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1-INTRODUÇÃO

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Beck,ST Imunologia Clínica 
 1
 PRINCIPIOS GERAIS EM IMUNOLOGIA( I ) 
 
 
MECANISMOS DA RESPOSTA IMUNE : 
 
 
 
 MATERIAL ESTRANHO 
 
 
 CAPTURA E PROCESSAMENTO 
 
 
 CÉLULAS RESPONDEDORAS 
 
TOLERÂNCIA 
 
 
 IMUNIDADE MEDIADA POR IMUNIDADE MEDIADA POR 
 CÉLULA ANTICORPOS 
 
 
 ELIMINAÇÃO DO MATERIAL ESTRANHO 
 
 
 
 Existem duas maneiras básicas de resposta imune: a imunidade celular e a 
imunidade humoral (anticorpos). 
 Estas duas respostas imunes são complementares. Desta forma, a reposta mediada 
por células detecta e elimina células infectadas por vírus ou quimicamente modificadas, e 
em contrapartida, a resposta mediada por anticorpos protege contra invasores não 
associados a células, como bactérias e parasitas. Mas esta distinção não é absoluta. 
Anticorpos podem contribuir na imunidade aos vírus, enquanto a resposta celular imune 
pode participar da resistência a muitas infecções parasitárias e bacterianas. 
 Quando um antígeno entra no corpo, ele precisa ser capturado, processado e 
apresentado ao sistema imune de maneira adequada. Da mesma forma, o sistema imune 
tem que reconhecer e distinguir entre os antígenos próprios (componentes normais do 
organismo) contra os quais normalmente não se desenvolve resposta imune, e os não 
próprios (componentes estranhos), desenvolvendo contra estes a resposta adequada. 
 
ANTÍGENO: 
 
 Existem duas importantes condições para que uma molécula seja considerada um 
antígeno: ser reconhecida como estranha interagindo com anticorpos ou células 
(antigênica), e ter características físicas e químicas que permitam estimular o sistema 
imune, induzindo resposta (imunogênica). 
 Em geral, quanto maior o tamanho da molécula, mais imunogênica (capaz de induzir 
resposta) ela é. O mesmo ocorre em relação a sua estrutura química. A molécula deve ter 
uma estrutura estável, complexa, e permitir degradação, para originar fragmentos 
pequenos, passíveis de serem reconhecido pelas células do sistema imune. 
Beck,ST Imunologia Clínica 
 2
TOLERÂNCIA: 
 
 As células respondedoras são selecionadas de maneira a não responder a antígenos 
próprios, isto é, componentes normais do organismo, desenvolvendo o que chamamos de 
tolerância. 
 Isto ocorre por que usualmente durante a vida fetal, as células auto-reativas são 
eliminadas por apoptose* no timo, através de uma seleção, onde células imaturas auto-
reativas, expostas a antígenos próprios são eliminadas (seleção negativa) e aquelas, 
capazes de reconhecer estruturas próprias apenas quando associadas a partículas 
estranhas, são liberadas para completar seu desenvolvimento (seleção positiva). 
*Apoptose (morte celular programada): forma de morte celular, na qual se ativa um 
programa interno de morte. Caracteriza-se pela degradação do DNA nuclear, sua 
degeneração e condensação. A célula se autodestrói de dentro para fora. Como acaba 
sendo fagocitadas antes de sofrer lise, não provocam reação inflamatória. 
 
ANTÍGENOS DE SUPERFÍCIE CELULAR 
 
 A superfície das células consiste de moléculas de glicoproteinas, imersas em uma 
dupla camada lipídica. Muitas destas glicoproteinas são imunogênicas quando injetadas em 
outro indivíduo da mesma espécie ou espécie diferente. 
 Um dos antígenos deste tipo mais importante são os GRUPOS SANGUINEOS, que 
são complexos de carboidratos e glicoproteinas presentes na superfície das células 
vermelhas. 
 Como as hemácias, as células nucleadas como os leucócitos, possuem centenas de 
proteínas na sua superfície. Estas proteínas são bons antígenos e podem provocar resposta 
imune (como rejeição de enxertos) quando transferidos entre indivíduos geneticamente 
diferentes da mesma espécie. As proteínas mais importantes, por provocarem uma resposta 
imune mais potente, são as moléculas de histocompatibilidade, que por serem codificadas 
por gen localizados muito próximos no cromossomo 6, são chamadas de moléculas do 
COMPLEXO PRINCIPAL DE HISTOCOMPATIBILIDADE (CPH ) , ou por serem 
encontradas em leucócitos , ANTIGENO LEUCOCITARIO HUMANO (HLA). Sinônimos: 
MHC (do inglês:Major Histocompatibilty Complex) 
 
 
ANTICORPOS 
 
 Anticorpos são proteínas que aparecem no soro apos a exposição de um animal a 
uma substância estranha (antígeno), como um agente infeccioso. Os anticorpos assim 
produzidos são capazes de reagir especificamente contra o antígeno que induziu sua 
formação, protegendo usualmente o hospedeiro contra uma nova infecção pelo mesmo 
agente. A resposta a uma segunda exposição induzirá a formação de níveis muito mais 
altos de anticorpos, devido a sensibilização anterior, garantindo maior proteção. 
 
 Os anticorpos pertencem a uma classe de proteínas chamadas 
IMUNOGLOBULINAS. São detectados em muitos fluidos corporais, como saliva, leite, e 
mais abundantemente no soro. 
 
Cadeia Leve PORÇÃO FAB ( fragmento de ligação ao Ag) 
 
 
 Cadeia Pesada (Define a classe da imunoglobulina) 
 
 PORÇÃO FC 
 
Beck,ST Imunologia Clínica 
 3
CLASSES DAS IMUNOGLOBULINAS 
 
 A classe das imunoglobulinas é definida pela estrutura da sua cadeia pesada. As 
cinco classes existentes nos seres humanos são: 
IgA(α). IgG (γ), IgM(µ), IgD(∂), IgE (ε). 
 Dentro das classes de imunoglobulinas pode haver variações na estrutura da cadeia 
pesada. Estas variantes estruturais estão presentes em todos os membros da mesma 
espécie animal: são as chamadas subclasses. Todas as classes e subclasses devem estar 
presentes num individuo normal, havendo pequenas variações em grupos populacionais. 
 Conhecem-se quatro subclasses de IgG humanas: IgG1(65%), IgG2 (23%), IgG3 ( 
8%) , IgG4 (4%). 
 
FUNÇÃO DAS IMUNOGLOBULINAS 
 
 As duas principais funções das imunoglobulinas são: o reconhecimento do antígeno 
realizado pelo fragmento Fab e as funções efetoras realizadas pelo fragmento Fc. 
 Quando um antígeno e um anticorpo específico combinam, a interação ocorre entre 
a região de complementariedade do anticorpo (região hipervariável) e um determinado 
epitopo (único determinante antigênico) presente na superfície de uma bactéria, por 
exemplo. 
 A simples ligação antígeno - anticorpo pode bloquear a ação de toxinas, ou 
prevenir a ligação de vírus às células, mas não leva necessariamente a destruição do 
alvo, apenas prepara para a etapa efetora que é mediada por outros agentes. 
 A porção Fc de uma Ig serve para ativar o complemento, para ligar imunoglobulinas 
a vários receptores celulares, e transferir Igs através de membranas. 
 Um anticorpo ligado a um antígeno leva a ativação do sistema complemento, 
podendo determinar a lise da célula alvo. 
 
 C\ 
 LISE 
 
 Algumas classes de anticorpos ligam-se a determinados tipos de células, através da 
sua porção Fc, ancorando através dos receptores para Fc. Como exemplo temos a ligação 
do anticorpo IgE a mastócitos e basófilos. Quando o antígeno específico interagir com a 
IgE fixada na célula, provocará a degranulação dos mastócitos liberando substancias 
capazes de mediar fenômenos alérgicos. 
 
 
 
 
 
 Anticorpos da classe IgG podem também fixar-se a receptores para Fc 
existente em macrófagos. Estas células (macrófagos, neutrófilos, NK), armadas (ADCC= 
citotoxicidade dependende de anticorpo), ao interagir com o antígeno específico, tornam-se 
ativadas e executam diversas funções efetoras como ingestão, morte e digestão do 
patógeno envolvido na reação. 
 
 
 
 
 O Fc das imunoglobulinas permite ainda a transferência dos anticorpos pré-formados 
para sítios onde sua ação é necessária. (mãe P/ RN) 
Beck,ST Imunologia Clínica 
 4
IMUNOGLOBULINA G 
 
 A IgG é o único tipo de anticorpo humano que atravessa a barreira placentaria . Por 
esta propriedade,é a única que garante proteção ao recém-nascido nos primeiros meses, 
sendo muito importante na defesa contra a invasão microbiana. Das quatro subclasses, a 
IgG3 e a IgG1 são as que fixam complemento mais eficientemente. Pode opsonizar, 
aglutinar e precipitar antígenos, mas só ativa a via clássica do complemento quando 
múltiplas moléculas de IgGs estão agregadas.Tem função de anticorpo bloqueador, quando 
são formados contra alergenos, evitando que estes se fixem as IgEs fixadas nos tecidos. 
Por ser a classe de imunoglobulina em maior concentração no soro, tem grande importância 
no mecanismo de defesa mediado por anticorpo. 
 
 A determinação do nível de IgG é útil na avaliação dos déficits de imunidade 
humoral, congênitos, transitórios ou adquiridos. Níveis elevados de IgG podem ser 
encontrados em pacientes portadores de gamopatias monoclonais ou processos infecciosos 
ou inflamatórios crônicos. 
 
VALORES DE REFERÊNCIA: 
 
IDADE MÍNIMO MÁXIMO UNIDADE 
Neonatos 750 1.500 mg/dl 
1 a 3 meses 190 780 mg/dl 
3 a 5 meses 60 860 mg/dl 
6 a 12 meses 250 1.180 mg/dl 
1 a 2 anos 350 1.200 mg/dl 
2 a 4 anos 500 1.440 mg/dl 
4 a 6 anos 610 1.420 mg/dl 
6 a 9 anos 570 1.410 mg/dl 
9 a 11 anos 630 1.400 mg/dl 
11 a 15 anos 630 1.510 mg/dl 
adultos 630 1.500 mg/dl 
 
 
SUBCLASSES DE IgG 
 
 As quatro subclasses de IgG ( IgG1,IgG2,IgG3,IgG4), apresentam propriedades 
biológicas distintas. 
 Quando ocorre uma resposta imunológica a um estímulo antigênico, tem sido 
observado que os anticorpos produzidos são restritos a algumas das subclasses. A resposta 
imunológica contra antígenos protéicos usualmente leva a produção das subclasses IgG1 e 
IgG3. Já quando o estímulo antigênico é feito por polissacárides, incluindo cápsulas de 
bactérias, a produção de anticorpos é principalmente da subclasse IgG4. 
 Anomalias nos níveis de subclasses de IgG tem sido relatadas, mais particularmente 
em pacientes com gamopatias monoclonais e infecções associadas a imunodeficiências 
primárias e secundárias. 
Beck,ST Imunologia Clínica 
 5
IgG1: 
 Subclasse mais abundante, atingindo níveis adultos na tenra infância. É a principal 
subclasse de IgG que atravessa a placenta, protegendo o RN nos primeiros três meses. 
IgG1 e IgG2 ligam-se firmemente ao receptor Fc de células fagocitárias, monócitos e NK 
ativados, e atravessam a placenta num processo ativo dependente da ligação Fc. Sua 
deficiência é associada a infecções de Epstein –Barr vírus. 
 
IgG2: 
 Responsável pela mais comum deficiência de subclasses de IgG e pode estar 
associada a deficiência de IgA. Está particularmente relacionada a infecções respiratórias e 
de bactérias encapsuladas. 
 
IgG3: 
 Sua deficiência pode manifestar-se em infecções respiratórias recorrentes com 
doenças pulmonares obstrutivas, que parece estar associada à deficiência de IgG1. IgG3 é 
mais efetivamente ligadora do complemento seguida da IgG1 e IgG2. Relacionada também 
com sinusites e otites médias. 
 
IgG4: 
 Resposta a estimulação alérgica crônica. Níveis elevados são observados em 
dermatite atópica, asma e algumas infecções parasitárias. Sua deficiência pode estar 
associada à deficiência de IgG2 e IgA. Relacionada também com infecções respiratórias. 
 
Beck,ST Imunologia Clínica 
 6
IMUNOGLOBULINA M 
 
 A IgM encontra-se no soro sob a forma de pentâmero. Como receptora de 
antígenos na superfície de linfócitos B, encontra-se sob a forma de monômero. É a classe 
de imunoglobulina produzida em maior quantidade na resposta primária (indicando primo-
infecção ou fase aguda da doença). É produzida também na resposta secundária, mas é 
encoberta pela grande produção de IgG. 
 NÃO ATRAVESSA A PLACENTA, sendo por isso indicador de infecção congênita 
quando presente no soro do recém-nascido. 
 
IMUNOGLOBULINA A 
 
 Encontra-se no soro sob a forma de monômero.Nas secreções está sob a forma de 
dímero, ligadas pelo um componente J. Passa a luz glandular ligada a um componente 
secretor sintetizado pela célula epitelial. 
 Tem grande importância na proteção das superfícies mucosas contra a invasão de 
microorganismos, uma vez que é a imunoglobulina em maior concentração no intestino, 
trato respiratório, intestinal e urogenital, leite e lágrimas. A IgA sérica pode ser encontrada 
em níveis elevados em pacientes portadores de mieloma IgA. 
 Não há correlação direta entre os níveis de IgA sérica e da IgA de secreções 
exócrinas, podendo um indivíduo não conter IgA na saliva, por exemplo, e apresentar nivel 
sérico normal. 
 
VALORES DE REFERÊNCIA 
 
IDADE MÍNIMO MÁXIMO UNIDADE 
Sangue do cordão Até 4 Mg/dl 
1 mês Até 50 Mg/dl 
2 a 5 meses 4 80 Mg/dl 
6 a 9 meses 8 80 Mg/dl 
10 a 12 meses 15 90 Mg/dl 
1 a 2 anos 15 110 Mg/dl 
2 a 3 anos 18 150 Mg/dl 
4 a 5 anos 25 160 Mg/dl 
6 a 8 anos 35 265 Mg/dl 
9 a 12 anos 68 333 Mg/dl 
adulto 80 385 Mg/dl 
 
Beck,ST Imunologia Clínica 
 7
IMUNOGLOBULINA E 
 
 A IgE encontra-se em níveis muito baixos no soro de indivíduos não parasitados. É 
responsável pelas reações alérgicas, devido a sua fixação a receptores Fc de mastócitos e 
basófilos. Tem grande importância na imunidade a parasitas (helmintos), tendo por isso 
seus níveis séricos aumentados nas condições citadas. 
 É a principal imunoglobulina produzida principalmente na mucosa do trato 
gastrointestinal, do trato respiratório e nos linfonodos. 
 Seus níveis estão elevados na asma atópica e freqüentemente normais na rinite 
alérgica. Na dermatite atópica os níveis elevam-se durante as exacerbações e diminuem 
durante as remissões. No entanto, níveis normais não excluem este diagnóstico. 
 
VALORES DE REFERÊNCIA: 
 
IDADE 
Neonatos a 10 dias Até 1,5 UI/mL 
1 a 11 meses Até 15 UI/mL 
1 a 5 anos Até 60 UI/mL 
6 a 9 anos Até 90 UI/mL 
10 a 15 anos Até 200 UI/mL 
adultos Até 160 UI/mL 
 
DOSAGEM DE IgE ESPECÍFICA 
 
 É o teste de referência para avaliação de doenças alérgicas, correlacionando-se bem 
com os testes cutâneos e com os de provocação, sendo mais seguros e precisos do que 
estes, por não sofrerem interferência de substâncias dos tecidos e medicamentos. A 
pesquisa é realizada através da pesquisa de alérgenos isolados (RAST). 
 
IMUNOGLOBULINA D 
 
 Não há produção de IgD numa resposta imune convencional. O soro de indivíduos 
normais possui baixos níveis de IgD, sendo que fumantes tem níveis duas vezes maiores. 
Sua maior característica é ser o primeiro receptor antigênico na superfície das células B. 
 
 
DIVERSIDADE DOS ANTICORPOS 
 
 As cadeias da imunoglobulina são codificadas por múltiplos gens. Três famílias de 
gens codificam as cadeias peptídicas das imunoglobulinas e estão localizados em diferentes 
cromossomos. Uma família de gen codifica a cadeia leve κ, outro a cadeia leve λ, e outro a 
cadeia pesada. Cada uma destas três famílias contem múltiplos segmentos gênicos (mini 
gens), segmentos J participam da porção variável da cadeia leve, e segmentos V e D, 
participam da porção variável da cadeia pesada. A diversidade dos anticorpos resulta da 
recombinação destes segmentos gênicos, o que permite existir anticorpos específicos 
contra os mais diversos tipos de antígenos existentes. 
 Tendo em vista que qualquer cadeia pesada pode se combinar a qualquer cadeia 
leve, o número total de especificidades de anticorpo que podem ser geradas é, agora, o 
produto do número de cada tipo. Assim, uma combinação ao acaso de cadeias leves e 
pesadas forneceriam, no mínimo, 8 X 10 6 diferentes combinações possíveis. Isto tudo a 
partir de apenas 600 segmentos gênicos diferentes. 
Beck,ST Imunologia Clínica 
 8
DIVISÃO DA RESPOSTA IMUNE 
 
 Embora o antígeno seja capturado e processado pelos macrófagos e células 
dendríticas, a resposta imune após exposição ao antígeno apropriado é função dos 
linfócitos. Os linfócitossão células predominantes em órgãos como baço, linfonodos, e timo. 
É nos órgãos linfóides que ocorre a interação entre antígeno, célula apresentadora de 
antígeno e linfócitos. 
 
1 - ORGÃOS LINFÓIDES: 
 
ORGÃOS LINFÓIDES PRIMÁRIOS: 
 
 Regulam a produção e diferenciação dos linfócitos. São três órgãos: Bursa de 
Fabricius(aves) seria o equivalente a Medula óssea no homem, Timo e placas de Peyer. 
Caracterizam-se por não precisarem da presença de antígeno estranho para se 
desenvolver. 
 
ORGÃOS LINFÓIDES SECUNDÁRIOS 
 
 Crescem em resposta as estimulações antigênicas. Os órgãos linfóides secundários 
incluem o baço, linfonodos, medula óssea, tonsilas (amídalas). Os órgãos linfóides 
secundários são ricos em macrófagos, e células dendriticas que aprisionam e processam o 
antígeno, e em linfócitos T e B que mediam a resposta Imune. 
 
LINFÓCITOS T: 
 
 São linfócitos que para seu desenvolvimento precisam passar pelo timo. São Timo 
dependentes. Constituem aproximadamente 70 % dos linfócitos do sangue. As células T 
provavelmente sobrevivem por seis meses a 10 anos em humanos. 
 Tem como receptor de antígeno um complexo molecular chamado TCR, que junto 
com uma proteína de superfície (CD4, ou CD8) traduz o estímulo causado no momento da 
ligação com o antígeno. Reconhece apenas antígenos particulados, ligados a superfície de 
células apresentadoras. 
 
 A população de linfócitos T se divide em sub populações: 
 
 1- T auxiliar (TH = ‘Helper’), assim chamada por cooperar para o desenvolvimento 
da imunidade celular ou humoral (anticorpos), dependendo das citocinas que produz: 
 
1.1) sub população TH1 : auxilia imunidade mediada por células 
1.2) sub população TH2 : auxilia na produção de anticorpos 
 
 2- T citotóxico responsável pela imunidade celular citotóxica 
 
Recentemente foram identificados T auxiliares (TH 17, e TH 3), que produzem citocinas pró 
inflamatórias (TH17) ou tem ação supressora, controlando a resposta imune (TH3 e Tregs). 
 
 
Beck,ST Imunologia Clínica 
 9
LINFÓCITOS B: 
 
 Originam-se na medula óssea, maturam ai mesmo ou talvez no tecido linfóide 
intestinal antes de migrarem para os órgãos linfóides secundários. Perfazem 
aproximadamente 20 % dos linfócitos do sangue. Tem meia vida variável. 
 Após estímulo antigênico dão origem a plasmócitos produtores de anticorpos e 
células B de memória, sendo então responsáveis pela imunidade humoral. 
 Possui na sua superfície uma imunoglobulina (anticorpo) que atua como receptor 
específico para o antígeno. Reconhecem o antígeno livre, isto é, sem necessidade de estar 
ligado a uma célula. 
 Uma pequena proporção de linfócitos sangüíneos que não são nem T, nem B, são 
as chamadas células matadoras (“Natural Killer” - NK) importante na vigilância contra 
células tumorais e antígenos virais. 
 
 
 
2 - COMPLEXO DE HISTOCOMPATIBILIDADE PRINCIPAL 
 
 Existem dois tipos de antígenos capazes de desencadear uma resposta imune: 
 Antígenos exógenos: são antígenos derivados de organismos como bactérias que, 
quando entram no corpo são fagocitados por células como macrófagos, e são então 
processadas e apresentadas, sendo esta célula chamada de célula apresentadora de 
antígeno (cels dendríticas, macrófagos e linfócitos B são as mais importantes). 
 Antígenos endógenos: são antígenos elaborados dentro do corpo, isto é, quando 
um vírus invade uma célula e toma conta do seu processamento protéico, as proteínas 
virais são elaboradas dentro da célula infectada, e são processadas e apresentadas ao 
sistema imune pela própria célula infectada. 
 Contudo, o processamento do antígeno não requer apenas a fragmentação da 
molécula dentro da célula, mas também a ligação destes fragmentos a uma molécula 
apropriada. Estas moléculas apresentadoras do antígeno são chamadas de moléculas do 
complexo de histocompatibilidade principal ou CHP. A necessidade absoluta de o 
antígeno ser apresentado ligado a moléculas do CHP é o que chamamos de RESTRIÇÀO 
AO CHP. 
 O complexo de histocompatibilidade principal é um complexo gênico localizado no 
cromossomo 6. Contem 3 classe de genes, que codificam proteínas classificadas em 
Classe I (A,B,), classe II(DP, DQ, DR) e classe III (C). 
 
 As proteínas de CLASSE I são moléculas protéicas que se encontram na superfície 
de TODAS AS CÉLULAS NUCLEADAS, com exceção do trofoblasto sincicial da placenta. 
 
 A proteína de classe II encontra-se apenas na superfície de macrófagos ativados, 
células dendriticas e linfócitos B. 
 
 As proteínas de classe III são proteínas da cascata do complemento. 
 
 A apresentação de antígenos exógenos é a função principal da molécula de classe 
II. Apenas os macrófagos que apresentam moléculas de classe II na sua superfície podem 
processar a apresentar o antígeno para as células que ao reconhecer o antígeno 
processado estimularão uma resposta imunológica. Como o linfócito B possui MHC classe II 
na sua superfície, ele também pode servir como célula apresentadora para linfócitos T 
(cooperação celular), fato que parece ser importante para o desenvolvimento de células B 
de memória. 
Beck,ST Imunologia Clínica 
 10
As células que reconhecem o antígeno associado com as moléculas de classe II, são 
os linfócitos T auxiliares. CÉLULAS T AUXILIARES (CD4+) APENAS RECONHECEM O 
ANTIGENO ESTRANHO E RESPONDEM A ELE, SE O ANTÍGENO ESTIVER LIGADO A 
UMA MOLÉCULA DE CLASSE II. 
 
 A apresentação de antígenos endógenos, isto é, elaborados dentro da própria célula, 
comumente se ligam a moléculas do CHP de classe I. 
Estas células apresentam o antígeno processado para linfócitos T citotóxicos. Estes 
linfócitos T citotóxicos são os responsáveis pela destruição de células infectadas por vírus 
 
 LINFÓCITOS T CITOTÓXICOS (CD8 + ) APENAS RECONHECEM ANTÍGENOS 
QUANDO ESTES ESTÃO ASSOCIADOS A MOLÉCULAS DO CHP DE CLASSE I 
 
 CD8 � 
 ♦CD4 
 
 
 
 
MACRÓFAGO LINF. T AUX. CD4+ CEL. INFECTADA LINF. T 
CLASSE II CLASSE I CITOTÓXICO CD8+ 
 
 
 Estas células assim estimuladas passam a exercer sua função efetora. 
 
 As células T auxiliar, vão secretar substancias solúveis, (interleucinas) que vão agir 
sobre as células de maneira a estimular uma resposta imune celular ou humoral. 
 
 As células TH 1, secretam preferencialmente IL-2, Interferon γ, e fator de necrose 
tumoral (TNF-β). Estas linfocinas vão estimular principalmente a resposta imune mediada 
por célula, como a ativação de macrófago, citotoxicidade dos linfócitos CD8+, atividade de 
células NK, etc... 
 
 As células TH 2, secretam preferencialmente IL4, IL5, IL10, e IL13, que estimularão 
o linfócito B a proliferar e secretar imunoglobulinas. 
 Por sua vez, as células T citotóxicas (CD8+), ao encontrar a célula alvo (célula 
infectada por vírus por ex.), ativada pelas linfocinas liberadas pela célula TH1, liberarão seu 
conteúdo granular citotóxico, levando a célula infectada a apoptose. 
 
Beck,ST Imunologia Clínica 
 11
 
 MATERIAL ESTRANHO 
 
 
 CAPTURA E PROCESSAMENTO 
 
 
 CÉLULAS RESPONDEDORAS 
 
TOLERÂNCIA 
 
 
 IMUNIDADE MEDIADA POR IMUNIDADE MEDIADA POR 
 CÉLULA ANTICORPOS 
 
 
 ELIMINAÇÃO DO MATERIAL ESTRANHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CÉLULA APRESENTADORA DE ANTÍGENO 
 
 
 
 
 
 T Reguladora 
 
 T AUXILIAR 
 TH2 
 TH1 
 PRODUÇÃO DE 
 LINFOCINAS 
 
 LINFÓCITO B 
 
 
 PLASMÓCITO 
 
 
 T CITOTÓXICO PRODUÇÃO DE ANTICORPOS 
 
 NK, 
 MACRÓFAGO 
 
 
 
IMUNIDADE CELULAR IMUNIDADE 
HUMORAL 
 
Beck,ST Imunologia Clínica 
 12Beck,ST Imunologia Clínica 
 13
 
HLA X DOENÇA 
 
 A suscetibilidade à maioria das doenças auto-imunes mostra um componente 
genético significativo; de fato, são freqüentes as associações familiares. 
 Até o momento, o único marcador genético claro e consistente da suscetibilidade às 
doenças auto imunes foi o genótipo CHP. 
 
 A associação de uma doença em particular com antígeno HLA é quantificada 
calculando o risco relativo (RR). Este pode ser definido como a chance de um indivíduo com 
um antígeno HLA em particular, associado à doença, desenvolver esta doença, em 
comparação com um indivíduo que não apresenta este determinado antígeno HLA. 
 
 RR= P + x c- 
 p- x c+ onde: 
 
p+ = nº de pacientes que possuem o antígeno HLA 
C- = nº de controles que não possuem o antígeno HLA 
p-= nº de pacientes que não possuem o antígeno HLA 
C+ = nº de controles que possuem o antígeno HLA 
 
 Em contraste, o risco absoluto (RA) é a chance que um indivíduo que possui o 
antígeno HLA associado à doença, realmente desenvolver a doença. 
 
 AR= P+ x P (prevalência da doença na população geral) 
 C+ 
 
Associação do genótipo HLA com a suscetibilidade à doença auto-imunológica 
DOENÇA Alelo HLA RISCO RELATIVO 
Espondilite anquilosante B27 90 
Uveite anterior aguda B27 10 
Doença Celiaca DR3 12 
Esclerose múltipla DR2 5 
Doença de Graves DR3 3,7 
Miastenias gravis DR3 2,5 
SLE DR3 5,8 
Diabete m.insulino dependente DR3 ; DR4 3,2 
Artrite reumatóide DR4 4,2 
Tireoidite de Hashimoto DR5 3,2 
Psoriase B17 6 
 
 Deve-se levar em conta que fatores hormonais são muito importantes no que se 
refere à suscetibilidade à doença auto imune. 
 Muitas doenças auto-imunes apresentam um grande desvio quanto ao sexo. 
 As mulheres apresentam incidência máxima na idade reprodutiva, quando ocorre a 
maior produção dos hormônios sexuais femininos estrógeno e progesterona. 
Beck,ST Imunologia Clínica 
 14
 
 
Bibliografia consultada: 
 
IMUNOBIOLOGIA O sistema imunológico na Saúde e na Doença– charles A. Janeway Jr – 
Paul Trabers . 2ª Ed – Editora Artes Médicas -1997. 
 
IMUNOLOGIA BÁSICA – Daniel P.Stites – Abba I. Terr. –Editora Prentice-Hall do Brasil 
LTDA. 
 
ESSENTIAL IMMUNOLOGY – Ivan Roitt – 8ª Ed. – Editora Blackwell Scientific publications- 
1994. 
 
Apresentação de antígeno viral, produzido em uma célula infectada. O antígeno é associado ao MHC/ 
HLA de classe I. O reconhecimento da associação antígeno estranho/MHC é feito pelo receptor 
específico localizado na célula T Citotóxica (CD8+).

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