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I. Relatório. 
 
 Cuida-se de ação ajuizada por João Henrique Martins em face da Agência Nacional de 
Transportes Terrestres, por meio da qual pleiteia a declaração de inexistência de débito, bem 
como a condenação da autarquia demandada tanto em obrigação de fazer consistente em 
retirar apontamento indevido em serviço de proteção ao crédito quanto em obrigação de 
pagar quantia a título de compensação por danos morais. 
 
 Digno de registro que a causa fora inicialmente proposta perante o Juízo de Direito da Vara 
Única da Comarca de Serrita/PE, que deferiu a antecipação dos efeitos da tutela relativamente 
à ordem de facere e fixou multa cominatória. Contra tal decisão, o ente público da 
administração pública indireta requerido - uma vez devidamente citado e intimado e tendo 
cumprido o comando jurisdicional provisório - interpôs agravo de instrumento ao Tribunal 
Regional Federal da 5ª Região, remédio esse recebido apenas em seu efeito devolutivo, e, ao 
final, julgado provido, para cassar a tutela de urgência concedida e reconhecer a Justiça 
Federal como competente. 
 
 Nesse ínterim, houve, no âmbito da justiça comum estadual, o encerramento da fase 
postulatória com oferecimento de contestação e réplica, e a prolação de decisum que, 
considerando o quanto aludido pela ANTT em sua reação defensiva, revogou capítulo de 
pronunciamento anterior que deferiu pleito autoral de inversão do ônus da prova - uma vez 
que não se trata de relação consumerista - e declinou da competência para este Juízo federal, 
com medida de jurisdição ratione personae na hipótese. 
 
 Redistribuído o instrumento da demanda, oportunizou-se a ambas as partes a indicação de 
provas a produzir, tendo os correspondentes prazos transcorridos in albis. 
 
 É o que cumpre relatar. Fundamento e decido. 
 
II. Fundamentação. 
 
 Da análise dos autos, infere-se que a controvérsia diz respeito a - segundo restou 
esclarecido ao longo do feito - multa de trânsito aplicada pela Agência Nacional de Transportes 
Terrestres em desfavor de João Henrique Martins, identificado como embarcador da carga 
transportada com excesso de peso bruto total (PBT) - considerado o percentual de tolerância 
fixado pelo CONTRAN nas hipóteses de fiscalização por equipamento - pelo caminhão de 
marca Mercedes-Benz, modelo L 1620, placa JJB 4105 Caruaru-PE, no dia 23/04/2012, tendo o 
correspondente auto de infração registrado que a ocorrência deu-se por volta de 10h42min, 
no KM 690,5 da rodovia BR 381, Município de Lavras/MG. 
 
 Pois bem. 
 
 De acordo com o § 4º do art. 257 do CTB: "O embarcador é responsável pela infração 
relativa ao transporte de carga com excesso de peso nos eixos ou no peso bruto total, quando 
simultaneamente for o único remetente da carga e o peso declarado na nota fiscal, fatura ou 
manifesto for inferior àquele aferido". 
 
 In casu, os requisitos previstos na legislação restaram devidamente preenchidos, como se 
pode observar do conteúdo do campo 60 do aludido AI, bem como a partir do cotejo das 
informações constantes dos campos 58, 45 e 46, nessa ordem (cf. documento à fl. 58), 
cumprindo ressaltar, por oportuno, que os atos administrativos gozam de presunção de 
legitimidade e veracidade. 
 
 Assim sendo, evidenciada a responsabilidade do demandante, na qualidade de embarcador 
de mercadoria transportada com excesso de peso. 
 
 Noutro giro, tem-se que, no bojo do procedimento administrativo respectivo, de n.º 
50510.009712/2012-54, observaram-se o contraditório e a ampla defesa, nos seguintes 
termos: através do envio de notificações ao indigitado infrator, por cartas registradas, tanto 
para apresentar defesa quanto, ulteriormente, para interpor recurso da contra a decisão de 
aplicação de penalidade; e a repetição de tais comunicações via editais publicados no DOU, em 
decorrência da devolução das aludidas postagens sem cumprimento, malgrado as mesmas 
tenham sido destinadas ao endereço do autuado cadastrado junto à Rede Infoseg. 
 
 Nessa toada, não merece prosperar a alegação do autor, em sede de réplica, de invalidade 
das remessas postais, uma vez que dirigidas a logradouro distinto do indicado no auto de 
infração. Isso porque o mesmo foi lavrado apenas na presença do condutor do veículo, 
Naelson Domingos dos Santos (que não figura no polo passivo da relação jurídica 
administrativa, cumpre dizer), bem como o domicílio do embarcador infrator nele apontado - a 
saber, zona rural do Município de Petrolina/PE, sem identificação de CEP (cf. campos 16-24) - 
entremostra-se deveras incompleto, e, portanto, insuficiente para localização. 
 
 Consectariamente, a situação subsume-se à hipótese prevista no § 4º do art. 26 da Lei n.º 
9.784/99 (que regula o processo administrativo no âmbito da administração pública federal 
direta e indireta), in verbis: "No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com 
domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial". 
 
 Não obstante, vale ressaltar que a autarquia demandada, consoante já dito, ainda insistiu, 
antes, na comunicação por correio, utilizando-se, na oportunidade, de endereço registrado em 
base de dados idônea, qual seja, a Rede Infoseg. 
 
 Nesses termos, patente a regularidade de procedimento de aplicação da multa, 
 
 Por tudo isso, haja vista a existência de responsabilidade da parte autora e a correção do 
trâmite do processo administrativo de imposição de penalidade, não há que se falar em 
indébito, negativação indevida nem configuração de dano moral. 
 
 Em arremate, digna de colação a ementa de julgado do egrégio TRF5 sobre causa 
semelhante: 
 
ADMINISTRATIVO. DÍVIDA POR MULTA COBRADA PELA ANTT. INSCRIÇÃO DA EMPRESA NO 
SERASA. POSSIBILIDADE. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. AUSÊNCIA DE ILICITUDE. 
DESCABIMENTO. ADOÇÃO DA TÉCNICA DA MOTIVAÇÃO REFERENCIADA ("PER RELATIONEM). 
AUSÊNCIA DE NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ENTENDIMENTO DO STF. 1. Trata-se 
de apelação interposta contra sentença que julgou improcedente o pleito formulado 
objetivando provimento jurisdicional, com pedido de antecipação dos efeitos da tutela, para 
que seja excluído o nome da empresa autora do banco de dados do SERASA, inserido no 
referido órgão em virtude das supostas dívidas relativas ás multas G13285101, G13288212, 
G13291059, G13292784 E G4037222, assim como a declaração da ilegalidade das multas 
supracitadas e a condenação da entidade ora ré ao pagamento de indenização por danos 
morais. 2. A mais alta Corte de Justiça do país já firmou entendimento no sentido de que a 
motivação referenciada ("per relationem") não constitui negativa de prestação jurisdicional, 
tendo-se por cumprida a exigência constitucional da fundamentação das decisões judiciais. 
Adotam-se, portanto, os termos da sentença como razões de decidir. [...] 18. "[...] as multas 
foram impostas no exato cumprimento dos termos do art. 257, parágrafo 5º, do CTB, verbis: 
"Art. 257. Omissis. [...] parágrafo 5º. O embarcador é responsável pela infração relativa ao 
transporte de carga com excesso de peso nos eixos ou no peso bruto total, quando 
simultaneamente for o único remetente da carga e o peso declarado na nota fiscal, fatura ou 
manifesto for inferior àquele aferido". (grifei) 19. "Dessa forma, a alegação de que o 
transportador teria embarcado outras cargas, além das pertencentes à empresa MOSSORÓ 
INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE SAL LTDA., precisaria de prova robusta, não bastando a menção ao 
peso citado na nota fiscal, porquanto essa justificativa é o fundamento legal para a 
responsabilização apenas do embarcador pelo excesso de peso". 20. "Destarte, à luz de todas 
essas considerações, não procede o pedido de declaração de ilegalidade das multas aplicadas 
e, por conseguinte,de indenização por danos morais requerido pela autora, visto que a 
conduta da ANTT, a todo momento, revestiu-se de licitude, não havendo que se falar em 
violação à sua imagem". Apelação improvida. 
(TRF5 - Primeira Turma - AC 559219 [0000467-97.2012.4.05.8401] - Rel. Des. Fed. José Maria 
Lucena - decisão unânime - data do julgamento: 24/04/2014 - data de publicação do acórdão 
no DJe: 02/05/2014). 
 
III. Dispositivo. 
 
 Ante todo o exposto, JULGO IMPROCEDENTE os pedidos, extinguindo o processo com 
resolução do mérito, com fulcro no art. 487, I, do CPC. 
 
 Considerando que, consoante relatado, já houve revogação da antecipação dos efeitos da 
tutela, resta prejudicado pronunciamento jurisdicional nesse sentido. 
 
 Condeno a parte autora ao pagamento das despesas processuais e dos honorários 
advocatícios decorrentes de sua sucumbência custas e honorários advocatícios sucumbenciais, 
fixando estes, com espeque nos critérios e limites estabelecidos no art. 85, §§ 2º, I a IV, e 3º, I, 
do CPC, no patamar mínimo de dez por cento sobre o valor da causa. Salienta-se, porém, que, 
tendo o demandante direito à gratuidade da justiça deferida in limine litis, tais obrigações 
ficarão, de acordo com o art. 98, § 3º, do mesmo diploma normativo, sob condição suspensiva 
de exigibilidade e somente poderão ser executadas nos termos consignados em tal dispositivo. 
 
 Intimem-se. 
 
Havendo recurso, notifique-se a parte adversa para contra-arrazoar, devolvendo-se os autos 
ao Juízo competente. Do contrário, certifique-se o trânsito em julgado e proceda-se ao 
arquivamento dos autos com baixa na distribuição, sem prejuízo de reativação na 
eventualidade de requerimento de cumprimento de sentença das verbas sucumbenciais.

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