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Direito do Consumidor Aline Sayuri Kazari USJT - Direito 1 Direito do Consumidor Aula II – 03/03/2015 Professor: Georgios Alexandridis Evolução histórica do Direito do Consumidor Antes da criação do Código de Defesa do Consumidor, as relações consumeristas eram regidas pelo Código Civil de 1.916. Esse Direito da época não estava apto a proteger a parte mais fraca da relação jurídica de consumo, pois o CC/16 foi elaborado para disciplinar relações individualizadas. Assim, o direito privado de então não tardaria a sucumbir, pois estava marcadamente influenciado por princípios e dogmas romanistas, tais como: I. Pacta sunt servanda (os pactos/contratos devem ser cumpridos): os termos do contrato, estabelecidos pelas partes tornavam-se leis. Este princípio tornou-se ineficiente e injusto diante da hipossuficiência e a vulnerabilidade do consumidor perante o fornecedor, visto que a característica da bilateralidade da produção – em que as partes contratantes discutiam cláusulas contratuais e eventual matéria-prima que seria utilizada na confecção de determinado produto – foi substituída pela unilateralidade da produção – na qual uma das partes, o fornecedor, seria o responsável exclusivo por ditar as regras da relação de consumo. A premissa do CDC foi a intervenção do Estado nessa relação jurídica. O pacta sunt servanda continuou a vigorar, porém de forma relativa e com certa margem de negociação; II. Autonomia da vontade: Possibilitava a mais ampla e irrestrita liberdade de contratação possível, gerando em regra, cláusulas abusivas. Assim, o CDC veio a proteger o consumidor de si mesmo. O juiz pode reconhecer de ofício o Direito do consumidor, numa das manifestações da intervenção estatal, ou seja, havendo no contrato uma cláusula abusiva, mesmo sem requerimento da parte, o juiz poderá declarar nula de pleno direito; III. Responsabilidade fundada na culpa: No tocante à responsabilidade, ressalta- se aí outra diferença em relação ao Direito Civil clássico. Enquanto neste modelo prevalece a responsabilidade subjetiva – pautada na comprovação de dolo ou culpa do fornecedor – no CDC a responsabilidade é, em regra, quase que absoluta, objetiva – que independe de comprovação dos aspectos subjetivos. Direito do Consumidor Aline Sayuri Kazari USJT - Direito 2 Características do CDC O CDC possui três características principais: I. Lei principiológica: Está constituído de uma série de princípios que possuem como objetivo maior conferir direitos aos consumidores, que são os vulneráveis da relação, e impor deveres aos fornecedores; II. Normas de ordem pública e social: O CDC prevê em ser art. 1º: “O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da CF e art. 48 de suas Disposições Transitórias”. Com isso, (i) as decisões decorrentes das relações de consumo não se limitam às partes envolvidas em litígio, (ii) as partes não poderão derrogar os direitos do consumidor e (iii) o juiz pode reconhecer de ofício direitos do consumidor; III. Microssistema multidisciplinar: Alberga em seu conteúdo as mais diversas disciplinas jurídicas. Com efeito, encontramos no CDC normas de Direito Constitucional (ex.: princípio da dignidade humana), Direito Civil (ex.: responsabilidade do fornecedor), Processo Civil (ex.: ônus da prova), Processo Civil Coletivo (ex.: tutela coletiva do consumidor), Direito Administrativo (ex.: proteção administrativa do consumidor) e Direito Penal (ex.: infrações e sansões penais pela violação do CDC).
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