Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Contaminação e Tratamento de Água AULA 1 - UNIDADES COMPONENTES DE UM SISTEMA DE ABASTECIMENTO D’ÁGUA 1.1 - Introdução A substância mais abundante no planeta Terra é a água. Ela pode ser encontrada tanto no estado líquido, gasoso ou sólido, na atmosfera, sobre ou sob a superfície terrestre, nos oceanos, mares, rios e lagos. A água ainda é o constituinte inorgânico com maior percentual de presença na matéria viva: cerca de 60% do peso do homem é constituído de água e, em certos animais aquáticos, esta porcentagem alcança 98%. Há estimativas de que o nosso planeta possua três quartos de sua massa de água 1,36.1018m3. Cerca de 97,4% de toda essa massa está contida nos mares e os oceanos, ou seja, é água salgada. Na forma de neve ou gelo, no topo das grandes cadeias de montanhas ou nas zonas polares, estão estocados 2% da água total. Resta apenas cerca de 0,6 % do total disponível como água doce, seja nos aquíferos subterrâneos (0,5959%), nos rios e lagos superficiais (0,0140%) ou na atmosfera, na forma de vapor d’água (0,001%). Diante de todos esses dados, torna-se fundamental para o futuro da humanidade, e para sua própria sobrevivência, a preservação dos recursos hídricos do planeta. 1.1.1 - Principais propriedades da água Conhecer as propriedades da água, quer ela esteja em repouso ou em movimento, é fundamental para a solução correta dos vários problemas do dia a dia do engenheiro hidráulico. Esses problemas envolvem os princípios e métodos de armazenamento, conservação, controle, condução, utilização etc. e estão presentes desde a elaboração dos projetos até o último dia de sua operação. Entre as peculiaridades da água, está a de ser uma substância encontrada no estado sólido, líquido e gasoso na superfície da terra, ou seja, ela pode ser facilmente encontrada em três fases na natureza, a saber: • No estado sólido (neve e gelo); • No gasoso (vapor d’água e umidade); • E na sua forma mais comum, a líquida (reservatórios de acumulação, lençóis subterrâneos, mares e oceanos etc). a) Composição química A água é uma substância composta resultante da combinação de dois átomos de hidrogênio com um de oxigênio, que na forma mais elementar de representação forma H2O. b) Massa específica (ρ) Massa específica de uma substância é a massa por unidade de volume. Sua unidade no S.I. é o kg/m3. Em razão de sua estrutura molecular peculiar, a água é uma das poucas substâncias que se expandem ao congelar. A água alcança a massa específica máxima a 4°C e torna-se menos densa quando resfriada ou aquecida. c) Densidade relativa Denomina-se densidade relativa a relação entre a densidade da água a uma determinada temperatura e sua densidade a 4°C, neste ponto definida como igual a unidade. É geralmente simbolizada pela letra grega minúscula "δ". Como é uma relação entre grandezas de mesma unidade é, portanto, adimensional. d) Peso específico É o peso por unidade de volume, ou seja, o valor da massa específica multiplicada pela aceleração de gravidade local. É simbolizado pela letra grega minúscula "γ". No S.I., sua unidade é N/m3. Na tabela 01, temos valores de massa específica e de peso específico da água em diversas temperaturas. Tabela 1: massa específica e peso específico da água em diversas temperaturas Temperatura (ºC) Massa específica (ρ, kg/m3) Peso específico (γ, N/m3) 0 (gelo) 917 8.996 0 (água) 999 9.800 4 1.000 9.810 10 999 9.800 20 998 9.790 30 996 9.771 40 992 9.732 50 988 9.692 80 972 9.535 100 958 9.398 No Sistema Internacional de Unidades (SI), o peso de um objeto é definido pelo produto entre sua massa (m, em gramas, quilogramas etc.) e a aceleração gravitacional (g = 9,81m/s2). O peso no sistema SI costuma ser expresso na unidade de força newton (N). Um newton é definido como a força necessária para acelerar 1kg de massa a uma taxa de 1m/s2. O peso específico (peso por unidade de volume) da água (g) pode ser determinado pelo produto entre a massa específica (ρ) e a aceleração gravitacional (g). e) Viscosidade dinâmica A água em escoamento reage à tensão de cisalhamento, sofrendo uma deformação angular que é proporcional a essa tensão. O coeficiente de viscosidade (viscosidade dinâmica, viscosidade absoluta ou somente viscosidade) é a constante de proporcionalidade definida como a razão entre essa tensão de cisalhamento e o gradiente de velocidade. É geralmente simbolizada pela letra grega minúscula "µ" e tem a dimensão de força por unidade de área. Sua unidade no S.I. é poise (1 poise = 0,1N.s/m2). f) Viscosidade cinemática Em estudos hidráulicos, é conveniente utilizar o conceito de viscosidade cinemática, que é uma grandeza definida a partir da relação entre a viscosidade e a densidade (µ/ρ) e simbolizada pela letra grega minúscula "υ". Sua unidade no S.I. é stoke (1 stoke = 1cm2/s). Geralmente trabalha-se com υ = 1,01.10-6m2/s, que corresponde à viscosidade da água a 20ºC. Tabela 2: propriedades da água sob determinadas temperaturas Temperatura (°C) Densidade absoluta (kg/m3) Viscosidade dinâmica (10-3N.s/m2) Viscosidade cinemática (10-6m2/s) Densidade relativa 0 (gelo) 917,0 - - 0,9170 0(água) 999,8 1,781 1,785 0,9998 4 1000,0 1,558 1,558 1,0000 5 1000,0 1,518 1,519 1,0000 10 999,7 1,307 1,308 0,9997 20 998,2 1,002 1,003 0,9982 30 995,7 0,798 0,801 0,9967 40 992,2 0,653 0,658 0,9922 50 988,0 0,547 0,553 0,9880 60 983,2 0,466 0,474 0,9832 70 977,8 0,404 0,413 0,9788 80 971,8 0,354 0,364 0,9728 90 965,3 0,315 0,326 0,9653 100 958,4 0,282 0,294 0,9584 g) Coesão, adesão e tensão superficial Diz-se que coesão é a propriedade que uma substância tem de conservar-se unida resistindo à separação. Num comportamento contrário, a adesão é a propriedade do líquido de fixar-se na superfície de outros corpos. Por exemplo: a água tende a aderir a superfície em volta, molhando esta superfície ou subindo acima do nível de repouso pelo efeito chamado de capilaridade, enquanto que com o mercúrio ocorre o fenômeno inverso. No caso da água, temos que sua adesão é superior à coesão e, no do mercúrio, a coesão é maior. A tensão superficial é o fenômeno que se verifica na superfície de separação entre dois fluidos não miscíveis. Esta tensão depende da natureza dos fluidos em contato e da temperatura. É determinada pela tensão por unidade de comprimento numa linha qualquer de separação e é geralmente simbolizada pela letra grega minúscula "σ" e expressa em unidades de força por unidade de comprimento, por exemplo no C.G.S. em dyn/cm. Tabela 3: tensão superficial entre a água e o ar ϴ (ºC) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 σ (dyn/cm) 74,1 6 72,7 9 71,3 2 69,7 5 68,1 8 67,1 6 66,1 1 64,3 6 62,6 0 60,7 1 58,2 5 σ (10- 3kgf/m) 7,69 7,54 7,40 7,23 7,07 6,96 6,86 6,67 6,49 6 ,30 6,04 h) Pressão de vapor A água tem a propriedade de vaporizar-se em determinadas condições de temperatura e pressão. Ela entra em ebulição sob a pressão atmosférica local a uma determinada temperatura. Por exemplo: no nível do mar (pressão atmosférica normal), a ebulição acontece a 100ºC. À medida que a pressão diminui, a temperatura de ebulição também se reduz. Assim, quanto maior a altitude do local, menor será a temperatura de ebulição. Pressão de vapor é a pressão exercida pelo vapor em determinado espaço. Geralmente é simbolizada por hv. Tabela 4: tensão de vapor em função da temperatura Temperatura (°C) Tensão de vapor (mmHg) Tensão de vapor (kg/cm2) Densidade relativa 0 4,56 0,0062 0,9998 10 9,19 0,01250,9997 20 17,4 0,0238 0,9982 30 31,5 0,0429 0,9967 40 54,9 0,0750 0,9922 50 92,0 0,1255 0,9880 60 148,8 0,2028 0,9832 70 233,1 0,3175 0,9788 80 354,6 0,4828 0,9728 90 525,4 0,7149 0,9653 100 760,0 1,0333 0,9584 1.2 - Estudos de conceitos básicos de engenharia hidráulica 1.2.1 - Classificação dos movimentos A Hidráulica é o ramo das ciências físicas que tem por objetivo estudar os líquidos em movimento. Se um líquido escoa em contato com a atmosfera, diz-se que ele está em escoamento livre, e quando escoa confinado em um conduto de seção fechada com pressão diferente da atmosférica, então tem-se um escoamento forçado ou sob pressão. Quando o movimento se desenvolve de maneira que as partículas tracem trajetórias definidas no sentido do escoamento, define-se um movimento laminar ou viscoso, e quando não há definição das trajetórias das partículas, embora haja escoamento, temos o movimento turbulento ou hidráulico, que é a situação mais natural. É fundamental a classificação dos movimentos de acordo com os regimes de escoamento: permanente e variado. No regime permanente, as características do escoamento não variam ao longo do tempo na seção em estudo. Se, além de não se alterarem ao longo do tempo, essas condições também permanecerem inalteradas ao longo da canalização, o regime é denominado de permanente e uniforme. Isto ocorre, por exemplo, em adutoras de seção molhada contínua, com 24 horas de funcionamento diário. Quando as características variarem ponto a ponto, instante a instante, o escoamento é dito variado, ou seja, a vazão variando no tempo e no espaço. Este é o escoamento típico de um curso d’água natural. O variado, conforme a oscilação da velocidade de escoamento ao longo do conduto e com o tempo, pode ainda ser classificado como acelerado, quando a velocidade aumenta com o tempo (rio em cheia crescente), ou retardado, quando em ritmo contrário (canal baixando continuamente de nível). 1.2.2 - Equação da continuidade É a equação que mostra a conservação da massa de líquido no conduto, ao longo de todo o escoamento. Isto quer dizer que em qualquer seção transversal da canalização, o produto ρ.A.V será constante, sendo "ρ" a densidade do líquido. Desprezando-se a compressibilidade da água temos para as n seções do escoamento, A1.V1 = A2.V2 = ...... = An.Vn = Q Onde: Q = a vazão em estudo Ai= a área da seção molhada em "i" Vi= a velocidade de escoamento pela mesma seção 1.2.3 - Equação da energia A energia presente em um fluido em escoamento pode ser separada em quatro parcelas: energia de pressão, energia cinética, energia de posição e energia térmica. Partindo do princípio da conservação de energia, para duas seções transversais em dois pontos distintos, 1 e 2 do escoamento, essas parcelas podem ser agrupadas da seguinte forma: 𝑍𝑍1 + 𝑃𝑃1𝛾𝛾 + 𝛼𝛼 𝑣𝑣122𝑔𝑔 = 𝑍𝑍2 + 𝑃𝑃2𝛾𝛾 + 𝛼𝛼 𝑣𝑣222𝑔𝑔 + ℎ𝑓𝑓(1−2) Que é conhecida como teorema de Bernoulli para fluidos reais. Onde: p = pressão, Kgf/m² γ = peso específico, Kgf/m³ v = velocidade do escoamento, m/s g = aceleração da gravidade, m/s² Z = altura sobre o plano de referência, m hf = perda de energia entre as seções em estudo (devido a turbulência, atritos etc.), denominada de perda de carga, m α = fator de correção de energia cinética devido às variações de velocidade na seção. A soma das parcelas z + (p/γ) + (α.v2/2g) é denominada de energia mecânica do líquido por unidade de peso. 1.3 - Estudos de concepção e plano diretor O cenário atual de diversas cidades brasileiras tem se mostrado como o resultado de um processo de urbanização desorganizado que vem se desenvolvendo ao longo das últimas décadas, e que trouxe consigo grandes problemas que afetam diretamente a qualidade de vida dos habitantes. Desse modo, tornou-se importante a elaboração de instrumentos que auxiliem o planejamento do desenvolvimento das cidades, sendo um destes instrumentos o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano. Tal plano apresenta diretrizes gerais para o ordenamento urbano, de modo a garantir condições de vivência adequadas aos seus habitantes e para o crescimento econômico da cidade. O plano diretor de água e de esgoto sanitário deve ser baseado na bacia hidrográfica e na estrutura da rede urbana para o gerenciamento dos recursos hídricos, visando assegurar às atuais e futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos, com base no manejo integrado dos recursos hídricos. Os efeitos do processo de crescimento da população urbana são sentidos sobre todo o esquema urbano relativo a recursos hídricos: abastecimento de água, transporte e tratamento de esgoto doméstico e pluvial. A deterioração da qualidade da água, o aumento significativo na frequência de inundações e na produção de sedimentos são produções do desenvolvimento urbano brasileiro. Esta situação é decorrente, na maioria das cidades, de: a) Falta de planejamento da rede doméstica e pluvial; b) Falta de planejamento para a ocupação das áreas de risco quando se formulam os Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano; c) Da inadequação no gerenciamento da implantação de obras públicas e privadas no ambiente urbano. 1.4 - Estudos demográficos Uma das condições de um sistema de abastecimento eficiente é que a água distribuída seja capaz de atender à demanda. Sem dúvida alguma a demanda de água cresce com a população. Um sistema de abastecimento, quando instalado, deve ter condições de fornecer água em quantidade superior ao consumo. Todavia, depois de certo número de anos, a demanda passa a corresponder à capacidade máxima de adução e, então, diz-se que o sistema atingiu o seu limite de eficiência. O comum é planejar-se um sistema para funcionar durante um número "n" de anos. Isto impõe o conhecimento da população total que deverá ser beneficiada "n" anos depois da elaboração do projeto. A população futura tem que ser definida por previsão. Como esta é sujeita a falhas, encontram-se sistemas atingindo o seu limite de eficiência antes ou depois de decorridos os "n" anos. O importante é que a previsão seja feita de modo criterioso, com base no desenvolvimento demográfico do passado próximo, a fim de que a margem de erro seja pequena. Por outro lado, a previsão deve efetivar-se através de uma lei de crescimento que forneça o número de habitantes em qualquer época, dentro do período de "n" anos. Geralmente, "n" varia de vinte a trinta anos, prazo geralmente necessário à amortização integral do capital investido nas obras. Para o projeto de redes de água, é importante analisar como as futuras populações se distribuirão sobre a área da cidade. As previsões de densidades demográficas são feitas mediante a aplicação dos métodos gerais de previsão populacional, em cada uma das áreas que a cidade se divide. Essas áreas parciais são delimitadas em função dos fatores que governam a intensidade de ocupação da área urbana, tais como: • Condições topográficas; • Facilidades de expansão da área urbana; • Preço de terrenos; • Planos urbanísticos; • Zoneamento; • Facilidade de transportes e comunicações; • Hábitos e condições socioeconômicas da população; • Existência de serviços de água, de esgotos e águas pluviais etc. 1.5 - Tipos de consumidores Classificação dos consumidores de água: doméstico, comercial, industrial e público. a) Água para consumo doméstico: o consumo varia entre 100 -200 L/hab.dia Alguns fatores interferem no consumo residencial: renda familiar, características da habitação (área do terreno, área construída, número de habitantes), características do abastecimento deágua (pressão na rede, qualidade da água), características culturais da comunidade etc. b) Água para consumo comercial: escritórios, restaurantes, hotéis, hospitais, garagens, cinemas, teatros, templos, supermercados etc. c) Água para consumo industrial: como matéria-prima, consumida no processo industrial, utilizada para resfriamento, necessárias às instalações sanitárias, refeitórios etc. d) Água para consumo público: quartéis, escolas, edifícios, jardins. 1.6 - Vazões do consumo O dimensionamento das tubulações, estruturas e equipamentos são funções da vazão. A vazão depende do consumo/ habitante, número de habitantes, variações da demanda, entre outros consumos. Consumo per capita (L/hab.dia): 𝑞𝑞 = 𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑣𝑣𝑎𝑎𝑣𝑣 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑣𝑣í𝑑𝑑𝑣𝑣 𝑝𝑝𝑣𝑣𝑝𝑝𝑣𝑣𝑣𝑣𝑎𝑎çã𝑣𝑣 𝑎𝑎𝑑𝑑𝑣𝑣𝑎𝑎𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑎𝑎 . 365 Variação Diária Coeficiente do dia de maior consumo: 𝐾𝐾1 = 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚á𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚é𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚á𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 1,2< K1< 2,0 Fundamental na determinação da vazão de dimensionamento de várias partes de um sistema de fornecimento público de água, entre os quais: obras de captação, adução, elevatórias, reservação e estação de tratamento. Variação Horária Coeficiente da hora de maior consumo: 𝐾𝐾2 = 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑣𝑣𝑚𝑚𝑚𝑚ã𝑚𝑚 ℎ𝑚𝑚𝑚𝑚á𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑟𝑟𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑣𝑣𝑚𝑚𝑚𝑚ã𝑚𝑚𝑚𝑚é𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 ℎ𝑚𝑚𝑚𝑚á𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑟𝑟𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚1,5< K2 < 3,0 Esse coeficiente é utilizado quando se pretende dimensionar os condutos de distribuição propriamente ditos que partem dos reservatórios, pois permite conhecer as condições de maior solicitação nessas tubulações. Vazões de dimensionamento Um sistema de abastecimento de água é composto por partes predefinidas, como mostradas na Figura 1. Figura 1: sistema de abastecimento de água. Vazão de captação, estação elevatória e adutora até a ETA (inclusive) 𝑄𝑄𝑚𝑚 = � 𝐾𝐾1𝑃𝑃𝑞𝑞86.400 + 𝑄𝑄𝑟𝑟𝑚𝑚𝑒𝑒� .𝐶𝐶𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 Acrescenta percentual para a lavagem dos filtros: 4-5% P = população da área abastecida q = consumo per capita de água K1 = coeficiente do dia de maior consumo Qesp = vazão específica, por exemplo, grandes consumidores (indústrias, comércios etc.) CETA = Coeficiente de consumo na ETA Vazão da ETA até o reservatório 𝑄𝑄𝑏𝑏 = � 𝐾𝐾1𝑃𝑃𝑞𝑞86.400 + 𝑄𝑄𝑟𝑟𝑚𝑚𝑒𝑒� P = população da área abastecida q = consumo per capita de água K1 = coeficiente do dia de maior consumo Qesp = vazão específica, por exemplo, grandes consumidores (indústrias, comércios etc;) Vazão do reservatório até a rede 𝑄𝑄𝑚𝑚 = �𝐾𝐾1𝐾𝐾2𝑃𝑃𝑞𝑞86.400 + 𝑄𝑄𝑟𝑟𝑚𝑚𝑒𝑒� P = população da área abastecida q = consumo per capita de água K1 = coeficiente do dia de maior consumo K2 = coeficiente da hora de maior consumo Qesp = vazão específica, por exemplo, grandes consumidores (indústrias, comércios etc.) 1.7 - Captação (água subterrânea, águas superficiais) O homem possui dois tipos de fontes para seu abastecimento, que são as águas superficiais (rios, lagos, canais etc.) e subterrâneas (lençóis subterrâneos). Efetivamente essas fontes não estão sempre separadas. Em seu deslocamento pela crosta terrestre, a água que em determinado local é superficial pode ser subterrânea em uma próxima etapa e até voltar a ser superficial posteriormente. As águas de superfície são as de mais fácil captação, e por isso há uma tendência que sejam mais utilizadas no consumo humano. No entanto, temos que menos de 5% da água doce existente no globo terrestre encontram-se disponíveis superficialmente, ficando o restante armazenado em reservas subterrâneas. 1.7.1 - Tipos de mananciais A captação tem por finalidade criar condições para que a água seja retirada do manancial abastecedor em quantidade capaz de atender o consumo e em qualidade tal que dispense tratamentos ou os reduza ao mínimo possível. É, portanto, a unidade de extremidade de montante do sistema. Chama-se de manancial abastecedor a fonte de onde se retira a água com condições sanitárias adequadas e vazão suficiente para atender a demanda. No caso da existência de mais de um manancial, a escolha é feita considerando-se não só a quantidade e a qualidade mas, também, o aspecto econômico, pois nem sempre o que custa inicialmente menos é o que convém, já que o custo maior pode implicar em custo de operação e manutenção menor. Na escolha do manancial, também deve-se levar em consideração o consumo atual provável, bem como a previsão de crescimento da comunidade e a capacidade ou não de o manancial satisfazer a este consumo. Todo e qualquer sistema é projetado para servir, por certo espaço de tempo, determinado período de projeto. Estes reservatórios podem dos seguintes tipos: superficiais (rios e lagos), subterrâneos (fontes naturais, galerias filtrantes, poços) e águas pluviais (superfícies preparadas). 1.7.2 - Águas superficiais Devido à água ser essencial para a subsistência humana, normalmente temos as comunidades urbanas formadas às margens de rios ou desembocaduras destes. Quando estudamos dados geográficos ou históricos das grandes cidades, percebemos sua associação com um ou mais rios, como por exemplo, Londres-Tâmisa, Paris-Sena, Lisboa-Tejo, Nova Iorque-Hudson, Buenos Aires-Prata, SãoPaulo-Tietê, Recife-Capibaribe/ Beberibe, Manaus- Negro, Belém-Amazonas, Teresina-Parnaíba etc. 1.8 - Conclusão O sistema de abastecimento d’água é o serviço público constituído de um conjunto de sistemas hidráulicas e instalações responsável pelo suprimento de água para o atendimento das necessidades da população de uma comunidade. Captada nos mananciais, tratada e repartida por vários reservatórios, a água é entregue à comunidade pela rede externa de abastecimento. Da necessidade de depositar e utilizar a água nos domicílios, tem-se a rede interna de abastecimento, constituída de ramais derivados da primeira. Nas localidades onde o abastecimento de água não é contínuo, há a necessidade de armazenamentos domiciliares para consumo. Esses depósitos domiciliares são reservas, para o caso de falhas eventuais ou acidentais. De modo geral, porém, impõe-se a colocação da chamada caixa-d'água superior, que, nos casos de pressão externa intensa, é suprida diretamente, mas nos grandes centros costuma ser alimentada através de bombeamentos de reservatórios inferiores. A fim de evitar desperdícios e estabelecer um sistema de cobrança pela prestação dos serviços de abastecimento de água, o consumo pode ser controlado por meio de dispositivos de medição, os hidrômetros. Água- Fonte da vida/ prêmio jovem cientista e prêmio jovem cientista do futuro- Porto Alegre Gráfica e Editora Comunicação Imprensa, 2004. AULA 2 – TOMADAS D’ÁGUA E RESERVATÓRIOS DE ACUMULAÇÃO 2.1 – Introdução As adutoras (Figura 1) são canalizações dos sistemas de abastecimento de água que conduzem a água para as unidades que precedem a rede de distribuição. Elas interligam captação, ETA e reservatórios de distribuição e não distribuem a água aos consumidores. São as unidades principais de um sistema de abastecimento de água, ou seja, qualquer interrupção que venham a sofrer afetará o abastecimento à população. Necessitam de cuidados especiais na elaboração do projeto e na implantação das obras: criteriosa análise do traçado em planta e em perfil; correta colocação de seus órgãos acessórios; ancoragens nos pontos onde ocorrem esforços que possamcausar deslocamento das peças. As adutoras podem ser classificadas: a) Quanto à natureza da água transportada: - Adutoras de água bruta: transportam água sem tratamento (da captação até a estação de tratamento de água - ETA); - Adutoras de água tratada: transportam a água tratada (da ETA até os reservatórios). b) Quanto à energia para a movimentação da água: - Adutoras por gravidade: são aquelas que transportam a água de uma cota mais elevada para uma cota mais baixa, aproveitando o desnível existente (energia hidráulica). A adução por gravidade pode ser feita por conduto livre ou forçado; - Adutoras por gravidade em conduto livre: quando a linha piezométrica coincide com o nível da água no conduto. A água escoa sempre em declive mantendo uma superfície livre sob o efeito da pressão atmosférica; - Adutoras por gravidade em conduto forçado: nela, a água fica sob pressão superior à atmosfera (tem-se a linha piezométrica acima da linha d’água). Os condutos desse tipo de adutora têm seção circular, pois é a forma que melhor resiste às pressões internas da água; - Adutoras por gravidade em conduto livre e forçado: são constituídas por trechos em conduto livre (aqueduto) e trechos em conduto forçado (sifões invertidos). O sifão invertido é um conduto forçado por gravidade, situado inteiramente abaixo da linha piezométrica e que interliga dois trechos de adutora de conduto livre. - Adutora por recalque: transportam a água de um ponto a outro de cota mais elevada através de uma estação elevatória (conjunto moto-bomba e acessórios). O sistema de adução por recalque é composto por condutos forçados. Figura 1: traçado das adutoras. 2.2 – Adução em condutos forçados Nesse tipo de conduto, a pressão interna é diferente da pressão atmosférica. As seções transversais são sempre fechadas e o fluido circulante as enche completamente. O movimento pode se efetuar em qualquer sentido do conduto. 2.3 – Adução por canais, sistema de bombeamento e recalque Denominam-se condutos livres ou canais os condutos onde o escoamento é caracterizado por apresentar uma superfície livre na qual reina a pressão atmosférica. Nesse contexto, os cursos d’água naturais constituem o melhor exemplo de condutos livres. Além dos rios, funcionam como condutos livres os canais artificiais de irrigação e drenagem, os aquedutos abertos, e de um modo geral, as canalizações onde o líquido não preenche totalmente a seção do canal. Os escoamentos em condutos livres diferem dos que ocorrem em condutos forçados porque o gradiente de pressão não é relevante. Nesses condutos, os escoamentos são mais complexos e com resolução mais sofisticada, pois as variáveis são interdependentes com variação no tempo e espaço. Uma importante característica da hidráulica dos canais, além da superfície livre, é sua deformidade. Nesse conduto, o líquido escoante apresenta superfície livre, na qual atua a pressão atmosférica. A seção não necessariamente apresenta perímetro fechado e, quando isto ocorre, para satisfazer a condição de superfície livre, a seção transversal funciona parcialmente cheia. O movimento se faz no sentido decrescente das cotas topográficas. Figura 3: representação de condutos livres e forçados. 2.4 – Estações elevatórias e reservatórios de distribuição São instalações de bombeamento destinadas a transportar a água a pontos mais distantes ou mais elevados, ou para aumentar a vazão de linhas adutoras. As estações elevatórias são mais utilizadas nos sistemas de abastecimento de água para: 1. Captar a água de superfície ou de poço; 2. Recalcar a água a pontos distantes ou elevados; 3. Reforçar a capacidade de adução. A utilização das EE dentro do Sistema de Abastecimento de Água tem as seguintes desvantagens: 1. Elevam as despesas de operação devido aos gastos com energia; 2. São vulneráveis a interrupções e falhas no fornecimento de energia; 3. Exigem operação e manutenção especializada, aumentando ainda mais os custos com pessoal e equipamentos. No entanto, dificilmente um sistema de abastecimento de água de médio ou grande porte deixa de contar com uma ou mais estações elevatórias. As instalações elevatórias típicas são formadas por: 1. Casa de bombas: edificação própria destinada a abrigar os conjuntos de motobombas. Deve ter iluminação e ventilação adequadas e ser suficientemente espaçosa para a instalação e movimentação dos conjuntos elevatórios, incluindo espaço para a parte elétrica (quadro de comando, chaves etc.); 2. Bomba: equipamento encarregado de succionar a água, retirando-a do reservatório de sucção e pressurizando-a através de seu rotor, que a impulsiona para o reservatório ou ponto de recalque. As bombas podem ser classificadas de uma maneira geral em: • Turbobombas ou bombas hidrodinâmicas (radiais ou centrífugas, as mais usadas para o abastecimento público de água, bombas axiais, bombas diagonais ou de fluxo misto); • Bombas volumétricas, de uso comum na extração de água de cisterna (bombas de êmbolo ou de cilindro de pistão); 3. Motor de acionamento: equipamento encarregado do acionamento da bomba. O tipo de motor mais utilizado nos sistemas de abastecimento de água é o acionado eletricamente; 4. Linha de sucção: conjunto de canalizações e peças que vão do poço de sucção até a entrada da bomba; 5. Linha de recalque: conjunto de canalizações e peças que vão da saída da bomba até o reservatório ou ponto de recalque; 6. Poço de sucção: reservatório de onde a água será recalcada. Sua capacidade ou volume deve ser estabelecido de maneira a assegurar a regularidade no trabalho de bombeamento. 2.5 – Conclusão As tubulações (canalizações construídas com tubos) são classificadas segundo o material de fabricação dos tubos, do tipo de junta e da pressão de serviço. Os tubos, as peças pré-moldadas que constituem as canalizações, podem ser de: polietileno de alta densidade (PAD), cloreto de polivinil (PVC), ferro fundido dúctil, aço soldado ou rebitado, concreto simples ou armado ou de fibra de vidro. A escolha do material dos tubos depende primariamente das pressões de serviço (a pressão interna quando em funcionamento hidráulico) a que as tubulações vão ser submetidas. Além dos diversos materiais, os fabricantes oferecem, para um mesmo material, diversas opções para pressões de serviço e de ruptura, em geral mediante condições normalizadas oficialmente. Documentos de referência para projetos de adutoras: • NBR 12215 – Projeto de adutora de água para abastecimento público; • NBR 09650 – Verificação da estanqueidade no assentamento de adutoras e redes de água; • NBR 10156 – Desinfecção de tubulações de sistema público de abastecimento de água; • NBR 12211 – Estudos de concepção de sistemas públicos de abastecimento de água; • NBR 12213 – Projeto de captação de água de superfície para abastecimento público; • NBR 12214 – Projeto de sistema de bombeamento de água para abastecimento público; • NBR 12216 – Projeto de estação de tratamento de água para abastecimento público; • NBR 12217 – Projeto de reservatório de distribuição de água para abastecimento público. AULA 3 – REDE DE DISTRIBUIÇÃO 3.1 – Introdução Chama-se sistema de distribuição o conjunto formado pelos reservatórios e rede de distribuição, subadutoras e elevatórias que recebem água de reservatórios de distribuição. Já a rede de distribuição é um conjunto de tubulações e de suas partes acessórias destinado a colocar a água a ser distribuída à disposição dos consumidores, de forma contínua e em pontos tão próximos quanto possível de suas necessidades. É importante também o conceito de vazões de distribuição, que é o consumo distribuído mais as perdas que normalmenteacontecem nas tubulações distribuidoras. Tubulação distribuidora é o conduto da rede de distribuição em que são efetuadas as ligações prediais dos consumidores. Esta tubulação pode ser classificada em condutos principais, aqueles tais que, por hipóteses de cálculos, permite à água alcançar toda a rede de distribuição, e secundários, demais tubulações ligadas aos condutos principais. 3.2 – Conceituação A rede de distribuição é a estrutura do sistema mais integrada à realidade urbana. É constituída por um conjunto de tubulações interligadas, instaladas ao longo das vias públicas ou nos passeios, junto aos edifícios, conduzindo a água aos pontos de consumo (residências, edifícios comerciais, escolas, hospitais etc.). Em um sistema de distribuição, denomina-se área específica cada área cujas características de ocupação a torna distinta das áreas vizinhas em termos de densidade demográfica e do tipo de consumidor predominante. Chama-se de vazão específica a vazão média distribuída em uma área específica. As áreas específicas podem ser classificadas em função da predominância ou totalidade de ocupação da área, da seguinte maneira: • Áreas residenciais; • Áreas comerciais; • Áreas industriais; • Mistas. 3.3 – Planejamento A rede de distribuição é projetada para impedir que a pressão dinâmica mínima e a pressão estática máxima não ultrapassem os limites recomendados e preestabelecidos. A pressão estática em um tubo é dada pela altura da coluna d’água, medida em metros, que existe sobre o tubo considerado, quando a água está parada. A pressão dinâmica é sempre menor que a pressão estática, pois é obtida subtraindo da pressão estática as perdas de carga do sistema. A pressão dinâmica é a pressão exercida pela água em movimento. O aparelho usado para medir pressão em tubulações é o manômetro. Além da divisão em zonas de pressão, as redes de distribuição precisam ser divididas em setores de manobra e setores de medição. Setor de manobra: é a menor subdivisão da rede adotada para possibilitar seu isolamento quando é necessária a realização de obras e serviços de manutenção. A NBR 12.218 (ABNT,1994) estabelece que o isolamento do setor de manobra deve ser feito pelo acionamento do menor número de válvulas, para facilitar a manutenção e diminuir a região atingida por interrupção do serviço, no caso da manutenção. Essa norma traz outras orientações relacionadas a setores de manobra. Setor de medição: é a parte da rede de distribuição delimitada para permitir a avaliação da evolução do consumo de água e das perdas de carga e perdas de água. 3.4 - Materiais e aspectos construtivos Os elementos necessários para a elaboração do projeto de redes de distribuição de água para abastecimento público estão definidos na NBR 12.218 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (1994). Essa norma deve ser constantemente consultada pelos profissionais que se dedicam a esse tipo de projeto. Dela, destacam-se os seguintes elementos como requisitos necessários para a elaboração de um bom projeto de rede de distribuição de água: • Realização do estudo de concepção do sistema de abastecimento de água. A norma NBR12.211 da ABNT (1992) apresenta importantes orientações para esse estudo; • Definição das etapas de implantação; • Projetos de outras partes do sistema de abastecimento de água já elaborados de acordo com o estudo de concepção; • Levantamento planialtimétrico e semicadastral da área do projeto, incluindo o cadastro da rede existente e detalhes do arruamento, dos tipos de pavimento, de obras especiais e de interferências; • Plano de urbanização e legislação relativa ao uso e ocupação do solo, quando houver. Para que as redes de distribuição funcionem adequadamente, os profissionais que a constroem e operam devem ter um bom conhecimento das propriedades dos materiais disponíveis no mercado. 3.5 - Distribuição em marcha e em malha Ramificadas: nestas se pode estabelecer o sentido de escoamento da água. É o tipo utilizado para pequenas cidades do interior (Figura 1). Seu grande inconveniente reside no fato de que todo o abastecimento fica sujeito ao funcionamento de uma única canalização principal. Uma interrupção acidental em um conduto mestre prejudica sensivelmente as áreas situadas à jusante de onde ocorreu o acidente. Figura 1: distribuição ramificada. Fonte: Além Sobrinho & Contrera. Malhadas: neste caso, os condutos principais formam circuitos ou anéis e são interligados, lembrando uma disposição de malha (Figura 2). Não se pode estabelecer a priori o sentido de escoamento da água. Como a circulação pode efetuar-se tanto num sentido da tubulação como no outro, este tipo de rede apresenta maior eficiência que o primeiro. Uma eventual interrupção no conduto mestre não causará transtornos, pois a água escoará em direção contrária à anterior para atender a nova situação criada pela interrupção. Figura 2: distribuição em malha. 3.6 - Conclusão Diferentes alternativas podem e são utilizadas para o fornecimento de água para uma rede: • Através de um único reservatório de montante; • Com elevatória a montante ou em linha atendendo parte da rede (booster); • Com reservatórios de sobras (a jusante); • Sistemas complexos com múltiplos reservatórios, boosters e válvulas redutoras de pressão. AULA 4 – PROJETO DE UMA REDE DE ABASTECIMENTO 4.1 - Introdução Um projeto de engenharia deve apresentar os elementos e informações necessárias e suficientes para que a obra seja executada com segurança, funcionalidade, adequação, facilidade de construção, conservação e operação, durabilidade dos componentes e principalmente a possibilidade do emprego de mão de obra, material, matérias-primas e tecnologias existentes no local. 4.1.1. Definições a) Estudos de concepção — estudo de arranjos, sob os pontos de vista qualitativo e quantitativo, das diferentes partes de um sistema, organizadas de modo a formar um todo integrado, para a escolha da solução básica. b) Projeto básico — conjunto de elementos necessários e suficientes, com precisão adequada, para caracterizar a obra e o serviço, ou o complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade do empreendimento, e que possibilitem a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução. c) Projeto executivo — conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 4.1.2. Componentes do projeto básico a) Memorial descritivo A documentação do memorial descritivo deve conter informações referentes à sua defesa, devendo ser avaliados, no mínimo, os seguintes elementos: • Descrição sucinta do município ou localidade, inclusive as principais atividades econômicas e os equipamentos sanitários urbanos, com suas respectivas áreas de abrangência; • Concepção da obra, incluindo a justificativa da alternativa técnica adotada, bem como a forma de execução de cada etapa ou fase da obra projetada; • Informações que possibilitem a aceitação/ aprovação: da solução técnica adotada, dos locais onde serão desenvolvidos os trabalhos, dos métodos executivos, da descrição do material a ser utilizado e da forma de implantação de cada etapa. 4.1.3. Memorial de cálculo Planilha de dimensionamento de toda e qualquer parte integrante do projeto, devendo ser observado, no mínimo, o que se segue: • Detalhamento dos estudos e dimensionamento da obra ou serviço; • Detalhamento dos cálculos, das quantidades dos serviços, inclusivedos materiais, de acordo com os quantitativos da planilha orçamentária; • No caso de construção de poço, apresentar o laudo geológico ou estudo de locação; • Memória de cálculo das quantidades de materiais e serviços — o projeto básico deverá apresentar a planilha de quantitativos de materiais e serviços, calculados de acordo com as normas, especificações e manuais técnicos e são de responsabilidade do projetista. A memória de cálculo detalhada só será exigida em caso de dúvidas quanto aos valores apresentados na planilha. 4.1.4. Plantas Verificação básica: • Material gráfico completo e suficiente; • A planta de situação deverá esclarecer a área de abrangência, etapas de implantação e localização; • A planta baixa deverá apresentar indicação de cotas e dados relevantes do projeto; • A planta de cortes e detalhes deverão ser suficientes para a compreensão; • No caso de construção de poços, deverá ser apresentado o croqui construtivo (planta da captação); • Rede hidráulica com diâmetros de tubulações e demais dispositivos localizados; • Detalhes referentes aos projetos estruturais, sendo que as instalações e obras complementares deverão ser suficientes à avaliação precisa dos quantitativos propostos. 4.1.5. Planilha orçamentária Deve ser observado, no mínimo, o que se segue: • Detalhamento, item por item, de todos os serviços que compõem cada fase da execução; • O detalhamento deverá incluir material e mão de obra e estar compatível com as ações propostas; • Para a construção de poços, deverá ser apresentada a planilha de serviços e materiais de todas as fases construtivas, sendo que o projeto deverá estar compatibilizado com a geologia descrita no laudo geológico ou no estudo de locação; • O custo das obras ou serviços deverá estar atualizado com base nos preços de mercado praticados regionalmente; • A indicação dos serviços preliminares deverá estar de acordo com as respectivas unidades e quantidades propostas; • Caso seja indispensável a implantação de canteiro de obras, o custo dos serviços preliminares deverá estar abaixo de 4% do valor da obra; • Verificar se o BDI (bonificação e despesas indiretas) e encargos sociais estão embutidos nos preços unitários de serviços e materiais; • Os custos de mobilização e desmobilização de equipamentos deverão estar relacionados com a utilização de equipamentos pesados; • As unidades deverão estar compatíveis, evitando-se itens globais. 4.1.6. Cronograma físico-financeiro Deverá ser observado: • Compatibilização do prazo de execução da obra ou dos serviços com as ações propostas; • Pertinência do cronograma físico-financeiro com o custo e duração das obras ou serviços; 4.1.7. Normas técnicas Os parâmetros e faixas de recomendações para o dimensionamento de unidades componentes de um projeto de sistema de abastecimento de água estão disponíveis nas Normas Brasileiras editadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e nas diretrizes específicas elaboradas pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa). 4.1.8. Anotação de Responsabilidade Técnica A Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) deverá ser concedida pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) durante a fase de elaboração do projeto e durante a execução/ fiscalização da obra. Ressalta-se que deverá haver a identificação e assinatura do engenheiro responsável pelo projeto, nas folhas integrantes do projeto que são apresentadas à Funasa. 4.1.9. Licenciamento ambiental A Resolução Conama nº 5, de 15 de junho de 1988, artigo 3º, inciso I, estabelece que para sistemas de abastecimento de água, cujas obras de captação estejam acima de 20% da vazão mínima da fonte de abastecimento no ponto de captação e que modifiquem as condições físicas e/ou bióticas dos corpos d’água estarão sujeitas ao licenciamento ambiental. Com o mesmo objetivo, a Resolução Conama nº 237, de 19 de dezembro de 1997, anexo 1 — serviços de utilidade estabelece que as obras de implantação de estações de tratamento de água também estarão sujeitas ao licenciamento. Diante disso, para as obras de implantação ou ampliação de sistemas de abastecimento de água, o órgão ambiental estadual deverá ser consultado sobre a necessidade ou não de licenciamento ambiental, devendo o resultado dessa consulta ser parte constante do projeto proposto. Adicionalmente, a outorga de direitos de uso de recursos hídricos, estabelecida pela Lei nº 9.433/1997, deverá fazer parte do projeto, conforme determinação do órgão outorgante. 4.2 – Captação O homem possui dois tipos de fontes para seu abastecimento: as águas superficiais (rios, lagos, canais etc.) e subterrâneas (lençóis subterrâneos). Efetivamente essas fontes não estão sempre separadas. Em seu deslocamento pela crosta terrestre, a água que em determinado local é superficial pode ser subterrânea em uma próxima etapa e até voltar a ser superficial posteriormente. As águas de superfície são as de mais fácil captação, havendo, por isso, uma tendência a que sejam mais utilizadas no consumo humano. No entanto, temos que menos de 5% da água doce existente no globo terrestre encontram-se disponíveis superficialmente, ficando o restante armazenado em reservas subterrâneas. É lógico que nem toda água armazenada no subsolo pode ser retirada em condições economicamente viáveis, principalmente a localizada em profundidades excessivas e confinada entre formações rochosas. Quanto a sua dinâmica de deslocamento, as águas superficiais são frequentemente renovadas em sua massa, enquanto que as subterrâneas podem ter séculos de acumulação em seu aquífero, pois sua renovação é muito mais lenta pelas dificuldades óbvias, principalmente nas camadas mais profundas. A captação tem por finalidade criar condições para que a água seja retirada do manancial abastecedor em quantidade capaz de atender o consumo e em qualidade tal que dispense tratamentos ou os reduza ao mínimo possível. É, portanto, a unidade de extremidade de montante do sistema. Chama-se de manancial abastecedor a fonte de onde se retira a água com condições sanitárias adequadas e vazão suficiente para atender a demanda. No caso da existência de mais de um manancial, a escolha é feita considerando-se não só a quantidade e a qualidade, mas também o aspecto econômico, pois nem sempre o que custa inicialmente menos é o que convém, já que o custo maior pode implicar em custo de operação e manutenção menor. Na escolha do manancial, também se deve levar em consideração o consumo atual provável, bem como a previsão de crescimento da comunidade e a capacidade ou não de o manancial satisfazer a esse consumo. Todo e qualquer sistema é projetado para servir, por certo espaço de tempo, denominado período de projeto. Estes reservatórios podem dos seguintes tipos: superficiais (rios e lagos), subterrâneos (fontes naturais, galerias filtrantes, poços) e águas pluviais (superfícies preparadas). 4.3 – Reservação Os reservatórios são unidades hidráulicas de acumulação e passagem de água, situados em pontos estratégicos do sistema, de modo a atenderem as seguintes situações: • Garantia da quantidade de água (demandas de equilíbrio, de emergência e de anti- incêndio); • Garantia de adução com vazão e altura manométrica constantes; • Menores diâmetros no sistema; • Melhores condições de pressão. Classificação a) De acordo com a localização no terreno: • Enterrado (quando completamente embutido no terreno); • Semienterrado ou semiapoiado (altura líquida com uma parte abaixo do nível do terreno); • Apoiado (laje de fundo apoiada no terreno); • Elevado (reservatório apoiado em estruturas de elevação); • Stand pipe (reservatórioelevado com a estrutura de elevação embutida de modo a manter contínuo o perímetro da secção transversal da edificação). Os tipos mais comuns são os semienterrados e os elevados. Os elevados são projetados para quando há necessidade de garantia de uma pressão mínima na rede e quando as cotas do terreno disponíveis não oferecem condições para que o mesmo seja apoiado ou semienterrado, isto é, necessita-se de uma cota piezométrica de montante superior à cota de apoio do reservatório no terreno local. Desde que as cotas do terreno sejam favoráveis, sempre a preferência será pela construção de reservatórios semienterrados, dependendo dos custos de escavação e de elevação, bem como da estabilidade permanente da construção, principalmente quando a reserva de água for superior a 500 m3. Reservatórios elevados com volumes superiores implicam em custos significativamente mais altos, notadamente os de construção, e preocupações adicionais com a estabilidade estrutural. Portanto a preferência é pelo semiapoiado, considerando-se problemas construtivos, de escavação, de empuxos e de elevação. Quando os volumes a armazenar forem grandes, principalmente acima dos 800 m3, e houver a necessidade de cotas piezométricas superiores a do terreno, na saída do reservatório, a opção mais comum é a construção de um reservatório elevado conjugado com um semienterrado. b) De acordo com a localização no sistema: • Montante (antes da rede de distribuição); • Jusante ou de sobras (após a rede). Os reservatórios de montante caracterizam-se pelas seguintes particularidades: • Por ele passa toda a água distribuída a jusante; • Têm entrada por sobre o nível máximo da água e saída no nível mínimo; • São dimensionados para manterem a vazão e a altura manométrica do sistema de adução constantes. Já os reservatórios de jusante caracterizam-se pelas seguintes particularidades: • Armazenam água nos períodos em que a capacidade da rede for superior à demanda simultânea para complementar o abastecimento quando a situação for inversa; • Reduzem a altura física e os diâmetros iniciais de montante da rede; • Têm uma só tubulação servindo como entrada e saída das vazões. 4.4 – Elevatórias Chama-se de elevatória o conjunto de bombas e acessórios que eleva a água de um ponto mais baixo para outro mais alto. As elevatórias podem estar localizadas antes, dentro ou depois da estação de tratamento de água. Podem ser elevatórias de água bruta ou tratada, quando conduzem água bruta ou tratada, respectivamente. Quando a elevatória localiza-se entre um trecho e outro da rede de distribuição, ela recebe o nome de booster. Importância das elevatórias no sistema de abastecimento de água Uma bacia hidrográfica pode ter o terreno tão íngreme que a água, para chegar a determinados pontos, deverá ser recalcada, utilizando-se bombas. Nesses casos, a existência de elevatórias é essencial, tanto para captar a água quanto para conduzi-la a pontos de distribuição, viabilizando, assim, o tratamento da água e sua distribuição às pessoas. As bombas devem ser instaladas, de preferência, abrigadas. Contudo, nem sempre isso é possível ou necessário (por exemplo: bomba submersa). Uma casa de bomba deve ter iluminação e ventilação adequadas e espaço suficiente para sua instalação, de forma a permitir o acesso, com segurança, ao operário. As elevatórias podem ter diferentes formas; isto dependerá das características e da quantidade de bombas, do tipo de acionamento escolhido e do espaço necessário para a instalação das tubulações e acessórios. Aula 5 - CONTAMINAÇÃO D’ÁGUA 5.1 – Introdução A qualidade da água é resultante de fenômenos naturais e da atuação do homem. De modo geral, pode-se dizer que a qualidade de uma determinada água é função do uso e da ocupação do solo na bacia hidrográfica. Tal se deve aos seguintes fatores: - Condições naturais: mesmo com a bacia hidrográfica preservada nas suas condições naturais, a qualidade das águas subterrâneas é afetada pelo escoamento superficial e pela infiltração no solo, resultantes da precipitação atmosférica. O impacto nelas é dependente do contato da água emescoamento ou infiltração com as partículas, substâncias e impurezas no solo. Assim, a incorporação de sólidos em suspensão (ex.: partículas de solo) ou dissolvidos (ex.: íons oriundos da dissolução de rochas) ocorre, mesmo na condição em que a bacia hidrográfica esteja totalmente preservada em suas condições naturais (ex.: ocupação do solo com matas e florestas). Neste caso, tem grande influência a cobertura e a composição do solo; - Interferência do homem: a interferência do homem, quer de forma concentrada, como na geração de despejos domésticos ou industriais, quer de forma dispersa, como na aplicação de defensivos agrícolas no solo, contribui na introdução de compostos na água, afetando a sua qualidade. Portanto, a forma com que o homem usa e ocupa o solo tem uma implicação direta na qualidade da água. 5.2 - Impactos da contaminação patogênica A água é normalmente habitada por vários tipos de microrganismos de vida livre e não parasitária, que dela extraem os elementos indispensáveis à sua subsistência. Ocasionalmente, são aí introduzidos organismos parasitários e/ou patogênicos que, utilizando a água como veículo, podem causar doenças, constituindo um perigo sanitário potencial. Entre os principais tipos de organismos patogênicos que podem encontrar-se na água, estão as bactérias, cianobactérias, vírus, protozoários e helmintos. Em virtude da grande dificuldade para a identificação dos vários organismos patogênicos encontrados na água, dá-se preferência, para isto, a métodos que permitam a identificação de bactérias do grupo coliforme que, por serem habitantes normais do intestino humano, existem, obrigatoriamente, em águas poluídas por matéria fecal. As bactérias coliformes são normalmente eliminadas com a matéria fecal, à razão de 50 a 400 bilhões de organismos por pessoa por dia. Dado o grande númerode coliformes existentes na matéria fecal (até 300 milhões por grama de fezes), os testes de avaliação qualitativa desses organismos na água têm uma precisão ou sensibilidade muito maior do que a de qualquer outro teste. Um aspecto relevante, em termos de qualidade biológica da água, é relativo à possibilidade da transmissão de doenças. O quadro seguinte apresenta as principais doenças relacionadas com a água. Transmissão Doença Agente patogênico Medida Pela água Cólera Febre tifoide Giardíase Amebíase Hepatite infecciosa Diarreia aguda VibriocholeraeO 1 e O 139; Salmonellatyphi; Giardialamblia; Entamoebahistolytica; Hepatite virus A e E; Balantidium coli, Cryptosporidium, Bacciluscereus,S. aureus, Campylobacter, E. colienterotoxogênicae enteropatogênica, enterohemolítica, Shigella,Yersiniaenterocolitica, Astrovirus, Calicivirus, Norwalk, Rotavirus A e B - Implantar sistema de abastecimento etratamento da água, com fornecimentoem quantidade e qualidade paraconsumohumano, uso doméstico e coletivo; - Proteger de contaminação os mananciais e fontes de água; Pela falta de limpeza, higienização com a água Escabiose Pediculose (piolho) Tracoma Conjuntivite Salmonelose Tricuríase Enterobíase Ancilostomíase Ascaridíase Sarcoptesscabiei; Pediculushumanus; Clamydiatrachomatis; Haemophilus aegyptius; Salmonella typhimurium, S. enteritides; Trichuristrichiura; Enterobius vermiculares; Ancylostomaduodenale; Ascaris lumbricoides; - Implantar sistema adequado deesgotamento sanitário; - Instalar abastecimento de águapreferencialmente com encanamentono domicílio; - Instalarmelhorias sanitáriasdomiciliares e coletivas; - Instalar reservatório de águaadequado com limpeza sistemática (a cada seis meses); Por vetores que se relacionam com a água Malária Dengue Febre amarela Filariose Plasmodiumvivax, P. malarie e P. falciparum; Grupo B dos arbovírus; RNA vírus; Wuchereriabancrofti; - Eliminar o aparecimento decriadouros de vetores com inspeçãosistemática e medidas de controle (drenagem, aterro e outros); - Dar destinação final adequada aos resíduos sólidos; Associada à água Esquistossomose Leptospirose Schistosoma mansoni; Leptospirainterrogans; - Controlar vetores e hospedeiros intermediários. 5.3 - Matéria orgânica e balanço de oxigênio em corpos d’água Em termos ecológicos, a repercussão mais nociva da poluição de um corpo d’água por matéria orgânica é a queda nos níveis de oxigênio dissolvido, causada pela respiração dos microrganismos envolvidos na depuração dos esgotos. O oxigênio dissolvido tem sido utilizado tradicionalmente para a determinação do grau de poluição e de autodepuração em cursos d’água. A sua medição é simples e o seu teor pode ser expresso em concentrações passíveis de modelagem matemática. No processo de autodepuração, há um balanço entre as fontes de consumo e de produção de oxigênio. Quando a taxa de consumo é superior à taxa de produção, a concentração de oxigênio tende a decrescer, ocorrendo o inverso quando a taxa de consumo é inferior à de produção. Os principais fenômenos interagentes no balanço de OD são: Consumo de oxigênio Produção de oxigênio Oxidação de matéria orgânica (respiração) Reaeração atmosférica Demanda bentônica (lodo de fundo) Fotossíntese Nitrificação (oxidação de amônia) 5.4 - Qualidade de corpos d’agua A condição de qualidade das águas é a “qualidade apresentada por um corpo d’água, num determinado momento, em termos dos usos possíveis com segurança adequada, frente às classes de qualidade”. A classe de qualidade representa um “conjunto de condições e padrões de qualidade de água necessário ao atendimento dos usos preponderantes, atuais ou futuros”, de acordo com a Resolução CONAMA n. 357, de 17 de março de 2005 (CONAMA, 2005). A classificação da qualidade das águas pode variar, conforme os usos aos quais elas se destinam. A presença de certas substâncias nas águas não significa que estas estejam poluídas, sendo algumas delas necessárias para a manutenção da vida de determinados organismos. Os peixes, por exemplo, consomem, além de certa quantidade de oxigênio dissolvido, algumas substâncias minerais. Na realidade, a água considerada absolutamente "pura", composta apenas de moléculas de hidrogênio e oxigênio, somente pode ser obtida em laboratório. Já quando há nas águas substâncias estranhas a sua composição, prejudicando seu uso, elas apresentam certo grau de poluição. Um dos instrumentos mais importantes para a realização de uma adequada gestão ambiental é o monitoramento. Através dele, é possível avaliar as tendências de recuperação ou comprometimento da disponibilidade e qualidade das águas, da qualidade do ar, da recuperação e supressão das florestas, além do cumprimento da legislação e dos limites licenciados para atividades potencialmente poluidoras (IAP, 2009). O monitoramento consiste na “medição ou verificação de parâmetros de qualidade e quantidade de água, que pode ser contínua ou periódica, utilizada para acompanhamento da condição e controle da qualidade do corpo de água” (CONAMA, 2005). De acordo com o método de avaliação integrada da qualidade da água (AIQA), inter- relacionam-se “três dimensões de qualidade: a físico-química, a bacteriológica e a ecotoxicológica” (IAP, 2009) pelo método Multiobjetivo de Programação de Compromisso, “que se baseia em uma condição ideal da qualidade da água (Classe 1 do CONAMA – 357/2005)” (IAP, 2009, p. 21). A qualidade da água pode ser avaliada com base em um conjunto de variáveis como, por exemplo (CONAMA, 2005): • Clorofila; • Coliformes termotolerantes; • Cor verdadeira; • Corantes provenientes de fontes antrópicas (provenientes de ocupação, exploração de recursos naturais e atividades humanas); • Demanda bioquímica de oxigênio (DBO); • Densidade de cianobactérias; • Efeito tóxico a organismos; • Fenóis; • Gosto; • Materiais flutuantes, incluindo-se espumas não naturais; • Odor; • Óleos e graxas; • Oxigênio dissolvido (OD); • Potencial hidrogeniônico (pH); • Resíduos sólidos objetáveis; • Substâncias sedimentáveis; • Turbidez etc. Conforme a Agência Nacional de Águas (ANA) do Brasil, o índice de qualidade das águas (IQA) foi criado em 1970, nos Estados Unidos, pela NationalSanitation Foundation. A partir de 1975 começou a ser utilizado pela CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Nas décadas seguintes, outros Estados brasileiros adotaram o IQA, que hoje é o principal índice de qualidade da água utilizado no país (ANA, 2012). O IQA foi desenvolvido para avaliar a qualidade da água bruta visando seu uso para o abastecimento público, após tratamento. Os parâmetros utilizados no cálculo do IQA são em sua maioria indicadores de contaminação causada pelo lançamento de esgotos domésticos (ANA, 2012). A avaliação da qualidade da água obtida pelo IQA apresenta limitações, já que este índice não analisa vários parâmetros importantes para o abastecimento público, tais como substâncias tóxicas (ex.: metais pesados, pesticidas, compostos orgânicos), protozoários patogênicos e substâncias que interferem nas propriedades organolépticas da água (ANA, 2012). O IQA compõe-se de nove parâmetros, que possuem pesos diferenciados, “em função da sua importância para a conformação global da qualidade da água” (ANA, 2012): 1. Oxigênio dissolvido (peso = 0,17) 2. Coliformes termotolerantes (peso = 0,15) 3. Potencial hidrogênionico (pH) (peso = 0,12) 4. Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) (peso = 0,10) 5. Temperatura da água (peso = 0,10) 6. Nitrogênio total (peso = 0,10) 7. Fósforo total (peso = 0,10) 8. Turbidez (peso = 0,08) 9. Resíduo total (peso = 0,08) Cabe ressaltar também a importância da avaliação da qualidade microbiológica da água, com relação à presença de parasitas e vírus, além de bactérias, que prejudicam a saúde humana. 5.5 - Efeitos da indústria Pode-se dizer que a partir da Revolução Industrial a poluição passou a ser um problema para a humanidade. O grau de poluição aumentou muito com a industrialização e urbanização, e a sua escala deixou de ser local para se tornar global. A própria aglomeração urbana já é por si só uma fonte de poluição, pois carrega consigo vários problemas ambientais, como o acúmulo de lixo, o enorme volume de esgotos etc. Com o desenvolvimento do capitalismo, a natureza vai pouco a pouco deixando de existir para dar lugar a um meio ambiente transformado, modificado, produzido pela sociedade moderna. O homem deixa de viver em harmonia com a natureza e passa a dominá-la. Mas esse domínio da tecnologia moderna sobre o meio natural traz consequências negativas para a qualidade da vida humana e prejudica o meio ambiente. O homem, afinal, também é parte da natureza, depende dela para viver, e acaba sendo prejudicado por muitas dessas transformações, que degradam sua qualidade de vida. As indústrias que surgem para desenvolver produtos e melhorar a vida das pessoas tem como consequência a geração de resíduos, o também chamado lixo industrial, proveniente dos processos industriais. A liberação de resíduos da indústria para o ambiente pode causar a poluição do ar, da água e do solo. Para evitar a emissão de substâncias tóxicas, as indústrias podem usar várias metodologias. São filtros específicos utilizadosdurante o processo produtivo e colocados em chaminés, tratamento de efluentes e armazenamento adequado do material, acompanhamento e análises periódicas de solo e águas superficiais e subterrâneas próximas às instalações. O grande problema é que muitas indústrias não tratam seus resíduos e despejam esses poluentes diretamente no ambiente. Falta maior fiscalização do governo e de órgãos públicos, buscando cuidar da qualidade do meio ambiente. AULA 6 – PROCESSOS E TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO 6.1 – Introdução Com a frequente escassez dos recursos hídricos, novas tecnologias visando garantir a qualidade da água dos mananciais e um melhor aproveitamento dos recursos hídricos têm sido alvo de pesquisa e desenvolvimento há várias décadas. A demanda por novas tecnologias para o tratamento de água, efluentes industriais e municipais, e os resíduos gerados por estes sistemas são cada vez mais estudados e analisados quanto a suas eficiências, assim como sua capacidade de redução de custos. Os processos industriais e a agricultura são responsáveis por grande parte do consumo de água em nosso país. Essas águas, na maioria das vezes utilizadas em processos industriais, ao final de sua utilização, encontram-se em condições químicas ou físicas inadequadas, podendo apresentar uma diversidade de poluentes e resíduos de elevados níveis de carga orgânica até compostos de alta toxicidade, impossibilitando o retorno ao manancial que foi captado. Outro grande responsável pela poluição são os esgotos, com alta concentração de carga orgânica e muitos contaminantes patogênicos. 6.2 - Padrão de potabilidade Uma água é dita potável quando é inofensiva à saúde do homem, agradável aos sentidos e adequada aos usos domésticos. Nesses termos, por exemplo, uma água quente, embora seja inofensiva à saúde, não pode ser considerada potável, da mesma maneira que uma água com elevado teor de dureza que, nestas condições, irá atrapalhar significativamente o desempenho das tarefas domésticas. Para que uma água seja considerada potável, é importante que na sua fase de tratamento sejam eliminadas todas as substâncias originalmente presentes que lhe confiram algum gosto ou cheiro peculiar. Paralelamente também não devem resultar turbidez ou cor visíveis. Definem-se como padrões de potabilidade os limites de tolerância das substâncias presentes na água de modo a garantir-lhe as características de água potável. De um modo geral, os padrões de potabilidade tornam-se mais rigorosos com o passar dos anos, visto que novas técnicas de tratamento e a evolução das tradicionais, associadas a novas descobertas científicas, principalmente no trato com as doenças transmissíveis através da água ou que têm nela uma parte de seu ciclo, vão permitindo esse desenvolvimento. Também é de se esperar que em países mais desenvolvidos estes padrões sejam mais rigorosos, considerando a maior disponibilidade de recursos e o maior domínio de tecnologias apropriadas. Em linhas gerais, esses padrões são físicos (cor, turbidez, odor e sabor), químicos (presença de substâncias químicas) e bacteriológicos (presença de microrganismos vivos). Normalmente as legislações específicas de cada região ou país regem-se pelas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). 6.3 - Gradeamento e desarenação O gradeamento é a etapa na qual ocorre a remoção de sólidos grosseiros, em que o material de dimensões maiores do que o espaçamento entre as barras é retido. Há grades grosseiras (espaços de 5,0 a 10,0 cm), médias (espaços entre 2,0 a 4,0 cm) e finas (entre 1,0 e 2,0 cm), que têm pôr objetivo reter o material sólido grosseiro em suspensão no efluente. As principais finalidades do gradeamento são: proteção dos dispositivos de transporte dos efluentes (bombas e tubulações); proteção das unidades de tratamento subsequentes e proteção dos corpos receptores. A desarenação é a etapa na qual ocorre a remoção da areia por sedimentação. Este mecanismo ocorre da seguinte maneira: os grãos de areia, devido às suas maiores dimensões e densidade, vão para o fundo do tanque, enquanto a matéria orgânica, de sedimentação bem mais lenta, permanece em suspensão, seguindo para as unidades seguintes. As finalidades básicas da remoção de areia são: evitar abrasão nos equipamentos e tubulações, eliminar ou reduzir a possibilidade de obstrução em tubulações, tanques, orifícios e sifões e facilitar o transporte do líquido, principalmente a transferência de lodo, em suas diversas fases. 6.4 - Aeração e remoção de ferro e manganês A água dos mananciais subterrâneos, dos fundos dos lagos ou reservatórios estratificados, ou dos rios contaminados, conterá muito pouco oxigênio dissolvido. Se a água anaeróbia for admitida na ETA, ela afetará ou danificará outras unidades do processo, em particular a filtração e a coagulação. É por isso que a água bruta necessita estar aerada antes do tratamento, o que se consegue pondo a água em contato com o ar. A forma de borbulhar ar na água se realiza frequentemente em pequena escala, já que é proibitivamente caro nas grandes ETAs, devido aos grandes volumes de água que se tratam diariamente. Para estes casos, o método mais simples é uma cascata ou um sistema de fonte. Em uma cascata, a água verte por uma estrutura de torre, que assegura a reareação pela excessiva turbulência. Existem muitos outros tipos de sistemas de aeração que são utilizados, incluindo torres fechadas e difusores. Além de assegurar um ótimo grau de tratamento na ETA, a aeração também fornece oxigênio para a purificação e incrementa significativamente a qualidade da água, especialmente o sabor. A aeração também reduz certos odores desagradáveis e reduz a corrosividade da água pela eliminação de qualquer gás de dióxido de carbonopresente, pela elevação do pH. Esse método não pode, sem dúvida, reduzir as propriedades corrosivas das águas ácidas por si só e deve ser necessária uma neutralização com cal. Ferro e manganês também podem ser eliminados da dissolução pela aeração. Esses metais são solúveis em águacom pH inferior a 6,5 e em ausência de oxigênio, e é por isso que são comuns em águas subterrâneas. A aeração oxida os sais solúveis de metais a hidróxidos de metais insolúveis que podem então ser eliminados por floculação ou filtração. 6.5 - Coagulação química Depois de filtrados, a maioria dos sólidos suspensos serão muito finos, normalmente menores que 10µm (sólidos coloidais), tão pequenos de peso que podem nunca sedimentar naturalmente. Esses sólidos são partículas de argila, óxidos de metal, moléculas de proteínas grandes e microrganismos. Todas as partículas pequenas (coloidais) tendem a estar carregadas negativamente, e com tais cargas repelem-se umas às outras, evitando a agregação em partículas maiores, as quais poderiam então sedimentar. A eliminação da matéria coloidal é um processo de duas fases: a coagulação seguida da floculação. Um coagulante se adiciona à água para desestabilizar as partículas e induzi-las a agregarem-se em partículas maiores conhecidos como flóculos. Diferentes tipos de coagulantes são utilizados. Os sais mais comuns são o sulfato de alumínio, hidróxido de alumínio, cloreto de polialumínio, cloreto de ferro (III), sulfato de ferro (III) e cal. O sulfato de ferro II (FeSO4•7H2O) é conhecido como melanterita, e também geralmente se mistura com o cloro para formar o cloreto de ferro (III) (FeCl3) e sulfato de ferro (III) [Fe(SO4)3]. Há um rápido incremento no número de polímeros sintéticos disponíveis, que incluem as poliacrilaminas, óxido de polietileno e ácido poliacrílico. Estes últimos estão sendo muito utilizados nos detergentesecológicos como substitutos dos polifosfatos. Os mecanismos atuais de coagulação são complexos e incluem adsorção (processo pelo qual um gás, vapor, matéria dissolvida ou partículas em suspensão são captadas e aderidas na superfície de outro material tanto por forças físicas como químicas), neutralização de cargas e a entrada na matriz físico-química formada. A quantidade de coagulante adicionada à água é crítica. Muito pouca quantidade resulta em uma coagulação ineficaz, de modo que as instalações de filtração podem bloquear-se rapidamente, enquanto que demasiada quantidade de coagulante pode conduzir a um excesso de produtos químicos na água final. 6.6 - Produtos químicos O processo de tratamento é complementado pela utilização de produtos químicos que visam a alterar algumas características da água, otimizando as etapas do tratamento ou melhorando o produto final. O quadro a seguir mostra os principais produtos utilizados e suas aplicações: Aplicação Produtos utilizados Remoção de partículas em suspensão/coagulação Sulfato de alumínio* Sulfato ferroso Sulfato ferroso clorado Sulfato férrico Cloreto férrico Aluminato de sódio Ajuste do pH Cal hidratada* Carbonato de cálcio Carbonato de cálcio (soda ou barriha) Hidróxido de sódio Gás carbônico Ácido clorídrico Ácido sulfúrico Controle da corrosão Cal hidratada* Carbonato de sódio Hidróxido de sódio Polifosfatos de sódio Remoção ou controle do desenvolvimento de microrganismos/desinfecção Cloro gasoso* Hiploclorito de sódio* Hiploclorito de cálcio* Amônia hidratada Hidróxido de amônia Sulfato de amônia Ozona Redução da cárie dentária infantil/fluoretação Fluorssilicato de sódio* Fluoreto de sódio Ácido fluorssilícico* Fluoreto de cálcio (fluorita) AULA 7 – UNIDADES DE MISTURA I 7.1 Introdução As águas para abastecimento público, notadamente as procedentes de mananciais superficiais, necessitam na sua transformação em água potável, além de passar por um processo de sedimentação precedido de coagulação química. Isso porque as águas com cor e turbidez elevadas, características especialmente de águas no período chuvoso, exigem esse tipo de tratamento químico, seguido de filtração rápida e da indispensável desinfecção. Na literatura técnica de saneamento público de água, esse tratamento é dito convencional. Assim, uma estação convencional de tratamento de água compreende as seguintes unidades: mistura rápida, floculação, decantação, filtração e desinfecção. 7.2 Unidades de mistura rápida – floculação Quando as partículas pequenas em um líquido se colidem, algumas se agregam naturalmente para formar partículas maiores. Conforme as partículas maiores sedimentam, alcançam as partículas menores que estão sedimentando a uma velocidade mais lenta. Caso se colidam, então as partículas menores se agregarão às maiores. A probabilidade de choque entre as partículas pode ser incrementada significativamente agitando suavemente a água; este processo é conhecido como floculação. Onde há uma alta concentração de partículas coloidais, a floculação pode ser efetiva por si mesma. Para as concentrações mais baixas, geralmente encontradas nos recursos de água, sem dúvida se deve utilizar um coagulante. No processo de tratamento de água, a floculação segue portanto a adição química (coagulação), que é necessária para desestabilizar as partículas coloidais presentes. Durante esta mescla, se produzem flocos maiores, que são facilmente eliminados durante a clarificação. A floculação se sucede de forma natural pelo movimento browniano (floculação pericinética); é certo que para partículas maiores que 1µm isto é muito lento e se necessita de um sistema de agitação mecânica (misturadores de palhetas ou de turbinas) para aumentar o ritmo das colisões (floculação ortocinética). 7.3 Unidades de mistura lenta – decantação Aqui os flocos formados pela adição do coagulante e a floculação são eliminados por sedimentação. O processo em si é diferente do de sedimentação normal encontrada nas ETE urbanas ou industriais, em que a água flui lentamente ao longo ou através de um tanque, permitindo que as partículas se sedimentem. No tratamento da água, esta flui ascendentemente, desde próximo da base do tanque até a parte superior. Os flocos, os quais são mais pesados que a água, sedimentam próximo do fundo, de modo que o operador deve equilibrar a velocidade de sedimentação que enfrenta a vazão ascendente da água para assegurar que todas as partículas se mantenham no tanque como um manto grosso de lodo. Há uma capa de água clara, a água limpa na superfície é rebaixada de uma simples canaleta e é encaminhada à próxima etapa do processo de tratamento. Esses tanques se denominam clarificadores e são muito eficientes. Conforme os flocos sobem através do manto, se sucede outra floculação, a qual incrementa a densidade do floco. Para manter a altura requerida, e que se retenham mais lodo dentro do tanque aumentando a eficácia, se deve descarregar o excesso de lodo do tanque. A eliminação do lodo pode ser contínua ou em intervalos. Os lodos são uma mistura de todas as impurezas encontradas na água, especialmente bactérias, vírus e quistos de protozoos, os quais devem ser manejados com cuidado e lançados em local seguro. O volume do lodo é bastante grande, equivalendo entre 1,5 a 3 % de todo o caudal que atravessa o clarificador. Existem muitos projetos diferentes de tanques de sedimentação, incluindo prateleiras inclinadas, prateleiras paralelas e tubos para ajudar a sedimentação. 7.4 Decantação com placas ou tubos paralelos Os decantadores laminares ou tubulares foram concebidos considerando que a ação de um decantador depende de sua área superficial, e não de sua profundidade. Assim, uma subdivisão horizontal produziria uma superfície dupla para receber os sólidos sedimentáveis, duplicando a capacidade de trabalho. Nesse raciocínio, uma série de bandejas horizontais em um grande número de células de pouca profundidade o incremento da eficiência deveria ser muito grande. Contudo, essa forma simplista de raciocínio esbarra nas dificuldades de limpeza dos tanques, além das dificuldades de distribuição de fluxo. 7.5 Flotação A flotação é um tipo de processo físico de separação de misturas heterogêneas. Essa técnica consiste emadicionar bolhas de ar ao meio, o que faz com que as partículas em suspensão no líquido passem a aderir-se a essas bolhas. Essa espuma formada pode então ser removida, arrastando consigo as partículas de impurezas. Esse processo é o contrário do que acontece na sedimentação, pois neste último método de separação de misturas, as partículas em suspensão vão se depositando no fundo do recipiente pela ação da gravidade e são posteriormente retiradas por decantação, por exemplo. Já a flotação leva as partículas à superfície da mistura. A palavra flotation (flotação em inglês), inclusive, transmite a ideia de “flutuação”. Para que as partículas possam ser arrastadas na flotação, é necessário que elas sejam coloidais, ou seja, que tenham o diâmetro entre 1nm e 1000 nm. 7.6 Filtração Depois da clarificação, a água contém unicamente sólidos finos (<10mg/l) e material solúvel. Ainda que algumas destas substâncias pudessem estar na água bruta natural, muitas se haverão formado durante o processo de coagulação. A filtração é um processo requerido para eliminar esse material residual. Os filtros contêm capas de areia ou carvão antracito e brita graduada. As tubulações por debaixo dos filtros, as drenagens, recolhem a água filtrada. As partículas retidas pela areia
Compartilhar