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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO FINANCEIRA MODELO ESTRATÉGICO FINANCEIRO BASEADO NA TEORIA DOS JOGOS E NO EQUILIBRIO DE NASH. ARTIGO CIENTÍFICO RENATO RIBEIRO DOS SANTOS GOIÂNIA, GO 2009 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO FINANCEIRA RENATO RIBEIRO DOS SANTOS MODELO ESTRATÉGICO FINANCEIRO BASEADO NA TEORIA DOS JOGOS E NO EQUILIBRIO DE NASH. Artigo cientifico apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de Especialização em Gestão Financeira. Professor Orientador: Ricardo Resende Dias (Msc). GOIÂNIA, GO 2009 2 LISTAS DE FIGURAS. Figura 1: Dilema do Prisioneiro Pág. 18 Figura 2: Equilíbrio de Nash Pág. 21 3 RESUMO A estratégia começa com uma visão de futuro para a empresa e implica na definição clara de seu campo de atuação, na habilidade de previsão de possíveis reações às ações empreendidas e no direcionamento que a levará ao crescimento. A definição de objetivos, em si, não implica em uma estratégia. A teoria dos jogos interage com a economia a fim de encontrar estratégias racionais para situações em que o resultado depende não só da estratégia própria de um agente e das condições de mercado, mas também das estratégias escolhidas por outros agentes que possivelmente têm estratégias diferentes ou objetivos comuns. Analisando os agentes envolvidos, suas decisões individuais e as reações geradas por cada um, podemos prever o movimento dos outros jogadores, sejam eles concorrentes ou aliados, permitindo um posicionamento estratégico no jogo (Finanças) que possibilitará que os resultados e objetivos previamente determinados sejam atingidos. O Equilíbrio de Nash e a Teoria dos Jogos trarão respostas a indagações acerca de decisões financeiras e econômicas dentro e fora de uma organização. Palavras-chave: Estratégia, Jogos, Economia e Finanças. 4 TEMA Modelo Estratégico Financeiro baseado na Teoria dos Jogos e no Equilíbrio de Nash. INTRODUÇÃO Os objetivos específicos desse estudo evidenciam as relações e aplicabilidades da Teoria dos Jogos nas Ações estratégicas Financeiras, com modelos estratégicos definidos a partir de aplicações econômicas e financeiras no âmbito empresarial e governamental. Para a economia, os jogos funcionam como objetos para a investigação científica e análise econômica, um estudo que mostra claramente essa aplicabilidade é a dinâmica dos governos. A Teoria dos Jogos como modelo estratégico financeiro estuda decisões em situação interativas, analisando os agentes envolvidos, suas decisões individuais e as reações geradas por cada um, dessa forma, prevendo o movimento dos outros jogadores, sejam eles concorrentes ou aliados, permitindo assim um posicionamento estratégico no jogo (Negócios) que possibilitará que os resultados e objetivos previamente determinados sejam atingidos. A contribuição da análise das decisões e simulação dessas realidades garante sua aplicação não só na economia e nas finanças, como também nas outras ciências e em diversificadas situações. Especificamente, neste estudo, aplicaremos e provaremos sua autenticidade na Administração Financeira como modelo estratégico. 5 MÉTODO Para a classificação da pesquisa, toma-se como base a taxionomia apresentada por Vergara (2004), que a qualifica em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto as meios. Quanto aos fins a pesquisa é exploratória e descritiva onde nos mostra que não se há existência de estudos que abordem o uso da Teoria dos Jogos e o Equilíbrio de Nash como modelo estratégico ideal englobado ao meio financeiro dentro e fora das organizações. Quanto aos meios, a pesquisa é bibliográfica e teórica. Bibliográfica porque foi necessária uma revisão dos livros e teorias relacionados à Teoria dos Jogos e suas aplicações. Baseado nesta teoria precisei coletar e cruzar dados matemáticos e estratégicos a fim de provar o equilíbrio ideal (Equilíbrio de Nash) voltado à área financeira com o objetivo não só de sempre vencer, mas de nunca perder. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA Segundo OSBORNE e RUBINSTEIN (1994, p.156), a Teoria dos Jogos é um conjunto de ferramentas criadas para auxiliar o entendimento dos fenômenos observados quando tomadores de decisão (jogadores) interagem entre si. Partindo do pressuposto de que os tomadores de decisão agem racionalmente na busca de seus objetivos, a Teoria dos Jogos leva em conta as capacidades, os conhecimentos e as expectativas dos diversos jogadores para criar representações abstratas de uma extensa classe de situações reais. A Teoria dos Jogos é baseada, segundo CRAINER (1996, p. 45), na premissa de que em qualquer situação competitiva (que não seja determinada por puro acaso) existem fatores que podem ser representados matematicamente e analisados de forma que expliquem qual resultado prevalecerá. Percebe-se então, que a 6 compreensão adequada destas relações amplia as possibilidades de sucesso do jogador. A Teoria dos Jogos faz uso da matemática para expressar formalmente às idéias compreendidas pelo modelo. Entretanto, como destacam OSBORNE e RUBINSTEIN (1994, p.185), ela não é inerentemente matemática, ainda que o uso do instrumental matemático facilite a formulação dos conceitos, a verificação da consistência das idéias e a compreensão das implicações do modelo composto. Trata-se, na realidade de uma ferramenta analítica apara o estudo de situações onde haja interação e conflitos de interesses entre diversos participantes. Situação típica em negócios. Jogos – Características. • Conjunto de regras que especifica os elementos do jogo (jogadores, conjunto de ações possíveis para cada jogador, informações disponíveis para cada agente) e delimita a ação dos jogadores. • Conjunto de resultados (payoff’s) possíveis, decorrentes das ações de cada jogador. Jogadores Os jogadores são agentes econômicos que tomam decisões. Podem ser consumidores buscando maximizar sua satisfação, ou empresas pensando em maximizar seu lucro ou aumentar sua fatia no mercado, investidores que devem decidir entre tomar ou não um empréstimo, bancos que têm de decidir se concedem ou não os empréstimos, ou mesmo o governo que tem de tomar a decisão de implementar uma determinada política econômica. Na tomada de decisão eles procuram maximizar suas preferências. Ações Estratégicas. Defini-se estratégia como sendo o conjunto de ações a ser executado ao longo do jogo, que resultará em respostas dos adversários e implicará em um plano 7 estratégico para cada ação e reação do opositor, compondo um complexo conjunto de alternativas (estratégias) e uma diversidade de lances. Informações Nas regras do jogo também estarão definidas que tipo de informação estará disponível para cada jogador. Resultados (Payoff’s) O conjunto de estratégias que definirá ou induzirá o resultado. Classificação A classificação do jogo de acordo com os diversos tipos possíveis de jogos permite que ele represente, com maior ou menor fidelidade, diversas situações de conflito real. Entre os possíveis temos: • Jogos baseados em regras x jogos de desenvolvimento livre; • Jogos cooperativos x jogos não cooperativos; • Jogos de informação perfeita x jogos de informação imperfeita; • Jogos de soma zero x jogosde soma não zero. Tipologia dos Jogos Os jogos podem ser cooperativos e não cooperativos. Além desta divisão, eles podem ser classificados de várias maneiras: pelo número de participantes (duas pessoas, três pessoas, n pessoas), pela propriedade de serem divisíveis ou não em subjogos, pelo fato de gerarem somas constantes ou variáveis nos payoffs dos participantes. Uma classificação mais adequada do ponto de vista da teoria econômica é a seguinte: 8 Jogos estáticos com informação completa São jogos em que os participantes tomam as decisões simultaneamente e em que os payoffs possíveis para todas as combinações de estratégias são conhecidos por todos os jogadores. Jogos dinâmicos com informação completa São jogos em que as decisões dos diferentes jogadores são tomadas em diferentes momentos. A informação pode ser completa, mas imperfeita. A informação perfeita ocorre se o jogador na sua vez de tomar a decisão conhece sua posição, pois conhece a estratégia do outro, anteriormente decidida. Jogos estáticos com informação incompleta São jogos em que os participantes tomam as decisões simultaneamente, mas os payoffs não são totalmente conhecidos por todos os jogadores, havendo informações privadas. Jogos com informação incompleta também são chamados de jogos bayesianos. Um exemplo deste jogo é um leilão em que as ofertas são feitas simultaneamente em envelopes lacrados e secretos. Jogos dinâmicos com informação incompleta São jogos bayesianos e seqüenciais. Nesta classe incluem-se os chamados jogos de sinalização. Nestes jogos um participante que detém a informação privada emite um sinal para outro participante, que não possui a informação, e que posteriormente, toma uma decisão. As aplicações econômicas deste tipo de jogo vão desde o mercado de trabalho até o mercado financeiro. Análise de Estratégias Uma das abordagens para analisar um jogo se faz por meio da análise das estratégias que conduzem aos seus possíveis equilíbrios. Sob este aspecto, existem dois tipos de equilíbrio básicos: o equilíbrio de estratégias dominantes e o equilíbrio de NASH. 9 RASMUSEN (1989, p.47) define dominante como sendo, estritamente a melhor resposta para qualquer estratégia que tenha sido escolhida pelos outros jogadores, e que proporciona sempre o maior payoff. Quando estratégias adotadas por jogadores permanecem inalteradas, diz-se que um equilíbrio de estratégias foi montado. Um equilíbrio de estratégias dominantes é único e representa a combinação das estratégias dominantes de cada jogador. TAVARES (1995, p. 45) define o equilíbrio NASH como sendo a combinação de estratégias ótimas de cada jogador, ou seja, a melhor resposta às estratégias dos outros jogadores. Uma vez atingido o equilíbrio, nenhum jogador tem incentivo para desviar-se dele, dado que os outros jogadores também não desviam. Nesse sentido, todo equilíbrio de estratégias dominantes é um equilíbrio de NASH, mas nem todo equilíbrio de NASH é um equilíbrio de estratégias dominantes. Estratégias Mistas Embora a solução maximin pareça razoável para jogos de soma constante, quando não há uma um ponto de sela ou a soma é diferente de zero, será necessário fazer uma mistura que diminua os riscos de perdas ou promova outro ponto de equilíbrio que não pode ser alcançado apenas como recurso de estratégias puras ou estritas - aquelas que são listadas nas matrizes básicas. Quando os interesses não são totalmente opostos ou coincidentes, é possível achar estratégias mistas que ofereçam um melhor saldo para ambos os jogadores, em equilíbrio de Nash. Na próxima matriz, as circunstâncias não são plenamente competitivas ou de mera coordenação das ações. Os agentes devem buscar um consenso sobre qual dos resultados mostrados eles se encontrarão, a fim de evitar os piores resultados. Quadro 1: Estratégias mistas. 10 À primeira vista, uma rodada de comunicação prévia poderia solucionar o problema, não fosse à tentação de um deles ameaçar jogar sua estratégia favorita, cortando, em seguida, a ligação entre os dois. Linha, por exemplo, caso falasse primeiro, afirmaria a disposição de jogar alto, e ponto final. Sem deixar à Coluna outra opção além de seguir pela esquerda, pois ganhar um seria melhor do que nada. Imaginar o inverso disso faria com que Coluna dissesse direita, obrigando Linha jogar baixo. Tem-se, então, a situação interpretada como uma Batalha dos Sexos, onde um casal teria de decidir qual programa para a noite: ir ao balé ou assistir uma luta de boxe. A senhorita Linha prefere ir ao Balé com o senhor Coluna, em primeiro lugar. Sua segunda preferência é ir ao Boxe com ele. Ao contrário, o senhor Coluna prefere esta última possibilidade antes de tudo, sendo seu plano B ir ao Balé com ela. Na Batalha dos Sexos, nenhuma estratégia pura garante uma solução para o jogo. Ainda que alguém ameace seguir sua estratégia favorita, não raro a retaliação do outro ocorre na escolha de sua própria estratégia preferida, com intuito de preservar a reputação de pessoa firme que não se curva a ameaças. Só o recurso a uma mistura de suas estratégias estritas permite encontrar um resultado que pareçam satisfatórios para ambos os jogadores. O teorema minimax, ou maximin, ofereceu como solução para essas circunstâncias a aplicação das estratégias disponíveis segundo uma taxa de freqüência determinada. A fim de obter-se a melhor mistura, que garanta, ao menos, o mais alto ganho entre os piores, o método simples para jogos 2 x 2, descrito por Rapoport consiste em encontrar a diferença entre as notações das duas estratégias Alto e Baixo, para o jogador da linha, fazendo depois a razão da segunda diferença em relação à primeira. Para descobrir sua mistura minimax, a Linha deve subtrair zero de um na estratégia "Alto" e zero de dois na estratégia "Baixo", cuja razão em relação à primeira produz 2:1, o que leva a uma proporção de (2/3 Alto, 1/3 Baixo). Por sua vez, Coluna diminui zero de dois e zero de um, à esquerda e à direita, gerando 1:2 e, em conseqüência, (1/3 Esquerda, 2/3 Direita). Agora, ambos jogadores podem calcular o valor esperado para a situação em que se encontram. Linha multiplica a proporção de Alto com a probabilidade da Coluna fornecer-lhe dois ou zero, somando a proporção de Baixo e multiplicando as chances de obter zero ou um, do seguinte modo. 11 v(l) = 2/3(1/3 × 2) + 2/3(2/3 × 0) + 1/3(1/3 × 0) + 1/3(2/3 × 1) = 2/3 × 2/3 + 1/3 × 2/3 = 4/9 + 2/9 = 6/9 = 2/3 E conclui que seu valor será de 0.66 úteis (unidade padrão da utilidade, na teoria dos jogos; pural utiles). Menos do que o útil certo que ganharia em Baixo-Direita. Fazendo as contas de seu valor, Coluna chega à conclusão semelhante, mas simétrica: v(c) = 1/3(2/3 × 1) + 1/3(1/3 × 0) + 2/3(2/3 × 0) + 2/3(1/3 × 2) = 1/3 × 2/3 + 2/3 × 2/3 = 2/9 + 4/9 = 6/9 = 2/3 Por causa da simetria do jogo, as misturas de estratégias minimax ou maximin garantem aos dois jogadores os mesmos resultados conjuntos (0.66, 0.66), nesta versão da Batalha dos Sexos. O sucesso que a minimax oferece em jogos de soma zero, ao reduzir ao mínimo as perdas de cada parte, nem sempre é garantia de boa escolha em jogos de soma variante. A Batalha dos Sexos não é um jogo de soma constante e soluções melhores podem ser encontradas, como se verá quando os jogos falados forem analisados. Quando se trata de ganhar ou perder, a mistura minimax pode vir a ser o único conselho a sugerir. 12 Semelhanteà Batalha dos Sexos, aqui não há um ponto de sela que represente a maximin das estratégias puras. A estratégia mista maximin da Linha chega ao valor de 5/7 útil com a proporção (4/7 Alto, 3/7 Baixo), da mesma forma que mistura maximin da Coluna (5/7 Esquerda, 2/7 Direita). Com isso, Rapoport conclui que seria desvantagem aos jogadores fugir da aplicação das estratégias mistas, pois, a longo prazo, essa seria a melhor probabilidade para as partes envolvidas nessas circunstâncias e outra alternativa seria desvantajosa. Inferência que Morton Davis contestou em sua introdução não-técnica intitulada Teoria dos Jogos, de 1970. Por ser um jogo de soma zero, não haveria porque se acreditar que o uso da mistura maximin seria desvantajoso ou vantajoso para ambos oponentes, pois um terá necessariamente de ganhar ou perder ao realizar suas ações, o que inviabilizaria por contradição a bem sucedida aplicação da estratégia mista pelas partes, ao mesmo tempo. Optar por esta linha de ação seria atraente, graças à suposta segurança oferecida de obter aquele resultado. Porém, para Davis isso não passa de uma questão de gosto pessoal pela segurança, uma vez que, ao buscarem outras estratégias, jogadores audazes, amantes do risco tornariam imprevisível qualquer resultado factual. Apenas um vencerá com certeza. Em razão do teorema minimax, o jogo geral de duas pessoas, soma-zero, tem boa base teórica. Mas, sendo jogo de informação perfeita, raramente surge na prática. A dificuldade está no requisito de o jogo ser soma-zero em situações prescritas. A presunção essencial sobre que se assenta a teoria é a oposição de interesses de dois jogadores. Na medida em que a presunção não seja válida, a teoria será irrelevante e desorientadora. Em jogos cuja soma dos resultados é diferente de zero, a estratégia mista maximin não é a única solução existente, nem mesmo a melhor. Na Batalha dos Sexos, apesar da comunicação gerar oportunidades de ameaças, em uma rodada prévia isolada, quando se busca a coordenação, a troca indeterminada de mensagens poderia fornecer melhores resultados que a estratégia maximin mista, ampliando o espaço de resultados originais até a fronteira de eficiência conhecida como ótimo de Pareto, na qual nenhum agente obterá melhor resultado sem diminuir os ganhos da outra parte, como sugeriram Luce e Raiffa, na possibilidade de comunicação, as partes poderiam concordar em aceitar um mecanismo equânime que permitisse a 13 mesma escolha das estratégias Alto-Esquerda ou Baixo-Direita na mesma proporção meio a meio. Com isso, cada um obteria 3/2 - somando os ganhos (2, 1) e (1, 2), dividindo-os, depois, por dois, achando (3/2, 3/2) cruzamento de possibilidades bem acima dos 2/3 anteriores. 14 DISCUSSÃO Aplicação da Teoria dos Jogos no Business. Uma ilustração do Professor Guilherme Marques de Azevedo, Mestre da PUC-RIO, diz: "Existe, no mundo dos negócios, um jogo competitivo nos quais os jogadores são as empresas. As estratégias são os movimentos das empresas buscando o sucesso por meio dos benefícios e prêmios (payoffs) resultantes de cada cadeia de movimentos." A existência do ‘jogo’ parece indicar que a Teoria dos Jogos pode contribuir efetivamente para a Administração Estratégica, pois nos jogos de estratégia em geral, prever como os competidores reagirão aos movimentos e antecipar-se às suas próximas ações constitui uma enorme vantagem, nessa ótica o instrumental analítico da teoria permite a identificação dos movimentos mais adequados a se realizar, de acordo com a movimentação da concorrência. No jogo dos negócios (Business Game) a observação e análise dos movimentos passados do jogo, determinam qual a ação que, se tomada de imediato, poderá conduzir a organização à posição futura desejada ou a máxima obtenção de resultados financeiros. O modelo econômico financeiro trás uma infindável gama estratégica e trabalha dentro desse contexto de competição, busca indefinidamente uma vantagem competitiva no mercado visto a competitividade mutua dentro das organizações. O agente (Jogador) toma as decisões procurando maximizar seus objetivos, buscando o máximo lucro, a máxima satisfação, entre outros que dê sustentação rentável aos negócios. Segundo NASH: “Nenhum jogador tem a ganhar mudando sua estratégia Unilateralmente.” Se cada jogador (Empresário / Gestor) chegar à conclusão que ele não tem como melhorar sua estratégia dadas as estratégias escolhidas pelos seus n-1 adversários 15 (estratégias dos adversários não podem ser alteradas), então as estratégias escolhidas pelos participantes deste jogo definem um equilíbrio de Nash. No mundo dos negócios onde a obtenção de resultados é crucial para a empresa, seus colaboradores e sócios (acionistas), um modelo estratégico errôneo ou precipitado pode culminar na insolvência e na falta de obtenção de bons indicadores. Com o equilíbrio financeiro baseado na Teoria dos Jogos como modelo estratégico pode facilitar o processo de tomada de decisão com uma boa ótica das estratégias mercadológicas e financeiras. A aplicação da Teoria dos Jogos, segundo o livro Introdução à Economia, N. Gregory Mankiw , retrata um modelo financeiro estratégico, o autor recorre ao Dilema dos Prisioneiros para exemplificar o jogo entre duas empresas de cigarros, Malboro e Camel, que precisam decidir sobre investir em campanhas publicitárias para atrair mais consumidores, conseqüentemente maiores vendas, ganho de mercado e lucros, mediante a decisão de anunciar da outra empresa concorrente. Decisão da Malboro Anuncia Não Anuncia Anuncia US$ 3 bilhões para cada empresa Malboro obtém um lucro de US$ 2 bilhões Camel obtém um lucro de US$ 5 bilhões Não Anuncia Malboro obtém um lucro de US$5 bilhões Camel obtém um lucro de US$2 bilhões Ambas as empresas obtém um lucro de US$ 4 bilhões Fonte: Introdução à Economia, N. Gregory Mankiw A tabela demonstra que os lucros de ambas as empresas dependem de suas ações. A publicidade é uma estratégia dominante para cada uma das duas empresas, logo ambas precisam anunciar seu produto, mesmo que elas fiquem em melhor situação não fazendo publicidade. O autor então conclui, comprovando que esses resultados foram reais nos testes realizados em 1971, quando o Congresso dos Estados Unidos aprovou uma Lei 16 proibindo a publicidade de cigarros na televisão, quando fabricantes de cigarro não contestaram a LEI. O fato é que as empresas de cigarro sabiam que seus lucros aumentariam com essa LEI, pois esta resolveria o Dilema dos Prisioneiros, garantindo que houvesse cooperação das partes, provando o Equilíbrio de Nash como modelo estratégico ideal. O Dilema dos Prisioneiros Trata-se de uma situação formulada por MERRILL FLOOD e MELVIN DRESHER em 1950 onde dois indivíduos devem tomar uma decisão, e sua conseqüência depende da interação das duas decisões. Nesse jogo duas pessoas são aprisionadas, suspeitas de terem cometido, conjuntamente um crime. Os policiais colocam os dois suspeitos em celas separadas, de modo que a comunicação entre eles não seja possível; a cada um é perguntado se cometeram ou não o crime. Os policiais para induzi-los a confessar, propõem as seguintes situações: a) Se o suspeito não confessar e o seu parceiro confessar, denunciando o outro, a pena será máxima para o que não confessou: dez anos de reclusão, enquanto o que confessou terá a pena reduzida à zero; b) Se ambosconfessarem, a pena será reduzida à metade: cinco anos de reclusão para cada suspeito; c) Se nenhum deles confessar o crime, eles apenas continuarão presos por mais um tempo, dois anos, por exemplo. Com base no exemplo citado, podemos estudar o comportamento dos jogadores, as estratégias possíveis e suas conseqüências. Se um dos suspeitos confessar o crime, poderá ficar preso cinco anos ou permanecer livre, caso o outro não confesse. Se não confessar, poderá ficar apenas dois anos preso, se o outro não confessar, ou dez anos caso o outro não confesse. Também é possível analisar o resultado do jogo, a chamada solução de um jogo. Nesse caso parece melhor para ambos não confessar e permanecer preso mais dois anos, porém como eles estão 17 incomunicáveis existe a ameaça do outro confessar e com isso ficar dez anos preso, enquanto aquele que confessou recebe a liberdade imediatamente. Considerando a hipótese de traição, ambos terão fortes motivos para confessar, podendo assim reduzir sua pena ou até se ver livre dela. A conseqüência acaba sendo a confissão de ambos e a pena de 5 anos, o que não foi, para nenhum dos dois a melhor alternativa. Figura 1: Dilema dos Prisioneiros Prisioneiro "B" nega Prisioneiro "B" delata Prisioneiro "A" nega Ambos são condenados a 2 anos. "A" é condenado a 10 anos; "B" sai livre Prisioneiro "A" delata "A" sai livre; "B" é condenado a 10 anos Ambos são condenados a 5 anos Fonte: The Mathematics of Games of Strategy: Theory and Applications. M. Dresher O Dilema do Prisioneiro, na sua versão clássica (uma única vez) ou em sua versão modificada (possibilidade de interação), tem sido usado para estudar o problema da cooperação entre indivíduos, grupos e nações em diversos tipos de problemas. O objetivo do artigo é analisar, brevemente, o problema da cooperação (ou não) entre equipes que tem um objetivo em comum e utilizam de estratégias para conquistarem esse objetivo e que geralmente é um objetivo finaceiro. Os líderes destas equipes podem adotar diversas estratégias de atuação. Neste caso, pode prevalecer o egoísmo e a tentativa de obter o maior resultado possível à custa da outra equipe, ou um forte espírito de cooperação entre as equipes que as levem a maximizar as oportunidades conjuntas, mesmo que isto represente um valor menor para uma delas. Como se comporta a natureza humana dos indivíduos em grupos? Se um líder adotar um comportamento ético e objetivar o maior ganho possível para a organização, pode optar pela opção "ficar calado" (no dilema do prisioneiro), onde as duas equipes ganham, mas todos ganham menos. Ou pode optar pelo grande lance, onde a sua equipe ganha tudo ou nada. No "dilema do prisioneiro" um componente importante do jogo, além das personalidades envolvidas, é a antecipação da escolha que será feita pela outra parte. Pressupostamente, as duas partes são amigas e companheiras (ou pertencem a uma mesma empresa), mas na 18 hora que entra em jogo um interesse individual maior, um deles poderá não se comportar como o previsto. Como eles não podem se comunicar (e no caso da empresa, podem existir incentivos organizacionais para não se falarem), eles terão que especular qual será o comportamento mais previsível da outra parte, e adotar uma estratégia compatível. O Dilema do Prisioneiro nos conduz a algumas reflexões para o trabalho em equipe. • As equipes não podem atuar isoladamente. Parece ser errado achar que cada um deve cuidar apenas de seu próprio território. Estes podem ser e muitas vezes são superpostos. O futuro de uma equipe pode estar atrelado ao da outra. • Não deve haver um incentivo institucional à competição das equipes internas, ao darwinismo organizacional. Isto se traduziria em políticas de autodestruição dentro da própria empresa. • Os líderes das equipes devem ter chance de se conhecerem melhor e, portanto, de desenvolver um nível maior de cooperação. • Deveria ser analisado (e divulgado) se do ponto de vista da empresa interessa que uma equipe ganhe e outra perca. Muitas vezes a personalidade abrasiva de um líder de equipe acaba com outras equipes, em detrimento do todo. • A cooperação sempre tem um ganho final positivo em relação a outras possíveis alternativas de ação. As empresas tendem a estarem em um ciclo onde a preponderância da competitividade é capaz de assumir a principal gama de situações positivas ou negativas dentro da organização, visto que é através de estratégias que elas obtém dividendos e rentabilidade necessária para alcançarem um bom patamar de desenvolvimento. Através dos Jogos, as empresas podem melhor entender a importância da estratégia para um modelo cognitivo real em relação ao seu retorno financeiro. O desenvolvimento de estratégias baseadas na versatilidade desse composto determinará o sucesso financeiro e uma antecipação a estratégias dos possíveis concorrentes gerando assim uma maior competitividade em relação a outras 19 possíveis estratégias financeiras o que novamente nos mostra a veracidade do Equilíbrio de Nash. O Equilíbrio de Nash. O conceito de equilíbrio (ou solução) de Nash é também conhecido como o de não arrependimento. A combinação de estratégias escolhidas leva a um resultado no qual nenhum dos jogadores individualmente se arrepende, ou seja, esse jogador não poderia melhorar a sua situação unilateralmente modificando a estratégia escolhida. Numa situação em que se utiliza o conceito de Nash, um jogador escolhe a melhor estratégia, dado a escolha do outro. Voltemos ao dilema dos prisioneiros. Vimos que a solução por estratégias dominantes é ambos confessarem e, assim, ficarem presos por cinco anos. Essa também é uma solução de Nash o prisioneiro 1 tem uma decisão melhor do a de confessar, uma vez que o prisioneiro2 confessou? Não, pois a outra opção seria não confessar, e se o fizesse ficaria dez anos preso. Assim para o prisioneiro 1, confessar é a melhor estratégia se o 2 confessar. O mesmo ocorre para o prisioneiro 2, pois confessar é a melhor resposta que ele pode dar a estratégia de confessar escolhida por 1. Nessa situação, nenhum dos dois prisioneiros se arrepende do que fez, em vista do que o outro fez. Cada um deles, individualmente, não poderia ter agido de maneira melhor. Essa solução é, portanto uma solução de Nash, que é a mesma encontrada pelo critério de dominância. Examinando o resultado de apenas dois anos de cadeia para os prisioneiros, caso nenhum deles confesse, percebe-se que essa não é uma solução pelo critério de Nash. O jogador 1 arrepende-se de não ter confessado, pois se o tivesse feito estaria livre àquela hora, uma vez que o prisioneiro 2 não confessou. Assim poderia melhorar a sua situação em vista da opção do outro. Existe nesse cão uma forte tendência a fugir da situação, não configurando uma solução estável. Outros resultados possíveis que não o de Nash tem o mesmo problema, pois sempre pelo menos um dos jogadores se arrepende da opção escolhida. Um equilíbrio de Nash é, portanto uma combinação de estratégias da qual nenhum jogador pode aumentar seus ganhos unilateralmente, ao mudar de estratégia. Para 20 localizar um ponto de equilíbrio em uma matriz, existem alguns métodos práticos e simples. O jogador deve descobrir a célula na qual o ganho seja, simultaneamente, o máximo da Linha nas devidas colunas e o da Coluna nas suas linhas. Visualmente, isto pode ser feito com o recurso de setas ou de letras que marquem os máximos da Linha (l) e da Coluna (c), sendo equilíbriosde Nash as células que contenham as marcas de ambos os jogadores, ou seja, a convergência das setas. O encontro das estratégias (alto, esquerda) e (baixo, direita) indicam a existência de dois pontos de equilíbrio que impedem a escolha de uma única solução usando só as estratégias puras, motivo pelo qual a mistura de estratégias se faz necessária. Quando um jogo apresenta apenas um ponto de equilíbrio pela combinação de estratégias puras é sinal que houve o cruzamento de duas estratégias dominantes. Ou seja, estratégias que dominam as outras estratégias de cada jogador, fornecendo o melhor ganho, independente do que o outro faça. Assim, no modelo desenhado na figura abaixo, também conhecido como "Dilema dos Prisioneiros", as estratégias baixo e direita superam as respectivas estratégias alto e esquerda, da Linha e da Coluna. Contudo, a dominância e a perfeição deste ponto de equilíbrio espantam a todos que se defronta com este quadro pela primeira vez. Figura 2: O Equilíbrio de Nash. Se há concorrência (mercado), estratégias (Finanças) e tomadas de decisões então existe um cenário propicio a formulação de jogos que analisados a partir da Teoria dos Jogos, poderão fornecer importantes contribuições para a tomada de decisão. Segundo Neumann (1940, p.138) 21 “A teoria dos jogos distingue-se da economia na medida em que procura encontrar estratégias racionais em situações em que o resultado depende não só da estratégia própria de um agente e das condições de mercado, mas também das estratégias escolhidas por outros agentes que possivelmente têm estratégias diferentes ou objetivos comuns.” John Von Neumann acreditava amplamente que problemas típicos do comportamento econômico são rigorosamente idênticos às soluções matemáticas de certos jogos de estratégia, sendo assim é possível também realizar uma relação financeira dentro das organizações. Modelos de fluxo de caixa e modelos de análises de investimentos podem ser criados a partir de estratégias de jogos dinâmicos, ao qual poderão instruir no melhor modelo de tomada de decisões para se maximizar determinados resultados. Neumann conseguiu estruturar também a tese onde sua aplicação depende de um modelo, porém, não exige regras do jogo particulares (Contestando assim às idéias de Borel que estavam limitadas a exemplos isolados, ou na melhor das hipóteses, a jogos de soma nula de dois jogadores com matrizes de Payoff simétricas). Assim a solução de equilíbrio de Nash não depende da competição perfeita ou até mesmo dos contextos do mercado que limitavam a interação; podemos assim afirmar que é possível realizar um estudo preventivo e estratégico no intuito de antecipar-se ao mercado e suas tendências, obtendo assim um melhor rendimento operacional e uma vantagem competitiva em relação a outros competidores (Concorrentes). Em relação a modelos estratégicos financeiros é possível afirmar que as matrizes payoff são capazes de delimitar um modelo matemático em que as situações podem ser previstas havendo uma maior gama de possibilidades estratégicas com o intuito de maximizar os lucros da organização e programar conceitos que induziram os jogadores a estarem sempre em sintonia de modo que o Equilíbrio se estabeleça, a fim de criar uma estratégia dominante dentro e fora da organização sempre com a cooperação de todos (jogadores), com um mesmo objetivo final. Diferentemente do que o Teorema de Neumann propunha, em uma disputa financeira nem sempre existem apenas perdedores ou ganhadores, podemos obter 22 um equilíbrio matemático de maneira a interagir com o máximo de informações de mercado, presumindo assim uma rentabilidade maior para ambas as partes baseado no Equilíbrio de Nash como modelo estratégico ideal, conforme apresentado durante a discussão. O modelo estratégico seria firmemente focado na teoria dos jogos como modelo matemático derivativo real. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesse estudo observamos que existem pontos comuns entre a lógica das estratégias financeiras econômicas e a utilizada pela Teoria dos Jogos, 23 demonstrando que sua capacidade explicativa, descritiva, analítica e prescritiva pode dar um importante suporte à tomada de decisões. No entanto, essa prática não tem sido muito comum, em razão até das controvérsias geradas por alguns autores em relação a essa contribuição na Administração estratégica, que decorrem do fato de que a Teoria dos Jogos falham em representar as escolhas simultâneas relacionadas com um conjunto maior de variáveis, para eles as distintas posições competitivas só podem ser definidas a partir dos tradeoffs, das interações e da representação das muitas variáveis que compõe a cadeia de valor. Apesar dessas limitações teóricas e que ainda estão sendo estudadas cientificamente através de testes empíricos por alguns estudiosos, pode-se constatar efetividade no entendimento do comportamento e interações estratégicas do mercado, só o fato de você considerar a resposta do outro já leva a uma abrangência maior de planejamento e preparação para as várias situações decorrentes de determinada decisão. Por isso, muitos empresários têm buscado esses conceitos como forma de expandir a visão em relação ao mundo dos negócios, compreendendo que suas decisões afetam o mercado concorrente e podem provocar resultados opostos aos desejados. Organizações bem sucedidas rastreiam o ambiente em busca de mudanças que lhe dêem vantagens competitivas, conhecer e aplicar ferramentas que propiciem o desenvolvimento de estratégias eficazes é papel fundamental para o bom administrador, porém essa teoria já partiria para um estudo científico mais aprofundando do tema em questão para aplicação ampla dos conceitos expostos às estratégias econômicas e financeiras como um todo. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA 24 Guilherme Marques de Azevedo; E. E. Dissuação de Entrada, Teoria dos Jogos e Michael PORTER - Convergências Teóricas, diferenças e aplicações à Administração Estratégica, Rio de Janeiro: Setembro de 2002. N.Gregory Mankiw, E. E. Introdução à Economia, São Paulo. 200 AZEVEDO.G.M.Carvalho, A Teoria dos Jogos na Estratégia de Negócios. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – 7ª edição – São Paulo: Harbra, 1997. PINDYCK, Robert S; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. São Paulo: Makron, 1994. 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