefício do art. 89 da Lei 9.099/95: suspensão condicional do processo.
USO COMPARTILHADO
§ 3o  Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
Sob a égide da Lei 6.368/76, o uso compartilhado sem intuito de lucro também era considerado tráfico de drogas (art. 12).
Verbo-núcleo: oferecer significa ofertar ou colocar à disposição.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: pessoa maior e capaz. Se não possuir discernimento pode caracterizar o tráfico de drogas.
Elementos especializantes para a caracterização da figura típica:
Eventualidade: a cessão da droga não deve ter caráter de habitualidade.
Sem objetivo de lucro: direto ou indireto
Pessoa do relacionamento: pessoa próxima, pressupondo anterior vínculo de amizade.
Para o fim de consumo conjunto.
Consumação: basta mera oferta, independente do uso da droga.
Pena:
Infração de menor potencial ofensivo.
Também responde pelo porte para uso (art. 28) da droga para consumo pessoal.
Discussão sobre a proporcionalidade da pena de multa, pois é maior que a pena de multa para o tráfico.
CAUSAS DE DIMINUIÇÃO
§ 4o  Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.     (Vide Resolução nº 5, de 2012)
Finalidade: diferenciar o traficante eventual (pequeno traficante). Denominado de “tráfico privilegiado”.
Requisitos - cumulativos (STF, RHC 110.084, j. 08.11.2011)
Agente primário: é o não reincidente (art. 63 do CP).
Bons antecedentes: discussão na doutrina e jurisprudência. Para o STJ não geram maus antecedentes inquéritos e ações em andamento sem transito em julgado (Súmula 444).
Não dedicação à atividades criminosas: exercer atividade lícita e habitual.
Não integração de organização criminosa: voltada ao tráfico ou outros ilícitos. 
O quantum da diminuição é analisado na forma do art. 42 da Lei de Drogas (natureza, quantidade etc.).
Crime hediondo?
Primeira posição: não é hediondo, pois o art. 44 não faz menção expressa ao art. 33, § 4º, devendo ser observado o princípio da legalidade. Essa posição é adotada pelo STF e STJ.
Segunda posição: é hediondo, na medida em que o § 4º é somente uma causa de diminuição e não um tipo penal derivado.
MAQUINÁRIO PARA FABRICAÇÃO DE DROGAS
Art. 34.  Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
Criminaliza atos preparatórios do delito previsto no art. 33 da Lei de Drogas.
Objetos materiais: bico de Bunsen, estufa, pipetas, balanças de precisão etc.
Deverá haver prova da destinação – normalmente são objetos de destinação lícita.
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO
Art. 35.  Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
Parágrafo único.  Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
A expressão “reiteradamente ou não” gera discussão sobre a exigência de estabilidade.
Verbo-núcleo: associar-se, unir-se de maneira estável.
Na associação criminosa (art. 288 Código Penal – antigo crime de quadrilha ou bando) os agentes devem visar a um número indeterminado de crimes. Mínimo de três pessoas.
Na associação ao tráfico pode visar um único crime, porém, com um vínculo estável (ex.: única operação de tráfico internacional). Mínimo duas pessoas.
Configuração:
Reunião de duas ou mais pessoas
Estabilidade do vínculo (societas sceleris)
Associação para a prática do art. 33, caput, § 1º e art. 34.
Concurso eventual de agentes: não é necessária a estabilidade. Não caracteriza a associação.
Concurso material de crimes: responde pela associação e pelo tráfico.
Associação para o financiamento (parágrafo único do art. 35).
Reunião de duas ou mais pessoas
Estabilidade do vínculo (societas sceleris)
Associação para a prática reiterada (permanência) do crime de financiamento.
Há divergência se o art. 35 da Lei de Drogas é equiparado aos crimes hediondos. No STF e no STJ prevalece o entendimento de que não é equiparado aos hediondos. 
FINANCIAMENTO OU CUSTEIO AO TRÁFICO
Art. 36.  Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa.
Verbos-núcleos:
Financiar: prover capital para o tráfico.
Custear: prover custos, despesas e gastos, com bens móveis, veículos, armas etc.
Consumação: com a disponibilidade do dinheiro ou bem para o financiado (delito instantâneo e formal).
Há posição de que se trata de crime material e exige a prática efetiva dos crimes visados.
INFORMANTE EVENTUAL
Art. 37.  Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.
Verbo-núcleo:
Colaborar: auxiliar prestando informações.
Grupo: agrupamento de pessoas sem organização interna.
Organização: grupo com estruturação interna com divisão de tarefas.
Associação: estabilidade e permanência.
E se colaborar com um traficante solitário?
Solução: analogia in bonam partem (art. 37). O concurso de pessoas no art. 33 (art. 29 do CP) é mais gravoso.
A colaboração deve ser eventual (posição predominante). Se for permanente e estável (societas sceleris) pode configurar a associação para o tráfico (art. 35).
 
PRESCRIÇÃO OU MINISTRAÇÃO CULPOSA
Art. 38.  Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa.Parágrafo único.  O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o agente.
Sujeito ativo: É crime próprio. Pratica quem tem autorização para prescrever ou ministrar drogas (médico, dentista, farmacêutico e o profissional de enfermagem).
Verbo-núcleo: 
Prescrever: receitar.
Ministrar: introduzir no organismo, inocular.
Crime culposo: imprudência, negligência ou imperícia.
Se agir com dolo, responde pelo art. 33, caput.
Não admite a tentativa por ser crime culposo.
Consumação: com a entrega da receita (prescrever) ou com a introdução da droga no corpo (ministrar).
Pena: É infração de menor potencial ofensivo, sendo cabíveis as medidas despenalizadoras da Lei 9.099/95 (transação e suspensão condicional do processo).
CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE SOB A INFLUÊNCIA DE DROGA
Art. 39.  Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.
Parágrafo único.  As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. 
Objetividade jurídica: segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo e a incolumidade pública.
Sujeito passivo: a coletividade.
Verbo-núcleo: 
Conduzir: colocar a embarcação ou aeronave em funcionamento pelos mecanismos de direção.
Embarcação: veículo de locomoção na água de transporte de pessoas ou carga, motorizado ou não (lanchas, escunas, jangadas, canoas, navio, “pedalinho”, Jet-skis etc.), conduzido em águas públicas ou privadas (art. 2º, V, da Lei 9.537/1997).
Aeronave: aparelho manobrável em voo, que se sustenta e circula no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas (art. 106 do Código Brasileiro de Aeronáutica).
O agente deve estar sob o efeito da droga, após o seu consumo.
Exposição a dano potencial: crime de perigo concreto, exigindo comprovação que o bem jurídico sofreu lesão ou ameaça de lesão. Há posição minoritária de que é crime de perigo abstrato.
Consumação: quando demonstrado o perigo para o bem jurídico tutelado (perigo concreto).
Pena:
Possível a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95).
Apreensão do veículo (pelo prazo da pena privativa).
Cassação da habilitação ou proibição de obtê-la (pelo prazo da pena privativa).
Tipo qualificado: Embarcação ou aeronave de transporte coletivo (parágrafo único).
CAUSAS DE AUMENTO
Art. 40.  As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
Causa de aumento de pena, que incide na terceira fase da dosimetria da pena (art 68 do CP).
Somente é aplicável aos crimes previstos nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas.
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;
A conduta não se limita às barreiras geográficas de um país.
Não basta que a droga seja produzida em outro país, mas sim a responsabilidade pela internalização.
A droga também deve ser proibida no outro país (Ex.: na Argentina não é proibido o cloreto de etila, vulgo “lança-perfume”).
Transnacionalidade: competência da Justiça Federal (art. 70).
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância;
Função pública: qualquer uma, devendo haver nexo de causalidade entre esta e a conduta criminosa.
Missão de educação: professor, diretor etc.
Poder familiar: pais
Guarda e vigilância: pode ser entendida como atribuições inerentes a menores (ex.: agente de abrigo de menores) ou que as exerce sobre a droga (ex.: farmacêutico).
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;
Quando praticado em locais onde há mais facilidade de difusão do vício, com maior concentração de pessoas.
Qual significado da expressão “imediações”? Deve ser aferido pelo magistrado no caso concreto, visando à finalidade da norma, não podendo ser convertido em medida aritmética.
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; 
Violência (vis absoluta): ministra droga em corpo alheio usando de violência.
Grave ameaça (vis relativa): ameaça de mal grave alguém para transportar droga.
Emprego de arma: nexo de causalidade. Como para a proteção da droga. Incidirá a causa de aumento ou crime de porte ilegal (Lei 10.826/2003) dependendo a situação em concreto.
Qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva: violência ou grave ameaça que atinge a coletividade e não um sujeito determinado. Ex.: exigência de participação de uma comunidade com o tráfico, sob pena de sanções. 
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;
Aumento de pena no “tráfico interestadual”, pois o agente cria maior risco para a saúde pública, atingindo parcela maior da coletividade.
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
A finalidade é a proteção de pessoas em situação de maior vulnerabilidade.
Pune a conduta de envolver (concurso ou associação) ou visar (atingir).
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
Inciso mantido indevidamente pelo legislador, pois essa conduta constitui crime autônomo (art. 36) e não pode haver dupla punição pelo mesmo fato (bis in idem).
COLABORAÇÃO PREMIADA
Art. 41.  O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços.
CÁLCULO DA PENA – CIRCUNSTÂNCIAS PREPONDERANTES
Art. 42.  O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente.
FIXAÇÃO DOS DIAS MULTA
Art. 43.  Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo.
Parágrafo único.  As multas, que em caso de concurso de crimes serão impostas sempre cumulativamente, podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situação econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo.
VEDAÇÃO DE BENEFÍCIOS
Art. 44.  Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
Parágrafo único.  Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessãoao reincidente específico. 
Conceito de tráfico de drogas: arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37.
Art. 5º, XLIII, CF: inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
Vedação da fiança: o magistrado pode aplicar as medidas cautelares do art. 319 do CPP, com exceção da fiança (STF). Art. 5º, XLIII, CF.
Vedação do sursis: pena não superior a 2 anos (art. 77 do CP). 
Vedação da graça, indulto e anistia: indulgências por questões de política criminal. Art. 5º, XLIII, CF.
Vedação da liberdade provisória: há duas posições.
1 – Constitucional: o legislador ordinário pode vedar a liberdade provisória (art. 5º, LXVI, CF) e a vedação decorre da inafiançabilidade (art. 5º, LXVI, CF).
2 – Inconstitucional: não há prisão preventiva automática e obrigatória no ordenamento jurídico. A Lei 11.464/2007 alterou o art. 2º da Lei 8.072/90 que proibia a liberdade provisória. A gravidade em abstrato do crime não justifica a prisão preventiva e vedação em lei viola o princípio da presunção da não culpabilidade e o da necessidade de fundamentação das decisões (art. 93, IX, CF).
Vedação da conversão da pena em restritiva de direitos: o STF (HC 97256) entendeu inconstitucional a vedação por afronta ao princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI, CF), cabendo ao magistrado analisar a situação em concreto, nos termos do art. 44 do Código Penal.
Livramento condicional: cumprimento de 2/3 da pena, vedado no caso de reincidente específico.
INIMPUTABILIDADE
Art. 45.  É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Parágrafo único.  Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado.
SEMI-IMPUTABILIDADE
Art. 46.  As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Art. 47.  Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação que ateste a necessidade de encaminhamento do agente para tratamento, realizada por profissional de saúde com competência específica na forma da lei, determinará que a tal se proceda, observado o disposto no art. 26 desta Lei. 
BIBLIOGRAFIA:
NUCCI, Guilherme de Souza Nucci
MENDONÇA, Andrey Borges de. Lei de drogas: Lei 11.343, de 23 de agosto de 2006 – Comentada artigo por artigo. 3. Ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2012.

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