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07/08/2014 1 P R O F A . D E N I S E S A L L E S O SER HUMANO E O FENÔMENO RELIGIOSO INTRODUÇÃO I. O Fenômeno religioso � O fenômeno religioso é eminentemente humano e universal. � Em todas as sociedades existiu(e) religião. � Definição inicial: “A religião é um conjunto de mitos (relatos, textos sagrados, símbolos) ritos (preces, ações) e normas (mandamentos, preceitos, regras) com o qual o homem exprime e realiza seus contatos com Deus”. B. Mondin 07/08/2014 2 INTRODUÇÃO A religião e a busca pelo sentido da vida e do ser Uma das características humanas mais fortes é a capacidade de razão e, ao mesmo tempo, uma “tendência para o infinito”. No entanto, convivemos também com diversas limitações; com a realidade da morte e do mistério... A procura do sentido da vida e do ser do homem é um dos sinais mais autênticos da vida religiosa, tanto daqueles que pela fé atestam a existência do sagrado, quanto daqueles que pela teologia almejam conhecer o sagrado em seus fundamentos últimos. INTRODUÇÃO A religião e a busca pelo sentido da vida e do ser � A religião também é uma vivência radical. Tem objetos que religiosamente não podem ser chamados de objetos, por ultrapassarem os limites da razão. � Ademais, a religião nunca é exclusivamente racional, mas também não é irracional. A religião atinge a existência em sua totalidade. A transcendência e o mistério, em sentido existencial, são propriedades características da religião. 07/08/2014 3 INTRODUÇÃO I. O Fenômeno religioso Religião e Sagrado – fenômenos correlatos Esta característica do ser do homem (hommo religiosous) pode ser estudada sob diversas perspectivas e questões: sua definição, sua origem, seu fundamento, sua história, bem como a relação da religião com as outras atividades humanas. INTRODUÇÃO Quem é Deus? � As indagações a respeito da experiência religiosa pertencem não só aos que reconhecem e testemunham a existência do sagrado, mas também àqueles que negam seu sentido e seu valor para o ser humano. � A(s) resposta(s) afirmativa(s) ou negativa(s) que cada um admitiu como válida(s) sobre a existência e a natureza do sagrado, sobre a existência e a natureza de Deus, define(m) o seu modo de ser no mundo (vivência radical). 07/08/2014 4 INTRODUÇÃO Neste curso, espera-se investigar o fenômeno religioso e sua especificidade como dimensão constitutiva do ser humano percorrendo os seguintes temas: � As definições de religião e religiosidade, � as percepções e representações do sagrado; � o processo de secularização e a crise dos valores da tradição; � a religiosidade no mundo contemporâneo. INTRODUÇÃO II. Conceitos básicos � Por “religião”, entende-se, em sentido etimológico, a ligação ou união dos homens com o sagrado, com Deus. � A etimologia de religião vem do latim religio que expressa os seguintes atos: 1. religare (re-ligar); 2. relegere (re-ler ou rever com cuidado); 3. religere (re-eleger, eleger novamente). 07/08/2014 5 INTRODUÇÃO � Tomás de Aquino reúne as diversas concepções de religião em sua Suma Teológica (II-II, q. 1, a. 4): “Escreve Isidoro: ‘religioso é definido por Cícero como aquele que repassa e, por assim dizer, relê o que se refere ao culto divino’. Desse modo, religião parece dizer reler aquilo que pertence ao culto divino, porque isto deve ser frequentemente refletido no coração, segundo se lê no livro dos Provérbios: ‘Em todos os teus caminhos, pensa n’Ele’. Pode o termo religião também ser entendido, conforme Agostinho, no sentido de reeleger a Deus, a quem por negligência perdemos. Pode ainda ser compreendido como derivado de religar, segundo o mesmo Agostinho: ‘A religião nos religará ao Deus único e onipotente’. Desse modo, quer a religião se refira à frequente leitura, quer à reeleição daquilo que por negligência se perdeu, quer à religação, propriamente implica orientação para Deus. A Ele principalmente nos devemos ligar, como a infalível princípio. A quem também a nossa atenta eleição se deve dirigir, como para o último fim do qual nos desviamos pelo pecado e, crendo e protestando a fé, deveremos a ele voltar.” INTRODUÇÃO II. Conceitos básicos � Mondin nos apresenta em sua definição os elementos constitutivos da religião: � Mito, � Rito e � Normas. � A partir desta definição e do estudo destes elementos questionaremos: o que é o específico na religião? O que caracteriza a experiência humana da religião? 07/08/2014 6 INTRODUÇÃO II. Conceitos básicos � Por “fé” pode-se entender o assentimento à verdade daquilo em que se crê. Mas, no ato de fé, o assentimento dado pelo entendimento não é dado da mesma forma que na ciência ou na mera opinião. � Com efeito, no ato de fé a vontade move o entendimento a assentir com certeza, sem medo da opinião contrária, à verdade baseada no testemunho e na autoridade de outrem, em especial de Deus em sua revelação. INTRODUÇÃO II. Conceitos básicos � Por “sagrado”, compreende-se o que pertence a uma ordem de coisas separada, reservada, inviolável; “a qualidade do sagrado tem como efeito exigir um comportamento humano especial, isto é, diferente do que se tem diante desse mesmo tipo de coisas quando não trazem a marca da sacralidade (...)” Battista Mondin � Na literatura contemporânea, o “sagrado” é uma categoria decisiva para a compreensão da especificidade dos fenômenos religiosos. 07/08/2014 7 INTRODUÇÃO II. Conceitos básicos � Juntamente com a categoria do “sagrado” aparece o “numinoso”, conceito difundido, sobretudo, a partir da obra Das Heilige (O Sagrado) de Rudolf Otto (1869-1937). � Por “numinoso”, concebe-se algo de inacessível à redução conceitual (racional e científica), já que é inefável e indefinível, exercendo na pessoa humana duas forças misteriosas, mysterium tremendum e mysterium fascinans. � O primeiro aspecto do “numinoso” e do “sagrado” seria o repulsivo (tremendum), enquanto o segundo seria o atrativo (fascinans).
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