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Teorias da Comunicação Livro (1)

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TEORIAS DA 
COMUNICAÇÃO
TC_Iniciais_Impressa.indd 1 10/11/2017 15:24:31
Revisão técnica:
Deivison Moacir Cezar de Campos
Especialista em História contemporânea
Mestre em História Social
Doutor em Ciências da Comunicação
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147
T314 Teorias da comunicação / Rafaela Queiroz Ferreira Cordeiro
 [et al.] ; [revisão técnica: Deivison Moacir Cezar de
 Campos]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017.
 295 p. il. ; 22,5 cm.
 IISBN 978-85-9502-236-2
 1. Comunicação - Teoria. I. Cordeiro, Rafaela Queiroz
 Ferreira. 
CDU 007
TC_Iniciais_Impressa.indd 2 10/11/2017 15:24:31
TEORIAS DA 
COMUNICAÇÃO
Rafaela Queiroz Ferreira Cordeiro
Doutora em Letras/Linguística
Mestre em Letras/Linguística
Pesquisadora, professora 
e jornalista
Marina Costa
Jornalista
Mestre em Ciências Sociais
André Corrêa da Silva de Araújo
Mestre em Comunicação e Informação
Bacharel em Comunicação Social – 
Jornalismo
Cláudia Renata Pereira de Campos
Mestre em História Social
Licenciada e Bacharel em História
Designer de Moda
2017
TC_Iniciais_Impressa.indd 3 10/11/2017 15:24:31
© SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2017
Gerente editorial: Arysinha Affonso
Colaboraram nesta edição:
Editora: Mariana Belloli
Assistente editorial: Adriana Lehmann Haubert
Preparação de originais: Gabriela Dal Bosco Sitta
Capa sobre arte original: Cíntia Garcia e Fernanda Anflor
Editoração: Know-How Editorial
Reservados todos os direitos de publicação à
SAGAH EDUCAÇÃO S.A., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A.
Av. Jerônimo de Ornelas, 670 – Santana
90040-340 Porto Alegre RS
Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070
São Paulo
Rua Doutor Cesário Mota Jr., 63 – Vila Buarque 
01221-020 São Paulo SP
Fone: (11) 3221-9033
SAC 0800 703-3444 – www.grupoa.com.br
É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, 
sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, 
fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora.
IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
TC_Iniciais_Impressa.indd 4 10/11/2017 15:24:31
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL
É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, 
e, com isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para 
a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, 
assim, a educação também passa por tais transformações.
A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competiti-
vidade e a produtividade fizeram com que o Ensino Superior ganhasse 
força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. 
Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam 
ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, 
além de oferecer-lhes uma sólida formação, sempre pensando nas 
ações dos alunos no contexto da sociedade.
Janguiê Diniz
TC_Palavra.indd 5 10/11/2017 15:24:07
TC_Palavra.indd 6 10/11/2017 15:24:07
A recente evolução das tecnologias digitais e a consolidação da 
internet modificaram tanto as relações na sociedade quanto as noções 
de espaço e tempo. Se antes levávamos dias ou até semanas para saber 
de acontecimentos e eventos distantes, hoje temos a informação de 
maneira quase instantânea. Essa realidade possibilita a ampliação do 
conhecimento. No entanto, é necessário pensar cada vez mais em formas 
de aproximar os estudantes de conteúdos relevantes e de qualidade. 
Assim, para atender às necessidades tanto dos alunos de graduação 
quanto das instituições de ensino, desenvolvemos livros que buscam 
essa aproximação por meio de uma linguagem dialógica e de uma 
abordagem didática e funcional, e que apresentam os principais conceitos 
dos temas propostos em cada capítulo de maneira simples e concisa. 
Nestes livros, foram desenvolvidas seções de discussão para reflexão, 
de maneira a complementar o aprendizado do aluno, além de exemplos 
e dicas que facilitam o entendimento sobre o tema a ser estudado.
Ao iniciar um capítulo, você, leitor, será apresentado aos objetivos 
de aprendizagem e às habilidades a serem desenvolvidas no capítulo, 
seguidos da introdução e dos conceitos básicos para que você possa 
dar continuidade à leitura.
Ao longo do livro, você irá encontrar hipertextos que irão auxiliá-
-lo no processo de compreensão do tema. Esses hipertextos estão 
classificados como:
APRESENTAÇÃO
Traz dicas e informações extras sobre o assunto tratado na seção.
TC_Apresentação.indd 7 10/11/2017 17:43:03
Todas essas facilidades vão contribuir para um ambiente de apren-
dizagem dinâmico e produtivo, conectando alunos e professores no 
processo do conhecimento.*
Bons estudos!
* Atenção: para que seu celular leia os códigos, ele precisa estar equipado com câmera e com 
um aplicativo de leitura de códigos QR. Existem inúmeros aplicativos gratuitos para esse fim, dis-
poníveis na Google Play, na App Store e em outras lojas de aplicativos. Certifique-se de que o seu 
celular atende a essas especificações antes de utilizar os códigos.
Mostra um exemplo sobre o tema estudado, para que você possa compreendê-lo 
de maneira mais eficaz.
Alerta sobre alguma informação não explicitada no texto ou acrescenta dados sobre 
determinado assunto.
Indica, por meio de links e códigos QR*, infor-
mações complementares que você encontra na 
web.
https://goo.gl/fNYdkW
8 Apresentação
TC_Apresentação.indd 8 10/11/2017 17:43:03
SUMÁRIO
Unidade 1
Primeiros conceitos e definições de comunicação .............................. 13
Marina Costa
Comunicação: a origem do termo .............................................................................................................13
Os fundamentos científicos da comunicação social ......................................................................17
Comunicação e história .....................................................................................................................................20
Etapas da evolução da comunicação humana: uma teoria das 
transições ............................................................................................................ 31
Rafaela Queiroz Ferreira Cordeiro
A evolução da comunicação humana .....................................................................................................31
Etapas da evolução da comunicação humana ..................................................................................33
A origem da linguagem ....................................................................................................................................38
Elementos básicos do processo de comunicação ................................45
Marina Costa
Elementos básicos do processo comunicativo ..................................................................................45
Funções da linguagem ......................................................................................................................................50
Elementos básicos da comunicação e teoria ......................................................................................52
Pesquisa em comunicação: Mass Communication Research ...........59
Rafaela Queiroz Ferreira Cordeiro
O início da Mass Communication Research .........................................................................................60
A Escola Norte-americana ...............................................................................................................................64
Algumas considerações sobre os estudos dos MCM .....................................................................71
Origens da cultura de massa ........................................................................75
Marina Costa
Sociedade e cultura de massa......................................................................................................................75
Edgar Morin e a cultura de massa ...............................................................................................................80
Hannah Arendt e a cultura de massa........................................................................................................83
Unidade 2
A indústria cultural ...........................................................................................89
Rafaela Queiroz Ferreira Cordeiro
O que é indústria cultural? ...............................................................................................................................89
Características da indústria cultural ...........................................................................................................94
Críticas à indústria cultural: reificação e alienação ...........................................................................99
TC_Sumario.indd 9 10/11/2017 15:21:25
Os conceitos de dialética do Iluminismo e reprodutibilidade 
técnica ................................................................................................................105
Marina Costa
Dialética do Iluminismo .................................................................................................................................. 105
A indústria cultural .............................................................................................................................................109
Reprodutibilidade técnica .............................................................................................................................112
A Escola Norte-americana ........................................................................... 119
Rafaela Queiroz Ferreira Cordeiro
A Escola Norte-americana dos estudos de comunicação ........................................................119
Características da Escola Norte-americana .......................................................................................121
Alguns estudos da Escola Norte-americana ..................................................................................... 124
Unidade 3
A Escola de Frankfurt e a Escola de Chicago ........................................139
Rafaela Queiroz Ferreira Cordeiro
A Escola de Chicago de Sociologia ......................................................................................................... 139
A Escola de Frankfurt de Teoria Crítica ................................................................................................. 143
A constituição de uma escola de pensamento............................................................................... 147
Considerações finais ......................................................................................................................................... 149
Signo e cultura ................................................................................................153
André Corrêa da Silva de Araújo
O conceito semiótico de cultura .............................................................................................................. 153
A cultura como objeto da semiótica ...................................................................................................... 157
Código e cultura ...................................................................................................................................................161
Conceitos de signo em Saussure e Peirce ..............................................167
Cláudia Renata Pereira de Campos
Conceito de signo: Saussure e Peirce ..................................................................................................... 167
Tipos característicos de signo: Saussure e Peirce ........................................................................... 169
Considerações finais ......................................................................................................................................... 175
Análise do discurso francesa ......................................................................179
Rafaela Queiroz Ferreira Cordeiro
A análise do discurso francesa ................................................................................................................... 179
Algumas noções trabalhadas pela análise do discurso francesa ....................................... 182
Teóricos da análise do discurso francesa.............................................................................................188
Análise do discurso inglesa ........................................................................197
Rafaela Queiroz Ferreira Cordeiro
A análise do discurso inglesa ...................................................................................................................... 197
Estudos culturais .................................................................................................................................................201
A análise crítica do discurso .........................................................................................................................205
Sumário10
TC_Sumario.indd 10 10/11/2017 15:21:25
As contribuições da França para os estudos da comunicação ......213
Rafaela Queiroz Ferreira Cordeiro
Os estudos franceses dos meios de comunicação ........................................................................213
A Internacional Situacionista .......................................................................................................................223
A sociedade do espetáculo .........................................................................................................................224
As contribuições da América Latina para os estudos em 
comunicação ....................................................................................................233
Marina Costa
Centros de estudos e primeiras publicações referentes à comunicação na 
América Latina .................................................................................................................................................233
Os fundadores dos estudos de comunicação na América Latina ......................................239
As alternativas e contribuições mais recentes nos estudos em comunicação 
na América Latina .......................................................................................................................................... 243
Unidade 4
As teorias empíricas de campo .................................................................253
Marina Costa
Linhas gerais da Teoria Empírica de Campo .....................................................................................253
As pesquisas sobre o consumo dos mass media ............................................................................256
O contexto social e os efeitos dos mass media................................................................................258
Teoria Funcionalista .......................................................................................267
Rafaela Queiroz Ferreira Cordeiro
A Teoria Funcionalista dos MCM ...............................................................................................................267
Panorama da Teoria Funcionalista dos MCM: teóricos e funções .......................................272
As funções dos meios de comunicação de massa ...................................................................... 274
Algumas considerações finais ....................................................................................................................277
O Modelo Informacional ..............................................................................281
Rafaela Queiroz FerreiraCordeiro
A Teoria da Informação dos MCM ............................................................................................................282
O Modelo Informacional de Shannon e Weaver ............................................................................283
Principais noções da Teoria da Informação .......................................................................................287
Gabaritos ......................................................................... 295
11Sumário
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TC_Sumario.indd 12 10/11/2017 15:21:25
Primeiros conceitos e 
definições de comunicação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 „ Reconhecer a origem etimológica da palavra comunicação.
 „ Analisar os fundamentos científicos da comunicação.
 „ Relembrar as fases da comunicação ao longo da história.
Introdução
A comunicação faz parte da vida do ser humano desde o surgimento 
da própria humanidade. O ser humano é um ser social. Ele não vive de 
forma isolada e se comunica desde o passado mais remoto para ter as 
suas necessidades básicas atendidas. Hoje, as pessoas se comunicam 
para trocar informações, para se entreter, se integrar ao grupo, satisfazer 
as suas necessidades econômicas e afetivas.
Neste texto, você vai saber mais sobre a origem etimológica do termo 
comunicação. Também vai conhecer os fundamentos científicos da co-
municação e aprender sobre a história dos processos comunicativos.
Comunicação: a origem do termo
Antes mesmo de você se interessar em estudar e pesquisar comunicação, o ato 
de comunicar já fazia parte da sua vida intensamente, não é mesmo? As tradi-
cionais interações face a face e os antigos meios, como carta, jornal, telégrafo, 
telefone, rádio e televisão, têm dividido com ou cedido espaço para as interações 
via internet nos computadores e em seguida nos celulares smartphones. Hoje, 
você está conectado durante boa parte do seu dia. Interage com os amigos no 
U N I D A D E 1
TC_U1_C01.indd 13 10/11/2017 15:21:14
WhatsApp, vê o que eles fazem no Facebook, no Instagram ou no Snapchat, certo? 
Então, mesmo que não fosse um estudante de comunicação, seria interessante 
conhecer mais sobre esse tema. Afinal, ele faz parte e interfere nas vivências 
diárias de cada um. Mas você sabe o que é, de fato, comunicação? 
Para começar uma discussão sobre o conceito de comunicação, é preciso 
recorrer à etimologia da palavra, ou seja, à sua origem. João Pedro Sousa 
(2006), em Elementos de Teoria e Pesquisa da Comunicação e dos Media, 
alerta para o fato de que esse não é um conceito simples de delimitar. Isso 
ocorre pela sua amplitude e também porque diversas formas de comunicação 
ocorrem a todo momento, intencionalmente ou não. Afinal, o mundo está 
cheio de significados, e as pessoas estão frequentemente interpretando os 
acontecimentos de diversas formas. A raiz da palavra é latina: communicatione 
significa “ação comum” ou “participar”. Communicatione deriva de commune, 
que quer dizer “comum”. Assim, ao tornar algo comum, seja uma informação, 
uma emoção ou uma experiência, ocorre a comunicação.
O termo communicatio é formado por três elementos. Munis significa “estar encarregado 
de” e, junto ao prefixo co, indicativo de simultaneidade, dá origem à ideia de “atividade 
realizada conjuntamente”. A terminação tio reforça a ideia de atividade. Esse foi o 
primeiro significado do termo, quando utilizado pela primeira vez, no vocabulário 
religioso (MARTINO, 2013). 
No contexto do cristianismo antigo, quando o isolamento era valorizado 
como um caminho para encontrar Deus, havia duas correntes que lidavam com 
essa questão de formas diferentes. Uma era a dos anacoretas. Eles acreditavam 
na importância da solidão radical e viviam de forma individual. A outra era 
a dos cenobitas. Eles apostavam na vida em comunidade, em conventos ou 
mosteiros, também chamados de cenóbios, palavra que significa “lugar onde 
se vive em comum”. No mosteiro, surgiu uma nova prática, chamada de com-
municatio, referente a “tomar a refeição da noite em comum”. Dessa forma, 
communicatio significava não simplesmente ir jantar, mas sim o momento da 
quebra do isolamento, de juntar o grupo para fazer algo em comum. Por isso, o 
sentido de communicatio era diferente da noção de comer de uma comunidade 
primitiva (MARTINO, 2013). 
Primeiros conceitos e definições de comunicação14
TC_U1_C01.indd 14 10/11/2017 15:21:14
Esse sentido original de comunicação implica alguns pontos que são 
úteis para o entendimento dos conceitos atuais. Um aspecto é o de que 
comunicação não significa toda e qualquer relação, mas aquelas que têm o 
isolamento como pano de fundo. Além disso, existe a intenção de quebrar 
o isolamento. A ideia de uma realização em comum também está presente. 
É importante você não confundir comunicação com o conceito platônico de participa-
ção. Dois ou mais elementos com as mesmas propriedades não significa comunicação, 
mas participação. Por exemplo: a ideia de azul. O céu e o mar “participam” da ideia de 
azul, pois têm essa característica em comum. Também é importante que você não 
confunda comunicação com uma espécie de ação ou hábito coletivo. Comunicação 
não significa “ter algo em comum” por ser da mesma comunidade. A comunicação 
é um processo bem delimitado no tempo e não se confunde com a convivialidade 
(MARTINO, 2013). 
O que dizem os dicionários sobre o conceito de comunicação (MARTINO, 
2013, p. 15)?
1. Fato de comunicar, de estabelecer uma relação com alguém, com alguma 
coisa ou entre coisas.
2. Transmissão de signos por meio de um código (natural ou convencional).
3. Capacidade ou processo de troca de pensamentos, sentimentos, ideias 
ou informações por meio de fala, gestos, imagens, seja de forma direta 
ou pelos meios técnicos.
4. Ação de utilizar meios tecnológicos (comunicação telefônica).
5. A mensagem, informação (a coisa que se comunica: anúncio, novidade, 
informação, aviso, etc.).
6. Comunicação de espaços (passagem de um lugar a outro), circulação, 
transporte de coisas: “vias de comunicação – artérias, estradas, vias 
fluviais”.
7. Disciplina, saber, ciência ou grupo de ciências.
Os sentidos de comunicação dos dicionários são importantes para você ter 
uma ideia inicial sobre o tema, mas é preciso se aprofundar mais. De acordo 
com João Pedro Sousa (2006), é possível dissertar sobre comunicação sob 
15Primeiros conceitos e definições de comunicação
TC_U1_C01.indd 15 10/11/2017 15:21:14
duas grandes perspectivas. Uma seria a da comunicação como processo: 
comunicadores trocam, intencionalmente, gestos, palavras, imagens, ou seja, 
mensagens codificadas, por meio de um canal, gerando certos efeitos. A 
outra seria a da comunicação como uma atividade social. Portanto, os seres 
humanos, em uma dada cultura, vivem as suas realidades do dia a dia, criando 
e trocando significados.
As duas colocações se complementam. Nesse sentido, as mensagens só 
têm efeitos porque ganham um significado em determinado contexto social 
e cultural. Por outro lado, também há diferença entre as duas posições. A 
primeira considera que só há comunicação se houver um emissor, um receptor 
e uma mensagem codificada. Já para a segunda, isso não é necessário. Assim, 
à medida que os seres humanos dão significado aos acontecimentos do mundo, 
a comunicação está ocorrendo.
Ainda é possível complexificar mais os conceitos de comunicação. 
Para Muniz Sodré (1996), o termo se refere a pôr em comum os conteúdos 
que social, política ou existencialmente não devem permanecer isolados. 
De acordo com ele, o afastamento originário devido à diferença entre os 
seres humanos, à alteridade, é minimizado por causa de um laço formado 
pelo compartilhamento de recursos simbólicos. Já o termo“linguagem” 
se refere à “ordem de acolhimento das diferenças e de promoção da dinâ-
mica mediadora entre os homens” (SODRÉ, 1996). Nessa perspectiva, a 
comunicação é de extrema importância social, cultural e política. É por 
meio dela que as pessoas ultrapassam as diferenças e seguem em direção 
aos seus objetivos.
Você se comunica para (SOUSA, 2006, p. 23):
 „ trocar informações;
 „ entender e ser entendido;
 „ entreter e ser entretido;
 „ integrar-se aos grupos e às comunidades, às organizações e à sociedade;
 „ satisfazer as necessidades econômicas que lhe permitem pagar a alimentação, o 
vestuário e os bens que, de uma forma geral, você consome;
 „ interagir com os outros, conseguindo amigos e parceiros, tendo sucesso pessoal, 
sexual e profissional, algo fundamental para a autoestima e o equilíbrio. 
Primeiros conceitos e definições de comunicação16
TC_U1_C01.indd 16 10/11/2017 15:21:15
Os fundamentos científicos da comunicação 
social
Refletindo sobre a constituição do campo da comunicação, José Luiz Braga 
(2011) parte de duas noções. A primeira considera ocioso discutir sobre o 
estatuto acadêmico formal do campo. Assim, assume a sua existência enquanto 
campo social. Isso pois, quando se diz “comunicação social”, na atualidade, 
há um forte consenso sobre o assunto. A segunda não aceita uma explicação 
do campo com base em uma natureza interdisciplinar. 
Segundo Braga, a interdisciplinaridade pode ter diferentes sentidos. Um 
seria o de que um campo de estudos está sob influências de dados e conheci-
mentos desenvolvidos por outras disciplinas. Nesse caso, todos os campos do 
conhecimento são interdisciplinares. O segundo sentido seria uma referência a 
um espaço de interface. Neste, um dado conhecimento se forma na confluência 
de duas ou mais disciplinas, como na psicossociologia ou na bioquímica. Nesse 
caso, seria preciso identificar e analisar um conjunto específico de disciplinas 
que estariam compondo a interface interdisciplinar da comunicação. O terceiro 
sentido indica que o terreno da comunicação é vazio e não existiria caso não 
fosse o fato de que todas as disciplinas humanas e sociais têm algo a dizer 
sobre essa temática. Contudo, essa perspectiva frouxa, na visão do autor, não 
explica o porquê do interesse generalizado no tema. Além disso, não esclarece 
por que ele não cabe nos espaços de cada campo particular, como acontece 
com outras temáticas, como violência, trabalho ou sexo.
Em A Ciência do Comum, Muniz Sodré (2014) também questiona a ideia de inerência da 
interdisciplinaridade à comunicação. De acordo com ele, as ciências da comunicação 
produzem valor social, cultural e político, premissas de uma ciência social. No entanto, 
a sua não consolidação em ciência criou o rótulo de inter, multi e transdisciplinar, e 
isso seria sintoma teórico de crise de paradigma do conhecimento. Nesse debate 
da interdisciplinaridade, a comunicação deve assumir o seu protagonismo, já que é 
essencial às relações humanas nas áreas do saber.
Com relação à caracterização de qual é o objeto de conhecimento que 
define a comunicação, José Luiz Braga apresenta duas primeiras alterna-
tivas. Ou a comunicação surge como uma questão bastante ampla e muito 
17Primeiros conceitos e definições de comunicação
TC_U1_C01.indd 17 10/11/2017 15:21:15
presente nas atividades humanas, a ponto de o objeto se tornar inapreensível 
(tudo seria comunicação: a política, a educação, a literatura, etc.), ou ha-
veria ângulos e objetos específicos identificadores na área. O problema da 
primeira tendência é que a comunicação, estando em todo lugar, em todas 
as pautas, acaba estando em lugar nenhum, e o da segunda tendência é a 
possibilidade de se cair em um reducionismo lógico. Assim, preferências 
pessoais ou grupais de enfoque acabam pesando na escolha do que seria o 
campo. Outro problema é o de se evitar sobreposições em áreas de estudos 
mais tradicionais.
Mas há também possibilidades menos radicais. Uma diz que o objeto da 
comunicação é qualquer “conversação” do espaço social (o que há de trocas 
simbólicas e de interações nas situações da vida social), e a outra enfoca 
naquilo que ocorre nos meios de comunicação social ou mídia. “A definição 
da área pelos meios oferece o risco de segmentação do objeto em questões 
tecnológicas, ou jurídico-políticas, ou expressivo-interpretativas, ou outras 
[...]”, afirma Braga (2011). Portanto, o autor dá preferência à concepção de 
conversação.
Por fim, Braga destaca que o objeto da comunicação não pode ser apre-
endido enquanto “coisas” nem “temas”, mas como certo tipo de processos 
caracterizados por uma perspectiva comunicacional. O que importa é capturar 
os processos, seja nas mídias, nos signos ou em episódios interacionais. Sodré 
(2014), no mesmo sentido, aponta como objeto da comunicação os processos 
de vinculação.
Ainda com relação à discussão sobre o objeto da comunicação, Vera França 
(2013) aponta para o fato de que uma reflexão rápida sobre o assunto, uma 
percepção pela vivência ou senso comum, levaria à ideia de que o objeto seria 
empírico – os meios de comunicação de massa. No entanto, ela lembra que os 
objetos do mundo são recortados, religados, pelo olhar dos que os estudam. 
Pois, ao se pensar em meios de comunicação de massa (televisão, rádio, etc.) 
como objeto, não se pode deixar de questionar sobre o que, exatamente, seria a 
reflexão: o desenvolvimento tecnológico dos aparelhos? A produção discursiva 
dentro do meio? A diversidade de produtos que foram aí gerados? A cultura 
profissional dos trabalhadores do veículo?
Dessa forma, a comunicação tem ainda outra dimensão. Afinal, ela 
é também um conceito, uma forma de apreensão, uma representação de 
diferentes práticas – uma forma de conhecê-las e concebê-las. A partir 
disso, Vera França esclarece que o objeto da comunicação não são os obje-
tos comunicativos do mundo, mas a forma de identificá-los e construí-los 
conceitualmente.
Primeiros conceitos e definições de comunicação18
TC_U1_C01.indd 18 10/11/2017 15:21:15
Como resultado dos esforços para se saber mais sobre comunicação, 
surgiram os estudos e teorias da área. São o resultado de inúmeras iniciati-
vas, com pretensão científica, de conhecer a comunicação. A constituição 
desse campo de estudo passou por tensões, contradições e dificuldades. 
Isso decorre, segundo a autora, da própria natureza do objeto ou da relação 
que se estabelece, às vezes de forma conflituosa, entre o campo da teoria 
e o da prática.
França lembra que o próprio espaço acadêmico da comunicação teve início 
por uma razão de ordem pragmática: os cursos profissionalizantes na área 
de comunicação, sobretudo de jornalismo. Então, os cursos surgiram antes 
da criação das teorias que apareceram logo depois, constituindo a formação 
técnica, mas também proporcionando uma dimensão humanista e social à 
formação. Esse foco na prática trouxe algumas distorções, como a natureza 
instrumental da demanda. Assim, com certa frequência, o estudo da comuni-
cação é realizado visando a determinado resultado. É, nesse sentido, guiado 
por finalidades específicas, comprometendo o distanciamento crítico que é 
preciso no âmbito científico.
Por outro lado, a autora comenta que a crítica à identificação exagerada 
com a prática causou o efeito inverso: descolamento. Ela alerta que o foco 
na produção intelectual com desprezo pela empiria se transforma em pura 
abstração, não em produção científica. Assim, não faz sentido focar apenas 
na prática, nem só na teoria.
Entre as dificuldades relacionadas à definição da comunicação está a diversidade de 
fatos e práticas que compõem o objeto dessa área. Há inúmeras atividades profissionais, 
variedade de veículos, muitas linguagens, etc. Além disso, há a mobilidade do objeto 
empírico. Ou seja, os avanços tecnológicos ocorrem num ritmo muitomais acelerado 
do que a reflexão acadêmica. Por último, você pode considerar a heterogeneidade dos 
aportes teóricos. Nesse sentido, as teorias da comunicação, principalmente no início, 
são formadas por proposições advindas de investigações da sociologia, antropologia, 
psicologia, etc. Isso enriquece e ao mesmo tempo dificulta a integração teórica e 
metodológica do campo (FRANÇA, 2013).
Na visão de Vera França, os estudos da comunicação ainda não têm uma 
tradição estabelecida. O seu objeto ainda não foi constituído com clareza, nem 
19Primeiros conceitos e definições de comunicação
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a sua metodologia. Portanto, ela pensa que o campo da comunicação ainda 
está em constituição, como Sodré (2014). Diferente deste, entende que, por 
enquanto, trata-se de um domínio interdisciplinar. Aponta, no entanto, que 
“[...] a interdisciplinaridade é transitória: quando ela consegue se estabilizar, 
criar referências, fincar estacas – aí, sim, podemos falar do surgimento de um 
domínio novo” (FRANÇA, 2013).
Comunicação e história
A respeito do início da comunicação humana, ainda há muitas dúvidas e um 
território fértil para investigações. Não se sabe, de fato, se na Pré-história os 
seres humanos se comunicavam por gritos e grunhidos, assim como os animais, 
ou por gestos, ou ainda por uma mistura de tudo isso (DÍAZ BORDENAVE, 
1982). Sobre a origem da fala humana, se cogita que teve início com a imitação 
dos sons da natureza, como os das cachoeiras, rios e animais. Outra hipótese 
seria a de que os sons humanos começaram com as exclamações espontâneas, 
por exemplo, “ai” devido a uma dor, ou “ah” por admiração a algo. Além disso, 
especula-se que, nessa época, a comunicação também ocorria por sons emitidos 
por batidas das mãos e dos pés, bem como pelo uso de pedras e troncos ocos 
(DÍAZ BORDENAVE, 1982).
O fato é que o ser humano passou a considerar alguns elementos como 
representantes dos significados de outros elementos, e assim surgiram os sig-
nos. Ou seja, as pessoas da Pré-história associaram sons e gestos a objetos ou 
ações. Os sons e gestos, nesse contexto, seriam então os signos, compartilhados 
socialmente, e o repertório dos signos, bem como as regras de combinações entre 
eles, necessárias para haver o entendimento do grupo social, deram origem à 
linguagem. Graças a essas regras de combinações, que você conhece como gra-
mática, as intenções dos interlocutores ficam mais claras (DÍAZ BORDENAVE, 
1982). Já imaginou se o seu amigo dissesse “o doce comeu ela” em vez de “ela 
comeu o doce”? A ordenação dos signos permite a eficiência da comunicação. 
Mais tarde, para manifestar as mais diferentes intenções dos interlocutores, 
os seres humanos passaram a usar a linguagem de diversos modos: indicativo, 
interrogativo, imperativo ou declarativo. Também se percebeu que na lingua-
gem algumas palavras manifestavam uma ação ou o nome de algo, etc. Mas 
claro que ainda não havia as designações “verbo” ou “substantivo” (DÍAZ 
BORDENAVE, 1982).
A linguagem oral, apesar de sua eficiência, tinha duas grandes limitações: 
não era permanente e não tinha grande alcance. Diante desses desafios, os seres 
Primeiros conceitos e definições de comunicação20
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humanos começaram a pensar em formas de fixar os conteúdos comunicados 
e também de transmiti-los em distâncias maiores. Como você acha que o ser 
humano passou a fixar os signos então? Primeiramente por meio das pinturas 
primitivas, na Era Paleolítica (entre 35.000 e 15.000 anos da Era Cristã). 
Seja com intenção ritualística, estética ou expressiva, as pessoas da época 
registraram cenas de caça em cavernas como as de Altamira, na Espanha, ou 
de Dordogne, na França.
Figura 1. Réplica exposta no Museu Nacional de Altamira de uma pintura rupestre pré-
-histórica da caverna de Altamira, na Espanha.
Fonte: EQRoy/Shutterstock.com.
Ao longo da história, cada época teve as suas especificidades em relação 
aos processos comunicacionais. Dessa forma, em cada período a comunica-
ção atendeu a objetivos diferentes. Em 3.500 a.C., os sumérios inventaram a 
escrita. Já pensou nas transformações que essa invenção causou? Depois, a 
escrita surgiu também entre os judeus e gregos. Com isso, várias versões de 
narrativas mitológicas passaram a ser registradas em documentos: a epopeia 
de Gilgamesh, o Antigo Testamento judaico-cristão, o Baghavad Gita hindu 
e o Corão árabe. Esses registros permitiram a continuidade das tradições a 
que se referiam (HOHLFELDT, 2013).
A Grécia, no século V a.C., passou por profundas transformações. Atenas 
era uma aldeia rural com atividades agrícolas e pastoris, mas os seus acor-
21Primeiros conceitos e definições de comunicação
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dos com Esparta, contra o imperador persa Xerxes, fizeram a localidade se 
desenvolver com as atividades comerciais. Esparta fornecia a madeira que 
Atenas utilizava para a construção de barcos e consequente intensificação do 
comércio. Esparta também oferecia segurança militar e Atenas, distribuição de 
suas riquezas. Com a urbanização de Atenas, a arquitetura e as artes plásticas 
ganharam importância. Uma nova etiqueta social também foi instituída: comer 
e beber iguarias de outros lugares em rituais complexos faziam parte disso. A 
filosofia e outras atividades culturais passaram a ser financiadas pelos mais 
ricos. Dessa forma, personalidades como Sócrates ou Platão eram hóspedes 
das pessoas abastadas.
Foram justamente os gregos que refletiram inicialmente sobre a comu-
nicação humana, a partir dos pré-socráticos. Eles exerciam a comunicação 
como prática de poder. Mas quando Atenas começou a ter problemas com 
os acordos estabelecidos com Esparta, esses filósofos passaram a ser vistos 
de forma negativa pela sociedade. Eram tidos como perniciosos, pessoas 
que submetem os homens pela mente. O maior dos sofistas, Sócrates, foi o 
responsável pelo desenvolvimento da prática filosófica da maiêutica. Segundo 
esta, o aprendizado acontece por meio do diálogo, de perguntas e respostas. 
Assim, o mestre guia o aluno ao conhecimento. 
Mas as principais contribuições gregas para os primeiros estudos da co-
municação foram de Platão e Aristóteles. No livro VII da obra A República, 
Platão (427 – 327 a.C.) apresenta o Mito da Caverna. Trata-se da história de 
prisioneiros que viviam dentro de uma caverna. Tudo o que conheciam do 
mundo eram apenas as sombras do que se passava atrás deles, na entrada da 
“morada”. Assim, não conheciam a vida como quem estava livre e sob a luz. 
Um dia, um dos prisioneiros é liberto, vê o mundo fora da caverna, se impres-
siona e volta para contar aos amigos. Mas estes não o entendem e enxergam 
o ex-prisioneiro como mais uma sombra deformada (HOHLFELDT, 2013).
Para saber mais sobre o Mito da Caverna, 
acesse este link (FREIRE, 2011):
https://youtu.be/Rft3s0bGi78
Primeiros conceitos e definições de comunicação22
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Por meio do exemplo do Mito da Caverna, você pode perceber que Platão 
refletiu com profundidade sobre a comunicação, mas dentro de uma perspectiva 
negativa. Platão acreditava que havia um Mundo das Ideias, das essências, que 
antecedia a materialidade. Para ele, quando o ser humano recebia um corpo, 
guardava apenas um fragmento desse outro mundo. A caverna seria então 
uma referência ao corpo, e as sombras na parede seriam metáforas dos objetos 
materiais. De acordo com essa perspectiva, o acesso ao conhecimento seria 
dificílimo para a maioria das pessoas, com exceção dos filósofos (estes, devido 
à sapiência extraordinária, deveriam inclusive administrar a sociedade). A partir 
daí, Platão pode levar você a refletir sobre a impossibilidade da comunicação.
Já para Aristóteles (384 – 322 a.C.), que foi discípulo de Platão, a comu-nicação é, sim, possível. Em Retórica, ele aborda os discursos – aquilo que 
diz respeito a alguma coisa. Segundo Aristóteles, o ser humano é um animal 
social, um ser coletivo, e não uma individualidade. Vivendo socialmente, o 
ser humano usa a razão, traduzida em linguagem. Além disso, para viver bem 
e feliz no grupo, ele precisa da retórica. Esta é o conhecimento dos meios e 
estratégias para alcançar a persuasão.
Na situação da retórica, três elementos estão presentes: o que fala, aquilo 
de que fala e aquele a quem fala. Assim, Aristóteles foi o primeiro a formular a 
situação comunicativa. Ele também aborda três gêneros de discursos oratórios: 
deliberativo, judiciário e demonstrativo. No primeiro caso, que trata sobre o 
futuro, se aconselha ou se desaconselha algo. No segundo caso, voltado para 
o passado, uma ação judiciária comporta a acusação e a defesa. E o terceiro 
caso, referente ao presente, comporta duas partes, o elogio e a censura. 
O modelo pioneiro na contemporaneidade da Teoria da Comunicação, de 
Harold D. Lasswell, tem muito do trabalho de Aristóteles (HOHLFELDT, 
2013). Observe:
Aristóteles – a pessoa que fala → o assunto → a pessoa a quem fala
H.D. Lasswell – emissor (fonte) → mensagem → receptor
A diferença entre as duas teorias é que Lasswell acrescentou “em que 
canal e com que efeitos” ao processo comunicacional. Por outro lado, Aris-
tóteles tratou da questão dialógica do processo ao refletir sobre os gêneros 
citados. Nesse sentido, a pessoa que fala espera uma resposta do outro ou 
quer convencê-lo de algo.
Partindo para o contexto de Roma, do século I a.C. ao século I d.C., o que 
havia eram medidas no âmbito da comunicação para controle social e garantia 
de poder. Os governos romanos se mantinham bem informados, se antecipavam 
às crises, garantiam informação e opinião consensual. O primeiro dos 12 
imperadores romanos, Caio Júlio César (102 – 44 a.C.), costumava escrever 
23Primeiros conceitos e definições de comunicação
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sobre as suas façanhas, com interesse em documentar os acontecimentos 
para as gerações futuras. Ele inclusive inaugurou o estilo conhecido hoje 
como primeira pessoa enfática – em uma narrativa autobiográfica, em vez 
de se usar eu, usa-se a primeira pessoa do plural, nós. Júlio César também 
reformou as instituições romanas. Ele determinou que só a língua latina fosse 
usada no âmbito institucional, o que evitou a multiplicidade de informações 
(HOHLFELDT, 2013). Mais tarde, em consequência disso, a Igreja Católica 
adotou a língua latina como oficial. Além disso, fez a produção científica ser 
realizada em latim também para controle dos censores. 
Júlio César instituiu a acta diurna. O Senado era obrigado a registrar em papiros os 
conteúdos dos debates da Casa, que depois eram afixados nos muros da instituição. 
Mais tarde, esses registros passaram a ser copiados e distribuídos nas diversas regiões 
do Império, uma prática que antecipou as folhas noticiosas do século XVI (HOHLFELDT, 
2013). Posteriormente, o sobrinho-neto e herdeiro de Júlio César, César Augusto (63 
a.C. – 14 d.C.), estabeleceu um serviço de correios. Para isso, construiu também es-
tradas, tudo para manter um governo centralizado e conectado com as sedes das 
administrações das províncias (HOHLFELDT, 2013).
Muitos dizem que a Idade Média foi um período de pouco desenvolvimento 
intelectual e investimento no conhecimento. No entanto, você não deve es-
quecer que foi nesse período que Alexandre Magno (356 – 323 a.C.), rei da 
Macedônia, construiu a biblioteca de Alexandria. Esta chegou a ter 700 mil 
volumes, com cópias de livros do mundo inteiro. A biblioteca era o centro da 
cultura antiga. Além disso, os mercadores europeus levaram da China para a 
Europa invenções como a bússola, dando segurança às navegações, a pólvora, 
para as conquistas pela força, e o papel. 
A chegada do papel, junto à invenção do tipo móvel, permitiu a difusão de informações 
novas num ritmo antes nunca visto na Europa. Tanto que na metade do século XVII 
começaram a circular as folhas informativas (HOHLFELDT, 2013).
Primeiros conceitos e definições de comunicação24
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Outro contexto importante de mudanças nos processos de comunicação foi 
o da França entre o final do século XVIII e a primeira metade do século XIX. 
A Revolução Burguesa de 1789 realizou grandes transformações na história 
social. Depois dela, não importavam mais tanto os títulos de nobreza. A nova 
classe da burguesia valorizava o presente e investia no futuro. A educação 
passa a ter um papel social de destaque, com o surgimento da escola leiga, 
pública e gratuita.
Nessa época também ocorreu o movimento dos enciclopedistas, que pre-
tendia reunir os conhecimentos disponíveis em toda a Europa. O projeto 
foi idealizado por Jean Le Ronde d A´lembert (1717 – 1783) e Denis Diderot 
(1713 – 1784). Ele contava com sábios, filósofos e especialistas como Vol-
taire, Montesquieu, Rousseau, Jacourt, etc. No final das contas, em 1757, 
a Encyclopédie francesa foi iniciada com 17 volumes, escritos quase que 
inteiramente por Diderot, pois os colaboradores abandonaram o projeto por 
medo de serem presos. A enciclopédia foi editada em 1780, com o apoio de 
Madame de Pompadour.
O século XIX também foi marcado pelo surgimento do romance-folhetim. 
Ele tinha uma linguagem simples e um tom de suspense, prendendo a atenção 
até dos que estavam se iniciando no hábito da leitura. Os enredos se estendiam 
por muitos meses, como hoje acontece com as telenovelas e séries. Dessa 
forma, os leitores renovavam as assinaturas dos jornais. Já o final do século 
XIX viu a descoberta da eletricidade, a lâmpada elétrica, o surgimento do 
telégrafo, a radiodifusão telegráfica e o telefone sem fio, além do fonógrafo, 
cuja evolução possibilitou o surgimento dos múltiplos toca-discos. Em 1895, 
o cinema surge, na França, com os irmãos Lumière. Muitos foram contrários 
a ele, por acharem que era “coisa do demônio”, mas logo a invenção fascinou 
o público.
E foi no início do século XX que começaram os estudos específicos sobre 
o fazer comunicativo. Eles são contemporâneos de profundas mudanças que 
atingiram a comunicação. Como exemplos, você pode considerar o desen-
volvimento das técnicas, a institucionalização e a profissionalização das 
práticas e as novas configurações de espaço e tempo que se estabeleceram 
diante da realidade comunicativa do período. Os estudos sobre a comunica-
ção aconteceram por causa da chegada dos novos meios e também porque a 
sociedade precisava usar melhor a comunicação para a realização de projetos 
(FRANÇA, 2013).
25Primeiros conceitos e definições de comunicação
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Algumas das questões que marcaram o início das pesquisas sobre comunicação foram 
a urbanização crescente, a consolidação do capitalismo industrial, a sociedade de 
consumo, a expansão do imperialismo (especificamente o norte-americano), a divisão 
política do mundo entre capitalismo e comunismo, além do papel central da ciência, 
que passou a responder cada vez mais pelo progresso da vida social (FRANÇA, 2013).
Alguns trabalhos mostram que o alemão Otto Groth, em Estrasburgo, 
escreveu algo parecido com uma enciclopédia do jornalismo – a Teoria do 
Diário – nas primeiras décadas do século XX. Mas só a partir dos anos 1930 
é que começaram as pesquisas voltadas para os efeitos e funções dos meios 
de comunicação de massa, com a mass communication research, nos Estados 
Unidos. Nesse contexto, são considerados os fundadores da pesquisa em 
comunicação: Paul Lazarsfeld, Harold Lasswell, Kurt Lewin e Carl Hovland 
(FRANÇA, 2013).
As motivações dos estudos eram de ordem política e econômica. Com 
a expansão industrial, era preciso aumentar a venda dos novos produtos. 
Assim, havia muitaspesquisas focadas no comportamento das audiências e 
no aperfeiçoamento das técnicas de intervenção e persuasão.
Na I Guerra Mundial, os meios de comunicação tiveram o papel de promover 
o fortalecimento do sentimento nacional, sustentar a economia e influenciar as 
vontades da população civil. Depois disso, com a crise de 1929 e a retomada 
da economia americana com o New Deal, a comunicação tinha o papel de 
racionalização da sociedade. Mas foi na II Guerra Mundial que o alcance da 
comunicação ficou claro, com os programas da Alemanha nazista orientados 
por Joseph Goebbels. Nessa época, a propaganda era utilizada para controle 
político-ideológico.
Em relação à Europa e aos Estados Unidos, na segunda metade do século 
XX foi observado o surgimento de novas tecnologias, rápidas e eficientes, 
que afetaram profundamente o modo de vida das pessoas. A partir de 1930, 
o cinema teve grandes conquistas: primeiro o som, depois a cor, e, então, a 
ampliação dos quadros. Em relação à televisão, as primeiras experiências 
foram realizadas em 1929 na Inglaterra, na União Soviética e nos Estados 
Unidos. E, com as descobertas da II Grande Guerra, surgiram o rádio transis-
torizado, em 1954, e o computador eletrônico, com a IBM, em 1959. Por fim, 
graças aos avanços tecnológicos, voltamos um pouco àquela noção clássica 
Primeiros conceitos e definições de comunicação26
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de comunidade grega. Afinal, apesar das dimensões da Terra, as distâncias 
diminuíram e o tempo de troca de mensagens também (HOHLFELDT, 2013). 
Hoje, em minutos você pode conversar com alguém que está no Japão, seja 
para fechar negócios ou por razões pessoais e afetivas.
1. O que quer dizer a raiz latina 
da palavra comunicação 
– communicatione? 
a) “Ação comum”. Communicatione 
deriva de commune, que quer 
dizer “comum”. Portanto, 
ao tornar algo comum, 
seja uma informação, uma 
emoção ou uma experiência, 
ocorre a comunicação.
b) “Lugar comum”. Communicatione 
significa “estar num mesmo lugar, 
partilhando as mesmas ideias”.
c) “Padrão comum”. 
Communicatione se refere a 
comportamento. Portanto, 
quando há comportamentos 
semelhantes, há comunicação.
d) “Pensamento comum”. 
Communicatione tem a 
ver com transmissão de 
pensamento e entendimento 
entre interlocutores.
e) “Comungar”. Communicatione 
deriva de commune, que quer 
dizer “comum”. Portanto, a 
palavra surgiu no contexto 
religioso dos mosteiros.
2. José Luiz Braga (2011), sobre a 
caracterização de qual é o objeto 
de conhecimento que define a 
comunicação, afirma que: 
a) o objeto da comunicação não 
pode ser apreendido enquanto 
coisas nem temas, mas sim como 
um certo tipo de processos 
caracterizados por uma 
perspectiva comunicacional.
b) o objeto da comunicação é 
muito amplo e quase tudo 
pode ser comunicação: 
política, sociologia, arte.
c) o objeto da comunicação 
é restrito, se trata do que é 
apresentado nos meios de 
comunicação de massa.
d) o objeto da comunicação se 
restringe ao que é produzido 
pela televisão e pelo rádio.
e) o objeto da comunicação se 
refere aos processos identificados 
dentro das produções dos 
meios de comunicação social.
3. Sobre o campo da teoria e o campo 
da prática nos estudos relacionados 
à comunicação, pode-se dizer que:
a) a comunicação está no dia a dia 
das pessoas, por isso os estudos 
sobre essa área do conhecimento 
são necessariamente voltados 
para o empirismo.
b) a comunicação é um 
tema filosófico, por isso o 
enfoque dos estudos sobre 
comunicação é teórico.
c) devido à necessidade de 
formação técnica de jornalistas, 
os estudos da comunicação são 
27Primeiros conceitos e definições de comunicação
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voltados para questões 
práticas.
d) não há discussão sobre campo 
teórico e campo prático quando 
o assunto é comunicação.
e) é importante equilibrar as 
questões teóricas e práticas nos 
estudos sobre comunicação.
4. De acordo com as ideias expostas 
na obra do filósofo Platão (427 – 327 
a.C.), pode-se inferir que: 
a) a comunicação se manifesta 
naturalmente e com 
eficiência entre as pessoas.
b) para estabelecer comunicação, 
é preciso ler e compreender 
o Mundo das Ideias.
c) a comunicação só é possível 
entre os filósofos discípulos 
de Platão, pelo potencial 
crítico de cada um deles.
d) a obra de Platão não tem relação 
com a temática da comunicação.
e) é muito difícil estabelecer 
comunicação eficiente. 
Com exceção dos filósofos, 
a maioria das pessoas não 
acessa o conhecimento.
5. Aristóteles (384 – 322 a.C.), 
em Retórica, aborda a questão 
dos discursos – aquilo que 
diz respeito a alguma coisa. 
Tomando como referência essa 
obra e outras do filósofo grego, é 
correto afirmar que: 
a) na situação da retórica, três 
elementos estão presentes: 
o que fala, aquilo de que 
fala e a natureza.
b) na situação da retórica, três 
elementos estão presentes: 
emissor, mensagem e receptor.
c) na situação da retórica, três 
elementos estão presentes: 
o que fala, aquilo de que 
fala e aquele a quem fala.
d) Aristóteles trata da 
impossibilidade da 
comunicação. Raras 
são as vezes em que há 
processo comunicativo.
e) sobre comunicação, Aristóteles 
reproduziu as ideias de Platão, 
pois era seu discípulo.
Primeiros conceitos e definições de comunicação28
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BRAGA, J. L. Constituição do campo da comunicação. Revista Verso e Reverso, São 
Leopoldo, v. 25, n. 58, p. 62-77, 2011.
DÍAZ BORDENAVE, J. E. O que é comunicação. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1982.
FRANÇA, V. O objeto da comunicação/a comunicação como objeto. In: HOHLFELDT, 
A.; MARTINO, L. C.; FRANÇA, V. (Coord.). Teorias da comunicação: conceitos, escolas e 
tendências. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.
FREIRE, R. O mito da caverna: Platão – dublado. [S.l.]: YouTube, 2011. 1 vídeo. Disponível 
em: <https://www.youtube.com/watch?v=Rft3s0bGi78&feature=youtu.be>. Acesso 
em: 10 out. 2017.
HOHLFELDT, A. As origens antigas: a comunicação e as civilizações. In: HOHLFELDT, 
A.; MARTINO, L. C.; FRANÇA, V. (Coord.). Teorias da comunicação: conceitos, escolas e 
tendências. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.
MARTINO, L. C. De qual comunicação estamos falando? In: HOHLFELDT, A.; MARTINO, 
L. C.; FRANÇA, V. (Coord.). Teorias da comunicação: conceitos, escolas e tendências. 
13. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.
SODRÉ, M. A ciência do comum: notas para o método comunicacional. Petrópolis: 
Vozes, 2014.
SODRÉ, M. Reinventando a cultura: a comunicação e seus produtos. 4. ed. Petrópolis: 
Vozes, 1996.
SOUSA, J. P. Elementos de teoria e pesquisa da comunicação e dos media. 2. ed. Porto: 
BOCC, 2006. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-ele-
mentos-teoria-pequisa-comunicacao-media.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2017.
Leituras recomendadas
BEZERRA, E. D. Fundamentos sociológicos da comunicação. In: SÁ, A. (Coord.). Fun-
damentos científicos da comunicação. Petrópolis: Vozes, 1973.
BRASIL, J. P. Fundamentos antropológicos da comunicação. In: SÁ, A. (Coord.). Fun-
damentos científicos da comunicação. Petrópolis: Vozes, 1973.
PEREIRA, J. M. Fundamentos psicológicos da comunicação. In: SÁ, A. (Coord.). Funda-
mentos científicos da comunicação. Petrópolis: Vozes, 1973.
SÁ, A. Fundamentos filosóficos da comunicação. In: SÁ, A. (Coord.). Fundamentos 
científicos da comunicação. Petrópolis: Vozes, 1973.
SOUZA, M. R. Fundamentos linguísticos da comunicação. In: SÁ, A. (Coord.). Funda-
mentos científicos da comunicação. Petrópolis: Vozes, 1973.
TELES, E. Fundamentos biológicos da comunicação. In: SÁ, A. (Coord.). Fundamentos 
científicos da comunicação. Petrópolis: Vozes, 1973.
29Primeiros conceitos e definições de comunicação
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Etapas da evolução da 
comunicação humana: 
uma teoria das transições
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 „ Identificar o processo evolutivo da comunicação humana. 
 „ Descrever as etapas da evolução da comunicação humana. 
 „ Explicar o que é a linguagem.
Introdução
A comunicação é parte fundamental da sua vida. Você consegue imaginar 
uma vida sem e-mails, redes sociais ou telefone? Ora, o ato de se comu-
nicar é social e responde a necessidades e práticas diárias. Um rápido 
lance de olhar sobre a atualidade poderia levar você a pensar que, hoje, 
o uso da comunicação é marcado por um excesso, que não só responde 
a necessidades, mas as cria. Contudo, será que a comunicação sempre 
foi assim? Como era a comunicação dos primeiros homens? Quando 
surgiram a fala e a escrita?
Neste texto, você vai refletir sobre o processo evolutivo da comuni-
cação humana. Além disso, vai identificar as etapas da evolução dessa 
comunicação e, por fim, compreender o que é a linguagem e a sua 
natureza essencialmente social.
A evolução da comunicação humana
A história do início da comunicação humana é muito antiga e não teve início com 
o surgimento da imprensa de Gutenberg ou do telégrafo de Morse, como você 
poderia pensar. A capacidade de se comunicar é um fenômeno fundamental da 
existência do homem, fenômeno este que o acompanha desde o começo da sua 
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jornada na Terra. Mesmo o homem das cavernas possuía a necessidade de se 
comunicar. Sabe-se, contudo, que ela se dava de forma bem intuitiva e por meio 
de gritos, grunhidos e gestos. Além disso, as últimas descobertas informam que 
ele se reunia ao redor do fogo para falar das suas atividades cotidianas.
É, portanto, necessário discutir sobre a comunicação humana desde o seu 
início para compreender as mudanças atuais nas formas de comunicação. Desse 
modo, é preciso um retorno à anterioridade, ao início da humanidade. Afinal, 
mudanças na maneira de compartilhar significados ocorreram ao longo do 
processo evolutivo. Ora, compreender como o homem tem se comunicado com 
o passar dos milênios é importante para você entender como os seres humanos 
têm modificado seu comportamento conforme o tempo e o espaço. Contudo, 
você deve estudar a comunicação social tendo em vista o comportamento 
e o estilo de vida do homem em cada contexto. Portanto, precisa pensar, 
acima de tudo, que a história não caminha numa necessária linha progressiva 
e evolutiva no sentido de uma suposta superioridade. 
Ter acesso a esse desenvolvimento não é uma tarefa simples. Se não é nada 
fácil inferir as condições culturais humanas por meio de fósseis e antigos 
artefatos, o que dizer de reconstruir, ao longo do tempo e espaço, como os 
homens se comunicavam? E, além disso, o que dizer, a partir das várias formas 
de comunicação, quais implicações estas trouxeram para o estilo de vida que 
os homens adotavam? Logo, não seria equivocado afirmar que há uma relação 
íntima entre a evolução da comunicação humana e o comportamento social 
(DEFLEUR; BALL-ROKEACH, 1993). Você precisa, portanto, conhecer um 
pouco dessas histórias para que possa adotar uma postura mais crítica diante 
dos avanços tecnológicos da comunicação atual. O desafio está lançado. Agora, 
você vai começar a conhecer melhor as etapas da comunicação humana.
Figura 1. A evolução do homem.
Fonte: Panco/Shutterstock.com.
Etapas da evolução da comunicação humana: uma teoria das transições32
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Etapas da evolução da comunicação humana
O desenvolvimento da comunicação não se deu de forma tranquila e contínua. 
É um processo que foi se aperfeiçoando a partir das necessidades sociais e de 
sobrevivência. Essas várias etapas são chamadas por DeFleur e Ball-Rokeach 
(1993) de eras. Como você vai ver a seguir, a caracterização das eras não tem 
por objetivo uma cronologia da comunicação humana, como bem dizem esses 
autores. Ela objetiva oferecer uma “síntese ampla” de como foram ocorrendo 
as transições nas maneiras de o homem se comunicar.
A Era dos Símbolos e dos Sinais foi provavelmente o primeiro momento 
significativo do desenvolvimento da capacidade do homem de se comunicar. Ela 
se deu muito antes dos primitivos que caminhavam erectus. Há dois milhões de 
anos, surgira o Homo habilis, um dos seus primitivos ancestrais. É a partir dele 
que diferenças entre técnicas de sobrevivência dos primeiros seres humanos e 
de outros primatas começaram a se acentuar. Ferramentas de pedra lascada e 
uso do fogo podem ser interpretados como os primeiros passos em direção ao 
desenvolvimento da cultura humana (DEFLEUR; BALL-ROKEACH, 1993).
Nessa etapa, a comunicação entre os homens se dava de forma bem próxima 
a de outros mamíferos. O sistema de comunicação era intuitivo. Ele se formava 
por um número limitado de sons fisicamente capazes de serem produzidos – 
como rosnados, roncos e guinchos. Também incluía movimentos corporais, 
como o uso de gestos com mãos ou braços. Além disso, é interessante notar 
que o aparelho fonador desses homens era muito semelhante ao dos macacos 
e chimpanzés. Esse fato revela a incapacidade física desses hominídeos de 
falarem. Igualmente, o tempo para compreender a mensagem construída por 
meio de sons e gestos era muito maior, o que dificultaria o entendimento de 
relatos mais extensos e complicados. Ao longo da evolução da capacidade 
de aprendizagem do homem, os sinais e os símbolos foram se tornando mais 
elaborados. No entanto, a ausência de desenvolvimento da fala para propósitos 
interpessoais foi um grande limitador para o desenvolvimento cultural, o qual 
se deu de forma bastante lenta nesse período (DEFLEUR; BALL-ROKEACH, 
1993).
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Não confunda os sinais usados pelos Cro-Magnons com as línguas de sinais. Estas, 
ao contrário do que muitos imaginam, não são formadas por mímicas e gestos soltos, 
mas apresentam regras gramaticais próprias. Elas se estruturam por unidades mínimas 
– fonemas, morfemas, palavras e frases – que formam unidades mais complexas – os 
níveis fonológico, morfológico, sintático e semântico. Além disso, as línguas de sinais 
possuem diferenças regionais, socioculturais, de faixa etária e gênero, ou seja, variam 
quanto ao uso e conforme o contexto (FELIPE; MONTEIRO, 2007). Igualmente, são 
dotadas de complexidade e expressividade da mesma forma que as línguas orais-
-auditivas. São, portanto, sistemas linguísticos legítimos (IDALGO, 2008). Logo, o que 
diferencia uma língua de sinal das outras é a sua modalidade visual-espacial.
Posteriormente, cerca de 1,6 milhão de anos depois, o Homo erectus apa-
rece. Com ele, se nota um aumento da relação entre o cérebro e o corpo. Dessa 
cadeia ancestral, descenderam as pessoas do Neanderthal (Homo sapiens 
neanderthalensis). Estas duraram por volta de 35 mil anos e desapareceram 
misteriosamente. Elas foram sendo substituídas pelos Cro-Magnon (Homo 
sapiens sapiens). Além das ferramentas, já usadas pelos seus antepassados, 
os homens de Cro-Magnon faziam roupas, conservavam alimentos e eram 
socialmente organizados. Também domesticavam animais, usavam metais – sua 
utilização tem início aqui –, adotavam a agricultura e criavam comunidades 
fixas. A partir deles, teve início uma tradição artística com entalhes e pinturas 
nas cavernas. Isso é importante porque é a partir dos Cro-Magnons (Homo 
sapiens sapiens) que a Era da Fala e da Linguagem começa (DEFLEUR; 
BALL-ROKEACH, 1993).
A origem da linguagem tem sido um assunto de grande interesse e con-
trovérsia entre os pesquisadores até os dias de hoje. Não há, a esse respeito, 
um consenso sobrequando se deu exatamente o nascimento da linguagem. 
Alguns arriscam que ela surgiu há 200 mil anos. Para os autores abordados 
aqui, citados anteriormente, a fala e a linguagem parecem ter surgido entre 
35 e 40 mil anos atrás com os Cro-Magnons. Eles tinham uma estrutura 
craniana, assim como eram dotados de língua e laringe, exatamente como a 
do homem atual. 
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O surgimento da fala levou inevitavelmente ao desenvolvimento da cultura oral. 
Igualmente, por meio do raciocínio com a linguagem, os Cro-Magnons puderam 
planejar e caçar de forma mais ordenada, se defender e explorar melhor as regiões 
para a caça que os homens de Neanderthal, uma vez que estes últimos permaneceram 
na Era dos Símbolos e dos Sinais (DEFLEUR; BALL-ROKEACH, 1993).
Nesse momento, os Cro-Magnons aprenderam a lidar com as várias mu-
danças climáticas que se sucederam e os impulsionaram ao nomadismo. Ao 
longo dos séculos, se fixaram no Crescente Fértil, desenvolveram o trabalho 
com a terra, aprenderam a criar animais e passaram a adorar deuses. Além 
disso, é marca dessa época o uso de metais, a tecelagem, a roda e a cerâmica. 
No entanto, ainda não sabiam escrever. De toda forma, símbolos diversos, 
palavras e números permitiram que os seres humanos passassem a classificar, 
sintetizar e especular, lembrando e comunicando mensagens mais extensas 
(DEFLEUR; BALL-ROKEACH, 1993).
Figura 2. Os Cro-Magnons (Homo sapiens sapiens).
Fonte: Cimmerian/Shutterstock.com.
A transição da etapa anterior para a Era da Escrita se deu de forma bem mais 
rápida, por volta de 5 mil anos depois: “[...] a história da escrita é a passagem 
da representação pictórica para sistemas fonéticos, da representação de ideias 
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complexas com imagens ou desenhos estilizados para a utilização de simples 
letras dando a entender determinados sons.” (DEFLEUR; BALL-ROKEACH, 
1993, p. 30). As formas mais antigas de registrar informações recuperadas até 
os dias de hoje foram representações de animais e cenas de caças em pedras, 
isto é, representações pictóricas que passaram a ter significados de imagens 
padronizados. Ou seja, o primeiro passo para criar a escrita se deu com a padro-
nização de significados de imagens. Afinal, se não houvesse uma compreensão 
comum e partilhada entre as representações, como as pessoas entenderiam o 
seu sentido? Isso se deu, contudo, durante a consolidação da agricultura, o que 
levou inevitavelmente à necessidade de se estabelecer limites e direitos nas 
propriedades de terra e nas atividades comerciais. Portanto, você não deve se 
surpreender com o fato de que a escrita tenha começado em regiões como a 
da Suméria – o atual Iraque – e a do Egito, locais em que se praticava a agri-
cultura. São deles as famosas escritas pictográfica, por meio dos hieróglifos, e 
cuneiforme, respectivamente. Igualmente, após variações entre diversos povos, 
os gregos padronizaram e simplificaram o sistema de escrita, o qual foi ainda 
aperfeiçoado pelos romanos.
É importante que você saiba que a escrita se desenvolveu de forma independente e 
simultânea em várias partes do mundo, como entre os chineses e os maias, os quais 
elaboraram uma escrita independente. Ademais, os livros passaram a ser comuns na 
Idade Média, porém eram elaborados pelos monges e escribas, além de mais restritos 
ao seu domínio, antes do surgimento da imprensa. Nesse momento, os escribas se 
tornaram uma classe privilegiada sob o controle da elite, bibliotecas foram abertas 
e as artes e ciências começaram a se desenvolver (DEFLEUR; BALL-ROKEACH, 1993).
Posteriormente, surge a Era da Impressão. Em 1945, Johannes Guten-
berg inventa a prensa impressora, na Alemanha, mais especificamente na 
cidade de Mainz. Pouco antes de Colombo chegar às Américas, o primeiro 
livro foi produzido por uma prensa que usava tipos móveis fundidos em 
metal. Igualmente, houve nessa etapa uma mudança significativa no de-
senvolvimento e na “preservação” da cultura. Isso pois, antes disso, boa 
parte dos livros eram escritos em latim e a informação restrita aos padres, 
escribas, políticos e grupos de elite. Assim, a informação passou a ser mais 
acessível a todos.
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Igualmente, ocorria a produção de milhares de livros em papel. Estes se 
tornavam disponíveis para o grande público. Dessa forma, as pessoas passaram 
a ter mais interesse em aprender a ler. Uma modificação de destaque trazida 
pela prensa foi a possibilidade de reprodução de livros. Estes passaram a ser 
copiados mais rapidamente e com mais precisão. Além disso, três importantes 
pontos marcaram esse momento: a difusão da alfabetização, o surgimento 
do jornal de massa e a adoção, posteriormente, do jornal como um complexo 
cultural. No fim do século XIX, os novos veículos de massa, tais como jornais, 
livros e revistas, começaram a causar impactos na forma de o sujeito agir, 
interagir e pensar. Assim, tem início a próxima era.
O início da Era da Comunicação de Massa se dá no começo do século 
XX, quando a imprensa de massa passa a ser amplamente aceita pela popula-
ção. Nesse momento, surge o telégrafo em 1830 e, depois, o cinema, o rádio 
doméstico e a televisão; estes dois últimos em 1920 e 1940, respectivamente. 
A invenção e a adoção ampla do filme, do rádio e da televisão em diversos 
ambientes e cômodos das casas, se estendendo a populações maiores, au-
mentaram a oportunidade de as pessoas se comunicarem e empregarem a 
linguagem. Isso implicou em formas distintas de se organizarem, produzirem 
conhecimento e cultura (DEFLEUR; BALL-ROKEACH, 1993).
Você sabia que a fotografia, quando foi inventada, trouxe um impacto gigantesco ao 
desenvolvimento da comunicação de massa? Ela, contudo, muitas vezes é deixada de 
lado quando se discutem os meios de comunicação, seus desdobramentos e impactos 
na sociedade. Segundo Díaz Bordenave (1997), a foto permitiu a ilustração de livros, 
jornais e revistas, inspirou o cinema – antes, mudo, e, depois, sonoro – e se aliou à 
eletrônica, possibilitando a veiculação de imagens por meio da televisão. Tem-se 
registro de que em 1880 foi publicada pela primeira vez uma fotografia no jornal 
nova-iorquino Daily Graphic, intitulada Shantytown (FREUND, 1995). Ela trouxe impacto 
revolucionário na forma como os acontecimentos passariam a ser noticiados a partir 
de então. Assim, a introdução da fotografia modificou a visão das ditas massas, uma 
vez que ela abriu uma janela para o mundo (MARTINS, 2013). Para mais informações 
a respeito da relação entre a fotografia, a história e a sociedade, você pode ler a obra 
Fotografia e Sociedade, de Gisèle Freund.
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A Era dos Computadores e a atualidade das 
comunicações 
Começou, recentemente, a Era dos Computadores. Ninguém está seguro 
ainda quanto ao que essa era subentende para a comunicação (DEFLEUR; 
BALL-ROKEACH, 1993). Contudo, como você sabe, os computadores já 
trouxeram muitos impactos para a forma de as pessoas se comunicarem. Eles 
transformam e informatizam cada vez mais as práticas sociais diárias. É muito 
cedo para avaliar adequadamente os impactos culturais, organizacionais e 
culturais promovidos nessa etapa. Mas já se pode antecipar que os avanços 
tecnológicos atuais abrem as portas para se pensar como antigos comporta-
mentos estão sendo moldados e quais estilos de vida passam a ser criados e 
estimulados. Isso sem falar, é claro, no surgimento de novas mídias e redes 
sociais – por exemplo, o Facebook e o Twitter. 
A evoluçãoe a acumulação cultural humanas não param de acontecer. Afinal, tal 
desenvolvimento prossegue com o desenrolar da história do sujeito. Desse modo, é 
pertinente questionar o seguinte: será que tratar do surgimento ou prolongamento 
de novas mídias é o mesmo que falar em “novas” formas de comunicação? 
Ao estudar as transições na capacidade do homem de se comunicar, você precisa 
entender que se fala, conforme defendem DeFleur e Ball-Rokeach (1993), muito mais 
de uma acumulação do processo comunicativo do que de um relato de períodos 
dispostos de forma separada e distinta. Ora, a história da comunicação humana tem 
sido muito mais uma história de combinação de sistemas do que da passagem 
de um para outro, não é mesmo? Essa reflexão é crucial para a leitura que se faz das 
etapas da comunicação.
A origem da linguagem
A linguagem é frequentemente associada a um conjunto de palavras faladas 
ou escritas. Estas são combinadas pelos falantes de uma língua de uma forma 
que lhes seja possível se comunicar por meio delas. No entanto, a linguagem 
não é só isso: ela é, de fato, muito mais do que o falado e o escrito. Você 
pode ainda considerar que ela é constituída significativamente pelo (i) não 
verbal, a exemplo dos gestos, (ii) por sons e murmúrios, como o balbuciar 
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de um bebê, ou mesmo (iii) pela entonação dada ao conteúdo escrito ou 
falado. Além disso, se você parar para pensar sobre o que é a linguagem, 
observará que ela é dotada de certa organização linguística. Se não houvesse 
tal ordenação, que os falantes devem seguir, a compreensão se tornaria mais 
próxima do impossível.
De acordo com Volóchinov/Bajtín e Vigotski, a linguagem não surgiu 
pela via sobrenatural, nem pela invenção consciente e meditada, como havia 
se pensado no século XVIII ([VOLÓCHINOV]; BAJTÍN; VIGOTSKI, 
1993). Há, contudo, duas teorias que fizeram sucesso e que você precisa 
conhecer: (1) a teoria das onomatopeias e (2) a teoria das interjeições. 
De acordo com a primeira, o homem tentava produzir os sons dos animais 
ou os que acompanhavam os fenômenos da natureza. Nessa perspectiva, 
esses sons se converteram em palavras – embora o número delas fosse 
muito limitado – que designavam objetos. Na segunda, os sons emitidos 
pelos homens se relacionavam a sensações fortes que eles tinham sobre 
algum objeto. Esses sons, muitos em forma de exclamações involuntárias 
ou interjeições, passam a se constituir em signos fixos e significantes de 
objetos, se transformando em palavras. O problema dessas duas teorias, 
conforme discutem Volóchinov/Bajtín e Vigotski, é que elas são infunda-
das, pois não explicam a natureza social da linguagem ([VOLÓCHINOV]; 
BAJTÍN; VIGOTSKI, 1993).
No entanto, posteriormente, outras perspectivas teóricas que tomam a 
linguagem como um fenômeno social passam a surgir. Por volta de 1876, um 
caminho teórico é sugerido a partir dos estudos desenvolvidos por Engels (1876 
apud [VOLÓCHINOV]; BAJTÍN; VIGOTSKI, 1993): por meio do domínio 
sobre a natureza, do desenvolvimento da mão de obra e do trabalho, o homem 
vai se tornando cada vez mais social. Em outras palavras, ao se descobrir 
novas necessidades e ao se organizar o trabalho como uma atividade coletiva e 
comum entre os membros da sociedade, surge a necessidade de um dizer algo 
ao outro. Já para Noiret (apud [VOLÓCHINOV]; BAJTÍN; VIGOTSKI, 1993), 
a linguagem nasce do trabalho primitivo e comum dos antepassados. Essas 
ideias tiveram respaldo pelos estudos de Marr (1926 apud [VOLÓCHINOV]; 
BAJTÍN; VIGOTSKI, 1993). Ele afirmou que a linguagem foi criada sob a 
base de um instinto de socialização. Esse instinto se baseava na organização 
e nas necessidades econômicas (teoria jafética). Ou seja, a linguagem havia 
nascido de um poderoso processo de luta contra a natureza, percorrendo o 
mesmo processo de desenvolvimento da cultura material, econômica e técnica. 
Além disso, antes de a linguagem se tornar articulada e fônica, ela era formada 
por gestos e mímica, se caracterizando como manual.
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É importante você perceber que quando o aparelho de fonação começou a se desen-
volver, não estavam em jogo palavras ou signos, mas sons básicos que acompanhavam 
os rituais coletivos. Ademais, diante da necessidade do homem de se compreender, 
de se explicar e de dizer os fenômenos, o desenvolvimento da linguagem fônica vai 
permitindo que se alargue o universo de objetos que podem ser denotados pela 
linguagem ([VOLÓCHINOV]; BAJTÍN; VIGOTSKI, 1993). 
Assim, os primeiros homens da Idade da Pedra, por serem caçadores e 
coletores, usavam a linguagem das mãos. Os sons, quando emitidos, eram 
ainda inarticulados e expressavam gritos de emoção. Nessa época, a arte era 
associada à magia. Isso foi uma importante condição para o surgimento da 
linguagem fônica: os movimentos mágicos das mãos foram sendo seguidos por 
gritos também mágicos. Vão se desenvolvendo, então, os órgãos do aparelho 
de fonação. Os elementos fônicos fundamentais começam a ser elaborados. 
Você sabia que o rito de magia era associado ao desenvolvimento econômico e ao 
provimento das necessidades pela natureza? Na época do homem neolítico, magia 
e trabalho se confundiam como uma coisa só. Era por meio dos rituais de magia que 
o homem pedia pela chuva e pela colheita, por exemplo, e agradecia pelas preces 
atendidas. O ritual era, portanto, parte fundamental para a sobrevivência.
Mais adiante, conforme afirmam Volóchinov/Bajtín e Vigotski (1993), têm 
início o desenvolvimento da caça dos animais domésticos e da agricultura. 
Com isso, surgem novos estágios de desenvolvimento linguístico: (1) o es-
tágio totemístico e (2) o estágio cósmico. O primeiro se caracterizava pela 
divinização de animais e vegetais. O segundo, de céus e fenômenos celestes.
A partir do desenvolvimento cultural, passa a haver a necessidade de os 
homens se unirem em grupos. Logo, o entrecruzamento linguístico ocorre 
com o dos grupos. Novos elementos linguísticos surgem e a bagagem lexical 
se enriquece. Como os sons eram ainda limitados, as palavras se abreviam e 
se reduzem, podendo servir como base para a origem de novas expressões. 
Etapas da evolução da comunicação humana: uma teoria das transições40
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Disso, advém a próxima fase do desenvolvimento da linguagem, a qual se 
liga à organização das palavras em frases, mas de forma a não modificar o 
sentido daquelas.
A natureza social da linguagem
A linguagem não é um elemento divino, nem é da natureza. É o produto da 
atividade humana coletiva que reflete tanto a estrutura socioeconômica como 
a política na sociedade . Há, desse modo, uma relação íntima da linguagem 
com a vida e a organização social. E, indo ainda mais adiante nessa discussão, 
é possível afirmar que foi devido à existência do outro, além de um eu, que 
a linguagem pôde surgir. Ou seja, foi pela necessidade de comunicação dos 
agrupamentos humanos da Idade da Pedra que a linguagem pôde nascer e 
se desenvolver. Com a ajuda da linguagem, o homem pôde criar a moral, o 
direito, a arte, a ciência e, ao mesmo tempo, a sua consciência.
Logo, cada enunciado pronunciado, pensado ou até mesmo imaginado pressu-
põe, para se realizar, a existência não só daquele que fala, mas também daquele 
que escuta. E aqui você deve considerar desde o simples “Choveu!” a orações 
mais complexas, como “A chuva abundante do mês de agosto ocasionou queda 
de barreiras, mortes e indivíduos desabrigados”. Desse modo, para existir um 
enunciado é preciso o outro, isto é, (co)enunciadores. Isso permite concluir que 
a linguagem é eminentemente social (VOLÓCHINOV, 2013). Assim, qualquer 
palavra simplesmente

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