Pensar e escrever a mono II _ Artigos JusBrasil

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18/02/2015 Pensar e escrever a mono II | Artigos JusBrasil
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Pensar e escrever a mono II
Como pesquisar: doutrina
Publicado por Miguel Calmon Dantas  ­ 4 meses atrás
Continuando a série acerca da  reflexão e desenvolvimento de monografias como  trabalho de conclusão do
Curso de Direito, parece  relevante estabelecer  referenciais que auxiliem o acadêmico na pesquisa.
No último post  foi  ressaltada a necessidade de o aluno  recorrer à doutrina, à  jurisprudência e ao direito
comparado, cabendo, agora, dedicar um pouco de atenção à pesquisa doutrinária, a quais nortes
dogmáticos devem orientar a pesquisa e que devem se expressar no  trabalho escrito.
É comum que  logo nas primeiras páginas o aluno encontre dificuldades acerca do que deve pesquisar e
de como pesquisar, o que pode ocorrer  tanto se o  tema  for muito estudado, como se  for pouco estudado.
Se  for muito estudado, o problema é selecionar os bons  textos doutrinários e estabelecer uma
concatenação e pertinência entre eles e a  forma de abordagem do  tema. Se  for pouco estudado, o
problema passa a ser como encontrar bons  textos doutrinários.
Ou pelo excesso ou pela escassez, em ambos os casos  tem o aluno dificuldades de  localizar e definir
quais as obras, autores e artigos que serão pesquisados, o que se  reflete em perda de  tempo e
dificuldade de otimizar a pesquisa e o desenvolvimento do  texto.
Diante disso, parece oportuno pontuar algumas orientações que podem auxiliar bastante na difícil
empreitada da pesquisa  jurídica:
1. Monografias não são provas de concurso e nem de  faculdade. Evite  recorrer a sinopses,  resumos e
textos esquemáticos, pois nada agregarão de contribuição para o enriquecimento da pesquisa e a
elucidação das questões orientadoras.
2. Cuidado com a  Internet. Da mesma  forma que  facilita o acesso à  informação, permite o contato com
muitos artigos e  trabalhos que podem não  ter muito valor doutrinário e  jurídico. É  imprescindível que se
recorra a artigos disponíveis na  Internet, mas de  forma criteriosa, sempre buscando verificar se  têm valor
científico pela sua consistência, pelas  referências em que se baseia e pelos autores citados.
3. Cuidado com obras que são mera compilação de doutrina. Embora sejam úteis para dar uma visão
JusBrasil ­ Artigos
18 de  fevereiro de 2015
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geral da problemática,  talvez até confundam mais do que auxiliem, porque geralmente  trazem diversas
posições doutrinárias e não se definem por uma específica. Se o aluno não  tiver sua posição e
entendimento sobre o  tema definidos, poderá  ter dificuldades.
4. Evite os  textos e obras excessivamente  rebuscadas.  Infelizmente, no Direito, não é  incomum que se
contrarie uma das principais sugestões de Karl Popper, de que o  trabalho científico deve ser claro,
acessível e preciso. A utilização de  linguagem hermética em nada contribui para a ciência  jurídica e pode
embaralhar ainda mais a pesquisa pelo aluno. Da mesma  forma,  reiterações de  ideais,  também comuns
em  textos doutrinários, em nada acrescentam à pesquisa.
5. Busque sempre textos atualizados ou  revistos, ainda que de autores clássicos, a  fim de verificar
sua compatibilidade com a  legislação, com a  jurisprudência e com a doutrina contemporâneas. Edições
antigas de  livros clássicos devem ser preteridas em  favor das edições mais  recentes.
6. Ao verificar a consistência  teórica de uma obra ou artigo,  investigue o marco  teórico de que se
valeu o autor  a partir das citações como das  referências. Se estiverem presentes a melhor doutrina
nacional, doutrina estrangeira e os  livros e artigos mais  importantes sobre o  tema, será esta uma obra
importante para a pesquisa.
7. O autor não precisa expressar o mesmo entendimento do aluno. Não busque apenas os  textos que
estão em consonância com o seu entendimento ou posição, pois os  textos científicos  têm que enfrentar
posições contrárias e  rebatê­las  fundamentada e  racionalmente.
8. Busque sempre as  indicações do orientador e dos professores da matéria, pois  já devem  ter  feito
um  juízo crítico acerca da doutrina que é mais consistente cientificamente.
9. Recorra às obras e  textos de autores clássicos ou  fundamentais sobre o seu  tema a  fim de permitir
que  forme diretamente um  juízo crítico pelo seu olhar, evitando conhecer a doutrina deles por outros
autores ou comentadores.
Tais sugestões devem viabilizar que o aluno otimize o seu  tempo, não o perdendo com  textos que não
tragam contribuições efetivas para a sua  reflexão e para a produção do  texto.
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Miguel Calmon Dantas
Constitucionalista e Advogado
Doutor e Mestre em Direito Público pela Universidade Federal da Bahia  (UFBA). Pós­
graduado em Direito Constitucional pela Universidade de Salamanca  ­ Espanha.
Professor de Direito Constitucional da UFBA. Coordenador do Curso de Direito e
Professor Titular da Universidade Salvador  (Unifacs). Procurad...
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